terça-feira, 29 de março de 2022

A COMPREENSÃO DO SOFRIMENTO

 

Teosofia. Revista Teosófica. Texto de Jiddu Krishnamurti (1895-1986). Palestra proferida em Saanen – Suíça, 18 de julho de 1963. A COMPREENSÃO DO SOFRIMENTO. Se não há compreensão do sofrimento, não há sabedoria; o fim do sofrimento é o começo da sabedoria. Para se compreender o sofrimento e dele se ficar livre completamente, requer-se compreensão, não só do sofrimento individual, particular, mas também do imenso sofrer humano.  Para mim, se não estamos totalmente livres do sofrimento, não pode haver sabedoria e tampouco terá a mente possibilidade de investigar deveras essa imensidade que se pode chamar Deus, ou outro nome qualquer. A maioria de nós está sujeita ao sofrimento em diferentes formas: nas relações, quando ocorre a morte de alguém, quando não podemos preencher-nos e decaímos até nos reduzirmos a nada, ou quando tentamos realizar algo, tornar-nos importantes e tudo redunda em completo malogro. E temos também o “processo” do sofrimento no plano físico: doença, cegueira, invalidez, paralisia, etc. Por toda a parte se encontra essa coisa extraordinária chamada “sofrimento” – com a morte à espreita em cada volta do caminho. E não sabemos enfrentar o sofrimento e, assim, ou o divinizamos ou o racionalizamos, ou, ainda, tratamos de evita-lo. Ide a qualquer igreja cristã e vereis que lá se diviniza o sofrimento, tornam-no algo de grandioso, de sagrado, e fala-se que só pelo sofrimento, só pela mão de Cristo, o Crucificado, se pode encontrar Deus. No Oriente, há métodos próprios de fuga, outras maneiras de evitar o sofrimento; e é, para mim, um fato singular serem tão raros – tanto no Oriente como no Ocidente – os que estão verdadeiramente livres do sofrimento. Seria maravilhoso se, no processo de nosso escutar – sem emocionalismo nem sentimentalismo – o que nesta manhã se está dizendo, pudéssemos, antes de sairmos daqui, compreender realmente o sofrimento e dele ficar completamente livres; porque, então, já não haveria automistificação, nem ilusões, nem ansiedades, nem medo, e o cérebro poderia funcionar clara, penetrante, logicamente. E, então chegássemos a conhecer o amor. Ora, para se compreender o sofrimento é necessário investigar todo o “processo” do tempo. Tempo é sofrimento, não só sofrimento do passado, mas também sofrimento que inclui o futuro – a ideia de chegar, a esperança de algum dia nos tornarmos algo, com sua inevitável sombra de frustração. Para mim, essa ideia de consecução, de “vir a ser” algo no futuro (e isso é tempo psicológico) representa o sofrer máximo – e não o fato de perder um filho, de ser abandonado pela mulher ou marido, ou de se não alcançar êxito na vida. Tudo isso me parece bastante trivial, se me é permitido pregar esta palavra, que espero não seja mal compreendida. Há um sofrimento muito mais profundo, que é o tempo psicológico: o pensar que mudarei em anos futuros, que, se houver tempo, me transformarei, quebrarei as cadeias do hábito, alcançarei a liberdade, a sabedoria, Deus. Tudo isso exige tempo – e este, para mim, é o sofrimento máximo. Mas, para podermos aprofundar o problema, temos de descobrir porque há sofrimento em nós – essa onda de sofrimento que nos envolve e aprisiona. Compreendendo, primeiramente, o sofrimento existente em nós, talvez possamos também compreender o sofrimento humano coletivo, o desespero da humanidade. Por que sofremos? E tem fim sofrimento? Há tantas maneiras de sofrermos! A doença é uma forma de sofrimento – a incapacidade de pensar, por debilidade do cérebro, e tantas outras variedades da dor física. Temos, depois, todo o campo do sofrimento psicológico – o sentimento de frustração, por não se poder realizar nada, ou a falta de capacidade, de compreensão, de inteligência, e também está constante batalha dos desejos antagônicos, da autocontradição, com suas ânsias e desesperos. E há, ainda, a ideia de nos transformarmos através do tempo, de tornar-nos melhores, mais nobres, mais sábios – ideia que também encerra infinito sofrimento. E, por último, o sofrimento ocasionado pela morte, o sofrimento da separação, do isolamento, o sofrimento de nos vermos completamente sós, isolados e sem relação com coisa alguma. Todos conhecemos essas variadas formas de sofrimento. Os eruditos, os intelectuais, os virtuosos, os religiosos de todo o mundo veem-se tão torturados como nós pelo sofrimento, e se dele existe alguma saída, ainda não a encontraram. Investigar bem profundamente em nós mesmos é saber que esta é a primeira coisa que desejamos: pôr fim ao sofrimento. Mas não sabemos de que maneira começar. Estamos muito bem familiarizados com o sofrimento, vemo-lo em outros e em nós mesmos, e ele se acha no próprio ar que respiramos. Ide a qualquer parte, recolhei-vos a um mosteiro, caminhai pelas ruas apinhadas – o sofrimento está sempre presente, declarado ou oculto, expectante, vigilante. Ora, de que maneira enfrentamos o sofrimento? Que fazemos em relação a ele? E como teremos possibilidade de nos libertarmos dele, não apenas superficialmente, porém totalmente, de modo que se torne completamente inexistente? Estar completamente livre de sofrimento não significa ausência de sentimento, de amor, de compaixão, falta de bondade, de compreensão de outrem. Pelo contrário, na completa liberdade, nesse estado livre de sofrimento não há indiferença. É uma liberdade que traz grande sensibilidade, receptividade; e, como se alcança essa liberdade? Todos conheceis o sofrimento, não vos tornais estranho. Ele está sempre presente. E como o enfrentais? Apenas superficialmente, verbalmente? Tende a bondade de seguir isto. Passo a passo, caminhemos juntos, até o fim. Tentai nesta manhã, escutar com atenção completa, estar bem cônscios de vossas reações e penetrar profundamente, junto comigo, este problema do sofrimento. Mas isto não significa seguir-me – coisa extremamente absurda. Mas se, juntos, pudermos compreender esta coisa, investiga-la ampla e profundamente, então, talvez, ao sairdes daqui, possais olhar para o céu e nunca mais serdes atingidos pelo sofrimento. Então, não mais haverá medo: e, uma vez livres de todo temor, aquela imensidade poderá tornar-se vossa companheira. Assim, como enfrentais o sofrimento? Parece-me que, em geral, o enfrentamos muito superficialmente. Nossa educação, nossa instrução, nosso conhecimento, as influências sociológicas a que estamos expostos – tudo isso nos torna muito superficiais. A mente superficial é aquela que se refugia na igreja, em alguma conclusão, conceito, crença ou ideia. Tudo isso são refúgios para a mente em sofrimento. E, quando nenhum refúgio encontrais, construís em torno de vós uma muralha e vos tornais acrimoniosos (sabor ácido, azedo; cor acre), duros, indiferentes, ou buscais a fuga em alguma reação neurótica, fácil. Todas essas fugas ao sofrimento impedem a investigação mais aprofundada. Espero me estejais acompanhando, porque é justamente isto o que faz a maioria de nós. Pois bem; observai um cérebro superficial – ou mente; notai, por favor que, quando digo “mente” ou “cérebro”, refiro-me à mesma coisa. Outro dia estivemos considerando a distinção entre “mente” e “celebro”, mas tal distinção é só verbal, sem importância. Empregarei a palavra “mente” e espero que sigais e compreendais o que se irá dizer. A mente superficial não pode resolver este problema do sofrimento, porque sempre procura evitar o sofrimento. Foge ao fato – o sofrimento – por meio de uma reação fácil e imediata. Se tendes uma forte dor de dentes, naturalmente logo tratais de procurar o dentista, porque desejais livrar-vos dessa dor física. E isso é uma reação normal e correta. Mas, a dor psicológica é muito mais profunda e sutil, e não há médico, não há psicólogo, não há nada que vos possa extingui-la. No entanto, vossa reação instintiva é fugir dela. Tratais de ligar o rádio, de ver televisão, de ir ao cinema – sabeis quantas distrações a civilização moderna inventou. Qualquer espécie de entretenimento, seja uma cerimônia religiosa, seja uma partida de futebol, é essencialmente a mesma coisa, mera fuga à vossa aflição, ao vosso vazio interior; e é isto o que estamos fazendo em toda a parte: buscando em diferentes formas de entretenimento o auto esquecimento. E, também, é a mente superficial que procura explicações. Diz: “Desejo saber por que sofro. Por que devo eu sofrer, e vós não?” Está cônscia de não ter praticado, na vida, nenhuma iniquidade e, assim, aceita a teoria de vidas passadas e a ideia disso que na Índia se chama Karma – causa e efeito. Diz ela: “Pratiquei antes alguma ação injusta, e agora estou passando por ela”, ou “Estou agora fazendo algo de bom, e colherei no futuro os correspondentes benefícios”. É assim que a mente superficial se deixa enredar nas explicações. Observai, por favor, vossa própria mente, observai como vos livrais de vossos sofrimentos com explicações, como vos absorveis no trabalho, em ideias, ou vos apegais à crença em Deus ou numa vida futura. E, se nenhuma explicação ou crença tiver sido satisfatória, recorreis à bebida, ao sexo ou vos tornais mordaz, duro acrimonioso, melindroso. Consciente ou inconscientemente, é isso o que de fato ocorre com cada um de nós. Mas a ferida do sofrimento é muito profunda. Ela vem sendo transmitida de geração em geração, de pais a filhos, e a mente superficial nunca retira a atadura que cobre essa ferida: ela não sabe, em verdade, o que é o sofrimento, não o conhece intimamente. Tem apenas uma ideia a seu respeito. Tem uma imagem, um símbolo do sofrimento, mas nunca se encontra com ele próprio, só se encontra com a palavra “sofrimento”. Compreendeis? Ela conhece a palavra “sofrimento”, mas não estou certo se conhece o sofrimento. Conhecer a palavra “fome” e sentir realmente fome são duas coisas muito diferentes, não? Quando sentis fome, não vos satisfazeis com palavras “comida”. Quereis comida – o fato. Ora, quase todos nos satisfazemos com palavras, símbolos, ideias, e com as nossas reações a essas palavras, de modo que nunca estamos em intimidade com o fato. Quando subitamente nos vemos frente a frente com o fato do sofrimento, isso nos causa um choque, e nossa reação é a fuga a esse fato. Não sei se já notastes isso em vós mesmos. Tende a bondade de observar o estado de vossa própria mente, e não fiqueis meramente escutando as palavras que estão sendo proferidas. Nunca nos encontramos com o fato, nunca “vivemos com ele”. Vivemos com uma imagem, com a memória do que foi, e não com o fato. Vivemos com uma reação. Ora, se ao enfrentar o sofrimento a mente tem um motivo, isto é, se deseja fazer algo a respeito do sofrimento, não é possível compreendê-lo, assim como também não é possível haver amor, se há motivo para amar. Entendeis? Em geral, temos um motivo quando encaramos o sofrimento; desejamos fazer alguma coisa em relação a ele. Isto é, suponhamos que eu tenha perdida alguém, por morte: profundamente, psicologicamente, já não posso obter o que dessa pessoa desejava, e vejo-me a sofrer. Se nenhum motivo tenho, ao olhar o sofrimento, ele é ainda sofrimento, ou coisa totalmente diferente? Estais seguindo? Digamos que meu filho morre, e eu estou a sofrer porque me vejo só. Nele eu depositara todas as minhas esperanças e, agora, todo o meu mundo desabou. Desejara estabelecer para mim próprio uma certa espécie de imortalidade, uma continuidade, através de meu filho: ele deveria herdar meu nome, meus haveres, continuar com o meu negócio, e o acabar de tudo isso causou-me choque. Ora, posso compreender o sofrimento em que me acho, se algum motivo existe, que me impele a olhá-lo? E, se existe, atrás de amor, algum motivo, isso é amor? Por favor, não concordeis comigo: observai-vos, apenas. Por certo, não deve haver motivo algum, se desejo compreender o sofrimento, se desejo descobrir a profundeza plena e a significação do sofrimento – ou do amor, pois os dois andam sempre juntos.  A morte, o amor e o sofrimento são inseparáveis, estão sempre juntos, e também os acompanha a criação: mas esta é outra questão, que examinaremos noutra oportunidade. Se desejo compreender profundamente, completamente, o fato do sofrimento, não posso ter um motivo a ditar minha reação ao fato. Só posso viver com o fato e compreendê-lo, quando nenhum motivo tenho. Entendeis? Se não, podeis fazer-me perguntas, depois, a respeito deste ponto. Se vos amo porque podeis dar-me alguma coisa – vosso corpo, vosso dinheiro, vossa lisonja, vossa companhia, ou o que quer que seja – isso por certo, não é amor, e é claro que também vós obtendes algo de mim, e essa permuta, para a maioria de nós se chama amor. Sei que encobrimos isso com palavras bonitas, mas atrás dessa fachada, está a ânsia de ter, possuir, ser dono. Agora, sofrimento não é autocompaixão? De certa maneira, fostes despojado de alguma coisa, vossas relações com outro redundaram em fracasso, não vos preenchestes do sentido de serdes reconhecido como pessoa importante, em atividades de reforma social, em atividades artísticas e tantas outras coisas mais – e todas as correspondestes frivolidades; assim, há sofrimento. Compreender o sofrimento é viver com ele, olhá-lo, conhece-lo como realmente é; mas não tendes possibilidade de conhece-lo quando o olhais com um motivo – que supõe o tempo. A mente superficial, incessantemente ocupada em melhorar-se, em lastimar-se, em torturar-se numa dada relação; desejosa de libertar-se do sofrimento sem enfrentar o fato – essa mente prosseguirá sofrendo indefinidamente. O fato é que estais sozinho. Em virtude de e vossa educação, de vossas atividades, pensamentos e sentimentos, vos isolastes profundamente em vosso interior e não sois capaz de viver com esse extraordinário sentimento de solidão, não sabeis o que ele significa, porque dele sempre vos abeirais com uma palavra que desperta o medo. Estais vendo, pois, a dificuldade – as maneiras sutis com que a mente preparou suas vias de fuga, tornando-se incapaz de viver com essa coisa extraordinária que chamamos “sofrimento”. Para se ser livre do sofrimento, é necessário compreender, consciente e inconscientemente, todo o seu “processo”, e isso só é possível vivendo-se com o fato, olhando o sem motivo. Deveis perceber as manhas de vossa mente, suas fugas, as coisas aprazíveis a que estais apegado e as coisas desagradáveis de que desejais livrar-vos com rapidez. Cumpre observar o vazio, o embotamento e a estupidez da mente que só trata de fugir. E pouca diferença faz, se se foge para Deus, para o sexo, ou para a bebida, porquanto todas as fugas são essencialmente a mesma coisa. Compreendeis? Que sucede quando perdeis alguém, arrebatado pela morte? A reação imediata à uma sensação de paralisia, e ao sairdes desse estado vos encontrais com o sofrimento. Ora, que significa esta palavra – “sofrimento”? A camaradagem, os colóquios ditosos, os passeios e tantas outras coisas agradáveis que fizestes e planejastes fazer em companhia um do outro – tudo isso vos foi arrebatado num segundo, e ficastes vazio, desamparado, sozinho. É contra isso que estais protestando, é contra isto que vossa mente se revolta: ter ficado a sós consigo, isolada, vazia, sem amparo. Ora, o que verdadeiramente importa é viver com esse vazio, com ele viver sem reação alguma, sem racionalizá-lo, sem dele fugir com recorrer a médiuns espíritas, à doutrina da reencarnação, e outras futilidades, viver com ele, com todo sofrimento – um findar real, e não simplesmente verbal, não o findar superficial, resultante de fuga, de identificação com um conceito ou devotamento a uma ideia. Vereis que nada há para proteger, porquanto a mente está toda vazia e já não reage no sentido de preencher o seu vazio; e quando assim o sofrimento termina completamente, tereis encetado uma outra jornada – jornada sem fim e sem começo. Existe uma imensidade que ultrapassa todas as medidas, mas nesse mundo não ingressareis sem a prévia e total extinção do sofrimento. Revista Teosófica. Abraço. Davi

 

segunda-feira, 28 de março de 2022

PANORAMA ATUAL DA GUERRA RUSSIA E UCRÂNIA

 

Editor do Mosaico. PANORAMA ATUAL DA GUERRA RUSSIA E UCRÂNIA. É Profundamente lamentável esse enfrentamento entre os dois países. São praticamente irmãos na força da expressão. Os primórdios dos dois países começa em 988 quando, Wladimir I, o monarca pagão de Novgorod e grão-príncipe de Kiev, aceitou a fé cristão ortodoxa. Sendo batizado na cidade de Quersoneso na Crimeia. Aludindo a esse momento histórico o líder russo Wladimir Putin declarou: “Russos e ucranianos são um só povo, um único todo”. Então, porque tanto sofrimento e destruição em relação a esse irmão. Onde está a misericórdia e o amor ao próximo. Povos com tradições, culturas, usos e costumes entranhados. Ambos de religião cristã ortodoxa. A língua falada na Rússia é o russo. Na Ucrânia é o ucraniano, porém, parte significativa da população fala russo. Uma reciprocidade e empatia de décadas preservada sem divergência com seu vizinho. Durante grande período do século XX a Ucrânia fez parte da antiga União Soviética de 1922-1991. Recuperando a independência com a desintegração da URSS. Nesses 31 anos de liberdade política a Ucrânia teve amigável relacionamento com a Rússia. Toda disputa – bélica – não tem razão de ser em nenhum aspecto. Os motivos não se sustentam. As justificativas carecem de plausibilidade. É insana a lógica da destruição e inaceitável em todas as instâncias. A guerra é um vergonhoso horror à humanidade. Seja onde for e por quais supostos motivos. Porque, então, insistir com essa loucura ? Desde o surgimento dos primeiros homo sapiens a 300 mil anos atrás, ainda não encontramos resposta coerente a esta pergunta. Assim, infelizmente, essas tragédias, continuarão ininterruptas ao redor do planeta terra. Nesse 32º dia de batalha entre as duas nações. Alguns pretextos injustificáveis se levantam. A estratégica localização da Ucrânia no Leste Europeu fronteira com a Rússia. A atual situação geopolítica criou ambiente de hostilidade. Países também limítrofes como Polônia, Noruega, Finlândia, Eslovênia, Estônia, Letônia e Lituânia que fazem parte da União Europeia. Estando sob influência direta dos Estados Unidos. Junto com Reino Unido, Alemanha e França. Incentivam a guerra desde o 1º dia de batalha em 24 de fevereiro. A desculpa é ajudar a Ucrânia, enviando armamentos pesados e artefatos militares de combate. Inúmeras cidades ucranianas estão devastadas – hospitais, escolas, abrigos de idosos, casas e apartamentos. Extermínio por todos os lados. Corpos ao chão sem conta em vários lugares. Mais de mil civis mortos. E aproximadamente quatro milhões de pessoas cruzaram a fronteira como refugiados em nações vizinhas. Como combater um exército numericamente maior e com mais disponibilidade de armamentos ? O exército ucraniano diz resistir até o último homem. Confiando no socorro dos bélico dos europeus. O Presidente ucraniano Zelensky encoraja seu povo a pegar em armas. Todos de 18 anos acima são estimulados a lutar pela pátria. Enquanto isso, o pais continua derretendo com os ataques e assolação do inimigo. Pobreza, fome, desespero e desamparo já tomam contam de várias cidades cercadas pelos russos. Forças russas cercam Kiev, a capital, a dias. Outras localidades faltam água, luz, remédio, médico e mantimento. O mínimo a sobreviver já está faltando. Meu Deus têm misericórdia. A Rússia também suporta privações. Está praticamente isolada da Europa. As perdas de combatentes chegam a mais de 5 mil homens. Teve sua exportação de petróleo reduzida drasticamente para os países europeus. Seu gás natural que abastece a Europa está sendo reduzida menos da metade a venda. Esses dois produtos representam considerável fatia do PIB – Produto Interno Bruto russo. Os 23 bilionários do país estão tendo seus ativos e bens congelados em bancos e instituições econômicas e financeiras da Europa, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Uma perda de trilhões de dólares. Empresas de países europeus estão fechando as portas na Rússia. Inúmeras delas cortando relações comerciais com o Kremlin. Organismos Internacionais de várias áreas – Organização Mundial do Comércio, Organização Internacional do Trabalho, Organização Mundial da Saúde e outros já pensam exclui – lá do rol de membro. Além de grande parte da população russa não concordar com a invasão. Prova disso são os incontáveis protestos de ruas nas principais cidades do país. Milhares foram presos pela polícia por discordar desta medida extrema. Já falta moeda de circulação para compra e venda. Com o rublo, dinheiro nacional, despencando em relação ao dólar e euro, a inflação tende a aumentar.  A Bolsa de Valores de Moscou ficou fechada uma semana. Desvalorizando pela metade suas ações. Prejuízo ainda não visto desde sua criação. As bandeiras de cartão de crédito Visa e Mastercard suspenderam suas operações em bancos russos. A chinesa UnionPay, a maior do mundo, será a substituta, usando a moeda russa. O Kremlin perdeu acesso de crédito e investimentos do Fundo Monetário Internacional – FMI. Dura e implacável sanção que deixa o país praticamente isolado do Ocidente. Verdade que vários países como Brasil, China, Índia, África do Sul, Irã e outros são contrários a essas arbitrariedades. Medidas que na realidade tem reflexos no mundo inteiro. Aumentando preços de combustíveis, commodities, insumos, produtos agrícolas, industriais e outros. A desigualdade social e pobreza se agravará no planeta. Resultado da punição a Rússia, todos os países, principalmente pobres e do chamado 3º mundo sofrerão também a pena. Putin além dos problemas externos tem situações internas a resolver, e gravíssimas. O Presidente russo imaginou uma guerra curta. Todavia o prolongamento tem sido estressante e a indefinição produz apreensão e ansiedade imprevisíveis. Desde modo, os dois lados padecem com essa insensata guerra, que não terá nenhum vencedor, apenas perdedores. Biden, e seus aliados da OTAN e União Europeia sob o pretexto de ajudar – armamentos – à Ucrânia. Colocam mais lenha na fogueira, aumentando a agressividade russa. Interesses supranacionais de dominação e hegemonia global. Impedem o avanço das discursões na diplomacia. O governo americano percebe que tem suas pretensões de poderio mundial e influência  ameaçados no continente. Os lados não querem ceder em nenhum ponto. Mesmo que Zelensky proponha abrir mão da filiação a OTAN nas negociações. Age contrariando o que diz, incentivando o povo ucraniano as armas e desesperadamente pedindo auxílio aos membros da organização militar europeia. Fez discursos apelativos em vários parlamentos europeus via internet. Porque não capitular – agora – rendição para que cesse os combates, mortes e destruição. Os termos de acordo seriam postos a mesa de negociação. Começando imediatamente a reconstrução do país com socorro dos Estados Unidos, União Europeia e quem mais tenha o coração da fraternidade. Enquanto isso não acontece o mundo assiste perplexo e estarrecido o desenrolar dos combates. O desgaste empurrar a que mais nações se envolvam diretamente,  abrindo caminho a uma Terceira Guerra Mundial. Algo que ninguém deseja nesse momento. O Presidente do Conselho de Segurança russo Dimitri Medvedev disse que se a Rússia for ameaçada em sua existência poderá usar armas nucleares. Estados Unidos e Rússia detêm 90 % do arsenal atômico. Os demais 10% estão com – China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte. Uma hecatombe planetária de destruição da humanidade se botões forem acionados. Deus nos livre de tamanha devastação. Em nossas preces intercedamos irmão, a que esta situação seja apaziguada. Os governos diretamente envolvidos tenham sensatez e comedimento para deixar de lado interesses pessoal e políticos. Priorizando a coletividade e banindo o ódio e ressentimento que alimenta esta disputa. Deus pode convencê-los a desistirem de seus intentos malignos. Dando um coração de amor e solidariedade pelo mundo. Paz é o que almejamos e essa é nossa oração. Abraço. Davi

 

sexta-feira, 25 de março de 2022

VIDA E MORTE

 

Espiritualidade. Livro O Interesse Humano. Por Sri Ram (1889-1973). VIDA E MORTE. Do ponto de vista da verdade, que é Teosofia (sabedoria divina), a morte tem um caráter diferente do que comumente imaginam as pessoas de quaisquer crenças. O medo da morte é a coisa mais comum no mundo; na verdade, a morte é retratada como a rainha do terror. Na Índia, os costumes e ritos dedicados ao funeral imprimem pavor nas mentes dos enlutados com pompa quase primitiva, enquanto no Ocidente o horror com que é considerada está vestido com o silêncio de um pesar negro e sombrio. Mas, do ponto de vista do homem eterno, a morte é um incidente recorrente no caminho de seu progresso, e, como nos diz o Bhagavad Gita, “por que se afligir com o inevitável”? Existem razões para pensar que a morte não é um incidente prejudicial, e geralmente também não é dolorosa. Na maioria dos casos a mudança deve decididamente ser para melhor; o evento em si deve ser um evento que traz alívio. Para o teósofo, o mundo físico é o verdadeiro anel externo de trevas. O processo de inspiração (que é morte em suas fases sucessivas) é um processo de se aproximar mais do centro de onde viemos. Em toda à parte na Natureza existe a alternância de noite e dia. Manvantara e Pralaya, expansão e contração, limitação e transcendência, o eterno balanço do pêndulo. Toda a manifestação surge por meio dessa dualidade – o ritmo da oscilação de um polo a outro de qualidade ou de estado. Olhando-se a partir desse prisma, existe uma lei de morte os nascimentos constantes, o tempo todo, em toda parte, nada havendo de estranho e terrível no processo. Do ponto de vista prático, para os oniscientes administradores do karma, a morte deve significar simplesmente o movimento de um peão, e provavelmente não é considerada por eles como um evento de grande importância. Pode até mesmo ser uma recompensa pelo bom trabalho prestado, a consequência do julgamento de que o homem fará melhor em algum outro lugar do que provavelmente fará aqui, se sua encarnação atual for prolongada. Em muitos casos pode muito bem ser o efeito de um evento ajustável, e até aí talvez sob nosso controle. De qualquer modo, se fizemos o melhor possível em qualquer circunstância, podemos esperar por melhores oportunidades da próxima vez. A morte não rompe os laços humanos mais do que cancela obrigações mútuas. É um evento dramático na vida como nascer ou apaixonar-se, como o desabrochar de um botão de flor, ou o nascer e o pôr do sol. A morte não rompe o laço duradouro do amor ou o elo férreo do ódio, embora a ligação física possa ser rompida durante certo tempo. Apesar de a morte estar sempre à nossa volta, batendo as asas, por assim dizer, para que não negligenciemos sua existência, ela mantém domínio sobre a vida essencial no homem, o espírito que é imortal porque é divino. A imortalidade é uma ideia que é proeminente na sabedoria religiosa hindu. Não somente os deuses atingiram-na ao participarem do néctar, como é poeticamente colocado. Mas é também um feito heroico que pode ser alcançado pelos mortais que tenham a coragem intrépida e a perseverança necessária para o propósito. Geralmente a imortalidade é considerada como libertação dos incidentes da vida física, embora algumas lendas – cuja importância original foi materializada por exposições exotéricas – deem proeminência à ideia de uma imortalidade física objetiva. Seja essa imortalidade objetiva um estado desejável, ou até mesmo suportável, é uma questão a ser considerada por aqueles que, no sentido literal, aceitam essas histórias da sabedoria sagrada hindu a respeito de Markandeya e de outros que se diz terem superado a morte. É certamente uma clemência que sejamos capazes de iniciar a encarnação recém banhados nas águas do Lehte, em esquecida inocência. Toda vez que retiramos para dentro de nós mesmos é para nos expor no mundo externo para obter maior vantagem. A lousa está limpa, de modo que podemos desenhar sobre ela um quadro mais perfeito. Se tivéssemos de escrever sobre uma lousa já cheia de inúmeros caracteres indeléveis, estaríamos correndo o risco certo de criar “confusão ainda pior”. Até que estivéssemos irremediavelmente perdidos numa confusão de doces e amargas memórias, alimentando remorso e reacendendo paixões. Na melhor das hipóteses nossa vida seria uma confusão, mais parecida com um pesadelo. Parece razoável o conceito de imortalidade como um estado que pertence apenas àquilo que a merece. A qualidade básica – uma qualidade indefinível – que em qualquer trabalho do homem é considerada como lhe outorgando um título de perpetuação, [e a qualidade de beleza, de inspiração, que comunica algo que é verdadeiro àqueles que são suficientemente sensíveis para perceber. Que desperta a maravilha, e apela para um senso que é mais duradouro do que os deleites da experiência sensual. Sem dúvida, Beleza é Verdade e Verdade é Beleza, pois ambas são aspectos da mesma Vida Uma. A vida é um mistério, e nós a conhecemos em suas manifestações. Podemos pensar na vida como a existência e atividade do Eu por trás de tudo, que é um, imortal, eterno, e ilimitado, eternamente belo e criativo. Tem-se imaginado a natureza desse Eu como sendo Luz, Fogo e Som. A morte assiste-a em cada forma exceto em sua plenitude. Pois o processo de sua manifestação deve precisar ser uma limitação e uma retirada. Existem o pravritti marga e o nivritti marga, as sendas de ida e de retorno, uma atividade cíclica que é uma tentativa sucessiva de auto definição da entidade ou consciência em questão. Uma passagem da imperfeição para a perfeição relativa. A vida no mundo é vida numa prisão; a vida em qualquer forma deve inevitavelmente estar imensamente circunscrita. Mas em cada estágio o dharma é tornar a vida tão perfeita, tão bela, quanto possível. Assim, à medida que passamos de estágio a estágio crescemos em conhecimento e capacidade, e, eventualmente, quando o quadro perfeito tiver sido desenhado, ele será belo em cada parte e como um todo, e toda confusão, trabalho, sofrimento e exaustão parecerão não apenas maravilhosamente vantajosos para realização tão gloriosa. Mas talvez até mesmo diferentes do que parecem aos nossos olhos atualmente. Talvez mesmo agora, de algum modo misterioso, inimaginável, seja um processo de desabrochar de uma imagem oculta de beleza perfeita em sua sabedoria, força e amor. Livro O Interesse Humano. Abraço. Davi.

quarta-feira, 23 de março de 2022

O PRINCÍPIO DA POLARIDADE

 

Astrologia. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Por Ricardo Lindemann. Capítulo Dois. O PRINCÍPIO DA POLARIDADE. Passaremos a considerar o princípio da polaridade conforme a tradição hermética: “Tudo é duplo, tudo tem polos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todos as verdades são meias verdades; todo os paradoxos podem ser reconciliados”. Então, quando se criar o mais um tem que se criar o menos um, quando se criar o mais dois tem que se criar o menos dois, para que o equilíbrio possa ser preservado e a soma possa ser zero. A Divindade representa o elemento gerador de todos os polos, no entanto, verificaremos que os opostos são de alguma forma idênticos em natureza, como seria o caso do cubo de gelo e do vapor d’água, os dois são água essencialmente, mas o que os diferencia é o grau da temperatura, e por isso um pode ser convertido no outro. Esse é o grande ponto da alquimia mental a ser utilizado em práticas de meditação, que o signo de Áries procura desenvolver as virtudes de Libra e que o signo de Libra procura desenvolver as virtudes de Áries, para que assim os dois possam encontrar aquele “Cristo em vós a esperança da glória”, em Colossenses 1,27; o ponto central no mural de Leonardo da Vinci. O PRINCÍPIO DA POLARIDADE enfatiza “que os extremos se tocam, que todas as verdades são meias verdades e que todos os paradoxos podem ser reconciliados”. É curioso que o fogo queime tanto quanto o gelo em temperaturas extremas, que o quente e o frio acabem ambos nos queimando. Eu disse certa vez a um amigo brasileiro que ia visitar a China: “Se tu fores mais longe, acabarás voltando pelo outro lado”. Outro exemplo é o de como o número de mortos nos campos de concentração nazistas, pelas ordens de Adolfo Hitler (1889-1945) na II Guerra Mundial (1/09/1939 – 2/09/1945) é tragicamente semelhante ao dos eliminados pelas ordens de Josef Stalin (1878-1953) nas prisões da Sibéria. Ou seja, a conduta da extrema direita representada pelo primeiro é tragicamente semelhante, nos seus resultados extremos, à conduta da extrema esquerda representada pelo segundo. Como dizia Jiddu Krishnamurti (1895-1986): “A esquerda, afinal de contas, é a continuação da direita, sob forma modificada. Se a direita tem seus fundamentos nos valores sensoriais, a esquerda não é mais do que uma continuação dos mesmos valores com diferença apenas de grau ou de expressão”. Portanto, nos extremos as condutas se assemelham, ou seja, os extremos se tocam nas polaridades. Nós, porém, não queremos encontrar essa correspondência pelos defeitos ou vícios, mas sim pelas virtudes, pela complementaridade. E é isso que nós vamos desenvolver ao longo desse livro, convidando os leitores a acompanhar aqui o seu próprio signo, o signo de Áries, o signo de Libra, ou quem sabe o signo de Touro e os signo de Escorpião, que formam o segundo polo, ou ainda o signo de Gêmeos correspondendo por seu oposto ao de Sagitário, como também o de Câncer ao de Capricórnio, e assim por diante o de Leão ao Aquário, e pro último, mas não menos importante, o signo de Virgem e o signo de Peixes. O Cristo no centro do mural é um dos símbolos da Última Ceia de Da Vinci que talvez seja o mais inspirador, porém ele não deve ser confundido com nenhuma das dozes partes ou signos, porque ele representa o Todo integrado, o mais sagrado, ele é na verdade, a soma dos doze. Existem três janelas por onde passa a luz, sendo que o Cristo está exatamente posicionado no centro. Agora, se observarem que é precisamente isso que acontece no nascimento do Sol, entre os dois solstícios (cada uma das duas datas do ano em que o Sol  atinge o maior grau de afastamento angular do equador, no seu aparente movimento no céu) de inverno e verão, nos dias 21 de dezembro e 21 de junho no hemisfério norte, ou o inverno no sul, e a posição equinocial que se dá na bissetriz do ângulo (é a semi reta com origem no vértice desse ângulo, dividindo-o em dois outros ângulos congruentes) exatamente no meio, nós verificaremos que os dias 21 de março ou 23 de setembro, equivalente à posição central, do nascimento do Sol, sempre foram consideradas, nas Tradições e Mistérios, como as datas mais sagradas na Grécia, no Egito, quando o Sol nascia no centro do Templo de Luxor, Karnak, quando ele nascia orientado pela posição equinocial exatamente no Leste, em Stonehenge (é uma magnífica estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedra que chegam a ter 5 metros de altura e a pesar quase 50 toneladas, onde se identificam três períodos construtivos: primeiro 3.100 AC, segundo 2.150 AC e o terceiro 2.075 AC compreendendo a estrutura atual – encontra-se na planície de Salisbury no sul da Inglaterra. Estima-se que os Stonehenge consumiram mais de trinta milhões de horas de trabalho de seus construtores) este era o dia da Iniciação. Então, a posição do Cristo neste magnífico trabalho de Leonardo da Vinci intitulado o Cenáculo ou a Última Ceia, coloca o Cristo na posição mais sagrada do Templo e acima de tudo ele está a simbolizar que a posição sagrada dentro de nós está no meio caminho entre os opostos. Também o Budha dizia que o caminho que leva ao Nirvana é o Caminho do Meio, o Magga-Satya. De modo que neste sentido ressaltamos o Princípio da Polaridade que diz que “na Natureza tudo é duplo, tudo tem polos, tudo tem o seu oposto”. Esse é um princípio do hermetismo, que o igual e o vapor d’água, ambos são iguais na Natureza, mas diferentes em grau”, justamente é o grau da temperatura que distingue o gelo da água, os extremos se tocam, todas as verdades são meias verdades e por isso todos os paradoxos podem ser reconciliados. Nosso primeiro objetivo é tentar reconciliar esses opostos, e o exemplo mais vívido que eu poderia apresentar, se nós apenas percebêssemos que no mural da Última Ceia estão representadas as quatro estações do ano. A primavera representada no primeiro grupo de três apóstolos à direita. Na sequência o verão, o outono e o inverno nos outros três grupos de três apóstolos, sempre da direita para a esquerda. É que isso corresponde ao recuo aparente do Sol, quando na verdade é a Terra que está dando a volta no Sol, mas se nós projetarmos como o Sol é visto ao longo das estações do ano, veremos que há um recuo aparente projetado nas constelações. Assim, na Astrologia, a primavera e o verão projetam a declinação solar no Hemisfério Norte, e depois o outono e o inverno, declinação solar no Hemisfério Sul. O Cristo simboliza o equilíbrio harmonioso e imparcial da Justiça Divina, pois com a mão esquerda ele se doa e com a direita ele recolhe, numa posição de equilíbrio como o Sol se doa em luz e calor na primavera e no verão, e em alguma medida proporcionalmente se recolhe no outono e no inverno, quando a Natureza vive daquilo que acumulou num período mais iluminado e produtivo. Então, na primavera se produzem as luzes, que vão nutrir as folhas para a fotossíntese e o florescimento, para depois surgirem os frutos, quando aquelas flores foram assim fecundadas na primavera, surgem os frutos no verão e depois no outono caem as folhas, e por último no inverno, se vive daquilo que se acumulou nas estações mais iluminadas até que surja uma nova primavera. E essa ideia, cíclica e rítmica da vida, é outro dos princípios básicos do hermetismo. Também na tradição oriental podemos encontrar: “O mal não tem existência per se e é apenas a ausência do bem, e existe apenas para aquele que é transformado em vítima sua (...). A Natureza é destituída de bondade ou maldade: ela segue apenas leis imutáveis quando dá vida e alegria ou manda sofrimento e morte, destruindo o que havia criado. A Natureza tem um antídoto para cada veneno, e suas leis possuem uma recompensa para cada sofrimento (...). O verdadeiro mal surge da inteligência humana e sua origem está inteiramente no homem que raciocina e se dissocia da Natureza (...) a origem de cada mal, seja pequeno ou grande, está na ação humana, no homem, cuja inteligência faz dele o único agente livre da Natureza. A aplicação prática desse antídoto, segundo o Yoga é sintetizada por Patanjali: “Quando a mente é perturbada por pensamentos impróprios, a constante ponderação sobre os opostos é o remédio”. Livro A Ciência da Astrologia e As Escolas de Mistérios. Abraço. Davi.

segunda-feira, 21 de março de 2022

A MISSÃO DOS PAIS

 

Cristianismo. Texto de Watchmann Nee (1903-1972). Capítulo Quatro. A MISSÃO DOS PAIS. Conduza seus filhos ao Senhor. Um dos meios de levar os filhos ao Senhor é levantar um altar da família eficaz. No Velho Testamento a tenda e o altar permaneciam unidos. Em outras palavras, a família e a congregação fazem um todo; a oração da família unida e a leitura da Bíblia em conjunto são indispensáveis. 1 – Realize o culto doméstico ao nível dos filhos. Alguns dos assim chamados cultos domésticos são um fracasso, ou por serem longos demais ou profundos demais. Os filhos ficam sentados em saber o que se está passando. Não concordo com as famílias que nos convidam para pregar verdades profundas a elas com a presença dos filhos. A reunião se prolonga as  vezes por uma ou duas horas e tudo o que é estudado se baseia em verdades profundas. Isto se torna realmente uma tortura para os filhos, e algumas vezes os pais não são nada sensíveis à situação. Os filhos devem ser considerados em primeiro lugar numa reunião de família. A reunião não é para você, porque você pode render culto com a igreja. Nunca force o seu nível de conhecimento nas reuniões familiares. Tudo o que for feito em conjunto na família deve ficar ao nível dos filhos, sendo sempre aquilo que se adapte melhor ao gosto deles. 2 – Estimule e atraia seus filhos. Outra finalidade na reunião da família é a falta de amor. Os filhos não são atraídos para a reunião pelo pai ou pela mãe, mas pela vara. Eles não querem participar; eles só se apresentam por temer a vara. Isto jamais funcionará. Procure atraí-los e não açoitá-los. Medite nos meios de estimulá-los. Espero que os novos crentes não batam em seus filhos por deixarem de assistir o culto doméstico. Mesmo que você bata neles uma única vez, o resultado negativo pode afetar toda a vida de seus filhos. Portanto, na reunião da família, vocês que são pais devem tentar atrair seus filhos, jamais os forçando a participar. 3 – Realize o culto doméstico duas vezes por dia. Nós sugerimos que se faça o culto doméstico duas vezes ao dia: uma pela manhã e outra à noite. Uma sugestão seria o pai dirigir o da manhã e a mãe o da noite. Os pais terão de levantar-se mais cedo pela manhã a fim de ter tempo para a devoção depois do café e antes que os filhos vão para a escola. O culto não deve ser longo, não mais de quinze minutos. Peça a cada um para ler um versículo. Depois encerre o período com uma oração feita pelo pai ou pela mãe. Peça a Deus para abençoá-lo. Não ore por coisas profundas demais para a compreensão deles. Não faça uma oração muito longa. Ore de maneira simples e que os filhos possam entender. À noite o período pode ser um pouco mais longo. Que a mãe dirija esta parte. Não há necessidade de ler a Bíblia, mas a oração é absolutamente necessária. A mãe deve reunir os filhos ao seu redor e conversar com eles. O pai pode sentar-se ao seu lado. A mãe deve tentar fazer com que os filhos falem. Deixe que contem se tiverem algum problema durante o dia, se brigaram, ou se há lago em seus corações que os está inquietando. Alguma coisa está completamente errada se a mãe não conseguir fazer com que os filhos falem. É uma falha da parte da mãe quando existe distância entre ela e seus filhos. A mãe deve ser a confidente dos filhos. Procure tirar algo deles. Deixe-os orar um pouco. Ensine algumas palavras a eles. Tal período deve ser vivo. Leve-os a confessar, mas não os force. Seja bem natural e evite toda pretensão. Deixe que seus filhos sejam espontâneos. Se houver algo para confessar, que confesse; se não, deixe-o. A hipocrisia de muitos filhos é resultado de pais severos. Eles não querem mentir, mas são forçados pelos pais. Conclua o período da noite com uma curta oração para que os filhos não fiquem cansados. 4 – Conduza os filhos ao arrependimento. Você precisa mostrar aos seus filhos o que é o pecado. Observe se eles estão arrependidos. Leve-os ao Senhor. Quando o tempo chegar, ajude-os a aceitar o Senhor de forma definitiva. Leve-os então â igreja para que tenham parte na vida da mesma. Desta forma você conduzirá seus filhos ao verdadeiro conhecimento de Deus. Estimule um ambiente de amor no lar. A atmosfera dá família é uma atmosfera de amor. A falta de comunicação na família é devida à ausência desse ingrediente. A condição futura dos filhos depende grandemente do ambiente familiar. Se os filhos não são alimentados com amor enquanto pequenos, logo desenvolverão uma atitude áspera, solitária e rebelde. Muitas pessoas não conseguem se associar a outros porque quando crianças não tiveram amor em suas famílias. Se na família as brigas e discussões são frequentes, os filhos não crescem normalmente. Eles se afastam. Desprezam os outros porque têm complexo de inferioridade. Os que têm inferioridade lutam para exaltarem-se a fim de se compararem aos demais. Muitos dos que ficam à margem da sociedade – tais como os bandidos e os rebeldes – nunca experimentaram amor em suas famílias. Como resultado, sua natureza humana sofreu uma mudança; não são normais. Quando pessoas assim dão entrada na igreja muitos ajustes terão de ser feitos. Sempre penso que a metade do trabalho da igreja devia ter sido feito por bons pais. Devido à falta dos pais, um pesado encargo cai sobre a igreja. Para evitar isto, os novos crentes precisam ser instruídos a tratar bem os filhos. Deve haver alegria, amabilidade e amor na família. Uma família assim produz filhos normais. Os pais devem aprender a ser amigos dos filhos. Não permita que seus filhos sejam estranhos para você. Lembre-se, a amizade é cultivada e não herdada. Aprenda a ficar próximo de seus filhos, sempre disposto a ajudar; assim, quando tiverem problemas eles procurarão você em primeiro lugar; quando estiverem fracos buscarão sua ajuda. Não deixe que procurem outras pessoas quando estiverem em dificuldade. Torne possível que procurem você seja no sucesso ou no fracasso. Um amigo é aquele com quem é fácil falar e se aproximar. Seja um amigo para seus filhos. Não se assente no trono e julgue, mas procure ajuda-lo em suas fraquezas. Sente-se ao lado deles e discuta o problema em conjunto. Que eles busquem você como buscariam seus colegas. Se os pais puderem ser amigos dos filhos, eles são bons pais. Cultive esta amizade enquanto seus filhos forem pequenos. Permita que lhe falem com franqueza: a proximidade e intimidade entre pais e filhos dependem da maneira como você trata a estes durante os primeiros vinte anos. É impossível que seus filhos fiquem distantes durante os primeiros vinte anos e depois disso se aproximem de você. À medida que os anos passarem, se houver distância, ela geralmente se torna maior. Muitos filhos não têm admiração por seus pais e nenhuma amizade por eles. Quando estão em dificuldade, eles vão aos pais como se fossem a um juiz. Este não deve ser o seu caso. Quando seus filhos tiverem problemas, você deve ser o primeiro a ser procurado por eles para se aliviarem de sua carga. Famílias assim têm poucos problemas e os poucos que surgem podem ser todos resolvidos. Discipline seus filhos com sabedoria. Quando os filhos erram devem ser disciplinados. Não disciplinar um filho é errado. 1 – Tenha medo de não tenha medo de disciplinar sabiamente. Disciplinar entretanto é muito difícil. Os pais devem temer fustigar seus filhos como temeriam fustigar seus próprios pais. Nenhum filho pode bater em seus pais. Todavia seria mais fácil para os pais de alguém perdoar tal sova (surra) do que seria para os filhos de alguém conceder perdão. Aprenda, portanto, a ter medo de fustigar seus filhos. 2 – Use a vara quando necessário. Todavia, os filhos precisam ser castigados. Provérbios 13,24 “O que poupa a vara a seu filho o odeia: mas aquele que o ama, a seu tempo o castiga”. Esta é a sabedoria de Salomão. Os pais devem aprender a usar a vara, pois isto é necessário. 3 – Castigue com amor seu filho. Porém, o castigo deve ser aplicado justamente. Nunca bata em seu filho porque você perdeu o controle ou quando estiver indisposto. Se bater quando estiver irado, isso será um erro. Você não está qualificado para castigar seu filho. Precisa primeiro acalmar sua ira diante de Deus. 4 – Mostre aos filhos sua falta. Em alguns casos é necessário bater. Mas você deve mostrar a seu filho porque merece o castigo. Ele sem dúvida precisa ser castigado, mas ainda assim deve saber onde falhou. Cada vez que você castigar um filho, diga-lhe qual foi a sua falta. 5 – Considere o ato de bater uma coisa grande. Não considere a surra como coisa pequena, mas grande. Reúna a família toda e faça todos saberem. Para o pai ou a mãe bater num filho é agir como o cirurgião que opera o paciente. Não se trata de ter sido provocado à ira, mas porque o corte é necessário a fim de tratar com a dificuldade. Da mesma forma, o pai ou a mãe, ao disciplinar deve estar absolutamente calmo. Nenhum pai deve bater no filho quando ele mesmo está sob a ação da ira. Como isso deveria ser feito? Tenho uma sugestão: quando um filho comete um erro muito sério que exija uma surra, você pode pedir ao irmão dele para preparar uma bacia com água fria e à irmã dele que vá buscar a toalha. Depois você mostra ao filho onde ele errou e lhe diz que tal erro precisa ser seriamente punido. Diga-lhe que fugir do castigo também está errado. As pessoas que têm coragem de pecar devem ter coragem pra aceitar a punição. Depois de explicar isto a ele, você bate em sua mão duas ou três vezes. Isto pode machucar a mão dele e fazê-la inchar. Chame o irmão para ajudar a mergulhar a mão dele na água fria a fim de evitar o inchaço. Depois peça à irmã para enxugar com cuidado a mão dele com a toalha. O ato todo é semelhante ao de um ritual. Isto vai mostrar a eles que só existe amor e não ódio na família. Muitos castigos hoje são indício de ira ou ódio, não de amor. Você diz que ama seus filhos, mas quem pode acreditar em você? Eu não posso. Você deve mostrar a seus filhos onde eles estão errados, pois, precisam saber que você não nutre ódio algum ao bater neles. Se o caso for muito sério, então, o pai ou a mãe pode receber um pouco da surra por eles. Isto vai impressioná-los com a seriedade do caso, e será de ajuda para que se lembrem sempre de que não devem pecar descuidadamente. Essa será então a admoestação do Senhor e não a de seu temperamento. A admoestação do Senhor e não da sua ira. Sou contrário aos pais perderem o controle. O mau gênio dos pais pode estragar o futuro dos filhos. Numa família cristã os pais devem aprender tanto a amar como a castigar. Grandes filhos vêm de grandes pais. Finalmente quero dizer que muitos dos grandes servos de Deus vieram de grandes pais. Desde os dias de Timóteo, muitos daqueles que foram usados por Deus descenderam de grandes pais. John Wesley (1703-1791), por exemplo, foi um deles: John Newton (1725-1807) outro; John Gibson Paton (1824-1907), um dos mais ilustres missionários do mundo, um terceiro. Poucos pais eram como os pais de John G. Paton. Quando John atingiu uma idade avançada, ele ainda se lembrava de como, quando tentado a pecar, imediatamente lhe vinha à memória a imagem do pai e das orações que fazia a seu favor. John era de uma família pobre. Só havia um quarto, cozinha, e outro cômodo, pequeno em sua casa. Sempre que ouvia o pai orando e soluçando naquele pequeno cômodo, ele tremia. Ele sabia que o pai estava agonizando pelas almas dos filhos. Mesmo quando homem feito, John podia lembrar-se dos soluços do pai. Como ele agradecia a Deus por lhe ter concedido tal pai para que não pecasse. Se pecasse, não ofendia somente o Pai que estava no céu, mas também o pai que estava na Terra. Raros são os pais como o de John, e raros os filhos notáveis como John. Se em nossa geração os pais aprenderem a ser bons pais, quantos irmãos fortes e vigorosos terão na geração que virá! Sou com frequência levado a dizer que o futuro da igreja depende dos pais. É necessário que haja pessoas a quem Deus possa levantar quando Ele deseja abençoar sua igreja. É necessário que haja mais Timóteo, para que ele não tenha de trazer pessoas do mundo, mas possa acrescentar aqueles que vêm das famílias cristãs. Livro Família Cristã Normal. Abraço. Davi.

sexta-feira, 18 de março de 2022

O CRISTO MÍTICO

 

Teosofia. Livro As Revelações Secretas da Religião Cristã. Por Annie Wood Besant (1847-1933). O CRISTO MÍTICO. Chegamos, agora, ao sentido mais profundo da história do Cristo, sentido que lhe dá o verdadeiro poder sobre o coração humano. Aproximamo-nos desta inesgotável vida que brota das profundezas do invisível manancial, cuja esplêndida corrente se origina daquele que a representa e, pela virtude deste batismo, todos os corações procuram pelo Cristo e sentem mais fácil rejeitar os fatos históricos do que negar o que reconhecemos intuitivamente como uma verdade essencial e suprema de sua vida divina. Vamos transpor o pórtico sagrado que dá acesso aos Mistérios, e assim podemos levantar uma ponta do véu que oculta o santuário aos nossos olhos. Como já vimos, encontramos por toda a parte, mesmo nas épocas remotas, a existência de uma doutrina secreta que é transmitida a candidatos aceitos, sob condições severas, pelos Mestres de Sabedoria. Eram estes candidatos iniciados nos Mistérios, nome que compreendia, na antiguidade, tudo o que há de mais espiritual em religião, de mais profundo em filosofia, de mais precioso em ciência. Por estes Mistérios, passam todos os grandes Instrutores dos tempos antigos, entre os quais os maiores foram os Hierofantes. Os que se destinavam a falar à humanidade dos mundos invisíveis, já tinham passado o limiar da Iniciação e aprendido o segredo dos lábios dos Santos Seres; todos vinham acompanhados da mesma história, traziam as mesmas versões dos mitos solares, idênticos em sua Essência, embora diferentes pela cor local. Esta narração é, em princípio, a descida do Logos ao seio da matéria. É com razão que o Logos tem por símbolo o Deus Sol, porque o Sol é seu corpo e Ele é, muitas vezes, chamado "O que habita no Sol". Sob um destes aspectos, o Cristo dos Mistérios é o Logos descendo à matéria, e o grande Mito do Sol é esta suprema verdade sob a forma do ensinamento popular. Como sempre acontece, Instrutor Divino, que traz a Sabedoria Antiga e novamente a proclama ao mundo, é considerado como uma manifestação especial do Logos, e o Jesus das Igrejas torna-se gradualmente o centro das narrações que pertencem a este Ser Sublime. Jesus identificou-se assim, na nomenclatura cristã, com a Segunda Pessoa da Trindade, o Logos ou Verbo Divino, e as grandes datas de que fala o Mito do Deus Sol tornaram-se datas da história de Jesus, considerado como a Divindade Encarnada, como o Cristo Místico. Assim como, no universo, ou macrocosmo, o Cristo dos Mistérios representa o Logos, a Segunda Pessoa da Trindade, também, no homem, ou microcosmo, Ele representa o segundo aspecto do Espírito Divino no homem, chamado, por esta razão, o Cristo. O segundo aspecto do Cristo dos Mistérios é, portanto, a vida o Iniciado, a vida que se abre ao postulante, após a primeira grande Iniciação que assinala o nascimento do Cristo no homem. No decorrer dela, o Cristo nasce no homem, e, mais tarde, nele se desenvolve. Para tornar isto mais inteligível, é necessário considerar as condições impostas ao candidato que se apresenta à Iniciação e também a natureza do espírito no homem. Somente os bons, humanamente falando, os que se conformam com a lei de amor de uma maneira absoluta, poderiam ser considerados como candidatos à Iniciação. Puros, santos, sem mancha, sem pecado, vivendo sem transgressão, tais são os diversos nomes que lhes eram aplicados. Além disso, deviam ser inteligentes, com faculdades mentais bem desenvolvidas e exercitadas. A evolução que, nas vidas sucessivas, tem por teatro o mundo; o desenvolvimento e a submissão das faculdades intelectuais, das emoções, do senso moral; as lições das religiões exotéricas; o cumprimento dos deveres como meio de aperfeiçoamento; os esforços para ajudar e elevar o próximo, tudo isto constitui a vida ordinária do homem que evolui. Quando já executou tudo isto, tornou-se "bom", o Christos dos gregos, e esta qualidade deve ser adquirida antes de poder tornar-se o Christos, o Ungido. Depois de ter chegado a viver uma vida virtuosamente exotérica, está em condições de ser candidato à esotérica, para começar a preparar-se à Iniciação, isto é, a satisfazer determinadas condições. Estas condições mostram as qualidades que devemos adquirir e, enquanto lutamos para incorporá-las em nós, já pisamos, conforme uma expressão empregada, no Caminho da Provação, a Senda que leva a Porta Estreita, que dá acesso ao Caminho Estreito, ao Caminho da Santidade, ao Caminho da Cruz. Não é indispensável que o candidato desenvolva estas qualidades de um modo perfeito, mas deve tê-la bastante adiantadas antes que o Cristo possa nascer em si, preparando, assim, a morada pura desta Criança Divina que vai crescer dentre dele. A primeira destas qualidades, todas mentais e morais, é o Discernimento. O Discernimento significa a distinção entre o Eterno e o Temporário, entre o Real e o Ilusório, entre o Celeste e o Terrestre. As coisas visíveis são por pouco tempo, mas as invisíveis são eternas, diz o apóstolo (II Coríntios 4:18). Os homens são vítimas de uma ilusão permanente causada pelo mundo visível que os impede de perceber o invisível. O postulante deve aprender a distinguir entre estes dois mundos; o que é irreal, para o mundo, deve tornar-se real para ele, porque é a única maneira de caminhar pela fé e não com a vista (II Coríntios 5:7). É assim, ainda, que o homem se torna um daqueles de quem fala o apóstolo neste versículo " o alimento sólido é para os homens feitos, por terem na prática exercitado as faculdades de discernir o que é bom e mau (Hebreus 5:14). O sentimento da falta de realidade deve produzir nele o Desgosto pelo ilusório e passageiro, estes ranços da existência, impróprios para satisfazerem a fome senão dos porcos (Lucas 15:16). Este estágio é descrito por Jesus em termos enérgicos: Se alguém vier a mim e não aborrecer seu pai, sua mãe, sua mulher, filhas e irmãos, e ainda também sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lucas 14:16). Dura é, na verdade, esta sentença, mas deste aborrecimento nascerá um amor mais profundo, mais verdadeiro; é necessário passar por ele para atingir a Porta Estreita. O postulante deve, em seguida, aprender a dominar seus pensamentos e, por eles, fazer-se senhor das suas ações, pois que, com a visão interior, o pensamento e a ação fazem um só todo. Quem olhar para uma mulher com desejo, já cometeu com ela o adultério em seu coração (Mateus 5:28). É necessário adquirir a faculdade de suportar o mal com resignação, porque os que aspiram seguir o Caminho da Cruz deverão afrontar longas e amargas decepções e sofrimentos, suportando-os como se eles vissem aquele que é invisível (Hebreus 11:27). As qualidades que precedem, devemos juntar a Tolerância, para ser filhos daquele que faz nascer o Sol sobre os maus como sobre os bons, fazendo cair a chuva sobre justos e injustos (Mateus 5:45). Discípulo daquele que pediu aos apóstolos que não impedissem de fazer uso do seu nome, mesmo a quem não o tomasse como Mestre (Lucas 9:49,60). O postulante deve ainda adquirir a Fé, para a qual nada é impossível (Mateus 17:20) e o Equilíbrio descrito pelo apóstolo (II Coríntios 6:8-10). Deve enfim desejar as coisas que estão no alto (Colossenses 3:1) e ansiar com ardor pela felicidade de ver Deus e de se unir a Ele (Mateus 5:8; João 17:21). Quando já fez entrar estas qualidades em seu caráter, a pessoa é considerada prestes à Iniciação, e os Guardiães dos Mistérios lhe abrirão a Porta Estreita. É assim, mas unicamente assim, que ela se torna candidato pronto para ser aceito. O Espírito que habita o homem é o dom do Deus Supremo, que em si contém os três aspectos da Vida Divina (Inteligência, Amor e Verdade) por ser a imagem de Deus. No curso de sua evolução, começa por desenvolver o aspecto Inteligência, isto é, suas faculdades mentais, e esta evolução se executa na vida diária. Este desenvolvimento, levado a um alto grau e paralelamente ao desenvolvimento moral, conduz o homem à condição de candidato. O segundo aspecto do Espírito é o Amor; sua evolução é a do Cristo. Nos verdadeiros Mistérios é que se pode obter esta evolução; a vida do discípulo é o Drama dos Mistérios, e as frases são assinaladas pelas Grandes Iniciações. Para mostrar os Mistérios no plano físico, costumava-se representá-lo de um modo dramático, e as cerimônias copiavam, sob diferentes aspectos, o modelo sempre seguido sobre a Montanha, porque elas eram sombras, numa época de decadência, das formidáveis Rivalidades do mundo espiritual. O Cristo Místico é, portanto, duplo, a princípio o Logos, Segunda Pessoa da Trindade, que desce à matéria, em seguida, o Amor ou segundo aspecto do Espírito Divino evoluindo no homem. Um representava os processos cósmicos executados outrora; é a raiz do Mito Solar; o outro representa um processo que se passa no indivíduo, fase última da evolução humana, que determinou a aparição, no mito, de novos, e numerosos detalhes; ambos se encontram na narração dos Evangelhos, sua união nos apresenta a Imagem do Cristo Místico. Consideremos, primeiro, o Cristo Cósmico, isto é, a Divindade que se envolve de matéria, a encarnação do Logos, o Deus feito carne. A matéria destinada a formar nosso sistema solar, tendo sido separada da que enche o oceano incomensurável do espaço, recebe, da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo, sua vida que a anima e lhe permite tomar forma. A matéria, condensada, é, em seguida, modelada pela vida do Segundo Logos ou Segunda Pessoa da Trindade que se sacrifica, encerrando-se nos limites materiais e assim se tornando o Homem Celeste, em Seu Corpo todas as formas existem, de Seu Corpo, todas as formas fazem parte. Tal é o processo cósmico representado dramaticamente nos Mistérios; nos verdadeiros Mistérios é mostrado tal como se deu no espaço; nos Mistérios; nos verdadeiros Mistérios é mostrado tal como se deu no espaço; nos Mistérios do plano físico é representado por meio de métodos mágico ou outros, e para certos detalhes mesmo por atores. Os processos são claramente indicados na Bíblia. Quando o Espírito de Deus se movia sobre as águas, nas trevas que estavam na face do abismo (Gênesis 1:1,2), o imenso abismo da matéria não tinha forma alguma, estava vazio no princípio. A forma lhe foi dada pelo Logos, a Palavra, da qual se escreveu: Todas as coisas foram feitas por Ela, e nada foi feito sem Ela (João 1:3). Como disse Charles Webster Leadbeater (1854-1934) em termos admiráveis: "O resultado desta primeira grande emanação é o aceleramento dessa admirável e gloriosa vitalidade, que interpenetra toda matéria, por mais inerte que ela apareça aos nossos imperfeitos olhos físicos. Eletrizados por essa vitalidade, os átomos dos diversos planos desenvolvem toda espécie de atrações e repulsões, até então atentes, e entram em combinações mais variadas". Só quando termina o trabalho do Espírito, o Logos, o Cristo Cósmico Místico, pode revestir-se de matéria; entra, então verdadeiramente, no cio da Virgem, no seio da Matéria ainda virgem e improdutiva. Esta matéria fora vivificada pelo Espírito Santo, que, pairando acima da Virgem, nela verteu sua vida, preparando-a, assim, para receber a vida do Segundo Logos. Este toma-a, então, para veículo de Sua energia. É assim que o Cristo se encarna e se faz carne, "Você não desprezou o seio da Virgem". Nas traduções latina e inglesa do texto original grego do Símbolo de Niceia, na passagem que exprime o período da descida do Cristo, as preposições foram trocadas e, com elas, o próprio sentido. O texto original diz: "e foi encarnado do Espírito Santo e da Virgem Maria, enquanto que a tradução diz: "e foi encarnado pelo Espírito Santo, da Virgem Maria". O Cristo não se reveste apenas da matéria virgem, mas também da matéria já impregnada, palpitante de vida do Terceiro Logos (o Espírito Santo); e de tal forma que a vida e a matéria o envolvem como de uma dupla vestimenta. Tal é a descida do Logos na  matéria, descrita como o nascimento do Cristo de uma Virgem; ela se torna, no Mito Solar, o nascimento do Deus Sol, no momento em que se levanta o signo Virgo. Então começa a ação do Logos sobre a matéria. No Mito, o símbolo deste período primitivo é a infância do Herói. O majestoso poder do Logos curva-se a todas as debilidades da infância, manifestando-se quase nada nas formas frágeis de que ela é a alma. A matéria aprisiona e parece querer sufocar seu Rei criança, cuja glória é velada pelos limites impostos por Ele mesmo. Lentamente, Ele a modela para um destino sublime. Ele a conduz à maturidade e estende-se sobre a cruz da matéria, a fim de poder derramar, da cruz, todas as energias da Sua vida sacrificada. Eis o Logos do qual Platão (428 AC 347) diz que é como uma cruz estendida sobre o universo; o Homem Celeste de pé no espaço, os braços abertos para abençoar; o Cristo crucificado, cuja morte na cruz da matéria impregna toda a matéria de Sua Vida. Parece morto e sepultado, mas se levanta, revestido da própria matéria no seio da qual parecia ter sucumbido, e transporta ao céu Seu corpo material, agora radioso, onde recebe a vida que emana do Pai, tornando-se o veículo das vidas humanas imortais. É a vida do Logos que forma a vestimenta da alma humana; esta vestimenta lhe é dada para que o homem viva através das idades e alcance "o estado de homem feito", atinja a Sua própria estatura. Somos, na verdade, revestido por Ele, a princípio materialmente, depois espiritualmente. Ele sacrificou-se para levar muitos dos seus filhos à glória e, por isso, está sempre conosco até o fim das idades. A crucificação de Cristo é, portanto, uma parte do grande sacrifício cósmico. A representação alegórica desta crucificação, nos mistérios do plano físico, e o símbolo sagrado do homem crucificado no espaço, se materializam a ponto de tornar-se uma verdadeira morte sofrida na cruz e em um crucifixo trazendo um ser humano expirando. Foi então que esta história, hoje a de um homem, foi aplicada ao Instrutor Divino, Jesus, e se tornou a história de sua morte física, enquanto que o nascimento da criança de uma virgem, a infância cercada de perigos, a ressurreição e ascensão tornaram-se igualmente incidentes de Sua vida humana. Os Mistérios desapareceram, mas suas representações grandiosas e empolgantes da obra cósmica executada pelo Logos realçaram a figura venerada do Instrutor da Judeia; O Cristo Cósmico dos Mistérios fica, assim, sob os traços do Jesus Histórico, a Figura Central da Igreja Cristã. Há outro fato dá a História do Cristo um caráter de fascinação Suprema; é que, nos Mistérios, Ele é ainda um Cristo, intimamente ligado ao coração humano, O Cristo do Espírito humano, o Cristo que existe em cada um de nós, que aí nasce e ai vive, é crucificado, ressuscita dentre os mortos e sobe ao céu, no meio dos sofrimentos e do triunfo de todo o "Filho  no Homem". A vida de todo o Iniciado nos verdadeiros Mistérios, nos Mistérios Celestes, está consignada, em suas grandes linhas, na biografia dos evangelhos. Eis porque São Paulo fala, como já vimos, do nascimento, da evolução e da completa maturidade do Cristo no discípulo. Todo homem é potencialmente um Cristo; e o desenvolvimento, nele, da vida do Cristo, segue, de um modo geral, a narração dos Evangelhos nos incidentes principais, mas estes, com vimos, têm um caráter universal e não particular. Cinco grandes Iniciações se sucedem na vida de um Cristo; cada uma arca um grau atingido, em seu desenvolvimento, pela Vida do Amor. Estas Iniciações são ainda hoje concedidas como o foram no passado; a última indica o triunfo final do Homem que, atingindo a Divindade, já ultrapassou o nível da humanidade, tornando-se um Salvador do Mundo. Acompanhemos a história desta carreira ou curso que, sem cessar, se repete no domínio das experiências espirituais e contemplemos o Iniciado reproduzindo em sua própria vida a existência do Cristo. A primeira grande Iniciação marca o nascimento do Cristo no discípulo, que realiza pela primeira vez, em si mesmo, a efusão do Amor Divino e experimenta esta transformação, estranhamente maravilhosa, na qual ele se sente um com tudo o que vive. É o segundo nascimento com o qual se regozijam as hostes celestiais, pois o discípulo nasce no "Reino de Deus" com uma criancinha. Tais são os nomes sempre dados aos novos Iniciados. Assim o entendia Jesus, quando dizia: Se vocês não se tornarem criancinhas, não irão entrar no Reino dos Céus (Mateus 18:3). Certos autores cristãos do começo de nossa era dizem, em termos significativos, que Jesus "nasceu em uma caverna", o estábulo dos Evangelhos. Ora, a "Caverna da Iniciação" é um termo antigo bastante conhecido, e é sempre lá que nasce o Iniciado. Acima da caverna, onde está a criancinha, brilha a Estrela da Iniciação, esta estrela que resplandece sempre no Oriente quando nasce um Cristo criança. Cada uma destas crianças está cercada de perigos e ameaças, perigos estranhos aos quais não estão sujeitas as outras crianças, porque ela é ungida pela confirmação do novo nascimento e por isso as Potências Tenebrosas do mundo invisível procuram sua perda. Apesar destas provações, atinge a idade viril, porque o Cristo, tendo nascido, não pode morrer, tendo que terminar sua evolução. Sua vida se expande em beleza e força, crescendo em sabedoria e espiritualidade, até o momento da segunda grande Iniciação, o Batismo do Cristo pela água e pelo Espírito, que lhe confere os poderes necessários a um Instrutor destinado a percorrer o mundo e a executar a tarefa do "Filho Bem Amado". Então, o Espírito divino desce, em ondas, sobre ele e a glória do Pai invisível o ilumina com sua pura luz. Mas, ao deixar este lugar bendito, é conduzido pelo Espírito ao deserto e de novo exposto à prova de tentações terríveis. Os poderes do Espírito, ao se desenvolverem nele, despertam os Setes Tenebrosos que se esforçam em lhe dificultar o caminho: eles empregam, para isto, estes mesmos poderes, convidando-o a serví-los para sua própria salvação, em lugar de repousar em seu Pai com paciente confiança. Nestas transições rápidas e bruscas que as provas trazem, sua fé e sua força não vacilam e, ao sussurro malicioso do Tentador encarnado, sucede sempre a voz consoladora do Pai. Vencedor destas tentações, volta ao seio dos homens, a fim de consagrar seus poderes ao serviço dos que sofrem, poderes que não quis empregar em seu próprio benefício, recusando-se em mudar em pão a pedra bruta para vencer a própria fome, antes alimentando com alguns pães a cinco mil homens sem contar mulheres e crianças. Sua vida de incessante serviço atravessa, então novamente, um curto período de glória, ao galgar uma montanha, a Montanha Sagrada da Iniciação. Lá é transfigurado e encontra alguns dos seus predecessores, Seres poderosos que outrora tinha trilhado o mesmo caminho. Recebe, assim, a terceira grande Iniciação, e, logo em seguida, a sombra da sua Paixão se aproxima, estendendo sobre ele o seu manto doloroso; mas ele volta resolutamente sua face para Jerusalém e, repelindo as palavras tentadoras dos seus discípulo, vai a Jerusalém, onde o espera o batismo do Espírito Santo e do Fogo. Após a Natividade, a perseguição de Herodes; após o batismo, a tentação no deserto; após a Transfiguração, a entrada na última etapa do Caminho da Crus. É assim que a provocação sempre sucedeu ao Triunfo, até o fim a ser atingido. A vida de amor não cessa de crescer, sempre mais rica e mais perfeita, até que a presença luminosa do Filho de Deus se revele no Filho do Homem; e, ao aproximar-se o momento da batalha, a quarta Iniciação o leva em triunfo a Jerusalém, de onde Ele contempla o Getsemani e o Calvário. Neste instante, está o Cristo pronto a se oferecer no sacrifício da cruz, prestes a afrontar a agonia do Jardim, onde adormecem aqueles que escolheu, enquanto ele se debate na mais terrível angústia. Pede, um instante, que o copo se afaste, mas sua vontade poderosa triunfa. Estende a mão, toma o copo e bebe, enquanto o anjo o fortifica e consola, como fazem os anjos quando veem o filho do Homem curvado sob a dor. bebe o copo amargo da traição, do abandono, renegado de todos, escarnecido e só, no meio de seus inimigos que o insultam. Caminha para a suprema prova. Torturado pela dor física, ferido pelo espinho cruel da dúvida, despojado de suas imaculadas vestes, atirado às mãos dos seus inimigos, desprezado, aparentemente, por Deus e pelos homens, suporta tudo com paciência e, na angustia máxima, espera resignado o socorro no último transe. Mas ainda lhe resta o sacrifício da cruz, em que morre a vida da forma, onde renuncia inteiramente à vida do mundo inferior. Cercado de inimigos triunfantes e zombadores, sentindo o horror da grande obscuridade que o envolve, sofre o assalto de todas as forças do mal, e sua visão interior se vela. Encontra-se, neste momento supremo, só, inteiramente só. Finalmente, seu coração heroico, esmagado pelo desespero, lança um grito para o Pai que parece tê-lo abandonado. A alma humana afronta, na solidão absoluta, a intolerável tortura de uma aparente derrota. Mas, fazendo apelo a toda a sua força indomável, fazendo o sacrifício da vida inferior, aceitando a morte voluntariamente, abandonando o corpo dos desejos, o Iniciado desce aos infernos para que possa conhecer todas as regiões do Universo, onde existem almas pedindo auxílio; os mais deserdados devem ser atingidos por seu amor infinito. Surgindo, então, do seio das trevas, ele revê a luz, sentindo-se de novo o Filho, inseparável do Pai. Levanta-se para a vida que não tem fim, irradiando alegria, com a certeza de ter afrontado e vencido a morte, sentindo-se bastante forte para prestar a toda a criatura um socorro infinito, capas de derramar sua vida em toda a alma que luta. Permanece algum tempo ainda com os discípulos, instruindo-os, explicando-lhes os mistérios dos mundos espirituais, preparando-os a seguir o caminho que acaba de percorrer; depois, terminada sua vida terrestre, sobe ao Pai e, por meio da quinta Grande Iniciação, torna-se o Mestre Triunfante, o traço de união entre Deus e o home. Tal era a história, vivida nos verdadeiros Mistérios Antigos, como nos de hoje, história representada sob forma dramática e simbólica nos Mistérios do plano físico, que apenas levantam uma ponta do véu. Tal é o Cristo dos Mistérios sob seu duplo aspecto, Logos e homem, cósmico e individual. Como nos admirar que essa história, vagamente compreendida pelos místicos, sem que eles a conhecessem, esteja intimamente unida ao coração humano e seja a inspiração das vidas nobres? O Cristo do coração humano é, quase sempre, Jesus considerado como o Cristo místico e humano, que luta, sofre, morre e, finalmente, triunfa. O Homem em quem a humanidade se vê crucificada e ressuscitada, cuja vitória promete a vitória a todos os que, semelhantes a ele, sejam fiéis na morte e mais além, o Cristo que jamais será esquecido enquanto o mundo tiver necessidade de Salvadores e os Salvadores se sacrificarem pela Humanidade". Livro As Revelações Secretas da Religião Cristã. Abraço. Davi.

quarta-feira, 16 de março de 2022

CHANUCÁ E A ETERNIDADE DO JUDAÍSMO

 

Judaísmo. www.morasha.com.br. CHANUCÁ E A ETERNIDADE DO JUDAÍSMO. Chanucá comemora eventos que ocorreram há mais de 2.200 anos. Essa festa celebra a vitória militar do Povo Judeu sobre os gregos, que ocupavam a Terra de Israel e procuravam suplantar o Judaísmo ao forçá-los a adotar o Helenismo - a cultura grega que prevalecia na época e cujos princípios constituem a antítese da Torá. Desde os dias de Alexandre, o Grande, a Terra de Israel era ocupada pelo império helênico. No século III A.E.C., a Pátria Judaica estava sob o controle do Reino Ptolemaico - um antigo estado helênico com base no Egito, fundado em 305 A.E.C. Durante o segundo século A.E.C, a Terra de Israel ficou sob o domínio do Império Selêucida (312-63 A.E.C.) - uma vasta entidade política estabelecida por Seleuco I Nicátor, um dos generais de Alexandre, o Grande, que reivindicou parte de seu império após sua morte. Os selêucidas constituíam a dinastia que governava a Fenícia, a Ásia Menor, o norte da Síria e a Mesopotâmia. Como os ptolemeus antes deles, os selêucidas respeitavam o Judaísmo e protegiam as instituições judaicas. Mas essa política mudou drasticamente quando Antíoco IV, um rei helênico do Império Selêucida, subiu ao poder, em 175 A.E.C. Proclamando-se uma divindade, Antíoco forçou os judeus da Terra de Israel a abandonar o Judaísmo e a abraçar o Helenismo. Entre seus decretos nefastos e provocativos, ele proibiu a prática pública do Judaísmo, ergueu uma estátua de uma divindade grega no Templo Sagrado de Jerusalém e ofereceu porcos como sacrifícios. Em reação à campanha de Antíoco para erradicar o Judaísmo, um Cohen (sacerdote) chamado Matityahu, e seus filhos e apoiadores, conhecidos como os Macabeus ou os Hashmonayim, revoltaram-se. Eles travaram uma guerra de guerrilhas contra as poderosas forças armadas selêucidas. Após três anos de guerra, os Macabeus derrotaram as forças gregas na Terra de Israel - uma superpotência militar na época - e trouxeram Jerusalém e o Templo Sagrado de volta à soberania judaica. Enquanto ocupavam a Terra de Israel, os gregos profanaram deliberadamente o Segundo Templo Sagrado de Jerusalém. Quando os Macabeus o reconquistaram, eles o purificaram, reconstruíram o Altar e retomaram os serviços religiosos. Uma parte fundamental dos serviços diários no Templo Sagrado era o acender da Menorá - o candelabro de sete braços localizado no Santuário (o Kodesh) - com azeite de oliva ritualmente puro. Ao recuperar o Templo, os Macabeus encontraram um único jarro de azeite que não havia sido profanado pelos gregos. Esse jarro continha a quantidade de óleo suficiente para acender a Menorá por um dia apenas e seriam necessários oito dias para produzir mais azeite ritualmente puro. Os judeus foram em frente - acenderam a Menorá com o azeite desse único jarro, que deveria ter durado um dia. Mas, milagrosamente, a Menorá se manteve acesa por oito dias - o número exato de dias necessários para a produção de mais azeite puro. Os judeus perceberam que esse fenômeno sobrenatural constituía um sinal de D’us de que Sua Providência havia intervindo a favor dos Macabeus na guerra contra o poderoso exército grego. Para comemorar a vitória dos Macabeus e o subsequente milagre do óleo, nossos Sábios instituíram a festa de Chanucá, que dura oito dias, e cujo principal mandamento é o acendimento da Chanuquiá - o candelabro de oito braços. O fenômeno do óleo foi milagroso, ao passo que a vitória dos Macabeus, embora altamente improvável, foi desprovida de qualquer aspecto sobrenatural. No entanto, o triunfo militar foi incomparavelmente mais relevante do que o milagre do jarro de azeite que, inexplicavelmente, durou oito dias. Na verdade, a guerra dos Macabeus foi um dos episódios mais importantes em toda a história judaica, pois eles lutaram pela sobrevivência do Judaísmo e, consequentemente, do Povo Judeu. Se os Macabeus não tivessem se levantado contra os gregos - ou se não tivessem vencido a guerra -, é provável que o Povo de Israel tivesse deixado de existir, engolido pelo Helenismo e pela assimilação. A Guerra dos Macabeus constituiu o último bastião do Judaísmo na Terra de Israel, especialmente porque eles estavam lutando duas guerras: uma delas contra as forças de Antíoco, e a outra - que, de certa forma, era até mais difícil e insidiosa - contra a assimilação judaica, uma vez que a maioria dos judeus da época estavam voluntariamente adotando a cultura helenística e abandonando o Judaísmo. Se os Macabeus tivessem perdido a guerra, as consequências para o Povo Judeu teriam sido catastróficas e irreversíveis: Antíoco teria realizado o sonho de Haman e Hitler - erradicar o Povo Judeu. E ao contrário de Haman e Hitler, Antíoco o teria feito de uma forma “limpa” - sem ter de derramar muito sangue judeu. Antíoco sabia que a aculturação e a assimilação constituem os meios mais eficazes de eliminar o Povo de Israel. Não fosse pela bravura dos Macabeus, é possível que Antíoco tivesse varrido do mapa os Bnei Israel, Filhos de Israel. É importante saber que a vitória militar dos Macabeus mudou a história, não apenas a história judaica. Pois se os exércitos de Antíoco tivessem derrotado os Macabeus, o Judaísmo teria deixado de existir. E, se isso tivesse ocorrido, as outras religiões monoteístas do mundo, especialmente o Cristianismo e o Islamismo, que surgiram a partir do Judaísmo, nunca teriam nascido. Talvez essa seja a razão por que muitos não judeus se encantam com Chanucá e participam do acendimento da Chanuquiá. Em todo o mundo - aqui no Brasil, na Casa Branca e no Kremlin, e agora até em Dubai e Abu Dhabi - ministros, governadores e presidentes participam do acendimento público das Chanuquiot. As luzes de Chanucá encantam tantas pessoas, das mais diferentes fés e nações, porque essa festa não celebra apenas uma vitória judaica, e sim, eventos que impactaram quase toda a humanidade. Os Macabeus eram um pequeno grupo de judeus, mas sua vitória na guerra contra os gregos impediu a erradicação do monoteísmo da face da Terra. Comparado com a guerra travada pelos Macabeus, o milagre do azeite aparenta ser trivial. Constituiu um fenômeno sobrenatural - o que as pessoas chamam de milagre - mas, diferentemente da vitória militar dos guerreiros judeus, não produziu resultados práticos muito significativos. Isso porque de acordo com a Halachá, a Lei Judaica, os judeus poderiam ter acendido a Menorá com azeite de oliva que não fosse ritualmente puro. E, mesmo que a Lei Judaica não o permitisse, o pior que teria acontecido na ausência do milagre do óleo é que os judeus teriam de esperar mais uma semana antes de poder novamente acender a Menorá. Por que, então, celebramos Chanucá acendendo a Chanuquiá, que lembra o milagre do óleo, e não fazendo algo que comemore a vitória militar dos judeus - como uma leitura pública do Livro dos Macabeus? É verdade que em nossas orações durante a festa, mencionamos a vitória dos Macabeus e não o milagre do óleo. No entanto, seu principal mandamento é acender a Chanuquiá. O próprio motivo de Chanucá ser uma festa de oito dias é o fato de o azeite ter ardido milagrosamente durante oito dias. Além disso, o costume de comer alimentos fritos em Chanucá - sufganiyot (sonhos recheados) ou latkes - uma tradição que é tão popular, especialmente em Israel - lembra o milagre do azeite. A Luz da Torá.  O milagre do óleo foi um sinal de D’us para o Povo Judeu. Como mencionamos acima, o objetivo desse fenômeno sobrenatural foi o de conscientizar os judeus de que a vitória dos Macabeus ocorreu graças à Providência Divina, que os favoreceu. Mas esse milagre - esse sinal de D’us - poderia ter assumido diferentes meios e formas. O fato de o milagre ter ocorrido especificamente por meio do azeite da Menorá é profundamente significativo, pois as luzes desse candelabro sagrado representam a Torá. Como escreveu o Rei Salomão, o mais sábio dos homens: “Pois um mandamento é a vela, e a Torá é luz” (Provérbios 6:23). Já que os Macabeus haviam lutado em prol do Judaísmo - o objetivo de sua guerra era o de preservar a Torá e seus mandamentos -, o sinal que D’us lhes enviou após a vitória foi manifestado por meio da luz da Menorá. É significativo o fato de que o azeite tenha ardido por exatos oito dias, pois no Judaísmo, o número oito representa o sobrenatural1. O milagre envolvendo a Menorá e sua luz pode não ter sido muito relevante na prática, mas foi profundamente simbólico. A razão para que Chanucá seja observada por meio do mandamento do acendimento da Chanuquiá é porque a Torá é o que sustenta o Judaísmo e o Povo Judeu, isto é, tanto a fé quanto a nação judaica. É verdade que não podemos ignorar a importância de hoje termos o Estado de Israel - um país com uma máquina de guerra extremamente afinada - para defender nosso povo. Quase dois milênios de sofrimentos indescritíveis, culminando com o Holocausto, foram consequência direta do fato de os judeus não terem seu próprio país ou exército. No entanto, as vitórias militares por si, por mais vitais que sejam, não sustentam uma nação indefinidamente; o melhor que um exército pode fazer é proteger o país e seu povo. É inegável que se o Estado de Israel tivesse perdido a Guerra da Independência, a dos Seis Dias ou a de Yom Kipur, o país teria sido destruído, assim como é verdade que se os Macabeus tivessem sido derrotados, os judeus provavelmente teriam deixado de existir. No entanto, uma enorme força militar por si só não perpetua uma civilização. O império helênico era famoso por suas grandes conquistas e extraordinários triunfos militares, mas não durou muito. Na verdade, pouco após os eventos da história de Chanucá, esse império começou a declinar e Roma surgiu para tomar seu lugar. E mesmo o Império Romano, famoso por suas legiões e expansões territoriais, entrou em colapso e desapareceu. As forças armadas romanas podem ter derrotado nossos exércitos, destruído nosso Templo Sagrado e nos lançado para fora da Terra de Israel, mas nós, os judeus, estamos aqui, hoje, enquanto os antigos romanos não mais se encontram na face da Terra. Toda civilização que vincula seu destino à sua força bélica está fadada ao fracasso: mais cedo ou mais tarde, entrará em colapso. No auge de seu poder, a União Soviética ameaçou enterrar os Estados Unidos e aterrorizou o mundo com suas ambições imperialistas e arsenais nucleares. Menos de três décadas mais tarde, quando a Guerra Fria terminou, esse outrora poderoso império não conseguia sequer alimentar seu povo e teve de depender de doações de alimentos trazidos dos Estados Unidos. Quanto a este país, sua recente derrota no Afeganistão - um fracasso militar e geopolítico apesar das vastas somas que o país dedica às suas forças armadas - fez com que muitas pessoas se perguntassem se estaria iminente o fim do império americano. Mark Twain, um dos maiores, senão o maior autor americano de todos os tempos, escreveu um ensaio intitulado “Sobre os Judeus” em que afirmou: “Os egípcios, babilônios e persas assumiram o poder, encheram a terra com seu brilho, mas o som deles naufragou. Na sequência, os gregos e romanos seguiram, fizeram muito barulho e desapareceram. O judeu viu a todos, os venceu e hoje é aquilo que ele sempre foi; não apresenta decadência, nem envelhecimento, nem fraquezas, nem diminuição de energia, nem deficiências em sua vigilância e em seu espírito dinâmico. Todas as coisas são mortais, menos os judeus; todas as forças se esvaem, mas eles permanecem. Qual é o segredo de sua imortalidade?” A resposta a essa pergunta - o segredo da imortalidade judaica - reside no fato de sermos uma nação focada não em conquistas militares, e sim, religiosas e intelectuais. O Talmud nos conta que no período que antecedeu a queda do Segundo Templo, um Sábio chamado Rabi Yehoshua Ben Gamla fundou uma rede de escolas em toda a Terra de Israel. O resultado disso foi que, a partir dos seis anos, todas as crianças do país passaram a receber uma educação universal com financiamento público. Constituiu, segundo o Rabino Lord Jonathan Sacks, ZT”L, o primeiro sistema de educação desse tipo em qualquer lugar do mundo, e uma indicação clara do compromisso judaico com a educação e com a garantia de que nossos filhos aprendam sobre sua herança judaica. De acordo com o Talmud, a memória de Rabi Yehoshua Ben Gamla é abençoada, pois seus esforços perpetuaram o estudo da Torá, preservando-a de geração em geração. Durante dois mil anos, o Povo Judeu pagou um alto preço pelo fato de não ter um exército para se defender. Contudo, mesmo tendo sido expulso de sua Pátria e tendo sido perseguido e massacrado por tantas nações, o Povo de Israel sobreviveu. Já os antigos gregos e romanos, que construíram vastos impérios, foram extintos. A nação judaica sobreviveu porque D’us prometeu que nunca deixaremos de existir como povo, mas também porque nosso objetivo nunca foi construir um império. Somos um povo pequeno - há pouco mais de 15 milhões de judeus no mundo - e o Estado de Israel é um país geograficamente minúsculo - menor do que muitos estados brasileiros. Ademais, independentemente do que antissemitas possam alegar, as forças armadas de Israel nunca lutaram uma guerra que não fosse em defesa de sua população. Somos o Povo do Livro - não o da Espada. O Rei David é celebrado não por seus êxitos militares, mas pelo seu Livro dos Salmos. A civilização judaica está enraizada nas obras sagradas do Judaísmo e em livros e textos, mestres e professores, sinagogas, Casas de Estudo e escolas. Somos um povo cujos heróis são Profetas e Sábios, cujas cidadelas são escolas e cuja paixão é o aprendizado e a elevação do intelecto e da alma. O resultado disso é que mesmo sem um país próprio, a civilização judaica sobreviveu ao longo dos milênios, enquanto os poderosos impérios militares deixaram de existir. O Rabino Lord Jonathan Sacks ZT”L escreveu: “Para defender um país fisicamente, precisa-se de um exército, mas para defender uma civilização, é necessário que haja educação, educadores e escolas. Essas são as coisas que mantiveram o espírito judaico vivo e a Menorá dos valores judaicos brilhando ao longo dos séculos em uma luz eterna. Muitas vezes uma vitória militar que, no momento merece todas as manchetes, em retrospecto é secundária à verdadeira vitória cultural de transmitir valores à geração seguinte”. O Povo Judeu sempre soube que as verdadeiras vitórias não são travadas no campo de batalha, e sim, na alma, no coração e na mente das gerações futuras. Celebramos Chanucá não como algum tipo de cerimônia militar, mas em cumprimento a um mandamento Divino que envolve luz - símbolo da Torá, da sabedoria, do aprendizado, da bondade, da generosidade e da verdade. A mensagem central dessa festa não é que os judeus prevaleceram em uma guerra militar - não importa o quão importante fosse na época -, porque as guerras são vencidas e perdidas e um país que é militarmente forte hoje pode ser fraco amanhã. A mensagem central de Chanucá é que o Povo Judeu existe hoje porque não permitimos que a luz do Judaísmo jamais se apagasse. www.morasha.com.br. Abraço. Davi.

 

domingo, 13 de março de 2022

A TRANQUILIDADE ATRAVÉZ DA RECORDAÇÃO DE DEUS

 

Islamismo. www.arresala.org.br. Por Ayatullah Makarim Shirazi. Tradução de Ali Sivonaldo. A TRANQUILIDADE ATRAVÉS DA RECORDAÇÃO DE DEUS. Os estados de ansiedade e insegurança sempre e sempre foram serão as maiores fontes de tribulação na vida da humanidade, e o resultado desses traços na vida individual e social de uma pessoa são completamente observáveis. O estado de tranquilidade sempre foi um dos pedidos, e uma característica muito importante para a sociedade humana, a pessoa tem de bater em todas as portas até que ela seja capaz de encontrar essa característica tão importante. Se as lutas e os esforços da humanidade ao longo do tempo fossem em busca dessa tranquilidade que eles têm procurado tudo isso poderia encher um grande livro! Há alguns estudiosos que afirmam que, “No início de um surto (de uma doença), alguns tinham uma doença contagiosa – de cada dez pessoas que tiveram esta doença e acabou morrendo devido a ela, observou-se que a maioria delas realmente morreu devido ao medo e ao desconforto que sentiam. Assim, na realidade, apenas, um pequeno número dessas pessoas, morreram devido à doença!” na verdade, os dois estados, o de tranquilidade e de apreensão, desempenharam um papel muito importante na saúde e na doença dessas pessoas e de toda a sociedade. E para o sucesso ou o fracasso do indivíduo não há uma única coisa que possa arrefecer este estado dentro da pessoa e é por esta razão que, até hoje, inúmeros livros foram escritos, cujo tema principal é sobre o medo e as formas de combatê-lo e a maneira de adquirir tranquilidade para o coração! A história humana está cheia de cenas tristes em que, para alcançar a tranquilidade, as pessoas têm executado todos os tipos de coisas, elas adquiriram vários vícios (para ajudar a lidar com a sua tristeza). No entanto, o Alcorão, em uma curta, mas significativa frase, mostra-nos o caminho mais correto e mais próximo para isso, e nos fala: “Saiba que, através da recordação de Deus, os vossos corações e mentes serão colocados em repouso e tranquilidade”. Para que esta realidade alcorânica fique clara, por favor, preste atenção a seguinte explicação: As oito causas de preocupação e da ansiedade. 1° Às vezes, a angústia e a ansiedade estão relacionadas a um futuro obscuro e incerto que está à frente de uma pessoa e que se manifesta a ela. A possibilidade de não alcançar suas bênçãos deixa a pessoa cair nas garras do inimigo, com a fraqueza, doença, incapacidade para o trabalho, o desespero e a necessidade (nos outros assuntos) e tudo isso resultará em uma pessoa que está sendo submetida a dificuldades. No entanto a fé, na verdade e em Deus o Todo poderoso, o altíssimo, o Misericordioso e Compassivo, que tomou para si, ser suficiente para Seus servos, é capaz de remover todas as formas de preocupação e ansiedade, e conceder uma tranquilidade para a pessoa, já que, em fase de eventos futuros a pessoa será impotente, porém Deus tem o poder, habilidade e Misericórdia para ajudar-nos. 2° Às vezes o passado sombrio da pessoa o torna um indivíduo preocupado com o que está dentro de si mesmo e isso irá causar-lhe angústia. Mostrando pesar sobre os pecados que foi cometido no passado, sentindo remorso de um passado de incapacidades e deslizamentos, o que causaria a uma pessoa muita preocupação. No entanto, através de Deus o Indulgente para com todos. O único que aceita o arrependimento e é misericordioso, a pessoa teria tranquilidade. Na realidade, estes traços de Deus transmitiriam os pensamentos para que a pessoa, leve o seu recurso de culpabilidade para Ele, pedindo-lhe perdão por seus atos do passado e tentando reparar o que executou anteriormente uma vez que Ele é o Indulgente, o Único que fará aceitar e reparar seus erros. 3° As fraquezas e incapacidades da pessoa em fase de ocorrências naturais e, por muitas vezes, mesmo em fase das multidões e dos inimigos – tanto internos como externos torna a pessoa irritada e insegura de tal forma que ela venha a questionar a si mesma: “O que eu sou capaz de fazer na arena da guerra contra todos estes adversários poderosos? Ou em face de outros desafios e lutas, o que posso fazer?” No entanto, quando a pessoa se lembra de Deus e começa a confiar em Seu poder e misericórdia, o poder que é o maior de todos os poderes, de tal forma que não há uma única coisa que tenha potencial para enfrentá-lo, então o seu coração enche-se da facilidade e a pessoa diz para si mesmo: “Sim, eu não estou sozinho. Estou sob a sombra da Misericórdia e da Assistência de Deus – a fonte inesgotável de energia.” 4º Às vezes, a fonte de tristeza e insegurança, que causam as dores de uma pessoa é o seu sentido de uma vida inútil e uma sensação de insignificância nos objetivos que ela tem para si mesma. No entanto, a pessoa que tem a verdadeira fé em Deus e aceita percorrer o caminho da perfeição de sua vida como sendo o seu maior objetivo e sabe que todo o programa e todos os eventos que ocorrem em sua vida são orientados por este caminho de perfeição, não sente que sua vida não vale nada, nem que ela é uma pessoa sem objetivos na vida, e nem se sente como um andarilho incerto e cheio de angústia. 5° Outro motivo para tristeza e insegurança é que, às vezes, para que uma pessoa chegue a um objetivo, ela pode encontrar grandes dificuldades, e ela não vê uma única pessoa que a incentive e a valorize com seus problemas e dificuldades. Este sentimento de ingratidão que lhe causa grande estresse irá levá-la a afundar em um estado de angústia e insegurança. No entanto, quando ela percebe que outras pessoas estão conscientes de sua luta e esforço e dão valor ao seu trabalho e estão prontas para recompensá-la pelos seus esforços, não haverá qualquer espaço para a tristeza ou insegurança. 6.º Ter maus pensamentos sobre os outros é outra razão que leva à insegurança e o sofrimento. Esta é uma das coisas que grande número de pessoa veem em sua vida. No entanto, como é possível para nós, negar o foco, da nossa atenção sobre Deus e Sua graça que nunca termina, se o seu mandamento para nós é dar manutenção aos bons pensamentos e boas suposições de outras pessoas. Essa é a responsabilidade de cada pessoa que alega possuir verdadeira fé, isso não iria remover este estado de tristeza e apreensão que está dentro de uma pessoa e levá-la a ter tranquilidade e segurança em sua vida? 7° A adoração deste mundo transitório é um sentimento de paixão como o ouro do mundo material, o que estamos vivendo é uma das maiores razões pelas quais uma pessoa não enfrentará as dificuldades e inseguranças em sua vida. Este ponto é evidente a tal extremo que, por vezes, se uma pessoa não é capaz de encontrar uma determinada cor de roupa ou uma cor de sapatos, ou alguma outra peça de roupa que ela está procurando no mercado ou milhares de outros itens que ela pode usar em sua vida diária, os pensamentos dessa pessoa que adora este mundo temporário podem se tornar tão extasiados que ela irá passar horas, dias ou mesmo semanas em um estado de insegurança e ansiedade. No entanto, a verdadeira fé em Deus e o foco constante sobre a liberdade espiritual que um verdadeiro crente possui não faz que esteja constantemente arrebatado na austeridade e devoção a Deus, sendo assim não está vinculado ou preso pelas garras do ouro que acompanham o mundo material. Isso põe fim a todos esses sentimentos de insegurança e ansiedade. Quando a alma de uma pessoa chega a esse nível de expansão espiritual, é exatamente como Ali (as) disse: “Certamente o mundo tem tanto valor para mim como a folha de uma árvore que está sendo mastigada na boca de um gafanhoto.” Como é possível ter dor ou medo, em relação ao mundo material ou achar que vai perdê-lo? Isso pode afetar a alma de uma pessoa e provocar uma sensação de tristeza e insegurança em seu coração e em seus pensamentos? 8° Outro fator importante que leva à tristeza e à insegurança, é o medo da morte que é algo que sempre causa problemas às pessoas. A morte não é algo que só é possível a uma pessoa quando ela fica mais velha, mas sim, é algo que pode atacar pessoas de qualquer idade, especialmente nos momentos de doença, guerras, insegurança no país e outras coisas como tais, assim, este sentimento de insegurança e sofrimento é uma característica geral e deve ser visto por todos os povos. No entanto, qualquer pessoa está sob a sombra da verdadeira fé em Deus, então, neste momento, ela irá considerar a morte como apenas uma ponte para um mundo mais largo, mais espaçoso, e um mundo espiritual mais elevado, e passar pela fase da “morte” será apenas como passar por corredores de uma cela de prisão rumo à sociedade livre e aberta. Neste ponto, não haveria sentido para a dor e ansiedade. Pelo contrário, tal morte vem quando se cumpriu o caminho e as responsabilidades da pessoa, então, neste momento, a morte é algo que é desejado e esperado. Naturalmente, temos de afirmar que os motivos da tristeza e ansiedade não estão limitados a apenas estas questões. Pelo contrário, estamos aptos a listar muitas razões para que as pessoas sintam esta dor e estresse em suas vidas, mas temos de aceitar o fato que a maioria das causas desta tristeza e ansiedade está relacionada a um dos oito motivos listados acima. Assim, vemos que os motivos para a ansiedade realmente estão se dissolvendo, e estão sendo removidos quando a fé verdadeira em Deus se aproxima, então, vamos definitivamente confirmar o fato de que a recordação de Deus é o que traz tranquilidade para os corações. www.arresala.org.br. Abraço. Davi