Este texto é de Ayya Khema
(1923-1997), de nacionalidade alemã, tornando-se monja budista em 1979, no Sri Lanka, e foi uma das
mais influentes líderes budistas. Ela estabeleceu o Wat Budha Dhamma, um
monastério na tradição das florestas perto de Sidney, Austrália, em 1978. No Sri
Lanka, ela criou o International Buddhist Women’s Center, em Colombo, para treinamento de
monjas e na Alemanha estabeleceu o Budha Haus, em Berlim, inaugurado em 1989. “Ter ambição parece ser
um fenômeno natural na constituição humana. Algumas pessoas querem ser ricas,
poderosas ou famosas. Algumas querem ser muito versadas, com muitos diplomas.
Outras querem apenas encontrar um pequeno nicho para si mesmas de onde possam
olhar pela janela e ver a mesma paisagem todos os dias. Algumas querem
encontrar um companheiro(a) perfeito(a) ou tão perfeito(a) quanto possível.
Mesmo quando não estamos vivendo no mundo, mas num monastério, temos ambições:
tornarmo-nos excelentes meditadores, estarmos perfeitamente em paz, que esse
estilo de vida produza resultados. Sempre há algo pelo qual esperar. Porque
isso? Porque isso está no futuro, nunca no presente. Ao invés de dar atenção ao
presente, estamos esperançosos por algo melhor que possa vir, talvez amanhã.
Então, quando surge o amanhã, ele se converte novamente no dia seguinte, porque
ainda não foi perfeito o suficiente. Se mudássemos essa rotina no nosso hábito
de pensar e ao invés disso nos tornássemos atentos àquilo que está ocorrendo,
então poderíamos encontrar algo que nos satisfizesse. Mas como estamos buscando
algo que ainda não existe, mais perfeito, mais maravilhoso, mais recompensador,
então não iremos encontrar absolutamente nada, porque estamos buscando algo que
não está presente. O Budha descreveu dois tipos de pessoas, a comum, Puthujjana, e a nobre, Ariya. Obviamente, tornar-se uma pessoa nobre
é uma ambição que vale a pena, mas se continuarmos buscando isso em algum
momento no futuro, isso nos irá escapar. A diferença entre uma pessoa nobre e
uma pessoa comum é que a primeira experimentou na consciência o "caminho
supramundano e o seu fruto", Magga Phala. O momento do primeiro caminho
supramundano é denominado "entrar na correnteza", Sotapatti, e a pessoa que o experimenta é chamada
"aquela que entrou na correnteza", Sotapanna.
Se colocarmos isso na nossa mente como um objetivo para o futuro, isso não irá
se concretizar, porque não estaremos usando toda a nossa energia e força para
reconhecer cada momento. Apenas no reconhecimento de cada momento, poderá
ocorrer o momento do caminho supramundano. O fator que distingue uma pessoa
comum de uma pessoa nobre é a eliminação dos três primeiros grilhões que nos
aprisionam ao ciclo de existências. Esses três, que obstruem a pessoa comum
são: a ideia incorreta em relação ao Eu, a dúvida e o apego a preceitos e rituais, Sakkayaditthi, Vicikiccha e Silabbatta Paramasa. Todos aqueles que
não entraram na correnteza estão aprisionados por essas três crenças incorretas
e por ações que os afastam da libertação e que os conduzem ao cativeiro.
Analisemos primeiro a dúvida. É aquele pensamento irritante no fundo da mente:
"Deve haver um modo mais fácil" ou "Tenho certeza que poderei
encontrar a felicidade em algum lugar neste mundo enorme." Enquanto houver
dúvida de que o caminho da libertação conduz para fora do mundo, e a crença de
que a satisfação pode ser encontrada dentro do próprio mundo, não existe
possibilidade da realização nobre, porque a pessoa estará olhando na direção
errada. Dentro deste mundo com suas pessoas e coisas, animais e posses,
paisagens e contatos sensuais, não há nada que possa ser encontrado além
daquilo que já conhecemos. Se houvesse mais, porque isso não seria facilmente
discernível, porque não o encontramos? Deveria ser muito fácil de ser visto. O
que então estamos procurando? É óbvio que estamos procurando a felicidade e a
paz, da mesma forma como todas as demais pessoas. A dúvida, essa alarmista,
diz: "Tenho certeza que se eu lidar com isso com um pouco mais de destreza
do que da última vez, serei feliz. Tem algumas coisas que ainda não tentei."
Talvez ainda não tenhamos pilotado nosso próprio avião ou vivido numa caverna
no Himalaia, ou velejado ao redor do mundo, ou escrito aquele romance best
seller. Todas essas são coisas maravilhosas para serem feitas no mundo, exceto
que são um desperdício de tempo e energia. A dúvida se manifesta quando não
estamos muito seguros em relação a qual deve ser o nosso próximo passo.
"Para onde irei, o que farei?" Ainda não descobrimos o rumo. A dúvida
é um grilhão na mente enquanto a luminosidade que provém do momento do caminho
supramudano que é superior ao mundo ou está fora dele ainda estiver ausente.
A consciência que surge nesse momento remove toda a dúvida, porque
experimentamos a evidência por nós mesmos. Quando mordemos uma manga, sabemos
qual é o seu sabor. A ideia incorreta em relação ao Eu é o grilhão mais
prejudicial que acossa (perseguir com empenho) a pessoa comum. Ela contém a
noção "isso sou Eu" que está profundamente arraigada. Talvez até nem
seja "meu" corpo, mas há "alguém" que está meditando. Esse
"alguém" deseja se iluminar, deseja entrar na correnteza, deseja ser
feliz. Essa ideia incorreta relacionada a um Eu é a causa de todos os problemas
que possam quiçá (saltar, pular) surgir. Enquanto houver "alguém"
ali, essa pessoa estará sujeita a ter problemas. Quando não há ninguém ali,
quem é que poderia enfrentar dificuldades? A ideia incorreta em relação a um Eu
é a raiz que gera toda a dor, angústia e lamentação subsequentes. Com isso
também surgem o temor e as preocupações: "Estarei bem, feliz, em paz,
encontrarei aquilo que estou procurando, obterei aquilo que quero, terei saúde,
riqueza e sabedoria?" Esses temores e preocupações são justificados com
base no próprio passado. Nós nem sempre fomos saudáveis, ricos e sábios, nem
obtivemos aquilo que queríamos, nem nos sentimos maravilhosos. Então há uma boa
razão para estarmos preocupados e temerosos enquanto prevalecer a ideia
incorreta relacionada a um Eu. Preceitos e rituais em si mesmos não são
prejudiciais, apenas acreditar que eles sejam parte do caminho para Nibbana é danoso. "O Nibbana é libertação, em termos literais o desatamento da mente das impurezas mentais, contaminações do ciclo de renascimentos, e de tudo que pode ser descrito ou definido. Também denota a extinção de um fogo; carrega a conotação de acalmar, esfriar e pacificar. De acordo com a física que se ensinava nos tempos do Budha, o fogo se agarra ou adere ao seu combustível; quando extinto ele está desativado". Eles não necessitam sequer
ser religiosos, embora pensemos neles dessa forma. Tal como oferecer flores e
incenso num santuário, prostrando-se ou celebrando certos festivais e
acreditando que isso irá acumular mérito suficiente para conduzir ao mundo dos Devas (deuses no budismo). É a
devoção, respeito e gratidão com relação à Joia Tríplice que conta. Mas esse
tipo de crença não está confinado apenas às atividades religiosas. Todas as
pessoas vivem com preceitos e rituais, muito embora possamos não ter
consciência deles. Nas relações humanas existem certas formas definidas sobre
como agir em relação aos pais, aos filhos, aos companheiros. Como nos devemos
portar no trabalho, em relação a amigos e estranhos, como devemos ser
reconhecidos pelos outros, tudo está conectado a ideias preconcebidas com
respeito ao que é correto e adequado numa certa cultura e tradição. Nada disso
possui algum tipo de verdade intrínseca, tudo é fabricado pela mente. Quanto
mais ideias tivermos, menos capazes seremos de ver a realidade. Quanto mais
acreditarmos nelas mais difícil será abandoná-las. Quando imaginamos ser um
certo tipo de pessoa, comportamo-nos de acordo com essa ideia em todas as
situações. Não só pela maneira como colocamos as flores num santuário, mas
também pela maneira como cumprimentamos as pessoas, e se o fazemos de acordo
com um ritual estereotipado e não ditado por um coração e mente abertos. Essas
obstruções se enfraquecem quando experimentamos o momento do primeiro caminho supramundano
e o seu fruto. Ocorrem mudanças significativas na pessoa, que não são, é claro,
visíveis externamente. Seria gracioso possuir uma auréola e uma aparência bem
aventurada. Mas a mudança interior, em primeiro lugar, é que a experiência não
deixa nenhuma dúvida quanto àquilo que deve ser feito nesta vida. O evento é
totalmente distinto de qualquer coisa que tenha sido experimentada antes, tanto
que a vida da pessoa até aquele momento passa a não ter mais importância. Nada
que tenha importância fundamental será encontrado no passado. A única coisa
importante é dar seguimento à prática para que aquela experiência mínima do
primeiro momento do caminho possa ser fortificada, revivida e estabelecida com
firmeza dentro da própria pessoa. O momento do caminho supramundano e o seu
fruto se repete para aquele que retorna uma vez, Sakadagami, para aquele que não retorna, Anagami, e para o Iluminado, Arahant. Eles, não só são cada vez mais
profundos, como também podem ser alongados. Poderíamos compará-los aos exames
numa carreira universitária. Se alguém estiver estudando durante quatro anos
numa universidade para obter um certo diploma, ele terá que ser aprovado nos
exames ao fim de cada ano. Terá que responder a questões relativas ao
conhecimento que foi absorvido a cada exame. E as questões se tornarão mais
profundas, mais complexas e difíceis a cada exame. Apesar de estarem
relacionadas sempre com o mesmo assunto, elas irão a cada vez requerer maior
profundidade de entendimento. Até que ele finalmente consiga o diploma e não
tenha mais que retornar para a universidade. Ocorre o mesmo com o
desenvolvimento espiritual. Cada momento do caminho está baseado no anterior e
diz respeito ao mesmo assunto, no entanto o seu alcance será mais profundo e
maior. Até que se obtenha a aprovação no exame final e não seja mais necessário
retornar. O momento do caminho supramundano não possui nenhum tipo de
pensamento ou sensação. Não é comparável às absorções meditativas, Jhanas, embora esteja baseado nelas, pois só a
mente concentrada é capaz de penetrar o momento do caminho, ele não possui as
mesmas qualidades. As absorções meditativas possuem, nos seus estágios
iniciais, os ingredientes de êxtase, felicidade e paz. Mais tarde, a mente
experimenta a expansão, o nada e uma mudança de percepção. O momento do caminho
não possui nenhum desses estados mentais. Ele possui uma qualidade de Não Ser.
É um alívio tão grande, e muda a visão do mundo tão completamente, que é
totalmente compreensível que o Budha tenha feito tamanha distinção entre uma
pessoa comum e uma pessoa Nobre. Enquanto as absorções meditativas proporcionam
uma sensação de unificação e de unidade, o momento do caminho nem isso contém.
O momento do fruto, subsequente ao momento do caminho, é a compreensão da experiência
e resulta numa reviravolta na percepção da existência. Esse novo entendimento reconhece cada
pensamento, cada sensação, como insatisfatório, Dukkha. O pensamento mais elevado, a sensação
mais sublime, ainda possui essa qualidade. Apenas quando não há nada, não há
sofrimento. Não há nada interno ou externo que contenha a qualidade da
satisfação total. Devido a essa visão interior, a paixão por querer alguma
coisa é descartada. Tudo foi visto como realmente é, e nada pode proporcionar a
felicidade que surge através da prática do caminho e dos seus resultados. Nibbana não pode ser descrito corretamente
como êxtase, porque o êxtase possui uma conotação de regozijo. Empregamos a
palavra "êxtase" para as absorções meditativas, nas quais se inclui
um senso de excitação. Nibbana não contém êxtase porque tudo aquilo
que surge é visto como insatisfatório. "O êxtase de Nibbana" pode dar a impressão que a perfeita
felicidade será encontrada, mas o oposto é verdadeiro. O que se descobre é que
não há nada e assim não há mais infelicidade, apenas paz. Procurar pelo momento
do caminho supramundano e pelo seu fruto não fará com que estes ocorram, porque
somente a atenção momento a momento é capaz de realizar essa tarefa. Essa
atenção irá por fim culminar na verdadeira concentração, onde o pensamento é abandonado
e a absorção é total. Podemos então abandonar o objeto da meditação. Não
precisamos empurrá-lo para o lado, ele irá desaparecer espontaneamente e a
absorção mental ocorrerá. Se é necessário ter uma ambição na vida, esta é a
única que vale a pena. Todas as demais não trarão satisfação. Não é necessário
forçar a si mesmo para abandonar a dúvida. O que mais poderá ser colocado em
dúvida quando a verdade foi experimentada? Se alguém golpeia a si mesmo com um
martelo, irá sentir dor e não haverá dúvida quanto a isso. A pessoa saberá
através da própria experiência. Os preceitos e rituais têm um fim interessante
porque a pessoa que experimentou o momento do caminho, não irá se permitir
desempenhar um papel sob nenhuma hipótese. Todos os papéis são ingredientes do
irreal. A pessoa poderá dar seguimento a rituais religiosos, porque estes
contêm aspectos de respeito, gratidão e devoção. Mas não haverá mais cerimônias
no modo de relacionar-se com outras pessoas, ou situações, ou na maneira de
inventar estórias sobre si mesmo, porque as reações serão com um coração
aberto, espontâneo. Abandonar a ideia incorreta em relação ao Eu, é com
certeza, a mudança mais profunda, que causa todas as demais mudanças. Para
aquele que entrou na correnteza a ideia incorreta em relação ao Eu nunca mais
surgirá intelectualmente, mas poderá ocorrer em termos de sensação, porque o
momento do caminho foi tão efêmero que ainda não produziu o impacto total. Se
tivesse produzido, teria resultado na Iluminação. Isso é possível e está mencionado
nos discursos do Budha que isso ocorreu durante o período em que ele estava
vivo, todos os quatro estágios de santidade realizados ao ouvir um discurso do
Dhamma. "O Dhamma é constituição ou natureza de alguma coisa, norma, lei, doutrina; justiça, retidão, qualidade, objeto da mente, fenômeno. também princípios de comportamento que os seres humanos deveriam seguir de forma a se encaixar dentro da ordem natural das coisas. Qualidades da mente que devem ser desenvolvidas de forma a compreender a mente em si mesma". O fruto do momento do primeiro caminho supramundano tem que ser
revivido, é necessário ressuscitá-lo repetidamente, até que o momento do
segundo caminho supramundano possa surgir. É como repetir aquilo que se sabe,
sem esquecer, para que se possa obter benefício disso. É muito benéfico
recordarmo-nos em todos os momentos em que estivermos despertos que o corpo,
sensação, percepção, formações mentais e a consciência são todos impermanentes
e não possuem uma essência, mudando de momento a momento. Quer se tenha obtido
uma visão direta do Não Eu, Anatta, ou apenas o entendimento disso, de
qualquer modo deve-se trazer isso de volta para a mente e revivê-lo tão frequentemente
quanto possível. Continuando a fazer isso, os problemas comuns irão surgir cada
vez com menos frequência. Se nos mantivermos atentos à impermanência de tudo
aquilo que existe, as nossas dificuldades irão parecer muito menos importantes
e a ideia de um Eu irá mudar de modo sutil. A ideia que temos de nós mesmos é o
nosso pior inimigo. Todos construímos um personagem, uma máscara que usamos,
sendo que não queremos ver o que está por detrás dela. Tampouco permitimos que
outrem possa ver. Depois de experimentar o momento do caminho, isso não será
mais possível. Ao invés disso, a máscara, o temor e a rejeição vêm à tona. O
melhor antídoto é relembrar repetidamente de que na verdade ali não há ninguém,
apenas fenômenos, nada mais. Muito embora a visão interior possa não ser
concreta o suficiente para dar substância a tal afirmação, essa declaração
ajuda a enfraquecer o agarramento e o apego. O rumo da prática com certeza está
direcionado para Entrar na Correnteza. No entanto, não existe nada para ser
obtido, e tudo para ser abandonado. A não ser que isso seja feito, o momento do
caminho supramundano não poderá ocorrer e continuaremos a viver da mesma forma
como sempre vivemos. Acossados por Dukkha, obstruídos por Dukkha, sujeitos ao elogio e à crítica, ganho
e perda, fama e má reputação, alegria e tristeza. "Dukkha tem várias traduções, mas segundo o glossário de termos budista em pali, num sentido tradicional Dukkha significa que nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento, a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que si deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento". Os problemas usuais, todos
causados pelo Eu, irão surgir repetidamente. A mudança verdadeira ocorre quando
existe uma alteração decisiva na forma como nos vemos, de outro modo as
dificuldades permanecem porque a mesma pessoa as estará gerando. Estar
plenamente atento dentro e fora da meditação é a prática que irá produzir
resultados. Significa fazer uma coisa de cada vez, com atenção à mente e para o
corpo. Ao ouvir o Dhamma, apenas ouça. Ao sentar em meditação, apenas dê
atenção ao objeto da meditação. Ao plantar uma árvore, apenas plante. Sem
extravagâncias, sem julgamentos. Isso habitua a mente a estar presente em cada
momento. Só assim poderá ocorrer o momento do caminho supramundano. Isso não se
encontra num futuro distante, é possível, aqui e agora. Não há motivo porque
uma pessoa inteligente, saudável, comprometida, não seja capaz de realizar isso
com paciência e perseverança. Ouvimos que o desencantamento e o desapego são
passos no caminho para a liberdade. Estes não terão significado e impacto a não
ser que exista a visão de uma realidade totalmente diferente, uma que não
contenha a proliferação do mundo. Quando alguém senta para meditar e começa a
pensar, essa é a tentação da proliferação e diversificação, Papañca. O elemento Nibbana é único e não múltiplo. Poderíamos
dizer que ele está vazio de tudo aquilo que conhecemos. Até que isso seja
visto, o mundo continuará chamando, mas nós não precisamos acreditar em tudo. É
uma tarefa difícil. Por isso é necessário que nos recordemos com frequência, de
outro modo seremos aprisionados pela tentação. Não deveríamos nos surpreender
quando não encontramos a felicidade; a proliferação e a diversificação não
criam a felicidade, apenas a distração. Com certeza podemos experimentar o
prazer através dos sentidos. Se alguém possuir bom karma haverá muitas
ocasiões. Boa comida, belas paisagens, pessoas agradáveis, boa música, livros
interessantes, uma casa confortável, sem muitos desconfortos físicos. Mas isso
trará satisfação? Como não a tivemos no passado, porque deveríamos tê-la no
futuro? Os caminhos supramundanos e os seus frutos trazem a satisfação porque
estão vazios de fenômenos. O vazio não muda nem se torna desagradável e não lhe
falta a paz, já que não há nada que possa perturbá-lo. Quando as pessoas ouvem
ou leem sobre Nibbana, elas podem dizer: "Como posso não
querer nada?" Quando a pessoa vir que tudo aquilo que pode ser desejado
tem o propósito de preencher o vazio e a insatisfação interior, então terá
chegado o momento de não querer nada. Isso vai além de "não querer",
porque a pessoa agora aceita a realidade de que não há nada que valha a pena
ter. Não querer nada possibilitará a experiência de que na verdade não há nada,
apenas a paz e a tranquilidade. Budismo Theravada. http://www.nossacasa.net/shunya/.
Abraço. Davi.
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