sexta-feira, 29 de abril de 2022

ENQUANTO SEIS MILHÕES MORRIAM

 

Judaísmo. www.morasha.com.br. Por Zevi Ghivelder. ENQUANTO SEIS MILHÓES MORRIAM. Ao longo de 75 anos de História, a pergunta mais instigante ainda não teve uma resposta convincente: Por que as grandes potências não impediram o Holocausto? Os Estados Unidos e a Inglaterra, líderes dos países aliados na 2ª Guerra Mundial, pouco ou nada fizeram para obstar o extermínio de seis milhões por uma razão tão lógica quanto simples: os judeus eram descartáveis. A partir da segunda metade da década de 1930, no século passado, os prenúncios do Holocausto foram se tornando cada vez mais visíveis, tendo como marco mais maligno, em novembro de 1938, a Noite dos Cristais, quando pelotões paramilitares do Partido Nazista quebraram as vitrines de 815 lojas pertencentes a judeus, depredaram 171 residências, vandalizaram 76 sinagogas e incendiaram outras 191 em todo o território alemão, além de assassinar 36 judeus. Dois anos antes daquela noite infame, a Agência Judaica se dirigiu ao governo do Reino Unido, formulando dois pedidos: intervenção dos mandatários britânicos para coibir a violência desencadeada por milícias árabes, que varria o território da antiga Palestina, e o aumento da cota de emigração para os judeus europeus. Era evidente que o nazismo logo assumiria proporções violentas e a Palestina era o único refúgio para os judeus que, se fosse possível, iriam ao encontro de outras centenas de milhares que ali já viviam numa moldura de estrutura social bem-sucedida e bem-organizada. Como se comporta a maioria dos governos, quando hesita para tomar alguma decisão, o governo inglês nomeou um distinto cavalheiro, Lord Peel (1947 - ), para chefiar uma comissão de averiguação dos distúrbios in loco. Assim foi concretizada a Comissão Peel que percorreu a Palestina com criterioso empenho investigativo e, no dia 7 de julho de 1937, apresentou um relatório final propondo a partilha do território entre árabes e judeus. A proposta dividiu a liderança judaica no Congresso Sionista Mundial daquele ano. Metade desaprovou o traçado da partilha, embora concordasse com o conceito em si da divisão que teve Chaim Weizmann (1874-1952) e Ben Gurion (1886-1973) como seus mais ardorosos defensores. Ambos julgavam que tal partilha seria um ponto de partida para a futura expansão. O gabinete inglês, por seu turno, aprovou o plano e fez o que lhe era de hábito: nomeou mais uma comissão para esmiuçar o relatório da Comissão Peel. Assim surgiu a Comissão Woodhead que mal saiu do papel. Frustrada com a Comissão Peel, a liderança judaica continuou pressionando as potências europeias no sentido de que fosse encontrada uma solução para abrigar a massa de refugiados judeus alemães que começava a vagar por diversos países, sem perspectivas de acolhimento. Finalmente foi marcada para o dia 5 de julho de 1938 a Conferência de Evian, na França, com a participação de nações da Europa e da América Latina, inclusive o Brasil. Os delegados dormiram bem, comeram bem e beberam muita água mineral Evian, a atração daquela bucólica estação de repouso. A Agência Judaica foi representada por Golda Meir (1898-1978), que, em suas memórias, destacou a sonolência provocada pelos discursos dos delegados. Ao cabo de nove dias bem aproveitados pelos diplomatas, restou apenas uma proposição da República Dominicana, disposta a receber 10 mil judeus. Mesmo do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos, na pessoa do presidente Franklin Roosevelt (1882-1945) torpedearam a proposta. Roosevelt argumentou para seu círculo mais próximo que, com certeza, depois de acolhidos no Caribe, aqueles judeus encontrariam uma forma de aportar nos Estados Unidos. Esta decisão de Roosevelt foi apenas uma pequena mostra de sua postura indiferente e até mesmo hostil com relação aos destinos dos judeus antes e durante todo o transcurso da Segunda Guerra Mundial. O ano de 1939, fora a invasão da Polônia pela Alemanha Nazista, foi particularmente sombrio para os judeus da Europa e da Palestina, o chamado ishuv. No dia 7 de fevereiro o governo britânico instalou uma ampla conferência com a participação de árabes e judeus. Mais uma vez a violência na Palestina era o foco central dos debates, mas a delegação da Agência Judaica buscava, ao mesmo tempo, uma solução para os refugiados que se acumulavam na Europa. À frente da delegação judaica estavam Chaim Weizmann e Ben Gurion. Este insistiu que a delegação judaica não se limitasse apenas à Agência, uma entidade sionista, mas fosse rotulada como Delegação Judaica, de modo e a alcançar maior abrangência, incluindo antissionistas, como o famoso escritor Sholem Asch (1880-1957), ali presente. Weizmann apresentou quatro itens para os debates: os judeus não deveriam ser considerados minoria na Palestina; o mandato inglês deveria ser continuado; permissão para a entrada na Palestina de maior número de imigrantes; incentivos econômicos para o desenvolvimento da região. Por estar fora do escopo da conferência, a questão dos refugiados foi discutida à parte, mas sem maiores avanços. Em maio, a resposta inglesa a todas as demandas foi terrível e traiçoeira: O governo de Sua Majestade emitiu o White Paper, um documento que fechou a ferro e fogo as portas da Palestina para a entrada de imigrantes judeus. Se o White Paper de 1939 não tivesse existido, o número de vítimas do Holocausto com certeza teria sido muito menor. Poucos dias antes da emissão daquela tirânica proibição, um numeroso grupo de proeminentes judeus poloneses enviou um telegrama para o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain. O telegrama implorava que lhes fosse permitido partir para a Palestina. Não houve qualquer resposta. Em 2019, um pesquisador encontrou o original daquela mensagem nos arquivos do Departamento Colonial Inglês, sem indicação de que tivesse chegado às mãos de qualquer autoridade do governo britânico. Enquanto o telegrama polonês percorria o cabo submerso do canal da Mancha, o mesmo mar era navegado pelo navio St. Louis, que partira de Hamburgo rumo a Cuba, levando 937 refugiados de diferentes países europeus. Depois de inúmeras complicações e previsíveis evasivas diplomáticas, os St. Louis não pode atracar em Havana, nem em qualquer porto dos Estados Unidos, por ordem expressa de Roosevelt. O navio regressou ao porto de origem e seus passageiros foram levados para campos de concentração. Naqueles anos terríveis que antecederam o Holocausto houve apenas um momento de alívio. Foi a iniciativa do Kindertransport (Transporte de Crianças), na qual países europeus se reuniram para organizar comboios que levariam crianças, sem seus pais, para a Inglaterra, aonde seriam acolhidas em casas de famílias espalhadas por todo o país. O gabinete inglês aprovou o transporte dois dias antes da Noite dos Cristais e o primeiro trem, com 400 crianças, partiu no dia 2 de dezembro de 1938. No total, foram conduzidas 10 mil crianças, a maioria das quais nunca mais tornou a ver seus pais e mães. As dúvidas e indagações que ainda pairam sobre o Holocausto começaram a ser, em boa parte, dissipadas a partir de setembro de 2019, em função do lançamento, nos Estados Unidos, do livro The Jews Should Keep Quiet (Os Judeus Deviam Ficar Quietos, em tradução livre). Seu autor é o professor Rafael Medoff (1959 - ), que lecionou história nas universidades de Ohio e de Nova York. Atualmente é diretor executivo do Instituto David S. Wyman (1929-2018) de Estudos do Holocausto. O livro de Medoff é devastador ao escrutinizar, com extensa documentação e vasta bibliografia, o comportamento referente aos judeus por parte de Franklin Delano Roosevelt, a partir de sua primeira posse na presidência, em 1932, e durante todo o conflito mundial. Em paralelo, o livro aborda o relacionamento entre Roosevelt e o rabino Stephen Wise, um gigante do judaísmo americano e do sionismo internacional. Durante todo o período em que o Holocausto foi perpetrado, Roosevelt manteve uma atitude de inarredável intolerância. Afirmava que era muito difícil e arriscado salvar os judeus, que era impraticável o bombardeio da estrada de ferro que conduzia a Auschwitz. Acrescentava que, mesmo se pretendesse intervir de alguma maneira, suas mãos estavam atadas pelo Congresso e pela opinião pública que, na verdade, naquela época, abrigava uma forte corrente antissemita. Roosevelt mantinha estreita amizade com o rabino Wise, que tinha acesso ilimitado à Casa Branca. O presidente, inclusive, se referia a essa aproximação com o rabino como uma demonstração explícita de que nada tinha contra os judeus, muito pelo contrário. Stephen Wise nasceu na Hungria em (1874-1949), filho e neto de rabinos. Chegou aos Estados Unidos com dois anos de idade e cresceu na cidade de Portland, Oregon. Adolescente, se destacou como orador carismático, advogando igualdade para os negros e apoiando o New Deal, programa social e econômico formulado por Roosevelt, que resgatou os Estados Unidos da recessão após a catástrofe originada pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Ao contrário da maioria dos rabinos de orientação reformista, Wise se engajou com extraordinário empenho na causa sionista. Foi uma das primeiras grandes vozes antinazistas na América e liderou um movimento de boicote a produtos importados da Alemanha. Em 1936, fundou o Congresso Judaico Mundial, com sede em Genebra, cuja principal incumbência era combater o crescente nazismo na Alemanha. Dois anos mais tarde, Wise já se notabilizara nos círculos políticos de Washington por suas discussões com Roosevelt a respeito da Palestina. O presidente lhe dissera, durante uma ocasião, que não havia a possibilidade de a Palestina absorver maior número de judeus. Wise lhe descreveu com pormenores as boas condições sociais e econômicas em que vivia o ishuv e pediu sua intervenção junto ao governo inglês para a liberação de 150 mil vistos de imigrantes para a Palestina. A solicitação não foi além da conversa. Àquela altura, entrou no circuito o juiz judeu Felix Frankfurter (1882-1965), da Suprema Corte, que enviou ao presidente um longo dossiê sobre as perspectivas de desenvolvimento dos judeus na Palestina. Resultado: zero. Nos telegramas diplomáticos trocados entre Londres e Washington, os ingleses diziam que, no tocante à Palestina, “os judeus já tinham atingido o seu ponto de saturação”. Em outubro daquele ano, Fankfurter foi à Casa Branca para um debate, como ele mesmo revelou, cara a cara com o presidente. Entre outros argumentos, lembrou que os Estados Unidos haviam apoiado a Declaração Balfour, em 1917. Roosevelt lhe prometeu que enviaria para Chamberlain uma carta substanciosa a favor dos judeus. A carta nunca foi enviada. Em 1942, a adoção da “Solução Final” pelo regime nazista vazou até Washington e Londres. Wise liderou uma denúncia emanada dos países aliados advertindo o mundo para o extermínio que se prenunciava. No ano seguinte, Wise tornou público seu desapontamento com Roosevelt. O governo americano permanecia irredutível na sua inação com relação aos milhões de judeus que estavam sendo deportados e assassinados na Europa. A despeito de suas frustrações com o presidente americano, Stephen Wise (1874-1949) continuou acumulando esforços para salvar os judeus e, depois da guerra, foi fundamental no auxílio aos sobreviventes refugiados. Redobrou suas atividades sionistas e ainda pôde testemunhar o nascimento do Estado de Israel. Morreu no dia 19 de abril de 1949, aos 75 anos de idade. O acervo de Roosevelt está preservado na Biblioteca e Museu Presidencial, localizado na Albany Post Road no estado de Nova York. Muitos documentos ali guardados fazem referência aos anos da ascensão do nazismo e ao Holocausto. Em face do assombroso número de notícias que chegaram à Casa Branca, fica evidente que as reações do presidente foram bastante comedidas. Ao serem divulgados os acontecimentos da Noite dos Cristais pelas agências de notícias internacionais, um judeu assessor da presidência, chamado Benjamin Cohen, entregou à secretária particular do presidente uma carta do rabino Wise, na qual este pedia a Roosevelt alguma ação mais enérgica contra o nazismo. Ficou por isso mesmo. Quando os serviços de inteligência dos aliados informaram sobre a Conferência de Wansee, em 1942, e a consequente resolução da “Solução Final”, os poderes em Washington simplesmente não souberam, ou não quiseram, avaliar o que aquilo significava. Em dezembro de 1942, Edward Murrow, o famoso correspondente americano sediado em Londres durante a guerra, transmitiu pelo rádio, através do Atlântico, a seguinte notícia: “Não há mais campos de concentração na Europa, há campos de extermínio destinados aos judeus”. A Casa Branca então se limitou a emitir uma nota condenando “os bestiais assassinatos a sangue-frio”. O cientista político Henry L. Feingold escreveu num trabalho intitulado “A Política do Resgate”: “As informações sobre o extermínio dos judeus chegaram ao governo em novembro de 1942. Durante 14 meses o presidente não moveu uma palha. Só atuou quando sentiu que poderia estourar um escândalo sobre esse assunto”. Essa atuação consistiu numa proposta ao primeiro-ministro britânico Winston Churchill, para que ambos se reunissem no arquipélago das Bermudas, no Atlântico Norte, sob possessão inglesa, aonde os americanos já haviam instalado bases navais. A finalidade específica do encontro era tratar da questão dos refugiados. A conferência foi aberta no dia 19 de abril de 1943, por trágica ironia, o mesmo dia em que o exército nazista desfechou o ataque final e fatal contra os resistentes do Gueto de Varsóvia. O local escolhido, a principal ilha das Bermudas, correspondia a uma cínica estratégia. Como o lugar era de difícil acesso, haveria um número reduzido de jornalistas e os debates tratariam dos refugiados, em geral, e não dos judeus, em particular. Tanto assim, que o Congresso Judaico Mundial, embora tivesse formalmente solicitado, foi impedido de participar. A pauta da reunião foi encolhida ao máximo e houve uma firme recomendação de que não caberiam considerações sobre a “Solução Final”. Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos se comprometiam a manter estagnado o número de cotas de imigração, a Grã-Bretanha asseverava que a Palestina permaneceria trancada para os judeus. Um item da reunião referente à possibilidade de serem enviados pacotes com suprimentos para os campos de concentração, foi descartado antes mesmo de ser discutido. As assessorias de Roosevelt e de Churchill, nas Bermudas, eram constituídas por funcionários de segundo escalão que passaram todo o tempo tentando elaborar a instituição de um comitê intergovernamental que discutiria diretamente com os alemães a questão dos refugiados. Era uma ideia rigorosamente absurda porque os desdobramentos da guerra não tornavam viável qualquer contato com o Terceiro Reich. A Conferência das Bermudas foi encerrada no dia 30 de abril e os protagonistas emitiram um comunicado abjeto, conforme relata o historiador Arthur Morse (1892-1967) em seu livro While Six Million Died (Enquanto Seis Milhões Morriam, em tradução livre). As duas potências afirmaram, sem o menor resquício de pudor, que haviam alcançado resultados positivos “para a proteção de refugiados de todas as raças e credos”. No dia 12 de maio, onze dias depois do encontro nas Bermudas, suicidou-se em Londres um judeu chamado Shmuel Zygielboim, de 48 anos de idade, que tinha escapado de Auschwitz. Ele deixou uma carta endereçada ao governo polonês no exílio, na qual escreveu: “Não posso permanecer em silêncio. Não posso viver enquanto a comunidade judaica da Polônia, à qual pertenço, está sendo aniquilada. Meus amigos no Gueto de Varsóvia morreram com armas nas mãos em sua última e heroica batalha. Não foi meu destino morrer ao lado deles, mas estou ao lado de todos na nossa cova coletiva. Com a minha morte, pretendo fazer um último protesto contra a passividade com a qual o mundo está permitindo o extermínio do Povo Judeu. Sei que nos dias atuais a vida humana pouco vale, mas espero que minha morte possa abalar a indiferença daqueles que, num último momento, ainda possam salvar os judeus poloneses que sobrevivem. Meu adeus a todos que amei”. Apesar de fazer parte das forças aliadas, a União Soviética não foi convidada, por insistência de Churchill, para a Conferência das Bermudas. O líder britânico não suportava Stalin e dele desconfiava antes, durante e depois da guerra. Na verdade, Churchill tinha toda a razão por não acreditar em Stalin que, ao mesmo tempo em que combatia na guerra já fazia planos para tornar comunista toda a Europa Oriental. É impossível determinar uma data precisa para o início do Holocausto, mas a matança dos judeus foi um sinal verde dado aos nazistas quando Stalin assinou com Adolf Hitler (1889-1945) um improvável pacto de não agressão no dia 28 de setembro de 1939, menos de um mês depois da invasão da Polônia, o país da Europa que concentrava o maior número de judeus. Em maio de 1942, um grupo clandestino de judeus conseguiu mandar uma mensagem para o governo exilado polonês, informando que, de junho de 1941 a abril do ano seguinte, mais de 700 mil judeus tinham sido executados. No dia 25 de junho o jornal inglês Daily Telegraph publicou a seguinte manchete: “Alemães assassinam 700 mil judeus na Polônia”. Dois dias depois, foi a vez do Daily Mail: “O maior pogrom. Morrem um milhão de judeus”. O Holocausto fazia sua estreia na imprensa internacional. Os arquivos soviéticos referentes à Segunda Guerra não registram uma só manifestação de Joseph Stalin (1878-1953) relativa ao Holocausto. Quando a Alemanha invadiu a União Soviética, traindo o pacto então existente, as comunidades judaicas foram os alvos prioritários das tropas SS. O massacre de 33.771 judeus na floresta de Babi Yar, na Ucrânia, foi ignorado pelas autoridades do Kremlin que, apesar do conflito, mantinham o antissemitismo como política oficial do estado. Os soviéticos só se fizeram presentes no âmbito do Holocausto quando, em 1944, o Exército Vermelho libertou o campo de extermínio de Auschwitz. A par das narrativas sobre os crimes e atrocidades feitas pelos sobreviventes, uma pergunta avultou no mundo inteiro: por que os americanos, ou os ingleses, não destruíram os trilhos que cruzavam a Europa e tinham a monstruosidade de Auschwitz como estação final? A administração Roosevelt se manteve firme no propósito de não arriscar sua força aérea em quaisquer missões que tivessem como objetivo interromper o avanço da “Solução Final”. Em abril de 1944, dois judeus lograram fugir de Auschwitz. Percorreram a pé milhares de quilômetros até chegaram à Eslováquia onde encontraram outros judeus. Os dois homens escreveram um dossiê com 30 páginas que ficou conhecido como “Protocolos de Auschwitz”. Além das descrições de todos os horrores, ambos desenharam um mapa do campo de extermínio, mostrando as exatas localizações das câmaras de gás e dos fornos crematórios. Seriam um alvo fácil para bombardeios, até porque os aliados tinham absoluta supremacia nos céus da Europa. Essa documentação foi enviada para os Estados Unidos e seria apresentada num Congresso Americano-Polonês, recém-instalado. Era do interesse da Casa Branca agradar os poloneses, que constituíam uma das maiores comunidades de imigrantes dos Estados Unidos, com vistas às eleições que aconteceriam em novembro de 1944. Os “Protocolos” foram mencionados por alto no tal congresso e acabaram sumindo. O ataque a Auschwitz ou à ferrovia também poderia ser sido feito pela Inglaterra, mas nunca contou com a aprovação de Churchill que também cultivou uma atitude reticente durante os anos do Holocausto. O motivo exposto por Churchill por não ter bombardeado a via férrea que conduzia a Auschwitz é tão leviano quanto o americano. Ele argumentou que no segundo semestre de 1944 o Exército Vermelho já tinha ocupado a Polônia Oriental e, portanto, aquele território estava praticamente anexado à União Soviética. Assim, na sua avaliação, Stalin não gostaria de ver aviões da Royal Air Force sobrevoando terras que já lhe pertenciam. Todas as atividades de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial estão bem pormenorizadas pelo consagrado historiador Martin Gilbert (1936-2015) na biografia que escreveu de Winston Churchill (1874-1965). Contudo, Gilbert peca por minimizar as ações de Churchill contrárias aos judeus e por maximizar suas poucas intervenções sobre este assunto. O livro se refere a uma reunião do Gabinete de Guerra britânico, na qual Churchill pede a seus membros que dediquem “especial atenção aos povos que estão sendo perseguidos”. Segundo Gilbert, o Gabinete ignorou a sugestão que, na verdade, sequer explicita os judeus. O biógrafo escreve que Churchill recomendava a seus subordinados que o mantivessem sempre muito bem-informado sobre os deslocamentos de refugiados, porém, mais uma vez os judeus não são mencionados. Assim como também não foram mencionados nos noticiários radiofônicos da BBC, embora, segundo o autor do livro, Churchill tivesse entrado em conflito com a emissora do governo. Os diretores da rádio julgavam que notícias referentes aos assassinatos em massa de civis poderiam ocasionar pânico em toda a Europa. Entretanto, Churchill ganhou a queda de braço e o noticiário passou a ser transmitido sem omissões, com exceção ao que dizia respeito aos judeus. Há, ainda, outro episódio que chega a ser inacreditável. O Conselho Judaico de Luxemburgo enviou um pedido ao governo britânico para que este aceitasse acolher a reduzida população judaica do país. Segundo Gilbert, a dita carta foi engavetada e jamais levada ao conhecimento do primeiro-ministro. Finalmente, no início do ano de 1942, quando a “Solução Final” ainda não estava em curso, Churchill deu uma ordem no sentido de que qualquer judeu oriundo da Alemanha nazista que chegasse à Inglaterra receberia permissão para partir para a Palestina. Não há notícia de que, alguma vez, isto tivesse ocorrido. O fato é que nas mais de mil páginas das memórias que publicou sobre a 2ª Guerra Mundial, Sir Winston Spencer Leonard Churchill não escreveu sequer uma linha sobre o Holocausto]

BIBLIOGRAFIA

Morse Arthur, While Six Million Died, Martin Secker & Wurburg, 1968, UK.Medoff, Rafael, The Jews Should Keep Quiet, Jewish Publication Society, 2019, EUA. www.morasha.com.br. Abraço. Davi

 

 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

O QUE É A VERDADE ?

 

Espiritualidade. www.oshobrasil.com.br. Texto de Rajneesh Chandra Mohan Jain (1931-1990). O QUE É A VERDADE ? Pergunta: Querido Osho, por vezes, enquanto estou apenas sentado aqui, surge a pergunta na mente: O que é a verdade? Mas, ao mesmo tempo em que a pergunta surge, eu percebo que não sou sequer capaz de perguntar. Nesses momentos em que a questão surge tão fortemente, se você estivesse por perto eu lhe faria a pergunta mesmo assim. E nesses momentos, se você não respondesse, apenas sinto que eu teria que agarrá-lo pela barba ou pelo colar e perguntar: "O que é a verdade, OSHO?" Osho: Essa é a pergunta mais importante que pode surgir na mente de alguém, mas não há resposta para isso. A questão mais importante, a questão mais fundamental - e suprema - não pode ter qualquer resposta. É por isso que ela é suprema. Quando Pôncio Pilatos perguntou a Jesus “O que é a verdade?”, Jesus permaneceu em silêncio. Não só isso, a história diz que quando Pôncio Pilatos fez a pergunta “O que é a verdade?” Evangelho de João 18,38, ele não esperou para ouvir a resposta. Ele saiu da sala e foi embora. Isso é muito estranho. Pôncio Pilatos também pensa que não pode haver uma resposta para a questão, é por isso que ele não esperou pela resposta. Jesus permaneceu em silêncio porque ele também sabe que a pergunta não pode ser respondida. Mas essas duas compreensões não são as mesmas, porque essas duas pessoas são diametralmente opostas. Pôncio Pilatos pensa que a pergunta não pode ser respondida porque não existe algo tal como a verdade; então como seria possível a você dar uma resposta? Essa é a mente lógica, a mente romana. Jesus permanece em silêncio não porque a verdade não exista, mas porque a verdade é tão vasta, que ela não pode ser definida. A verdade é tão grande, tão enorme, que não pode ser confinada em uma palavra, não pode nem mesmo ser confinada na combinação de um milhão de palavras. Ela não pode ser reduzida à linguagem. Ela está lá, definitivamente. O indivíduo pode sê-la, mas não pode dizer algo sobre ela. Por duas razões diferentes eles se comportaram quase da mesma forma: Pilatos não esperou para ouvir a resposta, ele já sabia que não há verdade. Jesus permanece em silêncio porque ele conhece a verdade, e sabe que nada é possível ser dito. Chidvilas foi quem fez essa pergunta. A questão é absolutamente significativa. Não existe questão maior do que essa, porque não há religião superior à verdade. A questão tem de ser entendida, tem de ser analisada. Ao analisar a questão, e tentar compreender a pergunta em si, você pode ter um insight sobre o que é a verdade. Eu não vou responder isso, eu não posso responder a pergunta, ninguém pode responder. Mas podemos penetrar fundo na questão. Indo fundo na questão, a questão vai começar a desaparecer. E quando a pergunta tiver desaparecido, você vai encontrar a resposta lá no âmago do seu coração – você é a verdade, assim como você pode perdê-la? Talvez você apenas tenha se esquecido dela, talvez você tenha apenas perdido o rastro dela;  você pode ter se esquecido de como entrar em seu próprio ser, em sua própria verdade. A verdade não é uma hipótese, a verdade não é um dogma. A verdade não é hindu, nem cristã, tampouco mulçumana. A verdade não é minha nem sua. A verdade não pertence a ninguém, mas todo mundo pertence à verdade. A verdade significa aquilo que é: esse é exatamente o significado da palavra. Ela deriva de uma raiz latina, verus. Verus significa: aquilo que é. Em inglês, algumas palavras são derivadas da raiz latina verus: waswere – elas vêm de verus. Verus significa aquilo que é, sem interpretações. Quando entra a interpretação, o que você passa a conhecer é a realidade, e não a verdade. Essa é a diferença entre a verdade e a realidade. A realidade é verdade interpretada. Assim, quando você responde à questão “O que é a verdade”, a verdade se converte em realidade; ela já não é mais verdade. A interpretação entrou nela, a mente tornou-a colorida. E as realidades são muitas, existem tantas realidades quantas mentes possam existir. Existem multe realidades. A verdade é uma porque é conhecida apenas quando a mente não está lá. É a mente que o mantém separado de mim, separado dos outros, separado da existência. Se você olhar através da mente, a mente vai lhe proporcionar uma fotografia verdade. Essa será apenas uma foto, uma imagem do que é. E, claro, a fotografia depende da câmera, do filme utilizado, dos elementos químicos, da forma como foi desenvolvido, de como foi impressa, de quem a fez... Mil e uma coisas entram no processo. Então a verdade é convertida em realidade. A palavra realidade também é bela de ser compreendida. Ela vem da raiz res, que significa “coisa” ou “coisas”. A verdade não é uma coisa. Uma vez interpretada, uma vez que a mente a tenha agarrado, a tenha definido e demarcado, ela se torna uma coisa. Quando você se apaixona por uma mulher, há ali alguma verdade – se você se apaixonou naturalmente, absolutamente sem querer, sem ter feito coisa alguma de sua parte, e sem ter pensado nisso de modo algum... De repente você vê uma mulher: você a olha nos olhos, ela também olha nos seus, e subitamente algo clica. Você não está fazendo nada daquilo, você está simplesmente tomado/possuído pelo que está acontecendo, e quando menos espera se vê completamente dentro daquilo. Aquilo nada teve a ver com você. Seu ego não está envolvido, ao menos não naquele início, quando o amor ainda é virgem. Naquele momento há verdade, e não há interpretação. É por isso que o amor permanece indefinível. Logo a mente entra, toma posse de você e começa a administrar as coisas. Você começa a pensar sobre a garota como sua namorada, você começa a pensar em como se casar, e começa a pensar sobre ela como sua esposa. Agora, tudo isso são coisas: a namorada, a esposa – essas são as coisas. A verdade não está mais lá, foi recuada para um plano secundário. As “coisas” passaram a ser mais importantes. O definível é mais seguro, o indefinível é inseguro. Você começou a matar/envenenar a verdade. Cedo ou tarde haverá uma esposa e um marido, que são suas coisas. Mas a beleza se foi, a alegria desapareceu, a lua de mel acabou. A lua de mel termina no exato momento em que a verdade se torna realidade, quando o amor se torna um relacionamento. A lua de mel é muito curta, infelizmente – eu não estou me referindo sobre a lua de mel para onde vão você e seu cônjuge. A lua de mel é muito curta. Ela estava lá por um breve momento. A pureza e a beleza que ela carrega, aquela pureza cristalina, divina e transcendente – é pertencente à eternidade, não é do tempo. Não faz parte desta vida mundana, é como um raio trazendo luz para um lugar escuro. Ela vem do transcendental. É absolutamente apropriado chamar o amor de Deus, porque o amor é a verdade. A coisa mais próxima da verdade a que você pode chegar na vida comum é o amor. Chilvilas pergunta: “O que é a verdade?” A pergunta deve desaparecer; somente então você saberá. Quando você pergunta “O que é a verdade?”, o que você está perguntando? Tente entender isso. Se eu digo que “A” é verdade, “B” é verdade, “C” é verdade... isso seria realmente uma resposta? Se eu disser que A é a verdade, então A certamente não pode ser a verdade: é apenas algo que estou usando como sinônimo da verdade. Se A for um sinônimo total e completo a verdade, então haverá uma tautologia. Então eu poderia dizer: “A verdade é a verdade”, mas isso de nada adiantaria, seria só uma tolice sem sentido. Se ambos forem exatamente o mesmo, ou seja, se A for exatamente a verdade, então isso significará que “a verdade é a verdade”. Por outro lado, se A for diferente, ao invés de exatamente a verdade, então eu estarei falsificando e enganando. Então dizer “A é a verdade” será apenas aproximado. E lembre-se, em se tratando da verdade, não pode haver nada que seja aproximado. Ou é a verdade, ou não é. Logo, mesmo que tentasse lhe responder com significado aproximado, eu não poderia dizer que A é a verdade. Eu não posso nem mesmo dizer que "Deus é a verdade", pois se Deus é a verdade, isso seria uma tautologia, significando que "A verdade é a verdade". Nesse caso, apesar de eu estar lhe dizendo a resposta, não estaria dizendo realmente nada. Se, todavia, Deus é diferente da verdade, então eu poderia dizer alguma coisa, mas então eu estaria dizendo algo errado/falso. Porque, se Deus é diferente da verdade, como Ele poderia ser a verdade? Se eu disser que minha resposta é aproximada, linguisticamente parece tudo bem, mas não é certo. "Aproximado" significa que um pouco de mentira está lá, que há algo falso lá. Do contrário, o que mais poderia impedir uma verdade cem por cento? Se é 99 por cento verdade, então existe algo que não é verdade. E a verdade e a mentira não podem existir juntos, assim como a escuridão e a luz não podem existir juntos - porque a escuridão nada mais é do que ausência. Ausência e presença não podem existir juntos, mentira e verdade não podem existir juntos. A inverdade nada mais é do que a ausência da verdade. Portanto, nenhuma resposta é possível. Foi por isso que Jesus permaneceu em silêncio. Mas se você puder olhar para o silêncio de Jesus com simpatia profunda, você perceberá que há uma resposta. O silêncio é a resposta. Jesus está dizendo: "Fique silencioso, assim como eu estou silencioso, e você vai saber". Note que ele não está dizendo isso com palavras. Esse é um gesto muito, muito zen. Naquele momento em que Jesus permaneceu em silêncio, ele se colocou muito perto da abordagem Zen, e da abordagem budista. Naquele momento ele era um Buda. Em sua vida, Buda nunca respondeu a perguntas como esta. Ele tinha 11 perguntas enumeradas: onde quer que ele fosse, seus discípulos iam na frente e declaravam às pessoas: "Buda está vindo, mas nunca perguntem a ele essas 11 questões" - questões que são fundamentais, questões que são realmente significativas. Você poderia perguntar qualquer outra coisa e Buda se prontificaria imediatamente a responder. Mas não pergunte sobre o fundamental, porque o fundamental pode apenas ser experimentado. E a verdade é de todo o mais fundamental, o mais essencial; a própria substância da existência é o que é a verdade. Analise bem a questão. A questão é realmente significativa, e está surgindo em seu coração: "O que é a verdade?". Um desejo de conhecer aquilo que é está surgindo. Não deixe de lado a sua pergunta, vá bem fundo nela. Chidvilas, sempre que a pergunta surgir novamente, feche os seus olhos, e olhe atentamente para a questão. Deixe que a questão esteja muito, bastante focada... "O que é a verdade?"... E deixe a ver grande concentração. Esqueça tudo, como se toda a sua vida dependesse dessa única pergunta – "O que é a verdade?". Permita que isso se torne uma questão de vida ou morte. E não tente respondê-la, porque você não sabe a resposta. Muitas respostas podem vir para você, a mente sempre tentará supri-lo com respostas. Mas veja o fato de que você não conhece a resposta – é justamente por isso que você está perguntando. Isso não é óbvio? Então, como pode a sua mente fornecer a resposta? Perceba esse fato e tenha-o em mente. A mente não sabe, não conhece; desse modo, sempre que ela vier com respostas, diga a ela: "Fique quieta". Você não conhece a resposta, daí a sua pergunta. Portanto, não seja enganado pelos brinquedos da mente. Ela o provê com muitos brinquedos; ela diz: "Veja, está escrito na Bíblia. Veja, está escrito nos Upanishads. A resposta é X. Veja, Lao Tsui escreveu que Y, essa é a resposta." A mente pode atirar todos os tipos de escrituras sobre você, pode fazer citações, pode usufruir da memória. Em sua vida, você ouviu falar sobre bastantes coisas, leu muito sobre várias coisas; a mente carrega todas essas memórias. Ela pode repetir tudo de forma mecânica. Mas olhe de perto para este fenômeno: a mente não sabe realmente nada, e tudo o que a mente está repetindo nada mais é do que conhecimento emprestado. Cuidado com a mente. A mente fará citações, ela tentará provar de todas as formas possíveis ter a resposta certa para tudo. A mente sabe tudo sem saber nada. A mente é um fingidor, uma enganadora. Olhe para este outro fenômeno (a isso eu chamo insight): não é uma questão de pensamento. Sempre que você pensar sobre isso, é novamente a mente. Você deve ver (intensamente e de uma vez por todas) através de toda atuação, de todo funcionamento e do mecanismo da mente. A sua visão tem de apreender tudo de uma vez, do contrário sua visão será superficial. E uma visão superficial não é realmente uma visão, é um pensamento. Você tem de compreender/olhar profundamente para o fenômeno: para o funcionamento da mente, o modo como a mente atua/trabalha. Ela toma conhecimento emprestado daqui e dali, e segue acumulando conhecimento da mesma forma como um ferro velho acumula todo tipo de entulho. A mente é como o dono de um ferro velho. Ela se enche de conhecimento, e sempre que lhe ocorre uma pergunta que é realmente importante, a mente o providencia com uma resposta sem importância – fútil, superficial, lixo. Um homem comprou um papagaio em uma loja de animais. O proprietário da loja garantiu a ele que o pássaro iria aprender a dizer “alô” em apenas meia hora. Ao voltar para casa ele passou uma hora cantando “alô” para o pássaro, mas o pássaro não tinha pronunciado uma palavra sequer. Quando o homem foi desistindo e se afastando em grande frustração, o pássaro disse: “o número está ocupado.” Um papagaio é um papagaio. Ele deve ter ouvido aquelas palavras na loja de animais. E este homem seguia dizendo “olá, olá, olá”, e durante todo o tempo o pássaro estava escutando, apenas esperando ele parar. Então ele poderia dizer, “o número está ocupado!”. Você pode continuar perguntando à mente, “O que é a verdade, o que é a verdade, o que é a verdade?”. E no instante em que você parar, a mente imediatamente dirá: “o número está ocupado”, ou algo parecido. Tenha cuidado com a mente. A mente é o diabo, ela é o demônio, não existe nenhum outro. E é a sua mente. Essa percepção/insight tem de ser desenvolvido: de olhar inteiramente para ela de uma única e só vez, inteiramente, totalmente, por completo. Corte a mente em duas com um golpe forte e afiado da espada. Essa espada é a presença, a consciência. Corte a mente em duas e siga em frente atravessando-a, para além dela! E, ao atravessá-la, se você puder ir além da mente, e um momento de não-mente eclodir para você, subitamente você verá a resposta – não uma resposta verbal, não um texto citado entre aspas, mas uma resposta autenticamente sua, uma experiência. A verdade é uma experiência existencial. A questão é imensamente significante, mas você tem que ser muito respeitoso para com a questão. Não tenha pressa para encontrar qualquer resposta, caso contrário alguns entulhos acabarão por matar a resposta. Não permita que a sua mente destrua a sua pergunta. A maneira que a mente tem de destruir a pergunta é fornecendo uma resposta sem vida, sem experiência. Você é a verdade! Mas a realização/constatação disso somente pode acontecer quando você estiver em completo e total silêncio, quando não há nem mesmo um único pensamento, quando a mente não tem nada a dizer, quando não há nem mesmo uma única ondulação em sua consciência. Quando não há ondulação em sua consciência, sua consciência permanece sem distorções. Quando há uma ondulação, existe uma distorção. Basta ir a um lago. Fique em pé sobre a margem do lago, e olhe para o seu reflexo. Se houver ondulações no lago e o vento estiver soprando, o seu reflexo ficará trêmulo. Você não poderá definir onde exatamente estão as coisas – qual parte é o seu nariz e qual parte são os seus olhos – poderá apenas tentar adivinhar. Mas quando o lago está silencioso e o vento não está soprando e não há uma única ondulação na superfície do lago, de repente você está lá. Inteiramente, em absoluta perfeição, o seu reflexo está lá. O lago se torna um espelho. Sempre que houver um pensamento em movimento em sua consciência, as coisas ficarão distorcidas. E há muitos pensamentos, milhões de pensamentos estão correndo continuamente, e para eles sempre é a hora do rush. Todas as vinte quatro horas do dia são a hora do rush, e o tráfego continua infindavelmente por todas as horas do dia. E cada pensamento está associado com milhares de outros pensamentos; eles estão todos de mãos dadas relacionando-se entre si, completamente interligados, e toda essa multidão está correndo em volta de você. Como você pode saber o que é a verdade? Saia dessa multidão. Isso é o que é meditação, é disso que a meditação se trata: uma consciência sem mente, uma consciência sem pensamentos, uma consciência firme sem oscilações, límpida como um lago. Então subitamente a resposta está lá em toda sua beleza e bendição. Então a verdade é conhecida – chame-a Deus, Nirvana, ou use qualquer outro nome que você preferir. De repente ela está lá, simplesmente; e está lá na forma de uma experiência. Você está nela e ela está em você. Utilize bem a sua pergunta. Tire dela todo o proveito possível. Torne-a cada vez mais penetrante e focada; coloque tudo em jogo a fim de que a mente não possa enganá-lo com suas respostas superficiais. Uma vez que a mente desaparecer, quando ela não mais estiver jogando com seus velhos truques, você vai saber o que é a verdade. Você saberá disso em silêncio. Você saberá em um estado de consciência sem pensamentos. www.oshobrasil.com.br. Abraço. Davi

 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

O MUNDO DOS ORIXÁS - OXUMARÊ

 

Religião Afrodescendente. Candomblé. www.ocandomble.com. O MUNDO DOS ORIXÁS – OXUMARÊ. A missão divina da Mãe Terra (Edan – Onile). Quando a divina e poderosa mãe Edán (Onile Ogboduora) fez sua aparição nesta Terra, ela fez isso com um propósito específico e sagrado. Sua manifestação nesta Terra sinalizou uma nova oportunidade para a humanidade se renovar, progredir e ter uma vida equilibrada. Sua aparição marcou um novo começo para toda a humanidade e não apenas o povo privilegiado dos yorùbá. Seu objetivo e propósito era, e é, de alcance universal. Èdán veio para trazer cura, ordem, harmonia, abrigando preceitos divinos e equilíbrio para as comunidades da Terra em geral e cada ser humano em particular. Você deve se lembrar e ter em mente que Èdán não é um ser humano. Èdán não é yorùbá, chinês, americano, oriental ou ocidental. Èdán é uma personagem divina de habilidades extraordinárias e poderes supra-humanos. Èdán não é deste mundo. Ela vem de um reino glorioso e inconcebível de santidade, beleza e poder. A inteligência, compreensão, força, atratividade e carisma da mãe divina Èdán é extraordinária, penetrante e excepcional. Èdán pode ver a profundidade e a realidade das coisas. Ela não pode ser enganada, manipulada ou subornada, ela não comete erros na administração de sua dispensação (ato de dividir). Ela está além do alcance da influência humana. Ela nunca cairá ou balançará à mesquinhez e a inconstância, que é comum entre a humanidade. Sua visão divina nunca é obstruída e sua atividade não pode ser prejudicada. Sua virtude, caráter, personalidade e carisma são sem igual. Mesmo Ọrúnmìlà reconheceu sua grandeza, eficiência, capacidade e singularidade. Foi, afinal, Ọrúnmìlà quem invocou Èdán, sua amiga e sócia divina para apoio, soluções e alívio! Quando Èdán desceu do reino dos Irunmọlẹ a esta Terra, ela apareceu com a plenitude da autoridade divina, poder e comando. Todos Ajogùn interno, externo e Elénìní fugiram diante dela. Com o poder de sua majestosa personalidade, divinamente atraente, beleza, carisma e àşé ela foi capaz de libertar e entregar os corações e as mentes dos pensamentos negativos, atitudes e energias prejudiciais que oprimiam e dominavam os seres humanos. Èdán foi capaz de desarmar as pessoas de suas preocupações, medos e inseguranças. Para aqueles que faziam, que se deliciavam em fazer o errado, o engano, a opressão e a corrupção ela colocava medo nos seus corações para que talvez eles pudessem mudar suas maneiras sob sua administração do perdão, da ordem, da capacitação e da renovação. Tais era, e é, o poder e a influência da mãe divina Èdán. Juntamente com o inseparável, a importação do ase aos membros sensíveis da humanidade, ela deu preceitos e injunções divinas para seus alunos-discípulos para praticar e implementarem em todos os níveis da sociedade e da vida pessoal. Estes seguidores obedientes e confiáveis ​​de Èdán são os Ogboni porque só existe sabedoria, saúde e longa vida com Èdán se as pessoas obedecerem e praticarem seus preceitos. Do lado de fora uma pessoa constituiria um Ogberi (ignorante) porque aparentemente tinha conhecimento e não praticava a verdade, o que é isso, se não o maior ignorância, infelicidade e loucura. Os princípios divinos de Èdán tornaram-se os veículos de sua divina presença, carisma, poder, apoio e influência-retificando a cura. Ter vivido na época do aparecimento de Èdán sobre esta Terra sagrada foi a experiência mais extraordinária, gratificante e maravilhosa. Isto é, a forma divinamente sancionada, a vida que ela estava revelando à humanidade e continua revelando à humanidade. O teimoso, obstinado e beligerante que não fizer, não vai durar muito tempo sob a administração de Èdán. Èdán é naturalmente amável, justa e compreensiva, como a Sagrada Mãe preciosa e amável que ela é, ela proporcionou a todos o perdão, um novo começo sem referência a erros do passado, uma oportunidade para mudar e a bênção para fazer uso de seu apoio pessoal, garantia, inspiração e poder. Èdán está ciente de nossas fragilidades e fraquezas como seres humanos. Ninguém precisa ter medo por causa de suas fraquezas ou falhas. Èdán não pareceu para fazer-nos ricos e famosos. Èdán apareceu para nos fazer participantes da verdadeira vida, saúde, paz, segurança e prosperidade através da prática de seus ensinamentos claros. Èdán apareceu para nos permitir descobrir a nossa nobre e bela natureza divina. Ela veio para restaurar a dignidade, clareza, transparência, saúde moral e limpeza moral de nossas vidas. Èdán inculca a verdade divina para seus seguidores inteligentes e humildes, quando estamos individual e coletivamente para a direita e para dentro, em seguida, nesta ordem interna, a saúde e a retidão serão reveladas e expressas no mundo. As instruções de Èdán não foram e não são sugestões, mas comandos divinamente concedidos e leis. Eles são vinculativos e obrigatórios para toda a humanidade e especialmente para aqueles que se dedicam a Èdán. Para ser Ogboni significa ser o melhor dos melhores. Significa ser um modelo de impecabilidade, idoneidade e confiabilidade. Para ser Ogboni significa estar pessoalmente convencido a perseguir e fazer o que é certo, correto e adequado independentemente de tempos, lugares e / ou circunstâncias. Para ser Ogboni significa ter auto iniciativa, ser responsável e fazer o que é certo para o bem do amor da verdade e não ser visto, elogiado e aplaudido por outros. Iniciação formal sozinha não faz de você um seguidor de Èdán. O que é importante não é que outras pessoas te chamem de Ogboni, mas que Èdán te reconhece e o aceita como um dos seus verdadeiros, leais e obedientes filhos. O que é importante é que você seja Ogboni 24 horas por dia em seus pensamentos, atitudes, ações e relacionamentos. Ogboni é uma forma global e abrangente de viver. Uma delas é ser Ogboni o tempo todo para que Èdán, ela mesma, possa garantir que você é um Ogboni genuíno, verdadeiro, com honra, humildade, alegria e realização digna. Os ritos de iniciação Ogboni foram desenvolvidos mais tarde por Èdán e seus seguidores, mas, inicialmente, a verdadeira iniciação era uma mudança espiritual de coração, mente e vida como um resultado do encontro com Èdán, sua personalidade, seu caráter, seu carisma, encantamento, inspiração, autoridade e poder, tudo foi expresso e manifestado através de tudo que Èdán fez. Tudo que Èdán fez foi cheio de graciosidade, dignidade e poder. Não foi através de ritos e rituais que Èdán mudou o mundo, mas pela graça divina, pelas maneiras, inteligência e conduta. Èdán por suas maneiras, caráter, personalidade e conduta comandou o respeito, reverência, confiança e obediência de todos aqueles com coração sincero e bom. O verdadeiro símbolo de honra e título de um Ogboni autêntica o caráter, a virtude, a bondade e a imparcialidade que ele pratica. Conformidade exterior e aderência superficial com o protocolo Ogboni para o bem das pessoas não faz de você um Ogboni, não importa o seu título ou o quanto você está velho. Èdán deu seu amor, vida e foco total e dedicação à humanidade. Para ser Ogboni você tem que dar o seu tudo para a missão divina de Èdán e você deve procurar com sua força, habilidade, atividade e meios transferir o conhecimento de Èdán a todos os povos do mundo. Isto é o que é significa ser Ogboni. Ogboni não é uma instituição humana. Ogboni não é um negócio. Ogboni não é um clube. Ogboni é uma vocação divina e sagrada. Èdán era uma revolucionária espiritual, divina, missionária, diplomática e embaixadora da boa vontade e da esperança. Nós também devemos ser isso. Devemos buscar a propagação do Ogbonismo. Não os chamados clubes Ogboni e instituições formais, devemos propagar a verdade e a realidade que Èdán promoveu e instituiu para toda a humanidade. A humildade e o serviço vêm antes da honra, do orgulho, da presunção. Èdán diz que a indiferença precede a queda. Ancestral Pride Temple. Templo Orgulho Ancestral. ORIXÁ OXUMARÊ. Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá, aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente. Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – Água, Terra, Fogo e Ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto que, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias. No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia-a-dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos. Apresento a seguir as descrições dos 16 Orixás mais cultuados. Recordo, no entanto, que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região. ORIXÁ OXUMARÊ. DIA: Terça-feira. CORES: Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris. SÍMBOLOS: Ebiri, serpente, círculo, bradjá. ELEMENTOS: Céu e terra. DOMÍNIOS: Riqueza, vida longa, ciclos, movimentos constantes. SAUDAÇÃO: A Run Boboi! Oxumaré (Òsùmàrè) é o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os movimentos de translação e rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite permanente, um dia permanente. É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que após o dia venha a noite, que as estações do não se alterem, que o vapor das águas suba aos céus e caia novamente sobre a Terra em forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido, pois o fim dos ciclos é o fim do mundo. Oxumaré mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo. Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé. Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua. Oxumaré é um Orixá masculino. Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e à terra, que é macho e fêmea. Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação. Omulú é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse acto, já que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonassem as crianças nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto, percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré. Oxumaré que fica no céu. Controla a chuva que cai sobre a terra. Chega à floresta e respira como o vento. Pai venha até nós para que cresçamos e tenhamos longa vida. Características dos filhos de Oxumaré. São pessoas que tendem à renovação e à mudança. Periodicamente mudam tudo na sua vida (de maneira radical): mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem rompendo com o passado e buscando novas alternativas para o futuro, para cumprir seu ciclo de vida: mutável, incerto, de substituições constantes. Geralmente são magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes, difíceis de encarar, mas ‘não enxergam’. São pessoas que se prendem a valores materiais e adoram ostentar suas riquezas; São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e desprendidas quando se trata de ajudar alguém. Extremamente ativas e ágeis, estão sempre em movimento e ação, não podem parar. São pessoas pacientes e obstinadas na luta pelos seus objetivos e não medem sacrifícios para alcançá-los. A dualidade do orixá também se manifesta nos seus filhos, principalmente no que se refere às guinadas que dão nas suas vidas, que chegam a ser de 180 graus, indo de um extremo a outro sem a menor dificuldade. Mudam de repente da água para o vinho, assim como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento. Um lindo Itan sobre esse grande Orixá: “A grande Divindade do Arco-Íris era um reconhecido Babalawo (Pai do Segredo). Diante de sua sapiência, prestava serviços somente ao Rei da cidade de Ifé, que de certa maneira o explorava de forma contumaz. Para o Rei de Ifé, o fato de Òsùmàrè ser o seu Babalawo pessoal já era o grande pagamento pelos serviços que ele lhe prestara, afinal ele era o Rei e, muitos queriam estar no lugar de Òsùmàrè, razão pela qual dava pequenas esmolas ao sábio Babalawo, que em nada ajudavam em seu sustento. Assim, mesmo sendo o Babalawo do Rei, Òsùmàrè estava passando por grandes dificuldades e já não conseguia sustentar a sua família. Dessa forma, resolveu consultar Ifá (o oráculo sagrado) para outras pessoas e não somente para o Rei, assim ele conseguiria novamente poder oferecer uma vida melhor à sua esposa e filhos. Contudo, o Rei de Ifé não aprovou o que Òsùmàrè estava fazendo e, solicitou que fosse ao seu palácio. O Rei disse a Òsùmàrè que ele poderia estar feliz consultando Ifá para as outras pessoas, mas ele o Rei, estava insatisfeito e, por isso, não iria mais lhe “pagar” e não queria mais que ele fosse o seu Babalawo. Òsùmàrè ficou desesperado, pois ele sabia que bastava uma ordem do Rei e ninguém iria procurar pelos seus serviços. No mesmo dia a Divindade da Riqueza e Prosperidade Olokun Seniade, ordenou que todos os Babalawos da cidade fossem até o seu reino, para saber o que deveria fazer para ter filhos. Apesar da grande experiência dos Babalawos que lá estavam, nenhum conseguiu responder à Olokun Seniade aquilo que tanto lhe tirava o sono. No entanto, alguém lhe disse que Òsùmàrè, o Babalawo pessoal do Rei de Ifé não estava presente, recomendando-lhe que procurasse a ajuda dele por desencargo de consciência. Assim Olokun Seniade o fez, ordenou à um mensageiro que fosse buscar Òsùmàrè no palácio do Rei de Ifé. Chegando lá, o Rei afirmou que havia dispensado os serviços de Òsùmàrè, pois ele não lhe servia mais. O mensageiro de Olokun Seniade percorreu às ruas de Ifé, perguntando por Òsùmàrè, até que finalmente ele o encontrou, o levando até o palácio de Olokun. Chegando lá, Òsùmàrè consultou Ifá e disse para Olokun que teria filhos bonitos e fortes, mas que para isso, seria necessário realizar uma determinada oferenda. Como forma de gratidão e agradecimento, Olokun convidou Òsùmàrè para ser o Babalawo do seu palácio, que ele seria reconhecido e valorizado pelo seu grande conhecimento. Olokun presenteou Òsùmàrè com aquilo que tinha de mais precioso, as sementes do dinheiro (Owo Eyo – Búzios) e com um pano colorido. Olokun Seniade disse à Òsùmàrè que, sempre que ele usasse aquele pano, as suas cores refletiriam no céu, nascendo dessa forma, o Arco-Íris. Essas lindas histórias ilustram algumas importantes lições, seja sobre nossas vidas, seja sobe as Divindades. Mostra que apesar das dificuldades que parecem insolúveis, sempre existe a possibilidade de uma reviravolta em nossas vidas. Mostra ainda a razão de o Arco-Íris representar o nosso Pai Òsùmàrè, bem como, a razão da utilização dos búzios por ele e seus filhos, um grande presente de Olokun”. www.ocandomble.com. Abraço. Davi

sábado, 23 de abril de 2022

O NÚMERO DA BESTA E SEU SIGNIFICADO

 

Gnosticismo. www.sgi.org.br. Site da Sociedade Gnóstica Internacional. O NÚMERO DA BESTA E SEU SIGNIFICADO. As Escrituras Sagradas Cristãs possuem muitas passagens enigmáticas, que podem inspirar sentimentos como admiração, descrença e até mesmo terror em seus leitores. Uma dessas passagens mais intrigantes é aquela em que é revelado o Número da Besta, identificado como 666, o qual de acordo com o livro de Apocalipse seria o número do homem e conteria uma sabedoria a ser decifrada. Não há dúvida que o fascínio exercido pelo Número da Besta ganhou força fora dos círculos católicos e evangélicos graças a sua popularização por filmes de terror, Banda de Heavy Metal e autores ocultistas. Mesmo em atitude revolta, quem antes jamais abriria uma Bíblia para ler suas passagens acaba dando uma espiada no Apocalipse para entender melhor o que significa o 666. No filme Laranja Mecânica (1971) produzido e dirigido por Stanley Kubric (1928-1999), o delinquente sociopata Alex é sutilmente associado à Besta quando é abordado por dois policiais identificados com os números 665 e 667. Mais clara é a referência feita no filme A Profecia (1976) dirigido por Richard Donner (1930-    ), onde o número 666 é revelado no couro cabeludo do diabólico Damien. Como se isso não bastasse, ainda programaram a data de lançamento do filme para o dia 6 de junho de 1976. Contudo, em alto e bom som o Número da Besta foi espalhado pelas mentes adolescentes através de um dos maiores Clássicos do Heavy Metal de todos os tempos, a música The Number of The Beast, da Banda Britânica Iron Maiden. A música foi feita pelos baixistas Steven Harris (1956-    ), inspirado pelos pesadelos que teve depois de assistir a sequência de A Profecia. Durante a turnê da Banda no ano de lançamento de The Number of The Beast, diversos grupos religiosos fundamentalistas queimaram os discos da Banda em público. Como uma forma de protesto contra o que consideravam ser um grupo satânico. Algumas décadas antes de tudo isso, o difamado ocultista Aleister Crowley (1875-1947) usou intencionalmente o nº 666. Como mais um de seus famosos instrumentos de promoção pessoal através de provocações e controvérsias. Ele afirmou ser a Besta profetizada no Apocalipse e adotou pra si o nome To Mega Therion, a forma grega para A Grande Besta, que através da numerologia soma 666. Para entender o que significam a Marca da Besta e o número 666, é preciso antes recapitular brevemente o livro do Apocalipse. Em síntese, o livro conta os eventos que acontecerão antes, durante e depois do retorno de Jesus. Estes eventos são narrados pelo apóstolo João, que os viu através de uma revelação divina entregue pelo próprio Jesus. Durante este período do fim dos tempos ocorrem três grandes aflições para a humanidade, as quais são iniciadas quando são tocadas a quinta, a sexta e a sétima trombetas do Apocalipse. Durante o segundo período de aflição, o livro do Apocalipse afirma que a Terra será governada pela Besta. Uma criatura horrenda que força a humanidade a usar a sua marca, que é o Número 666. Apocalipse 13;1-18 "Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Então, vi uma de suas cabeças como golpeadas de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta; e adoraram o dragão  porque deu a sua autoridade à besta. Também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; e abriu a boca em blasfêmia contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e lhe adorarão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar a espada, necessário é que seja morto à  espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos. Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão. Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer a terra, diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu. E lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta. A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca o sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis". (Os leitores devem tranquilizar-se; os melhores especialistas em escatologia,  doutrina que se dedica ao estudo dos eventos que devem acontecer no final dos tempos. São unânimes em afirmar que esse texto de Apocalipse é primordialmente baseado em alegorias e metáforas. Seu conteúdo é enigmático e as figuras e simbologias não têm correspondência no mundo real ou visível. Penso que a chave para adentrar no portal do Apocalipse e especificamente essa narrativa passa pela Ciência Esotérica. O Ocultismo em sua sabedoria de Mistérios pode desvendar algumas dessas visões. Mas pra isso o postulante preciso assumir um compromisso de santidade, pureza e acordo com a verdade encoberta. Pois algumas são para o público em geral e outras são para os Iniciados. Ficando veladas até que se encontre um caminho de purificação da mente, vontade e emoção para receber esses Mistérios. Entretanto, suponho, que a maioria da tipologia aqui expressa não será manifestada em nossa quinta raça raiz que vivemos. Porquanto seu teor foge a nossa situação atual e as futuras encarnações, que ainda teremos de assumir para alcançar a completude evolutiva. Assim cogito que a melhor maneira de se encarar essa Escritura é compará-la a um quadro pintado por um artista. Que você, observando, através de sua imaginação e percepção faz sua própria teologia e filosofia sobre essas figuras. Esse número (666) identificaria as pessoas que seguem a Besta, e estão portanto em clara oposição à Deus e à Cristo. Não fazendo parte da igreja ”universal” e de seu plano de salvação. Não existe consenso entre os cristão se estes acontecimentos previstos no livro já estariam em andamento. Mas muitos identificam certos sinais de que o período apocalíptico já tenha começado. Assim, no contexto apocalíptico, o Número da Besta é revelado no momento em que a Besta. Também conhecida como o Falso Profeta, está governando a humanidade. Realizando grandes prodígios e fazendo com que todos adorem a sua imagem. Então, o número 666 é gravado na mão direita ou na testa daqueles que estariam sob o seu poder. Existem duas formas principais de interpretação do significado do Número da Besta. A primeira é através do emprego da numerologia, usada geralmente para calcular o número de um líder mundial ou de alguma personalidade para poder associá-lo com o 666. Manipulações desinformadas deste sistema já deram origem à hipóteses que a internet seja a Besta. De acordo com esta visão distorcida da numerologia, a sigla www possui valor numérico 666. Contudo, isto está tão equivocado quanto dizer que o número romano III possa ser entendido como 111, e não como 3. Mediante a numerologia, muitos tentam identificar a Besta através de seu Número. Alguns a buscam no passado, como é o caso daqueles que a identificam com imperador romano Nero. Para estes, a Marca da Besta seria as imagens dos bustos dos imperadores gravadas nas moedas romanas. Sem as quais ninguém podia comprar ou vender, tal como está escrito a respeito da Marca da Besta no Apocalipse. Outros buscam a Marca da Besta no futuro, quando surgiria uma nova moeda global que cumpriria o mesmo papel que o Euro. 28 países são membros da União Europeia e 18 deles  adotaram a moeda única (Áustria, Bélgica, Chipre, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal, Eslováquia, Eslovênia e Espanha. Sendo que 10 não adotaram. Assim, discussões primárias como aspectos educacionais, habitacionais, monetários e de saúde se arrasta no Parlamento Europeu a décadas sem ao menos um vislumbre de solução. Alguns países membros da União Europeia já cogitaram em dissolver a organização, fracionando-a em zonas de interesses comuns. Baseados em língua, tradições e culturas de  fundamental importância para os países europeus. Que seria o veículo econômico de uma suposta Nova Ordem Mundial. De acordo com este pensamento, toda e qualquer iniciativa de superação das diferenças globais. Seria parte de uma tentativa sinistra de dominação mundial por parte do Anticristo. No contexto político, econômico e social atualmente vivido no mundo isso é improvável até a longo prazo. Porque as nações nos Fóruns Globais tentam harmonizar pautas para decidirem em acordo e não conseguem. Países de características socialistas e capitalistas não se entendem, emperrando o diálogo e trazendo prejuízo para suas cambaleantes economias. As grandes potências atuais Estados Unidos, China, Rússia e Alemanha  se sobressaem assumindo um egoísmo nacionalista. Distanciando-se de ideais humanitários baseados na solidariedade dos povos. Esses pressupostos mostram que o Anticristo – se é que ele um dia se manifestará – não tem base política, social e econômica. Para estabelecer seu curto, e terrível reinado de 1260 dias ou três anos e meio. Para tais intérpretes do Apocalipse, em breve a humanidade seria forçada pelo Anticristo a aceitar uma única religião sincrética. Também é incerta essa afirmativa, pois as evidencias mostram que, as religiões no mundo Ocidental: Cristianismo, Espiritismo. E Oriental: Judaísmo, Islamismo, Budismo, Hinduísmo, Bramanismo e outras, tendem a se auto afirmarem. Havendo sim a necessidade do diálogo e fraternidade espiritual. Mas, penso que, essa ponte não provocará uma ruptura de pressupostos teológicos. Em detrimento de que os sistemas filosóficos religiosos sejam fundidos numa só doutrina. Que em tese acabaria com o fundamentalismo e com as dificuldades de implantação da Nova Ordem Mundial. Esse termo, por conseguinte, é hoje considerado pelos historiadores e sociólogos como ultrapassado. Em desuso e fora de contexto. Insinuando a submissão das nações fragilizadas e a opressão das potência hegemônicas. A pós modernidade nem o menciona nos círculos acadêmicos e científicos. Mas sugerem uma aglutinação doutrinaria, sendo exatamente o contrário do modelo vigente. Onde ideologias liberais e conservadoras se distanciam. Assumindo posições reacionárias e dogmáticas. Criando esferas multinacionais com pequenos vínculos de contato com os ambiente supranacionais divergentes e desiguais. Distante da moeda supranacional considerada por eles como sendo a Marca da Besta. Por este motivo vemos tantas vertentes fanáticas que relutam em aceitar a universalização do espírito religioso que é inerente à alma humana. Não existe uma religião melhor ou mais verdadeira que a outra. Como já disse Helena P. Blavatsky (1831-1891) nenhuma religião está acima da verdade. Ou como falou  Samael Aun Weor (1917-1977), todas as religiões são pérolas preciosas que enfeitam o colar da Divindade. Afinal, na própria passagem do Apocalipse onde somos apresentados ao Número, é dito que nele existe Sabedoria. E que aquele que tenha entendimento pode calcular o Número da Besta. Que o próprio Número do Homem é 666. E isso não está somente escrito no livro do Apocalipse, mas também está recitado de modo soturno. Provocando medo ou pavor, pelo ator britânico Barry Clayton (1931-2011) na música que é cantada pela voz potente do ocultista Bruce Dickinson. Em toda a Bíblia, os números são empregados de maneira figurativa, e isso não deveria ser diferente em relação ao Número da Besta. Com base nos ensinamentos básicos da Numerologia. Uma vez que o número 7 é o número da divindade, da completude e da plenitude. O número 6 representa o que é incompleto, imperfeito e inadequado. Ainda assim, para estudar a numerologia de forma um pouco mais profunda. Não seria imprudente empregar o Tarô, a grande ferramenta simbólica dos ocultistas. A lâmina número 6 do Tarô é chamada de Os Amantes.  Mostrando geralmente um casal de namorados diante da decisão de se casar. Ou um rapaz entre duas moças tendo que escolher com qual delas vai ficar. Portanto, para o Tarô, o número 6 representa essencialmente o momento que antecede a tomada de uma decisão e a chamada da responsabilidade. O número 666, de acordo com esta ótica, seria aquele que representa uma tripla hesitação. Interpretadas como sendo a ausência de controle sobre o cérebro, o coração e o sexo. Os três núcleos de poder do ser humano. É através do controle da mente, do sentimento e da sexualidade (corpo) que o ser humano é capaz de permitir a expressão de seus valores espirituais e de sua vontade consciente. Sem este triplo controle, ou seja, com esta tripla hesitação, a divindade é incapaz de manifestar sua sabedoria. Seu poder e seu amor e o ser humano se converte em um escravo da Besta, o termo apocalíptico para a ilusão. Besta é igual a Ilusão. Outra lâmina do Tarô que auxilia na compreensão do Número da Besta é o Arcano 18. Já que o número 18 é a soma dos três dígitos do 666. Este Arcano é conhecido com a Lua, e representa a Ilusão provocada pela luz do luar. Em oposição à claridade provocada pela luz solar. Esta carta ainda alerta para os perigos de se caminhar em meio à luz da lua, que são as Ilusões. Estando nos arriscando a topar com algum animal peçonhento escondido em sua toca. O que nos provocará sofrimento. Indo um pouco mais, o próprio número 18 pode ser reduzido a um novo número. Desta vez o 9, e o Tarô novamente pode ser útil para elucidar a simbologia do Número da Besta. O Arcano 9 é conhecido como o Eremita, e mostra um sujeito maduro que caminha pelo deserto. Trazendo consigo um cajado e uma lamparina. Este é um símbolo muito claro de todo Iniciado de todo buscador dos Mistérios da Luz. São estes Mistérios que permitem ao ser humano, seja homem ou mulher, adquirir o tríplice domínio sobre si mesmo. O que corresponde a conquistar definitivamente seu cérebro, seu coração e seu sexo. Transformando-os em instrumentos de expressão dos valores existenciais do Espírito, o qual é a fonte de toda a felicidade. Não é por acaso que as grandes religiões universais apresentam tríades de deuses como no caso egípcio de Osíris, Ísis e Hórus. Também no caso hindu de Brahma, Vishnu e Shiva.  Igualmente ainda nos casos dos deuses tríplices presentes nas religiões gregas, romanas, celtas e demais cultos pagãos. De alguma forma, o cristianismo também conta com esta Tríade Divina, que é formada por Pai, Filho e Espírito Santo. Também não é por acaso que o número de escolhidos do Cordeiro que vai enfrentar a Besta e seus escravos na mitologia apocalíptica cristã é 144.000, Apocalipse 7:2-4 "Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel". (Partindo do princípio que o Apocalipse é uma alegoria os 144.000 das tribos de Israel é claramente uma simbologia, pois os que servem ao Cordeiro estão em todas as religiões tanto Monoteístas, como Politeístas e também as não Teístas. Esse número mencionado é apenas uma convenção. Como o apóstolo João nunca imaginaria que depois de dois mil anos o mundo teria mais de sete bilhões de pessoas. Ele hesitou em acrescentar mais zeros a sua conta. Até penso que ele imaginava que um dia todos os habitantes da terra se incluiriam na salvação universal do Cordeiro de Deus. Pelo processo evolutivo das futuras reencarnações e renascimentos. Reparações dos vícios – carmas e deméritos. Cuja soma final também é 9 somando as unidades do número 144.000 chega-se ao resultado de 9. O número dos Iniciados. Isso mostra evidentemente a oposição que existe entre aqueles que desejam manter-se escravos das circunstâncias, das ilusões e dos sofrimentos. Em oposição aqueles que exercem a vontade consciente sobre si mesmos. Desfrutando da sabedoria e da felicidade representada pela Nova Jerusalém. Concluindo nossa dissertação, repetimos que: O número 666 que tipifica a Besta, de acordo com esta ótica. Seria aquele que representa uma tripla hesitação. Interpretadas como sendo a ausência de controle sobre o cérebro, o coração e o sexo. Os três núcleos de poder do ser humano. Quanto ao sexo, uma advertência, os índices de aids têm aumentado vertiginosamente entre os jovens de 13 a 24 anos, isso no mundo inteiro. Assim, cuidados devem ser urgentemente tomados. Amigos leitores, quão importantes são esses três aspectos mencionados; quantas vezes caímos em alguns deles, outras vezes em todos. Mas que a Providência Divina junto com a Mãe Natureza continue dando-nos forças para resistirmos a Besta ou Ilusão das tentações.  Que procuremos expressar em nosso viver a santidade, pureza e amor ao próximo, bem como a todos os seres. Para assim, não manifestarmos essa monstruosa Besta que deseja nos tornar seus escravos. Este texto está no site da Sociedade Gnóstica Internacional à qual agradecemos a gentileza da utilização.  www.sgi.org.br. Abraço. Davi.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA

 

Editor do Mosaico. GUERRA NA UCRÂNIA. Noticiário da TV estatal russa de, 17/04/2022, “fala em 3ª Guerra Mundial”. A capital Kiev está sendo intensamente bombardeada e rodeada por todos os lados de tropas russas. O Kremlin – sede da Federação Russa – já fala num governo provisório a favor de Moscou pelos próximos dias. Destituindo-se o atual. Mariupol completamente cercada por soldados russos que pedem a rendição da cidade. Numa fábrica soldados ucranianos feridos, civis e crianças pedem socorro pelas redes sociais, diante do perigo que se aproxima. A região autônoma de Donbass das repúblicas de Lugansk e Donetks, mesmo atacadas pelo exército ucraniano, contra-atacam. Esse território dá livre acesso a Rússia ao Mar Negro. Porta de entrada da ajuda militar da OTAN à Ucrânia. Um intrincado jogo político onde temos os corredores de refugiados, pactuados entre as nações beligerantes, que dão acesso a Polônia, Hungria, Romênia e Eslováquia. Além de Belarus.  Mais de 4 e meio milhões de ucranianos já fizeram acesso a esse salvo conduto humanitário. Barbárie em Bucha deixa milhares de corpos pelo chão. Governo ucraniano fala em genocídio. Em Buzova centena de corpos foram encontrados em vala comum. Reportando ao III Reich Nazista e o holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial. A cidade de Karkiv está sendo severamente castigada pelos bombardeios. A Criméia é uma região anexada a Rússia desde a guerra de 2014. Questões pertinentes a intensificação dos combates. Uso de bombas de fragmentação por ambos os lados. Elas além de destruir o alvo, semeiam minas terrestres pela localização impactada. São proibidas pela Convenção de Genebra – direitos humanitários internacionais – nas guerras convencionais. Foguetes de alta precisão destrutivas que causam estragos inigualáveis. O afundamento do navio russo sobrevivente de duas guerras mundiais, nas águas do Mar Morto, foi uma importante perda – mais de 500 soldados mortos – às Forças Especiais Russas. Nome fantoche inventado para descaracterizar a natureza maléfica da invasão ao país “irmão”. Uma das razões à incursão, que não se justifica, é a destruição das células nazifascistas implantadas na Ucrânia. Verdade essa afirmação e estes ultranacionalistas combatem junto ao exército ucraniano. Contrários ao regime do Kremlin. Que segundo o guru do Presidente Putin, Aleksandr Dugin, são nocivas ao pensamento sociopolítico russo. O desejo antigo de implantar no leste europeu a Grande Eurásia. Organização para combater o capitalismo do Ocidente considerado prepotente e dominador. Desafiando a hegemonia americana no mundo.  Implantando uma modernização dos fundamentos da economia marxista e sociedade adaptado aos novos tempos. O filósofo considera a “Rússia um país eurasiano” – raça da mistura entre europeus e asiáticos, tal sua história ligada as revoluções e conquistas. A guerra não é só física com destruição na Ucrânia. Também é midiática. Versões de fatos são interpretadas nas redes sociais e televisões segundo a conveniências dos oponentes. Assim fica impossível acreditar na totalidade dos relatos. Enquanto isso, os membros da OTAN prosseguem doando milhões de dólares e euros em modernos equipamentos e artefatos militares. Suprindo a Ucrânia na resistência contra os russos e enganosamente cooperando na destruição. O Presidente Zelensky, da Ucrânia, permanece firme encorajando o povo a combater até a morte o inimigo. Não percebendo que seu país está derretendo as estruturas físicas, morais e espirituais. Prejuízo de dezenas de séculos para ser amenizado. A ajudar militar para fazer guerra eles têm conseguido. Veremos, se será assim, para a difícil e penosa reconstrução do país. Como disse antes, a rendição, resolveria parcialmente a situação. Os combates cessariam e na mesa de negociação, as resoluções teriam mais praticidade e imediato início da reedificação. No entanto, interesses econômicos e políticos das potências envolvidas sobrepõem a urgência do cessar fogo. Os Estados Unidos desejam manter a hegemonia diplomática e liderança política no conflito. Com seus parceiros europeus tenta isolar a Rússia do contexto mundial. Desestabilizando todos os sistemas econômicos e institucionais estabelecidos por organismos internacionais em colaboração multilateral. Jogando terra em dezenas de anos de diálogo e entendimento a se construir a harmonia e compreensão mútua. Parece que a guerra será decidida além-fronteira. Os passos que os europeus: França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Canadá (OTAN) e Estados Unidos tomarem a partir de agora, serão decisivos. Países da Escandinávia – Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia. Além de Letônia, Estônia e Lituânia que estão com o “pé no muro” a entrar na União Militar Europeia. Serão o estopim da detonação duma arma mais letal pelos russos – bomba atômica – que mudaria os rumos da guerra. Situação terrivelmente imprevisível de proporções gigantescas. O governo russo já ameaçou por três vezes a Finlândia e Suécia, quanto as consequências de entrarem na OTAN. Esses dois países, parecem, dar pouco caso aos avisos do Kremlin. Acho, as intimidações seríssimas neste delicado momento na guerra. Todo cuidado é pouco com o temperamento duvidoso do líder russo. O chanceler russo Sergei Lavrov, respondendo uma questão se a Rússia vai usar armas nucleares na Ucrânia. Em entrevista ao Canal de TV Índia Today disse: “Apenas armas convencionais”. “O exército russo anunciou nesta quarta-feira 20/04/22 que realizou com sucesso o primeiro teste do míssil balístico intercontinental Sarmat. Trata-se de uma arma de quinta geração com muito alcance. Capaz de atravessar continentes inteiros e atingir o alvo em qualquer lugar do mundo. Sem que possa ser detida por qualquer escudo antimíssil existente. Ele é capaz de aguentar temperaturas de até 2.000ºC e seu poder nuclear é de até 2 megatons. A bomba de Hiroshima era 100 vezes mais fraca com cerca de 15 quilotons. Podendo levar de 10 a 15 ogivas nuclear”. Chega. Que a misericórdia divina nos alcance. Enquanto isso o desgaste mental e estrutural toma conta dos dois protagonistas do enfrentamento. A partir de agora, tudo indica que o mundo vivera uma polarização – aumento da divergência e extremos ideológicos.  De um lado grupo de países denominados democratas – poder exercido pelo povo em eleições livres e diretas para os cargos políticos. Os considerados autocratas – excesso de poder, absoluto e inquestionável como no tempo dos czares russos.  Também os oligarcas – poder exercido por um reduzido grupo de pessoas, sob quase nenhuma indagação. A atual – ONU – Organização das Nações Unidas, segundo especialistas em política internacional tem seu modelo obsoleto. Possivelmente será substituído por um mais contextualizado. Têm se falado em Confederação das Nações. Cremos que forças espirituais poderão cooperar a trazer de volta a harmonia e contribuição entre o leste europeu e o resto do mundo. Se nada de concreto, for feito, para deter as hostilidades desse conflito nos próximos dias. Provavelmente entramos numa 3ª Guerra Mundial. 

 

Minha prece. Mãe Santíssima e Imaculada Conceição Maria. Divina Madre que deu à luz Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Oh! Tu que tens poderes sobre anjos, arcanjos, principados e potestades. Que acessas todas as consciências; minerais, vegetais, animais e humanas. Rainha e Mestra de todos os Mundos e Universos. Teu exemplo sagrado na família e condutora do amor eterno a seus filhos. Sempre protegendo e guardando os seus queridos. Mesmo nos tormentos e agruras da vida. Na fome, sede e morte. Teu amparo e luz ao caminho são imprescindíveis. Reconhecemos na dor física, mental e emocional, através de sua intervenção. Brotar em nós novamente, a fé, esperança e amor. Que nos dão forças a prosseguirmos nessa terra. Cumprindo nossa missão divina. Mesmo em fraqueza ou cambaleantes continuamos vencendo os obstáculos e barreiras. Suplico por tua intervenção e conciliação nesse conflito. Abra os olhos e corações dos governantes para perceberem o caminho da pacificação e entendimento. Que a diplomacia trilhe a abnegação e o comprometimento mútuo. Caiam por terra o orgulho e individualismo egoísta. O expansionismo material dê lugar ao emocional sentimental do acolhimento ao próximo. Usa o “irmão Francisco” para diretamente pactuar o Acordo de Paz com os líderes Putin e Zelensky. Toca no coração do “Santo Padre” para ser usado neste ato a favor da Paz Mundial. Que a paz seja restabelecida incondicionalmente ao bem dos povos irmãos – Rússia e Ucrânia – ao interesse da humanidade e preservação do planeta Terra. Essa é minha oração em nome de Jesus. Amém.

terça-feira, 19 de abril de 2022

ASTROLOGIA - ÁRIES E LIBRA

 

Astrologia. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Autor Ricardo Lindemann. Capítulo Três. ÁRIES E LIBRA – Nosso interesse é mostrar, como a energia vai se manifestar de maneira oposta por exemplo em Áries (21 de março - 20 de abril) e Libra (24 de setembro - 23 de outubro). Áries, nessa Última Ceia, é representado por Simão, e Libra representado por João, o discípulo amado. Então, nós vamos encontrar que João está com as mãos cruzadas, em contraposição às mãos de Simão que estão em posição de comando, na cabeceira da mesa, e com a cabeça ele se impõe. Ao contrário, veremos João com os olhos fechados e com a cabeça inclinada, numa postura em que ele cede, enquanto Áries se impõe. Áries é a primeira parte do corpo que nasce. No Homem Celeste Áries corresponde à cabeça, enquanto que Libra, exatamente a 180º no zodíaco, corresponde aos rins. Alguém poderia perguntar: Que relação uma coisa tem com a outra? Ora, são os pontos de somatização das doenças, principalmente quanto ao signo Ascendente, que é o signo da hora do nascimento. Então, nós vamos verificar que os rins têm relação direta com a pressão arterial, e por isso, se o funcionamento deles não for adequado, a pressão tende a subir, e a consequência pode ser o derrame cerebral, o AVC. E, reversamente, o cérebro, a cabeça, é quem controla os rins, de modo que há uma correlação interessante entre esses dois pontos do corpo, como um comando e como o outro regula, equilibra. Áries é justamente o impor e Libra representa o ceder. Nós poderíamos dizer também, que o Apóstolo João, que é o discípulo amado e que simboliza Libra, representa uma postura pacificadora, uma postura diplomática, conciliadora, por isso ele cruza as mãos, enquanto que Áries vai representar justamente esse princípio da autoafirmação. Áries é regido por Marte, o deus da guerra, enquanto Libra é regido por Vênus, a deusa do amor. Áries tem o comando, a liderança, aquela cabeça tem que cruzar o canal vaginal, no momento do nascimento, para surgir à luz, para que a mãe dê a luz a criança do outro lado, e é um momento decisivo, a criança não pode, por exemplo, ficar em dúvida. Eu costumo dizer, principalmente aos librianos, que nós podemos ter dúvida para atravessar um rio com crocodilos antes ou depois de atravessá-lo, mas de preferência, não devemos ter essa indecisão nadando durante a travessia, que seria o pior momento para ficarmos indecisos. Assim também, o signo de Áries representa aquela força da Natureza que abre caminho aonde for necessário para o nascimento ocorrer, ele sai rasgando, como se diz na gíria, porque a intenção dele é produzir a vida, se ele morrer dentro da mãe morrem os dois, pelo menos em condições de um parto natural, e se ele nascer há uma chance da mãe também sobreviver. Então, há o momento decisivo de Áries, da cabeça, que corresponde também ao brotamento da vida na primavera, corresponde, por analogia, ao dia 21 de março, no hemisfério Norte, justamente o ponto de origem, o ponto vernal do Zodíaco, o início do ano astrológico. Está caracterizando assim, o ponto da verdade, o ponto de expressão máxima dessa visão direta. Enquanto Libra é representado por uma balança, buscando o equilíbrio, a beleza, a harmonia, ele evita o conflito ou a confrontação. Áries entende que é melhor um pequeno conflito agora do que um grande conflito depois, então quer resolver logo. Libra, ao postergar certos problemas às vezes gera outros ainda maiores, porque a bola de neve vai rolando e aumentando de tamanho. Então, é interessante questionar qual dos dois é o melhor. Áries ou Libra, ou como eu costumo perguntar: Quando se anda de bicicleta o que é melhor, cair à esquerda ou à direta? Ora, nenhum dos extremos nos interessa, o que nos interessa é justamente a virtude que se encontra no meio, como dizia Aristóteles: “In médio stat virtus”. Se nós formos assim observando esse jogo de equilíbrio dos opostos, entenderemos que Áries é a verdade e que Libra é a justiça, que Áries é a energia e Libra é a harmonia do fluxo dessa energia, que Áries representa todo esse elemento da iniciativa, enquanto que Libra já tem esse elemento da harmonia, do equilíbrio entre as partes. Então, Áries representa o impor a personalidade, e Libra representa o ceder, representa a relação com a coletividade. Áries é o “eu”, Libra é o “tu”. Nestas condições nós vamos encontrar um grande ensinamento da Natureza, que nenhum signo tem propriamente defeitos, mas pode carecer das virtudes equilibrantes do signo oposto. Então, o signo oposto de Áries é Libra, e é lá que Áries terá que encontrar as virtudes que o equilibrarão, por outro lado, o signo oposto de Libra, evidentemente, é portanto Áries, a 180º no Zodíaco e, por conseguinte, é em Áries que Libra precisa encontrar as suas virtudes faltantes ou equilibrantes, de modo a encontrar por sua vez o seu equilíbrio. O que é melhor, cair para a esquerda ou para a direita? O que é melhor, ceder ou se impor? Há momentos em que temos que aprender a ceder, mas há também outros momentos em que nós temos que aprender a nos impor, até para não nos tornarmos coniventes com um crime. Os pecados de Libra são geralmente de conivência, são crimes de cumplicidade, às vezes ele não sabe nem explicar como ele se envolveu em determinada confusão, porque o grande problema de Libra é não saber dizer não. Ele vai se enredando aos poucos nas confusões do destino, porque ele geralmente não sabe se impor no momento oportuno. Mas Áries que se impõe frequentemente demais, cria outro tipo de problema, cria conflitos onde não haveria necessidade, tornando mais áspera a passagem pela vida do que seria preciso. Áries representa a luta, e Libra representa a paz. Este é o símbolo magnificamente disposto por Simão e por João, Simão que em certos momentos até vem em defesa do Senhor, e se mostra apresentando a própria espada, enquanto que Libra, o discípulo amado João, tenta sempre ceder e conciliar, representando a expressão do amor e da beleza. Por isso que Libra é representado no Zodíaco por uma regência de Vênus, que é a deusa do amor das antigas mitologias, enquanto que Áries é regido por Marte, o deus da guerra. Aos poucos, vamos assim correlacionando também os planetas com os signos, segundo a correspondência clássica. Áries representa esse espírito urgente, empreendedor, pioneiro, o abre-caminho, o aventureiro, o corajoso. Frequentemente possui um excesso de energia, odeia a restrição e ama a liberdade. Essa característica ariana, por excelência, está a indicar aquilo que eu correspondia a primeira parte do corpo que nasce, a cabeça, ele quer abrir caminhos, essa é a sua virtude. Se nós tivermos algo que precisa ser iniciado, se precisamos de alguém que abra caminho, Áries é a pessoa que devemos chamar para cumprir essa missão. Por outro lado, verificaremos que com Áries facilmente se criam atritos, e por que se criam atritos? Pela falta eventual das virtudes de Libra. Então, o que se chamam de defeitos de Áries são na verdade a falta das virtudes complementares de Libra. Muitas vezes Áries pode se apresentar algo egoísta, ou sem tato, sem diplomacia, colocando-se sempre em primeiro lugar. Sua natureza pode ser impulsiva ou belicosa, satírica, impaciente, querendo tudo para agora, negligenciando, às vezes, os detalhes, não dando atenção, de certa forma, às questões menores e eventualmente entrando em conflito com os sentimentos de outras pessoas, justamente porque ele não percebe, parece que não tem tempo de fazer esse planejamento dos detalhes. Eu lembro de um senhor que tinha Sol e Lua em Áries e Ascendente em Libra, e eu lhe perguntei como que ele fazia para tomar a direção numa viagem, se ele planejava antes de sair de casa, que itinerário ele faria. Não, ele respondeu. Disse que costumava descobrir tudo ao longo do caminho, que o importante era começar a caminhar. Então, Áries quer logo iniciar as coisas, não é de planejar muito, ele age de forma às vezes temerária, age sem pensar. Enquanto que Libra fica ponderando, medindo, pesando, e pensa tanto que acaba às vezes não agindo, posterga a ação, entra na filosofia do “deixa como está para ver como é que fica”. Nós vamos verificar que as qualidades atribuídas ao signo de Libra são seu lado encantador, harmoniosos, que preza a harmonia e as condições de vida agradável, a diplomacia nas relações, que evita o conflito, de um temperamento idealista, romântico, refinado, com uma certa natureza despreocupada. Essas virtudes de Libra são, exatamente, as que vão neutralizar os exageros eventuais do signo de Áries. Por outro lado, às vezes verificaremos que a falta daquela capacidade de decisão do signo de Libra se apresentará justamente porque lhe falta a qualidade de decisão que Áries possui. Por isso, é preciso que Libra aprenda a vencer essa indecisão. Libra precisa aprender com Áries a vencer a tendência mutável, para deixar de ser chamado, às vezes, de Maria vai com as outras, ora dado ao flerte, ora com uma certa frivolidade, porque oscila como a balança entre os opostos, e fica assim muito influenciável à opinião dos outros, e pode envolver-se em uma série de conflitos sem nem saber como neles entrou. Para que nós possamos sair de qualquer conflito, um ponto importante é perceber como nós entramos nessa zona de conflito. Este mural da Última Ceia está a nos sugerir exatamente isto, que o meio de todos os signos. Poderia talvez, numa imagem linearizada, não ficar tão claro, mas no Zodíaco, como nós podemos verificar no Homem Celeste, Libra para chegar a Áries, como é o diâmetro, terá que cruzar por cima do centro, assim como também, de Áries para se chegar à Libra terá que se cruzar por cima do centro. Aliás, o Cristo representa esse centro e como a imagem é linearizada, nessa composição astronômica, o círculo é projetado numa linha em que o meio é exatamente o ponto equinocial onde o Cristo está representado, “Cristo em vós a esperança de glória”, dizia o apóstolo Paulo em Colossenses 1,27. Vemos que Áries crescerá na medida em que conseguir tomar a direção de Libra, porque mesmo que ele não se torne um libriano, ele encontrará no meio do caminho o Cristo morando no seu coração. Reversamente, Libra ao tomar a direção de Áries, está tomando a direção que cruzará o centro do círculo, que é o Cristo no seu coração. De modo que este é um simbolismo de que a sabedoria mora dentro de nós, como também é dito na tradição budista, em A Voz do Silêncio: “Olha para dentro: tu és Budha”. Então, esse simbolismo que a sabedoria mora em nós, e que nós podemos encontrar esse ponto de equilíbrio, se encontra também nos Yoga-Sutras de Patanjali, o grande codificador do Yoga que há 2.600 anos atrás caracterizou a essência do processo básico da meditação no Oriente: “Quando a mente é perturbada por pensamentos impróprios, a constante ponderação sobre os opostos é o remédio”. Isso quer dizer que, ao invés de o ariano lutar contra os defeitos, lutar contra a sua impulsividade, a sua impaciência, ele deveria antes focar as virtudes do signo de Libra e assim complementaria a sua natureza de forma mais eficaz. Outra expressão muito interessante de Annie Besant (1847-1933) é o seu magnífico livro, Os Ideais da Teosofia – que nós podemos também recomendar, editado pela Editora Teosófica, no qual ela afirma que os ideais inspiram mais do que os Mandamentos, e realmente ao invés de dizer não através de um Mandamento, melhor é voltar a mente para o sim, para o afirmativo, para aquela direção que ela deve desenvolver. Portanto, se um ariano conseguir por um instante vibrar na frequência de um libriano, se o planeta Marte, que é regente de Áries, conseguir temporariamente entrar em sintonia com Vênus, a deusa do amor, que é regente de Libra, será como a relação da bela com a fera, o amor de Libra acalma a impulsividade de Áries. Entretanto, aquela energia feroz e vibrante, aquela energia bruta da vida que está a brotar na primavera, em Áries, e que alguns até podem comparar quase com um trator que abre caminhos, com o limpa-trilhos de uma locomotiva, com um jogo de boliche que derruba as coisas e abre caminho também tem a sua importância. Sem essa iniciativa porém,  toda aquela beleza pacífica de Libra pode ficar às vezes impotente, pode ser enganada, pode ser ludibriada, às vezes não consegue nem dizer não e aí ela se torna cúmplice, conivente com os problemas que o grupo criou. Então, ao ficar demasiado dependente do que os outros vão dizer, eventualmente o libriano não consegue tomar uma decisão. O caso clássico do problema libriano que eu costumo caracterizar num hipotético conflito entre os gregos e os troianos. Primeiros os gregos chegam para o libriano e dizem: “Nós precisamos do teu apoio”, ai ele diz: “Bem, eu vou pensar, quem sabe, talvez, há, então nós já te agradecemos de antemão o teu apoio, etc”, ele não chegou a dizer sim, mas também não conseguiu dizer não. Já os gregos entenderam que o libriano os estava apoiando. Passa um tempo e vêm os troianos com a mesma história, “olha, nós precisamos do teu apoio, etc”, e o libriano novamente não conseguiu dizer não, ele disse: “Bem, eu vou pensar, talvez, quem sabe”, acaba envolvido, e então os troianos dizem: “E nós te agradecemos pelo apoio”. E quando estoura a guerra entre os gregos e os troianos, e seja quem for que vier a ganhar a guerra, o libriano sempre vai ser considerado como um tipo de traidor, porque alguém vai dizer que ele também apoiou o outro lado. É interessante notar, que ao querer conciliar os dois lados, frequentemente o libriano ganha a fama de traidor, ou de frívolo, ou de não saber decidir e dizer não, e nem sempre é muito respeitado, enquanto ele não desenvolve em si a força de Áries e a capacidade de realmente escolher o que acha correto. Por outro lado, se nós precisarmos que venha o pacificador e delimite o território, para solucionar um conflito já existente entre gregos e troianos e porque normalmente esse conflito é por território, então nesse momento é o ariano que tem que chegar com a espada, estabelecer a divisão, marcar o chão, e dizer daqui ninguém passará, vocês ficam do lado de cá e vocês outros do lado de lá, e assim se restabelece a paz, porque alguém teve a coragem de estabelecer um limite, isso é que o Áries sabe fazer. Porém, uma vez demarcado o território, temos que chamar imediatamente ao libriano para assinar um tratado de paz e estabelecer a ordem novamente, pois se deixarem o ariano lá legislando, daqui a pouco ele criará uma nova guerra proque ele gosta de usar a força. Assim, a Natureza tem o momento da primavera e o do outono, tem o momento de iniciar a atividade e tem o momento do descanso. Áries representa essa atividade primaveril, e Libra representa o início do recolhimento da vida no outono, quando as folhas caem, comparado também ao nascer do Sol em Áries, o início do dia, e o fim do dia, o pôr do Sol em Libra. Se pensarmos nessa natureza dos opostos, veremos que não adianta mandar soldar o guidão da bicicleta, precisamos às vezes dobrar para a esquerda, às vezes para a direita para manter o equilíbrio. Existe a hora de saber se impor como Áries, a hora de saber ceder como Libra, a hora de se impor e a hora de pacificar. E esta sensibilidade, esta habilidade, que é o que os antigos chamavam de sabedoria, não pode ser simplesmente ensinada por meio de uma palestra, por um vídeo, ou por um livro, no entanto, a reflexão, a constante ponderação sobre os opostos, dizia Patanjali, que é o remédio, essa meditação que busca, nem que seja por um instante alcançar um insight, uma visão do ponto de vista do outro lado. Desta forma, veremos que aqueles problemas que existem para o signo de Áries, por às vezes ter destruído relacionamentos, rompido com algumas pessoas, são desconhecidos para Libra, porque o libriano nunca rompe, por causa da dificuldade de dizer não, se envolve às vezes em confusões, mas sempre procura harmonizar-se com todos. Reversamente, os problemas de Libra, por não conseguir se impor e tomar decisões, estabelecer limites, são problemas que para Áries não existem, ou nunca existiram, porque ele já abriu caminho, ele resolve aquilo num instante, põe cada um no seu lugar. É, portanto, o equilíbrio entre Áries e Libra que vai simbolizar a estabilidade do Cristo, sendo que se supõe que o homem sábio saiba contornar um obstáculo, ora indo para a esquerda, ora indo para a direita. Eu gostaria, assim, de enfaticamente recomendar que nós refletíssemos sobre esses opostos da Natureza e sobre a sabedoria. A palavra sabedoria é originada do verbo latino sapere, que tanto tem a conotação de saber quanto de sabor, e portanto sabedoria é um tipo de saber que vem do sabor da própria experiência, é um tipo de saber que é sentido pela experiência direta, este é o verdadeiro significado etimológico da palavra sabedoria. Sabedoria não se pode encontrar nos livros, sabedoria é como andar de bicicleta, ninguém pode ensinar a ninguém, nós temos que aprender andando, mas se nós tivermos os referenciais das polaridades extremas e refletirmos sobre a utilidade de Áries e de Libra na Natureza, percebendo que um é bom numa circunstância, e outro é bom na outra, sendo o equilíbrio entre eles o nosso objetivo, quem sabe a sabedoria chegará mais perto de nós e a nossa vida poderá ser mais feliz, quer seja diretamente para nós como também para todos os outros ao nosso redor. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Abraço. Davi.