A reflexão a seguir é fruto de um artigo que li recentemente dos
Testemunhas de Jeová. Uma denominação cristã com ramificações em todo o mundo
ocidental difundindo seus ensinamentos tendo duas
vertentes principais: a auto afirmação de Jeová Deus como o absoluto e
proeminente entre as demais Pessoas da Trindade Divina e o Sétimo Dia (sábado)
como um requisito (mandamento da lei divina terminativo) para o discípulo de
Jeová alcançar o Reino de Deus. Esse será futuramente estabelecido na terra
restaurada, sendo um novo Céu e uma nova Terra onde habitarão a justiça. Havendo também um controverso ponto entre os
Testemunhas de Jeová quanto a execução do Cristo ou seu sacrifício vicário. Segundo eles baseados em tradições antigas dos Persas, Assírios, Gregos e
Romanos foi efetuado em uma estaca de madeira e não em uma cruz. Uma questão
espinhosa pois esse ponto já é pacífico, a crucificação do Jesus, em todas as religiões cristãs. Eles chegam a tomar esse ensino como um dogma de fé tentando comprovar essa
argumentação nos círculos especializados (academias teológicas) que discutem as
doutrinas cristãs. Também têm uma estranha exegese muito contestadas
entre os teólogos modernos, pois creem que vivemos no que a Bíblia chama de Últimos Dias que antecedem a batalha do Armagedom. Após esse evento o reino de Deus de mil
anos nas mãos de Cristo (O Messias) e mais 144 mil humanos escolhidos será
implantado sobre a terra. Os adoradores de Jeová sobreviverão a essa conflagração
mundial e poderão viver eternamente; ao contrário dos demais que serão merecedores da danação eterna. Os Testemunhas de Jeová, até onde percebi, entendem a expressão (fim do mundo) sendo
referência ao término e substituição do atual sistema de coisas incluindo a
sociedade humana as instituições e os governos. Opino ser bastante mesquinho
alguns desses conceitos sendo irracionalmente ilógico num mundo de mais de 7
bilhões de pessoas hoje, imaginar que apenas 144 mil viverão o milênio. Assim faz-se a pergunta: o que acontecerá
com os restantes 6.999.856.000 de pessoas, jogar todos no inferno? É impensável essa
terrível cena onde indivíduos estejam eternamente agonizando e sendo fustigado
Mc 9: 44 "Onde o bicho não morre e o fogo nunca se apaga" numa
atrocidade sem fim. Hoje não mais acredito nesse conceito de inferno eterno como um lugar específico de sofrimento infinito. Prefiro
pensar num Deus cheio de amor e misericórdia que conduzirá todas as pessoas do
planeta pela evolução a sua origem final e primeira que é Ele próprio. Mas
abordaremos sucintamente apenas a questão de Quem é Jesus Cristo, partindo do
princípio que estaremos no campo das opiniões e digressões filosóficas sem o
extremismo teológico. Querendo impor qualquer verdade, apenas discutindo os fatos
a luz das teorias antigas sobre esse tema, deixando pra você leitor tirar suas
próprias conclusões dentro de seu ponto de vista. Antes de darmos inicio as
observações é bom dizer aos leitores que aqui no Brasil temos problemas
sérios com duas palavras (seita e heresia) que em outros países ocidentais
cristãos não chegam ao termos depreciativos do vocábulo citado. Desde tempo antigos
essas expressões têm uma forte carga negativa chegando a ser modelos
estereotipados de revelações em religiões contemporâneas. Coisas que não são
vista assim em países orientais com tradições espiritualistas antigas.
Então no Brasil quando você diz que tal religião é uma seita quer dizer que ela
não tem legitimidade como espiritualidade para evoluir o ser na encarnação
atual nem nas encarnações futuras. Coisa que não concordo dentro da visão
integracional e harmoniosa que estamos entendendo os vários ensinamentos
filosóficos religiosos. Dentro da perspectiva da tolerância e compreensão
tentamos nos desarmar de nossos preconceitos e dogmas estreitantes. Aceitando
pelo dialogo as divergentes opiniões advindas dos conceitos que cada
espiritualidade carrega intrinsecamente. Nessa perspectiva não creditando como
dogmas de fé os conceitos teológicos, mas conformando-os a maneiras de evoluir o
espírito pelo caminho da Senda Espiritual. Entretanto se percebe que esse
conceito de seita tem caído em desuso sendo aceito no meio esotérico cristão
como uma diferenciação de doutrina desapegada da tradição dominante. Pois
hermeneutas moderno e exegetas atuais não mais sublimam esse termo de forma
pejorativa como dantes. Com a palavra heresia as coisas são piores um termo
exclusivista que desde os primeiros séculos da era cristã foi sinônimo de
satanização e demonização. A intolerância religiosa por causa dessa palavra
(heresia) condenou pessoas honesta, piedosas e tementes a Deus como "hereges",
acusados de blasfêmia e sem julgamento foram impiedosamente vivas, queimadas nas
fogueiras, a manda da "santa inquisição Católica". Outros também foram executados
sumariamente, simplesmente porque discordavam de pontos de vistas dogmáticos
instituídos pela Igreja. Ou divergiam de ensinamentos exotéricos divulgados como
verdade absoluta que não poderiam de maneira nenhuma serem questionados. Assim
essa palavra (heresia) em minha opinião deveria ser tirada dos léxicos da
língua português. Mas graças a Deus esse termo também encontra-se em descostume,
pois sociólogos, antropólogos e linguistas atuais desaconselham seu uso não
mais cabendo num contexto globalizado. Isso devido as tradições e culturas
tenderem a um entrelaçamento de conceitos e pressuposto comuns pelos diálogos
nas convivência pacífica e ordeira. Além disso como a metafísica filosófica diz:
"quem pode ter o prumo da verdade ou ser o seu fiel da balança". Budha foi sábio
ao dizer "Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em
algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo
simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em
algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em
tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita
análise e observação se você vê que algo concorda com a razão e que conduz ao
bem e ao benefício de todos aceite-o e viva-o". Iniciando o tema para uma
visão global do assunto Quem é Jesus Cristo precisamos evocar alguns fatos da história
da igreja mais especificamente O Concílio de Constantinopla II no ano 451. Nele os Bispos, Prelados e Doutores da Igreja se reuniram para
deliberarem dentre outras coisas sobre o Monofisismo e o Diofisismo. Duas
doutrinas que até essa época causavam divisão entre as várias correntes
teológicas existentes. O Monofisismo conceituava que O Cristo tinha apenas uma
natureza a Divina. Portanto, O Cristo era, é Deus em essência e totalidade, mas o Diofisismo
preconizava que O Cristo tinha duas naturezas a Divina e a Humana. Sendo
interessante dizer que até essa data a Igreja entendia O Cristo como tendo
apenas a natureza Divina (Monofisismo), revelada numa manifestação do Deus
Eterno que encarnou-se como homem sem sua essência perfeitíssima. Então nesse
dito Concílio houve uma radical mudança de posição e a Igreja adotou a posição
Diofisista concordando que O Cristo tinha duas naturezas a Divina e a Humana.
Isso desagradou o lado Oriental da Igreja Cristã causando um Grande Cisma (racha)
entre os Cardeais, Bispos e Doutores em teologia. Assim as Igrejas Ortodoxa
Oriental, da Armênia, Copta do Egito, Antioquia, Constantinopla e a Igreja
Católica de Jerusalém se desvincularam do Catolicismo Romano Ocidental.
Elas instituíram seus próprios Sumo Pontífices (Papas), Cardeais, Bispos e padres
isolando o Catolicismo Romano que ficou na defesa da dupla natureza do Cristo, divina e humana.
Portanto como podem perceber essa questão é profunda, rendendo perdas
importantes para a Unidade da Igreja que já não existe desde 451. Um
sonho que muitos movimentos cristãos ao longo do tempo aventuraram-se a
ressuscitar sem sucesso. Nosso ponto de partida é a questão que me reportei acima, pois os Testemunhas de
Jeová em minha opinião enfatizam o Monofisismo onde O Cristo é identificado em
sua humanidade como uma manifestação da Deidade. Assim Jeová sobressai como o
principal da Trindade Divina em contraposição aos demais cristãos que
compreendem o Cristo como sendo a segunda pessoa da trindade onde o Pai é a
primeira e o Espírito Santo é a terceira. Todos tendo a mesma essência e
substância onde somente O Cristo passou pelo processo da encarnação tornando-se
homem. Cogito que esse ponto de vista dos Testemunhas de Jeová é coerente com
sua teoria de que O Cristo é O Messias que virá pra reinar na terra com poder e
glória. Isso num governo soberano restaurando todas as coisas desde os reinos
elemental, mineral, vegetal, animal e humano estabelecendo a paz e a
harmonia universal tão desejada pelos povos da terra. Essa é uma ideia
plausível corroborada pelos Judeus que esperam O Messias com essa visão de
restauração da glória do Novo Reino de Israel que regerá todas as nações para a
glória do Eterno Deus conduzindo-as a adoração Ao Verdadeiro Supremo Criador do
Universo. Um aspecto teológico divergente das facções Protestantes
tradicionais que mais passivamente tem um olhar ilusório e utópico sobre o
advento do Messias. Imaginando a Igreja num plano espiritual junto com O Cristo
comandando as hostis invisíveis e os mundos superiores transcendentes como num
sonho que ao chegar a vigília tudo se desvanece. Mas reconheço que há muitas
dificuldades na argumentação desse tema. Sabemos
que as dissertações fechadas como essa (referência ao artigo publicado na
revista eletrônica dos Testemunhas de Jeová com o título Quem é Jesus Cristo, no site: http://www.jw.org.br/pt/testemunha-de-jeova/.)
buscam nos induzir a acreditar no que está sendo dito. Desatentos na leitura não formamos opinião, pois há uma forte carga dogmática (conceitos absolutos passados como
verdades) e sabemos que isso não procede. Prova disso é que ao confrontarmos
essas premissas com outras opiniões relacionadas ao tema abrimos brechas
argumentativa contrárias ao que se mencionou. Assim quando é dito que "O
Ungido é O Cristo que é O Messias não temos como checar essa informação a luz
de outras vertentes a não ser as Sagradas Escrituras. Mas comparando esse
período dito anteriormente com a tradição Judaica veremos que o Cristo dos
Cristãos não é necessariamente O Messias dos Judeus. Um fato comprova o que estou
falando pois os Judeus esperam ansiosamente que o Templo em Jerusalém - Israel (e não o
que a Igreja Universal do Reino de Deus erigiu como réplica desse na região do Tatuapé em São
Paulo capital, aqui no Brasil) seja por eles restaurado. Desse modo voltarão a oferecer os sacrifícios
de animais como ovelhas, bois, aves. Essa exigência e imprescindível nas
ordenanças do Talmud para a adoração de YHWH (o nome de Deus na tradição
mística judaica da cabala, reconhecido como inominável). Com a autorização do Messias
entronizado, repararão tudo o que está fora da ordem dos rituais e
cerimoniais judaicos. Assim para os judeus O Messias Rei que governará no
milênio será um Mestre Místico ou um Homem Perfeito. Portanto diferente desse
que nós Cristãos imaginamos como Um Ser Superior Humano e Divino que reinará no
plano espiritual. Falando da minha experiência atual penso que devemos procurar
entender mais a natureza humana de Jesus O Cristo, pois a teologia infelizmente
desvinculando-se da filosofia principalmente a partir dos escritos de Santo
Agostinho (354-430) introduziu uma hermenêutica alicerçada em valores
absolutos. Esse fato confundiu o referencial filosófico de prumo (Sabedoria
Mística Antiga) que balanceava os conceitos transcendentes humanizando-os a
níveis existenciais investigativos onde as várias tradições espiritualistas
principalmente a oriental assumiam uma postura de influência nos escritos
religiosos de tradição cristã, judaica e islâmica. Essa terrível perde afastou
as tradições espiritualistas orientais das ocidentais fazendo-as caminhar
separadamente. Assim os cristãos se viram no direito de julgar o pensamento
religioso oriental como inferior, selvagem e descontextual. Desse modo a
tolerância e compreensão que haviam onde estudiosos budistas, hinduístas e
confucionistas juntamente com cristãos, muçulmanos e judeus sentando-se a mesa
na mesma Academia do Saber em Alexandria no Egito (séculos II a V) para
discutiram assuntos pertinentes a religião e espiritualidade não mais
aconteciam. O Cristianismo com essa atitude cortou seu elo de ligação com as demais
religiosidade isolando-se no mundo teológico criando seus próprios dogmas e
crenças tornando-se estreitante e exclusivas considerando-se o único detentor
das verdades divinas. Como humano Jesus manifestou sua fraqueza, necessidade de
comer, vestir, trabalhar, se relacionar com as pessoas, ter sentimento por
alguém, até desejos sexuais, sentir-se triste, entediado, momentos de angústia,
ansiedade, depressões. Não entendo porque a teologia cristã considera
escandaloso enfatizar a humanidade de Jesus sendo ele homem e como tal passou e
sofreu tudo isso. Então que mau há em vê-lo dependente de seu Pai e as vezes
chorando como uma criança sem saber porque deveria morrer pela humanidade.
Quando penso em Jesus assim fico amando-o mais por saber que pôde vencer tantas
tentações. E quem sabe caiu em algumas mas foi ao seu Pai alcançando a graça do
perdão e arrependimento. Sua Humanidade pra mim o torna mais Deus que sua
Divindade sendo assim que hoje consigo desfrutar o seu amor, pureza e santidade
num Deus Humano mais Humano que Deus. Quanto ao reino milenar em questão de data
opino que isso não ocorrerá em nossa encarnação atual e penso que o calendário
judaico religioso (não o civil que é o mesmo nosso) é uma suposta base de
referencia pra isso. Eles (judeus) estão no ano 5775 e confrontando com os
dias da criação o Criador descansou no sétimo dia. Nessa simbologia alegórica
seria o ano 7000 que começaria o reino milenar. Assim supostamente faltariam
1226 anos para a volta do Messias. Mas calma pois toda previsão no fundo quanto
a esse evento é insensatez e temeridade sendo que as palavras do Mestre Jesus
devem ser refletidas quando diz Mateus 24: 35,36 "O céu e a terra passarão
mas as minhas palavras não hão de passar. Mas daquele dia e hora ninguém sabe
nem os anjos do céu mas unicamente o Pai". Também o apóstolo Pedro
complementa ao dizer em II Pedro 3: 8 "Mas amados não ignoreis uma coisa
que um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos como um dia" assim os
mistérios maiores de YHWH são para aqueles que tem um coração místico singelo e
puro diante Dele. Desse modo alguns mistérios maiores nunca serão revelados nem
em futuras encarnações, mas quem sabe na próxima Raça Raiz (estamos vivendo a
quinta raça raiz que vem existindo um milhão de anos atrás) que é a sexta pois
a humanidade rudimentarmente espiritualizada em sua grande maioria não está
preparada para receber esses ensinamentos esotéricos profundos. Eles
estão sendo guardados por Iniciados e Mestre de Sabedoria como Jesus O Cristo que é um Homem Perfeito vivendo na esfera do mundo invisível e manifestando-se
quando necessário a seus discípulos atuais em momentos e de forma diversa. Isso é dito em João 14: 26 "Mas Aquele Consolador o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas
e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". O Consolador que é Ele
mesmo já veio e está no mundo sendo isso incrivelmente paradoxal. Amigos
leitores como podemos esperar alguém que já chegou estando conosco sendo que
nenhuma lógica filosófica modal, epistêmica, deôntica, temporal,
paraconsistente e paracompleta conseguem explicar essa premissa misteriosa.
Abraço. Davi.