Esse texto é fruto de considerações que fiz assistindo a uma
palestra na Sociedade Teosófica aqui em Brasília, Brasil, no segundo semestre
de 2014. Você já pensou por que foi nasceu no país em que atualmente mora? Por
que constituiu a família que você tem hoje ou que vive nela agora? Em São
João 9: 1-3 lemos "E passando Jesus viu um cego de nascença. E os seus
discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este eu seus pais para
que nascesse cego? Jesus respondeu: nem ele pecou nem seus pais, mas foi assim
para que se manifestem nele as obras de Deus". Esse texto bíblico é para
introduzirmos alguns pressupostos da reencarnação, pois a primeira parte dele
traz um indicação de que o homem nasceu cego devido a uma anterior situação que
não fora resolvida em sua encarnação passada. Se pensarmos logicamente
perceberemos que não há injustiça em Deus, sendo ele justo, por que a cegueira
do homem? não tem sentido imaginar, que foi para que ele não visse o quanto o
mundo é injusto, e muitas pessoas são egoístas havendo mais sofrimento que
conforto. É razoável que exista coerência no sofrimento, pois do contrário
perde-se o significado da vida e o porque estamos vivendo nesse mundo. Sem
respostas racionais ficamos presos aos conceitos dogmáticos e superstições do
céus e inferno eterno, pouco para certezas quanto ao sentido da vida. Não vejo
razão para duvidar da existência de Deus, pois o mundo não existe por acaso, e
indubitavelmente uma inteligência superior anterior a tudo fê-lo surgir
controlando e mantendo esse processo evolutivo cósmico. Quando observamos
particularmente as pessoas, reconhecemos que para algumas as coisas são mais
fáceis e para outras são difíceis, sendo isso uma evidencia de que há um
destino (determinismo) expresso por leis de fatos e causas, onde os primeiros
resultam no segundo e nas mesmas condições à recíproca é verdadeira. Mas também
o livre arbítrio é um ingrediente importante nesse sistema de desenvolvimento
da vida e essa premissa foi postulada por Charles Darwin (1809-1882)
"A evolução é o plano que particulariza a vida". Orígenes (182-254)
de Alexandria considerado um dos Pais da Igreja defendeu em suas apologias a
ideia da reencarnação. Ele se reunia com uma comunidade de cristãos primitivos
tendo uma vida casta e piedosa, sendo rigoroso na observância dos preceitos de
santidade e pureza. Sua erudição e inteligência acima do normal, o levou a
escrever uma gigantesca obra que segundo fonte fidedignas incluíam mais de 3
mil volumes de próprio punho. Trocou correspondências com Clemente de
Alexandria (150-215), Hipólito de Roma (199-217) e Irineu de Lyon (130-202)
falando sobre o tema da transmigração da alma, reencarnação e a apocatástase.
Apocatástase é a doutrina que representa a redenção e salvação final de todos
os seres, inclusive os que habitam o inferno, dedutivamente esse lugar para
Orígenes não é eterno, mas transitório e temporário, sendo um evento posterior
ao próprio Apocalipse. A Apocatástase sintetizaria o poder do Logos ou Verbo
Encarnado, ou seja, o próprio Christo como poder redentor e salvador que não
conheceria limite algum. Essa proposta levanta uma série de questões
interessantes para o cristianismo. (1). Leva a supor que não há um único mundo
criado, o que principia no Gênesis e finda no Apocalipse, como sugerido pelas
Sagradas Escrituras. Ao contrário, em sua atividade criadora, Deus cria
infinitamente uma sucessão de mundos visíveis e invisíveis, que só se esgotaria
na apocatástase, quando todos os seres repousassem definitivamente em Deus.
(2). Nesse contexto os demônios e o diabo caso aceitassem o seu próprio
processo de expiação evolutiva, poderiam ser salvos em sucessivas encarnações
nos mundos superiores invisíveis retornando a sua verdadeira origem que é Deus.
(3). Orígenes com essa hipótese sugere que seja estabelecido uma distinção
entre o Logos ou o Verbo e sua diferenciação como Christo. Uma vez que Cristo é
uma encarnação histórica neste mundo em particular, estaria aberta a
possibilidade de outra encarnação futura do Logos ou Verbo. Sendo isso compatível
com os textos sagrados cristãos, que falam de uma volta do Logos ou Verbo,
contudo, permitem questionar a divindade de Cristo, dogma comum “absoluta
verdade” no catolicismo e protestantismo. (4). Séculos após a morte de Orígenes
também chamado de O Cristão, no segundo Concílio de Constantinopla no ano de
553, como veremos abaixo, os aspectos de sua doutrina que permitiriam
subordinar a figura de Christo ao Logos e ao Pai, sendo assim humano e não
Deus, rompendo também com o dogma da Santíssima Trindade foram considerados
errôneos nesse conclave. Isso se deu sem nenhum procedimento teológico que
mensurasse tão importante questão, fundamentando as possíveis contradições na
tradição ou exegese bíblica. Segundo a verossimilhança de alguns estudiosos
sobre esse tema da Apocatástase, ela foi temerariamente combatida sem
argumentos plausíveis e razoáveis que pudessem condená-la como “heresia”. Desde
então o cristianismo se refere ao Apocalipse e não a Apocatástase, mas até 553
os cristãos consideravam a salvação de todos os seres no juízo final como a
infinita misericórdia e graça do Eterno Deus. As cartas trocadas por Orígenes
com Clemente, Hipólito e Irineu (originais) estão guardadas em alguns museus da
Europa, segundo pesquisadores e investigadores da história da Igreja. Essas
cartas são um capítulo a parte que envolvem a política dos interesses pessoais
e eclesiásticos da Igreja Católica; que manipulando-as impediu o ensino sobre a
reencarnação nas comunidade primitivas e dioceses nos anos anteriores ao Concílio
que aludimos, pois segundo consta os originais que falam sobre esse assunto
foram alterados por um certo padre chamado Rufino de Aquiléia (344-410), sendo
esse fato determinante no Concílio de Constantinopla II como uma suposta
contraprova da autenticidade dos escritos de Orígenes sobre esse tema. A
doutrina da reencarnação foi adotada como dogma pela Igreja até o século VI
quando no referido Concílio em 553 a questão deveria ser revisada dando-se um
parecer favorável ou desfavorável terminativo. O Imperador Romano do
Oriente na época era Justiniano I (482-565) que indiretamente exercia a
chefia oficial da Igreja Cristã Bizantina. O Papa Silvério I (480-557) por
simpatizar com a doutrina da reencarnação, e não queremos assinar o edito para
que ela fosse retirada da ortodoxia clerical foi destituído do cargo e
condenado por traição, morrendo no exílio (deixado sem pão e nem água) por
inanição. Justiniano I para referendar o Concílio de Constantinopla II (553)
nomeou o Papa Virgílio (537-555) que desobedecendo a ordem do Imperador não
compareceu a sessão do Concílio que decidiria o veto contra a doutrina da
reencarnação. Assim o Papa Virgílio foi também deposto acusado de perjuro (o
que jura falsamente), sendo exilado por 8 anos e de regresso à Roma morre ante
de chegar a cidade. Assim O Colégio de Cardeais sem seu representante máximo
decidiram a revelia excluir dos dogmas oficiais da Igreja a doutrina da
reencarnação em 5 de maio de 553. Esse é mais um triste capítulo da história do
cristianismo que sob ameaças, intrigas e mortes aprovaram uma lei que convinha
aos interesses pessoais de alguns Cardeais e do soberano que representava o
Império Romano naqueles dias. Nada mais trivial e questionável como uma decisão
desse tipo, sem critério e desprovida de uma análise séria e conscienciosa.
Além do que a autoridade envolvida para referendar o edito era contra, sendo
perseguido, humilhado e morto. Os interesses políticos, escusos e oportunistas
foram os verdadeiro financiadores dessa fraude teológica. São Mateus 5: 18
"Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um
jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido". O
ensino da reencarnação que tem pressupostos bíblicos foi desde então (553)
retirado da ortodoxia oficial da Igreja Cristã. Falamos agora a pouco dos
originais do livro alterado por Rufino, é a famosa obra De Príncipiis de
Orígenes. A obra publicada em latim com tradução para o português pela editora
católica Paulus, desse livro, está desconforme nos pontos que tematizam a
reencarnação da obra em grego com o título Peri Arcon traduzida para o inglês.
Assim a versão Inglesa do original grego é a mais indicada para leitura, pois
expressa o pensamento real do filósofo cristão. Evidentemente não há interesse
que o público cristão em geral, leia uma literatura de um dos pais da Igreja
que defenda em suas postulações a transmigração de almas. Orígenes adotou a
doutrina de Platão (428-347) quanto a reencarnação, pois esse em seu livro A
República diz: "Quanto a virtude a responsabilidade é de quem escolha Deus
está isento disso. Você é que a estima ou despreza". Desse modo virtude e
vício colhem alegria ou sofrimento, segundo Platão uma lei universal imutável.
Como dito nas Escrituras em Gálatas 6:8 "Tudo o que o homem semear isso
também ceifará". O pagamento é proporcional a dívida. Nossas dívidas
(vícios e pecados) é finita no tempo, sendo ilógico cobrar-se juros infinitos
na danação eterna. O que pensar de um Pai (Deus) que condena seus filhos a
tortura eterna, como é dito em Marcos 9:43-47 "Se tua mão te escandalizar
corta-a. Melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos,
ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. onde o seu bicho não morre
e o fogo nunca se apaga". Não sei o que dizer de um versículo tão estranho
(terrível) e incompreensível racionalmente. Nos textos da República e nos
diálogos Fédon e Menon Platão também pensou a transmigração das almas, o qual
Orígenes assume em suas apologias. As almas existem antes dos corpos. Assim anjos,
demônios e homens (mulheres) são numa visão geral entidades que evoluíram, de
mundos ou reinos inferiores como minerais, vegetais e animais, de acordo com
seus méritos e deméritos no tempo em que singularizaram seus comportamentos e
atitudes nos mundos visíveis e invisíveis em que existiram. Desse modo os anjos
foram aqueles que praticaram mais virtudes e beatitudes, os demônios
exteriorizaram mais os vícios e pecados e os homens num estágio apressado em
relação aos dois grupos, expiam (redimem) seus corpos para evoluírem ou
regredirem conforme as práticas realizadas pelos pensamentos, palavras e obras.
Nessa perspectiva a humanidade está em um processo de redenção individual, em
que os vários mundos possibilitarão esse ajuste ou reparação de contas à pagar
e à receber. Essa era também a visão dos Estóicos (século III AC) que afirmavam
que todo o universo é corpóreo e governado por um Logos Divino, noção tomada de
Heráclito (535 AC 475) de Éfeso. A alma está identificada com este princípio
divino como parte de um todo ao qual pertence. Este Logos ou (Razão Universal)
ordena todas as coisas. Tudo surge de acordo com Ele, graças a Ele o mundo é um
cosmo que em grego significa harmonia. Dos Estóicos é passado a ideia de que os
fins tem que ser igual ao começo. Da gigantesca obra de Orígenes infelizmente
apenas 3 volumes resistiram as chamas que destruíram a famosa Biblioteca de
Alexandria e seu Museu em (415) pulverizando o acervo inestimável de milhares
de pergaminhos e papiros que compreendiam a sabedoria humana e divina
disponível para todos os interessados e iniciados nos mistérios menores e
nos mistérios maiores da ciência oculta. A história credita esse incêndio ao
autoritarismos do imperador romano Constantino II, em comum acordo com a
Igreja, pois no século V em Alexandria, no Egito, haviam três comunidades que
disputavam a hegemonia religiosa e política da cidade: os judeus, cristãos e
pagãos. Os últimos incluíam os filósofos e conhecedores do saber humano. Sendo
que a iniciativa e preservação da biblioteca fora-lhes conferida. Como o culto
antropomórfico destes, causava inquietação nos demais grupos (judeus e
cristãos) instalou-se uma querela, que resumindo, foi resolvida arbitrariamente
pela igreja, expulsando os judeus e pagãos da cidade, e não contentes apenas
com esse fato, mandaram destruir a biblioteca de Alexandria queimando seu
valioso e inestimável acervo (pergaminhos e papiros) bibliográfico. Os 3
volumes escritos por Orígenes disponível em português são: Sobre os Princípios,
Exacta e Contra Celsius onde ele sustentava a doutrina da reencarnação, da
preexistência da alma, da transmigração da alma e da apocatástase (a redenção e
salvação de todos os seres inclusive os que estavam no inferno). Orígenes
pensava não haver um inferno eterno, mas sim um lugar de disciplina
temporária e após esse estágio todos continuariam evoluindo para encontrarem o
Logos Eterno. São Lucas 15: 20-22 "E levantando-se foi para seu pai, e
quando ainda estava longe viu o pai, e se moveu de íntima compaixão e correndo,
lançou-se ao seu pescoço e o beijou”. Outro aspecto do ensino esotérico de
Orígenes é que ele concebia a interpretação das Escrituras em três níveis.
Primeiro o corpo que era a nível superficial, aquele que as Escrituras dizem II
Coríntios 3:6 "a letra mata", onde o observador cria doutrinas
exclusivistas e dogmas absolutos misturados as crenças e superstições. Segundo
a alma um estado mais evoluído de decifrar o texto sagrado, mas ainda
intermediário apenas nos primeiros estratos da epiderme espiritual, não se
vislumbrando a aplicabilidade objetiva do enunciado proposto. Terceiro o
espiritual sendo a interpretação profunda e mística do texto sagrado. Nessa
terceira fase se perceba que é necessário adentra o portal dos mistérios
ocultos, Mateus 13:11 "a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus", para retirar das Escrituras sua simbologia e tipologia oculta que
representa a essência daquilo que O Espírito deseja falar ao discípulo. O
primeiro nível é a literalidade exteriorizado por crenças e superstições. O
segundo é a conveniência para nosso próprio interesse e bem estar. O terceiro é
a interpretação lógica e intuitiva compreendendo as alegorias e tipologias não
como verdades, mas princípios e conceitos que podem ser usados em todas as
religiões e espiritualidade. Nesse terceiro nível há mistérios que somente os
iniciados místicos, cabalistas, sufistas, gnósticos tem acesso, pois fogem ao
senso comum da religiosidade. E alguns mistérios das Escrituras de todas as
religiões estão selados não sendo permitidos revelá-los, apenas no momento
oportuno. Lucas 15:21 “E o filho lhe disse: pai pequei contra o céu e
perante ti, e já não sou digno de ser chamado seu filho". Em uma vida não
temos como pagar todo o nosso carma negativo é necessário outras vidas, para
que o ajuste e reparação possam acontecer e continuemos nosso processo
evolutivo dentro das fases que distinguem nossos corpos sutis. O inferno eterno
era relativizado por Orígenes em seus escrito quando ele usa a referência de
Isaías 50: 11 "Eis que todos vós que acendeis fogo e vos cingis com
faíscas, andai entre as labaredas dos vossos fogos, e entre as faíscas que
acendestes. Isso vos ocorrerá pela minha mão e em tormentos morareis".
Esse texto é claro pois não há uma argumentação quanto a perenidade infernal, e
em todo o Antigo Testamento segundo os melhores exegetas bíblico, não existe a
ideia de um inferno eterno. Os judeus povo precursor desse sagrado testamento,
acreditam na reencarnação, inclusive usando textos cabalístico de um famoso
rabino Isaac Luria Arizal (1534-1572) para comprovar teologicamente essa
doutrina. A editora judaica Sefer, radicada em São Paulo, Brasil, publicou
recentemente o livro Portal das Reencarnações, escrito por Joseph Saitoun,
tratando especificamente desse tema. Uma leitura recomendável aqueles que
desejarem se aprofundar no assunto. Orígenes era flexível quanto a
interpretações de textos bíblicos onde se percebiam um juízo sumário e
executório preferindo uma alegoria e metáfora representativa para fugir do
dogmatismo, preconceito e crença cega. A interpretação neo platônica da
reencarnação foi ensinada pelos Pais da Igreja. São Mateus 11: 11 "Em
verdade em verdade vos digo que dentre os que de mulher têm nascidos, não
apareceu alguém maior do que João Batista, mas aquele que é o menor no reino
dos céus é maior do que ele". A reencarnação tem a premissa de voltar à
vida para reparar ou compensar o aspecto negativo ou positivo do carma,
continuando o processo evolutivo numa perspectiva de aprendizado, no
âmbito negativo, para não incorrer nos mesmos erros em renascimentos
posteriores. Esses estágios não estão restritos aos humanos, mas alcançam todos
os reinos orgânicos evidenciados nos minerais, vegetais e animais, e o mundo
invisível, dentro de suas restritas constituições de matérias e formas
conscientemente primitivas e mais adiantadas. Podemos inferir um silogismo: A
reencarnação contem a lei da ação e reação, carma, pois para cada causa existe
um efeito produzindo evolução meritória ou involução, se demérito. Sendo mérito
(virtudes e beatitudes) tem como resultado o homem perfeito; sendo demérito
(vícios e pecados) retardamos o processo para ascender ao Logos Eterno. São
Mateus 5: 48 "Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso pai que está nos
céus". Orígenes foi discípulo de Amônio Saccas (175-242) um mestre místico
que viveu em Alexandria na primeira metade do século III e na época era
corrente dizer-se que "Amônio o que aprendeu com Deus". Ele foi o
fundador do sistema eclético, nascido de pais cristãos, mas renunciou à sua
religião nativa e voltou-se à filosofia "pagã". Pelo fato de ter
encontrado a Sabedoria Divina em seu próprio interior, foi chamado
"Theodidaktos" ou ensinado por Deus, mas ele preferia o termo
"Phialethes", ou amante da verdade. Seus discípulos eram também
conhecidos como "Filaleteus". Não deixou escritos, ensinamentos orais
e seus pupilos foram submetidos ao voto de segredo, como de costume nas Escolas
de Mistério. Por conseguinte, ele fez uma distinta tentativa de beneficiar o
mundo através do ensinamento daquelas partes da Ciência Secreta que lhe eram
permitidas ser reveladas por seus guardiães diretos daqueles tempos.
Outro mestre que influenciou Orígenes foi Plotino (204-270) que dizia:
"O Único (O Deus Supremo) é exaltado acima do Nous e das ideias. Ele está
absolutamente acima da existência escapando a razão. Permanecendo sempre em
repouso. Ele faz jorrar de Sua própria plenitude como um raio uma imagem de Si
mesmo, chamada Nous e que forma o conjunto das ideias do mundo
inteligível". Plotino foi discípulo direto de Amônio Saccas, com o qual
permaneceu onze anos. O que Platão (428 AC 347) foi para Sócrates (469 AC 399),
e o apóstolo João para Jesus, Plotino foi em relação a Amônio. Naqueles dias
participou em uma expedição à Ásia na esperança de alcançar a Índia, mas não
foi bem sucedido. Seguiu a Roma, onde despendeu o resto de sua vida ensinando e
escrevendo. Seu principal trabalho, as Enéadas, incorporam suas ideias
teosóficas. Plotino combinou uma das maiores capacidades intelectuais com a
profunda iluminação mística, e sua vida foi baseada na autodisciplina e
purificação. Sua intensa aspiração espiritual resultou no êxtase, uma sublime
condição de existência absorta na Vida Divina, o Samadhi da filosofia hindu.
Seu discípulo Porfírio (234-305) relata que Plotino gozou tal experiência em
seis ocasiões durante sua vida. Seus ensinamentos tiveram uma duradoura e
profunda influência não somente no pensamento filosófico dos séculos
posteriores, mas também na teologia cristã. A Igreja tomou sua seminal doutrina
da Trindade dos escritos de Plotino. Helena Blavatsky (1831-1899) diz:
"Tudo que é grande e nobre na teologia cristã provém do Neo
platonismo". Orígenes teve um fim como de todos os mártires por suas
ideias iluminadas que se opunham a crendice, fé cega e dogmatismo vigente na
Igreja cristã dos primeiros séculos, sendo torturado (física e
psicologicamente) e morto no ano de 254. O conceito de Teosofia ou Sabedoria
Arcana foi pensado inicialmente em Alexandria no século III pelos dois
mestres de Orígenes que citamos acima. Romanos 8: 28 "E sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para o bem aqueles que amam a Deus, daqueles
que são chamados segundo o seu propósito". Abraço. Davi.
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