sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

BUDISMO E A DOUTRINA DA CRIAÇÃO.



Texto de Greg Martin (1984-  ). Como foi criado o mundo, em outras palavras, o universo? Esta interrogação tem mantido perplexos aos seres humanos através de todos os tempos. A mitologia, a ciência e a religião nasceram dessa permanente busca. Os dez primeiros capítulos da Bíblia, Gênesis 1-10 formam a pedra angular das três principais tradições religiosas do ocidente, judaísmo, cristianismo e islamismo. Eles nos relatam a história da Criação. Deus criou o universo e tudo o que nele existe, incluindo a terra, o céu, a luz, as plantas e os animais, em seis dias, descansando no sétimo dia. Ele criou o primeiro homem, Adão, soprando a alma ao pó para depois dar-lhe como morada o Jardim do Éden. Deus criou a primeira mulher, Eva, da costela de Adão, para proporcionar-lhe uma companheira. Enganada por uma serpente, Eva desobedeceu as ordens dadas por Deus ao comer a maçã da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ao mesmo tempo, ela convence Adão para que faça o mesmo. O castigo infringido por Deus a condena ao alumbramento com dor e à servidão ao marido. Deus expulsa ambos do Jardim. Transcorreram várias gerações e Deus não estava feliz com os resultados de sua criação, particularmente porque a maldade imperava no mundo. Disse-lhe a Noé que construísse uma grande embarcação, e colocasse nela casais de todos os animais que habitavam a terra e a sua família. Depois provocou uma grande inundação que exterminou todos os seres vivos da face da terra. Após 150 dias as águas se retiraram e a embarcação de Noé ficou depositada no topo do Monte Ararat. Um novo começo se inicia para a humanidade a partir dos descendentes de Noé. Estes são os pontos básicos da historia da criação, tal como a relata o livro do Gênesis. Deus é o criador original de tudo o que existe ex nihilo (criado do nada). Em épocas anteriores esta história era aceita como um fato inquestionável e como a palavra divina e irrefutável de Deus. Hoje em dia há os que ainda professam esta crença. A captura e deportação do povo judeu à Babilônia por parte de Nabucodonosor no ano 587 AC, onde permaneceram por cinquenta anos (duas gerações), colocou o povo judeu em contato direto e de maneira frequente com as influências do oriente revelada nos hindus, persas e babilônicos. Durante este período, no seu exílio o povo judeu entrou em contato com mitos e lendas do oriente, particularmente da Índia e do Irã, convertendo-se os mesmos em parte da tradição judaica. Dentro destes encontram-se os mitos da criação e a ideia tomada dos ensinamentos do zoroastrismo, particularmente a profecia de um redentor ou salvador. A história da criação não é original dos cristãos, ou dos judeus. Os elementos chaves datam de fontes anteriores ao Antigo Testamento e provêm de áreas geográficas, tais como a Índia, o Oriente Médio, e Grécia. A criação do universo, o mundo e os primeiros seres humanos, partindo do conceito de uno que depois se converte em dois, são temas comuns em algumas das tradições mais antigas. As origens do mito do dilúvio são, também mais antigas. Referências aos mesmos se encontram nos textos da escritura cuneiforme dos sumérios ao redor dos anos 2000 – 1750 AC. Todos os elementos essenciais a respeito da história sobre a criação do mundo encontram-se em fontes pagãs de maior antiguidade. A ideia da criação ex nihilo nem sempre foi parte da doutrina cristã. A comunidade dos primeiros cristãos não tinha uma posição monolítica a esse respeito. Não foi senão até o dia 20 de maio do ano 325 no Conselho de Niceia que esta doutrina tornou-se oficial sob a supervisão do imperador romano Constantino. É interessante notar que as famosas palavras de abertura do Evangelho de João nos dão um ponto de partida ligeiramente diferente a respeito da criação: “No início existia o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. “Verbo” é uma tradução do grego logos, e refere-se a um princípio integrador (lei) que cria a ordem no cosmos. A semelhança com o conceito budista do Dharma, o que nós denominamos Lei Mística, é surpreendente. Tanto o oriente como o ocidente, compartilham histórias mitológicas sobre a criação. Porém, por volta de 1500, quando os pensadores da Reforma questionavam a veracidade destas histórias, os muçulmanos estudavam que o paraíso e o inferno eram assuntos internos a cada indivíduo, os cabalistas advertiam aos seus discípulos a não tomar a mitologia de maneira literal; porém, a maioria dos cristãos ainda insistiam que o narrado nestas histórias ajustava-se aos fatos reais, ou seja, eram certos e verdadeiros em todos seus detalhes e aspectos. Desta forma, inicia-se o longo conflito entre o cristianismo e a ciência, ou com maior precisão, o conflito entre dois pontos de vista científicos, separados por 6000 anos, um data de 4000 AC e o outro de 2000 DC. A interpretação literal do mito da criação em qualquer religião ou cultura tem a desafortunada consequência de obrigar às pessoas a escolher entre o coração que anseia acreditar, e o cérebro, que vê que o argumento não é consistente com a observação objetiva dos fenômenos. Os mitos sobre a criação no oriente, ainda quanto um tanto similares na superfície (a final de contas, são a fonte de onde emanam os mitos do ocidente), porém, são essencial e fundamentalmente diferentes dos do ocidente, num aspecto importante. Os primeiros, geralmente não apresentam distinção entre Deus e o ser humano. O divino encontra “aqui dentro”. No ocidente, porém, de acordo com a Bíblia, o Criador é diferente, separado e “lá fora”, dando-se, assim, o caso de que existe uma brecha intransponível entre ambos. O Budismo, porém, tem como intenção ajudar aos fiéis a realizar a vivência de sua identidade original na própria vida, aquela identidade que é una com a força criativa, ou Lei Mística. Dentro do cristianismo, a igualdade com o Criador não é possível. O cristianismo tem como propósito restaurar a relação com este “outro” ser absoluto. Qual é o ponto de vista budista a respeito de nossas origens? As antigas tradições da Índia indicam que os budistas entendiam que o universo era ordenado por ciclos recorrentes de mundos que se manifestavam e desapareciam. Cada ciclo tinha seu término em dilúvio ou fogo. Estes ciclos de formações e destruições de mundos duravam bilhões de anos e ocorriam em todo o universo. Das cinzas ou lodo que resultavam da destruição, um novo ciclo nascia. Este ciclo não tem início nem fim. Mundos e universos eram criados e destruídos como parte de um ciclo interminável de nascimento e morte que operava em escala cósmica. Para os budistas, então, não existe uma criação no sentido da história bíblica. O universo se formou quando as condições necessárias se deram, baseadas na lei de causa e efeito inerente na própria natureza do universo. Da mesma forma como surge, desaparece. Mas não há uma causa original, como não há um final. O universo é infinito, sem limites de tempo e espaço. “O universo em si mesmo é um ser vital que contém o potencial da vida que desenvolve-se de diferentes formas; é, portanto, definido como a entidade de vida mais grandiosa”. Os cosmólogos, hoje em dia, postulam a teoria de um universo dinâmico, em fluxo constante. Onde, num ponto, o universo parece ter nascido da causa do “big bang” original e encontra-se em constante expansão, em tanto que, em outro ponto parece encontrar-se num processo de contração e extinção. Mas o universo em si não tem começo ou fim. Este ponto está de acordo com a perspectiva budista.  A Lei Mística é o nome que damos a esta lei de causalidade subjacente que opera eternamente através do universo inteiro. Quando as condições são propícias, surgem planetas. Quando as condições são adequadas, a vida evolui. O oceano gera ondas. O universo gera vida. A vida evolui para o despertar e a iluminação. O potencial para a vida, para a vida iluminada, existe na própria essência do universo, é uma lei mística natural. Dado que o ritmo universal apoia a vida, podemos descrever a natureza do universo como benevolente. Há os que dão, a esta capacidade inerente criadora para construir o mundo, ao potencial de gerar o universo, o nome de Deus; nós o chamamos Lei Mística de Nam myoho rengue kyo. Aos leitores do Mosaico, desejo a todos (cristãos, muçulmanos, budistas, judeus, zoroastristas, hinduístas, espíritas, confucionistas e demais religiões) um feliz 2017. Que o Divino Christo, A Santíssima Imaculada Virgem Maria, Alláh na pessoa do seu profeta Muhammad, o Iluminado Budha, Massiach (Messias) o tão aguardado, Zoroastro, Khrisna a encarnação de Vishnu, e todos os grandes seres renascidos na pessoa dos fundadores das religiões, ilumine os vossos corações dando: amor, paz, tolerância e compaixão para com todos os seres humanos e não humanos.  Abraços. Davi. http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

PANORAMA DA INICIAÇÃO NOS MISTÉRIOS OCULTOS.



Texto escrito por Eduardo Truhlar Martins. Introdução. Podes chegar à dignidade humana; mas não deves esquecer que deves o que és àquele que resgatou tua imagem humana pela redenção no Gólgota. A frase anterior foi dita  por Rudolf Steiner (1861-1925) filósofo e naturalista. Desde a sua infância, Steiner manifestava sinais de clarividência. Essa faculdade permitia a ele ter contato com o mundo espiritual. Sempre teve interesse em provar a existência desse mundo através de argumentos que se opusessem ao materialismo vigente em sua época. Aos 22 anos, Steiner foi convidado a organizar para publicação os escritos científicos de Johann Goethe (1749-1832). Em 1891, obteve o título de doutor em filosofia na Universidade de Rostock com a tese Uma Teoria da Cognição, com especial referência ao ensinamento de Johann Fichte (1762-1814). De acordo com Rudolf Meyer (1826-1897), foi Fichte com sua filosofia do Eu, quem proporcionou a Steiner a revelação direta e imediata de uma realidade espiritual e ativa. Embora Steiner participasse da Sociedade Teosófica, nem sempre compartilhava das mesmas ideias. Após as suas conferências na Biblioteca Teosófica de Berlim, Alemanha, em 1902, foi estabelecida uma seção alemã nos quadros da Sociedade Teosófica, de âmbito internacional, na qual ficou estipulado que Rudolf Steiner, secretário geral da seção em apreço, não estaria obrigado a ministrar ou explanar quaisquer ensinamentos, senão os resultantes de sua própria investigação espiritual. Este evento, sem dúvida, foi uma ótima oportunidade para Steiner lançar as bases da futura Sociedade Antroposófica. A Teosofia estava tomando rumos que o desagradava. Para Steiner, o cristianismo se diferenciava das outras religiões porque Jesus Cristo e o Acontecimento do Gólgota constituem-se como o evento central da História da Terra e da humanidade. Teósofos como Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) e Annie Besant (1847-1933) não tinham a mesma posição. Karlton Hemleben (1892-1958) afirma que eles viam, numa síntese geral de todas as religiões e suas verdades com igualdade de direito, um alto ideal que esperavam alcançar por uma tolerância inteligente. Não havia compreensão nem reconhecimento da singularidade que reside na aparição do Filho de Deus, o Cristo, no homem de Jesus de Nazaré na Terra. Em vez disso, Annie Besant proclamava o rapaz Jiddu Krishnamurti (1895-1986) como a reencarnação de Cristo. Em 1902 Rudolf Steiner fundou a Antroposofia e a desenvolveu até o ano de 1925, ano de sua morte, deixando uma vasta bibliografia que diz respeito à constituição da Ciência Antroposófica. A Antroposofia é uma ciência espiritual de essência cristã introduzida por Rudolf Steiner no início do século XX. Essa ciência tem como objetivo provar a existência do mundo espiritual e sua relação com o mundo material. Ela tem como característica a busca pelo conhecimento da natureza humana e de todo o universo. É uma ciência do cosmo, tendo como centro e ponto de partida o homem . A Antroposofia apoia a Ciência utilizada pelos homens e é capaz de ampliar os conhecimentos obtidos por ela, sua aplicação abrange praticamente todas as áreas da vida humana. Dentro duma perspectiva Antroposófica, este artigo possui como objetivo mostrar como se deu à evolução dos principais conhecimentos dos mistérios da antiguidade até a vinda do Cristo Jesus. Steiner afirmava poder realizar uma pesquisa espiritual Revelação da Crônica do Akasha. A partir desse tipo de pesquisa ele obteve inúmeras informações sobre a história de vários povos. Colin Wilson (1931-2013) relata sobre essa habilidade de Rudolf Steiner dizendo: Um dos exemplos de imaginação ativa é a intrigante faculdade conhecida como psicometria, (...). Certas pessoas têm a habilidade de, segurando um objeto em suas mãos, ver as imagens relacionadas à história passada desse objeto. Nas últimas décadas a psicometria tem sido uma ajuda valiosa para a Arqueologia. Um renomado físico polonês, Stefan Ossoviecki (1877-1974), ouviu um amigo falar sobre Rudolf Steiner e os registros acásicos, e decidiu fazer uma tentativa sistemática para lê-los. Junto com o professor Stanislaw Poniatowski (1732-1798), da Universidade de Varsóvia, dirigiu uma minuciosa série de experiências sobre objetos pré-históricos que, repetidas vezes, revelaram uma incrível precisão. 1. Os Conhecimentos Iniciáticos da Antiguidade. Na antiguidade os conhecimentos do mundo espiritual eram passados às pessoas que ansiavam por respostas mais satisfatórias do que as oferecidas pelas religiões populares. Em todos os povos existiam sacerdotes que restringiam esses ensinamentos a um público selecionado. Os iniciados eram pessoas cuidadosamente escolhidas. Não era qualquer um que podia ter acesso a esses conhecimentos. Era levada em consideração, principalmente, a conduta moral do neófito. Ao ser aceito nessas comunidades ocultas, o iniciado tinha que passar por provas que podiam levar anos para serem concluídas. Os iniciados nos mistérios dos diversos povos passavam por situações, em geral, semelhantes. Suportavam sofrimentos e enfrentavam uma “morte” aparente de três dias. O espírito permanecia nos mundos espirituais onde lhe era revelado os mistérios, sendo depois reconduzido ao corpo físico. Ao acordar ele relembrava as experiências do mundo espiritual e tornava-se um mensageiro desse mundo. Os discípulos deviam fazer com que o sentimento egoísta desse lugar ao sentimento de amor por tudo e por todos. Ao concluir essa tarefa, eles tornavam-se capazes de despertar as forças divinas adormecidas no interior de suas almas. As pessoas que aprendiam os mistérios podiam buscar no fundo de suas almas o que sabiam que ali repousava: o homem divino. Era uma forma delas sentirem-se em uma situação de familiaridade com Deus. Nesse momento, o iniciado participava diretamente das verdades divinas tomando conhecimento de sua verdadeira realidade, tanto física quanto espiritual. Havia vários rituais míticos para obter essas finalidades: os egípcios utilizavam-se de forças espirituais denominadas de Ísis e Osíris, quando se queria chamar a atenção para a fonte original do homem interior. Na Grécia essas forças recebiam o nome de Dionísio. O mito de Dionísio é fundado na ideia de morte, ressurreição e sacrifício. Existia entre os romanos o culto a Mitra, seus discípulos afirmavam o seguinte: Quando conhecemos o Universo, algo do Grande Cosmo nos aflui, assim como o ar que da atmosfera desemboca em nós; Mitra, o deus, acolhamo-lo. O deus que inunda o universo. Os pitagóricos, no século VI AC, formavam uma comunidade sacra que exigia segredo entre os iniciados a respeito dos estudos da alma e de uma doutrina da transmigração e da reencarnação. O mito de Osíris é um exemplo dos Ensinamentos Iniciáticos. Osíris havia se tornado um dos deuses mais importantes, era filho do deus solar, seu irmão era Tífon-Set e sua irmã, e também esposa, Ísis. Tífon, pensando em destruí-lo, mandou fazer um caixão com o comprimento igual ao de Osíris. Em um banquete, esse caixão foi oferecido a quem nele coubesse. Quando Osíris se deitou, Tífon e outros ajudantes fecharam o caixão e o jogaram no Nilo. Ao saber dos fatos Ísis foi em busca de Osíris até encontrá-lo. Tífon soube do ocorrido e se apoderou do corpo de Osíris, despedaçou-o em quatorze partes e as espalhou pelo Egito. Porém, Osíris ressurgiu das trevas e venceu seu irmão. Um raio enviado por Osíris caiu sobre Ísis, que concebeu e teve um filho chamado Hórus ou Hapócrates. Nesse mito, deus Osíris, morreu e sua força criadora foi transmitida pelo mundo manifestando-se como os quatro elementos água, terra, fogo e ar. O homem deve buscar viver mediante seu conhecimento sobre a natureza divina. Assim como Hórus filho de deus, o Logos, o homem há de encontrá-lo na polaridade entre luta, Tífon e amor, Ísis. A revelação dos segredos a pessoas não Iniciadas era considerado um grande crime, podendo ser condenado até a morte . Segundo Steiner, consta que o poeta Ésquilo foi acusado de ter levado ao palco algo do conteúdo dos mistérios, só conseguindo salvar-se da morte por ter se refugiado no altar de Dionísio e ter provado judicialmente que nem era um iniciado. 2. Relações entre os mistérios da Antiguidade e o Cristianismo. Segundo Rudolf Steiner os Conhecimentos Iniciáticos da Antiguidade serviram para preparar as pessoas para o advento do cristianismo. A busca pelo que é divino, os contatos com o mundo espiritual faziam parte das sociedades pré-cristãs numa época em que poucos tinham acesso a esses conhecimentos. O cristianismo representa um nível acima na evolução humana, desde então, a todas as pessoas é dado o direito de conscientizar-se de sua verdadeira natureza espiritual. Enquanto os mistérios transmitiam os meios de se chegar à verdade, o cristianismo transmitia a própria verdade. Os Conhecimentos Iniciáticos são na verdade a essência da sabedoria cristã: o amor. Além de boas condutas, era ensinado a existência do mundo espiritual e a pluralidade das vidas. Somente através de uma ótica espiritual que é possível contemplar as verdades universais. Essas não podem ser escritas por não existirem palavras que as expressem, apenas vivenciadas. Uma passagem da vida de Santo Tomás de Aquino (1225-1274), citado no livro de Carlos A. R. Nascimento pode ilustrar esse fato: (...) rezando diante do crucifixo, este lhe teria dito: 'Tomás, escreveste bem a meu respeito, que recompensa devo te dar por teu trabalho? Tomás teria respondido: Senhor, nada mais que vós mesmo. Conta-nos ainda Carlos Nascimento que no dia 6 de dezembro, festa de São Nicolau de Mira (270-343), Tomás passou por uma extraordinária transformação durante a celebração da missa. A partir de então não quis mais escrever, ditar e até se desfez de seu escritório. Ninguém entendia a estranha atitude de Tomás de Aquino, mas a uma pergunta (...), respondeu: não posso mais; tudo o que escrevi me parece palha em comparação com o que vi; chegou o momento de parar de escrever (...). O que antes nascia da alma como Dionísio ou do Universo como Mitra se desenvolveu e se reuniu em uma única divindade. Antes o homem buscava respostas e as encontrava nas profundezas dos templos, da alma, nos mistérios, e agora sem fazer nenhum esforço ou passar por nenhuma prova, é possível ao homem se aproximar do fundamento divino do universo. A divindade com o nome de Cristo incorporou os Conhecimentos Iniciáticos e os transmitiu a humanidade. Dessa forma, essa divindade, Cristo, pode penetrar na alma humana e fazer revolver o homem divino ali existente. Os hebreus foram os escolhidos para tal acontecimento, pois, segundo Steiner, eles conheceram tanto o culto a Mitra quanto a Dionísio embora estivessem distantes de ambos. Os hebreus conheciam o que forma a natureza humana mais profunda e acreditavam que isso estava presente no homem primordial chamado de Adão. De acordo com a concepção hebraica, Adão era a fonte inspiradora dos homens para unirem-se a Deus. Assim como Adão, o Cristo que desceu dos mundos espirituais como unificação de Mitra e Dionísio tornou-se o ponto de referência para os homens elevarem-se à Divindade. Os hebreus foram os escolhidos para esse grande acontecimento porque eram os mais preparados espiritualmente para receberem os ensinamentos do Cristo Jesus. 3. Jesus e Cristo. Jesus de Nazaré é um personagem cuja existência histórica chega a ser posta em dúvida. Não é o objetivo deste trabalho provar a sua existência. Segundo Steiner, mesmo que seja provado que ele não tenha existido, o Cristo continuará sendo a fonte inspiradora dos homens para alcançarem a Divindade. A personalidade histórica de Jesus de Nazaré não é o mais importante para a Antroposofia. O Cristo que nele se manifesta é a divindade que deve ser levada em consideração para os Conhecimentos Iniciáticos, trata-se de um novo nascimento espiritual. Povos anteriores ao cristianismo já possuíam essa convicção: os Essênios na Palestina e os Terapeutas no Egito. Através de provas e experiências, esses povos selecionavam os neófitos. Eles mostravam aos iniciados que para despertar o Ser Superior, era preciso ter uma vida justa e boa ao longo de sucessivas vidas na Terra. Através dos ensinamentos encontrados no início do evangelho segundo João é possível entender melhor o desenvolvimento de uma personalidade na alma: “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. (...). E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua glória, uma glória do Filho Unigênito do Pai, cheio de abnegação e verdade”. (João 1, 1-14). O Logos citado é o mesmo que Cristo, e Jesus o incorporou durante o batismo por João. A partir desse momento o Cristo tornou-se o Eu de Jesus de Nazaré. O Logos tornou-se carne por meio da personalidade, já preparada para isso, de Jesus. O Cristo Jesus é a referência para se elevar espiritualmente, ele renovou os conhecimentos da antiguidade tornando-os acessíveis a todas as pessoas. “(...) Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. (João 8,12). Jesus de Nazaré foi um iniciado durante sua encarnação, os fatos de sua existência são descrições da iniciação. A grande diferença é que na antiguidade os iniciados passavam por essas provas fora do corpo físico e em cerimônias ocultas. Os relatos de Jesus, como por exemplo, na Tentação no deserto (Lucas 4, 1-14) e na cena no Monte das Oliveiras (Mateus 27,28) são Eventos Iniciáticos. A vida do Cristo desde o momento do batismo por João até o Mistério do Gólgota foi uma adaptação a vida terrena. O corpo de Jesus de Nazaré foi utilizado para que a entidade divina, espiritual do Cristo, pudesse tomar a forma que lhe era necessária para, daí em diante, estar em comunhão com as almas humanas”. Os acontecimentos na Palestina foram necessários para o nascimento da vida terrena do Cristo que aconteceu a partir do Mistério do Gólgota, esse acontecimento é denominado por Steiner de Impulso do Cristo. No começo, após o batismo, o Cristo não estava totalmente ligado ao corpo de Jesus, mas sua atuação era algo supra terreno, realizava curas e falava de maneira divina aos homens. Aos poucos o Cristo foi se tornando semelhante ao corpo de Jesus e, assim, foi perdendo seus poderes divinos. Isso acontecia por causa da incompreensão dos homens sobre o que estava acontecendo. 4. A vida de Jesus dos 12 aos 30 anos. Através da revelação da crônica do Akasha, Steiner descreveu cenas da vida de Jesus durante o período dos seus 12 aos 30 anos. Aos 12 anos, assim relata o evangelho de Lucas, Jesus viajou com seus pais até Jerusalém para assistir a uma festa. Ele se perdeu e foi encontrado três dias depois dialogando com os doutores da Lei, os que o ouviam ficaram maravilhados com a inteligência de suas respostas. A partir desse momento, Jesus de Nazaré passou a ser muito influenciado pela alma de Zaratustra (século IV AC). Os grandes conhecimentos de sua alma começaram a se manifestar, era como se o sol da antiga sabedoria de Zaratustra estivesse reluzindo com a forma da erudição judaica. Entre 16 e 18 anos Jesus realizou diversas viagens na Palestina, Ásia Menor e até a Europa, presenciou vários cultos a Mitra onde eram realizados cerimônias e sacrifícios aos deuses. Através de contatos com os Essênios, Jesus pode se aprofundar nos Conhecimentos Iniciáticos. Os contatos com doutrinas ocultas e o judaísmo fez Jesus perceber que muitos desses ensinamentos já não tinham mais valor para a humanidade. Era preciso renovar esses conhecimentos. Jesus compreendia a necessidade de falar das verdades divinas, tirá-las dos cultos secretos e transmiti-las as pessoas sem que houvesse nenhum tipo de preparação para ouvi-las. Já próximo aos 30 anos Jesus passou a sentir que a alma de Zaratustra estava prestes a abandoná-lo. Quando isso aconteceu, ele agia como um sonâmbulo, seus parentes achavam que ele tinha perdido o juízo, andava ainda mais calado. Jesus tinha voltado a ser o mesmo de quando tinha 12 anos, amável e bondoso com os outros. De acordo com Steiner sua última decisão surgiu de forma espontânea, ele foi se batizar com João Batista. O batismo no rio Jordão é o marco de um evento de grande relevância. Foi exatamente nesse momento que Jesus recebeu a entidade do Cristo em seu corpo. Pela primeira vez na história da humanidade o Cristo habitou um corpo humano, até então ele só havia habitado as esferas espirituais. Ao receber o Cristo em seu corpo, Jesus tornou-se ainda mais adorável para com as outras pessoas. Seu olhar agora transmitia uma paz de espírito muito agradável e sua simples presença era o bastante para que todos os demônios se retirassem do lugar. A grande missão do Cristo Jesus era ensinar como os homens poderiam encontrar o caminho para as verdades do espírito. Esse fato foi consolidado no Mistério do Gólgota. O Cristo nasceu para a humanidade e a partir daí ele tem participado do processo de evolução dos homens, atuando no mundo espiritual. Conclusão.  Steiner explica que: o cristianismo devia ser o meio para que cada um encontrasse o caminho, e mesmo quem não estivesse maduro não devia ser excluído da Corrente Iniciática. “O Filho do Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido”. De então em diante, mesmo os que não podiam participar dos mistérios gozariam um pouco de seus frutos.  A Sabedoria Iniciática foi a responsável por dar condições para o surgimento do cristianismo. A acumulação dos Conhecimentos Iniciáticos através de sucessivas encarnações favoreceu para que as pessoas do ambiente histórico no qual Jesus viveu aceitassem melhor seus ensinamentos. Os mistérios que eram antes restritos a seitas fechadas e com um público selecionado tornaram-se acessíveis a todos pelas palavras de Jesus Cristo. O milagre de Lázaro é um exemplo desse fato. Nesse caso o Cristo atuou como um iniciador. Ao ser comunicado que Lázaro estava enfermo ele respondeu: “a enfermidade não é para a morte mas para que Deus se torne manifesto nele”. Este ato já era praticado pelos antigos egípcios, o sacerdote fazia com que o iniciado adormecesse devido a uma doença física e espiritual. Após três dias foi dito: “Lázaro, o nome do iniciado, vem para fora”. Nesse momento o Verbo Eterno nasceu em Lázaro, ele se tornou um iniciado. Durante os três dias que Lázaro passou adormecido lhe foi revelado as verdades do mundo espiritual.  Segundo Johann Hemleben: nas religiões de mistérios pré-cristãs estava vivo um saber dessas conexões, de maneira que fora possível a profecia do Messias que viria, do Salvador universal a ser esperado. Como preparação para o futuro exercia-se, nas Escolas de Iniciados, o rito simbólico da sepultura e ressurreição (cultos de Osíris, Adônis e outros). No Gólgota realizou-se, como acontecimento histórico, o que antes era rito e símbolo: morte e ressurreição físico-espiritual. O Mistério do Gólgota diz respeito à emergência da iniciação das profundezas dos mistérios para o plano da História Universal. A grande diferença da iniciação a partir do Mistério do Gólgota e a dos antigos consiste no fato do Cristo Jesus ter sofrido definitivamente a morte física. Ele só se tornou visível porque ressuscitou em seu corpo etérico. Esse fato marcou o término do mundo antigo e o início de uma Nova Era. Antes do Mistério do Gólgota os seres humanos não eram capazes de vivenciar os Conhecimentos Iniciáticos apenas com a força da alma, só era possível às pessoas que podiam usufruir da clarividência, em sonho ou pela iniciação. O Mistério do Gólgota é o elo de ligação para as pessoas vivenciarem a iniciação com a força de suas próprias almas, deve-se esse fato graças ao impulso do Cristo. Mas só é possível se as pessoas aprofundarem-se intensamente, a ponto de vivenciarem, os mistérios ocorridos na Palestina.  Podemos dizer que São Francisco de Assis (182-1226) é um exemplo dessa forma de Iniciação. Ele é tido como o homem que mais se assemelhou a Jesus Cristo na Terra. Aprofundou-se tanto nos mistérios ocorridos na Palestina que pode vivenciar o evento da crucificação. Francisco passou os últimos momentos de sua vida com as mesmas chagas do Cristo. O ponto de vista dos mistérios continua a existir no cristianismo, porém de forma modificada. O cristianismo trouxe o processo Iniciático dos círculos fechados para todas as pessoas. Abraço. Davi.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL.



Meditação. Em 1957 Maharishi Mahesh Yogi (1918-2008) fundou seu mundialmente conhecido (Meditação Transcendental) movimento em Madras, Índia. Sua proposta foi a de espalhar uma simples e profunda mensagem: A base da vida é de ilimitada bem aventurança e cada indivíduo pode experimentá-la sem esforço. Desta forma, Maharishi começou a ensinar a técnica mental que acabou se tornando conhecida pelo nome de Meditação Transcendental. Nos anos e décadas seguintes, ele viajou para quase todos os países do mundo para divulgar a sua mensagem. No início da década de 1990, existiam 40.000 professores de Meditação Transcendental. Eles têm ensinado o mais amplamente praticado programa de auto desenvolvimento do mundo para mais de 5 milhões de pessoa. Cerca de cem mil destes Meditantes aprenderam o programa de MT-Sidhis, uma técnica avançada que inclui tanto a meditação quanto o voo Yóguico. Maharishi atribui todas estas conquistas ao seu próprio professor Shri Guru Dev, também conhecido como Swami Brahmananda Saraswati Maharaj (1868-1953). O conhecimento de Guru Dev foi adquirido através da antiga ciência Védica e literatura Indiana. Outros campos da tradição Védica revividos por Maharishi incluem aqueles relacionados a saúde (Ayurveda), música (Gandharva Veda), arquitetura e edificações (Sthapatya Veda) e prevenção de perigos (Jyotish). Em 1971 ele estabeleceu uma Universidade nos Estados Unidos, a Universidade Internacional Maharishi. Nos anos 80 o campus se tornou amplamente capaz de atender alunos em todos os níveis, do jardim de infância ao doutorado. Seus princípios são simples: o desenvolvimento dos aspectos mais internos do indivíduo através da Meditação em grupo e o desenvolvimento dos aspectos externos do indivíduo através dos cursos correlacionadas ao campo unificado da física quântica da Ciência da Inteligência Criativa (CIC), a parte teórica da Meditação Transcendental que explica como o universo se correlaciona com este campo unificado não só fora mas, também dentro de nós. A instituição também é conhecida pelo nome de Universidade de Administração Maharishi (UAM), ela esta localizada em Fairfield, Iowa - EUA. Para maiores observações com relação a escolas administradas pelo movimento da MT Internacional, verifique os outros links em nosso site ou procure por Web sites específicos das escolas de Lancashire, na Inglaterra e Fairfield, Iowa - nos Estados Unidos. Outros links interessantes incluem a Enlightenment magazine e a organização de promoção da agricultura orgânica. “A expansão da felicidade é o propósito da criação e todos nós estamos aqui para usufruir e transmitir a felicidade por toda parte”. Maharishi Yogi -Como você resumiria a sua mensagem? Maharishi: A natureza da vida é a bem-aventurança. Todos nascem para usufruir, não nascemos para sofrer. Nós temos ouvido por séculos que existe uma grande potencialidade escondida dentro de cada um. Ela não se encontra escondida dentro de nós por ser difícil de trazê-la à tona, mas simplesmente por que não estamos dando a oportunidade de trazê-la, isto é tudo. O reservatório de toda sabedoria, criatividade, paz e felicidade está lá, o cérebro do homem é equipado com a habilidade de experimentar absoluta bem-aventurança, absoluta felicidade, absoluta paz, absoluta criatividade, absoluta sabedoria. O campo absoluto da vida pode ser examinado a fundo e experimentado e constantemente vivenciado por todos. A única coisa a ser feita é adicionar a Meditação Transcendental a rotina da vida diária. Como o programa de Meditação Transcendental é diferente de outras formas de meditação? Ela não requer concentração ou qualquer controle da mente. A concentração traz a tensão. A concentração é um processo estático. A Meditação Transcendental é um processo dinâmico que leva a mente dos níveis mais grosseiros até os mais sutis do pensamento. Todos podem aprender a Meditação Transcendental? Quais os pré requisitos? Ela requer apenas o desejo de aprendê-la, e assim como tudo é aprendido de um professor, ela é ensinada por um professor. Nestes 40 anos, milhões de pessoas tem aprendido a Meditação Transcendental e estão adquirindo iluminação. O que você quer dizer por iluminação? Iluminação significa falta de escuridão e a ausência de escuridão significa não mais cometer erros, não ter mais fraquezas, deficiências. O sucesso está em todos os lugares, a plenitude dos desejos esta em todos os lugares, isto é a iluminação. Quando uma pessoa esta vivendo de acordo com as leis naturais, espontaneamente apoiadas pela natureza, não estamos mais na escuridão de forma alguma – isto é a iluminação! Algumas pessoas podem dizer que não tem tempo para meditar, que são muito ocupadas e tem muito a fazer. Este tipo de atitude apenas se deve a falta de conhecimento de como desenvolver uma ação com um máximo de vigor, como ser bem sucedido na ação, como desfrutar mais e mais, desfrutar permanentemente todos os aspectos da vida. Tome um simples exemplo, se deseja atirar uma flecha com grande força adiante, apenas segure o arco puxe-o e solte-o de novo. Uma pessoa que desconhecesse completamente o procedimento utilizado para se atirar com força uma flecha, poderia perguntar – o que você está fazendo? Você deve empurrar a flecha naquela direção e não puxa-la para si, isto é o que ocorre quando alguém diz não ter tempo para sentar e meditar – “Eu tenho tanta coisa a fazer, aonde encontrarei tempo para meditar? – por que perder tempo se somos pessoas ativas?” A Meditação Transcendental é o processo de criar uma situação aonde todos os aspectos da vida começam a se tornar valiosos. Quando puxamos uma flecha, estamos criando uma situação aonde a força se tornará maior. A Meditação Transcendental traz a mente para o campo do silêncio que é o reservatório de toda a criatividade, inteligência, dinamismo. Se desejamos que a nossa mente seja mais ativa, o processo para isso é puxá-la de volta para si mesma, até o ponto aonde ela possa ser levada de volta a sua própria origem – a consciência Transcendental. Solte-a a partir deste ponto e o impulso será de extrema força, cada pensamento será realizado! Maharishi Mahesh Yogi (Histórico). Maharishi Mahesh Yogi é amplamente reconhecido como o mais avançado cientista no campo da consciência e considerado um dos maiores professores do mundo atualmente, no campo da consciência. Maharishi tem restaurado completamente a milenar literatura Védica para o seu total significado e aplicação na teoria e na prática e tem organizado isso sob a forma de uma completa ciência da consciência. O programa de Meditação Transcendental – a subjetiva tecnologia da Ciência e tecnologia Védica Maharishi representa a mais praticada e extensivamente pesquisada técnica de auto desenvolvimento no mundo. Maharishi está agora estabelecendo Universidades Védicas e Escolas Védicas em todo o mundo de forma a oferecer a maestria sobre a Lei Natural para cada indivíduo, bem como, propiciar a perpetuação da vida de acordo com a Lei Natural – perfeição em cada profissão – criação de governos livres de problemas e baseados na Lei Natural em todos os países – governos com a habilidade de prevenir problemas. http://www.mtbrasil.com.br. Abraço. Davi.