Editor do Mosaico. Cinema. O premiado cineasta italiano Bernardo Bertolucci (1940- ) é o
produtor do filme O PEQUENO BUDHA do qual faremos algumas ponderações. Ele tem
formação acadêmica na Universidade de Roma, Itália. Sendo suas principais obras
inclusive, que concorreram ao Oscar da Academia de Cinema: O Conformista
(1970), O Último Tango em Paris (1972) filme que escandalizou o mundo nos anos
70 e o ambicioso 1900, filme épico do gênero drama produzido em (1976). Todas
essas pelicas valem conferir tal a riqueza sócio, histórico e cultural. O filme
O Pequeno Budha (1993) nosso texto tema, me parece, devido ao seu conteúdo
espiritualista da tradição do Budismo Tibetano, realizado preliminarmente em
forma de investigação e pesquisa, levando-se um considerável tempo para esse
propósito tal os conceitos religiosos envolvidos. Desse modo, separando-se os
temas da doutrina filosófica budista, e organizando-os dentro da linha do
roteiro que foi sugerido para ser apresentado ao público. Os leitores do
Mosaico que estão estudando o Budismo, perceberão que os pressupostos
elaborados estão perfeitamente dentro da filosofia religiosa da tradição do
Budismo Tibetano. A temática do enredo introduz reflexões pontuais que
analisaremos a partir de agora, enumerando-as para uma melhor ordenação dos
fatos narrados na filmagem. 1. A REENCARNAÇÃO. Esse assunto é fundamento das
tradições e religiosidades orientais, principalmente no budismo e hinduísmo.
Temos visto no Mosaico que o ciclo do Samsara (nascimento, morte e renascimento
estão inseridos no processo de sofrimento humano) representando a trajetória
pela qual o discípulo na Senda Espiritual, passará para completar sua
libertação total, alcançando o Nirvana, que é o estado de gozo e plenitude
da sabedoria humana e divina. Budha ensinou em seus Sutras que podemos
"apressar" esse processo através da prática das Quatro Nobres
Verdades e exercitando O Caminho Octuplo. Também a meditação proporciona
avanços consideráveis para chegarmos a Iluminação. Budha disse que um período
de meditação, comparado ao percurso que uma formiga faz do alto de nossa testa,
a ponta do nariz, repara muitos dos nossos carmas negativos, aumentando nossa
possibilidade de entrar na Iluminação. Na reencarnação está implícito que todos
os seres têm a semente divina (eterna) implantada em sua substância originária.
Nesse processo ao exercitarmos a compaixão à todos os seres, inclusive os não
humanos (sencientes), bem como praticarmos atos de justiça, virtudes, méritos e
fraternidade, permanecemos num estado búdhico experimentando por
antecipação o Nirvana. 2. A INVASÃO DO TIBETE (1950-1951) por tropas
chineses. Esse episódio marcou a intransigência e intolerância do governo
chinês a época com os tibetanos, sua cultura, tradição e religiosidade. Essa é
uma questão discutível pois envolve o aspecto político que o Governo Central de
Pequim acusa os tibetanos de violarem, quando reivindicando para si o
território tibetano, auto proclamando sua independência, separaram-se da
dominação e tutela administrativa dos chineses. A administração de Pequim não
querendo perder essa enorme porção de terra, que eles consideram como região
perpetuamente incluída no território chinês; a invadiram destruindo
monastérios, templos e muitos monges e milhares de tibetanos perderam suas vidas.
O atual Dalai Lama Tenzin Gyatzo (1935- ), na época com 15 anos
conseguiu fugir com milhares de tibetanos. 3. OS TIBETANOS NO EXÍLIO. O
exílio dos tibetanos é marcado pela transferência de sua cultura e
religiosidade em países que já praticam o budismo a milênios, caso da Índia,
Nepal e Butão. Grande parte desses exilados hoje vivem em Dharamsala, no norte
da Índia, cidade que o governo indiano permitiu que os tibetanos se
instalassem, e também é a residência oficial do Dalai Lama, e sede administrativa
e religiosa do suposto Governo Tibetano no exílio, mas é importante dizer que
atualmente milhares continuam em sua província, no Tibete, principalmente na
capital Lhassa e outras cidades tradicionalmente budistas e hinduístas, sob a
tutela dos chineses. Evidentemente os cargos administrativos e sócio políticos
são dados aos chineses que moram por lá, enquanto que os tibetanos geralmente,
trabalham como subalternos em posição inferiores, sendo camponeses, artesãos e
comerciantes. A querela política entre chineses e tibetanos está centrada
também no aspecto de que o governo comunista, não admite a figura política do
Dalai Lama, como chefe de Estado e de Governo do Tibete autônomo. Assim países
que recebem o Dalai Lama como figura política são "censurados" por
Pequim, e perdem privilégios econômicos e incentivos comerciais e industriais
de uma das maiores economias do planeta. 4. O BODHISATTIVA, como a encarnação
de um lama (líder espiritual) para continuar conduzindo o povo pelo caminho da
Iluminação. O Bodhisattiva é um ser iluminado, uma pessoa que movida por grande
compaixão gera bodhichitta, que é o desejo espontâneo de atingir o mesmo status
de Budha, para benefício de todos os seres senciente (humanos e não humanos).
De acordo com o budismo tibetano, Bodhisattiva é um dos quatro estados sublimes
que um ser humano pode alcançar em vida; sendo os outros Arhat, Budha e
Pratyekabudha. A religiosidade tibetana concebe a ideia da reencarnação dos
Lamas; assunto chave na espiritualidade desse povo e explorado de forma precisa
e contextualizada no roteiro do filme. Para averiguação da fidedignidade do
assunto o atual Dalai Lama Tenzin Gyatso (1935- ) é considerado a
14ª reencarnação dos Lamas, sendo o primeiro Dalai Lama Gedrum Drub
(1391-1474), da dinastia tibetana. Assim no filme Lama Norbu, que
está doente e reconhecendo a eminência de sua passagem para o outro mundo,
começa a procurar a reencarnação do Lama Dorje, examinando e averiguando
evidenciais de candidatos à ser futuro substituto. 5. O PROCESSO DE ESCOLHA
desse lama. Kenpo Tenzin e seu mestre Lama Norbu saem do monastério no Butão, e
viajam, em direção a cidade americana de Seattle, onde supõem haver indícios
que um menino (Jesse) tem as características exigidas para ser a encarnação do
Lama Dorje. Como Tenzin é professor de astrologia na escola em que a mãe de
Jessé dar aula de matemática, marcam um encontro na casa dela. Estando sentados
tradicionalmente ao chão na sala de Susan, o Lama Norbu faz observações quanto
ao vazio da sala de visitas. O vazio no budismo se refere a doutrina do Anatta,
isto é, a falta de substância em todos os fenômenos. Não é que nada existe,
como podemos incorretamente ser levados a pensar. Mas a noção de vazio
refere-se a que a realidade última de cada ser ou objeto é destituída de
características próprias individuais e definidas. Os objetos existem apenas
enquanto realidades convencionais, limitadas, espaço temporais, condicionados e
contextualizados; não existem separadamente e independentemente do
observador. 6. A VIDA NO MONASTÉRIO budista do Butão. O filme é
introduzido pelas crianças, noviços de monges, ouvindo de Lama Norbu, a
parábola da cabra e do sacerdote, onde é tematizado a reencarnação e a
necessidade da compaixão à todos os seres. Era uma vez numa aldeia na Índia
antiga onde havia uma cabra pequena e um sacerdote. Este queria sacrificá-la
aos deuses. Ele ergueu o braço para cortar o pescoço da cabra, quando de
repente a cabra começou a rir. O sumo sacerdote parou espantado e perguntou à
cabra. Por que está rindo, não sabe que estou a ponto de cortar seu pescoço?
Sei, disse a cabra. Após ter nascido 499 vezes e renascido como cabra vou
finalmente renascer como ser humano. Então, a pequena cabra começou a chorar. O
sacerdote disse: por que está chorando? Por você, pobre sacerdote. 500 vidas
atrás, eu também era um sumo sacerdote e sacrificava cabra aos deuses. O
sacerdote ajoelhou-se dizendo: Suplico que me perdoe, de hoje em diante, serei
o guardião de todas as cabras da região. Então, o que está antiga fábula nos
ensina? que nenhuma criatura viva deva ser sacrificada e que toda forma de vida
deve ser preservada!. 7. O CENTRO DHARMA NA CIDADE de Seattle no USA. O budismo
se expandiu à América após a instalação de bases militares no Japão, logo
depois da 2ª Guerra mundial (1939-1945). Assim desde a segunda metade do século
XX praticamente todas as tradições e escolas budistas estão presentes em solo
americano, e muitas delas no Canadá. Inclusive alguns monastérios budistas
foram estabelecidos nesses países. Há um expressivo número de monges, monjas,
bhikkus e lamas americanos e canadenses atualmente, dessa maneira criando um
ambiente de harmonia e mútua compreensão espiritual. Esse intercambio facilita
a troca de conhecimento filosófico do oriente para o ocidente. Razão pela qual
as tradições e filosofias orientais têm mais acesso a cultura capitalista
americana que a Europeia, ainda fechada e isolada em seu ceticismo cristão;
dogmas e crenças preconceituosas. Uma exceção a esse contexto é a Alemanha, que
desde o final do século XVIII, com o filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860),
vem estudando conceitos budistas que foram incorporados em sua filosofia e
tradição ocidental. Também os filósofos Immanuel Kant (1724-1804) e Friedrich
Nietzchen (1844-1900) continuaram essa tendência. Assim o povo alemão, têm mais
aberturas em relação as tradições orientais, e mais facilidade em vivenciar
essas experiências psicológicas transcendentes. Há em Berlim, um centro de
referência budista O Budha Haus, que pode ser visitado por pessoas de todas as
religiões e credos, sendo um valioso contato com essa importante tradição
espiritual em solo alemão. O Budismo tem tido também dificuldades de penetrar
na América do Sul, isso em parte, herdado do colonialismo europeu e a tradição
cristã do catolicismo. Isto desde as capitanias hereditárias portuguesas,
e processo similar no resto do continente classificava as filosofias orientais
como primitivas e selvagens, desprovidas de elementos divinos. Mas hoje os
tempos mudaram e a sociedade ocidental tem percebido o grande valor espiritual
e psicológico que as tradições orientais têm passado para o mundo
contemporâneo, em crise e carente de um novo modelo de realidade
religiosa. 8. O CASAL AMERICANO DEAN E SUSAN e seu filho Jesse. O casal
americano pais de Jesse, de classe média, viviam confortavelmente numa recém
construída casa. Dean como engenheiro está profissionalmente estabelecido, até
que problemas com seu sócio o perturbam tirando seu sono; quase
desestabilizando a harmonia do casal. Mas a questão de Jesse ser um candidato à
encarnação de um famoso Lama, apesar de a princípio trazer confusão e
estranheza, logo depois as coisas se consolidam. Assim de comum acordo o casal,
mesmo não acreditando na doutrina da reencarnação decidiram que iriam levar
Jesse ao Nepal, para passa um período de avaliação e adaptação em Katmandu a
capital desse país. 9. JESSE E AS DUAS CRIANÇAS hindus selecionadas à candidato
para indicação de Bodhisattava. Susan não vai ao Nepal. Contudo Dean e Jesse
tomam o avião seguindo para esse país. Ao chegarem ficam encantados com a
beleza dos templos e monumentos na cidade, bem como a simplicidade do povo. O
menino desgarra-se de seu pai começando a passear pela cidade; logo
encontrando a outra criança candidata à ser o Bodhisattiva. Nesse ínterim surge
uma nova concorrente, uma garota adolescente que segundo sua mãe, recebera a
visita em sua casa do Lama Dorje pouco antes de sua morte, segundo ela, ele
tocou em sua barriga sabendo que estava grávida. O lama Norbu e alguns assistente,
junto como Dean e as duas crianças seguem para a casa dessa senhora, para se
certificar da veracidade dos fatos. Ao final após o examine empírico
doutrinário e a consulta ao oráculo, as três crianças foram habilitadas a serem
a encarnação do Lama Dorje. Lama Norbu disse que esse fato pode acontecer, mas
é raro, como no caso dos três pretendentes. Assim em uma cerimônia simples,
eles foram introduzidos como Lamas, onde o lama Norbu os considerou seus
mestres. 10. A MANDALA BUDISTA. Ela aparece duas vezes no filme, e seu
significado em sânscrito é círculo, Entretanto possui outras representações –
círculo mágico, concentração de energia e universalmente ela é o símbolo da
integração e da harmonia. Referencialmente são diagramas geométricos ritualísticos;
alguns deles correspondem concretamente a determinado atributo divino e outros
são a manifestação de certa forma de encantamento. 11. O NASCIMENTO DE
SIDDHARTA GAUTAMA. A rainha Maha Maya queria ter um filho e ansiava que fosse
um menino. Assim em sonho, viu chegar perto dela um bebe elefante, que com sua
tromba tocou lhe o corpo. Esse presságio positivo foi interpretado como uma
revelação que ela ganharia uma criança, e meses depois nasce Sidharta. 12. O
REI SUDHODANA pai de Siddartha, imaginando que ele o sucederia no trono, o
capacita de todos os meios disponíveis em seu reino à prepará-lo para ser o
futuro soberano. 13. O PREPARO FÍSICO INTELECTUAL de Sidharta. Gauthama como um
arqueiro e jovem lutador. Desde a mocidade estava integrado a comunidade em seu
reino, dividindo com os demais jovens os deveres sociais e preparando seu corpo
para as batalhas que teria que enfrentar. 14. O CANTO MÁGICO QUE FASCINOU
SAKIAMUNY, mudando sua vida. Em sua mocidade um fato deu novo rumo as suas
pretensões com o reino de seu pai. Ao ouvir o canto de um instrumento de corda
sintonizada com uma voz feminina, ficou deslumbrado, querendo saber de onde era
aquela música, sendo-lhe dito que era de um reino distante do seu. 15.
SAKIAMUNY SAI DO PALÁCIO para conhecer o mundo exterior. O episódio da música,
o encorajou a conhecer o que estava além dos muros de seu palácio real. Isso a
contra gosto de seu pai que o projetara como soberano, insistindo pra que
ficasse, pois tinha família e filhos que precisavam dele. Todavia nada desses
deveres e apegos familiares e sociais o impediram de seu propósito de conhecer
a natureza humana suas fraquezas, dor e sofrimento. Assim Sidharta ou
Sakiamuny, encontrou pela primeira vez, a dor da realidade humana. Saindo
do palácio deparou-se com uma pessoa doente, um idoso e um cadáver. Essa
situação do testemunho da vulnerabilidade da vida humana deixou Sakyamuni
triste e decepcionado. Ele, então, determinou-se à encontrar a completa
liberdade do sofrimento. A cena onde uma pessoa é incinerada numa pira de
madeira, faz o príncipe Gauthama derramar lágrimas. Nós ocidentais estranhamos
cenas espontâneas de incineração, pois nossa tradição concebe, que após a morte
de uma pessoa devemos preparar seu sepultamento, num cortejo de pranto e lamento.
Isso tem relação com o conceito inerte e passivo de morte que foi implantado em
nosso consciente. Um processo no qual a antiga pessoa, deve ficar aguardando um
veredito de condenação ou salvação, para depois ser levada ao céu - para gozo e
desfrute ou inferno – sofrimento e dor. No budismo como temos visto, a morte é
o processo que nos introduz no "outro mundo"; onde começamos o outro
lado da "vida", passando a viver um novo estágio que pode ser
iniciado no Devachan. Uma espécie de céu, ou se não praticamos atos dignos e
nobre de fraternidade em nossa vida anterior, iniciamos um processo de
disciplina corretiva, que após completada entramos no Devachan. Sendo esse
período deduzido de nosso mal carma da vida passada. Após esse intervalo,
renasceremos para continuar nosso processo evolutivo até conseguirmos a
iluminação e libertação completa; a condição de Budha. Desse modo a filosofia
budista vê a morte num aspecto mais racional e lógico; menos sentimental e
emocional como os ocidentais, que parece, não ter certeza do que acontecerá no
pós morte, e o que enfrentarão nesse novo estágio da existência. 16. SIDHARTA
ENTRE OS ASCETAS e sua iluminação. Sidharta queria descobrir uma maneira de
eliminar os sofrimento. Como sua vida luxuosa não poderia livrá-lo da doença,
velhice e morte, Sidharta trocou a vida palaciana pela vida ascética na
floresta. Algum tempo depois, ele encontrou dois monges, que lhe ensinaram
avançadas técnicas de meditação. Porém, eles não conseguiram satisfazer as
dúvidas de Sidharta quanto a natureza do Eu, nem responder a pergunta como
extinguir o sofrimento. Por seis anos Sidharta foi acompanhado por outros cinco
ascetas; quando percebeu que o ascetismo não traria o resultado que procurava,
ele abandonou este estilo de vida. Assim compreendeu que a vida palaciana e a
vida ascética são dois extremos, sendo o ideal seguir o caminho do meio, o do
despertar. Uma jovem ofereceu comida para Sidharta se alimentar normalmente. Os
cinco asceta pensaram que ele tinha abandonado sua busca pela iluminação e
partiram sem ele. Após recuperar a sua saúde, Sidharta foi para uma região
chamada de círculo da iluminação, onde os iluminados atingiram o despertar.
Próximo a um rio, sentou-se em postura de meditação, jurando para si mesmo que
só se levantaria após atingir a iluminação. Com 36 anos de idade Sidharta
compreendeu sua própria natureza bhúdica, e consequentemente compreendeu o
sofrimento, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Desse modo
alcançou a iluminação, passando a ser conhecido como Budha o Desperto, o sábio
dos Sakyas ou Sakyamuni. Ele continuou meditando por 49 dias. Nesse período ele
sentiu compaixão por todos os seres sencientes (humanos e não humanos),
decidindo ensinar o caminho a outras pessoas. 17. O BARQUEIRO DIZ AO SEU PUPILO:
não estique a corda do instrumento para não quebras, e não afrouxe-a para que
não consiga tocar. Essa foi a lição que Gauthama aprendeu ao viver com os
ascetas, pois nenhum extremo é razoável para se ter equilíbrio espiritual e
emocional. Precisa-se de autocontrole e harmonia para uma vida pautada pelo
conhecimento e a sabedoria. 18. O DEMÔNIO MARA TENTA DESVIÁ-LO de seu nobre
propósito. Mara tentou Sidharta com a ilusão (Maya) deste mundo. Essa doutrina
de Maya tem significado complexo no budismo pois não pode ser real se
considerarmos o Absoluto (Parabrahman), como a única realidade, mas não pode
ser irreal pois é a base de todo o universo objetivo. A realidade última
envolve assim a compreensão da natureza de Maya sem sua negação, mas
distinguindo-a do Absoluto. 19. QUANDO LAMA NORBU MORRE, é incinerado e suas
cinzas são entregue aos três garotos considerados a encarnação do Lama Dorje;
três corpos com um espírito formando a unidade existencial. Rajul o menino
nepalês solta as cinzas pelos ares em três pequenos balões. Gita a menina
nepalesa joga as cinzas na raiz da árvore parecida com a que Sidharta recebeu a
iluminação de Budha. E Jesse o menino americano, coloca no mar, dentro de uma
tigela as cinzas do lama Norbu que é levada pelas ondas sumindo no horizonte.
Gênesis 3,19 “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à
terra; porque dela fostes tomado; porquanto és pó e em pó te tornaras”.
Eclesiastes 12,7 “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus,
que o deu”. 20. QUASE AO TÉRMINO DO FILME é recitado algumas frases do Sutra do
Coração. "Oh! Shariputra, forma não se diferencia do vazio. Vazio não se
diferencia da forma. Forma é exatamente vazio, vazio é exatamente forma. O
mesmo é para sentido, impulso, percepção e consciência. Oh! Shariputra, todos
os Dharmas, são marcados pelo vazio, não aparecem e nem desaparecem, não são
puros e nem impuros, sem perda e nem ganhos. Portanto, no vazio não há formas,
nem sensações, percepções, impulsos e consciências; não há olho, ouvido, nariz,
língua, corpo e mente; não há cor, cheiro, sabor, tato, objeto do pensamento;
sem o mundo da visão, sem o mundo da consciência, sem ignorância e o fim da
ignorância; sem velhice, sem morte, e sem fim da velhice e da morte. Sem
sofrimento, sem causa de sofrimento, sem a sua extinção e sem objetivo; sem
conhecimentos e sem ganhos; sem nada obter o Bodhisattiva em paz pratica o
Prajna Paramitta". http://www.sotozencuritiba.org.br. Esse Sutra é
muito lindo, e queria ter discernimento para falar um pouco dele. No entanto,
minha experiência é superficial para abarcar tão grande conhecimento
filosófico. Contudo posso apreciar essa beleza poética, e com o tempo
ter experiências de viver esse Sutra. Encorajo a todos os leitores
assistirem. O Filme está disponível no youtube, dublado em vários idiomas.
Abraço. Davi.