Hare Krishna. www.voltaaosupremo.com. Texto de Bhaktivedanta Swami
Prabhupada. LEMBRAR-SE DE KRISHNA NA HORA FINAL. De nada adianta perícia no
Yoga, uma conduta exemplar ou um conhecimento completo da constituição do
mundo, se isso não leva a lembrança de Krishna na hora da morte. “A perfeição
mais elevada da vida humana, atingida seja pelo completo conhecimento da
matéria e do espírito, seja pela prática de poderes místicos, seja pela
execução perfeita dos deveres ocupacionais, é lembrar-se da Personalidade de
Deus ao fim da vida.” (Srimad-Bhagavatam 2.1.6). Ante narayana-smriti:
Se no momento da morte a pessoa é capaz de se recordar de Narayana ou Krishna –
ambos são o mesmo –, sua vida terá sido bem-sucedida, independente do que tenha
sido feito. Yogis e
personalidades muito importantes da espiritualidade dizem: “Tudo conduz ao
Supremo.” Exatamente isso se descreve aqui: sankhya-yoga, karma-yoga, jnana-yoga, dhyana-yoga.
Esses yogis dizem:
“Seja qual for o caminho ou trajetória que se percorra, em última instância se
chega à mesma meta.” Isso está muito bem, se é verdade que se chega à mesma
meta. Se não é assim, a afirmação é um engano. É dito: “Independente da senda
que siga, em última instância se chega à mesma meta.” Estamos de acordo. É o
mesmo que dizemos aqui. Independente do que tenha feito, e independente do
quanto seja bom, de nada serve se, quando a morte chegar, você se esquece de
Narayana. Afinal, isto é o mais importante: a mentalidade no momento da morte.
Nesses instantes, se sua mente gira entorno de Narayana, a vida se conclui com
êxito, e você regressará para o mundo espiritual e estará na companhia de
Narayana. Assim se obtém a perfeição completa. Mas se você estiver pensando em
seu cachorro quando chegar o momento da morte, você se tornará um cachorro.
Acabou-se. Todo o seu sankhya-yoga e toda a sua filosofia e
exercícios de yoga,
tudo vai para o inferno, e você acabará renascendo como cachorro. No momento da
morte, é preciso se recordar de Narayana. Portanto, por que não praticar a cada
dia a lembrança de Narayana? O que nós fazemos é o que é correto para alcançar
esse objetivo. Temos presente a Deidade, a forma de Narayana, ou Krishna.
Quando a pessoa se dedica constantemente ao serviço do Senhor Krishna, sempre
terá em seu coração a imagem de Krishna. E se continua assim, de uma forma ou
de outra, sua vida terá sido proveitosa. Muitas palestras, controle da
respiração e fazer o corpo ficar de cabeça para baixo (...). Tudo isso pode ser
feito, pode-se até mesmo perder seu tempo assim, mas essas práticas lhes
garantirão o lembrar-se de Krishna ou de Narayana quando chegar o momento da
morte? Essa recordação de Krishna é obrigatória, ante narayana-smriti,
como afirma neste verso Shukadeva Gosvami, a autoridade. Existe um provérbio
bengali. Bhajana
kara sadhana kara murte janla haya: “Você é um espiritualista
muito bom, e pratica muitas coisas. Tudo bem quanto a isso. Contudo, você sabe
como morrer?” Isso é o que conta. Se morrer em consciência de Deus, consciência
de Krishna, sua vida terá sido proveitosa. A Meta Final dos Yogas. Narayana não
é alguém como nós. Os mayavadis dizem: “Narayana é uma pessoa
igual a nós. Por isso, apenas é necessário lembrar-se de alguém. Você pode
lembrar-se de sua esposa, de seu marido ou de um filho, e alcançará o mesmo
objetivo.” Não, não, não. Não é assim. Por esse motivo, é dito
especificamente: ante narayana-smriti. Não se fala de um amigo,
um semideus ou outra pessoa. Ante narayana-smriti: “Lembrar-se de Narayana”.
Tudo o que foi criado, mantido e ao final aniquilado se encontra no âmbito do
Mahat-tattva (princípio material).
dharmah svanusthitah pumsam
visvaksena-kathasu yah
notpadayed yadi ratim
srama eva hi kevalam
visvaksena-kathasu yah
notpadayed yadi ratim
srama eva hi kevalam
“As atividades práticas que o homem realiza segundo sua condição
não tem valor algum se não despertam a atração em direção da mensagem da
Personalidade de Deus”. (Srimad-Bhagavatam1.2.8). Isso também se
menciona aqui, etavan
sankhya-yogabhyam. Sannyasis importantíssimos
debatem acerca de sankhya-yoga, a análise do que é o espírito e o que
é a matéria. O sankhya-yoga original
é bhakti-yoga. A
filosofia do sistema sankhya-yoga foi transmitida por Kapiladeva,
filho de Devahuti. E é completamente bhakti-yoga. Com o tempo, um ateu identificou-se
como sendo Kapila e debateu sobre sankhya-yoga. Sua análise é materialista. O sistema
filosófico sankhya-yoga é
parecido com a filosofia que prevalece na Europa e no mundo ocidental, pois se
trata de um sistema metafísico que analisa toda a manifestação cósmica. Existem
vinte e quatro tattvas.
Os primeiros cinco tattvas são os elementos materiais básicos: terra, água, ar, fogo
e éter. Depois, temos os dez sentidos: cinco sentidos para captar e adquirir
conhecimento das coisas, e cinco para gozar. Os cinco princípios do gozo dos
sentidos são: som, forma, tato, sabor e olfato. Em seguida, temos a mente, a
inteligência, o ego e, por último, a alma. Estes são os vinte e quatro
elementos. Os yogis de sankhya analisam
com profundidade estas coisas. Opinam que, além desses vinte quatro elementos,
não existe nada mais. Mas existe, sim: aquele que associa e põe fim a esses
vinte quatro elementos: o Senhor Supremo, Pradhana, Vishnu. Independentemente
de qual estudemos, seja o princípio filosófico do Kapila ateu, seja do
Kapiladeva original, não há problemas. Contudo, se, depois de analisar melhor,
você não é capaz de descobrir Narayana, o criador dessa esfera material e dos
elementos materiais, o trabalho realizado de nada servirá. Os químicos e os
físicos se dedicam a analisar os elementos materiais em seus laboratórios, mas
isso não significa que vão se libertar quando chegar o final de suas vidas.
Não. São almas espirituais que estão confusas, enredadas nestes vinte e quatro
elementos. Por esse motivo, a ocupação que lhes é realmente a melhor consiste
em buscar como sair desse enredamento. Isso é o que tem que ser feito.
Suponhamos que alguém está doente e analisamos a doença. É o que se faz na
disciplina de patologia. O doutor examina o sangue e depois descobre: “Se trata
de uma infecção, que se deve a tal e tal coisa.” Tudo bem quanto a isso. Porém,
saber decifrar a análise sanguínea, descobrir a patologia, não supõe a cura
instantânea da doença. A cura é outra coisa. De modo parecido, os filósofos
de sankhya conseguem
analisar tudo de maneira muito crítica. Talvez sejam capazes de contar até
mesmo os átomos que compõem o conjunto da atmosfera material. No entanto, isso
não significa que tenham entendido a força original que cria todas as coisas. É
disso que fala este verso que citamos ao começo. Etavan sankhya-yogabhyam:
Pode ser que consigam chegar a serem grandes cientistas, famosos físicos ou
químicos. Tudo bem quanto a isso. Mas é preciso saber como se lembrar de
Narayana quando chegar o momento de sua morte.O Erudito e o Barqueiro. Há uma
interessante história: a do erudito estudioso e do barqueiro. Na Bengala,
existem muitos rios, e as pessoas muitas vezes recorrerem ao serviço dos
barqueiros. Certa vez, um estudioso de, digamos, Calcutá regressava para sua
casa em um barco, e seu semblante irradiava felicidade. Perguntou, então, ao
barqueiro: “Meu caro barqueiro, você entende algo de astronomia? Você sabe como
atuam as estrelas?” “Não, cavalheiro. Não tenho ideia”. “Oh! Você perdeu vinte
e cinco por cento de sua existência. Não sabe de nada!” Depois de algum tempo:
“Sabe algo sobre geologia? Você sabe como funcionam a terra e a água?” “Não,
cavalheiro. Eu sou muito pobre. O que posso saber?” “Oh! Perdeu cinquenta por
cento de sua existência.” Subitamente apareceu uma enorme nuvem negra, e
começou a chover. O barqueiro, nessa hora, perguntou: “Cavalheiro, você sabe
nadar?” “Não, não sei.” “Você, então, perdeu cem por cento de sua existência!
Você vai se afogar!” O barqueiro saltou na água, e o erudito se afogou. Aí está
o ponto crucial da questão. Esforçam-se procurando entender um estudo analítico
exaustivo do mundo material. Tudo bem. Mas se não forem capazes de lembrarem-se
de Narayana quando chegar o momento da morte terão que renascer como gatos e
cachorros. Isso é tudo. Especialmente no mundo ocidental, todos os cavalheiros,
todas as damas, têm um cachorro – adoram e amam os cachorros. Portanto, em que
vão pensar quando a morte chegar? Em seu cachorro. Assim funcionam as leis da
natureza. Yam
yam vapi smaran bhavam tyajaty ante kalevaram.
Isso pode ser lido na Bhagavad-gita (8.6). Quando chega o momento da
morte, a disposição da mente que se conforme com sua vida atual será o que lhe
conduzirá ao corpo seguinte. Portanto, não acreditem numa mentalidade canina.
Detenham-se na consciência de Krishna, que é muito boa. Assim, quando a morte
chegar, você se recordará de Krishna e será transferido para Krishna-loka. Por
isso, se aconselha: “Independentemente de quem você seja, pratique a
consciência de Krishna. Isso lhe salvará.” Caso contrário, janma-labhah:
você receberá vários tipos de nascimentos. Os ditos cientistas e ditos físicos
não sabem por que existem tantas diferentes formas de vidas. Por que não
existem somente humanos? Por que existem gatos, cachorros, ratos, moscas,
serpentes, árvores, arbustos, peixes? Por que 8.400.000 diferentes espécies
vivas? Também nascem de um pai e de uma mãe. No caso do inseto, o gato, o
cachorro ou o ser humano, o processo de nascimento é idêntico. Por isso, um
poeta vaishnava canta janame janame sabe pita mata paya,
krsna guru nahi mile bhaja hari ei: nascendo homem, gato,
cachorro ou inseto, sempre terá pai e mãe. Qualquer tipo de corpo tem seu pai e
sua mãe, mas não um guru e Krishna. Consequentemente, este nascimento humano é para
conseguir um guru e
Krishna. Segundo
Nascimento. Janmana jayate shudrah. Inclusive na sociedade
humana, cada homem nasce sendo shudra. Samskarad bhaved dvijah: É necessário que se
produza um segundo nascimento. Graças ao samskara,
ou reforma, isso acontece. O mestre espiritual oferece um segundo nascimento,
chamado “iniciação espiritual”. No segundo nascimento, o mestre espiritual é o
pai, e os Vedas são
a mãe. Assim como o primeiro nascimento é possível graças a um pai e a uma mãe
materiais, o segundo, dvija, é possível graças ao mestre espiritual (pai) e ao conhecimento
védico (mãe). Isso só é possível na forma humana de vida. Se você não aproveita
esse privilégio de aceitar esse segundo pai e essa segunda mãe, que diferença
existe entre o seu nascimento e o de um cachorro? Alcançou-se este corpo
humano, o melhor de todos os corpos. Esse é o ensinamento de toda a literatura
védica. No entanto, qual é o fim desta civilização material? Meramente
trabalhar como cães e gatos. Comer, dormir, ter relações sexuais e se defender:
o mesmo que os animais. Em Paris, existem muitos edifícios. Onde se encontra
uma cultura que alcança e tem sucesso na perfeição da vida humana? Possuem
inúmeros edifícios belíssimos. Isso significa que existe inteligência. As
pessoas vão até Paris para contemplar essas obras arquitetônicas muito belas.
Entretanto, isso não é tudo. Se somente empregam sua inteligência em atividades
materiais, não são verdadeiramente inteligentes. São tolos. Devem criar uma
instituição cultural que eduque as pessoas para que se lembrem de Narayana
quando a morte chegar. Isso é obrigatório. De outro modo, suas atividades são
inúteis. De que servem? Perdem muito de seu precioso tempo construindo belos
edifícios e, quando chega o momento da morte, são incapazes de se lembrar de
Narayana. Ao contrário, recordam o seu melhor amigo: o cachorro. De que serve
essa lembrança? As pessoas não compreendem que depois da morte existe mais
vida. O Senhor Krishna diz na Bhagavad-gita (2.13):
dehino ‘smin yatha dehe
kaumaram yauvanam jara
tatha dehantara-praptir
dhiras tatra na muhyati
kaumaram yauvanam jara
tatha dehantara-praptir
dhiras tatra na muhyati