segunda-feira, 29 de junho de 2020

BHAGAVAD GITA - INTRODUÇÃO


Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre. INTRODUÇÃO. O Bhagavad Gita (1), isto é, A Sublime Canção, também designada como a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre, é uma das obras mais importantes que existem no mundo. Este livro é altamente prezado pelos budistas e venerado como Escritura Sagrada pelos brâmanes, que, frequentemente, o citam como autoridade no que se refere à religião hindu. A filosofia nele exposta é um conjunto harmonioso das doutrinas de Patanjali, Kapila e dos Vedas. O Bhavagad Gita é um episódio da grande e antiga epopeia hindu, intitulada Mahabharata (2), que contém 250.000 versos, descrevendo a grande guerra entre os Kurus e os Pandavas, que tinha por objetivo a posse de Hastinapura, um dos centros mais importantes da civilização ariana. Em sua forma literal, apresenta o Bhagavad Gita um interessante entre Krishna (3) e Arjuna (4), tratando de um fato histórico. Mas os Mestres hindus dizem que este livro maravilhoso tem sete sentidos, e aconselham ao leitor esforçar-se por penetrar no seu mais profundo sentido interior ou espiritual. A leitura desta sublime canção é útil para todos: cada um, porém, poderá assimilar e compreender só aquilo que estiver em harmonia com o desenvolvimento de suas faculdades psíquicas e espirituais. A nossa tradução, baseando-se na edição inglesa do Yogi (5) Ramacháraca, comparada com a edição em sânscrito e latim, publicada por Aug. Guilh, von Schlegel (1767-1845), e com a edição do doutor Franz Hartmann (1838-1912), tem por fim auxiliar os leitores nesse desenvolvimento, a que todo o ser pensante deve dedicar a sua vida. Não podemos desvendar totalmente o sentido esotérico deste precioso livro, porque – conforme as leis da natureza superior – cada um há de descobri-lo por si mesmo. Acrescentamos, entretanto, notas e observações que serão úteis para aqueles que aspiram à Iniciação. A cena da ação histórica do Bhagavad Gita transporta-nos à planície da Índia, entre os rios Jumma e Jheed. Na capital do país, chamada Hastinapura (6), reinava, em tempos remotos, o rei Vichitraviria (7). Casou-se com duas irmãs, mas faleceu sem deixar filhos. Conforme o costume dos antigos povos orientais, Vyasa (8), irmão do falecido, tomou essas viúvas por esposas e teve delas dois filhos: Dhritarasshtra (9) e Pandu (10). Dhritarasshtra, o mais velho, gerou cem filhos (simbólicos) dos quais o primogênito chamava-se Duryodhana (11). O mais moço, Pandu, teve cinco filhos, todos grandes guerreiros, conhecidos como os cinco principais Pandavas. Dhritarashtra perdeu a vista, e continuou a ser rei só nominalmente, entregando o poder real a seu filho Duryodhana. Este, com o consentimento do pai, baniu do país os cinco filhos de Pandu, seus primos, os quais, porém, depois de muitas vicissitudes, viagens e aventuras, voltaram à sua terra natal. Acompanhados de muitos amigos e partidários, e formaram um poderoso exército aproveitando os guerreiros que lhes forneceram os reis vizinhos. Com as suas forças, marcharam para o campo dos Kurus, empreendendo uma campanha contra o ramo mais velho da família, os partidários de Dhritarashtra, os quais se reuniram sob o comando de Duryodhana, que substituía o seu pai cego. E, em nome da família dos Kurus , começou o ramo mais velho a opor resistência à invasão e aos ataques dos Pandavas. O Bhagav Gita apresenta-nos esses dois exércitos, preparados para o combate. O comando ativo dos Kurus, cujo chefe é Duryodhana, está nas mãos do velho general Bhishma (12), ao passo que o supremo comando dos Pandavas é o famoso guerreiro Bhima (13). Arjuna, um dos cinco príncipes Pandavas e um dos principais caracteres desta história, estava presente, ao lado de seus irmãos e acompanhado em seu carro de guerra por Krishna, reputado pelos hindus como encarnação humana do Espírito Supemo. Krishna, amigo e companheiro de Arjuna, a quem amava por causa de sua nobre alma e a resignação, com que esse suportava as perseguições. A batalha começou, quando Bhishma, o comandante dos Kurus, deu o sinal, tocando a sua corneta ou concha, sendo seu toque imitado pelos seus partidários, e respondido pelos Pandavas. Arjuna pediu a Krishna, ao princípio da batalha, que deixasse parar o carro no meio do espaço entre os dois exércitos inimigos, para ver de perto as principais pessoas que tomavam parte na luta. Vendo, então, seus parentes e amigos, tanto de um como do outro lado, ficou horrorizado por constatar que se tratava de uma guerra fraticida, e declarou à Krishna que antes queria morrer inerme e sem se defender, do que matar seus parentes. Krishna respondeu-lhe com um notável discurso filosófico que a maior parte do Bhagavad Gita, fazendo Arjuna reconhecer a necessidade dessa luta, em que ele e os seus partidários, finalmente, alcançariam completa vitória sobre os Kurus. O autor põe a narração de tudo isso na boca de Sanjaya (14), fiel servidor do rei cego, Dhritarashtra. Como já dissemos, além do sentido histórico, material ou literal, tem o Bhagavad Gita (como toda Escritura Sagrada: a Bíblia, os Vedas, o Alcorão, etc). Ainda vários graus do sentido espiritual ou esotérico. E para que os nossos leitores possam, com facilidade, descobri-lo, lhes diremos que a luta aqui descrita é a que se trava no interior de cada homem, entre o “Bem” e o “Mal”. Arjuna, o homem, acha-se colocado no campo de suas ações, entre dois exércitos inimigos, dos quais os Pandavas representam as forças superiores, e os Kurus, as forças inferiores da alma. Ali está ARjuna, o filho de Kunti (isto é, da alma) contra os seus parentes, os filhos de Dhritarashtra (vida material) ameaçado pelo egoísmo, pelos seus prazeres e pelas suas paixões. Que formam um poderoso exército de ilusões: a sua tarefa é vencê-las, para chegar ao conhecimento de sua verdadeira essência divina. Mas, como muitas dessas ilusões se lhe tornaram agradáveis, acha difícil combate-las. A seu lado, entretanto, tem valentes guerreiros: a sua Consciência, o Amor do Bem e da Verdade, a Obediência à Lei Suprema, a Fé, a Convicção, etc. Krishna, que lhe explica a verdadeira natureza humana e a sua relação com Deus, é o Verbo de Deus, Logos ou Cristo em nós, o nosso Superior, Imortal Ego Divino. Livro Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre.


Referência: 1. Bhagavad, variação do bhagavant, em sânscrito significa sublime: Gita, pronuncie-se guitá – canção. Nota-se que, nas palavras sânscritas, g tem sempre o som gutural. H é aspirado, sh lê-se como o ch ou x chiante (em chá, xarope). Â, i, û têm o som prolongado, y é um i brevíssimo, ch soa tch. 2. Moha – grande; Bhârata – Índia. 3. Krishna (sh lê-se x) representa o Homem-Deus, o nosso Ego (ou Eu) Superior. 4. Arjuna representa o homem no estado evolutivo. 5. Yoga significa união; yogi é aquele que realizou a sua união consciente com a Alma Divina. 6. Cidade (pura) do Elefante (hastina). 7. Vichitra – multicor, de muitas espécies; virya – poder. 8. Agrado, prazer. 9. Representante da vida material; instinto. 10. Representante do elemento espiritual; intelecto. A palavra pandu significa claro, pálido. 11. Dificilmente vencível; obstinação. 12. Terror; egoísmo. 13. Terrível; a vontade espiritual. 14. Sanjaya – vitorioso. Livro Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre. Abraço. Davi

domingo, 28 de junho de 2020

A QUEDA


Fraternidade Rosa Cruz. www.fraternidaderosacruz.net. Ensinamento Bíblico da Sabedoria Ocidental. "A Bíblia foi dada ao Mundo Ocidental pelos Anjos do Destino, que dão a cada um e a todos exatamente aquilo que necessitam para o seu desenvolvimento.” MAX HEINDEL (1865-1919). LIÇÃO. Nº 13. A QUEDA. Referência: Gênesis 3. Ao analisarmos o Gênesis, é necessário acrescentar algumas palavras a respeito da “QUEDA”, que é a pedra angular do Cristianismo popular. Se não tivesse havido a “QUEDA”, não haveria necessidade do “Plano de Salvação”. Quando a Terra saiu do caos, passou primeiramente pela fase vermelho-escura, conhecida pelo nome de Época Polar. A humanidade evoluiu então num corpo denso muito diferente do atual. Na fase ígnea - Época Hiperbórea - o corpo vital foi agregado ao denso e o Homem era então uma espécie de planta, isto é, possuía veículos e consciência semelhantes aos das atuais plantas. Ou melhor, uma consciência parecida com a que temos atualmente num sono sem sonhos, quando os corpos denso e vital se encontram abandonados no leito. Na Época Hiperbórea, o corpo denso tinha a aparência de um enorme saco de gás que flutuava por cima da Terra ígnea. O dito corpo emitia esporos que se desenvolviam e eram logo utilizados por outras entidades que os habitavam. Naquele tempo, o Homem possuía os dois sexos, sendo hermafrodita como as plantas. Na Época Lemúrica, quando a Terra gradativamente se solidificava, formaram-se grandes crostas semelhantes a ilhas no meio dos mares em ebulição. E o corpo do Homem também se solidificou, adquirindo certa semelhança com o que possui hoje. Tinha então a aparência de um macaco: o tronco era curto, os membros enormes, os calcanhares projetados para trás, faltando, quase por completo, a parte superior da cabeça. O Homem vivia numa atmosfera de vapor a que os ocultistas chamaram névoa ígnea. Não tinha pulmões e respirava por meio de guelras. Possuía interiormente um órgão parecido com uma bexiga que enchia, aspirando ar quente a fim de o ajudar a transpor as enormes aberturas da terra produzidas pelas erupções vulcânicas. Por trás da cabeça, projetava-se um órgão que se encontra agora no interior e que os anatomistas chamam de glândula pineal. Ou terceiro olho, se bem que nunca tenha sido um olho, mas um órgão de sensação. O próprio corpo não possuía, nesse tempo, sensação alguma, mas, quando se aproximava muito de uma cratera vulcânica, o calor percebido por esse órgão obrigava-o a afastar-se antes de o corpo ser destruído. O corpo denso tinha então se solidificado a tal ponto que era já impossível ao Homem continuar a sua reprodução por meio de esporos. E foi necessário que desenvolvesse um órgão do pensamento, o cérebro. A força criadora de que nos valemos agora para construir estradas de ferro, navios, aviões, etc., etc. No mundo exterior foi utilizada, então, na construção de órgãos. Como todas as demais forças, era bipolar, positiva e negativa. Um dos polos dirigiu-se para cima, construindo o cérebro, deixando o outro disponível para a propagação. O Homem deixou de ser uma unidade criadora completa. Cada ser humano só possuía metade da força criadora, sendo-lhe necessário buscar o complemento fora de si próprio. O Homem não era então o ser consciente que é agora. Tinha mais consciência do Mundo Espiritual que do Mundo Físico; mal podia ver o seu corpo físico e não era consciente do ato gerador. A afirmação bíblica de que Jeová adormecia o Homem quando este devia reproduzir-se é, pois, correta. Não havia dor nem dificuldades no parto e, por causa da consciência extremamente incipiente do seu ambiente físico, o Homem não percebia a perda do seu corpo denso pela morte, nem da sua entrada em um novo veículo físico em cada renascimento. Naquela época, “os seus olhos não estavam abertos” e os seres humanos não tinham consciência uns dos outros no Mundo Físico, ainda que despertos no Mundo Espiritual. Também, sob a direção dos Anjos, particularmente aptos para ajudá-los no mister relativo à propagação, eram reunidos em grandes templos, em certas épocas do ano, quando as linhas de força planetária eram propícias. Ali, o ato da geração era cumprido como um sacrifício religioso. Quando o Homem primitivo - ADÃO - teve contato com a mulher, o espírito durante um momento penetrou a carne, e “ADÃO conheceu a mulher”, quer dizer, tornou-se consciente da sua presença física. É assim que a Bíblia emprega em todas as suas páginas essa expressão casta como quando se diz que “Elcana conheceu a sua mulher Ana e ela teve por fruto a Samuel”, I Samuel 1,19. Igualmente, no Novo Testamento, quando o Anjo disse a Maria que seria a mãe do Salvador, ela respondeu: “Como pode ser isso, pois que não conheço varão?, Lucas 1,34.” O pecado é um ato contrário à Lei. Enquanto a humanidade se propagava sob a direção dos Anjos, que possuíam conhecimento das linhas de forças cósmicas, o parto não era doloroso, tal como sucede atualmente com animais selvagens, que se acasalam somente em épocas determinadas do ano, sob a direção dos seus espíritos-grupo. Mas quando o Homem deixou-se guiar pelos conselhos de certos espíritos (os Lucíferes) colocados a meio caminho entre a humanidade e os Anjos. Começou a procriar em qualquer época do ano, descuidando-se em observar as linhas cósmicas. O pecado de “comer da árvore do conhecimento” foi a causa do parto com dor que Deus anunciou a Eva. Ele não a amaldiçoou; somente declarou o que resultaria do uso ignorante da função criadora. Recordemos que os Espíritos Lucíferes formavam parte da humanidade do Período Lunar, que são os atrasados da onda de vida dos Anjos e que eram demasiado avançados para tomar um corpo denso. Mas necessitavam de um “órgão interior” para poder adquirir conhecimento. Além disso, podiam trabalhar por intermédio de um cérebro físico, coisa que Jeová ou os Anjos não podiam fazer. Esses Espíritos penetraram na medula espinhal e no cérebro da mulher, cuja imaginação tinha sido despertada pela educação peculiar à raça Lemúrica, e falaram-lhe. Como a sua faculdade de percepção era sobretudo interior, ela recebeu deles a impressão de uma imagem e viu-os sob a forma de serpentes, pois haviam penetrado no seu cérebro pela medula espinhal que tem a forma de uma serpente. A educação da mulher compreendia a observação das perigosas proezas e combates dos homens que necessitavam desenvolver a vontade, resultando desses combates a morte e o desaparecimento de muitos corpos físicos. A consciência incipiente de que algo estranho acontecia levava a imaginação da mulher a interrogar-se a respeito da origem das coisas incomuns que percebia. Tinha consciência dos espíritos que haviam perdido os seus corpos físicos, mas a sua percepção imperfeita do Mundo Físico não lhe permitia revelar a seus amigos que tinham perdido os seus corpos densos nos combates. Os Espíritos Lucíferes resolveram-lhe o problema “abrindo os seus olhos”. Revelaram-lhe o seu próprio corpo e o do homem e ensinaram-na como ambos podiam vencer, conjuntamente, a morte, criando novos corpos. Assim, a morte já não podia afetá-los porque, à sua vontade, como Jeová, podiam criar novos corpos. Lúcifer abriu os olhos da mulher. Ela buscou a ajuda do homem e abriu-lhe os olhos. Assim, de um modo bastante real, ainda que imperfeito, eles se conheceram, tendo pela primeira vez consciência um do outro e também do Mundo Físico. Conheceram a morte e a dor, o que permitiu diferenciar o homem interior do corpo que o reveste e que renova cada vez que lhe é necessário para avançar no caminho da evolução. Deixaram de ser autômatos e converteram-se em seres livres e pensadores pelo preço da sua sujeição à dor, à enfermidade e à morte. Que a interpretação de “comer o fruto” é o símbolo do ato gerador prova-se pela declaração de Jeová que eles deveriam morrer e que a mulher teria seus filhos com dores. Jeová sabia que a atenção do Homem tinha sido chamada sobre o seu invólucro físico (o corpo) e de que se tornaria consciente da sua perda com a morte. Sabia também que o Homem não possuía ainda a sabedoria necessária para dominar as suas paixões e regular as suas relações sexuais, observando a posição dos planetas; por conseguinte, o parto com dor decorreria do abuso indiscriminado do ato. Para os comentadores da Bíblia, tem-se constituído num enigma a relação que poderia existir entre a ação de comer um fruto e o nascimento, mas o problema fica resolvido se compreendermos que o ato de comer o fruto é a expressão simbólica do ato da geração, por meio da qual o Homem se tornaria “semelhante a Deus”, pois conhece os seus semelhantes e é capaz de engendrar novos corpos. Na última parte da Época Lemúrica, quando o Homem se arrogou a prerrogativa de realizar o ato gerador a seu capricho, era então a sua vontade poderosa o que lhe permitia fazê-lo. “Comendo o fruto da Árvore do Conhecimento”, não importa em que momento, ele era capaz de criar um corpo novo cada vez que perdia o anterior. Nós estamos habituados a pensar que a morte é um acontecimento terrível. Se o Homem tivesse comido também da “Árvore da Vida”, e tivesse aprendido o segredo da vitalização perpétua do seu corpo, ter-se-ia encontrado em situação ainda pior. Nós sabemos que nossos corpos ainda não são perfeitos e que, em épocas anteriores, eram extremamente primitivos. Por conseguinte, a ansiedade causada às Hierarquias Criadoras pelo temor de que o Homem “comesse também da Árvore da Vida” e se tornasse capaz de renovar o seu corpo vital era bem fundada. Se ele tivesse feito isso, tornar-se-ia, em verdade, imortal, mas não teria sido capaz de progredir. A evolução do Ego depende de seus veículos e, se não fosse capaz de renová-los e melhorá-los por meio da morte e do renascimento, teria estacionado. Diz a máxima ocultista que quanto mais amiúde morremos, mais capazes somos de viver melhor, pois cada nascimento nos oferece uma nova oportunidade. Vimos que os conhecimentos adquiridos pelo Homem por meio do cérebro e do egoísmo dele resultante foram adquiridos às expensas do poder que possuía de criar por si mesmo. Conquistou o seu livre arbítrio pelo preço do sofrimento e da morte; mas quando aprender a utilizar seu intelecto para o bem da humanidade, obterá um poder espiritual sobre a vida e, além disso, será guiado por uma sabedoria inata tão superior à consciência atual do cérebro, como esta é superior à consciência dos animais. A queda na geração foi necessária para a construção do cérebro; mas isso não é, afinal, senão um meio indireto de obter conhecimento e que será suplantado por uma ligação direta com a sabedoria da Natureza de tal modo que o Homem, sem a ajuda de qualquer colaboração estranha, será capaz de utilizar para gerar novos corpos. A laringe pronunciará a “Palavra Perdida”, o “Fiat Criador”, que, sob a direção de grandes Instrutores, foi empregada na antiga Lemúria para a criação de plantas e animais. Então, o Homem será, em verdade, um Criador, não à maneira lenta e laboriosa de hoje, mas pelo uso da palavra própria ou fórmula mágica que o tornará capaz de criar um corpo.

Estude cuidadosamente esta lição e depois responda, de forma clara e concisa, às perguntas formuladas a seguir. Mande-nos suas respostas, não se esquecendo nunca de mencionar seu nome e endereço completos. Elas serão examinadas e devolvidas com a lição seguinte. 1 - Descreva a condição do Homem na Época Lemúrica. 2 - A quem foi confiada a propagação da espécie nessa Época? 3 - Quem foram os Lucíferes? 4 - Explique como esses espíritos se manifestaram à mulher e o que lhe revelaram. 5 - Cite a passagem da Bíblia onde Jeová menciona os resultados da ação de “comer do fruto da Árvore do Conhecimento”, dando o seu significado. 6 - Explique o temor das Hierarquias de que o Homem comesse também da “Árvore da Vida”. 7 - Que poder adquiriremos quando a força criadora for propriamente transmutada pelo Homem? Endereço: FRATERNIDADE ROSACRUZ IN LUSITANIA. Rua de Cedofeita, nº 455, 1º andar, sala 8. 4050-181. Porto – Portugal. www.frc.lusitania@gmail.com. www.fraternidaderosacruz.net. Abraço. Davi.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

O ALCORÃO SAGRADO


Islamismo. www.ccib.org.br. O ALCORÃO SAGRADO. A leitura do Alcorão requer uma iniciação e um preparo indispensáveis para uma melhor compreensão, especialmente no caso do leitor não-muçulmano. Tentar compreender o Alcorão baseando-se apenas na informação oral ou em passagens específicas e não em seu texto como um todo, levará o leitor despreparado a um entendimento distorcido do mesmo. Quando lemos o Alcorão, percebemos que muitos conceitos usados em nosso dia-a-dia são citados e enfatizados frequentemente em seus versículos. É importante lembrar que esses conceitos são decisivos para a boa compreensão do Alcorão e assim, agirmos de acordo com os seus postulados. Entre estes conceitos, encontramos sabedoria, paciência, lealdade, descrença, favores especiais de Allah (swt). O alcorão foi a ultima palavra revelada por Allah (swt) e a fonte básica para os ensinamentos islâmicos e suas leis. Trata-se de moralidade, adoração, conhecimento, sabedoria e a relação Allah (swt) - homem e as suas relações entre os seres humanos. Compreende ensinamentos sobre o sistema de justiça social, política e relações internacionais, economia, legislação, jurisprudência, e leis podem ser formadas através de partes importantes do Alcorão. Apesar do Profeta Muhammad (saws)não haver tido uma educação formal, o Alcorão assim que lhe revelado foi transcrito por seus secretários. Desta forma, cada palavra foi escrita e preservada por seus companheiros. O texto completo e original do Alcorão é em árabe. Tradução em outros idiomas podem ser encontrados em bibliotecas e livrarias. De acordo com o Alcorão, sabedoria é uma qualidade peculiar aos fiéis, o nível de sabedoria pode aumentar ou diminuir com relação ao seu comportamento correto. Sabedoria, o modo de compreensão, é uma orientação divina que capacita o homem a mostrar o comportamento correto e a atitude com a qual ele espera agradar a Allah (swt) e alcançar a Sua justa estima. é a capacidade de julgar entre o certo e o erro, atingir a mais elevada atitude moral, tomar as decisões certas para cada citação, e agir, tendo sempre em mente, a vida após a morte. INTRODUÇÃO AO ALCORÃO SAGRADO. Louvado seja Allah (swt), Senhor do Universo, e que a paz e a misericórdia estejam com o Mensageiro e toda a sua estirpe, seus companheiros e seus seguidores! Alcorão é a palavra de Allah (swt), revelada a Muhammad (saws), desde a Surata da Abertura até a Surata dos Humanos, constituindo o derradeiro dos livros revelados à humanidade. Ele encerra, em sua totalidade, diversificadas nuanças, tais como: a felicidade, a reforma entre os homens, a concórdia, no presente e no futuro; ele foi revelado, versículo por versículo, surata por surata, de acordo com as situações e os acontecimentos, no decorrer dos vinte e três últimos anos da vida do Profeta Muhammad (saws). Uma parte foi revelada antes da Hégira, em Makka, e outra depois, em Madina. Os versículos e as suratas revelados em Makka abrangem as normas da crença em Allah (swt), em Seus anjos, em Seus livros, em Seus mensageiros e no Dia do Juízo Final. Os versículos e as suratas revelados em Madina dizem respeito aos rituais e à jurisprudência. Nele há narrativas sobre os nossos antecessores e sobre os nossos sucessores, e é um árbitro entre nós. Há narrativas de povos anteriores, de séculos passados; há histórias dos profetas, dos mensageiros, dos povos, dos grupos, das pessoas, dos acontecimentos e do desenrolar da história da civilização; nele há explicações e exemplos para aqueles que por ele queiram pautar suas vidas, e exortação para quem tem coração e está disposto a aceitá-la, e a prestar testemunho. Ele revela a Lei imutável de Allah (swt), quer seja na perdição dos extraviados, quer seja na salvação dos encaminhados. Ele ensina que o mundo dos homens, no decorrer dos séculos, só é benéfico com a religião de Allah (swt); que a humanidade, o que quer que faça, não alcançará a almejada felicidade se não se iluminar, guiando-se com a Mensagem Divina. Nele há revelações do futuro sobre o dia da Ressurreição, sobre a Vida Futura, no dia em que os homens se congregarão junto ao Senhor do Universo. "Aquele que fizer um bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á; e aquele que fizer um mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á" (99ª Surata, versículos, 7 e 8). Nele há o julgamento dos problemas e das questões onde é premente uma explicação e uma diretriz do caminho a seguir, no que diz respeito às questões da crença e do pensamento, do caráter e do comportamento, das relações econômicas, dos ramos doutrinários, dos julgamentos pessoais ou não: "Ó humanos, já vos chegou uma prova convincente de vosso Senhor e vos enviamos uma translúcida Luz" (4ª Surata, versículo, 174). "Recorda-lhes o dia em que faremos surgir uma testemunha de cada povo para testemunhar contra os seus, e te apresentaremos por testemunha contra os teus. Temos-te revelado, pois, o Livro que é uma explanação de tudo, é guia, misericórdia e auspício para os muçulmanos" (16ª Surata, versículo, 89). Não há uma lei religiosa ou um problema, no que diz respeito ao mundo e à vida dos homens, que não tenha no Alcorão uma solução; ele é um auxílio inesgotável, guia, explicação e orientação para todos, quer seja em partes ou no todo: "Já vos chegou de Allah (swt) uma Luz e um Livro esclarecedor" (5ª Surata, versículo 15) Sim, este fabuloso Alcorão é a luz orientadora para a humanidade. Ele arrancou-a das trevas e transportou-a para a luz, para a verdade e para a verdadeira senda. Foi o ponto de transformação na sua longa história, tirando-a da vida atroz de corrupção e levando-a para a vida de liberdade, de religião e de orientação, e instituiu, no mundo todo, o direito e a compreensão, tirando a humanidade do mais baixo degrau, e elevando-a aos píncaros da perfeição, de maneira sobranceira. As evidências e os significados que o Alcorão abrange, já citados, só podem ser entendidos através de explicações do texto alcorânico e de seus versículos. Tal explicação é uma pesquisa sobre a vontade de Allah (swt), sobre o conhecimento dessa vontade através de Suas palavras no Alcorão, de acordo com a capacidade humana. A ciência da exegese nasceu débil e cresceu paulatinamente, até alcançar a maturidade e seguir formidavelmente neste diapasão que conhecemos hoje. Na época da revelação do Alcorão, enquanto o Profeta vivia, não havia necessidade para a explicação dos versículos, nem a regulamentação dessa ciência, porque o texto, na sua totalidade, era claro, compreensível para o Profeta e seus companheiros. Apesar disso, o Profeta explicava alguns versículos e algumas pronúncias que podiam causar ambigüidades; também os companheiros do Profeta e alguns adeptos assim o fizeram. Isto porque poderia haver má interpretação, quaisquer que fossem as razões que teriam de se desenrolar na alvorada de um povo progressista, em formação, que iria expandir-se através de conquistas, enriquecendo sua existência com acontecimentos históricos, discussões doutrinárias e pesquisas, em jurisprudência e política. O Alcorão era e continua sendo o centro da cultura islâmica, dos movimentos filosóficos e de todas as suas atividades intelectuais; seus versículos estimulam a nele pensarmos. Disse o Altíssimo: "Eis o Livro que te revelamos, para que os sensatos recordem seus versículos e neles meditem (38ª Surata, versículo 29). Disse mais: "Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem que não de Allah (swt), haveria nele muitas discrepâncias" (4º Surata, versículo 82). E disse ainda: "Não meditam, acaso, no Alcorão, ou é que seus corações são insensíveis?" (47ª Surata, versículo 24). Sua explicação nada mais é do que o resultado de meditação e deliberação. O ponto de vista dos doutos na matéria, bem como seus métodos, são diversificados. Alguns, levados pela simpatia doutrinária, apegaram-se à explicação dos versículos, nesse sentido. Outros, levados pela simpatia linguística, eloqüente, estilística e literária, apegaram-se também a esse particular; o mesmo aconteceu com os simpatizantes da jurisprudência. Outros, ainda, apegaram-se à explicação das narrativas. Neste particular, houve aqueles que se prolongaram na explicação, até a prolixidade estafante, e outros restringiram-na à sucintez chocante, e outros, ainda, quedaram-se no meio-termo. Deles, houve quem tendesse para a explicação pessoal; e outros ainda houve que introduziram na explicação muitos outros conhecimentos. Alguns fizeram-no em estilo esdrúxulo; outros em estilo claro. De tudo isso resultou uma grande riqueza científica e um movimento intelectual considerável, que elevam e glorificam um povo que serve ao Livro de seu Senhor, quer seja em decorá-lo, preservá-lo e explicá-lo, quer seja em examiná-lo, elevá-lo e consagrá-lo, ao longo de catorze séculos, que serão seguidos por muitos outros, até que tudo que há no universo compareça perante o Criador: "Nós revelamos a Mensagem e somos Seu Preservador" (15ª Surata, versículo 9). "Este é o Livro (o Alcorão) veraz por excelência. A falsidade não se aproxima dele nem pela frente, nem por trás, porque é a revelação do Prudente, Laudabilíssimo." (41ª Surata, versículo 41-42). Todas as importantes religiões do mundo são baseadas nos seus Livros Sagrados, os quais são frequentemente atribuídos a revelações divinas. Seria patético se, por algum infortúnio, uma delas viesse a perder o texto original da revelação; a substituição jamais poderia estar em inteira conformidade com o que fora perdido. Os brâmanes, os budistas, os judeus, os masdeístas e os cristãos podem comparar o método empregado para a preservação dos ensinamentos básicos de suas respectivas religiões com o método dos muçulmanos. Quem lhes escreveu os livros? Quem lhes transmitiu de geração a geração? Será a transmissão provinda de textos originais ou apenas tradução? Não haveriam as guerras fratricidas causado dano às cópias dos textos? Não haverá contradições internas ou lacunas cujas referências são encontradas em outro lugar? Estas são algumas das questões que poderão ser aventadas, e isso requer respostas satisfatórias. No tempo em que emergiram o que nós chamamos de as Grandes Religiões, os homens não apenas confiaram em suas memórias, mas também inventaram a arte de escrever, para preservarem seus pensamentos, assentando tudo por escrito, de modo mais premente do que fariam as memórias individuais dos seres humanos que, afinal de contas, têm um limitado ciclo de vida. Mesmo assim, nenhum destes dois meios é infalível quando tomados separadamente. É uma questão de experiência cotidiana o ato de que, quando se escreve algo e então se o revisa, encontram-se mais ou menos erros inadvertidos, omissão de letras ou mesmo de palavras, repetição de relatos, uso de palavras contrárias àquelas pretendidas, erros gramaticais, etc., sem falar nas mudanças de opinião do escritor, que também corrige seu estilo, seus pensamentos, seus argumentos e, às vezes, reescreve todo o documento. O mesmo acontece quanto à faculdade da memória. Aqueles que têm obrigação de ou habilidade em aprender de cor algum texto, para recitá-lo mais tarde, especialmente quando isso envolve longuíssimas passagens, sabem que às vezes suas memórias falham durante a recitação: pulam passagens, misturam umas com as outras, ou não se lembram de toda a sequência; às vezes o texto correto permanece na subconsciência e é relembrado no último momento, ou no rebuscamento da memória por indicação de outrem, ou ao ser consultado o texto em documento escrito. O Profeta do Islam, Muhammad (saws), de memória privilegiada, empregava ambos os métodos simultaneamente, um ajudando o outro, reforçando a integridade do texto e diminuindo ao mínimo as possibilidades de erro. Os ensinamentos islâmicos são baseados no que o Profeta Muhammad (saws)disse ou fez. Ele próprio ditou certos textos a seus escribas, o que chamamos de Alcorão; outros textos foram compilados por seus companheiros, na maioria das vezes por iniciativa própria; e a esses escritos damos o nome de Tradição. A palavra Alcorão literalmente significa "leitura por excelência" ou "recitação". Enquanto o ditava a seus companheiros, o Profeta lhes assegurava que era a Revelação Divina que ele havia recebido. Ele não ditou tudo de uma só vez: as revelações chegavam-lhe em fragmentos, de tempos em tempos. Tão logo ele recebia uma, costumava comunicá-la a seus companheiros e pedir-lhes não somente que a aprendessem de cor - para que a recitassem durante a prática das orações -, mas também que a escrevessem e que multiplicassem as cópias. Em tais ocasiões, ele indicava o lugar preciso da nova revelação no texto; não era dele a compilação cronológica. Não é de admirar a precaução e o cuidado tomados para a precisão, levando-se em consideração o padrão da cultura dos árabes daquele tempo. É razoável acreditarmos que as primeiríssimas revelações recebidas pelo Profeta não foram imediatamente submetidas à escrita, pela simples razão de que não havia, ainda, companheiro algum ou aderentes. Estas primeiras partes não eram nem longas, nem numerosas. Não havia risco de que o Profeta pudesse esquecê-las, uma vez que ele as recitava frequentemente em suas orações e em conversas proselíticas. Alguns fatos da história dão-nos a ideia do que aconteceu. Ômar Ibn al Khattab (586-644) é considerado a quadragésima pessoa a abraçar o Islam. Isso se refere ao ano quinto da Missão (oito antes da Hégira). Mesmo em uma data primordial existiram cópias escritas de certas Suratas do Alcorão e, como Ibn Hicham relata, foi devido ao profundo efeito produzido pela leitura acurada de alguns versículos da vigésima Surata que Ômar abraçou o Islam. Não sabemos precisamente o tempo em que a prática de escrever o Alcorão começou; contudo, há informações precisas de que durante os remanescentes dezoito anos da vida do Profeta, o número dos muçulmanos, como também das cópias do texto Sagrado, continuou aumentando dia a dia. Como o Profeta recebia as revelações em fragmentos, era natural que o texto revelado se referisse aos problemas do dia. Se acontecesse o fato de um de seus companheiros morrer, a revelação consistiria em promulgar a lei da herança; não seria a de lei penal, tratando de roubo, por exemplo, a ser revelada no momento. As revelações continuaram durante a inteira vida missionária de Muhammad (saws), treze anos em Makka e dez em Madina. Uma revelação consistia às vezes de uma inteira Surata, curta ou longa, e às vezes de apenas uns poucos versículos. A natureza das revelações impunha ao Profeta repeti-las constantemente em suas recitações, e revisar continuamente a forma que as coleções dos fragmentos teria que tomar. Todos os doutos afirmam, com autoridade, que o Profeta recitava todos os anos, no mês de Ramadan, perante o anjo Gabriel, a parte do Alcorão até então revelada, e que no último ano de sua vida Gabriel pediu-lhe que o recitasse por inteiro duas vezes. O Profeta concluiu, desde então, que iria, em breve, despedir-se da vida. O Profeta costumava revisar, nos meses do jejum, os versículos e as Suratas, e colocá-las em sua seqüência adequada. Isto era necessário por causa da continuidade das novas revelações. É também sabido que o Profeta tinha o hábito de celebrar uma prática adicional de oração durante os meses do jejum, todas as noites, às vezes mesmo em congregação, na qual ele recitava o Alcorão do princípio ao fim, tarefa esta que era completada ao cabo de um mês. Esta prática, chamada de tarawih, continua a ser observada com grande devoção até a estes nossos dias. Quando o Profeta deu seu último suspiro, uma rebelião estava tomando vulto em certas partes do país. Tentando debelá-la, várias pessoas que conheciam o Alcorão de cor tombaram. O Califa Abu Bakr sentiu a urgência da codificação do Alcorão, e a tarefa foi cumprida um mês depois da morte do Profeta. Durante seus últimos anos de vida, o Profeta costumava usar Zaid Ibn Sábet como principal amanuense, para tomar em ditado as revelações recentemente recebidas. Abu Bakr encarregou a mesma pessoa da tarefa da preparação de uma cópia condizente de todo o texto, em forma de livro. Havia então em Madina vários Huffaz (aqueles que sabiam todo o Alcorão de cor), e Zaid era um deles. Sob a direção do Califa, Zaid transcreveu o texto escrito em pergaminhos ou pedaços de couro, nas omoplatas das reses, nos ossos, nas pedras polidas e mesmo em pedaços de porcelana. A cópia condizente, assim preparada, foi chamada de Musshaf (encadernação). Esta foi conservada sob a própria custódia do Califa Abu Bakr e, depois dele, por seu sucessor, Ômar Ibn al Khattab. Nesse meio tempo o estudo do Alcorão foi encorajado em toda parte do Império Muçulmano. O Califa Ômar sentiu a necessidade de enviar cópias do texto autêntico aos centros provincianos, a fim de evitar as divergências; mas foi deixado a seu sucessor, Otman, continuar com a tarefa. Um de seus comandantes, Huzaifa Al Yaman, havendo voltado de uma viagem pelas vastas terras conquistadas pelos muçulmanos, relatou que havia encontrado divergentes cópias do Alcorão e que havia, às vezes, desentendimento entre os diferentes mestres do Livro, concernente a isso. Otman fez imediatamente com que a cópia preparada para Abu Bakr fosse confiada a uma comissão presidida pelo acima mencionado Zaid Ibn Sábet para a reprodução de sete cópias; ele autorizou a revisão da pronúncia, se necessário. Quando a tarefa foi concluída, o Califa efetuou uma recitação pública da nova edição perante os doutos presentes na capital, perante os companheiros do Profeta, e então enviou estas cópias aos diferentes centros do vasto Mundo Islâmico, ordenando que dali por diante todas as cópias fossem baseadas na edição autêntica. Ele ordenou a destruição das cópias que, de algum modo, se desviassem do texto assim oficialmente estabelecido. É concebível que as grandes conquistas militares dos primeiros muçulmanos induzissem alguns espíritos hipócritas a proclamarem sua impulsiva conversão ao Islam por motivos materiais, e para tentar danificá-lo de maneira clandestina. Eles fabricaram versões do Alcorão com interpolações. As "lágrimas de crocodilo", que foram derramadas pela destruição das cópias não autenticadas do Alcorão, por ordem do Califa Otman somente poderiam ter sido de tais hipócritas. É sabido que o Profeta às vezes ab-rogava certos versículos que haviam sido comunicados previamente ao povo, e isso era feito para fortificar as novas Revelações Divinas. Houve Companheiros que aprenderam a primeira versão, sem contudo estarem cientes das últimas modificações, tanto por causa da morte do Profeta como por suas residências fora de Madina. Eles devem ter deixado cópias a seus descendentes, as quais, embora autênticas, estavam ultrapassadas. Ainda, alguns muçulmanos tinham o hábito de pedir ao Profeta que explicasse certos termos empregados no texto sagrado e anotar tais explicações nas margens de suas cópias do Alcorão, a fim de não se esquecerem delas. As cópias feitas mais tarde, com base nesses textos anotados, iriam causar confusões na questão do texto e do glossário. A despeito da ordem do Califa Otman, para que se destruíssem os textos inexatos, existia, nos séculos III e IV da Hégira, assunto bastante para a compilação de volumosas obras, constituindo as "variações do Alcorão." Estas chegaram até nós, mas um apurado estudo mostra-nos que tais variantes eram devidas tanto à aparência falsa, como aos enganos no decifrar-se a velha escrita arábica, que não possuía vogais, nem se podia distinguir entre as letras semelhantes, nem davam idéia das mesmas, sendo meros pontos, como é feito agora. Além disso existiam diferentes dialetos em diferentes regiões, e o Profeta havia permitido aos muçulmanos de tais regiões recitarem de acordo com suas algaravias, e mesmo substituir as palavras que estavam além de sua argúcia, por sinônimos que conhecessem melhor. Esta foi uma medida imergente de graça e clemência. No tempo do Califa Otman, contudo, a instrução pública havia-se desenvolvido suficientemente, e fez-se necessário que aquelas concessões não fossem mais toleradas, pois o Texto Sagrado seria afetado, e as variantes da leitura se radicariam. As cópias do Alcorão enviadas por Otman aos chefes das províncias gradualmente desapareceram, nos séculos subsequentes; apenas uma delas, que presentemente se encontra em Tashkent, chegou até nós. O governo czarista da Rússia havia-a publicado em uma reprodução fac-símile; constata-se haver uma completa identidade entre essa cópia e o texto em uso noutras ocasiões. A mesma é cópia fiel do manuscrito existente do Alcorão, tanto completo como fragmentado, datando do primeiro século da Hégira. O Alcorão é dirigido a toda a humanidade, sem distinção de raça, cor, região ou tempo. Ainda mais, ele procura guiar a humanidade em todas as sendas da vida: espirituais, materiais, individuais e coletivas. Ele contém diretrizes para a conduta do chefe de Estado, bem como do homem comum; do rico, bem como do pobre; diretrizes para a paz, bem como para a guerra; tanto para a cultura espiritual como para o comércio e bem-estar material. O Alcorão busca principalmente desenvolver a personalidade do indivíduo: Cada ser será pessoalmente responsável perante seu Criador. Para tal propósito, o Alcorão não somente fornece ordens, porém tenta ainda convencer. Ele apela para a razão do homem e relata histórias, parábolas e metáforas. Descreve os atributos de Allah (swt), que é Um, Criador de tudo, Onisciente, Onipotente, Ressuscitador dos mortos e Observador de nosso comportamento terreno; é Justo, Clemente (Vide nota da 7ª Surata, versículo 180). O Alcorão indica ainda o modo de aprazermos a Allah (swt), apontando quais as melhores orações, quais os deveres do homem com respeito a Ele, a seus semelhantes e a seu próprio ser; ele dá destaque ao fato de que não nos pertencemos, outrossim, pertencemos a Allah (swt). O Alcorão fala das melhores normas relacionadas com a vida social, comercial, matrimonial, como a heranca, o direito penal, o direito internacional, e assim por diante. Todavia, o Alcorão não é um livro, no senso comum; é a coleção das palavras de Allah (swt), reveladas de tempos em tempos, durante vinte e três anos, a Seu Mensageiro, escolhido entre os seres humanos. O Soberano dá Suas instruções a Seu vassalo; portanto, há certas nuanças compreendidas e implícitas; há repetições, e mesmo mudanças nas formas de expressão. Deste modo, Allah (swt) fala às vezes na primeira pessoa e às vezes na terceira. Ele diz "Eu", bem como "Nós" e "Ele", porém, jamais "Eles". É uma coleção de revelações enviadas de ocasiões em ocasiões; e devemos, por isso, lê-lo mais e mais, a fim de melhor avaliarmos os seus significados. Ele possui diretrizes para todos, em todos os lugares e para todos os tempos. O estilo e a dicção do Alcorão são magníficos e apropriados para a sua qualidade Divina. Sua recitação comove o espírito até daqueles que apenas o ouvem sem entendê-lo. Com o passar do tempo, o Alcorão tem, em virtude de sua reivindicação de origem divina, desafiado a todos a criarem, conjuntamente, mesmo uns poucos versículos iguais aos que ele contém. Tal desafio porém tem permanecido sem resposta até aos nossos dias. Há algumas diferenças intrínsecas entre o Alcorão e os livros precedentes. Tais diferenças podem ser sucintamente estipuladas, como se segue: 1. Os textos originais da maior parte dos primitivos Livros Divinos foram em sua quase totalidade perdidos, sendo que somente as suas traduções existem hoje. O Alcorão, por outro lado, existe hoje exatamente como foi revelado ao Profeta; nem uma palavra - mais ainda, nem uma letra sequer - foi trocada. Encontra-se à disposição, em seu texto original, fazendo com que a Palavra de Allah (swt) seja preservada agora, bem como por todo o porvir. 2. Nos primitivos Livros Divinos os homens mesclaram suas palavras com as palavras de Allah (swt); porém, no Alcorão encontram-se apenas as palavras de Allah (swt) - em suas prístinas purezas. Isto é admitido, mesmo pelos oponentes ao Islam. 3. Não se pode dizer, com base na autêntica evidência histórica, em relação a nenhum outro Livro Sagrado, possuído por diferentes povos, que ele realmente pertence ao mesmo profeta a quem é atribuído. No caso de alguns deles, mesmo isto não é sabido. Em que época e a que profeta eles foram revelados? Quanto ao Alcorão, as evidências que existem de que foi revelado a Muhammad (saws)são tão vultosas, tão convincentes, tão sólidas e completivas, que mesmo o mais ferrenho crítico do Islam não pode lançar dúvidas sobre isso. Tais evidências são tão vastas e detalhadas, que sobre muitos versículos do Alcorão, mesmo a ocasião e o local de suas revelações, podem ser conhecidos com exatidão. 4. Os primitivos Livros Divinos foram revelados em línguas que estão mortas desde há muito tempo. Na era presente, nação ou comunidade alguma fala tais línguas e há apenas umas poucas pessoas que se jactam de compreendê-las. Destarte, mesmo que tais Livros existissem hoje em suas formas originais e inadulteradas, seria virtualmente impossível, em nossa era, compreendermos e interpretarmos corretamente suas injunções, bem como pormos em prática em sua forma requerida. A língua do Alcorão, por outro lado, é uma língua viva; milhões de pessoas falam-na e outro tanto a compreende. Ela está sendo ensinada e aprendida em quase todas as universidades do mundo; todas as pessoas podem aprendê-la, e aquele que não tem tempo para isso pode, em qualquer parte, deparar com quem conheça a língua, que lhe explique o significado do Alcorão. 5. Cada um dos Livros Sagrados existentes, encontrados entre as diferentes nações do mundo, foi dirigido a um povo em particular. Cada um deles contém um número de ditames que parece ter sido dirigido a um período da história em particular e que supria apenas as necessidades daquela era. Tais necessidades não são válidas hoje, nem tampouco podem ser aplainadas e propiciamente vertidas para a prática. Depreende-se disto que tais livros eram dirigidos àqueles povos em particular e nenhum deles para o mundo. Ademais, eles não foram revelados para serem seguidos permanentemente, mesmo pelo povo para o qual foram revelados; restringiam-se a influenciar somente sobre um certo período. Em contraste a isso, o Alcorão é dirigido a toda a humanidade; não se pode suspeitar que injunção alguma tenha sido dirigida a um povo em especial. Do mesmo modo, todos os ditames e injunções no Alcorão são os mesmos que podem ser aplicados em todos os lugares e em todas as épocas. Este fato vem provar que o Alcorão é dirigido ao mundo inteiro, constituindo-se em eterno código para a vida humana. 6. Não há negar o fato de que os precedentes Livros Divinos cultuavam o bem e a virtude, ensinavam também os princípios da moralidade e da veracidade, e apresentavam uma maneira de viver consentânea com a vontade de Allah (swt). Contudo, nenhum deles era suficientemente compreensivo para englobar tudo quanto fosse necessário para uma vida humana virtuosa, sem nada supérfluo, sem nada carente. Alguns deles excediam-se em um aspecto, alguns em outros. É o Alcorão, e apenas o Alcorão, que cultua não apenas tudo o que havia de magnífico nos livros precedentes, mas, ainda, aperfeiçoa os desígnios de Allah (swt) e os apresenta em sua totalidade, delineando uma norma de vida que compreende tudo o que é necessário para o homem, nesta terra. Os pensamentos se renovam e as culturas se proliferam; a vida evolui e a colheita intelectual da humanidade aumenta a cada dia; e quanto mais a humanidade evolui, mais unida e mais mesclada fica. Os veículos de comunicação em muito ajudam nisso, como se quisessem corroborar as palavras do Alcorão: "Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros." (49ª Surata, versículo 13). Samir El Hayek. www.ccib.org.br. Abraço. Davi.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

A ESTRUTURA DO MUNDO I


Religião Afro-brasileira. O Candomblé da Bahia – Rito Nago. Tradução de Maria Isaura Pereira de Queiroz (1918-2018). Capítulo III. A ESTRUTURA DO MUNDO I. Se existem sacerdotes diferentes desempenhando funções que não coincidem, embora complementares, e todas inteiramente necessárias, é forçosamente porque o mundo se divide em certo número de compartimentos, cada espécie de sacerdote presidindo a um ou outro desses domínios. A conclusão de nosso capítulo precedente era de que o social nunca era· senão o reflexo do eterno. A sociedade sacerdotal não faz exceção à regra. Tudo isto nos dita, então, o método a seguir. Para compreender a concepção do mundo, formulada pelos descendentes de africanos na Bahia, é preciso partir do estudo do sacerdócio. Infelizmente como notamos em nosso primeiro capítulo, os diferentes autores só se têm interessado pela hierarquia que vai do babalorixá, ou da ialorixá, até às yauô, aos ogan e às ekedy, no que concerne ao sacerdócio do candomblé. Alude-se ainda a outra espécie de sacerdotes, os babalaô, mas sem insistir no papel que desempenham, na sua importância, no lugar que ocupam num conjunto estrutural particularmente coerente. Não há dúvida de que este modo de ver corresponde a fatos históricos seguros: os babalaô, que na África ocupam o primeiro lugar na classificação sacerdotal, diante da opinião pública perderam este lugar preponderante. O brilho das grandes festas anuais, a dramaturgia das possessões extáticas, a beleza dos ritmos dos tambores cortando as noites com suas músicas "bárbaras" chamam muito mais a atenção dos indivíduos do que os gestos, por assim dizer clandestinos, do babalaô trabalhando em salas fechadas, sem acompanhamento de instrumentos de música, de cânticos ou de danças, rodeados somente por algumas pessoas. Um Martiniano Eliseu do Bonfim (1859-1934) pode, em certo momento, desempenhar papel de prestígio devido à sua viagem à África, devido à sua ciência e cultura, tanto profana quanto africana; mas depois da morte dele, os babalaô parecem desaparecer do cenário. De fato, houve verdadeira guerra entre os babalorixá e os babalô, lutando para saber quem atingiria o mais alto status social, e é evidente que o conflito se liquidou historicamente com a vitória dos primeiros. Mas, como sempre, a estrutura é mais forte do que a história. Se existiam babalaô, era porque este grupo sacerdotal correspondia a uma função determinada, e tal função ainda continua a ser obrigatoriamente desempenhada, aconteça o que acontecer. Como veremos, o que se passou na realidade, e por razões que teremos de perscrutar, não foi tanto o desaparecimento de um grupo de sacerdotes e sim o fato de uma forma de adivinhação ter sido substituída por outra. Ou tender a ser substituída. O búzio venceu o colar de Ifa, salvo nova ofensiva e regresso sempre possíveis. Ao contrário do que se dizia, não foi o babalorixá que venceu o babalaô. Quando iniciamos nossos estudos sobre o mundo dos candomblés, orientamos logo de saída a pesquisa para o lado dos babalaô, pois tinham sido negligenciados pelos etnógrafos que nos tinham precedido. A princípio, foi simples curiosidade de africanista que não quer refazer, o que já foi feito, e bem feito, antes dele, mas que deseja desbravar terrenos virgens. Mas a. colheita de dados ia transformar a própria imagem que formávamos do mundo dos candomblés. Em primeiro lugar, notamos que a luta entre babalorixá e babalaô ainda não estava terminada; os babalaô, pelo contrário, tinham o sentimento de sua superioridade: "O babalorixá não se ocupa senão de um único candomblé, o babalorixá tem a seu cargo vários candomblés, e em todos eles nada pode ser feito sem que o babalaô tenha sido consultado". O mesmo informante me dizia também: "Formamos uma maçonaria, há trinta e três graus de babalaô, de um a trinta e três; sim, digo-lhe que nossa religião é realmente uma maçonaria". Nada afirmo sobre este número 33, que nunca pude verificar. Mas o que descobri mais tarde e que este babalaô era na realidade um colhedor de ervas. Por outro lado, os artigos de Protásio Frikel (912-1974) ligavam o culto dos mortos a uma das funções dos babalaô. Não há dúvida de que é preciso não confiar muito, nem nos informantes de Frikel, nem nas interpretações a que ele chega, baseado em falsas informações. Mas a respeito tivemos pelo menos confirmação indireta de tal ligação em velhos artigos de jornal, que contavam uma busca de polícia na casa dos mortos da ilha de Itaparica e a prisão de seu proprietário, chamado Alaba. Ora, esta designação é dada na África ao primeiro babalaô de Ife e "quando Alaba deixou esta vida, foi substituído. Todos os sucessores tiveram o título de Alaba". Não tínhamos, porém, senão um ponto de partida. À medida que a pesquisa prosseguia, descobríamos diversos Alaba, um como divindade (citado por João do Rio); outro como o segundo filho, depois do nascimento dos Gêmeos (citado por E. Carneiro) e é passível, por conseguinte, que os termos variem de acordo com a acentuação que tiverem. Por isso não podíamos confundir numa única "maçonaria" todos os sacerdotes existentes fora do candomblé. Pierre Verger (1902-1996) nos escreveu a esse respeito: "Existe Alagba, que significa um velho, termo de respeito muitas vezes dado ao Babalawo". Desse modo, prosseguindo nas pesquisas, acabamos achando que a função tríplice: adivinhação, colheita de ervas, culto dos antepassados, acarretava não apenas um, mas três sacerdócios, que se acrescentam ao sacerdócio do babalorixá. Falando do ritual de iniciação, dizia efetivamente um de nossos informantes: "Antes de começar a iniciação, é preciso consultar Ifa para saber qual o santo a que se pertence, e esta é a função do babalaô. Então a filha de santo entra no candomblé e é o babalorixá que a "faz". Mas, para fazê-la, precisa lavar a cabeça com as folhas da divindade, e é o babalosaim o encarregado da colheita, sendo também necessária a permissão dos antepassados, que é pedida pelo babaogê". E ajuntava mais: "O babalorixá necessita ao babalaô, do babalosaim e do babaogê; nada pode fazer sem eles. O babalorixá não é senão o chefe de um terreiro e de um grupo de filhas de santo". Tais palavras confirmavam as primeiras informações recolhidas. Elas traçavam o esquema sacerdotal dos africanos da Bahia, que ultrapassa os limites dos terreiros enquanto santuários autônomos. No entanto, nada nos dizem sobre a questão de constituírem as três espécies de sacerdotes, os que se ocupam da adivinhação, das folhas e dos Eguns, uma só e mesma sociedade, uma "maçonaria" hierarquizada, composta de estratos de funções superpostas. Teria o babalosaim que conhecemos (e que já morreu) sido levado a se inserir na hierarquia dos babalaô impelido pelo desejo de ficar acima dos babalorixá, procurando assim, na luta dos sacerdotes pelo status social mais alto, se apoiar no conjunto de todos os sacerdócios existentes fora dos terreiros, seguindo o ditame de que a união faz a força? Ou sua afirmação corresponderia a uma realidade sociológica? Efetivamente, os babalaô da África têm a seu lado assistentes encarregados da colheita das "folhas" indispensáveis aos sacrifícios de Fa e que entram, por isso, para o seu grupo sacerdotal. Não estamos atualmente em estado de responder a esta questão. Mas, formem ou não os outros sacerdotes existentes, além dos babalorixá, uma única "maçonaria", não deixa de ser verdade que na Bahia, do ponto de vista funcional, há quatro espécies de sacerdócios: os babalorixá (ou ialorixá) que presidem ao culto dos Orixá; os babalaô propriamente ditos, que presidem ao culto de Ifa; os babalosaim que presidem ao culto de Osaim, a "dona" das folhas; os babaogê que presidem ao culto dos Eguns. Tal sacerdócio quádruplo corresponde a uma estrutura quádrupla do mundo, deuses, homens, natureza, mortos. O objeto deste capítulo é analisar a estrutura em questão, partindo de sua imagem simbólica, isto é, dos sacerdotes que presidem a cada uma destas quatro secções do cosmos. 1 - OS BABALAÔ. Podem os Orixá de duas maneiras tomar conhecida dos homens sua vontade, ou pela possessão dos fiéis - e então lhes revelam o futuro no decorrer de seus transes - ou por meio de nozes, de búzios ou de outros processos de adivinhação. Poderíamos chamar estas duas maneiras de adivinhação subjetiva e adivinhação objetiva. A primeira não é possível senão através da celebração de um ritual especial que tem lugar durante o período de iniciação das yauô, ou logo em seguida à sua conclusão, e que tem o nome de "ritual de dar a palavra". Infelizmente, não temos nenhuma indicação sobre o modo pelo qual o dom de profecia em estado de transe é dado aos "cavalos de santo". Poderíamos citar muitas historietas em que tal dom se manifesta: ialorixá prevenida da perseguição da polícia e a quem se recomenda que esconda os objetos do culto; babalorixá que adivinha que a polícia vai entrar em seu terreiro e que recebe conselhos sobre o que deverá fazer então; ialorixá que é posta a par de um futuro movimento revolucionário, que se desencadeará na região, o que lhe permite guardar provisões para não sofrer fome em tal ocasião (...), etc. Esta adivinhação subjetiva concerne, bem entendido, aos membros do candomblé e nada tem que ver com os babalaô, os quais, ao contrário dos babalorixá e das ialorixá, não podem jamais "cair no santo", isto é, cair em estado de transe. Mas os Orixá só aparecem pessoalmente em casos muito graves. A cada instante, no entanto, é necessário saber o que desejam. E não se pode consultar constantemente o babalaô, principalmente quando se tem urgência de uma resposta. Existe, pois, um processo de adivinhação no interior dos candomblé, e nas páginas precedentes já vimos sua utilização pelo babalorixá ou um de seus assistentes, por exemplo no obori: é o processo que utiliza as nozes de kola ( obi, oubi ou orôbo), divididas em quatro pedaços. Depois de consagrada a sala e realizadas orações, jogam-se os quatro pedaços no chão. Se os quatro pedaços caem com a parte interna dirigida para cima, os deuses respondem “sim" à pergunta que lhes foi feita (alafia); se não há senão três fragmentos com a parte interna dirigida para cima, a resposta é "não" ( Etawa); se dois pedaços têm as partes internas voltadas para cima e os dois outros não, a resposta é favorável (ajiala Ketu). Se um só fragmento tem a parte interna voltada para cima, a resposta é desfavorável (Okanran). Finalmente, se todos os pedaços têm as partes internas voltadas para baixo, a resposta é desastrosa (Oyaku). Em caso de resposta negativa, repete-se o exercício três vezes. Pode acontecer que, com a promessa de sacrifício apropriado, o deus se acalme e acabe por aceitar o que primeiramente tinha recusado. Esta técnica de tirar a sorte é peculiar, pois, aos membros do candomblé; não interessa ao babalaô; mas também não pode dar grande quantidade de indicações. Os Orixá respondem somente por um "sim" ou "não", sem acrescentar nenhuma outra "palavra". O babalaô que no Brasil é também chamado às vezes "vidente" (Oluô) mas erradamente, pois Oluô é um título hierárquico de certos babalô e não uma designação geral, dispõe, entretanto, de dois processos que lhe permitem conhecer grande número de "palavras": o colar de Ifa ou kpelê (Opelê) e os búzios de Exu  ou Edulogun (edilogun).Como sacerdote Ifá, o babalaô é o único que tem o direito de tocar no opelê ou nos cocos de dendê. O mesmo não se dá com o edilogum. Com efeito, um mito recolhido na Bahia explica como Elegba, que é outro nome de Exú, deu às filhas de Oxun a possibilidade de, além do babalaô, também tirarem a sorte com os búzios. Ifa era um pobre pescador que vivia miseravelmente. Fez um dia contrato com Elegba, comprometendo-se a lhe servir de escravo devotado durante 16 anos. Elegba enviou-o à floresta buscar coquinhos de dendê e ensinou-o a prepará-los para a adivinhação. Mas chegava tanta gente para consultá-lo, que lfa teve necessidade de uma mulher que se ocupasse de sua casa; tomou uma apetebi, que não era outra senão Oxun. As pessoas que não conseguiam chegar a ver o próprio Ifa, pediam a Oxun que fizesse o favor de tirar a sorte para elas. Então Oxun se queixou ao marido de que não conhecia a arte de ler o futuro e, depois de muita insistência, Ifa tomou 16 coquinhos, preparou-os e pediu a Elegba que respondesse por intermédio deles às perguntas feitas por Oxun. Elegba aceitou de má vontade; e se hoje realmente responde às questões das apetebi, em represália persegue os filhos de Oxun com mais furor ainda do que os filhos dos outros Orixá. Cada babalaô tem, então, perto de si uma mulher que é filha de Oxun, mas não de qualquer Oxun, pois cada divindade é múltipla; é preciso que seja da mais velha de todas as Oxun, Yaba Omi, só está é, que pode ser a apetebi do babalaô. Mas não nos enganemos. Trata-se de uma sacerdotisa, de uma espécie de babalaô feminino e não da mulher legítima do babalaô. Dizia-se mesmo antigamente que ela estava votada à castidade. Mas é evidente que a poligamia, que os negros conservaram no Brasil reinterpretando-a, naturalmente, em termos ocidentais de mulher legítima e de uma ou várias concubinas, pode tornar a apetebi uma das mulheres do adivinho. Certas apetebi e os babalaô de nível inferior utilizam somente quatro búzios, os quais, como os obi, podem responder apenas sim ou não. As apetebi e os babalaô de grau superior utilizam de 16 búzios. Finalmente, certos babalaô têm um jogo de 32 búzios. Todavia, as apetebi não têm o direito de ultrapassar as 16 "letras", como se diz muitas vezes no meio africano. Embora existindo búzios nas praias do Brasil, não são empregados na adivinhação. Esta só pode ser praticada com caramujos vindos da África e que no mercado são vendidos a alto preço. Cada búzio tem uma das faces quebrada, de maneira a apresentar um lado aberto e outro fechado. O adivinho sacode os entre as duas mãos reunidas em concha e lança-os; segundo a maneira pela qual caem, lê-se a "palavra" formada. Página 143. Livro O Candomblé da Bahia. Abraço. Davi.

terça-feira, 23 de junho de 2020

OS ANALECTOS - LIVRO XII


Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO XII. 1. Yen Yüan perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Voltar-se à observância dos ritos sobrepondo-se ao indivíduo constitui a benevolência. Se por um único dia um homem puder retornar à observância dos ritos ao sobrepor-se a si mesmo, então todo o Império o considerará benevolente. Entretanto, a prática da benevolência depende inteiramente da própria pessoa, e não dos outros”. Yen Yüan disse: “Gostaria que vocês listassem os passos deste processo”. O Mestre disse: “Não olhe a menos que esteja de acordo com os ritos; não escute a menos que esteja de acordo com os ritos; não fale a menos que seja de acordo com os ritos; não se mexa a menos que seja de acordo com os ritos”. Yen Yüan disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”. 2. Chung-kung perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Quando em terra estrangeira, comporte-se como se recebesse um convidado importante. Quando empregar os serviços do povo comum, comporte-se como se estivesse oficiando um importante sacrifício. Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio. [130] Desse modo, você estará livre de maus sentimentos, seja no âmbito do reino ou de uma família nobre”. Chung-kung disse: “Embora eu não seja rápido, hei de dirigir meus esforços para o que o Mestre falou”. 3. Ssu-ma perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “Amarca distintiva do homem benevolente é que ele reluta em falar”. “Nesse caso, pode-se dizer que um homem é benevolente simplesmente porque reluta em falar?” O Mestre disse: “Quando agir é difícil, causa alguma surpresa que alguém relute em falar?”. [131] 4. Ssu-ma Niu perguntou sobre o cavalheiro. O Mestre disse: “O cavalheiro é livre de preocupações e medos”. “Nesse caso, pode-se dizer que um homem é um cavalheiro simplesmente porque está livre de preocupações e medos?” O Mestre disse: “Se, ao examinar a si próprio, um homem não encontra nenhuma razão para se repreender, que preocupações e medos pode ele ter?”. 5. Ssu-ma Niu apareceu preocupado, dizendo: “Todos os homens têm irmãos. Só eu não tenho nenhum”. Tzu-hsia disse: “Já ouvi dizer: vida e morte são uma questão de Destino; riqueza e honra dependem do Céu. O cavalheiro é reverente e não faz nada errado, é respeitoso para com os outros e observa os ritos, e todos habitantes dos Quatro Mares serão seus irmãos. Qual a necessidade de o cavalheiro preocupar-se quanto a não ter irmãos?”. 6. Tzu-chang perguntou sobre a perspicácia. O Mestre disse: “Quando um homem não é influenciado por difamações continuamente repetidas ou por denúncias pelas quais ele sente alguma simpatia, ele pode ser chamado de perspicaz. Ao mesmo tempo, ele pode ser chamado de previdente”. 7. Tzu-kung perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Dê-lhes comida suficiente, dê-lhes armas suficientes, e as pessoas comuns confiarão em você”. Tzu-kung perguntou: “Se alguém tivesse de abrir mão de um desses três, de qual deveria abrir mão primeiro?”. “Abra mão das armas.” Tzu-kung disse: “Se alguém tivesse que abrir mão de um dos dois restantes, de qual deveria abrir mão primeiro?”. “Abra mão da comida. Amorte sempre esteve conosco, desde o começo dos tempos, mas quando não há confiança, as pessoas comuns não terão nada a que se agarrar.” 8. Chi Tzu-ch’eng disse: “O mais importante a respeito de um cavalheiro é o material do qual ele é feito. Para que ele precisa de refinamento?”. Tzu-kung comentou: “É uma pena que um cavalheiro fale desse modo sobre o cavalheiro. ‘Uma parelha de quatro cavalos não pode ir mais rápido do que a língua de alguém.’O material não difere do refinamento; o refinamento não difere do material. A pele de um tigre ou de um leopardo, desprovida de pelos, não é diferente da de um cachorro ou de uma ovelha”. 9. O duque Ai perguntou a Yu Juo: “A colheita vai mal, e não tenho o suficiente para cobrir os gastos. Que devo fazer?”. Yu Juo respondeu: “Que tal taxar as pessoas em uma de dez partes?”. “Já não tenho o suficiente agora que as taxo em duas partes de dez. Como eu poderia taxá-las em uma parte de dez?” “Quando as pessoas têm o suficiente, quem sobra na insuficiência? Quando as pessoas não tem o suficiente, quem resta para gozar da abundância?” 10. Tzu-chang perguntou sobre a exaltação da virtude e sobre como reconhecer a incoerência. O Mestre disse: “Faça o seu princípio norteador dar o melhor de si pelos outros e ser coerente com aquilo que diz, e vá onde há retidão, então você estará exaltando a virtude. Quando se ama um homem, deseja-se que ele viva, e quando se odeia um homem, deseja-se que ele morra. Se, tendo uma vez desejado que ele vivesse, você depois deseja que ele morra, isso é incoerência. Se você não o fez pelo bem dos ricos, Você deve tê-lo feito pelo bem da mudança”. [132] 11. O duque Ching de Ch’i perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Deixe que o governante seja um governante, o súdito, um súdito, o pai, um pai, o filho, um filho”. O duque disse: “Esplêndido! Realmente, se o governante não for um governante, o súdito, um súdito, se o pai não for um pai e o filho, um filho, então, mesmo que houvesse grãos, conseguiria eu comê-los?”. 12. O Mestre disse: “Se alguém pode chegar à verdade de uma disputa legal apenas a partir das evidências de uma das partes, é, talvez, Yu”. Tzu-lu nunca posterga o cumprimento de uma promessa ao dia seguinte. 13. O Mestre disse: “Ao julgar uma disputa judicial, sou igual a qualquer outro homem. Mas, se vocês insistem em uma diferença, é, talvez, que, em primeiro lugar, tento convencer as partes a não recorrer ao litígio”. 14. Tzu-chang perguntou sobre governo. O Mestre disse: “Quanto à rotina diária, não mostre cansaço, e quando houver alguma ação a ser tomada, dê o melhor de si”. 15. O Mestre disse: “O cavalheiro que é muito culto mas que é levado às coisas essenciais pelos ritos dificilmente vai se voltar contra aquilo que apoiou”. [133] 16. O Mestre disse: “O cavalheiro ajuda os outros a perceberem o que há de bom neles; não os ajuda a perceberem o que há de ruim. O homem vulgar faz o contrário.” 17. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre governo. Confúcio respondeu: “Governar (cheng) é corrigir (cheng). [134] Se você der exemplo ao ser correto, quem ousaria continuar sendo incorreto?”. 18. O grande número de ladrões na região era uma fonte de preocupação para Chi K’ang Tzu, que pediu conselho a Confúcio. Confúcio respondeu: “Se você não fosse um homem ganancioso [135] , ninguém roubaria, nem mesmo se oferecessem recompensas aos ladrões”. 19. Chi K’ang Tzu perguntou a Confúcio sobre o governo, dizendo: “O que o Mestre pensaria se, para me aproximar daqueles que seguem o Caminho, eu matasse aqueles que não o seguem?”. Confúcio respondeu: “Qual a necessidade de matar para administrar um governo? Apenas deseje o bem, e o povo será bom. A virtude do cavalheiro é como o vento; a virtude do homem comum é como grama. Que o vento sopre sobre a grama, e ela com certeza se dobrará”. [136] 20. Tzu-chang perguntou: “Como um cavalheiro deve ser para que digam que ele conseguiu distinguir-se?”. O Mestre disse: “Que diabos você quer dizer com ‘distinguir-se’?”. Tzu-chang respondeu: “O que tenho em mente é um homem que tem certeza de ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”. O Mestre disse: “Isso é ser conhecido, não se distinguir. O termo ‘distinguir-se’descreve um homem que é correto por natureza e que gosta do que é certo, sensível às palavras das outras pessoas e observador da expressão nos rostos delas e que sempre se preocupa em ser modesto. Tal homem é destinado a distinguir-se, sirva ele em um reino ou em uma família nobre. Por outro lado, o termo ‘ser conhecido’descreve um homem que não tem dúvidas de que é benevolente, quando tudo o que ele está fazendo é mostrar uma fachada de benevolência que não condiz com suas ações. Tal homem é destinado a ser conhecido, sirva ele em um reino ou em uma família nobre”. 21. Fan Ch’ih estava com Confúcio durante uma visita ao Altar da Chuva. Ele disse: “Posso perguntar sobre o acúmulo da virtude, a reforma dos corrompidos e a admissão do mau julgamento?”. O Mestre disse: “Que esplêndida pergunta! Colocar o serviço prestado acima da recompensa que você ganha, não é isso acúmulo da virtude? [137] Atacar o mal como o mal e não como o mal de um homem em particular, não é isso o caminho para reformar os corrompidos? Deixar que um repentino ataque de raiva faça com que você esqueça da segurança da sua própria pessoa ou mesmo da dos seus parentes, não é isso um mau julgamento?” 22. Fan Ch’ih perguntou sobre benevolência. O Mestre disse: “Ame seus semelhantes”. Ele perguntou sobre a sabedoria. O Mestre disse: “Conheça os homens”. Fan Ch’ih não entendeu. O Mestre disse: “Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. [138] Isso pode endireitar os corrompidos”. Fan Ch’ih retirou-se e foi falar com Tzu-hsia, dizendo: “Há pouco fui ver o Mestre e perguntei sobre a sabedoria. O Mestre disse: ‘Promova os justos e coloque-os acima dos corrompidos. Isso pode endireitar os corrompidos’. O que ele quis dizer?”. Tzu-hsia disse: “Rico, de fato, é o significado de tais palavras. Quando Shun dominava o Império, escolhendo entre a multidão ele promoveu Kao Yao e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes. Quanto T’ang dominava o Império, escolhendo entre a multidão promoveu Yi Yin e, ao fazer isso, afastou aqueles que não eram benevolentes”. 23. Tzu-kung perguntou sobre como os amigos devem ser tratados. O Mestre disse: “Aconselhe-os o melhor que puder e guie-os corretamente, mas pare quando hão houver esperança de sucesso. Não peça para ser rejeitado”. [139] 24. Tseng Tzu disse: “Um cavalheiro faz amigos por meio da sua cultura, mas busca os amigos para apoio benevolente”. www.https//rt.br. Abraço. Davi

segunda-feira, 22 de junho de 2020

II. A MULHER NO ISLAM


Islamismo. www.ccib.org.br. II. A MULHER NO ISLAM. O Islam exaltou generosamente a mulher, honrou-a e tratou-a com civilidade, quer como criança e adolescente, quer como esposa e mãe. a) - Como Criança e Adolescente: Antes do advento do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o mundo degradou a mulher e, praticamente, baniu-a. Ela tinha sido atirada para tão profundo abismo, que parecia não haver esperança na sua redenção. O Islam lutou acirradamente contra esta injustiça, sublinhando que a vida precisava tanto do homem como da mulher. A mulher não foi criada para ser ridicularizada e banida, como o homem, a mulher tem o seu propósito e direito à existência, e a Natureza está a alcançar o seu objetivo com a ajuda de ambos, homem e mulher, conforme reza o Alcorão: "A Deus pertence a Soberania dos céus e da terra. Ele cria o que deseja. Dá filhas a quem deseja e dá filhos a quem deseja; ou dá-lhes aos pares machos e fêmeas, e torna estéril a quem deseja, pois Ele é Sábio e Poderoso.'' (Alcorão Sagrado 42:49-50). Onde todas as outras religiões privam a mulher de todos os direitos, até ao de viver, o Islam garante-lhe os mesmos direitos que ao homem. O Islam também avisa aqueles que pretendem retirar-lhes os seus direitos, serão, seguramente, responsáveis perante Deus no Dia do Julgamento. ''Quando as almas forem reunidas, quando a filha, sepultada vida, for interrogada: Por que delito foste assassinada?'' (Alcorão Sagrado 81:7-9). O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), instituiu numerosas instruções a favor da mulher. Favores que ela não podia obter mesmo dos auto denominados apoiantes modernos dos direitos da mulher. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse: ''Deus proibiu-vos a desobediência às vossas mães, a recusa a sancionar direitos, a acumulação de riqueza de qualquer maneira (halal e haram = lícito e ilícito) e o enterro de filhas vivas." (Al Bukhari). Ele disse, igualmente: "Um homem que tem uma filha e não a despreza, não a enterra viva, nem prefere o seu filho em detrimento da sua filha, Deus admiti-lo-á no Céu." (Abu Daud). Sobre Fatimah o Profeta disse: ''A minha filha é a minha carne, qualquer problema com ela causará a minha dor." (Bukhari e Muslim). Os ensinamentos Islâmicos revolucionaram o pensamento daqueles homens que enterravam as suas filhas vivas, e que não sentiam qualquer vergonha ao fazê-lo. Começaram a amar e a alimentar as suas filhas. Aqueles que no passado tinham recusado a abrigar as suas próprias filhas, tornaram-se os guardiães das filhas de terceiros. Por ocasião da Batalha de Uhud, o pai de Jabir, disse-lhe: "Meu filho, eu posso ser martirizado na batalha que se avizinha; se isso acontecer, aconselho-te a tomares conta das minhas filhas." Assim aconteceu, Jabir, que ainda era novo, desposou uma viúva que tinha à sua responsabilidade as sua irmãs. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), perguntou-lhe: "Porque é que não casaste com uma mulher jovem?'' Ele respondeu: "Ó Rassulullah (Mensageiro de Deus)! O meu pai foi morto na Batalha de Uhud, deixando atrás de si nove filhas, que são minhas irmãs. Por isso, escolhi tal mulher para o meu casamento que pudesse tomar bem conta delas." O Profeta disse: "Agiste bem." (Al Bukhari). Estes são exemplos que a história de outras religiões não podem apresentar, o Islam é a única religião que honrou a mulher, desde a sua infância até à sua morte. b)- Como Esposa: O casamento é a união legal entre um homem e uma mulher para toda a vida e, por consequência, não tem como objetivo ser uma ligação temporária. É por isso que, no Islam, o "mutah", ou seja casamento temporário, é proibido. Assim, o casamento no Islam é compartilhado pelas duas metades da sociedade, e os seus objetivos, para além de perpetuar a vida humana, são o bem-estar emocional e a harmonia espiritual. A sua base é o amor e a misericórdia. Entre os versículos mais impressionantes do Alcorão, sobre o casamento, está o seguinte: ''Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.'' (Alcorão Sagrado 30:21). Esta é uma importante definição da relação existente entre esposo e esposa, através do casamento, espera-se que encontrem tranquilidade na companhia um do outro, limitados, não somente pela relação sexual, mas, também, pelo amor e misericórdia. Tal descrição inclui carinho mútuo, consideração, respeito e afeto. Existem numerosas tradições, particularmente as narradas por Aicha esposa do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que fornecem uma clara visão interna do modo como o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), tratava as suas esposas, e da forma como estas o tratavam. O aspecto mais relevante, sobre este assunto, é o da evidência do cuidado e respeito mútuos das relações matrimoniais. Não existe qualquer servilismo por parte das esposas, existem quase tantas referências ao Profeta em levar a cabo determinadas ações de modo a agradar às suas esposas, como as há destas a retribuírem-lhe a atenção. O Alcorão refere-se às esposas de uma forma geral, num outro capítulo, dizendo: ''Elas são vossas vestimentas e vós o sois delas.'' (Alcorão Sagrado 2:187). Por outras palavras, assim como o vestuário fornece calor, proteção, decência e elegância, também o marido e a esposa oferecem a cada um intimidade, conforto e proteção para não cometer adultério, ou outro tipo de ofensa. Tudo isto vai de encontro ao que foi retirado do Alcorão, de que um dos mais importantes objetivos dos regulamentos que orientam o comportamento e relações humanas, é o de preservar a unidade familiar, de tal modo que a atmosfera de tranqüilidade, amor, misericórdia e consciência de Deus, se possa desenvolver e florescer para o benefício do marido e da esposa, bem como das crianças nascidas do matrimônio. É evidente que, onde as outras religiões condenaram a mulher, o Islam honrou-a. O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) elevou a posição da mulher e forneceu-lhe um lugar respeitável no seio da sociedade humana. C)- Como Mãe: O Islam considera deveras importante a bondade para os pais a seguir à adoração de Deus. O Alcorão refere: ''O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos, em vossa companhia; não os reproveis, nem os rejeiteis; outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. '' (Alcorão Sagrado17:23). Mais do que isto, o Alcorão Sagrado contém recomendações especiais relativas ao correto tratamento a ter em relação às mães.”E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta, entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos. (E lhe dizemos): Agradece a Mim e aos teus pais, porque retorno será a Mim.'' (Alcorão Sagrado 31:14). Numa família muçulmana, no que diz respeito à honra, o Islam ordenou que se honrasse a mãe mais do que o pai, a irmã mais do que o irmão, e a filha mais do que o filho. Certo homem dirigiu-se ao Profeta perguntando: "Ó Mensageiro de Deus! Quem, de entre as pessoas, é a mais merecedora da minha companhia?" O Profeta respondeu: ''A tua mãe". O homem retorquiu: "Depois, quem mais?" Só então o Profeta Muhammad disse: "O teu pai". (Bukhari e Muslim). Ainda existe o famoso dito do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele): "O Paraíso encontra-se aos pés das mães" (Nassal Ibn Majah, Ibn Hanbal). Ele também disse: "É o generoso (em caráter) aquele que é bom para as mulheres, e é fraco aquele que as insulta". "Deus ordena-nos que tratemos as mulheres de uma forma nobre, pois que elas são nossas mães, filhas e tias." Aspecto Social - Direitos Assegurados Pelo Islam à Mulher. 1-. Direito à Vida: O primeiro e fundamental direito é, o direito à vida. A Lei Islâmica diz: ''Aquele que matar um ser humano (homem ou mulher) sem que ele tenha cometido homicídio ou semeado corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade.'' (Alcorão Sagrado 5:32). "E não destruas a vida que Deus tornou sagrada a não ser em casos de justiça." (Alcorão Sagrado 6:151). Apesar da aceitação social do infanticídio feminino entre as tribos árabes, o Islam proibiu este conhecido costume, e considerou-o um crime como qualquer outro assassinato: ''Quando as almas forem reunidas, quando a filha, sepultada vida, for interrogada: Por que delito foste assassinada?'' (Alcorão Sagrado 81:7-9). Criticando a atitude de tais pais que rejeitam crianças do sexo feminino, Deus diz: "Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Quem péssimo é o que julgam! '' (Alcorão Sagrado 16:58-59). Além disso, o Islam requer, para ela, um tratamento amável e justo. Entre os dizeres do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), citamos o seguinte: "Qualquer um que tenha uma filha e que não a enterra viva, que não a insulta, nem favorece o seu filho em detrimento da sua filha, Deus fá-lo-á entrar no Paraíso." (Ibn Hanbal). 2 – Individualidade. No Islam, a mulher não é produto do diabo ou a semente do mal. No Islam, o homem não ocupa o lugar de senhor absoluto da mulher, que, sem outra alternativa, tem que se render ao seu domínio. No Islam só nos submetemos a Deus e só a Ele nos rendemos e prestamos contas. No Islam, ao contrário de outras crenças e sistemas religiosos, a mulher tem alma e é dotada de qualidades espirituais. O Islam não considera Eva a única responsável pelo pecado original de toda a humanidade e, por consequência, pelo sacrifício na cruz de Jesus (swas) para redimir a humanidade do pecado original. O Alcorão esclarece que tanto Adão como Eva erraram, ambos foram tentados, ambos pecaram e ambos foram perdoados por Deus após ter manifestado arrependimento. Allah salienta no Alcorão que Adão foi o único responsável por seu erro. "Havíamos firmado o pacto com Adão, porém, ele esqueceu-se dele; e não vimos nele firme resolução" (Alcorão 20:115). "E ambos comeram (os frutos) da árvore, (...) Adão desobedeceu a seu Senhor e foi seduzido. Mas logo o seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e encaminhando-o." (Alcorão 20:121-122). Portanto, não há nada na doutrina islâmica ou no Alcorão que considere a mulher como responsável pela expulsão de Adão do Paraíso ou pela miséria da humanidade. A mulher na lei islâmica é igual ao homem. Ela é tão responsável por seus atos como o homem o é. Seu testemunho é solicitado e valido na corte. Suas opiniões são buscadas e seguidas, o Profeta (sas) consultou sua esposa, (Um Salama) sobre uma das mais importantes questões para a comunidade muçulmana. O Alcorão menciona, especificamente, que aqueles que buscavam informação das esposas do Profeta podiam fazê-lo, desde que atendidas determinadas condições. "(...) E se desejardes perguntar algo a elas (suas esposas), fazei-o detrás de cortinas." (Alcorão 33:53). Na medida em que perguntas exigem respostas, as Mães dos crentes ofereciam fatwas àqueles que perguntavam e narravam ahadiss a todo aquele que desejasse transmiti-los. Além do mais, as mulheres estavam acostumadas a questionar o Profeta (sas) mesmo na presença dos homens. Nem elas ficavam constrangidas por se fazerem ouvir nem o Profeta as impedia de indagar. Mesmo no caso de Omar, quando ele foi desafiado por uma mulher durante o seu sermão no minbar, ele não retrucou, pelo contrário, admitiu que ela estava certa e ele errado e disse: "Todo mundo é mais instruído do que Omar." Um outro exemplo alcorânico de uma mulher falando em público é o mencionado no versículo 28:23. Além desse, o Alcorão relata a conversa entre Salomão e a Rainha de Sabá, assim como entre ela e seus subordinados. Todos esses exemplos demonstram que as mulheres podem expressar suas opiniões publicamente porque o que quer que tenha sido prescrito a elas antes de nós está prescrito para nós, a não ser que seja unanimemente rejeitado pela doutrina Islâmica. Portanto, a única proibição é a mulher se comportar de modo a se insinuar ou tentar o homem. Isto está expresso no Alcorão, onde Allah diz: "Ó esposas do Profeta, vós não sois como as outras mulheres; se sois tementes, não sejais insinuantes na conversação, para evitardes a cobiça daquele que possui morbidez no coração, e falai o que é justo." (Alcorão 33:32). Assim, o que é proibido é o falar insinuante que induz aqueles que têm os corações doentes a se comportarem de forma inadequada. Mas, isto não quer dizer que toda conversa com as mulheres seja proibida, porque Allah completa o versículo "(...) mas falai o que é justo." (Alcorão 33:32) O homem é testado mais por suas bênçãos do que por suas tragédias. E Allah diz: "(...) e vos provaremos com o mal e com o bem." (Alcorão 21:35). Em apoio a este argumento Allah diz no Alcorão que as duas maiores bênçãos da vida, riqueza e filhos, são provas. "E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova" (Alcorão 8:28). Uma mulher, não obstante as bênçãos que ela espalha em seu ambiente, também pode ser uma prova, posto que ela pode desviar um homem de sua obrigação para com Allah. Assim, Allah cria a consciência de como as bênçãos podem ser extraviadas a ponto de se tornarem maldições. Os homens podem usar suas esposas como uma desculpa para não cumprir a jihad ou para fugir do sacrifício de produzir riqueza. No Alcorão Allah avisa: "Ó fiéis, em verdade, tendes adversários entre as vossas mulheres e os vossos filhos" (Alcorão 64:14). A advertência é a mesma para aqueles abençoados com riqueza e descendência abundantes (63:9). Além disso, o hadiss diz: "Por Deus não receio a pobreza para vós, mas sim que o mundo vos seja abundante como o foi para aqueles antes de vós e assim que luteis pela abundância da mesma forma que aqueles antes de vós lutaram e assim que sejais destruídos assim como eles foram destruídos." Este hadiss não quer dizer que o Profeta encorajasse a pobreza. A pobreza é uma maldição contra a qual o Profeta buscava refúgio em Allah. Ele não pretendia que sua Ummah se privasse da riqueza e da abundância- "O melhor da boa riqueza é para o justo." As mulheres também são um presente para o justo, porque o Alcorão diz que o muçulmano e a muçulmana, o crente e a crente, são ajuda e conforto um para o outro, aqui e no além. O Profeta não condenou as bênçãos que Allah propiciou para a sua Ummah. Antes pelo contrário, ele desejava afastar os muçulmanos e a sua Ummah dos caminhos escorregadios, cujo fosso insondável é uma lama de crueldade e desejo. A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher. No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos. Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124). No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras. 3. Educação e instrução. Ela se iguala ao homem na busca pelo conhecimento e educação. Quando o Islam conclama os muçulmanos para a busca do conhecimento, ele não faz distinção entre os sexos. A educação não é somente um direito, mas uma responsabilidade de todos os homens e mulheres porque essa é a melhor forma de se aproximar de Allah (swt). Ela passa a ter os seus horizontes abertos, e a sua fé passa a ser uma fé consciente, enraizada na mente e no coração. A mulher é a base da sociedade, pois ela é a mãe "é a melhor das escolas"; é com ela que aprendemos tudo o que se refere aos princípios morais e boas maneiras. Logo, se a mãe é sábia e virtuosa, seus filhos assim crescerão, e a sociedade será consolidada na verdade e na virtude, Mohammad, há 14 séculos atrás, foi muito claro ao afirmar que a busca do conhecimento é uma obrigação para todo o muçulmano, seja homem ou mulher. Durante muito tempo foi negado à mulher o direito de expor suas opiniões. Em Coríntios I 14:34/35, São Paulo diz: “Como em todas as congregações de santos, as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas. Não é permitido a elas falar e devem ser submissas, como a lei diz. Se elas quiserem perguntar sobre alguma coisa que perguntem a seus maridos em casa, porque é vergonhoso para uma mulher falar nas igrejas.” Em Timóteo I 2:11-14, ele escreveu: “Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada, porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora”. O Islam entende que uma mulher não pode se instruir se não lhe é permitido falar. O Islam entende que uma mulher não pode crescer intelectualmente se ela é obrigada a um estado de completa submissão. O Islam entende que uma mulher não tem vida própria se sua única fonte de informação é o marido em casa. 4. Liberdade de Expressão: Por isso, no Islam ela tem direito à liberdade de expressão, tanto quanto o homem. Suas opiniões são levadas em consideração e não podem ser desrespeitadas sob a alegação de serem provenientes de uma mulher. Há diversos relatos a respeito da participação efetiva das mulheres, não só expressando sua opinião como também questionando e participando de discussões sérias com o Profeta. A propósito, o Alcorão tem a seguinte passagem: Em verdade, Deus escutou a declaração daquela que discutia contigo, acerca do marido, e se queixava em oração a Deus. Deus ouviu vossa palestra, porque Ele é Oniouvinte. Aqueles, dentre vós, que repudiam as suas mulheres através do zihar, saibam que elas não são suas mães. Estas são as que os geraram; certamente, com tal juramento, eles proferiram algo iníquo e falso; porém, Deus é Absolvedor, Indulgentíssimo. (Cap. 58:1-2). Este relato se refere Khawlah, esposa de Auss Ibn Assámet, que havia se divorciado dela, seguindo um costume idólatra, apesar de ele ser muçulmano. O expediente era conhecido como zihar e consistia em dizer para a esposa que a partir daquele momento ela era considerada sua mãe. Isto liberava o marido de qualquer responsabilidade conjugal sem dar, no entanto, liberdade para ela abandonar o lar ou contrair novo matrimônio. Tendo ouvido estas palavras de seu marido, a mulher foi ter com o Profeta, na esperança de que ele resolvesse o seu caso. O Profeta era de opinião que ela deveria ser paciente, desde que parecesse que não havia outro caminho. No entanto, ela continuou questionando Mohammad quando veio a revelação que constitui os versículos acima. Portanto, como vemos, a mulher no Islam tem o direito de argumentar, mesmo que seja com o Profeta do Islam. Ninguém tem o direito de instruí-la a se calar. Vida na participação de Direito Em primeiro lugar, deve ser esclarecido que o Islam entende que o papel da mulher na sociedade como mãe e esposa, é o mais sagrado de todos. Nenhuma babá ou empregada pode substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança. A regra geral na vida política e social é a participação e a colaboração de homens e mulheres nas questões públicas. O Islam não exige, como algumas pessoas pensam, que a mulher fique confinada em sua casa até a morte. Em toda a história do Islam há relatos suficientes que comprovam a participação da muçulmana nas questões públicas, nas funções administrativas, na erudição e ensinamentos e mesmo nos campos de batalha, ao lado do Profeta.. Não há no Alcorão, ou nas sunas do Profeta, qualquer texto que impeça a mulher de exercer qualquer posição de liderança, exceto na condução da prece, por motivos óbvios que serão vistos mais adiante, e na liderança do estado. Um chefe de estado não é apenas decorativo. Ele exerce funções inerentes ao cargo, viaja, negocia com outras autoridades, participa de encontros confidenciais com tais autoridades. São atividades, muitas das vezes, não são condizentes com as diretrizes traçadas pelo Islam para a interação entre os sexos. Registros históricos comprovam que as mulheres participavam da vida pública em igualdade de condições com os muçulmanos, principalmente em tempos de emergência. Elas combatiam nas guerras, cuidavam dos feridos, preparavam suprimentos, ajudavam os guerreiros, consultavam diretamente o Profeta a respeito de assuntos pessoais e até íntimos, etc. Jamais houve qualquer barreira que impedisse a integração da mulher na sociedade islâmica. Jamais foram consideradas criaturas desprovidas de alma ou de qualquer mérito. O aconselhamento, o ensinamento religioso, a educação espiritual são atividades exercidas pelas mulheres desde os primórdios do Islam. 5) Direito ao Emprego: Quanto ao direito da mulher de procurar emprego, deveria tornar-se claro que o Islam vê o seu papel na sociedade como mulher e mãe, um papel sagrado e essencial. Nem as empregadas, nem as amas podem substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança. Tal papel, tão nobre e vital, que afeta largamente o futuro das nações, não pode ser levado de uma forma tão "leviana". Não obstante, não existe qualquer regra no Islam que proíba a mulher de procurar o emprego sempre que para tal haja necessidade, tendo em conta as normas islâmicas de castidade, e assegurando-se que estas estão a ser respeitadas e, especialmente, em cargos que se coadunem com a sua própria natureza, onde a sociedade dela mais necessita. Mesmo então, o Islam ensina o princípio da divisão do trabalho, destina trabalho algo enérgico e duro, fora da casa, ao homem, tornando-o responsável pela manutenção da família. Olha para o lar como a principal preocupação da mulher, delegando-lhe o cuidado da casa, a responsabilidade da educação e a vigilância das crianças um encargo que forma o mais importante item na tarefa da construção de uma nação. E ambos devem trabalhar em espírito de harmonia simpatia e amor. Ao fim e ao cabo, ambos têm a sua parte a desenvolver na vida, sendo a da mulher mais relevante tanto em importância como em nobreza. Pois que, se o homem se gaba de ganhar dinheiro, fabricar computadores, aviões, foguetes e mísseis, a mulher deverá, logicamente, silenciá-lo ao lembrar-lhe que ela é a parceira indispensável no criação do próprio Homem. Assim sendo, torna-se evidente que o aspecto econômico da mulher é mais seguro no Islam do que em qualquer outra religião. O Seu Dever Sagrado. A mulher, na verdadeira acepção Islâmica, é um relicário de santidade em contraste com o Cristianismo, onde ela é olhada como fonte do mal. Com uma só palavra o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) elevou-a ao mais alto pedestal, quando disse: ''A mulher é a rainha da casa" e decerto "O Céu encontra-se sob os pés da tua mãe". Sob os ensinamentos do Cristianismo, se a primeira mulher (Eva) trouxe o Inferno eterno, no Islam ela abriu a porta do Paraíso! Durante os últimos anos, tem havido luta permanente entre os dois sexos, relativamente aos seus respectivos direitos e obrigações; mas, poderão os advogados do Movimento Modernista reivindicar melhor posição para a mulher, do que já lhe foi concedida pelo Islam? O Mundo deve saber e aceitar a verdade de que nenhuma outra fé, ou cultura, deu à mulher tantos direitos e preservou a sua honra e castidade, como o Islam o fez. Pierre Crabbites, no seu artigo sobre "Coisas que Muhammad fez pela mulher'' observa: 'A mulher muçulmana é uma força canalizadora, modelada por Muhammad há 13 séculos atrás, que assegurou às mães, mulheres e filhas do Islam, uma ordem e dignidade que ainda não está geneticamente assegurada às mulheres, pelas leis do Ocidente.''. 6- Direito de Posse Independente: De acordo com a Lei islâmica ,o Islam decretou o direito da Mulher ao seu dinheiro, aos seus bens de raiz, ou às suas outras propriedades. O Islam garante à mulher direitos iguais para contratar, para assumir empreendimentos, para ter ganhos e posses independentemente Este direito não é dependente de ela ser solteira, ou casada. Ela retém todos os direitos para comprar, vender, amortizar, ou alugar qualquer das suas propriedades. A este respeito, o Alcorão observa: 'Não ambicioneis aquilo com que Deus agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou) outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem; assim, também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Deus que vos conceda a Sua graça, porque Deus é Onisciente.'' (Alcorão Sagrado 4:32). É por causa deste direito de posse independente, que ambos os mandamentos de Zakat e de Hajj se tornaram obrigatórios para as mulheres que possam ter recursos para esses efeitos. Somente no século passado a Europa reconheceu o direito da mulher de contrair obrigações. No Islam, vida, propriedade, honra são tão sagrados para ela quanto para o homem. Se ela cometer qualquer falta sua pena não é maior ou menor do que para o homem, em casos semelhantes, estabelecida pela shariah islâmica. Conta a tradição que certa vez alguém veio ter com o Profeta solicitando a sua intercessão para a filha de uma autoridade que havia sido apanhada praticando roubo. O Profeta então respondeu que ainda que fosse Fátima, sua filha muito amada, que estivesse naquela situação, ele não poderia impedir que a lei fosse aplicada. No Islam, a lei é igual para todos e não exime ninguém em razão de sua posição social. Estes direitos não estão estabelecidos de uma forma apenas retórica. O Islam tomou medidas para salvaguardá-los e colocá-los em prática como artigos de fé. O Islam não tolera o preconceito contra a mulher ou a discriminação entre os sexos. O Islam reprova todo aquele que considera a mulher inferior ao homem. 7- Direito à Herança. Além do reconhecimento da mulher como um ser independente, considerada como essencial para a sobrevivência da humanidade, o Islam deu à mulher o direito à herança herança e de dispor dos seus bens como quiser. Diz Allah (swt), o Altíssimo: *Não ambicioneis aquilo com que Allah (swt) agraciou uns, mais do que aquilo com que (agraciou) outros, porque aos homens lhes corresponderá aquilo que ganharem assim, também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Allah (swt) que vos conceda a Sua graça, porque Allah (swt) é Onisciente.* (4: 32). Este direito dado a mulher no estatuto muçulmano a 1400 anos atrás, só foi conquistado pela mulher no Brasil em 1962, quando teve os direitos de assinar contratos e receber herança se a autorização do marido. Na Inglaterra, só em 1882 lhe foi assegurado o direito de dispor do seu dinheiro. . Antes do Islam, ela não só era privada desta participação como era considerada propriedade do homem. Seja ela esposa ou mãe, irmã ou filha, a mulher tem participação na herança, e esta participação depende do seu grau de relação com o morto e o número de herdeiros. Esta quota é dela e ninguém tem poder para negar-lhe esta participação, ainda que o morto quisesse deserdá-la. Qualquer um pode, legalmente, dispor de 1/3 dos seus bens, não afetando, assim, o direito de herdeiros, sejam homens ou mulheres. Em alguns casos, o homem recebe 2 quotas na herança ao passo que a mulher fica com uma. Isto não é sinal de preferência ou supremacia do homem sobre a mulher. Eis algumas razões que justificam a medida: No Islam o homem assume as responsabilidades financeiras da completa manutenção de sua esposa e família. É sua obrigação perante a lei assumir todos os encargos financeiros e manter seus dependentes adequadamente. Isto significa que ele herda mais, mas ele é responsável financeiramente por outras mulheres: filhas, esposas, mãe e irmãs em alguns casos ele é responsável por seus parentes com certas necessidades, especialmente os do sexo feminino. Esta responsabilidade não é nem, renunciada, nem reduzida, por causa da saúde da sua mulher, ou devido ao seu acesso a alguma remuneração proveniente do trabalho, renda, lucro, ou de outros meios legais. A mulher no Islam está protegida e segura do ponto de vista material. Se ela é esposa, o marido é o provedor. Se ela é mãe, cabe ao filho o encargo. Se ela é filha, o pai se reponsabiliza por sua manutenção, se ela é irmã, o irmão, e assim por diante. Quando ela é sozinha, não tem ninguém, é evidente que não tem herança a ser recebida e ela passa a ser responsabilidade da sociedade como um todo, cabendo, portanto, ao Estado, prover sua mantença através de ajuda, arrumando trabalho para que ela ganhe seu próprio sustento. O Islam garantiu, o direito à herança de seus pais, parentes, marido e descendentes. O Alcorão diz: ''Aos filhos varões corresponde uma parte do que tenham deixado os seus pais e parentes. Às mulheres também corresponde uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja exígua ou vasta, uma quantia obrigatória. '' (Alcorão Sagrado 4:7). Aqui, a partilha é absolutamente dela e ninguém pode reclamar alguma coisa da mesma, inclusive o seu pai e os seus parentes; nem mesmo o seu marido. A sua parte é, na maioria dos casos, metade da parte do esposo, sem qualquer implicação de que ela seja inferior ao homem. Esta variação nos direitos hereditários é apenas consistente com as variações nas responsabilidades financeiras do homem e da mulher, de acordo com a Lei Islâmica. A mulher, por outro lado, está muito mais segura economicamente, e encontra-se muito menos sobrecarregada em relação a reclamações sobre as suas riquezas. Os seus bens, pré e pós matrimoniais, não são transferidos para o seu marido, e ela até mantém o seu nome de solteira. Após o casamento, ela não tem qualquer obrigação de gastar dos seus bens, ou dos seus rendimentos, seja com ela, seja com sua família. A metade da partilha dos bens que a mulher herda pode, deste modo, ser considerada generosa, visto que se destina só para ela. Para elucidar este ponto, tomemos um exemplo: um pai de dois filhos - um rapaz e uma moça - faleceu e deixou 300 reais. De acordo com a Lei Islâmica da Herança, na ausência de outros herdeiros legais, a filha será titular de 100 reais, e o filho de 200 reais. Quando atingirem a maioridade e pensarem em casar, o jovem rapaz será obrigado a pagar um dote à sua mulher. Neste caso, ele terá que gastar parte do dinheiro da sua herança, e fica, ainda, obrigado a manter a sua família e a incorrer em todas as despesas neste sentido. Em relação à jovem, (irmã do jovem rapaz referido) quando se casar, será intitulada a receber um dote de seu marido; previamente ela já tinha herdado 100 reais (da herança do pai falecido) e, agora, receberá mais algo proveniente do dote do seu marido, perfazendo um total bastante razoável. E, nunca será obrigada a gastar nada do seu dinheiro, por muito rica que ela seja, uma vez que o seu marido é responsável por a manter e aos seus filhos, enquanto ela for sua esposa. Será contraditório afirmar que o seu dinheiro aumentou, enquanto o do seu irmão diminuiu, ou desapareceu Completamente? Então, quem realmente beneficiou mais da herança? O filho, ou a filha? Dificilmente se, poderá negar que, um exame minucioso à Lei Islâmica da herança, dentro do estudo geral dos princípios da Chari'ah, não só revela justiça mas, também, uma certa abundância de compaixão pela mulher. Conclusão: Quando o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tomou posse do Ofício Profético em 610 (Era Cristã), a maioria das nações Européias debatiam arduamente a natureza da mulher: "Será que ela era realmente humana? Terá alma? Poderá Ter fé? Poderá ela adorar? Poderá ela ser recompensada por Deus da mesma forma que o homem? Poderá ela ser admitida no Paraíso? Poderá ela possuir bens? Poderá ela ter direito à herança? Em resumo, deverá ela ser tratada como um ser humano, ou apenas como um boneco nas mãos do homem?" Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) o Guia da humanidade, que numa época em que nenhum país, nenhum sistema, e nenhuma religião dava qualquer direito, ou respeito à Mulher, solteira ou casada, esposa ou mãe; que num país onde o nascimento de uma filha era considerado uma calamidade, assegurou à mulher direitos que, à mulher Ocidental, no século XX, são concedidos de uma forma relutante e sob pressão, pelo Ocidente "civilizado"; e isso merece a gratidão da humanidade. Se Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) nada mais tivesse feito do que emancipar a mulher, a sua reivindicação para ser o maior benfeitor da humanidade teria sido incontestável. Não será, então, malícia por parte de alguns críticos Ocidentais para com o salvador da espécie feminina (que devolveu à mulher a sua posição devida na sociedade), tornando-o como seu inimigo? Dizemos isto porque, mesmo hoje, no século XX, como no ano 610 quando Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tomou a seu cargo o Ofício Profético, as pessoas desviadas do Ocidente continuam a proferir pensamentos maléficos sobre o Islam. 8-Direito ao "Mahr" (Dote): Para além de todas as precauções para a sua proteção na altura do casamento, o Islam decretou, especificamente, que a mulher tem o pleno direito ao seu "mahr" (dote), um presente matrimonial que lhe é oferecido pelo seu marido, sendo incluído no contrato nupcial, e que tal posse não se transmite ao seu pai, irmão, ou esposo. O conceito de "mahr'' no Islam não é nem um preço atual, nem um preço simbólico da mulher (como, foi o caso em certas culturas), mas será, antes de mais, um presente simbolizando de amor e afeto. O "mahr" no Islam não é como o velho dote Europeu, que era ofertado por um pai à filha na altura do casamento, tornando-se propriedade do futuro marido. Nem o "mahr" Muçulmano é semelhante ao "preço" da nora Africana, que era pago pelo noivo ao pai da noiva, como forma de pagamento ou compensação. Pelo contrário, o "mahr" Muçulmano é um presente matrimonial do noivo à noiva, ficando este presente como exclusiva propriedade dela. O Alcorão diz: ''Concedei os dotes que pertencem às mulheres.'' (Alcorão Sagrado 4:4). 9– Privilégios. A mulher no Islam usufrui de certos privilégios. Durante o período menstrual ela está isenta das preces e do jejum. Ela está isenta, também, de todas as responsabilidades financeiras. Ela não precisa trabalhar ou dividir com o marido as despesas domésticas. Todos os bens de família que ela leva para o casamento são seus e o marido não tem qualquer direito sobre aqueles pertences. Cabe notar que somente no século passado a Europa reconheceu o direito de propriedade à mulher casada, em igualdades de condições com as solteiras, viúvas e divorciadas, com a Lei da Propriedade da Mulher Casada, de 1879. Nenhuma mulher casada é obrigada a gastar um tostão de seus bens para manter a casa. Em geral, a muçulmana tem garantido o sustento em todas as fases de sua vida, seja como filha, esposa, mãe ou irmã. Como filha e irmã ela tem garantido o sustento pelo pai ou irmão respectivamente. Ela também é livre para trabalhar, se assim o quiser, e participar com o seu trabalho das responsabilidades familiares. Não há no Alcorão ou na Suna qualquer texto explícito que categoricamente proíba a muçulmana de procurar um emprego lícito. Inclusive, algumas podem ser forçadas a buscar emprego a fim de sobreviverem, principalmente em países onde inexistam medidas que assegurem a estabilidade financeira das viúvas ou divorciadas. A mulher muçulmana foi privilegiada por Allah (swt) em relação aos pais, pois a posição da mãe é três vezes superior a do pai. O profeta disse: " O paraíso jaz aos pés das mães ". Portanto, a obediência aos pais é uma obrigação do muçulmano, principalmente a mãe, pois ela é a base da família e ela sofreu as dores do nosso parto, de nos educar e sofrer para o nosso bem. Assim também, o Islam respeita a mulher como filha e ordena que pai e mãe zelem pela educação das meninas e prometeu o paraíso para o muçulmano que educar uma filha e a ensinar os bons modos islâmicos após terem difundido na Arábia pré-islâmica que ter uma filha era motivo de vergonha e desonra. Diz o Alcorão Sagrado: *E atribuem filhas a Allah (swt)! Glorificado seja! E anseiam , para si, somente o que desejam. Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixa-la viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Quem péssimo são o que julgam! (16:57-59). 10. Direito Quanto ao casamento. A mulher tem o direito de escolher com quem irá casar e também manter o seu nome de solteira após o casamento, pois o nome é parte da identidade e da personalidade da pessoa e, uma das formas de aprisionar a mulher e colocá-la sob o domínio do homem, foi fazê-la adotar o nome do marido após o casamento, como um objeto que é passado de uma pessoa para a outra. A primeira mulher a ir contra essa agressão foi Lucy Stones, em 1885. De acordo com a Lei Islâmica, a mulher não pode ser forçada a casar sem o seu consentimento, não é legal que um tutor force uma moça adulta a casar-se. Ninguém, nem mesmo o pai, ou o soberano, pode, legalmente, casar uma mulher adulta sem a permissão desta, seja ela virgem, ou divorciada. Ibn 'Abbas narrou que uma jovem dirigiu-se ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) e relatou que o seu pai a tinha forçado a casar-se sem o seu consentimento. O Profeta deu-lhe a escolher entre aceitar o casamento, ou invalidá-lo. (Ibn Hanbal). Para além de todas as prevenções relativas à sua proteção durante o tempo do matrimônio, o Islam decreta, especificadamente, que a mulher tem todo o direito ao seu "Mahr" (dote). As regras para a vida de casado no Islam são claras e encontram-se em harmonia com a verdadeira natureza humana. No tocante aos aspectos psicológico e fisiológico do homem e da mulher, cada um possui iguais direitos e exigências sobre o outro, à exceção de um tipo de responsabilidade o do chefe. Este é um assunto natural de qualquer vida em comum, e que é consistente na natureza do homem. Por isso, o Alcorão declara: "E elas (as mulheres) têm direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas, condignamente; mas os maridos conservam um grau (de primazia) sobre elas.'' (Alcorão Sagrado 2:228). Tal grau é "Qiwamah" (a manutenção e a proteção), isto refere-se à diferença natural entre os sexos, que sujeita o sexo fraco à proteção. Tal não implica qualquer tipo de superioridade, ou de vantagem, perante a lei. Todavia, o papel masculino de chefe em relação à sua família, não significa a prepotência do marido sobre a sua esposa. Para além dos seus deveres básicos como esposa, existe o direito que é, vivamente, recomendado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) e vem sublinhado no Alcorão, o tratamento amistoso e companheirismo. ''Harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes.'' (Alcorão Sagrado 4:19). O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse: "O Melhor entre vós é aquele que for melhor para a sua família; e eu sou o melhor entre vós para a minha família." "Os Crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas." (Ibn Hanbal). "Quanto mais cívico e amistoso for um Muçulmano para com a sua esposa mais perfeita é a sua fé. " (Tirmidhi). ''A mulher" - disse ele - ''É a rainha da sua casa." Para o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) a mulher não é "um instrumento do Demônio", mas, sim, uma "Muhsanah" (uma fortaleza contra Satanás). Antes do advento do Islam, a união matrimonial do homem e da mulher tinha sido vista com desaprovação, tendo sido considerada como depreciativa para o homem em algumas religiões. Mas o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) deitou abaixo todas estas considerações, de uma vez por todas: "O casamento está no meu destino, e quem declinar este meu caminho, não é meu apoiante (ou seja não é meu seguidor).'' (Bukhari e Muslim). Assim como é reconhecido o direito à mulher de decidir sobre o seu casamento, também é reconhecido o seu direito a procurar finalizar um matrimônio mal sucedido. 11-.Direito ao Divórcio. Apesar de, no Islam, o casamento não ser uma relação temporária, sendo considerado para durar toda a vida, a sua dissolução será inevitável se ele falhar ao servir os seus propósitos. É nessa altura que surge o divórcio. Devemos esclarecer que, no Islam, o divórcio é o último recurso quando todos os esforços conciliatórios falharem. A propósito do divórcio, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) avisou com veemência: "De todas as coisas legais, o divórcio é a mais detestável aos olhos de Deus. "O Islam não confina o direito ao divórcio só ao homem ou à mulher, se a mulher não se sente segura, ou feliz com o seu marido, ou se este é cruel para ela, ou se tornou impossível viver a o seu lado, ela tem o direito de procurar o divórcio através de um Tribunal Muçulmano, sendo tal tipo de divórcio denominado de "Khul'ah". Em qualquer dos casos, mesmo que o divórcio seja concedido, ela deve ser tratada amistosamente. O Alcorão diz: 'O divórcio revogável só poderá ser efetuado duas vezes. Depois, tereis de conservá-las convosco dignamente ou separar-vos com benevolência. Está-vos vedado tirar-lhes algo de tudo quanto lhes haveis dotado'' (Alcorão Sagrado2:229). Islam garantiu aos casais o direito ao divórcio. Aqui cabem algumas explicações a respeito do assunto, uma vez que também o divórcio é objeto de falsas interpretações. Não é verdade que a qualquer tempo basta um marido dizer à sua esposa “Eu quero o divórcio” e pronto, ele está divorciado, largando a mulher (e provavelmente os filhos) à própria sorte, em menos de 1 minuto. O sistema de divórcio no Islam é o mais justo que existe. Se o casal decide se separar, o marido pede o divórcio dizendo “Eu quero o divórcio”. A partir de então, começa um tempo de espera que dura 3 períodos menstruais para que seja certificado que a mulher não está grávida. Este períodoo permite ao casal ter um tempo para pensar sobre o que estão fazendo e se é isso mesmo que eles querem. Durante este período, o marido é obrigado a alimentar, vestir e abrigar a esposa. Não há ninguém, nem mesmo advogado, envolvido nesta questão. Findo os três meses, e comprovado que a mulher não está grávida, o divórcio se consuma. Se, por um acaso, a mulher estiver grávida, o marido é obrigado a prover a ex esposa do necessário até o período do desmame, normalmente 2 anos. Como podemos observar, não há como comparar as diferentes abordagens, uma vez que o comum no ocidente, pelo menos no Brasil, é a mulher sair sempre lesada de uma separação, sem garantia de direitos mínimos para a sua sobrevivência. Pior, até bem pouco tempo atrás, ela entrava nessa sociedade conjugal com seus próprios bens, que acabava perdendo pelo instituto da comunhão universal de bens, no caso de separação. Somente em 1977, com a lei do divórcio é que a dissolução do casamento favoreceu um pouco mais a mulher, com a introdução do regime da comunhão parcial de bens. Mas, ainda assim, prevalece o conceito de que a obrigação alimentar devida pelo ex-marido fica diretamente relacionada à “conduta moral” da esposa, o que no Brasil, como bem sabemos, quer dizer, essa mulher não pode se casar de novo. Por outro lado, só a partir de 1962, com a Lei 4.121, conhecida como o Estatuto da Mulher Casada, é que a mulher brasileira alcançou sua capacidade jurídica plena. Até então, ela era considerada relativamente incapaz, do ponto de vista jurídico. O casamento no Islam é uma bênção santificada, que não deve ser quebrado, exceto por razões relevantes. Os casais são instruídos a procurar salvar a instituição do casamento, por todos os meios possíveis. O divórcio não é comum, a não ser que não haja outra solução. Em outras palavras, o Islam reconhece o divórcio mas não o encoraja. O Islam dá à mulher muçulmana o direito de pedir o divórcio pois reconhece que ela não pode ser refém de um mau marido. Finalmente, é bom lembrar que o divórcio só muito mais tarde foi introduzido na Europa e, no Brasil, há apenas muito pouco tempo, através da Lei nº 65l5, de 26.12.77, do Sen. Nelson Carneiro. 12-Vida sexual. O Islam garantiu a mulher o direito ao prazer sexual, direito que a ocidental só conquistou após a revolução sexual, pois antes a mulher que demonstrava sentir prazer era considerada prostituta. No Islam é diferente, é estabelecido o casamento como único entre homem e mulher e, dentro das regras do casamento o profeta Muhammad (sallallaahu `alayhi wa sallam) disse: "Não tenhais relações com vossas esposas como os animais. Que haja entre vós uma ligação! Perguntaram-lhe: Que ligação é essa? Então disse: O beijo e a conversa. O Islam não nega, em hipótese alguma, a sexualidade do ser humano. O Islam não advoga a supressão do anseio sexual através do celibato ou do monasticismo. O homem é dotado por seu Criador de impulsos que o impelem às várias atividades que garantem a sua sobrevivência. O principal objetivo do sexo é a própria espécie. O Islam reconhece que o ser humano é tomado por emoções inexplicáveis que o atraem irresistivelmente para o sexo oposto e, por isso mesmo, normatiza as relações entre homens e mulheres. O Islam reconhece a importância do instinto sexual, mas só admite a sua realização através do casamento lícito, proibindo rigorosamente o sexo fora do casamento e tudo aquilo que possa conduzir à sua prática de modo ilícito. Há uma tradição do Profeta onde ele menciona que a relação sexual entre um casal é recompensada por Deus. Os companheiros ficaram espantados: como era possível ter os desejos e prazeres completamente satisfeitos e, ainda assim, obter recompensa divina? O Profeta, então, respondeu que da mesma forma que uma relação extraconjugal era punida. O Islam se baseia na crença na revelação divina. A sua lei e a sua moral estão baseadas nos mandamentos divinos. Dentro desse contexto, homens e mulheres devem obedecer a certas regras de comportamento e disciplina, a fim de evitar que o ilícito seja praticado. O Islam tem imposto, recomendado e encorajado certos hábitos com o fim de reduzir as oportunidades para a prática do ilícito. Além disso, toma as precauções necessárias e possíveis, no tocante a sanções materiais, tais como, proibição da promiscuidade, dos encontros reservados entre pessoas do sexo oposto sem a presença de terceiros, etc. O fato de a mulher ficar atrás do homem durante as orações não indica que ela seja inferior ao homem. Faz parte da disciplina da oração o muçulmano se colocar em fila, ombro a ombro com o seu irmão. As preces islâmicas envolvem atos, movimentos, posturas de prostração, genuflexões que ocasionam contatos corporais e toque involuntário na pessoa que está ao lado, diminuindo a concentração daquele que está em prece. Além do mais, seria inapropriado e desconfortável para uma mulher ficar em tal posição, prostra-se, inclinar-se e colocar a testa no chão, tendo atrás de si uma fileira de homens. Assim, para evitar qualquer embaraço de ambas as partes, o Islam ordenou a organização de filas, homens na frente, e mulheres atrás. O que deve ser ressaltado é que as proibições são dirigidas a ambos os sexos. O que o Islam proíbe para a mulher, também o faz para o homem. A modéstia é recomendada tanto para homens como para mulheres. A castidade até a realização do casamento é imperativo para homens e mulheres, igualmente. O adultério é proibido tanto para homens como para as mulheres. Em suma, a forma como Islam encara o sexo é uma linha muito estreita entre dois extremos. O primeiro é desqualificá-lo ao ponto de sua total abstenção, através do celibato ou monasticismo, negando a própria natureza humana, e o segundo é achar que é muito natural fazer sexo com quem quer que seja, em qualquer lugar, sempre que se quiser. Enquanto no ocidente a sensualidade, o amor entre um homem e uma mulher, atributos humanos concedidos por Deus, são reduzidos à sua condição mais baixa e se transformam em libertinagem, pornografia, o Islam não aceita, em hipótese nenhuma, a superexposição do sexo, o sexo pelo sexo, com qualquer um, em qualquer lugar. 13-Direito ao Voto. A mulher muçulmana também pode votar. Enquanto ela teve este direito há 1400 anos, nos Estados Unidos, a mulher só conseguiu esse direito em 1916, e no Brasil, em 1932. 14- Dignidade Humana: Como ser humano, a mulher é perfeitamente igual ao homem, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), declarou:
"Na verdade, as mulheres são as irmãs dos homens." Tal implica que ambos, homem e mulher, provêm dos mesmos pais, ou seja, de Adão e Eva, sendo assim, como pode a mulher ser inferior ao homem, se ela surge dos mesmos pais? Realçando o mesmo, o Alcorão Sagrado observa: ''Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea. (...) Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado. '' (Alcorão Sagrado 49:13). Por outras palavras, a honra perante o Criador nunca será dependente do sexo, mas sim da piedade.
15- Direito à Justiça: Uma igualdade absoluta entre homem e mulher foi estabelecida no Islam, no que diz respeito às leis civis e penais, a Lei Islâmica não reconhece qualquer distinção entre elas no tocante à proteção da vida e da propriedade, da honra e da reputação, Deus diz: E elas (as mulheres) têm mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas.'' (Alcorão Sagrado 2:228). ''Ó fiéis (homens e mulheres), sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo, sabei que Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis.'' (Alcorão Sagrado 4:135). A Lei Islâmica dita a pena de morte ao assassino, tenha ele morto um homem ou uma mulher, uma vez que a vida desta é tão sagrada quanto a daquele. Se uma mulher perdoar o assassino de um parente, os outros familiares não têm autoridade para anular o seu consentimento no perdão. 16- Igualdade Perante a Lei:
No que diz respeito à prescrição das penas, o Islam condena da mesma forma, seja homem ou mulher, tomemos três exemplos: assassinato, roubo e adultério. Vejamos quais as penas que o Islam aplica ao homem e à mulher. No Alcorão Sagrado podemos ler: ''Ó fiéis, está-vos preceituado o talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por mulher. Mas, se o irmão do morto perdoar o assassino, devereis indenizá-lo espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo. '' (Alcorão Sagrado 2:178). ''Quanto ao ladrão e à ladra, decepai lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido.'' (Alcorão Sagrado 5:38). ''Quanto à adúltera e ao adúltero, vergastai-os com cem vergastadas, cada um; que a vossa compaixão não vos demova de cumprir a lei de Deus, se realmente credes em Deus e no Dia do Juízo Final. Que uma parte dos fiéis testemunhe o castigo.'' (Alcorão Sagrado 24:2). Assim, a partir dos versículos acima citados, fica perfeitamente patente que a Lei Islâmica aplica, indiscriminadamente, os mesmos castigos a ambos os transgressores, homem e mulher. CONCLUSÃO. A mulher pode exercer qualquer função que não vá contra os princípios do Islam, que não agrida a sua natureza feminina e que não a ocupe totalmente, fazendo com que descuide da família, pois isso causa sérios prejuízos a sociedade, pois acarreta na não educação materna, no abandono dos filhos que serão entregues as "mães artificiais". No Islam, a mulher tem o direito de ser sustentada pelo pai, irmão ou marido, visto ser uma injustiça querer que ela trabalhe dentro e fora de casa. A mulher tem grande importância dentro do Islam, pois Allah (swt) é justo e distribui os direitos e deveres de acordo com sua plena justiça. E por incrível que pareça, o Islam cresce mais entre as mulheres, e as novas muçulmanas alegam ter encontrado no Islam o respeito que procuravam e os seus direitos garantidos sem segundas intenções. Os direitos conquistados pela mulher têm custado para a mulher ocidental o que não custou para a mulher muçulmana. A mulher no ocidente está a cair numa verdadeira armadilha. Dizem a ela: "Nós vamos te libertar, você vai ser livre e ter os seus direitos". Porém, estes direitos não garantem o principal direito: o respeito a mulher como ser humano, como mãe, como esposa , como irmã, como filha, como educadora. Em nome da liberdade, a mulher é usada e manipulada na sociedade. Seu corpo é vendido; é usado como uma estátua para enfeitar os programas de auditório; a mulher é comparada a objetos em comerciais, por acaso não lembram dos comerciais de cerveja na TV, em um deles perguntam: O que o brasileiro mais gosta, mulher, cerveja, praia ou futebol? Em outra propaganda aparece um senhor ao lado de duas moças com o seguinte slogan: "troquei" uma de 51 por duas de 21. Comparar a mulher a futebol e cerveja e trocá-la faz parte dos seus direitos?! Se a mulher tem um corpo formoso e belo é valorizada e considerada, se não é mais uma! A moda que difundem na sociedade tende a expor cada vez mais o corpo da mulher, e a convenceram de que isto é liberdade, está sendo usada e assediada e acredita que isto lhe trará respeito e dignidade, não percebe que assim ela está sendo submissa ao homem e está a atender aos seus desejos e impulsos ilimitados. Ao garantir os direitos da mulher devemos nos preocupar em não prejudicá-la em nome deste direito, a sobrecarregando e impondo a ela junto com estes direitos deveres que não fazem parte de sua natureza. A condição da mulher no Islam é algo ímpar, novo, sem qualquer semelhança com qualquer outro sistema. Se olharmos para as nações democráticas do ocidente, vamos perceber que a mulher não desfruta dessa posição. Ela é mais subjugada a padrões e regras de comportamento do que se supõe que a mulher muçulmana o seja. Ela é o reflexo do poder masculino, onipresente na sociedade ocidental cristã, que tem por objetivo delimitar o papel das mulheres, normatizar seus corpos e almas, esvaziá-las de qualquer saber ou poder ameaçador. A mídia exerce hoje o monopólio, antes exercido pela Igreja, na construção (desconstrução) dessa mulher, impondo valores, regulamentando o cotidiano das pessoas, determinando o uso do corpo de uma perspectiva escatológica. No ocidente, a mulher é compelida a perseguir noções abstratas de beleza , e, muitas das vezes, não percebe que está sendo manipulada pelas companhias de cosméticos, indústrias de roupas e remédios. É um produto tão descartável quanto qualquer mercadoria de supermercado. O rótulo (a aparência) da mulher ocidental tem que obedecer a regras impostas de cima e ingenuamente ela supõe que é livre para escolher a sua roupa, o seu sapato, a cor do seu cabelo. A mulher ocidental, desde criança, é ensinada que o seu valor é proporcional à sua beleza, aos seus atrativos. Só consegue um lugar ao sol aquela que se veste assim, que fala assado, que vai ao lugar tal. No Brasil, por exemplo, só consegue emprego quem tem “boa aparência”. A mulher, desde cedo é empurrada para um mercado de trabalho selvagem, deslealmente competitivo, tendo de se submeter a toda sorte de humilhações para conseguir o seu sustento. Foi através de muita luta que a mulher ocidental alcançou esse esboço de liberdade. Foram séculos de uma árdua luta para a mulher conquistar o direito de aprender, de trabalhar, de ganhar o seu próprio sustento, de ter a sua própria identidade, de ter personalidade e capacidade jurídica. Esta mulher pagou um alto preço para provar sua condição de ser humano, provido de alma. A posição que a mulher ocidental de nossos dias desfruta foi conquistada pela força e não por um processo de mútuo entendimento. Ela abriu o seu caminho à força, a custa de muitos sacrifícios, abrindo mão de sonhos e ideais. Muitas vezes as circunstâncias a empurraram para um campo de batalha até então desconhecido. E apesar disso tudo, de toda essa guerra, de tão pesados sacrifícios e lutas dolorosas, ela ainda não conquistou o que o Islam estabeleceu para a mulher muçulmana por decreto divino. De tudo o que foi dito, podemos inferir que a condição das mulheres nas sociedades islâmicas atuais é a ideal? É compatível com o que estabelece o Islam? Não, é claro que não. Mas, rotular a condição da mulher no mundo muçulmano de hoje como “islâmica” está tão longe da verdade quanto imaginar que a condição da mulher ocidental é de total liberdade para usufruir direitos. Sabemos que em muitas partes do mundo muçulmano ainda proliferam as condições opressivas e injustas. Os erros de alguns muçulmanos na condução dos destinos de suas respectivas sociedades apenas provam que o ser humano tem suas limitações. É absurdo tomar como regra geral islâmica o que não passa de interpretações pessoais, contaminadas por todo um contexto sócio cultural. Os muçulmanos não podem ser julgados com base nas ações de uns poucos e nem esses poucos são amostras significativas do verdadeiro significado do Islam. O que precisa ficar claro é que não é o Alcorão que necessita ser reexaminado, ou a Suna, e sim a prática humana, que muitas vezes reflete aspectos culturais tão enraizados que distorcem o que foi decretado por Deus. É preciso confrontar o passado e rejeitar práticas e costumes que se contraponham aos preceitos do Islam. Assim, por exemplo, a condição da mulher no Afganistão, que está condenada a ficar reclusa dentro de casa, não reflete os ensinamentos do Alcorão nem tão pouco o exemplo de milhares de muçulmanas, que através da História, tiveram participação efetiva em suas respectivas comunidades. A mulher na Arábia Saudita está proibida de dirigir? Sim, está, mas esta é uma lei saudita, humana, que não vigora no Irã, por exemplo. O que devemos compreender é que existe uma imensa diferença entre a crença propriamente dita, conforme revelada no Alcorão, e a prática de algumas sociedades supostamente islâmicas. Tais práticas atendem muito mais a aspectos culturais específicos, a interesses particulares, e não representam necessariamente o Islam e nem podem servir de base para se denegrir o verdadeiro sentido do Islam. O Islam ainda tem muito a oferecer à mulher de hoje, em termos de respeito, dignidade, reconhecimento. Basta que ela tenha consciência disso e lute para implantar os ensinamentos islâmicos. Para isso, ela tem todos os instrumentos à sua disposição. www.ccib.org.br. Abraço. Davi.