quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Fim de 2014. Início de 2015.

É, chegamos ao fim de 2014. Um fato que alegrou-me muito esse ano, fiz uma grande quantidade de amigos, você com quem falo agora. Interessante, são amigos que não sei o nome; se são casados no civil e religioso; união estável, uma nova modalidade de relacionamento conjugal aqui no Brasil; solteiros, jovens, talvez alguns adolescentes; mas de uma coisa tenho certeza, todos são de nobre nascimento, singulares em seu modo de vida, comportamentos e particularidades individuais. Tenho desejo de conhecê-los mais detalhadamente, e observo ser isso impossível. A distância, o idioma, a cultura, dentre outros obstáculos, acabam nos afastando fisicamente, mas sinto que estamos emocionalmente bem próximos. Chamo de emoção, as palavras, as ideias, os argumentos e os fatos que presenciamos, no meu caso quando escrevo, e no de vocês, quando leem. Como diz Michel Proust (1871-1922) "Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças? Proust não escondia sua homossexualidade, sendo que foi perseguido e discriminado por ter a coragem de relatar essa condição de maneira implícita em suas obras principais: Sodoma e Gomorra e Em Busca do Tempo Perdido. Tratando do tema em uma abordagem filosófica científica, destituída da roupagem moralista e espirituosa que clérigos e religiosos conservadores costumam relatar; evidenciando o estereótipo de patologia ou doença. Proust, aqui, penso, aborda a ausência como o outro lado da presença. Como na condição de um exilado, que vivencia em pensamentos e sentimento sua terra natal, bem próxima a ele nas situações de distanciamento devido a fatores externos. A ausência nada mais é que um estado indeterminado de limitação física, mas as lembranças são capazes de trazer a tona o passado que ficou para traz, e nessa experiência é percebível o quanto ele ainda está vivo e atuante naquele que demonstra a paixão e o desejo do retorno, ou a vontade de conhecer, mesmo que através da emoção, aqueles que estão ausentes temporariamente. O padre Fábio de Melo (1971-    ) é muito conhecido aqui no Brasil por suas pregações e canções que tocam nossos corações. Usa a música cristã principalmente como uma ferramenta espiritual em seu ministério pastoral; levando os ouvinte a meditarem nas letras das música, que trazem mensagens de fé, esperança e amor. Segue uma reflexão de sua autoria: "A paixão, o encanto, é a ausência de palavras, é a vida revestida de silêncio e transbordando insinuações. O amor sobrevive nos mistérios, no desvelamento cotidiano que nunca chega à plenitude, porque tudo o que já está pleno, já está pronto. O amor só é amor porque está inacabado, é metade que chama, implora e pede clemência. Amar é uma interessante e bonita forma de carecer, de ser fraco, de entregar os pontos, de viver sem armas, como se por um instante, só por um instante, a luta que marca a nossa sobrevivência tivesse entrado em estado de trégua. O encanto que sobrevive no amor só pode durar enquanto se estenderem os segredos que sacralizam a relação. E por isso é necessário retirar as sandálias dos pés, pisar com leveza, olhar com cuidado. O amor é amigo do silêncio. Sobrevive no querer dizer, Na tentativa frustrada de verbalizar o que é a crença da alma, o sustento do espírito. A saudade é benéfica ao amor. Distantes, os amantes mensuram o tamanho do bem querer. Medida que se descobre nos desconcertos da ausência, no engasgo constante da recordação, recurso que faz voltar no tempo, engana as horas, aproxima as peles, diminui as estradas, ancora os navios, pousa os aviões, faz chegar os ausentes". O sacerdote franciscano, de forma filosófico poética fala da ausência, se resistida e não ultrapassada, como uma maneira de amar o outro. Nesse ambiente o amor é como um pássaro mágico que está presente em nossos sonhos, sendo a realidade transcendente de um desapego físico. Não deve ser objeto de posse, mas de admiração e apreciação descomprometida com a natureza de interesse subordinativo ou monopolista. O egoísmo e narcisismo à auto satisfação, incluindo o próximo nesse jogo de sedução é a manifestação do desamor, desprezo e desafeição. Uma atitude desvirtuosa e mesquinha, passível da disciplina carmica nessa vida e nas futuras. O padre postula o amor como universal; um sentimento coletivo voltado para o altruísmo e abnegação; estimar mais a necessidade do outro que a nossa própria. Em sua ponderação é sugerido o amor filial num ambiente de matrimônio, onde a família é o depositário das conquistas, alegrias, tristezas e superações que surgirão; advindas das situações convenientes ou inconvenientes que devemos atravessar em nosso percurso histórico. Enuncia aspectos da amizade quando diz: "o amor é amigo do silêncio". Entendo que, segundo o pensamento do padre, o fundamento das amizades saudáveis são também os desapegos físicos, que tem como resultado  dominação ou subordinação de um em relação ao outro. Isso expressa desamizade; empenho baseado em vontade escusa e oportunista. Fala no início de ausência e no final de ausente. O primeiro, imagino ser o sentimento de vazio; algo que anteriormente representava um conteúdo, e o segundo é aquele que, mesmo presente, não tem um simbolizar que ocupe o espaço deixado por recordações e reminiscências. Portanto, a distância como evento de espaço e tempo, não pode separar aqueles que, estão conectados pelas emoções e sentimentos da palavra escrita e lida. Fico feliz por todos os irmãos e irmãs de outras nacionalidades, que têm acessado o Mosaico. Queria ser mais preciso e criativo nos assuntos e argumentos abordados, mas minha limitação intelectual, força-me a ser mais inventivo que investigativo ou pesquisador. Desde modo, acabo me restringindo a um campo estreito de visão dentro da temática da espiritualidade e religiosidade, mas os admiro pela coragem e determinação de ler os textos aqui enunciado. Da Alemanha sei um pouco de sua história; protagonizaram eventos importantes da mundialidade humana; celeiro de grande pensadores (Wolfgang Amadeus Mozart, "Para fazer uma obra de arte, não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor"; Franz Kakfa, "Quem possui a faculdade de ver a beleza não envelhece", Immanuel Kant, "A amizade é semelhante a um bom café, uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do seu sabor"; Friedrich Nietzsche, "As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física".)  que influenciaram e influenciam o pensamento ocidente e o oriente; sempre em tempos de crise, mostram seu depósito, ora econômico, ora científico, ora intelectual. A Alemanha é uma nação misteriosa, que está sempre guardando segredos, só revelados de acordo com a manifestação da necessidade. Fantástica aquela imagem que vimos pela TV, do Portal de Brandemburgo em Berlim, quando da comemoração (14/07) do 4º título da Copa do Mundo Fifa 2014, onde mais de 300 mil pessoas estavam reunidas, festejando aquela merecida conquista pela Seleção de Futebol Alemã.  Dos USA lembramos suas intervenções em momentos cruciais da história Latino Americana. Os americanos foram determinados quando escolheram acertadamente, financiar as ditaduras militares na América do Sul, nas décadas de 60, 70 e 80 do século passado, para conter o avanço da ideologia comunista. Mesmo correndo riscos de ônus políticos, atuaram firmes, e conseguiram preservar sua influência no continente, evitando talvez, para essas nações dezenas de anos de atraso no desenvolvimento e progresso. Impressionante o Monte Rushmore situada no estado americano do Dakota do Sul, onde foram esculpidos o rosto de quatro presidentes americano (George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln) pelo escultor Gutzon Broglum (1867-1941) com 400 trabalhadores; feito realizado entre os ano de 1927 a 1941.  A Rússia sempre me fascinou com seu gigantismo territorial. Surpreende-me ao imaginar como os Czares russos, desde o século XIII; Daniel I, Ivan I, Simão I, (...), Nicolau I, Alexandre II, Alexandre III e Nicolau II; até o século XIX (1894-1917), conseguiram manter a unidade política e social desse vastíssimo "continente"; em detrimento de culturas, tradições e línguas diferentes. A figura de Mikhail Gorbachev (1931-    ) é emblemática; com sua equipe de governo quando comandava (1985-1991) a antiga URSS implantou reformas políticas, econômicas e sociais em seu país, desencadeando o fim do regime comunista, abrindo o "gigante" soviético para o mercado aberto de capitais, interação com economias capitalistas, e abertura para a globalização. Os russos junto com os americanos protagonizaram, os tempos de medo da Guerra Fria; só amenizados, quando grande parte dos arsenais nucleares dos dois países foram destruídos. Tenho desejo de viajar pela ferrovia Trans Siberiana, com seus quase 10 mil Km, ligando as cidades de Moscou a São Petersburgo. Espero um dia, mesmo em sonho, visitar também os pontos turísticos de Moscou como: Kremlim, a Praça Vermelha, a Catedral de São Basílio, a Galeria Tretyakov, o Teatro Bolshoi, o Palácio do arsenal do Kremlim e o Kolomenskoye.   A Índia tem sido nos últimos anos (final do século XX e início do XXI) destaque, entre os principais países emergentes. O ocidente tem descoberto seus mistérios, e o grandioso acervo de conhecimento filosófico e espiritualista de suas tradições religiosas. Muitas porções de seus livros sagrados (Vedas, Bhagavad Gita, Mahabharata, Upanishad, Rig Veda, Yoga Sutra, Kama Sutra) estão disponíveis em português. Pensar que são escritos antigos alguns com 8 mil anos é realmente incrível. Uma leitura devocional e meditativa que nos leva ao encontro do Logos Divino. Termos que eram desconhecidos pela maioria das pessoas aqui no Brasil como: carma, reencarnação, nirvana, consciência cósmica, dharma, atma, budhy, manas, antakahana são ouvidos em seriados da TV brasileira. Um avanço inter cultural, num pais que constitucionalmente é considerado laico (Brasil), mas de população predominantemente cristã. Conceitos da Yoga, Raja Yoga; a vida de Krishna e Buda são comentados em rede nacional, por canais de TV independentes. A universidade de Brasília onde fiz meus estudos de graduação tem um instituto filosófico especializado nos escritos de Confúcio. Mahatma Gandhi e seu pensamento de liberdade social e política, juntamente com o sentimento de solidariedade e fraternidade entre as religiões monoteístas, politeístas e não teísta, têm chegado nas academias e comunidades compromissadas com a interação entre os povos. Pontos turísticos hindus como: Taj Mahal, Forte Vermelho, Qutb Minar, Túmulo de Humaium, Templo de Lótus e o Forte de Agra são divulgados por agencias de viagens, e muitos brasileiros já procuram conhecer esse interessante e diversificado país. Alguns até expressam desejos de banharem-se nas águas sagradas do rio Ganges. A França é riquíssima em tradições culturais e históricas. O envolvimento com o Brasil vem desde a colonização (século XVI), quando os piratas franceses aportavam seus navios para roubar o pau Brasil, e tentando se apossar de algumas frações de terra no litoral, invadiram a baia de Guanabara no Rio de Janeiro e anos depois a cidade de São Luis do Maranhão. Foram expulsos pelos colonizadores portugueses, mas deixaram um forte e precioso legado cultural em terra brasileiras. Na Europa a figura do imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821) que conquistou o continente, após a Revolução Francesa, tornou-se modelo para a independência de vários países Sul Americanos. O diretório, consulado, alto e baixo clero, os Jacobinos e Herondinos; e a guilhotina, foram instrumentos, mesmo no período do Terror da Revolução, quando inúmeras cabeças rolaram inclusive a do rei Luis XVI (1754-1793) e da rainha Maria Antonieta (1755-1793), para trazerem a tona as três palavras mágicas, que moveram o positivismo no ideal de ordem e progresso. Liberdade, igualdade e fraternidade forjaram o lema de conquista pelo mundo afora; saindo de dominações colonialistas (portuguesas, espanholas, inglesas e francesas) e assumindo pelo esforço das revolução nativas, pacifistas ou armamentista o rumo e destino de suas próprias terras.  Paris é belíssima como seu Museu do Louvre, o Arco do Triunfo, a Torre Eiffel, a Bastilha, Catedral de Notre Dame, a Ponte Neuf, a Basílica de Sacre Cuer, o Rio Sena, o Moinho Vermelho, o Palácio de Versalhes e o Jardim de Luxemburgo são lugares lindíssimos para serem visitados. Falo como se já tivesse passado por esses formidáveis lugares, mas até agora estou só na vontade. Feliz 2015 a todos vocês. Abraço. Davi.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A Teosofia e a Sabedoria Divina.

(C.001). Assisti a uma palestra sábado (15/02/14) com o título: Teosofia ou Sabedoria Divina. Foi na verdade a aula inaugural do Curso de Introdução ao Pensamento Teosófico. Foi ministrada pelo presidente da SociedadeTeosófica no Brasil Ricardo Lindermann. Serão várias aulas ao longo do ano de 2014. Sempre nesse mesmo dia conforme agendado no site. O expositor parece que é filósofo, pois fez mestrado sobre Orígenes de Alexandria (185-254), e doutorado em Soren Kierkegaard (1813-1855). Tentarei recordar de alguns assuntos abordado enumerando para facilitar o acompanhamento do assunto. (1). A Biblioteca de Alexandria no Egito foi (século III) no mundo antigo um referencial de tradições, culturas e conhecimentos. Com seus mais de 700 mil rolos de pergaminhos e papiros era fonte de pesquisa e estudos para sábios, filósofos e cientistas da época. Conta-se que Orígenes (182-254) de Alexandria foi um dos fundadores e incentivadores dessa casa dos saberes escritos. Ele era de tradição cristã e segundo consta difundia os ensinamentos do MESTRE JESUS em suas apologias e dissertações. Orígenes estudou Platão (472 AC 347), Pitágoras (571 AC 497) e Plotino (472 AC 347) entrando em contato com postulados sobre o Uno, o Logos, a Consciência Universal, o espírito humano, a alma transcendente e transmigradora; matéria, substância, forma, reencarnação e outros temas. Orígenes era de ascendência latina e influenciou em seus estudos (filósofos e religiosos) importantes "pais da igreja" como: Clemente de Alexandria (150-215), Inácio (68-107), Policarpo (69-155), Justino (100-165), Irineu (130-200), Cipriano (200-258) e Agostinho (354-430). A Biblioteca de Alexandria foi alvo de três tentativas de destruição. Primeiro no ano zero de nossa era, depois no ano de 415 e finalmente o incêndio  de 610. Todos estes números são aproximados. A última investida foi fatal destruindo e dando  cabo ao celeiro das sementes do saberes da humanidade quase que totalmente, pois seus papiros e pergaminhos que representavam o acervo bibliográfico foram pulverizados. O imperador romano do oriente Justiniano (483-565) foi o responsável por esta abominável selvageria. Os cristãos até o século V tinham tradições e rituais universalizados, usando as doutrinas exotéricas platônicas, budistas e egípcias; conceitos como metem psicose, reencarnação, uniteísmo e apocatástase (a ideia de que o inferno não é eterno, mas um sítio pedagógico onde todos os que estiverem inseridos nesse contexto, um dia sairão de lá, evoluídos, inclusive o diabo e seus anjos; se juntando a todos os seres criados por Deus; integrando em perfeição e completude o Logos Divino que é a origem de toda a criação em todos os mundos perceptíveis e imperceptíveis) eram vistos numa perspectiva cristã.  Eles  se reconheciam interagindo com a natureza em seus mais variados aspectos, e o cosmo (mundo visível e invisível) onde eram inseridos como conteúdo do TODO, O ETERNO, a CONSCIÊNCIA UNIVERSAL. Não interessava para o império dominante da época (O Romano) cultivar em seus súditos conceitos contrários ao "monoteísmo" e a autoridade suprema do Rei - deus. Mas um milagre aconteceu quanto a destruição da Biblioteca de Alexandria, pois dos milhares de livros escritos por Orígenes apenas três foram preservados, neles estando conservados os princípios dos academicistas (Platão, Pitágoras e Plotino) da Grécia Antiga, comentado e praticado pelos primitivos cristãos. Os livros remanescentes de Orígenes são raríssimos; estando disponíveis na língua alemã e traduzidos para o português em pouquíssimas versões atuais. Sua obra inclui: De Viris Illustribus; De Principius, Contra Celso, Hexápla e suas centenas de Homilias. (2). Pitágoras segundo algumas fontes, muito provavelmente encontrou-se com Sidarta (Buda) Gautama (563 AC 483) ainda bem jovem. Aprendeu com o "Iluminado", e aplicou estes conceitos em sua filosofia. O CRISTO teve um ministério de 3 anos e meio na região da Palestina sendo curtíssimo em relação ao Buda, que pregou por 45 anos sua mensagem nos campos e montanhas da Índia e Tibete. Algumas tradições orientais dizem que O CRISTO leu quando jovem os escritos do Buda fazendo algumas ponderações recorrentes. Se compararmos algumas parábolas, e principalmente o sermão do monte, perceberemos uma afinidade na doutrina exotérica de ambos. Buda falava dos mistérios da Sabedoria Divina, o Cristo fala dos mistérios do reino de Deus. Uma clara alusão a doutrina esotérica (profunda) só passada para os iniciados e adeptos, sendo que,  no caso cristão, os discípulos mais chegados do Cristo (Pedro, Tiago e João) principalmente, pois ele lhes disse: "A vós é dado saber os mistérios do reino de Deus". O ensinamento dos dois também coincidem quando é lido o livro: O Evangelho de Buda do Yogi Kharishnanda que foi publicado pela Ed. Pensamentos aqui no Brasil em muitos pontos, quanto a vida e o ministério dos dois Iluminados. (3). A Teosofia moderna tem seu marco inicial estabelecido em 1875 na cidade de Nova Iorque (EUA) com a Senhora Helena Blavatski (1831-1891). Um livro muito divulgado desta autora é a Doutrina Secreta (esse livro segundo consta era o livro de cabeceira de Albert Einstein (1879-1955) onde está grande parte do arcabouço teórico do ensinamento atual desta Sociedade. Alguns conceitos principais como a lei de retribuição (ou carma) são  tomados num aspecto científico, pois estão relacionados a lei da ação e reação onde toda causa produz um efeito. Gálatas 6: 7 "Tudo o que o homem semear isso também colherá". Bem racional se pensarmos na 3ª Lei de Isaac Newton (1643-1727) que principia: "Quando uma pessoa empurra uma caixa com uma força F, podemos dizer que essa é uma força de ação, mas conforme a 3ª Lei de Newton, sempre que isso ocorre, há uma outra força com módulo e direção iguais, e sentido oposto à força de ação, esta é a chamada força de reação. Este é o princípio da ação e reação, cujo enunciado é: As forças atuam sempre em pares, para toda força de ação, existe uma força de reação. Assim a lei do carma, com comprovação científica não é um dogma de fé, mas uma realidade que fundamenta a maioria das filosofias espirituais (Budismo, Hinduísmo, Bramanismo, Taoísmo, Lamaísmo e Confucionismo) de tradições religiosas do oriente.  As beatitudes e os malefícios que praticamos serão recompensados ou punidos, (com o atenuante de repará-los) nesta vida e nas outras vidas que ainda passaremos. Interessante que nesta lógica não há lugar para a "danação" (inferno) eterna que os cristãos tanto proclamam. Aqui os delitos são quitados de forma justa para que o peregrino da Senda Espiritual possa entrar no nirvana (o encontro com a Consciência Universal) em completa pureza e santidade. A doutrina do inferno como a conhecemos literalmente é logicamente refutada pela Teosofia. Marcos 7: 47, 48 " ... sereis lançados no fogo do inferno. Onde o seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga". Um Deus que cobra juros eternos de pecados temporais demonstra brutalidade e desumanidade. (4). Dois pressupostos definidos o "exoterismo" que é o ensinamento (exterior) tornado público e aberto para interessados em  geral sendo evidenciados nas doutrinas e preceitos gerais. Um exemplo do MESTRE em Mateus 13: 13 "Por isso falo por parábolas, porque eles vendo não vêm, e, ouvindo não ouvem nem compreendem". As multidões ouviam e não entendiam. O "esoterismo" é o ensinamento (interno) oculto e hermético, passados apenas para os iniciados na senda espiritual. Daniel 2: 22 "Ele revela o profundo e o escondido, conhece o que está em trevas e com Ele mora a luz".  Esses são para aqueles que tem compromisso e responsabilidade com o que ouvem, pois estarão vivendo num estágio mais profundo, onde as formas e rituais dão lugar aos mistérios maiores e comunhão mística, íntima e transcendente com o MESTRE. Mateus 13: 11 "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado". Neste ponto mostrou-se o perigo de adentrar aos "mistérios" ocultos sem orientação adequada. Há pelo menos 17 aspectos que podem levar o iniciando sem orientação a extremos perigos como a magia negra, necromancia, espiritismo "barato", adivinhações e prognósticos irresponsáveis e outras formas do gênero. Coisas condenadas veementemente pela Sociedade Teosófica, onde a Senhora Helena  Blavatski (1831-1891) diz: "estes que percorrem esses caminhos aleatoriamente estão sujeitos aos piores horrores presentes e futuros, tendo possíveis mortes terríveis e fustigamentos físicos e psíquicos por demônios e seres inferiores malignos". A magia é um dom que os iniciados desenvolvem num ambiente de pureza, santidade e comprometimento com a Divindade Cósmica. Um poder que é acessado depois de muitas provas e obstáculos espirituais vencidos, onde a mente humana, pela consciência, se abre manifestando seus mistérios e taumaturgia em relação ao mundo visível e invisível. Esse processo é desencadeado pelo conhecimento esotérico, também revelado nos reino da natureza mineral, vegetal, animal, humana e espiritual. Por isso o alerta deve ser considerado com sobriedade. (5). Existe forte influência dos astros (planetas) em nossas vidas. As ponderações de Zaratustra (século XVII AC) delinearam os conceitos de astrologia e numerologia que conhecemos atualmente. Os astros (planetas) estão correlacionados com os meses de nosso nascimento; (os doze signos do zodíaco: Áries 21/03-20/04, Touro 21/04-21/05, Gêmeos 22/05-21/06, Câncer 21/06-23/07, Leão 24/07-23/08, Virgem 24/08-23/09, Libra 24/09-23/10, Escorpião 24/10-22/11, Sagitário 23/11-21/12, Capricórnio 22/12-20/01, Aquário 21/01-19/02) cada um exercendo influência emocional e sentimental, em certo sentido racional, quando aplicamos nossa vontade para decidirmos os variados aspectos de nossa convivência relacional. O princípio da origem manifestada na monada, um fragmento de átomo cósmico germinativo que dá início a vida, que entendemos universalmente, evoluirá no ser humano. Essa monada sendo um feixe de luz, incidirá sobre um mineral, desenvolvendo-se em um vegetal, depois de inúmeras encarnações será um animal, para finalmente, assumir a forma de um hominídeo (espécie humana atual) acoplando a vida orgânica do indivíduo. Esse processo é realizado segundo a teoria espiritual dos Platônicos e Neoplatônicos, que aprendendo com os adeptos dos mistérios antigos de povos como os Hinduístas, Egípcios, Babilônios e posteriormente os Cabalistas enunciaram a doutrina da Metem Psicose ou Transmigração de Almas. A Alma Humana vai evoluindo até atingir a completude com o Logos Divino.   O filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646-1716) foi quem primeiro esboçou os postulados modernos da monada. Segundo "ele" uma substância simples (infinitessimamente pequena), porém, indissolúvel e indestrutível. Cada corpo material localizado no Quaternário Inferior tem seu Ego Inferior. O Ego Superior está em nossa alma localizada na Tríade Superior. Somos seres setenários (7 partes) e esbocei somente 2 divisões. Nosso Ego está ligado a um dos astros (planetas) existentes. Isso no campo astral produzindo reações e implicações em nossa vida presente e nas futuras vidas que teremos. (6). Os orientais (hindus, budistas, brâmanes e confucionistas) não "entendem" a noção de (antropomorfismo) um Deus Pessoal. Compreendem um Deus (heteromorfismo) que está em tudo e em todos, manifestando-se em variadas formas. Colossenses 3: 11 "Mas, CRISTO é tudo e em todos". Numa partícula de poeira o Elemento Divino (que os orientalistas chamam de Atma, palavra em sânscrito que significa Alma ou Sopro Vital. Na Teosofia representa a Mônada o 7º princípio da constituição do homem) está presente, em uma gota de água ELE se encontra. Num pigmento de uma asa de borboleta ELE é achado. É contraditório e ilógico para os orientalistas uma redenção substitutiva à procuração, onde outra pessoa deve ser punida em lugar daquele que cometeu o pecado, quitando a dívida por ela; como estamos acostumado a pensar no Cristianismo, sendo essa a realidade dos católicos, protestantes e demais seguimentos dessa teologia. Ao contrário eles (orientalistas) compreendem que a redenção é feita pelo próprio indivíduo através de um longuíssimo processo de evolução onde os carmas negativos e positivos influenciarão às futuras reencarnações. Assim nossa vida deve ser pautada por atitudes de mérito, virtuosidade e solidariedade; para que, os carmas negativos advindos de pensamentos, palavras e atitudes, sejam redistribuído, como bônus e não ônus em nossos futuros renascimentos, para que nossa evolução se complete no tempo devido Abraço. Davi.   

domingo, 28 de dezembro de 2014

Escritora brasileira Clarice Lispector

A contribuição da obra de Clarice Lispector (1920-1977)  na Literatura Brasileira está, sobretudo na produção de um romance introspectivo, raridade entre nossa produção literária. Para compreender sua produção literária, é necessário do leitor um preparo psicológico, já que um primeiro contato com a obra causa um estranhamento no leitor; superada essa primeira etapa, é possível reconhecer sua escrita indefinível, uma mistura de prosa, confissão, discursos internos e poesia. Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925, vindo ainda recém-nascida com seus pais para o Pernambuco, inicialmente, e depois para o Rio de Janeiro. É possível perceber na escritora uma forte identificação com o povo nordestino. Antes dos 7 anos, já inventava histórias. Sua mãe também escrevia, mas Clarice só soube disso através de suas tias, após a morte da mãe. Suas irmãs também eram escritoras. Uma delas, de livros técnicos. Quando questionada sobre como definia sua produção literária, Clarice diz ser “caótica, intensa, plenamente fora da realidade da vida”. Nunca assumiu a profissão de escritora. Para ela, escrever só quando tinha vontade. Considerava-se amadora e fazia questão de continuar sendo, para manter a liberdade. Clarice tinha momentos de intensa produção literária. Quando terminava uma obra, ficava “oca”, como ela dizia. Então, escrevia para crianças. Escreveu 3 livros de literatura infantil para seu filho. Ela considerava fácil se comunicar com crianças, pois tinha natureza maternal. Já com o adulto, achava difícil, pois quando se comunicava com o adulto, estava na verdade se comunicando com o mais secreto de si mesma. “A criança tem a fantasia, é solta”. “O adulto é triste e solitário em qualquer momento da vida, basta um choque um pouco inesperado e isso acontece”. Mas não se considerava solitária, pois tinha muitos amigos. Lispector escrevia para ficar livre de si mesma, para compreender a alma humana. Para ela, escolher a própria máscara é o primeiro gesto humano e solitário. Com uma personalidade intrigante, reconhecia o valor do mistério, do silêncio. Numa última entrevista concedida à determinada rede de TV, ela diz: “Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso”. Quando não estava escrevendo, Clarice se considerava morta. Para ela, o período entre um trabalho e outro é muito doloroso, pois é um período de esvaziamento da cabeça para nascer alguma outra coisa. “É tudo tão incerto”. Sobre o papel social da escrita, ela afirma que o que escreve não altera em nada no mundo. Não sabe por que continuar escrevendo. Diz ela: “No fundo, a gente não está querendo alterar as coisas; a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro”. Mas de uma coisa é certa: o papel do escritor é falar o menos possível. Daí ela dizer que “o melhor está nas entrelinhas”. Clarice Lispector relata que compreender sua obra não é uma questão de inteligência, mas de sentir, de entrar em contato. Ou sua obra “toca, ou não toca”. Às vezes, ela se sentia isolada, mas depois via que os universitários a procuravam, entendiam sua obra. O que a espantava, mas se sentia gratificada. Quando alguém fazia uma releitura de sua obra, sentia-se aliviada, pois alguém a havia compreendido. Ela acreditava que o fato de a considerarem escritora a isolava, pois as pessoas enxergavam-na através desse rótulo. E isso a incomodava. Partindo para o conjunto de sua obra, Clarice revela uma intrigante tentativa de investigar as camadas mais densas da consciência humana na procura de compreender o sentido da existência. Através de uma aparente linguagem simples, a escritora mergulha numa análise psicológica do ser humano, revelando assim uma permanente preocupação em alcançar a verdade escondida na aparente simplicidade das palavras. À medida que os personagens de Clarice Lispector crescem numa obra, eles tende a se intelectualizar e a se tornarem falsos pela incapacidade de revelar mais que pensamentos, reflexões e pequenas crueldades, exprimindo assim a dificuldade do diálogo humano quando atingem a maturidade. A linguagem de Clarice se revela como uma armadilha. A aparente linguagem simples trata-se, contudo, de uma simplicidade enganosa. O caráter introspectivo de sua produção literária mostra que há muito “dito” além da superfície do texto. A própria escritora já afirmava: “o melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas”. Outra particularidade da linguagem clariceana é o tom de coloquialismo e de narração sem surpresas da escritora, bem como as formas com que chama o leitor para dentro da narrativa (“O que vai ser de Joana?”, “Vamos chorar baixinho?”). Essas formas dão uma ilusão de familiaridade. Assim, é nesse conjunto de palavras comuns que se depositam as dimensões encontradas na realidade. Além disso, convém destacar que na obra de Lispector pode-se compreender melhor a diferença entre forma e estilo. Pela ótica estilística, Clarice se encontra no primeiro plano dos escritores brasileiros, já que ela mantém uma percepção perspicaz do detalhe, fugindo da lógica prosaica para uma construção de uma prosa poética. Pela ótica formal, seus personagens vivem num mundo “opaco, caótico, raso por consequência, como efeito natural, reinando a estaticidade em suas relações”. No entanto, existem momentos em que seus personagens se abrem numa sensação de vida ou na revelação de uma verdade fragmentada. É nessa tensão entre a opacidade e o instante liberador que se concentra o conflito básico da obra de Lispector. Se o manuseio hábil da linguagem e a busca intrigante das respostas para compreender o sentido da vida humana que se esconde atrás do cotidiano monótono e vazio, se essas peculiaridades tornam difícil a leitura das obras de Clarice Lispector, essas mesmas características representam, por outro lado, o inerente esforço do homem na busca do sentido de sua existência e do mundo em que vive. Segue alguns pensamentos da Clarice; vanguardistas pra sua era.
"Compreendi que viver é ser livre… Que ter amigos é necessário… Que lutar é manter-se vivo… Que pra ser feliz basta querer… Aprendi que o tempo cura… Que magoa passa… Que decepção não mata… Que hoje é reflexo de ontem… Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas… Que os verdadeiros amigos permanecem… Que dor fortalece… Que vencer engrandece… Aprendi que sonhar não é fantasiar… Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos… Que o valor está na força da conquista… Compreendi que as palavras tem força… Que fazer é melhor que falar… Que o olhar não mente… Que viver é aprender com os erros… Aprendi que tudo depende da vontade… Que o melhor é ser nós mesmos… Que o SEGREDO da vida é VIVER ! Já chamei pessoas próximas de “amigo” e descobri que não eram… Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. Não me deem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração! Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente! Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para SEMPRE!". Clarice foi influenciada pela filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) em sua luta sem trégua pela afirmação feminina. O livro O Segundo Sexo dessa autora, era lido por todas as intelectuais que prezavam uma busca por liberdade; inspirando outras mulheres a se posicionarem a favor da causa feminista; atuando com essa ideologia em escolas, igrejas, instituições, organizações e na comunidade em geral, tudo com muita sutileza; sendo lançada a semente da emancipação feminina no ocidente. Temas como aborto, liderança familiar, machismo, profissão em todas as áreas, trabalho digno para a mulher, greves, infidelidade e tópicos do gênero eram discutidos nas academias e fórum clandestinos, organizados por simpatizantes. A literatura da Clarice tem enfoques nessa abordagem. Como diz o filósofo Heráclito (535 AC 475), "Tudo flui, nada persiste e nem permanece o mesmo". Ele passa a ideia de que não somos os mesmos de ontem, E nem seremos os mesmos de amanhã. Princípio que se expressa nos fenômenos físicos e naturais. Assim transmutamos em valores, costumes, culturas, tradições e espiritualidades; mas nossa essência substancial continua imutável; sendo a Centelha Divina que nos vincula ao Logos Eterno. Clarice viveu intensamente sua vida até o último suspiro; tendo uma mente bem adiantada em relação aos seus contemporâneos, situando a mulher num contexto de auto afirmação e luta por igualdade e equivalência à educação, profissão, trabalho e família em relação aos homens. Desse modo, foi incompreendida em alguns aspectos, discriminada por sua posição feminista pois a Bíblia diz em Efésios 5;22 "mulher, seja submissa a seu marido". Isto posto, os moralistas religiosos machistas de sua época insinuaram que ela fosse ateísta. Uma mentira grosseira, pois sua espiritualidade fugiu do formalismo e ortodoxia oficial do catolicismo, não crendo no deus dos supersticiosos que o pintavam e pintam como desumano, carrasco e impiedoso. Um inacreditável ser pessoal, que terá a coragem e o despudor de lançar no inferno eterno, todos aqueles que não crerem e nem aceitarem o seu filho como Salvador do Mundo. Finalizo com uma profunda frase da Clarice Lispector, que deu um nó no dogmatismo religioso; e para entendê-la precisamos usar a lógica e meditação espiritual. Tirem suas conclusões: "Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado e o jogo maior da minha vida não se fará. Enquanto eu inventar um Deus, Ele não existe". Clarice tinha uma percepção mais profunda de Deus, não apenas a pessoalidade divina, mas um Deus manifestado em toda a sua criação, misterioso e subjetivo, acima do bem e do mal, não objetivo e comportamental temperamental como a maioria do senso comum o reconhece e compreender. Beijo. Davi.

sábado, 27 de dezembro de 2014

A Felicidade.

A Felicidade

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor

Poeta brasileiro Vinícius de Moraes (1913-1980)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Brasil. Esperança Em Um Futuro Melhor.

Aos leitores brasileiros, uma palavra de ânimo e conciliação em relação aos eventos ocorridos antes e depois da reeleição de nossa atual Presidenta Dilma Rousseff (1947-   ). A campanha eleitoral, na reta final, quando da definição dos números de pesquisas e intenções de votos; acirraram-se o fôlego dos dois principais candidatos. Farpas de ambos os lados enfeiaram o pleito, causando um mal estar generalizado em todo o país. Lao Tsé (604 AC 531) diz: "Conhecer os outros é inteligência, conhecer a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força; controlar-se a si mesmo é verdadeiro poder". Acho que essa máxima do místico filósofo determinou a vitória na eleição presidência de 2014. Lao Tsé sabia o que era o poder, pois seus pensamentos aconselhavam os governantes chineses a agirem numa linha liberal e pacifista, intervindo o mínimo possível na vida das pessoas. Depois de seu desaparecimento sua filosofia laica transformou-se em uma religião o Taoismo. 1. Conhecer os outros é inteligência. Aqui é sugerido uma necessidade; para dialogar de maneira convincente e persuasiva é  fundamental conhecer o outro, mas num aspecto argumentativo e usando a verdade de fatos como pressuposto. Assim a inteligência se manifesta não no persuadir, mas na exposição coerente deixando ao outro o posicionamento dentro de seu entendimento. 2. Conhecer a si próprio é verdadeira sabedoria. Um aspecto difícil dentro do contexto de governar. Esse aforismo é bem parecido com I Timóteo 3:5 que diz: "Porquanto, se alguém não sabe governar a sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus?".  Aqui é um exemplo generalizado, não tendo intenção de aplicar na particularidade que estamos discutindo, mas evidenciando o paralelo recorrente desse fato. Conhecer a si próprio é uma base para termos relacionamentos saudáveis, e na experiência devemos ter esse pressuposto como meta. 3. Controlar os outros é força. O controle é manifestado em aspectos de subordinação, submissão, coação e coercibilidade. Instrumentos que são usados como mecanismos de ingerência física e psicológica. Uma intervenção obrigatória ou "voluntária" do paciente (agente passivo) que se encontra como ferramenta para propósitos de terceiros. O homem desvirtuoso usa esses subterfúgios para alcançar suas intenções de dominação e egocentrismo narcisista. 4. Controlar a si mesmo é verdadeiro poder. Um dos grandes segredos para um governar bem sucedido é o controle de si mesmo. O poder não é essencialmente uma influencia exterior, mas principalmente o auto centrar-se em atitudes de desapego do ego, e uma consciência voltada para situações que atormentam e mostram as carências dos menos favorecidos, tentando supri-la através de ações virtuosas. Nessa perspectiva o poder em sua ostentação, como fator de glória ou merecimento, é obliterado, prevalecendo o iluminar do povo pela fraternidade e solidariedade. Assim na medida do possível alcançando os anseios, sonhos e realidades de todos; trazendo a ideia do engajamento e comprometimento com projetos que trarão benefício a toda a comunidade, desde as ribeirinhas, as das cidades e das zonas rurais. No debate final (24/10/2014) na TV Globo, antes da eleição em 26/10/2014), uma palavra, penso, foi decisiva quanto a direção dos votos dos eleitores; nessa performance do controle de si mesmo proposta pelo filósofo místico Lao Tsé; foi a palavra "leviana"; citada duas vezes por um dos concorrentes ao cargo eletivo mais importante do país. A carga discriminatória, desrespeitosa e inconveniente referendada pelo vocábulo, surpreendeu, corrompendo o bom senso e a moralidade dos que assistiam ao debate. Assim, votos já decididos para uma das partes, migraram, inconscientemente para o outro lado, tornando-se o fiel da balança na hora de apertar os botões da urna eletrônica. O resultado do segundo turno mostrou uma pequena diferença; pouco mais de 3 milhões de votos para a candidata governista que obteve 51,64% (54.101.518 votos) e o candidato oposicionista obteve 48,36% (51.041.155 votos); o histórico geral foi: votos apurados 112.683.879, votos válidos 105.542.273, votos brancos 1.921.818, votos nulos 5.219.787, abstenções 30.137.479 (21,10%); um altíssimo número dos que evitaram escolher declarar seu voto. Um país aparentemente divido entre os situacionistas e os oposicionistas. Num primeiro momento administrar este torvelinho; num segundo, costurar um entendimento nacional, para que as diferenças e mágoas sejam abandonadas em nome da nobre causa do bem estar, progresso e necessidades do povo brasileiro; principalmente no atual cenário internacional de incertezas econômicas, inflação crescente na Europa, USA e América Latina. As dificuldades em acessar créditos internacionais aumentando na proporção do desgaste econômico dos países; desemprego generalizado e instabilidade social e política em várias nações, formam um quadro que requer cuidado e ponderação, antes de se tomar qualquer decisão que envolva o comprometimento de receitas ou despesas sem um lastro consolidado. Ecoou semanas atrás vozes dos oposicionistas, mesmo que não unânimes, mas com respaldo considerável, numa possível "hetacombe" da economia brasileira. Um pessimismo apocalíptico lembrando hiper inflamação, suposto confisco de poupança, hipotética movimentação militar para tomar o poder, imaginário impeachment e situações similares. O cenário internacional resumido acima, faz com que alguns analistas confiáveis opinem, que não existe na atual circunstância evidências plausível, que nenhum desses eventos tenham possibilidade de se realizarem a curto, médio ou longo prazo. Em termos de crescimento econômico o mundo se arrasta com número irrelevantes e preocupantes para os economista. Parece que o capitalismo mundial entrou em um declive parabólico, começando a perder forças em seus principais fundamentos como: oferta e procura, receita e despesa, capitalização e descapitalização, créditos e subvenções; mercados globalizados precisam ser revistos, mudando sua metodologia e legislação para uma melhor adequação aos mercados de capitais; bolsa de valores, commodities, mercadorias e capitais futuros. Desse modo, o jogo político econômico empurra as nações para a concentração das riquezas monetárias, bens, serviços e matéria prima; destacando-se nesse cenário os USA, Alemanha, Japão e os Brincs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), cada qual com suas características próprias. Mas sejamos, os americanos comemoram 3% de crescimento em 2014, os alemães ficaram com 2%, os chineses depois de um forte crescimento em anos anteriores, esse ano estimaram 7%. Os russos foram avisados pelo seu Presidente Vladimir Putin (1952-    ) que o país terá provavelmente em 2015 e 2016, 0% de crescimento; conclamando os cidadãos a cooperarem e tendo confiança que essa desaceleração será superada brevemente. Eles sofrem com o embargo econômico imposto pela União Europeia e os USA. Os japoneses cresceram 1,5 % esse ano achando bom; nós brasileiros tivemos um crescimento econômico em 2014 de 0,3% segundo pesquisas oficiais otimistas. Os hindus foram a grande surpresa da economia mundial com crescimento superando 5%, mas entre os Brincs, é o mais injusto em distribuição de renda; também o que tem o maior números de pessoas abaixo da linha de pobreza, os denominados miseráveis. O recente entendimento bilateral (Cuba e USA) para que o embargo econômico impostos pelos americanos à ilha cubana seja cancelado, pois já vêm desde 1961, é um fato que mudará substancialmente, segundo analistas políticos, o rumo das democracias principalmente na América Latina. A intervenção direta do Papa Francisco, o argentino Jorge Mário Bergoglio (1936-    ) liderando a diplomacia do Vaticano, foi fundamental para que esse processo tivesse êxito. Ele desde o início de seu pontificado, tem usado um tom conciliador e tolerante em suas opiniões; agindo com firmeza em direção a fraternidade e solidariedade entre os povos. Em uma recente declaração, desvinculou o extremismo fundamentalista muçulmano da religião Islâmica. Sendo ambos completamente opostos; isso tem base no Alcorão, pois não existe registro nesse Livro Sagrado que Aláh deseja desagregar as nações; impondo uma ideologia religiosa radical à custa (morte) de pessoas humanas. Em uma frase dita meses atrás "Deus não é um mágico com uma varinha mágica"; o Papa escandalizou alguns cristão, sugerindo que os dois primeiros capítulos do livro de Gênesis deveriam ser entendidos como uma metáfora ou alegoria e não no sentido literal. Isso foge a rigidez ortodoxa teológica dando margem à uma interpretação flexível e contextualizada; compreendendo leituras de outras tradições espirituais quanto a criação do mundo. Mostrou tolerância e amor quanto aos homoafetivos, recomendando a liberdade para que participem dos sacramentos, acenando moderadamente à união homossexual. sugerindo que o assunto seja estudado pelos teólogos católicos. O fim do embargo econômico a ilha cubana, foi saudado com alegria e alívio por muitos cubanos, mas alguns são contrários dizendo que o Presidente americano deveria pensar melhor, pois a ilha tem uma forte estrutura socialista que demorará anos para ser desmontada; também um grande contingente de presos políticos estão encarcerados sem esperança de soltura. Assim as negociações entre os dois países se centrarão em aspectos políticos e econômicos, com vantagens evidentemente para os americanos. Os milhares de dólares chegarão no momento certo; a ilha definha com um PIB de US$ 116 bilhões, menor do que o do Estado do Rio de Janeiro que é de US$ 177 bilhões; em comparação aos mais de US$ 2 trilhões do Brasil e o PIB dos USA que é de aproximadamente US$ 15,5 trilhões.  Os automóveis da ilha são da década de 60 e 70; um carro popular novo custa algo em torno de R$ 200 mil reais, sendo impossível um médico que ganha R$ 140 reais por mês adquiri-lo. O que tudo isso tem haver conosco brasileiros. As implicações quanto a América Latina são muitas, mas vou abordar apenas um ponto. Os americanos terão mais influência nas economias desses países, e consequentemente, nas políticas internas e externas. Pondero ser isso positivo, pois traz uma estabilidade social e civil; evidente que os ônus dessa subordinação existem em algum grau, mas os dividendo aparentemente são maiores. Num mundo em crise; com forte concentração de riquezas (matéria prima, água potável e energia), sendo comandado por potências econômicas capitalista como: USA, Alemanha, China, Japão, mas a Rússia numa influência (diferenciada) psicológica devido a sua história e cultura de tradição imperialista. Principalmente por ter sido um dos protagonistas da Guerra Fria (1945-1991) juntamente com os americanos. Desse modo, não haverá uma saída senão a negociação, sempre com prevalência do economicamente mais forte. Portanto, as nações Sul Americanas, que tradicionalmente são desalinhadas com a política econômica americana como Equador, Argentina, Bolívia e Venezuela deverão se render a futuros acordos comerciais com os americanos. O socorro financeiro à ilha dos Castros (Fidel e Raul) trará bônus políticos à Terra do Tio Sam, pois a ideologia comunista que era um produto de exportação, sairá de linha, ficando apenas como retórica nas academias universitárias. Chegando em boa hora pois a ilha agoniza a décadas, sobrevivendo de doações dos históricos parceiro: Rússia, Brasil, Venezuela e outras nações, que nessa crise mundial ficaram praticamente impedidos de enviar as subvenções ao povo cubano. O Brasil caminhará, penso, num alinhamento político e econômico com os americanos. O Presidente Barak Obama (1961-    ) e sua equipe, sabem como agir, sem pressionar ou constranger os seus parceiros comerciais, mas oferecendo trocas ou permuta com reciprocidade de ganhos onde sutilmente a vantagem aparece imperceptível para o lado vigoroso. O candidato derrotado na recente eleição presidencial do Brasil, Senador Aércio Neves (1960-   ), agiu nobremente, quando inquirido se assumiria um postura à favor de um possível impeachment da Presidente reeleita Dilma Rousseff; respondeu ser desfavorável a suposição, alegando que sua condição de democrata o impossibilitava de assumir um radicalismo inconveniente. Acho que, de sua parte, foi um gesto digno de alguém que olha pro futuro, vislumbrando uma provável candidatura daqui a quatro anos (2018), com plausível chance de ser eleito, pois os analistas políticos repercutem vozes que esse será o último mandato presidencial do Partido dos Trabalhadores; as evidências são razoáveis nessa direção, o desgaste com a corrupção (desvio de bilhões de reais) lesionando os cofres públicos, das empresas estatais (Petrobras, BNDES, BB, Eletrobras), será o preço carmico corporativo que irão pagar. E talvez (segundo prognóstico) não elegerão nenhum representante nos poderes executivos (Governadores) estaduais, e pouquíssimos representantes no Senado e na Câmara dos Deputados, nas próximas eleições majoritárias. Engrosso o coro, da candidata reeleita que em seu discurso após a vitória em 26/10/2014, conclamou o povo brasileiro à união em torno de ideais comuns para o avanço e progresso de nossa nação. O esquecimento das diferenças e mágoas; através do diálogo construtivo e responsável para formar laços de fraternidade e solidariedade, preservando as conquistas sociais e econômicas já consolidadas; para que nos comprometamos com a parte que nos cabe; juntos, (cooperando com as lideranças governamentais municipais, estaduais e federais) fazermos do Brasil uma pátria cheia de esperança, trabalhando individualmente para um futuro melhor à favor de nossos filhos, netos e bisnetos. O Brasil merece nossa atitude virtuosa baseada no altruísmo e abnegação. Abraço. Davi.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A Natividade em todas as religiões.

Amigos leitores. No dia 25 de dezembro, comumente, os cristãos do mundo inteiro celebram o Natal. Essa é uma data que marca o nascimento do Salvador Jesus Cristo. Todo cristão mais atento e investigativo sabe, que essa época é uma convenção, sendo que nos primeiros séculos de nossa Era a Igreja tentou de todas as formas precisar a data, mas os esforços foram infrutíferos. Infelizmente a tradição oral e estudos de manuscritos antigos, não foram suficientes para uma assertiva. Acontece que, os registro são escassíssimo, não havendo referências documentais quanto a esse evento. Bem diferente se compararmos a documentos similares relacionados a Sidharta Gauthama, Buda, que segundo a tradição hindu nasceu por volta de 563 AC morrendo no ano de 483 aproximadamente. Mas a Igreja, necessitava de uma referência para o nascimento do Salvador Jesus, assim, adotando a tradição dos antigos "pagãos", que antes de nossa era cristã, tinham o Sol com uma Divindade que era cultuada e adorada com grande pompa e solenidade, principalmente, nos panteões anuais do Solstício de Verão, nas terras do hemisfério Sul e no Equinócio de Inverno no hemisfério Norte. Povos como os Babilônios, Caldeus, Assírios e Egípcios, bem como os Omecas, Teothihuacan, Maias e Zapotecas tinham este costume. Coincidentemente segundo alguns antropólogos a data era 25 de dezembro; exatamente a que a Igreja estipulou para celebrar o nascimento do Salvador Jesus. Essas informações são relevantes, e precisamos delas, para perceber que em todas as religiões há um fio condutor que as assemelha; mostrando que muitos dos rituais e mitos corroboram os dogmas e crenças em suas doutrinas exotéricas. Um contexto advindo das formações arquetípicas milenares, que nunca deixaram de influenciar os povos em sua espiritualidade, em alguns aspectos dessemelhantes; mas em outros misteriosamente uniforme, com diferenças de aculturação e socialização evidentemente devido ao tempo, sendo que, nessa perspectiva o cerne da religiosidade é mantido intacto e análogo na evolução da espiritualidade interior, manifestada nas idiossincrasias das várias religiões e manifestações espirituais antigas e modernas. Assim, o evento da Natividade (festividade relacionada ao nascimento de Jesus) no mundo cristão foi padronizado por força da jurisprudência teológica dos doutores, padres da Igreja; que acompanharam a data prescrita anteriormente no cenário religioso universal de outras comunidades e tradições espirituais. Nesse panorama de diversidade mística, contemplamos nos períodos das estação anuais, que cada povo celebra sua divindade mais importante, distintamente, nas tradições passadas pelos seus ancestrais. Buda, Maomé, Krishna, Zoroastro, Confúcio, Lao Tsé, Messias e Jesus. Todos esses compartilham com seus adeptos e adoradores, momentos especiais de harmonia e paz em festividades previamente estabelecidas pela tradição oral e escrita dessas religiões. Nós cristãos estamos felizes por comungar a Vida Divina na pessoa do Filho de Deus; um processo místico de interação do Logos humano com o Logos Divino. Se estudarmos a vida desses personagens que citamos acima, veremos que, existem grande semelhança entre eles com o Christo. Desde o nascimento até a morte; passando pela infância, adolescente, fase adulta; em alguns a velhice. Como exemplo: Krishna fez muitos milagres em vida, a tradição Védica (Vedanta é um dos Livros Sagrados dos Hindus) diz que sua mãe era virgem ao concebê-lo. Buda morreu ao lado de um árvore. Jesus foi pendurado em uma cruz de madeira. Maomé recebeu revelações de Alah e segundo a tradição muçulmana também ascendeu aos céus. Zaratustra começou seu ministério com 30 anos pregando o amor e a fraternidade; curou muitos desvalidos em sua vida. Ao final foi perseguido e morto. Confúcio foi um grande pensador que estudou história e arqueologia; em suas predicas dava ênfase a vida interior; costumava dizer "quem não sabe o que é a vida, como saberá o que é a morte". Lao Tsé foi mestre de Confúcio; uma alma iluminado vivendo o amor, virtude e pobreza como máxima na sua espiritualidade. Seu princípio supremo era o Tao, que regia o curso do universo.  Tudo parece convergir para uma Única Alma Divina, que tem a necessidade de se manifestar de tempos em tempos, devido a iniquidade e desventura dos homens. Como diz o Mestre Jesus em Mateus 24:12 "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo". Claro está que a medida do esfriamento do amor ainda não se completou, e não temos como saber quando essa taça da iniquidade alcançará seu transbordar. O texto Sagrado Cristão mostra evidências, mas fica o mistério do enchimento pleno, pois a medida do homem não é a medida de Deus. Desse modo, previsões e prognósticos quanto ao cumprimento das últimas palavras proféticas, estão no campo da conjectura e opinião. Isso é bom, pois ninguém tem o pressuposto de autoridade para arcar com o ônus ou o bônus (se podemos pensar assim), de uma palavra definitiva quanto ao tema do retorno do Messias ou Cristo, ou Muhammad ou Buda. Mas logicamente esse evento acontece no "quadro", pintado por esse versículo da Bíblia. Imagino essa salvação mencionada nesse texto como a encarnação de novos Christos, não universalmente mas particularmente dentro de cada uma das tendências espirituais, reveladas como manifestações dos grandes troncos das principais religiões atuais, juntamente como suas derivações próximas e mais afastadas. O Christo como Ser Divino têm particularidades expressas, penso, nas diversas manifestações dos grandes Ícones das importantes religiões que conhecemos no ocidental, e mesmo as que ainda virão a tona. Maomé, Zaratustra, Krishna, Buda, Lao Tse, Confúcio, Messias e outros foram representações do Christo Encarnado. Portanto, a Natividade (festividade do nascimento de Jesus), nesse sentido é uma celebração mundial dentro de cada esfera cultural e tradicional (no tempo apropriado) de cada povo retratado em suas particulares e espiritualidades. Concluo essa dissertação como uma prece e meditação. Oh! Providencia Divina! Logos Universal que tudo perscruta e que nada foge ao seu comando. Agradecemos a graça da manifestação do Christo Universal para todos os povos. Ele como a Revelação da Consciência Cósmica, evolui na individualidade de cada criatura (humana e da natureza) que tem infundida a Tua Vida Imortal. Mãe Natureza! Tu tornastes o berço, para que essa Vida Indestrutível fosse germinada. Te louvamos pelo amor, cuidado e misericórdia proporcionado a cada um de nós, nesse processo de desenvolvimento e progresso. Aumenta nossa integração e harmonia com o mundo visível e o mundo invisível. Obrigado por permitir que esse Christo Maravilhoso e Sublime continue evoluindo em nós até a completude com a Divindade Suprema. Faz com que nosso espírito se mescle com todos os seguimentos religiosos. singularizando compromissos de fraternidade e solidariedade; aumenta o diálogo, entendimento e conciliação com todos. Amém. Confraternizo-me com os meus irmãos das várias religiões que mencionei, e também daquelas que me esqueci de referir. Feliz Natividade. Abraço. Davi.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Anunciado o nascimento de Jesus.

Evangelho de Lucas capítulo 1. Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré.

O anjo levava uma mensagem para uma virgem que tinha casamento contratado com um homem chamado José, descendente do rei Davi. Ela se chamava Maria.

O anjo veio e disse: Que a paz esteja com você é muito abençoada. O Senhor está com você. Porém Maria, quando ouviu o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou pensando no que ele queria dizer.

Então o anjo continuou: Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará a luz um filho e porá nele o nome de Jesus.

Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Altíssimo. Deus, o Senhor vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca se acabará.

Então Maria disse para o anjo: Isso não é possível, pois eu sou virgem! O anjo respondeu: O Espírito Santo  virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será chamado de Santo e Filho de Deus.

Fique sabendo que a sua parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez. Porque para Deus nada é impossível.

Maria respondeu: Eu sou uma serva de Deus, que aconteça comigo o que o senhor acabou de dizer! E o anjo foi embora. Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia.

Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto: Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também.

Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse.

Então Maria disse: A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador. Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada, porque o Todo Poderosos fez grandes coisas por mim.

O seu nome é Santo, e ele mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos e põe os humildes em altas posições.

Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abrahão e a todos os seus descendentes para sempre. Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa. Abraço. Davi.




segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Nascimento de Jesus. Mateus 2.

O nascimento de Jesus Cristo  foi assim: Maria, a sua mãe, ia casar com José. Mas antes do casamento ela ficou grávida pelo Espírito Santo. José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito.

Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse: José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo.

Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: A virgem ficará grávida e terá um filho que receberá o nome de Emanuel; que quer dizer Deus está conosco.

Quando José acordou, fez o que o anjo do Senhor havia mandado e casou com Maria. Porém não teve relações com ela até que a criança nasceu. E José pôs o no menino o nome de Jesus. Jesus nasceu na cidade de Belém, na região da Judéia, quando Herodes I (37 AC 4)  era rei da terra da Israel. Nesse tempo alguns homens que estudavam as estrelas (magos ou astrólogos) vieram do Oriente e chegaram a Jerusalém. 

Eles perguntaram: Onde está o menino que nasceu para ser o rei dos Judeus? Nós vimos a estrela dele no Oriente e viemos adorá-lo. Quando o rei Herodes soube disso, ficou muito preocupado, e todo o povo de Jerusalém também ficou. 

Então Herodes reuniu os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei e perguntou onde devia nascer o Messias. Eles responderam: Na cidade de Belém, na região da Judeia, pois o profeta escreveu o seguinte: Você, Belém, da terra de Judá, de modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel.

Então Herodes chamou os visitantes do Oriente para uma reunião secreta e perguntou qual o tempo exato em que a estrela havia aparecido; e eles disseram. Depois o mandou a Belém com a seguinte ordem: Vão e procurem informações bem certas sobre o menino. E, quando o encontrarem, me avisem, para eu também ir adorá-lo.

Depois de receberem a ordem do rei, os visitantes foram embora. No caminho viram a estrela, a mesma que tinham visto no Oriente. Ela foi adiante deles e parou acima do lugar onde o menino estava. Quando viram a estrela, eles ficaram muito alegres e felizes.

Entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes ouro, incenso e mirra. E num sonho Deus os avisou que não voltassem para falar com Herodes. Por isso voltaram para a sua terra por outro caminho.

Depois que os visitantes foram embora, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José e disse: Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.

Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e sua mãe e fugiu para o Egito. E eles ficaram lá até a morte de Herodes, isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito.

Quando Herodes viu que os visitantes do Oriente o haviam enganado, ficou com muita raiva e mandou matar, em Belém e nas suas vizinhanças, todos os meninos de menos de dois anos. Ele fez isso de acordo com a informação que havia recebido sobre o tempo em que a estrela havia aparecido.

Assim se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Ouviu-se um som em Ramá, o som de um choro amargo. Era Raquel chorando pelos seus filhos; ela não quis ser consolada, pois todos estavam mortos. Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José, no Egito, e disse:

Levante-se, pegue a criança e sua mãe e volte para a terra de Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram. Então José se levantou, pegou a criança e a sua mãe e voltou para a terra de Israel. Mas quando ficou sabendo que Arquelau (23 AC 18 DC), filho do rei Herodes, estava governando a Judéia no lugar do seu pai, teve medo de ir morar lá.

Depois de receber num sonho mais instruções, José foi para a região da Galiléia e ficou morando numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que os profetas tinham dito: O Messias será chamado de Nazareno. Abraço. Davi.


domingo, 21 de dezembro de 2014

O Tannenbaum. Natal.

O Tannenbaum, O Tannenbaum
Wie treu sind deine Blatter!
O Tannenbaum, O Tannenbaum
Wie treu sind deine Blatter!
Du grunst nicht nur zur Sommerzeit,
Nein, auch im Winter, wenn es schneit.
O Tannenbaum, O Tannenbaum
Wie treu sind deine Blatter!

 O Tannenbaum, O Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!
O Tannenbaum, O Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!
Wie oft hat nicht zur Weihnachtszeit
Ein Baum von dir mich hoch erfreut!
O Tannenbaum, O Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!
O Tannembaum, O Tannenbaum
Du kannst mir sehr gefallen!

O Tannenbaum, O Tannembaum
Dein Kleid will mich was lehrent
Die hoffnung und Bestandigkeit
Gibt trost und kraft zu jeder zeit
O tannenbaum, O Tannenbaum
Das soll dein kleid mich lehnrent

Canção de Natal Alemã.

O Nascimento de Jesus. Lucas 2.

Naquele tempo o Imperador Augusto (Cesar Augusto 27 AC 14 DC; o primeiro Imperador Romano) mandou uma ordem para todos os povos do Império. Todas as pessoas deviam se registrar a fim de ser feita uma contagem da população.

Quando foi feito esse primeiro recenseamento, Cirênio era governador da Síria. Então todos foram se registrar, cada um na sua própria cidade. Por isso José foi de Nazaré, na Galiléia, para a região da Judéia, a uma cidade chamada Belém, onde tinha nascido o rei Davi.

José foi registrar-se lá porque era descendente de Davi. Levou consigo Maria, com quem tinha casamento contratado. Ela estava grávida, e aconteceu que, enquanto se achavam em Belém, chegou o tempo de a criança nascer.

Então Maria deu à luz o seu primeiro filho. Enrolou o menino em panos e o deitou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles na pensão. Naquela região havia pastores que estavam passando a noite nos campos, tomando conta dos rebanhos de ovelhas.

Então, um anjo do Senhor apareceu e a luz gloriosa do Senhor brilhou por cima dos pastores. Eles ficaram com muito medo, mas o anjo disse: Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo!

Hoje mesmo, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês, o Messias, o Senhor! Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura. No mesmo instante apareceu junto com o anjo uma multidão de outros anjos, como se fosse um exército celestial. eles cantavam hinos de louvor a Deus, dizendo:

Glória a Deus nas maiores alturas do céu! E paz na terra para as pessoas a quem ele quer bem! Quando os anjos voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: Vamos até Belém para ver o que aconteceu, vamos ver aquilo que o Senhor nos contou.

Eles foram depressa, e encontraram Maria e José, e viram o menino deitado na manjedoura. Então contaram o que os anjos  tinham dito a respeito dele. Todos os que ouviram o que os pastores disseram ficaram muito admirados.

Maria guardava todas essas coisas no coração e pensava muito nelas. Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto. E tudo tinha acontecido como o anjo havia falado.

Uma semana depois, quando chegou o dia de circuncidar (oito dias de nascido) o menino, puseram nele o nome de Jesus. Pois o anjo tinha dado esse nome ao menino antes de ele nascer. Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a lei de Moisés.

Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. Pois está escrito na lei do Senhor: Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor. Eles foram lá também para oferecer um sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a lei do Senhor manda.

Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor.

Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda. Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse: Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz.

Pois eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação, que preparaste na presença na presença de todos os povos; uma luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus e para dar glória ao teu povo de Israel.

O pai e a mãe do menino ficaram admirados como o que Simeão disse a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos.

E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria. Havia ali também uma profetiza chamada Ana, que era viúva e muito idosa. Ela era filha de Fanuel, da Tribo de Aser. Sete anos depois que ela havia casado, o seu marido morreu.

Agora ela estava com oitenta e quatro anos de idade. Nunca saia do pátio do Templo e adorava a Deus dia e noite, jejuando e fazendo orações.Naquele momento ela chegou e começou a louvar a Deus e a falar a respeito do menino para todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.

Quando terminaram de fazer tudo o que a Lei do Senhor manda, José e Maria voltaram para a Galiléia, para a casa deles na cidade de Nazaré. O menino crescia e ficava forte, tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus.

Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Quando Jesus tinha doze anos, eles foram à Festa, conforme o seu costume. Depois que a Festa acabou, eles começaram a viagem de volta para casa. Mas Jesus tinha ficado em Jerusalém, e os seus pais não sabiam disso.

Eles pensavam que ele estivesse no grupo de pessoas que vinha voltando e por isso viajaram o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo.

Três dias depois encontraram o menino num dos pátios do Templo, sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo perguntas a eles. Todos os que o ouviam estavam muito admirados com a sua inteligência e com as respostas que dava.

Quando os pais viram o menino, também ficaram admirados. E a sua mãe lhe disse: Meu filho, por que foi que você fez isso conosco? O seu pai e eu estávamos muito aflitos procurando você. Jesus respondeu: Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa do meu Pai.

Mas eles não entenderam o que ele disse. Então Jesus voltou com os seus pais para Nazaré e continuava a ser obediente a eles. E a sua mãe guardava tudo isso no coração. Conforme crescia, Jesus ia crescendo também em Sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele. Abraço. Davi.


sábado, 20 de dezembro de 2014

Bhagavad Gita. Parte III

"Se fores morto em batalha, o céu dos guerreiros será a tua recompensa; se fores o vencedor, será teu o domínio sobre a terra. Tem, pois, coragem, ó filho de Kunti, e decide-te a combater com ânimo firme.

Com a mente tranquila, aceita como igual o prazer e a dor, o ganho e a perda, a vitória e a derrota. Cinge-te para a peleja, cumpre o teu dever, e evita assim o pecado.

O que te expus, ó Arjuna, é a doutrina de Sankya, filosofia especulativa da vida e das coisas. Agora, prepara-te  também para ouvir a doutrina de uma Escola, chamada Yoga. Se com a devida profundeza e concentração, chegares a compreender estas verdades, libertar-te-ás das cadeias das ações. 

Nada de teus esforças se perde neste caminho; já a menor porção desta ciência e prática (1) nos livra de grande medo e perigo. (1). Yoga significa "União", não só no sentido de doutrina filosófica, como também na prática; o saber teórico sem a realização prática não tem valor.

Neste ramo de ciência, há um só objeto em que a mente pode concentrar-se com segurança, muito ao contrário de outros campos de esforço mental, cheios de múltiplos ramos, numerosos caminhos e divergentes fins.

Muitos há que, saciando-se com as letras (ou com o sentido exterior, superficial das Sagradas Escrituras e doutrinas, e não podendo perceber o seu verdadeiro sentido interior, acham grande deleite em controvérsias técnicas a respeito do texto, em definições monstruosas e abstrusas interpretações.

Os corações desses homens estão cheios de desejos e esperanças pessoais; o seu mais alto ideal é um céu, onde acham todos os objetos de seus prazeres, a satisfação do seu sensualismo, e não se elevam à altura de onde se percebe a união de todos os seres. Usam palavras floreadas, inventam várias cerimônias e falam muito dos prêmios que esperam aqueles que as observam, e dos castigos em que caem os que são de outras opiniões. 

Fica, porém, sabendo que laboram em erro; é-lhes desconhecido o uso da Razão concentrada, e estranhas lhes são as alturas da consciência espiritual.

Os Vedas (outra Sagrada Escritura dos Hindus) tratam das três Gunas ou qualidades da Natureza (2) e instruem os pensadores a se elevarem acima delas. Liberta-te, ó Arjuna, dessas Gunas; sê livre dos contrastes das forças opostas da natureza, que pertencem à vida finita e às coisas sujeitas à mudança. Procura para teu descanso a consciência do teu Eu Real, a Verdade Eterna. Deixa longe de ti os cuidados mundanos e a avidez de possessões materiais. Concentra-te em ti mesmo, e não te entregues às ilusões do mundo finito.

Como de um tanque, em que de todos os lados flui água, pode-se tirar o fluido cristalino para encher-se com ele muitos vasos de diferentes formas e dimensões, assim as doutrinas dos Livros Sagrados fornecem à mente do estudante sério, tudo aquilo de que ele precisa para chegar ao conhecimento das coisas divinas, conforme o grau e o caráter de seu desenvolvimento.

Seja, pois, o motivo das tuas ações e dos teus pensamentos sempre o cumprimento do dever, e realiza as tuas obras sem procurares recompensa, sem te preocupares com o teu sucesso ou insucesso, com o teu ganho ou o teu prejuízo pessoal. Não caias, porém, em ociosidade e inação, como acontece facilmente aos que perderam a ilusão de esperar uma recompensa das suas ações.

Coloca-te no meio entre esses dois extremos, Seis príncipe, e cumpre, em tranquila resignação, o dever por ser dever, e não pela expectativa da recompensa. Conserva ânimo igual na ventura ou desventura; assim é que faz o Yogi.

Por muito importante que seja a tua reta ação, o primeiro lugar pertence sempre ao reto pensamento. Procura, portanto, o teu refúgio na paz e na calma do reto pensar, Seis Arjuna; porque aqueles que baseiam o seu bem estar só nas ações, com estas necessariamente perdem a felicidade e a paz, e caem na miséria e no descontentamento.

Quem atingiu a consciência de yogi, é capaz de elevar-se acima dos resultados bons e maus. Esforça-te por atingir esta consciência, porque ela é a chave que abre o mistério da ação.

Os sábios, que renunciam mentalmente os frutos possíveis de suas retas ações, libertam-se das cadeias dos renascimento e se encaminham para a morada eterna.

Quando te tiveres elevado acima da trama das ilusões, não te inquietarás com os cuidados e questões a respeito das doutrinas, nem com as disputas sobre ritos, cerimoniais e outros enfeites dispensáveis da vestimenta da ideia espiritual.

Livre serás, então, de todas as opiniões alheias, tanto das que se acham nos Livros Sagrados, como das dos teólogos eruditos ou dos que ousam interpretar o que não compreendem; em lugar disso, fixarás a tua mente na mais séria contemplação do Espírito. E assim, alcançarás, a harmonia com o teu Eu Real, que é a base de tudo.

Diz Arjuna: Explica-me, Seis Mestre cujos raios de saber tudo penetram, quais são os sinais distintivo que caracterizam os homens sábios; aqueles que são firmes e constantes no conhecimento e fixos na contemplação; como se comportam e como agem? Como se pode reconhecê-los?

Fala (Krishna) o Verbo Divino: Quando um homem, ó príncipe, quebrou os vínculos dos desejos do seu coração e está internamente satisfeito consigo, atingiu a Consciência Espiritual e firmou-se no conhecimento.

A sua mente não é perturbada nem pela adversidade nem pela prosperidade; aceita ambas, sem apegar-se a nenhuma. Nele não tem parte a ira, nem o medo, nem as paixões; ele merece o nome de sábio.

Com equanimidade suporta as vicissitudes da vida, tanto as favoráveis como as desfavoráveis; não se entrega nem à alegria excessiva, nem à tristeza. Nada lhe rouba a liberdade.

Quando um homem chegou a possuir a verdadeira Sabedoria Espiritual, é semelhante à tartaruga que encolhe para dentro da sua casa os seus membros. Assim o homem sábio é capaz de desviar os seus sentidos dos objetos que neles produzem impressão, e abrigá-los das ilusões do mundo exterior, protegendo-os pela armadura do Espírito.

É verdade que o homem que se abstém dos excessos sensuais,é capaz de negar a satisfação dos sentidos; tal homem, porém, ainda é inquieto pelos desejos de gratificação. Mas aquele que achou o seu Eu Real dentro de si, é livre até do desejo e de toda tentação que desaparecem como a sombra ante a luz meridiana.

O homem que se abstém, às vezes sucumbe ainda ao ataque repentino de um desejo tumultuoso; mas quem conhece que o seu Eu Real é a única realidade, esse é senhor de si mesmo, de seus desejos e de seus sentidos.

Tendo vencido os sentidos, pode descansar em minha Divindade (a de Krishna), contemplando o Ser Real; o irreal, o ilusório, não existe para ele. Quem anela objetos dos sentidos, nos quais pensa e os quais contempla, fica atraído e enlaçado por esses objetos; desta atração e deste enlace provém o desejo, o desejo gera a paixão.

A paixão é a causa da perturbação mental e da temeridade; estas trazem a confusão e a perda da memória (das verdades já reconhecidas); da perda da memória resulta a perda da razão, e, com isso, perde-se o homem totalmente.

Mas quem, senhor de si mesmo, encontra os objetos dos sentidos, sem a eles anelar e sem deles fugir, esse alcança a Paz. E na Paz que superior a todo o intelecto, ele encontra a sua libertação de todas as aflições e dores da vida. Quando, porém, a sua mente está livre destes elementos de inquietação, fica aberta ao influxo da Sabedoria e da Ciência.

Não podem chegar a verdadeira ciência aqueles que não entraram nessa Paz, pois, sem a Paz e sem a calma não é possível existir Sabedoria, nem felicidade. Onde não há Paz, encontra-se somente a tormenta dos desejos sensuais, que destrói a faculdade do saber, assim como um feroz vento borrascoso (temporal com ventania violenta e de pouca duração) impede o forte navio que caminha pelas ondas do Oceano.

Por isso, ó príncipe , só aquele cujos sentidos são plenamente livres de atração dos objetos sensuais e protegidos pelo saber do Espírito, tem o verdadeiro conhecimento. Aquilo que parece ser claridade de dia à massa do povo, é para ele escuridão e ignorância; e aquilo que é noite para a multidão, ele reconhece como luz meridiana. Isto quer dizer que aquilo que à gente do mundo sensorial parece ser real e verdadeiro, para o sábio é ilusão; e aquilo que a maior parte dos homens julga ser irreal e não existente, o sábio conhece como o único que é Real e existente.

O homem, cujo coração é como o Oceano, a que afluem todos os rios e que, apesar disso, permanece constante e não sai dos seus limites; o homem que sente o ímpeto dos desejos, das paixões e inclinações, mas que, todavia, fica imóvel, esse alcança a Paz (3). Aquele, porém, que se entrega aos desejos, não conhece a Paz, e é escravo dos desejos inquietantes. (3).  Tal estado, em que todos os desejos e todos os pensamentos dormem, mas em que se sente a mais elevada consciência da Divindade, chama-se Samadhi; sendo um termo da língua sânscrito.

Aquele que se separou dos efeitos dos desejos, e abandonou os prazeres da carne, tanto em pensamento como em ação, caminha diretamente para a Paz. Quem deixou atrás de si o orgulho, a vanglória e o egoísmo, caminha diretamente para a Bem Aventurança.

Este é, ó príncipe de Pându, o estado da união com o Ser Real, o estado bem aventurado da Consciência Espiritual. Quem o atingiu, não se deixa embaraçar nem desviar pela ilusão. E quem, havendo-o atingido, nele permanece na hora da morte, entra diretamente em Nirvana (2), em Brama (3), no seio do Pai Eterno.  (2). Essa palavra designa a desaparição de todas as ilusões; é o domínio completo do espírito sobre a matéria. (3). É o Deus Criador". Abraço. Davi.






sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Certas Coisas.

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
Dia e noite, não e sim

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração
Silenciosamente eu te falo com paixão

Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer

A vida é mesmo assim
Dia e noite, não e sim

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração
Silenciosamente eu te falo com paixão

Eu te amo calado
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e som
Tem certas coisas que eu não sei dizer

Compositor brasileiro Lulu Santos (1953-    )

Provérbios VII.

Filho, lembre do que eu digo e nunca esqueça os meus conselhos.

Faça o que eu digo e você viverá. Siga as minhas instruções com o mesmo cuidado com que você protege os olhos.

Guarde sempre os meus ensinamentos bem gravados no coração.

Trate a Sabedoria como sua irmã e o Entendimento, como o seu melhor amigo.

Eles conservarão você longe das mulheres imorais, das mulheres de palavras sedutoras.

Uma vez eu estava olhando pela janela da minha casa, e vi vários rapazes sem experiência; mas notei que um deles era mesmo sem juízo.

Esse rapaz estava andando pela rua, perto da esquina onde morava uma certa mulher. Ele passava por perto da casa dela, ao anoitecer, quando já estava escuro.

E aconteceu que essa mulher foi encontrar-se com ele, vestida como uma prostituta e cheia de malícia.

Ela era espalhafatosa e sem vergonha  e estava  sempre andando pelas ruas. Ficava esperando em alguma esquina, às vezes numa rua, outras vezes na praça.

Ela chegou perto do rapaz, e o abraçou, e beijou. Então, com um olhar atrevido, disse: Paguei hoje os meus votos e a carne dos sacrifícios de gratidão está comigo. 

Por isso, saí procurando você. Eu queria encontrá-lo e você está aqui. Já forrei a minha cama com lençóis de linho colorido do Egito.

Eu a perfumei com mirra, aloés e flor de canela. Venha, vamos amar a noite toda. Passaremos momentos felizes nos braços um do outro.

O meu marido não está em casa; ele foi fazer uma longa viagem. Levou bastante dinheiro e só voltará daqui a alguns dias.

Assim, ela o tentou com os seus encantos e ele caiu na sua conversa. E, num instante lá foi ele com ela, como um boi que vai para o matadouro, como um animal que corre para a armadilha, onde uma flecha atravessará o seu coração.

Era como um pássaro que entra num alçapão, sem saber que a sua vida está em perigo.

Agora, meu filho, escute! Preste atenção no que vou dizer. Não deixe que uma mulher como essa ganhe o seu coração; não ande atrás dela.

Pois ela tem sido a desgraça de muitos homens e tem causado a morte de tantos, que nem dá para contar.

Se você for à casa dessa mulher, estará caminhando para o mundo dos mortos, pelo caminho mais curto. Abraço. Davi.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Paralelas

Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora
Oh! Meu amor!
Só tens agora
Os carinhos do motor...
 
E no escritório
Onde eu trabalho
E fico rico
Quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor...

Em cada luz de mercúrio
Vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos
Nem te lembras de voltar
De voltar, de voltar...

No Corcovado
Quem abre os braços sou eu
Copacabana esta semana
O mar sou eu
E as borboletas do que fui
Pousam demais
Por entre as flores
Do asfalto em que tu vais...

E as Paralelas
Dos pneus n'água das ruas
São duas, estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento
Oitavo andar
Abro a vidraça e grito
Quando o carro passa
Teu infinito
Sou Eu! Sou Eu! Sou Eu!...

No Corcovado
Quem abre os braços sou eu
Copacabana esta semana
O mar sou eu
E as borboletas do que fui
Pousam demais
Por entre as flores
Do asfalto em que tu vais...

Larauê! Lauê! Lauê! Laiá!
Larauê! Lauê! Lauê! Laiá!...

Compositor brasileiro Belchior (1946-    )

Bhagavad Gita. Parte IV

Jnana Yoga. O Conhecimento Espiritual. O homem pode libertar-se da ilusão do Eu Pessoal, e alcançar a união com a Essência Divina, pelo conhecimento interno de si próprio, isto é, pela iluminação interior. Esta força aumenta com a prática, quando se cumpre o dever com abnegação.

"Continuou a falar Krishna: Já na mais remota antiguidade  desta doutrina da União com o Eu Divino a Vivasvat (1). Ele a ensinou a Manu (2), e este a transmitiu a Ikshvaku, o fundador da dinastia Solar.  (1). É o Sol Espiritual ou a Mente Divina no princípio do mundo.  (2). Se deriva da raiz sânscrita man, pensar. Aqui se refere ao Filho do Sol e Pai da Raça atual.

De Ikshvaku passou esta doutrina a outros, e era conhecida pelos Rishis (3); no decorrer dos tempos, entretanto, caiu em esquecimento o sentido espiritual, conservando-se apenas a letra. Tal é a sorte da Verdade entre os homens. A ti, agora, que és meu amigo dedicadíssimo, quero de novo explicar esta doutrina, que é o mais profundo segredo e a mais velha verdade.

Disse Arjuna: Como devo compreender-te, ó Senhor, quando dizes que ensinaste a Vivasvat? Ele vive no princípio do Tempo e tu nasceste há poucos decênios (1).  (1). Compare-se o Evangelho de João 8;57,58 "Disseram-lhe os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Disse Jesus: Em verdade, vos digo que, antes que Abraão fosse feito, eu sou". Impressionantes a argumentação da Escritura Hindu comparativamente ao Evangelho de João, levando em consideração que ela foi escrita pelo menos três mil anos antes dos escritos de João.

Respondeu Krishna, o Verbo Divino: Muitos foram já os meus nascimentos, e muitos também foram os teus, ó Arjuna. Eu Sou consciente deles todos, mas tu não o és. Escuta este mistério. Eu Sou superior a nascimentos; sou inato e eterno, sou o Senhor de todas as criaturas, pois tudo emana de Mim; mas também nasço, gerado por meu próprio Poder. Sempre que o mundo declina em virtude e justiça; sempre que imperam o vício e a injustiça, venho Eu, o Senhor, e apareço no meu mundo em forma visível, nascendo e vivendo como homem entre os homem.

A minha influência e doutrina destroem o mal e a injustiça, e restabelecem a virtude e a justiça. Muitas vezes, já apareci assim, e muitas vezes aparecerei ainda. Quem me reconhece em minha encarnação, quem me conhece em minha Essência, não precisa reencarnar-se mais, ao deixar o seu corpo mortal, e vem morar comigo em meu reino de Bem Aventurança.

Muitos já vieram assim a Mim, tendo-se libertado do medo, ódio, ira e paixão. Quem a Mim se dirige com firmeza e em Mim fixa a sua mente, é purificado pela chama sagrada do Amor e da Sabedoria e, livre da atração dos objetos terrenos, torna-se semelhante a Mim, e entra em minha Vida Espiritual. Eu acolho prazenteiro todos os que me procuram e honram, qualquer que seja o caminho que sigam, porque todos os caminhos, todas as formas religiosas, embora de denominações diferentes, a Mim os conduzem.

Até aqueles que adoram os Devas (2), e lhes pedem recompensa por suas ações, encontram o que procuram, pois no mundo dos homens toda ação produz o seu fruto. Mas Eu Sou o Criador da humanidade inteira, em todas as suas fases e formas. De Mim procedem as quatro castas (3), com as suas qualidades e atividades distintivas. Sabe que Eu Sou o Criador delas, se bem que, em Mim mesmo, sou imutável e sem qualidades.  (2). O mesmo que anjos. (3). São elas os Brâmanes (sábios), os Kshattriyas (guerreiros), os Vaisyas (comerciantes) e os Sudras (operários).

Em minha Essência, sou livre dos efeitos das ações e não tenho desejo nenhum de obter recompensas ou gozar os frutos das minhas obras; pois essas coisas são produzidas por meu Poder e não tem influência sobre Mim. Em verdade, digo-te que quem é capaz de achar a solução desse enigma e me percebe como Eu Sou em minha Essência, fica livre dos efeitos das ações. Os sábios antigos que conheceram esta verdade, praticavam ações sem esperar recompensa, e assim alcançaram a Liberdade. Segue também tu o seu exemplo.

Poderás dizer que, as vezes, até os sábios não podem definir o que é a ação e o que é a inação. Eu o explicarei, e te ensinarei em que consiste a ação que te libertará do mal e te tornará livre. É preciso distinguir estas três coisas; ação (isto é, reta ação), inação (ou abstenção) e má ação. É difícil discernir-se o caminho da ação.

Quem se adiantou de tal maneira, que é capaz de ver ação na inação, e inação na ação, pertence aos sábios de sua raça, e permanece em harmonia enquanto pratica ações. As suas obras são livres dos vínculos de esperança egoístas, e sua atividade é purificada das espumas dos desejos, pela chama da sabedoria. Tal homem merece o nome de Sábio.

Tendo renunciado aos frutos das suas ações, está sempre contente e confia na força divina do seu interior, e assim está em inação, ainda que trabalhe, porque não age para a sua pessoa, mas deixa agir por si a força Divina. Não espera lucro, não receia perda; de nada depende, e conserva os seus sentidos sob o domínio da razão. Assim é senhor do seu sentir e pensar, um rei poderoso no reino interior da alma.

Está contente sempre com tudo o que o dia lhe oferece; não se deixa altera por ventura nem por desventura; é livre da inveja; conserva o ânimo igual e o coração afável, tanto no sucesso como no insucesso; faz sempre o melhor que pode, porém, sem se apegar a obra. Assim, vive puro e imaculado entre os impuros e pecadores.

As obras dos homem que matou em si todo o apego e mantém sua mente firme na Sabedoria, são como inexistentes para ele; tudo ele faz no Espírito Divino, conforme a vontade de Deus, e assim, cada uma de suas ações é um sacrifício no altar do Amor Divino. Deus é amor; Deus é o sacrificador e o sacrifício; Ele é o fogo e o alimento do fogo. Deus em Deus oferece sacrifício a Deus, e assim vem a Deus quem, oferecendo sacrifício, Nele pensa.

Há muitos devotos que invocam os deuses inferiores; outros adoram o Princípio Divino só no fogo do Amor. Outros há que oferecem à Divindade sacrifícios de abnegação, renunciando ao que agrada o ouvido, a vista e os outros sentidos; outros dirigem a Deus preces e hinos pios e elevam ao Altíssimo os corações ardentes.

Muitos depõem no altar do coração os prazeres da vida, alimentando o fogo místico de renunciação, pelo qual se lhes comunica a Luz do conhecimento. Outros renunciam à riqueza e fazem votos de penitência e obediência, ou dedicam-se ao estudo e à procura da verdade, meditando no silêncio. Outros praticam a respiração sagrada, e pondo em harmonia o hálito interior e o exterior, dominam a aspiração e a expiração pelo poder da vontade.

Outros praticam abstinência e jejuns e esforçam-se por sacrificar a vida material, totalmente, à vida espiritual. Todos estes oferecem sacrifícios, ainda que de diferentes modos; e todos obtêm méritos pelo espírito sacrificial das suas observâncias.

Há muita virtude e mérito na moderação e no domínio de si mesmo; e esta é a causa porque os sacrificadores se aproximam de Mim. Sim, aqueles que se alimentam espiritualmente com a parte espiritual do sacrifício que a Deus oferecem, entram em união com Deus. Mas quem nenhum sacrifício oferece, não acha mérito neste mundo nem no outro.

Assim vês que há muitas formas de sacrifício e adoração, ó Arjuna. Se compreenderes isto, chegarás a ser livre de erros. Melhor, porém, do que o sacrifício de objetos e coisas, é  sacrifício oferecido pelo saber. O saber ou conhecimento perfeito em si mesmo é o coroamento de todas as ações. Ao saber perfeito, ao conhecimento da Verdade, chegarás, adorando, servindo e investigando. Os sábios que possuem a sabedoria interior estão prontos a ajudar aqueles que procuram a Verdade.

Quando tiveres adquirido a Sabedoria, serás livre de confusão, dúvidas, má compreensão e erros; pois verás que tudo o que existe no grande Todo, forma uma só vida, e, por conseguinte, é contido em Mim e em ti mesmo. Ainda que tivesses sido o maior pecador dentre os homens, a nave do conhecimento da Verdade te conduzirá sem perigo pelo mar dos pecados. Como a chama reduz a lenha a cinzas e o vento dispersa estas, assim a Verdade converte em cinzas o resultado das más ações que cometeste em ignorância e erro.

Não há, no mundo, outro agente de purificação igual à chama da Verdade Espiritual. Quem a conhece, quem a ela se dedica, será purificado das manchas da personalidade, e achará o seu Eu Real. O conhecimento da Verdade é dado aquele que vive na força da fé, e domina o Eu Pessoal e as impressões dos sentidos. Quem atingiu este conhecimento e esta Sabedoria, entra na Paz Suprema, no Nirvana.

Mas o ignorante e o descrente não podem achar nem o começo do caminho que à Paz conduz. Sem fé não é possível felicidade e paz, nem neste mundo, nem em outros. Livre dos vínculos das ações é o homem que, mediante o Conhecimento Espiritual, cortem os nós que o ligavam aos frutos das ações, e cujas dúvidas e ilusões todas ficaram destruídas pela Luz do Saber.

Levanta-te, pois, em teu poder, o príncipe, empunha  a espada refulgente do conhecimento espiritual e corta todos os vínculos das dúvidas e ilusões que prendem o teu coração e a tua mente. Eleva a Mim a tua alma e executa a Ação que te é determinada". Abraço. Davi.