Participei no segundo semestre de 2014 de uma palestra para
casais. O conferencista foi um conhecido pastor americano chamado James Kemp. Ele
está no Brasil a mais de 45 anos. Tanto que antes do meu casamento (éramos
noivos) assistimos uma de suas exposições (1980) sobre relacionamento conjugal.
Esse missionário foi o fundador (1968) do grupo vocal Vencedores por Cristo,
aqui no Brasil. Muitos de nós em nossa adolescência e juventude cantávamos suas
músicas. Seu ministério é voltado para o aconselhamento de casais,
relacionamento pais e filhos e a família cristã. Têm vários títulos publicados
sobre esses temas em inglês e português. A palestra teve por base o livro de
Cântico dos Cânticos, e o foco da exposição esteve no capítulo 4: 12-15.
"Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso,
fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes. A
hena e o nardo, o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo, com toda sorte de
árvores de incenso, a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. És
fonte dos jardins, poço das águas vivas, torrentes que correm do Líbano!.
Cantares de Salomão é reconhecidamente um poema. É temerário qualquer exegese
dogmática e preconcebida. Esse é o motivo porque não é comum explanações (pregações)
públicas sobre o assunto. Costuma-se compará-lo ao relacionamento entre Cristo
e a Igreja; evidentemente numa conotação espiritual, agrada-se a
“sensibilidade” cristã, mas foge-se da profundidade hermenêutica que o autor
queria passar aos seus leitores, no âmbito da figura entre o povo de Israel e o
seu Deus. Mas a verossimilhança reconhecida é que o texto fala do
casamento entre o rei Salomão e a camponesa Sulamita. O ambiente aqui é (lua de
mel) de núpcias. O casamento judaico era uma festa que demorava duas semanas.
Uma celebração regada a vinho, comida, dança, alegria e muitos convidados. Um
ritual de introdução do novo casal à comunidade judaica local. A jovem Sulamita
por viver no campo e estar sempre exposta ao sol era morena e tinha vergonha da
sua cor. Isso só até um homem entrar em sua vida. Ele disse pra ela: "és
morena porém formosa". Nossa palavra tem um grande impacto em nossas
esposas. Precisamos ter prudência e comedimento ao mencionar qualquer assunto
com elas, pois seu humor sempre oscilando mais que o do homem, as vezes,
pressupondo escolhas e decisões sem um razoável juízo de causa. Criando
situações embaraçosas e difíceis, depois, de serem resolvidas. Mas em relações
a muitos casais a recíproca pode ser verdadeira, para que a justiça seja feita
desmistificando o suposto machismo arbitrário e danoso usado por alguns.
Salomão era um homem muito rico. Após a festa foi desfrutar do amor de sua
Sulamita. "Cânticos 1: 2 "Beija-me com os beijos de tua boca, porque
melhor é teu amor do que o vinho". Cânticos 4: 16 "Venha o meu amado
para o seu jardim e coma os seus frutos excelentes". Sulamita convida seu
marido à vida sexual. O sexo foi criado por Deus não apenas para propagar a
raça humana, mas para a satisfação sexual do casal. Ereção, orgasmo e clímax
tudo para nosso prazer e deleite com nosso cônjuge. Lamentavelmente o diabo
trouxe maldição para alguns através (sexo) de algo tão santo e puro.
"Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso, fonte
selada". Aqui é falado sobre a noite nupcial. Podemos inferir o aspecto
da atração. Sua mulher ainda exerce o poder de sedução em você? Pena que em
muitos casais isso não mais existe. Trabalharemos agora com quatro conceito
retirados do texto chave. O primeiro aspecto é a Fidelidade. A Sulamita era
(jardim fechado) virgem. Ela esperou o momento adequado para a relação
sexual. James Kemp contou que quando sua filha tinha 14 anos perguntou pra ele:
o senhor "transou" com mamãe antes do casamento. Ele apesar de seus
24 anos a época e sua mulher Judith com 20 anos tiveram graça pra esperar
o momento adequado. Muitos jovens não conseguem aguardar o instante propício.
Vão para o motel ou casas similares. Temos que orar pela virgindade de nossos
filhos. Esta filha de Kemp que disse isso, com 18 foi fazer faculdade na
Califórnia. Antes da viagem o pai orou com ela e a advertiu quanto a sua
virgindade. Após os 4 anos do curso, um dia depois da festa de formatura (James
e sua esposa foram prestigiar a colação de grau), sua filha o leva a um bela
praia em Santa Barbara e conversando os dois, ela lhe confessa que preservou a
sua virgindade. O segundo tópico são os Frutos Excelentes. Salomão
chamava sua esposa (árvores frutíferas) de um pomar. Uma plantação de
macieiras, pereiras, videiras, mamoeiros. A ideia apresentada aqui é que há
várias maneiras da esposa conquistar o seu marido. Ela precisa ter um (abraço,
aperto e massagem) erotismo sedutor. O terceiro ponto é a Fragrância.
"Hena, nardo, cálamo, cinamomo, mirra e aloés". Sulamita levou um
"arsenal" de perfume para a lua de mel. Mulheres pelo amor de Deus se
perfumem para (Boticário e Natura) seus esposos. Casamento tem que ter bom
cheiro, pois o cheiro ruim acaba os relacionamento. Problemas de mau hálito em
ambos causam ojeriza. Não tenha medo de perguntar para seu cônjuge se você está
com esse sintoma. Caso afirmativo procure um médico para o bem do seu
casamento. Alguns maridos vão pra cama sem tomar banho e ainda obrigam suas
esposas a fazer "sexo" com eles. Se satisfazem e criam um terrível
ressentimento e frustração nelas. Uma atitude desprezível e desumana de
quem comete tal ignomínia. O quarto item é a Fonte. "És fonte dos jardins,
poço das águas vivas". Há uma advertência em Provérbios 5: 1-19 com
respeito a meretriz. A prostituição está em quase todos os lugares. Desde
ambiente requintados e luxuosos (onde clientes pagam até R$ 1.000,00 a hora
para ficarem com as garotas de programa) até nas beiras das esquinas das
grandes cidades (exemplo São Paulo, aqui no Brasil) onde tristemente
constatamos que mulheres se entregam a R$ 50,00 a hora. Todas essas mulheres
são carentes do amor e da graça divina em suas vidas e tendo necessidade de uma
forte experiência de transformação interior para uma consagração, comunhão e
santificação com Deus. Os versículos de 7-14 desse texto é um rogo para que os
pais alertem seus filhos quanto a prostituição. Atenção: o conceito de ficar em
relação aos adolescentes e jovens é fazer sexo. Provérbio 5: 15-16 "Bebe a
água de sua própria cisterna e das correntes do teu poço". Devemos nos
saciar com os seios de nossa (mulher) esposa. "Derramar-se iam por
fora as suas próprias fontes". As fontes são nossos desejos (prazeres) sexuais,
emocionais e sentimentais que devem ser derramados naquela, que no casamento
divide conosco o leito conjugal. Lamentavelmente alguns até mesmo vivendo nas
igrejas satisfazem seus apetites sexuais (supostas casas de massagens e ainda
convidam amigos para fazer sexo grupal) ilicitamente em lugares escusos. Isso é
terrível e ultrajante. "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a
mulher da tua mocidade". Sua esposa é sua bênção. "Dar-te-ei o meu
amor". O sexo marcado com hora, dia, lugar é maçante e enfadonho. Tende a
um mesmismo e futuro desinteresse de ambos. Varie os modos, lugares e maneiras
de se deleitar com sua amada. "Saciem-te os seus seios". Esse é um
privilégio que só os maridos têm com suas amadas esposas. Jovem (moça) nunca
permita seu namorado passar a mão em seus seios. Comer o "fruto
excelente" é comer o fruto maduro e não o fruto verde. Esse amadurecimento
é apenas (casamento aqui entende-se a formalidade baseada no Código Civil e
referendada em Cartório Público) no casamento. Cânticos 4: 12 "Levanta-te
vento norte, e vem tu vento sul. Assopra no meu jardim". Aqui a Sulamita
chama seu amado para fazer sexo. Esposo e esposa devem cultivar um ambiente
para a satisfação sexual. Uma mãe dando um conselho para uma filha antes do
casamento. Filha você está pronta para carregar a sua cruz. Uma visão de que a
vida conjugal é um insuportável fardo. Conversar com os filhos aberta e
francamente antes do casamento sobre a vida sexual. É importante que a partir
dos 9 anos da menina e dos 12 anos do menino se dialogue sobre temas
relacionados a sexualidade. James contou que atendeu em seu consultório uma
jovem que era casada a 4 anos e que nunca tivera relação sexual, e que sobre o orgasmo feminino só ouvira falar. Com o
transcorrer da terapia se descobriu que quando criança ela havia sido (abusada)
molestada pelo próprio pai. O abuso leva a repugnância da relação sexual.
Relatou também que em uma de suas palestras numa determinada igreja, dois
jovens foram surpreendidos fazendo sexo no banheiro. Se você deseja salvar seu
filho, então lute por ele. É fundamental que nossos jovens cheguem ao casamento
ainda virgens. Nunca force a barra em seus relacionamento íntimos com seu
cônjuge. Isso pode causar danos consideráveis ao psiquismo (emocional) de
ambos. Cânticos 1: 4 "Leva-me após ti, apressemo-nos, o rei me introduziu
nas suas recamaras". O prazer sexual baseia-se na satisfação mútua.
I Coríntios 7: 5 "Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mutuo
consentimento, por algum tempo, para vós dedicardes à oração e, novamente, vos
ajuntardes, para que Satanás não vos tente por causa da incontinência". O
apóstolo Paulo reconhece que quanto ao prazer sexual entre marido e mulher não
se impõe nenhuma regra ou dogma. Mesmo para se dedicar a oração ele
simplesmente dá sua opinião. O que importa é a decisão dos cônjuges sobre o
assunto. Deduz-se do argumento do apóstolo que é melhor em nenhuma hipótese
deixar de ter relações sexuais. Evidentemente respeitando-se o parecer de ambos
sobre está questão. Aqui se percebe o perigo dos casais, que na mesma casa
dormem (um no quarto e o outro na sala) em camas separadas. Tentei ser preciso
no que o James Kemp falou. Concordo com o que foi dito. Precisamos de discursos
como esses que são totalmente pela família e pela valorização de seus ideais
(moralidade, ética e espiritualidade) e propósitos cristãos. Mas reconheço que
a medida que o tempo passa, a sociedade cristã e secular começa a agregar
nossos valores a esta temática. O assunto da prostituição é um aspecto vicioso
da sociedade que requereria um estudo aprofundado para abordá-lo. Mas sinto que
preciso dizer algo. A prostituição é uma “instituição” que vem desde os tempos
primitivos da sociedade humana, quando se reconheceu a necessidade da
propriedade privada e coletiva. Os agrupamentos humanos se organizavam em
parcelas de interesses comunitários sejam de família, propriedade,
religiosidade, cultura, tradições e outros. Pontuarei alguns aspectos da
prostituição baseado numa leitura sócio histórica. “Pecado ou necessidade? Esse
era o grande dilema enfrentado pelos clérigos medievais ao se colocarem na
difícil tarefa de converter a Europa bárbara e romana ao cristianismo. Sob a
perspectiva formal, as prostitutas infringiam um dos mais importantes tabus da
Igreja ao praticarem a fornicação. Por outro lado, as demandas do mundo
cotidiano reiteravam, vez após vez, que o banimento da prostituição era uma
missão praticamente impossível. Uma das justificativas mais comuns à manterem a
prostituição ativa girava em torno do próprio controle de pecados observados
como mais graves. O uso que os homens jovens faziam dos bordéis funcionava como
meio para que as mulheres respeitáveis não fossem vítimas de sedução ardilosa e
estupro. No fim das contas, seria menos grave violar os limites do corpo de uma
mulher que já havia caído em pecado do que desgraçar uma casta seguidora dos
princípios morais da Igreja. O próprio Santo Agostinho (354-430) advertia que
“o banimento da prostituição seria porta de entrada para outros pecados ainda
mais controversos”, tal a animalidade e bestialidade incrustadas na natureza
humana. Entretanto, alguns clérigos não poupavam esforços para que as
prostitutas abandonassem sua vida de erros através do casamento ou ingressando
na própria ordenação religiosa, na qualidade de freira. Os medievais se valeram
das mais variadas explicações para justificarem o fenômeno da prostituição.
Alguns a relacionavam com a tendência natural que alguns têm a degradação
moral, outros a ligavam à questão da miséria recorrente em alguns lugares ou à
própria viabilidade econômica do ato. Em alguns casos, o concubinato impunha
direitos e deveres entre uma prostituta e um terceiro interessado nos seus
préstimos. No final das contas, vemos que a prostituição medieval nos revela
uma esfera que extrapolava a condição moral daquele tempo. Observando os
critérios, medidas e noções sobre a “mais antiga das profissões”, vemos que a
Idade Média não esteve incondicionalmente presa às supostas regras de
comportamento da Igreja. É no mínimo, instigante observar o choque entre a
experiência terrena e as aspirações divinas ocorridas nesse terreno do
cotidiano medieval”. http://m.historiadomundo.com.br.
Esse trecho mostra que os pressupostos atuais dessa problematização da
prostituição continuam os mesmo, e que, solução stricto sensu não teremos, isso reconhecendo nela um organismo do corpo social, mas
ao melhorarmos a condição de vida, moral, intelectual e espiritual das pessoas, saberemos
como lidar com essa situação de uma maneira compreensiva, fraterna e usando a compaixão. Não
incriminando e nem descriminando nenhuma indivíduo, por prática que
convencionalmente conceituou-se de amoral ou imoral; respeitando-se nesse
limite a posição religiosa que prima por nossa condição de pureza e santidade. Em Josué 2:1 "E Josué, filho de Num, enviou secretamente, de Sitim, dois homens a espiar, dizendo: Ide reconhecer a terra de Jericó. Foram, pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali. Então deu-se notícia ao rei de Jerico, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens de Israel, para espiar a terra". Esse episódio bíblico mostra o coração temente a Deus da prostituta Raabe, dentre todos os habitantes de Jerico, talvez a única que ainda tivesse sentimento de compaixão e amor por pessoas, mesmo sendo estrangeiras. Em sua condição de marginalizada da sociedade, sendo vista com maus olhos devido a seu comportamento desviado do padrão social, não teve medo de arrisca sua vida e de sua família para proteger os espias hebreus enviados pelo comandante Josué. Suas informações foram tão úteis e estratégicas, que a conquista de Jerico pelos exércitos de Israel foram um sucesso. Os espias lhe prometeram "salvo conduto", pois quando a cidade de Jerico fosse invadida, ela e seus parentes deveriam permanecer em sua casa, e em sua janela deveria ser colocado um tecido longo de cor escarlate (vermelho), como sinal de que aquela casa não deveria ser invadida. E assim aconteceu. O mais impressionante é que pelo seu altruísmo e abnegação a prostituta Raabe foi inserida na comunidade de Israel se incorporando a descendência e a genealogia do Christo, Mateus 1:5,16 "E Salmon gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede. e Obede gerou a Jessé (...). E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Christo". Desse modo nosso olhar para todas as pessoas e seres deve ser de ternura, carinho e compaixão. Sabendo que a centelha divina que está em cada ser prossegui sua evolução, e no tempo determinado se abrirá para a perfeição e iluminação búdhica. Outro ponto “A questão da virgindade (masculina e feminina) é um conceito
construído pela sociedade, baseado em critérios tanto biológicos quanto sócio
culturais. Desta forma pode variar grandemente entre as culturas, sendo muito
valorizado em alguns meios sociais ou religiosos, especialmente no que diz
respeito à preservação da virgindade antes do casamento. Biologicamente
virgindade pode ser definida como o atributo de uma pessoa (ou animal) que
nunca foi submetida a qualquer tipo de relação sexual (conjugação carnal) e por
tal, no caso mais específico das fêmeas, a nenhum contato com esperma e
inseminação por meios naturais; conceito estendido atualmente também às
inseminações artificiais”. Fonte Wikipédia. A questão da virgindade está
intimamente relacionada a religiosidade envolta em tabus, superstições e
crenças. Aqui segue minha opinião particular, não tendo propósito algum de
dogmatizar esse comportamento. Os cristãos, segundo meu testemunho, têm enormes
dificuldades em lidar com essa situação, pois desde criança as famílias mais
ortodoxas e preconceituosas incutiram através do medo e severa disciplina a
violação desse preceito tradicionalmente relacionado a pessoa da Mãe de Deus A
Virgem Maria. Assim muitos adolescentes e jovens cultivam, não por conhecimento
e importância do fato de suas virgindades, mas por temor, culpa, ressentimento
e em alguns casos, lhes são dito que quem tal ato pratica, arderá nas chamas
do inferno eterno. Penso que aqueles mais hábeis e dispostos a conservar sua castidade
antes do casamento, devem fazê-lo com alegria e discernindo a importância de si
preservarem para aquela ou aquele com quem viverão por longos anos. Digamos que
isso seja a normalidade dentro do conceito cristão, mas para os que não
conseguirem se manter castos, devem tranquilizar-se e confiar na misericórdia e
graça divina que abarca todos os seus filhos. Isso não quer dizer que os que
têm relação antes do casamento levam desvantagem em relação aos que não
tiveram. Vejo isso como uma questão de fórum íntimo que deve ser decidido entre
você e Deus. Reconheço que com a secularização da Igreja, muitas coisas têm
mudado, inclusive o conceito de virgindade antes do matrimônio como suposta
garantia de sucesso para a vida conjugal, coisa que comprovadamente não tem
argumento lógico para sustentação. Quanto a fidelidade sou também a favor, mas
com ressalva, principalmente, quando as vicissitudes da vida acabam empurrando
os casais à uma traição, que a meu ver não é sinônimo de separação ou término
do relacionamento, como o senso comum deseja que acreditemos, iniciando um
processo de extinção da comunhão entre ambos.
Penso que isso não é o fim, e nem sou a favor de conceder nesses termo,
a carta de divórcio, conforme o Antigo Testamento preconiza como único motivo
para a separação do casal. Deuteronômio 24:1-3 “Quando um homem tomar uma
mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos,
por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-a uma carta de repúdio (divórcio),
dando-a na sua mão, e a despedirá da sua casa”. Esse texto bíblico parecer ser
essencialmente preconceituoso em relação a mulher, pois a ideia que se passa,
quanto a ela, é de inferioridade e uma condição de quase escrava. Isso
imaginando que “coisa indecente” seja a infidelidade; não sendo, percebemos o
quanto a mulher era desprestigiada e desvalorizado nos tempos da lei do profeta Moisés.
Pequenas ninharias eram motivos de repúdio e abandono; coisa gritantemente
injusta e sem cabimento. Sendo assim prefiro um olhar mais maleável e menos
ortodoxo sobre o assunto. No Novo Testamento as coisas melhoraram um pouco para
as mulher, mas mesmo assim, o convencionalismo tradicional arraigado nas mentes
dos religiosos, baseadas em crendices e superstições, ainda queriam atirar
pedras contra as que eram pegas em adultério. Porque será que só desejavam
apedrejar a mulher? O homem adúltero não era mencionado nem inquirido para
posterior averiguação ou punição. Em Marcos 10:2-5 temos um interessante texto
“E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o. É lícito ao
homem repudiar (divorciar-se) sua mulher? Mas ele, respondendo, disse-lhes: Que
vos mandou Moisés? E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio
e repudiar. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações
vos deixou ele escrito esse mandamento”. Entendo aqui que o Mestre Jesus
eximiu-se de conceder um veredicto em relação a questão do divórcio, pois
não via na lei base plausível para um juízo imparcial, fundamentado no amor e
na compaixão. Assim sabiamente preferiu não opinar, tomando a redação
dogmática, dura e rígida da lei mosaica para condenar alguém por um erro
cometido, sem conhecer os antecedentes e os subsequente fatos relacionados a
situação apresentada. O Mestre sempre baseava seu juízo no amor e na compaixão.
Diante da mulher pega em adultério disse, João 8:7 “E, como insistissem,
perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: aquele que dentre vós está sem
pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. Perguntaram lhe certa vez em
Mateus 18:21,22 “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas
vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete vezes? Jesus
lhe disse: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete”. Acho que o
nível de amor, perdão e reconciliação entre os casais deve ter a meta dessa
profundidade misteriosa e sem precedente. Estaríamos dispostos a assumir um
compromisso de compaixão, abnegação e altruísmo como esse? Pelo menos devemos
estar abertos a essa disposição, tendo a intenção de praticar um ato tão nobre
e sublime que eleva nossa comunhão com Deus. Assim nesses novos tempos de
mudança de comportamentos individuais e coletivos devemos estar contextualizado social,
econômica, política e historicamente. Uma espiritualidade aberta a modificações
e transformações. Os princípios aqui expressos considero de grande valor para a
santidade e pureza da família cristã, em contraposição a um mundo secularizado
e estigmatizado pelo ceticismo, materialismo, consumismo e a descartabilidade de
instituições e indivíduos. Abraço. Davi.
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