Desde
o dia mesmo em que o primeiro místico encontrou os meios de comunicação entre
este mundo e os mundos das hostes invisíveis, entre a esfera da matéria e a do
puro espírito, concluiu ele que abandonar essa misteriosa ciência à profanação
do vulgo seria perdê-la. Abusar dela levaria a humanidade a uma rápida
destruição; seria o mesmo que fornecer bombas explosivas a um grupo de crianças
e dar-lhes fósforos. O primeiro adepto iniciou apenas uns poucos selecionados,
e guardou o segredo das multidões. Ele reconheceu seu Deus e sentiu que o
grande Ser estava consigo. O Atman, o Si Mesmo, o Poderoso Senhor e Protetor,
assim que o homem o conheceu como o Eu Sou, o Ego Sun, o Asmi, deu a prova de
todo o seu poder àquele que era capaz de reconhecer a voz do silêncio. Desde os
dias do homem primitivo, descritos pelo primeiro poeta védico (Vedas são
escrituras sagradas hindus), até a nossa época moderna, não houve um único
filósofo digno desse nome que não tenha conquistado, no santuário silencioso de
seu coração, a grande e misteriosa verdade. Se era um iniciado, ele a aprendeu
como uma ciência sagrada; se não, como Sócrates (469 AC 399), que repetia a si
mesmo, assim como a todos os seus colegas, o nobre preceito, "OH! homem,
conhece-te a ti mesmo", conseguiu reconhecer seu Deus em si mesmo. Salmos
82:6 "Eu disse: vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo".
Diz o rei salmista, e vemos que Jesus lembra aos escribas que a expressão
"sois deuses", João 10:33,34 "Os judeus responderam, dizendo-lhe:
não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu
homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na
vossa lei: Eu disse; Sois Deus?”, se dirigia a outros homens mortais e que ele
reclamava para si o mesmo privilégio sem incorrer em qualquer blasfêmia. E,
como um eco fiel, Paulo, embora afirmando que somos todos "o templo do
Deus vivo" I Coríntios 3:16 "Não sabeis vós que sois o templo de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós", acrescenta cautelosamente que
afinal de contas todas essas coisas são apenas para os sábios, e que não é
licito falar delas. Portanto, devemos aceitar o convite, e anotar simplesmente
que mesmo na fraseologia bárbara e torturada do Codex Nazaraeus, encontramos a
mesma ideia. Como uma corrente subterrânea, rápida e clara, ela flui sem
misturar sua pureza cristalina com as ondas lodosas e pesadas do dogmatismo.
Encontramo-la no Codex, assim como nos Vedas, na Avesta, no Abhidharma, tanto
nos Sankhya Sutras de Kapila como no Quarto Evangelho. “Explicações
complementares sobre o Abhidharma. O Tipitaka ou cânone em Pali foi compilado
durante os três grandes concílios que ocorreram na Índia depois da morte do
Budha. O primeiro concílio ocorreu em Rajagaha três meses depois do Parinibbana
do Budha. Nesse concílio se reuniram 500 monges arahants liderados pelo
venerável Mahakassapa, onde foram recitados todos os ensinamentos do Budha. A
recitação do Vinaya pelo venerável Upali foi aceita como o Vinaya Pitaka; a
recitação do Dhama pelo venerável Ananda ficou estabelecida como o Sutta
Pitaka. O terceiro concílio ocorreu em Pataliputra, duzentos anos depois do
Parinibbana do Budha e nesse concílio o Abhidharma foi recitado. Mas esta
explicação não é suficiente para dar resposta à questão sobre como surgiram
esses textos. Ao contrário dos Suttas e dos relatos das regras monásticas no
Vinaya, os livros do Abhidharma não trazem qualquer informação quanto à sua
origem. Os comentários, no entanto, atribuem essa dissertação ao próprio Budha.
O Atthasalini, que traz o relato mais explícito, menciona que o Budha
concretizou o Abhidharma na noite da sua iluminação e que a investigação em
detalhe foi realizada durante a quarta semana após a iluminação. Depois disso,
durante o sétimo retiro das chuvas o Budha ensinou o Abhidharma para as
divindades do Paraíso de Tavatimsa que incluía uma divindade que havia sido
antes a sua mãe. Como demonstração de gratidão para com a sua mãe, que havia
falecido sete dias depois do seu nascimento, o Budha ensinou o Abhidharma
durante três meses, para que aquela divindade pudesse alcançar a libertação
final. A cada manhã, durante esse período, ele voltava ao plano humano para a
sua refeição diária, quando então, ensinava os métodos ou princípios da
doutrina que ele havia tratado para o seu discípulo principal Sariputra. A
elaboração detalhada dos ensinamentos do Abhidharma a partir dos princípios
gerais definidos pelo Budha é atribuída a Sariputra que teria transmitido esses
ensinamentos aos seus discípulos mais próximos. http://www.acessoaoinsight.net. Não podemos atingir o Reino dos Céus sem
antes nos unir indissoluvelmente com nosso Rex Lucis, o Senhor do Esplendor e
da Luz, nosso Deus Imortal. Devemos primeiro conquistar a imortalidade e "tomar
o reino dos céus pela força" Mateus 11:12 "Desde os dias de João
Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado à força, e os que usam da força se
apoderam dele", oferecido ao nosso Eu material. I Coríntios 15:47, 51
"O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do
Céu. (...). Eis aqui vos digo um mistério; na verdade, nem todos dormiremos,
mas todos seremos transformados". Na região de Sakyamuni, o Budha, que os
eruditos comentadores se têm comprazido em considerar como puramente Niilista,
(niilismo é o ponto de vista que afirma ser as crenças, as verdades e os
valores tradicionais sem fundamento, sentido e utilidade. Figurativamente seria
a ausência absoluta de fé e crença. Aniquilamento, destruição ou aniquilação
completa, não existência) a doutrina da imortalidade é definida com muita
clareza, não obstante as ideias europeias, ou antes, cristãs, sobre o Nirvana
(estado onde não mais o Karma exerce sua causa e efeito, a essência divina
d’alma está totalmente liberta do ciclo de nascimento, morte e renascimentos).
Nos livros sagrados jainistas de Pattana, o Gautama Budha desfalecido é assim
interpelado: "Sobe ao Nirvi (Nirvana) saindo desse corpo decrépito ao qual
foste enviado. Sobe à tua morada anterior, Oh! abençoado Avatar!". Isto
não nos parece o próprio oposto ao Niilismo. Se Budha é convidado a retornar à
sua "morada anterior", e essa morada é o Nirvana, então é
incontestável que a filosofia Budista não ensina a aniquilação final. Assim
como se pretende que Jesus apareceu a seus discípulos após a morte, do mesmo
modo acredita-se ainda hoje que Budha retornará do Nirvana. E se ele existe ai,
tal estado não é um sinônimo de aniquilação. Gautama Budha, assim como todos
os grandes reformadores, tinha uma doutrina para os seus "eleitos",
esotérica, e outra para as massas, exotérica, embora o objetivo principal de
sua reforma consistisse em iniciar, na medida em que era permissível e prudente
fazê-lo, sem distinção de castas ou riquezas, nas grandes verdades até então
mantidas em segredo pela egoísta classe bramânica. Budha Sakyamuni foi o
primeiro, na história humana, quem, movido pelo generoso sentimento, reúne toda
a humanidade num único amplexo (abraço), convidando o "pobre", o
"aleijado" e o "cego" à mesa do festival real, da qual
excluiu aqueles que haviam até então se sentado a sós, em orgulhoso isolamento.
Por ele quem, com mão enérgica, abriu pela primeira vez a porta do santuário ao
pária, ao decaído e a todos os "aflitos dos homens" vestidos em ouro
e púrpura, porém que eram amiúde (frequentemente) mais dignos de piedade do que
os proscritos (exilado) a quem apontavam desdenhosamente o dedo. Tudo isso fez
Sidhartha Budha seis séculos antes de Cristo, tão nobre quanto bondoso, embora
favorecido pela sorte, em outra terra. Se ambos, conscientes do grande perigo
de fornecer a uma população inculta a espada de dois gumes do conhecimento que
dá poder, deixaram na mais profunda sombra o quadrante mais interno do
santuário, quem, familiarizado com a natureza humana, poderá censurá-lo por
isso? Mas ao passo que um agiu por prudência, o outro foi forçado a censurá-lo
por isso. Sakyamuni Budha deixou intacta a parte esotérica e mais perigosa do
"conhecimento secreto", e viveu até a idade avançada de oitenta anos,
com a certeza de ter ensinado as verdades essenciais, e de a elas ter
convertido um terço do mundo; Jesus prometeu a seus discípulos o conhecimento
que confere ao homem o poder de produzir milagres ainda maiores do que aqueles
que ele fizera, João 14:12 "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que
crer em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas,
porque eu vou para meu Pai", e morreu, deixando apenas uns poucos homens
fieis, a meio caminho do conhecimento, para lutarem com o mundo ao qual não
podiam comunicar senão o que eles próprios conheciam pela metade. Mais tarde,
seus seguidores desfiguraram a verdade ainda mais do que eles próprios o haviam
feito. Não é verdade que Budha nunca ensinou qualquer coisa a propósito da vida
futura, ou que ele negou a imortalidade da alma. Perguntai a qualquer budista
inteligente quais são suas ideias sobre o Nirvana, e ele expressar-se-á como
fez o conhecido Wong Ching Foo (1847-1898), o orador chinês, agora em viagem a
este país, a autora se expressa assim pois este livro do qual o texto é
retirado foi publicado em 1877, numa recente conversa conosco sobre o Niepang
(Nirvana), Este estado, observou ele, segundo todos entendemos, significa uma
reunião final com Deus, que coincide com a perfeição do espírito humano por sua
libertação final da matéria. É exatamente o contrário da aniquilação pessoal. O
Nirvana significa a certeza da imortalidade pessoal no Espírito, não na alma,
que como uma emanação finita, deve certamente desintegrar suas partículas, um
composto de sensações humanas, paixões e anseios por alguma espécie objetiva de
existência, antes que o espírito imortal do Ego esteja completamente livre, e
por conseguinte certo de não mais sofrer qualquer forma de transmigração. E
como pode o homem atingir esse estado, enquanto o Upadhana (no budismo
theravada é apego ou combustível, aquilo que os alimenta ou dá sustento. O
apego é uma intensificação do desejo Tanha. Os quatro tipos de apego são: às
sensualidade, às ideias, a preceitos e rituais e as ideias da existência de um
Eu), esse estado de anseio pela vida, e mais vida, não desaparece do ser
senciente (capaz de sentir ou perceber através dos sentidos), do Ahamkara
(significa Ego, referindo-se ao Eu e suas diversas manifestações,
identificando-se com elas) vestido, contudo, com um corpo sublimado? (sublime,
elevado) É o Upadana, o intenso desejo, que produz a vontade, e é a vontade que
desenvolve a força, e esta gera a matéria, ou qualquer objeto provido de forma.
Assim, o Ego desencarnado, movido por esse desejo imortal que nele reside,
fornece inconscientemente as condições de suas sucessivas auto procriações em
várias formas, que dependem de seu estado mental e de seu Karma, as boas e más
ações de sua existência anterior, comumente chamadas de "mérito e demérito".
Eis por que o "Mestre" recomendava a seus mendicantes o cultivo dos
quatros graus de Dhyana (se refere a um dos aspectos da contemplação ou
meditação), o Nobre Caminho das Quatro Verdades, essa aquisição gradual da
indiferença em face da vida ou da morte; esse estado de auto contemplação
espiritual durante a qual o homem perde completamente de vista sua dupla
individualidade física, composta de corpo e alma, e unindo-se com seu terceiro
Eu Imortal e Superior, o homem real e celeste, mergulha, por assim dizer, na
Essência Divina, donde o seu próprio espírito procede como uma centelha oriunda
de uma chama comum. Assim, o Arhant, o santo mendicante liberto dos entraves da
sabedoria psíquica terrestre e demoníaca, como a designa São Tiago, e sendo
natureza onisciente e onipotente, pode sobre a terra, por meio simplesmente de
seu pensamento, produzir os maiores fenômenos. Tiago 3:1,2,5 " Meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro
juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em
palavras, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo. Assim
também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grande coisas. Vede quão
grande bosque um pequeno fogo incendeia". Do livro Ísis Sem Véu de Helena
Petrovna Blavatsky (1831-1891). Abraço. Davi.
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