domingo, 30 de abril de 2023

SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DOS PENSAMENTOS

 

Espiritualidade. www.jardimdosmestres.com.br. Por Fábio Ferreira Balota. SOBRE A IDENTIFICAÇÃO COM PENSAMENTOS. É importante manter a mente limpa. É importante que não deixemos os maus pensamentos penetrarem nossas mentes. Após termos observado a doutrina dos múltiplos Eus, após termos experimentado diretamente, ao menos uma vez, a pluralidade desses Eus dentro de nós. Podemos, enfim, compreender a identificação com os pensamentos, podemos explorar a experiência direta do que vem a ser, na verdade, a identificação com os pensamentos. Compreendendo um Eu, observamos, de forma direta, pensamentos, conceitos, explicações, padrões, experiências e lembranças a ele associados. Da mesma forma, podemos também observar que muito dos pensamentos que passam diariamente por nossa mente não são nossos, mas destes Eus. No entanto, muitas vezes acreditamos no que estamos pensando, e ficamos apaixonados por nós mesmos, apaixonados pelos pensamentos que passam por nossa mente, ou seja, nos identificamos. Diz Samael Aun Weor em “Tratado de Psicologia Revolucionária”: Do centro intelectual surgem diversos pensamentos provenientes não de um Eu permanente como supõem nesciamente os ignorantes ilustrados, mas dos diferentes “Eus” em cada um de nós. Quando um homem está pensando, crê firmemente que ele em si mesmo e por si mesmo está pensando. Sabemos que um Eu magoado, por exemplo, tem suas histórias, suas canções. Cientes disto, o que temos de fazer é procurar compreender por que acreditamos que os pensamentos de mágoa que atormentam nossas ideias são pensamentos nossos, porque nos identificamos com tais pensamentos e nos sentimos magoados com isso. Quando um Eu magoado toma conta de nosso centro intelectual e nós nos identificamos, tendemos a acreditar que este Eu é realmente parte de nós. Enquanto não nos dissociarmos destes Eus, enquanto não tomarmos verdadeira consciência de que existem muitos Eus dentro de nós, continuaremos a nos identificar com esses Eus. E, assim, o sofrimento será inevitável. Por acreditarmos que todos os pensamentos que passam por nossa mente são nossos, vivemos em conflito interno, sofremos a cada vez que somos assaltados por desejos antagônicos. Frustramo-nos quando oscilamos de um estado a outro, da euforia à tristeza. Isto ocorre porque não conseguimos compreender, perceber, que não somos nós. Somos incapazes de reverter tal situação em benefício de nosso autoconhecimento. Projetamos nossos defeitos nos outros, identificamo-nos com pensamentos que passam por nossa mente como relâmpagos ou com os mesmos velhos pensamentos carregados de conceitos e preconceitos, valores, rótulos. E nos comportamos de acordo com tais pensamentos. Enquanto nos deixarmos fascinar por nossos pensamentos, lindos e floridos pensamentos que nutrimos sobre nós mesmos; enquanto estivermos experimentando uma sensação de prazer cada vez maior com eles, inevitavelmente sofreremos diante dos maus pensamentos, nossos e dos outros. O tempo todo precisamos nos relacionar com os demais. Inevitavelmente, em tais relacionamentos nossos defeitos, mais cedo ou mais tarde,  saltam à vista. Porém, mantendo atentos, somos capazes de percebê-los. Os maus conceitos que fazemos dos outros podem nos deixar predispostos à irritação, à violência, à má vontade. Ocorre que, uma vez identificados com tais pensamentos, antes de começarmos a estabelecer o contato com o outro, já nos mostramos irritados com ele. Em nosso pensamento condicionado, o outro já é culpado antes mesmo de começar a falar, antes mesmo de estar em nossa presença. Uma vez Identificados com tais pensamentos, muitas vezes não conseguimos ouvir ou interpretamos mal o que o outro está dizendo. Esses conceitos, esses preconceitos, não passam de projeções mentais. São pensamentos com os quais nos identificamos fortemente. Não questionamos, porém, que talvez alguns dos conceitos que formamos sobre alguém em nossa mente tenham sido passados por uma outra pessoa. Desta forma, se alguém nos diz que o outro é de desta ou daquela forma, mesmo sem conhecermos a pessoa em questão, já nos antecipamos agindo condicionados por projeções mentais que nem são nossas, mas de outrem. Formamos opiniões pré-concebidas como: “Ele é orgulhoso”. “Ele é enrolador”. “Lá vem aquele chato!”. “Vou ter que falar com aquele ignorante!”. “Vamos ver do que ele vai reclamar agora”. “Lá vem pergunta idiota novamente”. “Estou aqui ocupado e lá vem ele de novo me atrapalhar com suas bobagens. “Cuidado com o Fulano, pois ele já fez isso, aquilo e aquele outro”…   Não podemos nos abrir aos nossos maus pensamentos. Mais do que isto, não podemos nos abrir aos maus pensamentos dos outros. Nossos egos vivem criando problemas onde não existe nada além de uma mera situação.  Infelizmente, somos dados a nos identificar com as múltiplas ilações que a cabeça fabrica e metemos os pés pelas mãos, ao invés de enxergarmos os fatos com clareza e isenção. Justamente por esta razão, os planos que fazemos para resolvermos nossas pendências, para abordarmos o outro, e que envolvem pensamentos como: “Vou contar isso para Fulano, mas se ele disser aquilo, vai ver só…”. “Acho que ele vai brigar comigo”. “Ele não vai me fazer perder tempo” etc., geram medo, insegurança, dúvida, incerteza, ansiedade. Deixam-nos predispostos à irritação, ao nervosismo, à violência, à grosseria, à brutalidade. São apenas pensamentos, é verdade. Mas, se nos identificamos com eles, já nos surpreendemos planejando maldades, vinganças, violência, brutalidade, antes mesmo de a situação existir.  Tais planos são parte de alguns de nossos dispositivos de defesa. E alimentar esses planos é uma forma criar problemas. Se agimos desta forma, com planos premeditados, não será possível desfrutarmos de relações serenas e espontâneas. Se agimos desta forma é porque estamos presos ao passado e longe do momento presente, estamos reagindo a situações já vividas. Em síntese, se nos identificamos com os maus pensamentos, acabamos nos irritando sem mesmo sabermos ao certo o motivo de tal irritação, sem consciência dos fatores que geram tal reação. Pois não paramos um momento para nos perguntarmos o porquê da situação e de nossa irritação. Por mais que as pessoas sejam realmente como pensamos, como supomos que são, e nossa opinião sobre ela não é das melhores. Ainda assim, se nos conhecemos bem e se temos em nós o sentimento de compaixão, bondade, paciência, tolerância. Não ficaremos irritados, nervosos, irados, não agiremos de forma violenta, de forma bruta, com grosseria. Como já mencionado anteriormente, quando nos identificamos com nossos pensamentos, nosso comportamento passa a ser condicionado, mecânico. Se formamos um bom conceito a respeito de uma determinada pessoa, consequentemente, vamos ter com ela um bom contato. Um bom relacionamento bom, uma boa interação;  vamos nos dirigir a essa pessoa com educação, atenção e alegria. Ao contrário, se formamos um mau conceito a respeito de alguém, o resultado inevitável será um mau contato, um mau relacionamento, uma má interação. Vamos nos dirigir a essa pessoa de forma grosseira, com irritação, com má vontade. Os conceitos que fazemos de terceiros não passam de ideias, valores, rótulos, são apenas pensamentos. É como se estivéssemos nos relacionando com a fotografia de uma pessoa ou de uma situação, com a imagem mental de uma pessoa ou de uma situação, e não com a pessoa ou a situação em si. Olhar para uma fotografia é sempre olhar para o passado. O ego está preso ao tempo. Se agimos desta maneira, estamos reagindo ao passado. Não estamos agindo efetivamente no presente. Portanto, não será está uma ação adequada, pois nada de real está acontecendo no agora. Precisamos perceber este processo. Ficamos com vergonha por nos identificarmos com o pensamento que de a situação é vergonhosa. Ficamos ofendidos por nos identificarmos com o pensamento de que uma ofensa foi dirigida para nós, por estarmos identificamos com pensamentos, o conceito de que certas palavras, certas formas de expressão, são ofensivas. Ficamos com medo por nos identificarmos com o pensamento de que a situação é temerosa. Deveríamos analisar como seriam as mesmas situações se tais pensamentos não nos habitassem a mente, ou mesmo se, apesar de já terem passado por nossa cabeça, não tivéssemos nos identificado com eles. Deveríamos analisar como seriam as mesmas situações se não tivéssemos em nós apenas o desejo de experimentar sensações boas, rejeitando, repudiando, evitando qualquer possibilidade de virmos a nos submeter a sensações ruins. A identificação com conceitos, padrões, valores, que permeiam nossos pensamentos e ideias, embota a mente. A identificação com pensamento é a própria crença num Eu permanente, o que se contrapõe inteiramente à doutrina Gnóstica e à doutrina Budista. Para começarmos a reduzir gradativamente a identificação com os pensamentos, a prática meditativa de silenciar a mente é a melhor opção. Mas não podemos, de forma alguma, deixar de lado a prática da meditação reflexiva, analítica, e as súplicas à Divindade, ao Cristo Interno, a Mãe Divina, visando à morte dos Eus. www.jardimdosmestres.com.br. Abraço. Davi

 

 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

OS ORIXÁS - OXUMARÉ

 

Religião Afro-brasileira. www.brasilescola.uol.com.br. Por Rainer Sousa. OS ORIXÁS – OXUMARÉ. "A chegada dos escravos africanos ao Brasil foi responsável pela consolidação de uma nova experiência religiosa em nosso território. Contudo, ao contrário do que muitos chegam a imaginar, não podemos supor que esse movimento simplesmente instalou a mesma lógica e as mesmas divindades cultuadas no território africano. Ao mesmo tempo em que alguns deuses ficaram para trás, outros foram criados para compor uma experiência singular. Desse vasto panteão de divindades, os orixás se tornaram os mais conhecidos entre os praticantes e não praticantes das religiões de origem e influência africana. Segundo os ensinamentos do candomblé, todas as pessoas são filhas de orixás. Para que seja possível determinar a quais orixás um indivíduo pertence, ele precisa recorrer aos saberes oferecidos pelo jogo de búzios. O jogo de búzios consiste basicamente no lançamento de dezesseis conchas, também conhecidas como cauris, em uma peneira. O pai de santo é o único capaz de realizar o lançamento das conchas e realizar a correta leitura da posição de cada búzio. Além do jogo, os praticantes do candomblé também associam a pessoa ao seu orixá através das características físicas e psicológicas do praticante. Segundo a crença, cada pessoa recebe a influência de dois orixás principais. O primeiro é conhecido como o “orixá da frente” e o segundo como o “orixá de trás”, “segundo santo” ou “jutó”. Esse casal de divindades promove a proteção de seu seguidor e são reverenciados pelo pai de santo quando, este, toca a testa, para o orixá da frente, e a nuca para o orixá de trás. Além dessas duas divindades, uma pessoa pode incorporar a proteção de outros deuses, completando o número máximo de sete orixás." "No conjunto das religiões afro-brasileiras, os orixás podem assumir diferentes nomenclaturas segundo a crença que o adota. Na umbanda, os orixás não são diretamente incorporados pelas pessoas com aptidões mediúnicas. Geralmente, o orixá envia um representante, o falangeiro, que tem a função de repassar as ordens e orientações do orixá que o domina. Entre os mais conhecidos orixás podemos destacar as figuras de Exu, orixá mensageiro sem o qual nenhuma transformação acontece: Ogum, divindade que está correntemente associada às guerras e à agricultura. Oxossi, reconhecido como irmão de Ogum e associado à caça e proteção. Além disso, podemos destacar Omulu, poderosa divindade responsável pelos poderes de cura e doença. Xangô, senhor dos raios e trovões, Iemanjá, a mãe de todos os orixás. E Oxalá, o grande orixá da criação”.

 

OXUMARÉ. "Em várias culturas, observamos que os mitos e as crenças têm a importante função de fornecer uma explicação aos fenômenos que compõem a realidade do homem. Muitas vezes, as transformações da natureza servem de inspiração para que divindades apareçam com a função de explicar a origem de acontecimentos desprovidos de uma explicação prévia. Nesse sentido, podemos destacar que Oxumarê seja o orixá que melhor representa essa função explicativa das religiões. Segundo o seu mito, Oxumarê era um homem belo e muito bem-vestido que despertava a inveja e a paixão de todos. Apesar de muito notado, ele costumava adotar uma postura muito contida e, por isso, preferia seguir o seu caminho solitariamente. Não se conformando com isso, o orixá Xangô decidiu armar um plano para que pudesse observar e ter as belas vestes e coloridos apetrechos que singularizavam Oxumarê dos demais. Convocando o orixá para uma audiência em seus palácios, Xangô utilizou da força de seus soldados para transformar Oxumarê em prisioneiro. Ao perceber a trama na qual tinha caído, a bela divindade chamou pela ajuda de Olorum. Atendendo a seu pedido, Olorum transformou Oxumarê em uma temível cobra. Dessa forma, além de amedrontar Xangô, ele conseguiu fugir por uma pequena fresta da porta do salão em que estivera detido." "Interpretado para o campo das religiões afro-brasileiras, Oxumarê se transformou em uma divindade ligada à transformação das coisas e à passagem do tempo. Por estar ligado à mudança, este orixá assume formas de natureza feminina e masculina, mas não pode ser cristalizado em nenhuma delas. Além disso, todas as manifestações duais que permeiam a vida, como o dia e a noite, o bem e o mal ou a vida e a morte também se vinculam à sua compreensão. Por assumir naturezas distintas e cambiáveis, é bastante complicado apontar quais os devotos se aproximariam do arquétipo exposto por tal orixá. Na interpretação de alguns, por conta da beleza e das roupas, os filhos de Oxumarê seriam pessoas que cultuam o desejo de enriquecer. Sob outra perspectiva, os filhos de Oxumarê são identificados entre as pessoas que são bastante reservadas e gostam de transformar toda sua vida de tempos em tempos." www.brasilescola.uol.com.br. Abraço. Davi

 

Questionário – ORIXÁ

1.A que é atribuído a chegada dos escravos africanos ao Brasil?  A responsabilização pela consolidação de uma nova experiência religiosa em nosso território. 2.O que não podemos supor quanto a esse deslocamento de povos? Que essa “emigração” simplesmente instalou a mesma lógica e as mesmas divindades cultuadas no território africano. 3.O que realmente aconteceu nessa transposição? Ao mesmo tempo em que alguns deuses ficaram para trás, outros foram criados para compor uma experiência singular. 4.Desse vasto panteão de divindades quais são os mais conhecidos? Os Orixás. 5.Quais são as principais religiões de origem e influência africana dentre as quais os orixás são conhecidos? A Umbanda e o Candomblé. 6.O que diz o candomblé quanto a influência dos orixás? Todas as pessoas são filhas de orixás. 7.Como é possível determinar a qual Orixá um indivíduo pertence? Ele precisa recorrer aos saberes oferecidos pelo jogo de búzios. 8.Em que consiste o jogo de búzios? Basicamente no lançamento de dezesseis conchas, também como cauris, em uma peneira. 9.Quem é o único capaz de arremessar as conchas e determinar a correta leitura da posição de cada búzio. O Pai de Santo. 10.Que outro aspecto determina o Orixá do indivíduo? No candomblé também associam as características físicas e psicológicas do praticante. 11.O que diz mais a crença nesse sentido? Cada pessoa recebe a influência de dois Orixás. 12.Como é conhecido o primeiro Orixá? O de frente. 13.E o segundo Orixá? O de trás. 14.Além destas duas divindades o que ocorre também? Uma pessoa pode incorporar a proteção de outros deuses, completando o número máximo de sete Orixás. 15.O que podem assumir os Orixás no conjunto das religiões Afro-brasileiras? Diferentes nomenclaturas segundo a crença que o adota. 16.Como ocorre o amálgama dos Orixás na Umbanda? São diretamente incorporados pelas pessoas com aptidões mediúnicas. 17.O que geralmente sobrevêm quanto a este aspecto? O Orixá envia um representante, chamado de falangeiro, que tem a função de repassar as ordens e orientações do Orixá que o domina. 18.Qual função básica da figura de Exu? Orixá mensageiro sem o qual nenhuma transformação acontece. 19.A divindade Ogum está associada a quê? Está ligada a guerra e a agricultura. 20.Reconhecido como irmão de Ogum, Oxóssi têm qual função? A caça e proteção. 21.Qual a divindade responsável pelos poderes de cura e doença? Omolu. 22.Quem é o senhor dos raios e trovões? Xangó. 23.A mãe de todos os Orixás, qual seu nome? Iemenjá. 24.O grande Orixá da criação é? Oxalá.

 

 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

NÃO DÁ PARA ACREDITAR: SOU FELIZ!

 

Espiritualidade. www.oshobrasil.com.br. Texto de Osho (1931-1990). NÃO DÁ PARA ACREDITAR: SOU FELIZ! "Meu médico insistiu para que eu viesse vê-lo”, disse o paciente ao psiquiatra. “Não sei o porquê – pois eu sou feliz no casamento, tenho segurança no meu trabalho, muitos amigos, nenhum problema (...) disse o psiquiatra, procurando por seu caderno de anotações, “e há quanto tempo você vem se sentindo assim? " Felicidade não é algo fácil de se acreditar. Parece que o homem não pode ser feliz. Se você falar sobre sua tristeza, depressão e miséria, todo mundo irá acreditar. Isso parece ser natural. Mas se você falar sobre a sua felicidade, ninguém acreditará em você – isso parece ser não natural. Sigmund Freud (1856-1939), depois de quarenta anos de pesquisas a respeito da mente humana, trabalhando com milhares de pessoas, observando milhares de distúrbios mentais, chegou à conclusão de que a felicidade é uma ficção: o homem não pode ser feliz. No máximo, nós podemos fazer coisas um pouco mais confortáveis, e isso é tudo. No máximo, nós podemos tornar a infelicidade um pouco menor, e isso é tudo. Mas, feliz, o homem não pode ser. Isso parece ser muito pessimista, mas se olharmos para o homem moderno, veremos que é exatamente assim; parece que isso é um fato. Budha diz que o homem pode ser feliz, tremendamente feliz. Krishna canta canções sobre a felicidade suprema – satchitanand. Jesus fala a respeito do Reino de Deus. Mas como você pode acreditar em tão poucas pessoas, as quais podemos contar nos dedos, contra toda a massa, milhões e milhões de pessoas ao longo dos séculos, que permanecem infelizes, caminhando mais e mais em direção à infelicidade. Toda a vida dessas pessoas é uma história de miséria e nada mais. E depois vem a morte! Como acreditar naquelas poucas pessoas? Ou elas estão mentindo, ou elas estão enganadas. Ou elas estão mentindo por algum motivo, ou elas são meio malucas, enganadas pelas próprias ilusões. Elas devem estar vivendo para satisfazer um desejo. Elas queriam ser felizes e começaram a acreditar que elas eram felizes. Mais do que um fato, isso parece uma crença, uma crença desesperada, Mas como aconteceu dessas poucas pessoas se tornarem felizes? Se você deixar o homem de lado, se você não prestar muita atenção ao homem, então Budha, Krishna, Cristo irão parecer que são mais verdadeiros. Se você olhar para as árvores, se você olhar para os pássaros, se você olhar para as estrelas, então verá que tudo está vibrando em tremenda felicidade. Parece que a felicidade é a matéria-prima com a qual a existência é feita. E somente o homem é infeliz. No fundo, alguma coisa está errada. Budha não está enganado, nem está mentindo. E eu digo isso a você, não com base na autoridade da tradição; eu digo isso a você com base na minha própria autoridade. O homem pode ser feliz, mais feliz que os pássaros, mais feliz que as árvores, mais feliz que as estrelas, porque o homem tem algo que nenhuma árvore, nenhum pássaro, nenhuma estrela têm. O homem tem consciência.  Mas quando você tem consciência, então duas alternativas são possíveis: ou você pode tornar-se infeliz, ou você pode tornar-se feliz. A escolha é sua. As árvores simplesmente estão felizes porque elas não podem ser infelizes. A felicidade delas não é liberdade; elas têm que ser felizes.  Elas não sabem como ser infelizes, não existe outra alternativa. Esses pássaros gorjeando nas árvores, eles são felizes. Não porque eles tenham escolhido ser felizes; eles simplesmente são felizes porque eles não conhecem outra maneira de ser. A felicidade deles é inconsciente. Ela é simplesmente natural. O homem pode ser tremendamente feliz, e tremendamente infeliz. Ele é livre para escolher. Essa liberdade é um risco. Essa liberdade é muito perigosa, porque você se torna responsável. E algo aconteceu com essa liberdade. Alguma coisa está errada. O homem está, de uma certa maneira, de cabeça para baixo. Você veio até a mim, procurando por meditação. A meditação é necessária somente porque você não escolheu ser feliz. Se você tivesse escolhido ser feliz, não haveria nenhuma necessidade de meditação. A meditação é medicinal: se você está doente, então o medicamento é necessário. Os Budhas não precisam de meditação. Uma vez que você começou a escolher a felicidade, uma vez que você decidiu que você tem que ser feliz, então nenhuma meditação é necessária. A meditação começará a acontecer naturalmente, por ela mesma. A meditação é uma função do estar feliz. A meditação segue o homem feliz como uma sombra: em qualquer lugar que ele for, qualquer coisa que ele estiver fazendo, ele estará meditativo. Ele estará intensamente centrado. A palavra “meditação” e a palavra “medicação” têm a mesma raiz; e isso é muito significativo. A meditação também é medicinal. Você não carrega vidros de remédios nem receitas médicas se você estiver com saúde. Naturalmente, quando você não está com saúde, você tem que ir ao médico. Ir ao médico não é uma grande coisa para ficar fazendo alarde. A pessoa deve se sentir feliz se o médico não for necessário. Existem muitas religiões, porque existem muitas pessoas infelizes. Uma pessoa feliz não precisa de religião. Uma pessoa feliz não precisa de templo, nem de igreja, porque para uma pessoa feliz, todo o universo é um tempo, toda a existência é uma igreja. Uma pessoa feliz não tem nada parecido com uma atividade religiosa, porque toda a sua vida já é religiosa. Qualquer coisa que você fizer com felicidade será uma prece; seu trabalho se tornará um culto, a sua própria respiração terá um esplendor, uma graça. Não que você repita constantemente o nome de Deus – somente as pessoas tolas fazem isso – porque Deus não tem nome algum, e por repetir algum suposto nome você simplesmente tornará estúpida a sua mente. Por repetir o Seu nome você não irá a lugar algum. Um homem feliz simplesmente vê Deus em todo lugar. E você precisa de olhos felizes para ver Deus. Se você quer ser feliz, então comece a fazer escolhas naturais. Há muitas ocasiões em que você terá que ser desobediente – seja!  Haverá muitas ocasiões em que você terá que ser rebelde – seja!  Não há nenhum desrespeito implícito nisso. Seja respeitoso com seus pais. Mas lembre-se de que a sua mais profunda responsabilidade é com o seu próprio ser. Todo mundo está sendo empurrado e manipulado. Ninguém sabe qual é o seu destino. O que você realmente sempre quis fazer, foi deixado de lado. E como você pode ser feliz? Alguém que poderia ter sido um poeta, tornou-se simplesmente um emprestador de dinheiro. Alguém que poderia ter sido um pintor, tornou-se um médico. Alguém que poderia ter sido um médico, um belo médico, é agora um homem de negócios. Todo mundo está fora do lugar. Todo mundo está fazendo alguma coisa que nunca quis fazer; daí a infelicidade. A felicidade acontece quando a sua vida se encaixa com o que você é, quando se encaixa tão harmoniosamente que qualquer coisa que você fizer será pura alegria. Então, de repente, você descobrirá que a meditação segue você. Se você ama o trabalho que está fazendo, se você ama a maneira como está vivendo, então você está meditativo. Então nada irá desviar você. Quando você se desvia de certas coisas, isso simplesmente demonstra que você não está realmente interessado naquelas coisas. Nós temos nos desviado por motivos não naturais: dinheiro, prestígio, poder. Ouvir o pássaro cantar não vai lhe dar dinheiro. Ouvir o pássaro cantar não vai lhe dar poder e prestígio. Observar uma borboleta não irá ajudá-lo economicamente, politicamente, socialmente. Essas coisas não lhe trarão remuneração, mas essas coisas irão fazê-lo feliz. Uma pessoa verdadeira tem coragem de se voltar para as coisas que a fazem feliz. Se com isso ela permanecer pobre, ela permanecerá pobre; ela não reclamará disso, ela não guardará nenhum rancor. Ela dirá: “Eu escolhi o meu caminho, eu escolhi o cantar dos pássaros e as borboletas e as flores. Eu posso não ser rico, tudo bem, mas eu sou rico porque eu sou feliz”. Esse tipo de homem não necessita de qualquer método para se centrar, por que não é preciso, ele está centrado. Seu centramento está por toda a sua vida. Vinte e quatro horas por dia ele está centrado. Em qualquer lugar que você vê dinheiro, você já não é mais você mesmo. Em qualquer lugar que você vê poder e prestígio, você já não é mais você mesmo. Em qualquer lugar que você vê respeitabilidade, você já não é mais você mesmo. Imediatamente você esquece tudo – você esquece os valores intrínsecos de sua vida, a sua felicidade, a sua alegria, o seu deleite. Você sempre escolhe algo do lado de fora, e você barganha com algo do lado de dentro. Você perde o interior e ganha o lado de fora. Mas o que você vai fazer com isso? Mesmo se você tiver todo o mundo aos seus pés, mas se você tiver perdido a si mesmo; mesmo se você tiver conquistado todas as riquezas do mundo, mas se você tiver perdido seu próprio tesouro interior, o que você fará com tudo aquilo? Essa é a miséria. Se você puder aprender uma coisa comigo, então que essa coisa seja: esteja alerta, consciente a respeito de seus próprios motivos mais internos, a respeito de seu próprio destino mais interno. Nunca perca você mesmo de vista, de outra maneira você será infeliz. E quando você estiver infeliz, as pessoas irão dizer: “medite e você se tornará feliz!” Elas dirão: “Esteja centrado e você se tornará feliz; ore e você se tornará feliz; vá ao templo, seja religioso, seja um cristão ou um hindu, e você será feliz”. Tudo isso é tolice. Seja feliz! e a meditação virá em seguida. Seja feliz, e a religião virá em seguida. Felicidade é a condição básica. As pessoas se tornam religiosas somente quando elas estão infelizes; então a religião delas é falsa. Tente entender porque você está infeliz. Muitas pessoas vêm a mim e dizem que elas são infelizes, e elas querem que eu lhes dê alguma meditação. Eu digo: primeiro, a coisa básica é compreender por que vocês estão infelizes. E se vocês não removerem todas as causas básicas de sua infelicidade, eu posso lhes dar uma meditação, mas isso não vai ser de grande ajuda, porque as causas básicas permanecem aí. Um certo homem poderia ter sido um grande e belo dançarino, mas ele está sentado num escritório arquivando fichas. Sem qualquer possibilidade para a dança. O homem poderia ter curtido dançar sob as estrelas, mas ele segue simplesmente acumulando contas bancárias. E ele diz que está infeliz: “me dê alguma meditação”. Eu posso dar a ele, mas o que essa meditação irá fazer? O que se espera que ela possa fazer? Ele vai permanecer o mesmo homem: acumulando dinheiro e sendo competitivo no mercado. A meditação poderá ajudar da seguinte maneira: poderá fazer com que ele fique um pouco mais relaxado para seguir fazendo essas tolices, e de uma maneira ainda melhor. Então, o meu chamado é somente para aqueles que são realmente ousados, aqueles que desafiam o demônio, aqueles que estão prontos para mudar os seus próprios padrões de vida, aqueles que estão prontos para apostar tudo – porque na verdade você nada tem para apostar: somente a sua infelicidade, a sua miséria. Mas as pessoas se agarram até mesmo a isso. O que mais você tem para apostar? Só a miséria. E o único prazer que você tem é falar a respeito dela. Observe as pessoas falando a respeito de suas misérias: quão felizes elas se tornam! Elas pagam por isso: elas vão aos psicanalistas para falar a respeito de suas misérias – e elas pagam por isso! Alguém as escutas atentamente, e elas se sentem felizes. As pessoas seguem falando a respeito de suas misérias, repetidamente. Elas até mesmo exageram, elas enfeitam, elas fazem com que as suas misérias pareçam ainda maiores. Elas fazem com que elas pareçam maiores do que a duração de suas vidas. Por quê? Você nada tem para apostar. Mas as pessoas se apegam ao conhecido, ao que é familiar. A miséria é tudo o que elas têm conhecido; isso tem sido a vida delas. Nada têm a perder, mas com tanto medo de perder (...). Comigo, a felicidade vem primeiro, a alegria vem primeiro. A atitude de celebração vem primeiro. Uma filosofia afirmativa de vida vem primeiro. Curta! E se você não puder curtir o seu trabalho, mude. Não espere! Porque todo o tempo que você está esperando, você está esperando por Godot (personagem do irlandês Samuel Beckett (1906-1989) nunca deu as caras para dizer quem era – eu a que veio ou aonde iria – sua verdadeira identidade permanece um mistério. E Godot nunca vem. A pessoa simplesmente espera, e desperdiça sua própria vida. Por quem e por que você está esperando? Se você puder ver o ponto, que você está miserável dentro de um certo padrão de vida, e que todas as velhas tradições dizem: Você está errado. Eu gostaria de dizer que o padrão é que está errado. Tente entender a diferença na ênfase: Você não está errado! É só o seu padrão, a maneira de viver que você aprendeu é que está errado. As motivações que você aprendeu e aceitou como suas, não são suas. Elas não irão realizar o seu destino. Elas vão contra a sua essência, elas vão contra o que lhe é elementar. Lembre-se disso: ninguém mais pode decidir por você. Todos os mandamentos deles, todas as ordens deles, todas as moralidades deles, são simplesmente para matar você. Você tem que decidir ser você mesmo. Você tem que tomar sua vida em suas próprias mãos. De outra maneira a vida vai seguir batendo em sua porta e você nunca estará lá; você estará sempre em algum outro lugar. Se você tinha que ser um dançarino, a vida virá por aquela porta, porque ela pensa que você é um dançarino. Ela bate na porta, mas você não está lá; você é um bancário. E como a vida vai saber que você se tornou um bancário? Deus vem a você da maneira que ele quer você seja; ele conhece apenas aquele endereço. Mas você nunca é encontrado lá, você está sempre em algum outro lugar, escondendo-se atrás da máscara de alguém que não é você, com os trajes de alguém que não é você e usando o nome de alguém que não é você. Como você espera que Deus possa encontrá-lo? Ele segue procurando por você. Ele sabe o seu nome, mas você abandonou aquele nome. Ele conhece o seu endereço, mas você nunca morou lá. Você permitiu que o mundo desviasse você. Por que na cabeça de todo mundo surge essa ideia de que a meditação traz felicidade? De fato, sempre que eles encontram uma pessoa feliz, eles encontram uma mente meditativa, essas duas coisas estão associadas. Sempre que eles encontram uma bela atmosfera meditativa circundando um homem, eles sempre descobrem que ele estava tremendamente feliz; vibrante com a alegria, radiante. Essas coisas se tornaram associadas. E eles pensam que a felicidade vem quando você está meditativo. E é exatamente o oposto: a meditação é que vem quando você está feliz. Mas ser feliz é difícil e aprender a meditar é fácil. Ser feliz significa uma drástica mudança em sua maneira de viver, uma mudança abrupta, porque não há nenhum tempo a perder. Uma mudança súbita, um repentino estrondo de trovão (a sudden clash of thunder), uma descontinuidade. Isso é o que eu entendo por sânias: uma descontinuidade com o passado. Um repentino estrondo de trovão, e você morre para o velho e então, revigorado, você recomeça do bê-á-bá. Você nasce de novo. Você começa de novo a sua vida, como você começaria se os padrões não tivessem sido impostos a você pelos seus pais, pela sociedade, pelo Estado; como se ninguém tivesse desviado você. Mas você foi desviado. Você tem que deixar de lado todos os padrões que foram impostos a você, e você tem que encontrar a sua própria chama interior. Não se preocupe muito com o dinheiro, porque ele é o maior desvio da felicidade. E a ironia das ironias é que as pessoas pensam que elas serão felizes quando elas tiverem dinheiro. Dinheiro nada tem a ver com felicidade. Se você é feliz e você tem dinheiro, você pode usá-lo para a felicidade. Se você é infeliz e tem dinheiro, você usará aquele dinheiro para mais infelicidades. Porque o dinheiro é simplesmente uma força neutra. Eu não sou contra o dinheiro, lembre-se. Não me interprete mal. Eu não sou contra o dinheiro, eu não sou contra nada. Dinheiro é um meio. Se você for feliz e você tiver dinheiro, você se tornará mais feliz. Se você for infeliz e tiver dinheiro, você se tornará mais infeliz, por que o que você fará com o seu dinheiro? O dinheiro vai realçar o seu padrão, seja qual ele for. Se você for miserável e tiver poder, o que você fará com o seu poder? Você irá envenenar a si próprio ainda mais com o seu poder, você se tornará mais miserável.  Mas as pessoas seguem atrás do dinheiro como se o dinheiro fosse trazer felicidade. As pessoas seguem procurando por respeitabilidade como se respeitabilidade fosse lhe dar felicidade. As pessoas estão prontas a qualquer momento, para mudar os seus padrões, para mudar os seus caminhos, desde que haja mais dinheiro disponível em algum outro lugar. Uma vez que o dinheiro esteja ali, então de repente você não é mais você mesmo, você está pronto para mudar. Esse é o caminho do homem mundano. Eu não digo que pessoas mundanas são aquelas que têm dinheiro. Eu chamo de pessoas mundanas aquelas que mudam os seus motivos por causa do dinheiro. Eu não digo que as pessoas que não tem dinheiro não sejam mundanas. Elas podem ser simplesmente pobres. Eu digo que as pessoas não são mundanas quando elas não mudam seus motivos por causa de dinheiro. Só por ser pobre não equivale a ser espiritual. E só por ser rico não é equivalente a ser um materialista. O padrão materialista de vida é aquele em que o dinheiro predomina acima de tudo. A vida não materialista é aquela em que o dinheiro é simplesmente um meio; a felicidade predomina, a alegria predomina, a sua própria individualidade predomina. Você sabe quem você é, e para onde está indo, e você não está se desviando. Então, de repente, você vê que a sua vida adquiriu uma qualidade meditativa. Mas em algum ponto do caminho, todo mundo se perdeu. Você foi educado por pessoas que não se realizaram. Você foi educado por pessoas que não tinham saúde. Você pode sentir pena delas. Eu não estou lhe dizendo para ser contra elas. Eu não as estou condenando, lembre-se. Simplesmente sinta compaixão por elas. Os pais, os professores do colégio e da universidade, os chamados líderes da sociedade, eles foram pessoas infelizes. Eles criaram um padrão infeliz em você. E você ainda não assumiu a sua própria vida. Eles viveram segundo uma interpretação errada, e essa foi a miséria deles. E você também está vivendo segundo uma interpretação errada. A meditação ocorre naturalmente a uma pessoa feliz. A meditação ocorre naturalmente a uma pessoa alegre. A meditação é muito simples para uma pessoa que pode celebrar, que pode curtir a vida. Mas você tem tentado isso de uma outra maneira, e assim não é possível. www.oshobrasil.com.br. Abraço. Davi.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

OS ANALECTOS - LIVRO VII

 

Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO VII. 1. O Mestre disse: “Eu transmito, mas não inovo; sou verdadeiro no que digo e devotado à Antiguidade. Arrisco me comparar ao nosso Velho P’eng”. [75] 2. O Mestre disse: “Silenciosamente depositar conhecimento na minha mente, aprender sem perder a curiosidade, ensinar sem cansar: isso não me apresenta dificuldade alguma”. 3. O Mestre disse: “Estas são as coisas que me causam preocupação: não conseguir cultivar a virtude, não conseguir ir mais fundo naquilo que aprendi, incapacidade de, quando me é dito o que é certo, tomar uma atitude e incapacidade de me reformar quando apresento defeitos”. 4. Durante seus momentos de lazer, o Mestre permanecia altivo, embora relaxado. 5. O Mestre disse: “Como caí montanha abaixo! Faz tanto tempo desde que sonhei com o duque de Chou”. 6. O Mestre disse: “Aplico meu coração no caminho, baseio-me na virtude, confio na benevolência para apoio e encontro entretenimento nas artes”. 7. O Mestre disse: “Nunca neguei instrução para ninguém que, por vontade própria, tenha me dado um pacote de carne seca de presente”. 8. O Mestre disse: “Nunca explico nada para alguém que não esqueça do mundo ao tentar entender um problema ou que não entre em um frenesi ao tentar se expressar por palavras. “Se mostro um dos cantos de um quadrado para alguém e essa pessoa não consegue encontrar os outros três, não mostro uma segunda vez.” 9. Ao fazer uma refeição na presença de alguém que estivesse de luto, o Mestre nunca comia toda sua porção. 10. O Mestre nunca cantava se, naquele dia, tivesse chorado. 11. O Mestre disse para Yen Yüan: “Apenas você e eu temos a habilidade de aparecer quando requisitados e de desaparecer quando deixados de lado”. Tzu-lu disse: “Se você estivesse liderando os Três Exércitos, quem levaria consigo?”. O Mestre disse: “Eu não levaria comigo ninguém que tentasse lutar com um tigre usando apenas as próprias mãos ou cruzar o rio [76] a nado e morrer na tentativa sem mostrar arrependimento. Se eu levasse alguém, teria que ser um homem que, ao se defrontar com uma missão, tivesse medo do fracasso e que, ao mesmo tempo que gostasse de fazer planos, fosse capaz de executá-los com sucesso”. 12. O Mestre disse: “Se a riqueza fosse um objetivo decente, eu, para obtê-la, estaria disposto até mesmo a trabalhar como zelador do lado de fora do mercado, com um chicote na mão. Se não é, devo seguir minhas próprias preferências”. 13. Jejum, guerra e doença eram coisas que o Mestre tratava com cuidado. 14. O Mestre ouviu o shao [77] em Ch’i e por três meses não sentiu o gosto das refeições que comia. Ele disse: “Jamais sonhei que as alegrias da música pudessem chegar a tais alturas”. 15. Jan Yu disse: “O Mestre está do lado do senhor de Wei?”. [78] Tzu-kung disse: “Bem, vou perguntar a ele”. Ele entrou e disse: “Que tipo de homens eram Po Yi e Shu Ch’i?”. “Eram excelentes anciãos.” “Tinham alguma queixa?” “Procuravam a benevolência e a encontraram. Então, por que teriam qualquer queixa?” Quando Tzu-kung saiu, ele disse: “O Mestre não está do lado dele”. 16. O Mestre disse: “Ao comer arroz comum e ao beber água, ao utilizar o próprio cotovelo como apoio, a alegria será encontrada. Riqueza e status conquistados por meios imorais têm tanto a ver comigo quanto as nuvens que passam”. 17. O Mestre disse: “Concedam-me mais alguns anos para que eu possa estudar até os cinquenta, e então estarei livre de maiores erros”. 18. As coisas para as quais o Mestre usava a pronúncia correta: as Odes, o Livro da História e a realização das cerimônias rituais. Em todos esses casos ele usava a pronúncia correta. 19. O governador do She perguntou a Tzu-lu sobre Confúcio. Tzu-lu não respondeu. O Mestre disse: “Por que você não falou simplesmente o seguinte: ele é o tipo de homem que esquece de comer quando está distraído com um problema, que é tão alegre que esquece suas preocupações e que não percebe a aproximação da velhice?”. 20. O Mestre disse: “Não nasci com conhecimento, mas, por gostar do que é antigo, apressei-me em buscá-lo”. 21. Os assuntos sobre os quais o Mestre não discorria eram milagres, violência, desordem e espíritos. 22. O Mestre disse: “Sou fadado a, mesmo enquanto caminho na companhia de dois homens quaisquer, aprender com eles. Imito as qualidades de um; os defeitos do outro, corrijo-os em mim mesmo”. 23. O Mestre disse: “O Céu é o autor da virtude que há em mim. O que pode Huan T’ui fazer comigo?”. [79] 24. O Mestre disse: “Meus amigos, acham que sou misterioso? Não há nada que eu esconda de vocês. Não há nada que eu não compartilhe com vocês, meus amigos. Eis como sou”. 25. O Mestre ensina quatro matérias: cultura, conduta moral, fazer o melhor possível e ser coerente com aquilo que se diz. 26. O Mestre disse: “Não tenho qualquer esperança de encontrar um sábio. Ficaria contente se encontrasse um cavalheiro”. O Mestre disse: “Não tenho qualquer esperança de encontrar um homem bom. Eu ficaria contente se encontrasse alguém constante. [80] É difícil considerar constante um homem que diz ter quando lhe falta, que diz estar cheio quando está vazio e estar confortável quando está em circunstâncias difíceis”. 27. O Mestre usava uma linha de pesca, mas não uma rede; ele sabia usar o arco, mas não atirava em pássaros que cantassem. 28. O Mestre disse: “Existem, presumivelmente, homens que inovam sem possuir conhecimento, mas essa é uma falha que não tenho. Faço amplo uso de meus ouvidos e sigo o que é bom daquilo que ouvi; faço amplo uso dos meus olhos e retenho na minha mente o que vi. [81] Isso constitui o melhor substituto para o conhecimento inato”. [82] 29. Era difícil ensinar algo ao povo de Hu Hsiang. Um menino foi recebido pelo Mestre, e os discípulos ficaram perplexos. O Mestre disse: “Aprovação à vinda dele não significa aprovação quando ele não está aqui. Por que deveríamos ser tão preciosistas? Quando um homem vem a nós após ter se purificado, aprovamos sua purificação, mas não podemos chancelar seu passado”. [83] 30. O Mestre disse: “A benevolência é realmente algo tão distante? Tão logo a desejo e ela está aqui”. 31. Ch’en Ssu-pai perguntou se o duque Chao era versado nos ritos. Confúcio disse: “Sim”. Depois de Confúcio ir embora, Ch’en Ssu-pai, curvando-se para Wu-ma Ch’i, convidou este para se aproximar e disse: “Ouvi dizer que um cavalheiro não demonstra parcialidade. E mesmo assim o seu Mestre é parcial? O senhor tomou como esposa uma filha de Wu, que é do mesmo clã que ele [84] , mas ele permite que ela seja chamada Wu Meng Tzu [85] . Se esse senhor é versado nos ritos, quem não é?”. Quando Wu-ma Ch’i relatou-lhe isso, o Mestre disse: “Sou um homem de sorte. Sempre que cometo um erro, as outras pessoas percebem”. [86] 32. Quando o Mestre estava cantando na companhia de outros homens e gostava da música de um companheiro, ele sempre pedia para ouvi-la mais uma vez antes de tomar parte no coro. 33. O Mestre disse: “Quanto a fazer esforços irrestritos, sou igual aos outros homens, mas quanto a viver de acordo com os preceitos de um cavalheiro, não obtive, ainda, sucesso algum”. 34. O Mestre disse: “Como posso me considerar um sábio ou um homem benevolente? Talvez possa ser dito sobre mim que aprendo sem esmorecer e que ensino sem me cansar”. [87] Jung-hsi Hua disse: “Isso é, precisamente, aquilo que nós, discípulos, somos incapazes de aprender com o seu exemplo”. 35. O Mestre estava gravemente doente. Tzu-lu pediu permissão para fazer uma oração. O Mestre disse: “Isso foi feito alguma vez?”. Tzu-lu disse: “Sim, foi. A oração foi a seguinte: rogo aos espíritos do mundo inferior e do mundo superior”. O Mestre disse: “Nesse caso, há tempos venho oferecendo minhas orações”. 36. O Mestre disse: “Extravagância significa ostentação; frugalidade significa desalinho. Eu preferiria ser um maltrapilho a um ostentador”. 37. O Mestre disse: “O cavalheiro tem a mente tranquila, enquanto o homem vulgar está sempre tomado de ansiedade”. 38. O Mestre é cordial embora severo, inspira autoridade sem ser bravo e é respeitoso ao mesmo tempo em que é tranquilo. www.https//rt.br. Abraço. Davi

sexta-feira, 21 de abril de 2023

CONSELHOS DO CORAÇÃO DE ATISHA

 

Espiritualidade. www.jardimdosmestres.com.br. CONSELHOS DO CORAÇÃO DE ATISHA. Quando chegou ao Tibete, o Venerável Atisha foi para Ngari, onde permaneceu por dois anos e deu muitos ensinamentos aos discípulos de Jang Chub Ö. Passados dois anos, Atisha decidiu voltar para a Índia, e Jangchub Ö solicitou-lhe um último ensinamento. Atisha respondeu que havia dado todos os conselhos de que necessitavam, mas diante da insistência de Jang Chub Ö, concordou em dar-lhes os seguintes conselhos: Que maravilhoso! Amigos, vocês têm grande conhecimento e claro entendimento, enquanto eu não sou importante e tenho pouca sabedoria. Assim, não é apropriado que me peçam conselhos. No entanto, uma vez que vocês, meus queridos amigos a quem tanto prezo, estão pedindo, darei esses conselhos essenciais vindos de minha mente infantil e inferior: Amigos, até que atinjam a iluminação, o mestre espiritual é indispensável; logo, confiem no sagrado Guia Espiritual. Até que realizem a verdade última, ouvir é indispensável; logo, ouçam as instruções do Guia Espiritual. Já que não podem se tornar um Buda pelo mero entendimento intelectual do Darma, pratiquem intensamente com discernimento. Evitem lugares que perturbem sua mente e permaneçam sempre naqueles onde suas virtudes aumentem. Até que tenham atingido realizações estáveis, as diversões mundanas são prejudiciais; logo, permaneçam onde não haja tais distrações. Evitem os amigos que causam o aumento das desilusões e confiem naqueles que aumentam suas virtudes. Guardem esse conselho no coração. Já que as atividades mundanas nunca têm fim, restrinjam suas atividades. Dediquem suas virtudes, dia e noite, e sempre vigiem a mente. Por terem recebido conselhos, quando não estiverem meditando, pratiquem sempre de acordo com as palavras do seu Guia Espiritual. Se praticarem com grande devoção, os resultados surgirão imediatamente, sem que seja preciso esperar muito tempo. Se praticarem com sinceridade de acordo com o Darma, alimentos e recursos chegarão naturalmente em suas mãos. Amigos, as coisas que desejam trazem tanta satisfação quanto beber água do mar; logo, pratiquem o contentamento. Evitem todas as mentes desdenhosas, vaidosas, orgulhosas e arrogantes e permaneçam tranquilos e mansos. Evitem as atividades que, embora consideradas meritórias, de fato, são obstáculos ao Darma. Lucro e respeito são armadilhas dos maras; afastem-nos como se fossem pedras no caminho. Fama e palavras de elogio servem apenas para nos seduzir; logo, soprem-nas para longe como se assoassem o nariz. Já que a felicidade, o prazer e os amigos que reuniram nesta vida só duram um instante, coloquem-nos todos em segundo plano. Já que as vidas futuras duram muito tempo, reúnam riquezas para abastecer o futuro. Já que terão que partir deixando tudo para trás, não se apeguem à coisa alguma. Gerem compaixão pelos seres inferiores e, especialmente, evitem desprezá-los e humilhá-los. Não sintam ódio por inimigos nem apego por amigos. Não tenham inveja das boas qualidades alheias, mas, por admiração, adotem-nas pessoalmente. Não procurem falhas nos outros, procurem-nas em si mesmos e purguem-nas como se fossem sangue ruim. Não contemplem suas boas qualidades, contemplem as boas qualidades dos outros e respeitem todos eles como um servo o fariam. Vejam todos os seres vivos como pais e mães e amem-nos como um filho o faria. Mantenham sempre uma expressão sorridente e uma mente amorosa e falem sinceramente, sem maldade. Se falarem muito, dizendo coisas sem sentido, vão se equivocar; logo, falem com moderação e só quando necessário. Caso se envolvam em muitos afazeres sem sentido, suas atividades virtuosas vão se degenerar; logo, interrompam as ações que não sejam espirituais. É completamente inútil investir esforço em atividades que não têm essência. Se seus desejos não se realizarem, será pelo carma que foi criado há muito tempo; logo, mantenham uma mente feliz e descontraída. Cuidado, ofender um ser sagrado é pior do que morrer; logo, sejam honestos e diretos. Já que a felicidade e o sofrimento desta vida surgem de ações passadas, não culpem os outros. Toda felicidade advém das bênçãos do seu Guia Espiritual; logo, retribuam sempre sua bondade. Já que não podem domar as mentes alheias sem primeiro terem domado a sua, comecem por domar sua própria mente. Já que terão que partir sem a riqueza que acumularam, não acumulem negatividade em nome de riqueza. Prazeres distrativos não têm essência; logo, pratiquem o dar sinceramente. Mantenham sempre pura disciplina moral, pois isso resulta em beleza nesta vida e em felicidade futura. Já que o ódio é abundante nestes tempos impuros, vistam a armadura da paciência, libertos de raiva. É o poder da preguiça que os mantém presos ao samsara; logo, acendam a chama do esforço da aplicação. Já que esta vida humana é desperdiçada em distrações, agora é a hora de praticar concentração. Sob a influência de visões errôneas, não se pode compreender a natureza última das coisas; logo, investiguem os significados corretos. Amigos, não existe felicidade nesse pântano, o samsara; assim, mudem-se para o solo firme da libertação. Meditem de acordo com o conselho do seu Guia Espiritual e drenem o rio do sofrimento samsárico. Avaliem muito bem tudo o que foi dito, pois não são apenas palavras vindas da boca, mas conselhos sinceros vindos do coração. Se praticarem dessa forma, irão me deleitar e criar felicidade para si mesmos e para os outros. Eu, em minha ignorância, peço que acolham esses conselhos em seu coração. Esses são os conselhos que o ser sagrado, o Venerável Atisha, deu ao Venerável Jang Chub Ö. Tradução © Geshe Kelsang Gyatso & Nova Tradição Kadampa. Fonte: http://kadampa.org. www.jardimdosmestres.com.br. Abraço. Davi

 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

OS ANALECTOS - LIVRO VI

 

Confucionismo. www.https//rt.br. OS ANALECTOS – LIVRO VI. 1. O Mestre disse: “A Yung pode ser dado o assento de frente para o sul”. [63] 2. Chung-kung perguntou sobre Tzu-sang Po-tzu. O Mestre disse: “É sua simplicidade de estilo que o torna aceitável”. Chung-kung disse: “Ao governar o povo, não é aceitável ser exigente consigo mesmo e condescendente ao tomar medidas? Por outro lado, não é exagerar na simplicidade ser condescendente consigo mesmo, assim como ao tomar medidas?”. O Mestre disse: “Yung tem razão no que ele diz”. 3. Quando o duque Ai perguntou qual dos seus discípulos tinha sede de aprender, Confúcio respondeu: “Havia um Yen Hui que tinha sede de aprender. Ele não descarregava sua raiva em uma pessoa inocente, tampouco cometia o mesmo erro duas vezes. Infelizmente, o tempo de vida que lhe coube era curto, e ele morreu. Agora, não há ninguém. Ninguém com sede de aprender chegou ao meu conhecimento”. 4. Jan Tzu pediu grãos para dar à mãe de Tzu-hua, que estava fora em uma missão para Ch’i. O Mestre disse: “Dê-lhe um fu [64]”. Jan Tzu pediu mais. “Dêlhe um yü”. Jan Tzu deu-lhe cinco ping de grãos. O Mestre disse: “Ch’ih foi para Ch’i carregado por cavalos bem-alimentados e usando finas peles. Sempre ouvi dizer que um cavalheiro dá para ajudar os necessitados, e não para manter os ricos em uma vida farta”. 5. Ao tornar-se seu [65] administrador, Yüan Ssu recebeu novecentas medidas de grãos, as quais declinou. O Mestre disse: “Os grãos não podem ser úteis para ajudar as pessoas no teu vilarejo?”. 6. O Mestre disse de Chung-kung: “Se um touro nascido de gado de arado tivesse cor castanha e chifres bem-formados, será que os espíritos das montanhas e dos rios o rejeitariam, mesmo que não o achássemos bom o suficiente para ser usado?”. 7. O Mestre disse: “Em seu coração, Hui pode praticar a benevolência durante três meses ininterruptos. Os outros atingem a benevolência meramente por ataques repentinos”. 8. Chi K’ang Tzu perguntou: “Chung Yu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?”. O Mestre disse: “Yu é decidido. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?”. “Ssu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?” “Ssu é um homem inteligente. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?” “Ch’iu é bom o suficiente para que lhe seja oferecido um cargo oficial?” “Ch’iu é um homem completo. Que dificuldades ele poderia encontrar ao assumir um cargo?” 9. A família Chi queria fazer de Min Tzu-ch’ien o administrador de Pi. Min Tzuch’ien disse: “Decline a oferta delicadamente por mim. Se alguém tornar a vir atrás de mim, estarei do outro lado do rio Wen”. [66] 10. Po-niu estava doente. O Mestre visitou-o e, segurando sua mão através da janela, disse: “Vamos perdê-lo. Deve ser o Destino. Por que outra razão tal homem seria fulminado por tal doença? Por que outra razão tal homem seria fulminado por tal doença?”. 11. O Mestre disse: “Como Hui é admirável! Morar em um pequeno casebre com uma tigela de arroz e uma concha de água por dia é uma provação que a maioria dos homens acharia intolerável, mas Hui não permite que isso atrapalhe sua alegria. Como Hui é admirável!”. 12. Jan Ch’iu disse: “Não é que eu não esteja satisfeito com o Caminho do Mestre, mas me faltam forças”. O Mestre disse: “Um homem a quem faltam forças entra em colapso ao longo do trajeto. Mas você desiste antes de começar”. 13. O Mestre disse para Tzu-hsia: “Seja um ju [67] cavalheiro, não um ju mesquinho”. 14. Tzu-y u era o governador de Wu Ch’eng. O Mestre disse: “Você fez alguma descoberta lá?”. “Há um T’an-t’ai Mieh-ming que nunca toma atalhos e que nunca esteve em meus aposentos, exceto por razões oficiais”. 15. O Mestre disse: “Meng chih Fan não era dado a vangloriar-se. Quando o exército tomou a estrada, ele ficou na retaguarda. Mas, ao adentrar o portão, ele esporeava [68] seu cavalo, dizendo: ‘Eu não fiquei para trás por modéstia. Simplesmente, meu cavalo recusava-se a ir adiante’”. 16. O Mestre disse: “Você pode ter a beleza de Sung Chao, mas será difícil escapar ileso neste mundo se, ao mesmo tempo, não tiver a eloquência do sacerdote T’uo”. 17. O Mestre disse: “Quem é que pode sair de uma casa sem usar a porta? Por que, então, este Caminho não é seguido?”. 18. O Mestre disse: “Quando a natureza de alguém prevalece sobre a educação recebida, o resultado será uma pessoa intratável. Quando a educação prevalece sobre a natureza, o resultado será uma pessoa pedante. Apenas uma mistura bem equilibrada das duas resultará em cavalheirismo”. 19. O Mestre disse: “Um homem sobrevive graças à sua retidão. Um homem que engana os outros sobrevive graças à sorte de ser poupado”. 20. O Mestre disse: “Gostar de algo é melhor do que meramente conhecê-lo, e encontrar alegria nesse algo é melhor do que meramente gostar dele”. 21. O Mestre disse: “Você pode explicar àqueles que estão acima da média sobre os melhores, mas não pode explicar àqueles que estão abaixo da média”. 22. Fan Ch’ih perguntou sobre a sabedoria. O Mestre disse: “Trabalhar pelas coisas às quais o povo tem direito e manter-se à distância dos deuses e dos espíritos enquanto lhes mostra reverência pode ser chamado de sabedoria”. Fan Ch’ih perguntou sobre a benevolência. O Mestre disse: “O homem benevolente colhe o benefício apenas após vencer as dificuldades. Isso pode ser chamado de benevolência”. [69] 23. O Mestre disse: “O sábio encontra alegria na água. O benevolente encontra alegria nas montanhas. Os sábios são ativos; os benevolentes são plácidos. Os sábios são alegres; os benevolentes são longevos”. 24. O Mestre disse: “Com uma só reforma, Ch’i pode ser transformado em um Lu, e Lu, com uma só reforma, pode ser levado a atingir o Caminho”. [70] 25. O Mestre disse: “Uma garrafa ku [71] que não mede volume algum. Que garrafa ku estranha! Que garrafa ku estranha!”. 26. Tsai Wo perguntou: “Se a um homem benevolente fosse dito que havia outro homem benevolente no poço, iria ele, ainda assim, juntar-se ao outro?”. O Mestre disse: “Por que deveria ser esse o caso? Um cavalheiro pode ser mandado para lá, mas não pode ser atraído à armadilha. Ele pode ser enganado, mas não pode ser feito de bobo”. 27. O Mestre disse: “O cavalheiro que é muito culto mas que é levado às coisas essenciais pelos ritos dificilmente vai se voltar contra aquilo que apoiou”. 28. O Mestre foi ver Nan Tzu. [72] Tzu-lu não gostou. O Mestre jurou: “Se fiz algo inapropriado, que o castigo do Céu caia sobre mim! Que o castigo do Céu caia sobre mim!”. 29. O Mestre disse: “Supremo, de fato, é o Caminho do Meio como virtude moral. Tem sido raro entre o povo há muito tempo”. 30. Tzu-kung disse: “Se houvesse um homem que desse generosamente ao povo e trouxesse auxílio às multidões, o que o senhor pensaria dele? Ele poderia ser considerado benevolente?”. O Mestre disse: “Nesse caso não se trata mais de benevolência. Se é preciso descrever tal homem, ‘sábio’é, talvez, a palavra adequada. Mesmo Yao e Shun achariam difícil realizar tanto. Mas, por outro lado, um homem benevolente ajuda os outros a firmar sua atitude do mesmo modo que ele próprio deseja firmar a sua [73] e conduz os outros a isso do mesmo modo que ele próprio deseja chegar lá. A capacidade de tomar o que está ao alcance da mão [74] como parâmetro pode ser considerado o método da benevolência. www.https//rt.br. Abraço. Davi

segunda-feira, 17 de abril de 2023

O QUE É UMBANDA

 

Espiritualidade. www.emporioesoterico.com.br. O QUE É UMBANDA. A Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e seus servidores: Crianças, Caboclos, Preto-velhos e Exus. A Umbanda nasceu da fusão da religião africana trazida pelos negros nos tempos da colonização, a Nação, com a religião praticada pelos nossos colonizadores Europeus, o Catolicismo, e a Pajelança, que era praticada pelos Índios aqui no Brasil. A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as forças da natureza. A esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo religioso", e nasceu no Brasil a religião Umbanda, com muitos preceitos e fundamentos da Nação, mas também com as imagens e menções aos santos católicos. Além do culto as forças da natureza a religião africana, a Nação, também cultuam os antepassados, e desta forma a Umbanda também o fez. Os antepassados dos que praticavam e difundiam a religião naquela época eram reis, rainhas, príncipes, princesas e até gente comum trazidas ou não da África como escravos. Estes espíritos desencarnados, são conhecidos por nós como Preto-velhos, muitos dos quais optaram por traçar a sua evolução espiritual através da prática da caridade, mantendo as características de sua última encarnação e incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Isso se pode dizer sobre os espíritos de colonos, caboclos, índios, boiadeiros, crianças e até de pessoas comuns que tiveram uma passagem difícil pela terra, e que se juntaram a esta religião por afinidade, para evoluir e ajudar outros a evoluírem através da prática da caridade: Incorporando, dando passes, passando mensagens, medicando, orientando, protegendo etc. Estes grupos de espíritos estão na Umbanda "organizados" em linhas: Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Exus. Cada uma delas com funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças da natureza que os regem, os ORIXÁS. Na verdade, a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma religião totalmente brasileira. O nome Umbanda é a denominação dada a uma religião afro-brasileira que mescla ensinamentos do espiritismo kardecista, catolicismo e seitas trazidas pelos escravos africanos. A prática da Umbanda geralmente se vincula ao chamado pai ou mãe de santo, ou chefe de terreiro, uma pessoa que teria dons mediúnicos de incorporar os espíritos de pessoas falecidas (as chamadas entidades), sendo estes espíritos de índios (caboclos), negros escravos ou não (pretos velhos, Pai Joaquim, Pai Arruda, Tia Joana etc), e outros. Estas incorporações costumam ocorrer em reuniões (as sessões) num aposento grande com um altar, que é chamado de Terreiro, onde os membros (filhos de santo ou cambonos) cantam, auxiliam o chefe de terreiro nos trabalhos e no atendimento de pessoas que vão lá para se consultar com a entidade. Se estas reuniões ocorrem na rua, em matas, praias, ou exteriores em geral, são chamadas Obrigações, e nestas geralmente se deixam oferendas às entidades, como comida, flores, velas etc. Aquilo que as pessoas no Brasil designam por "macumba", na verdade é o outro ramo do sincretismo afro-brasileiro, denominado Quimbanda ou Magia Negra, considerada pelos estudiosos no assunto como um desvirtuamento, pois é fundada na prática do mal, de feitiçaria com o objetivo de prejudicar a vida de supostos "inimigos", recorrendo a espíritos como Exús, Pomba giras etc. É importante, por isso, distinguir muito bem a diferença entre Umbanda e Quimbanda. Os seguidores da Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles feitos para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem, e nunca de prejudicar quem quer que seja. Os espíritos da Quimbanda podem, no entanto, ser invocados para a prática do bem, contanto que isso seja feito sem que se tenha que dar presentes ou dinheiro ao médium que os recebe, pois o objetivo do verdadeiro médium é tão somente a prática da caridade. A Umbanda se divide em Linhas, cada uma chefiada por um Orixá (espírito com uma missão) e formada por Legiões, subdivididas em Falanges. Zambi (Deus) é o chefe supremo de todos os espíritos.

As Linhas de Umbanda são as seguintes:

  • Linha de Iemanjá - chefiada por Santa Maria e formada por Caboclas do Mar e dos Rios, Sereias, Marinheiros, etc.

 

  • Linha de Oxóssi - chefiada por São Sebastião, formada por caboclos (índios).

 

  • Linha de Ogum - chefiada por São Jorge e formada por personificações deste santo em vários setores: Ogum Beira-Mar (praias) ; Ogum Rompe-Mato (matas) ; Ogum Iára (rios), entre outros

 

  • Linha de Xangô - chefiada por São Jerônimo, formada por caboclos, Inhaçã e pretos (Quenguelê).

 

  • Linha Africana - chefiada por São Cipriano, formada por pretos de várias regiões da África.

 

  • Linha de Oxalá - chefiada por Jesus e formada por santos católicos: Santo Antônio, São Benedito, São Cosme e São Damião, Santa Rita, São Francisco de Assis, Santa Catarina e São Expedito.

 

  • Linha do Oriente - chefiada por São João Batista, formada por médicos, cientistas, Indus, Japoneses, Chineses, Árabes, entre outros.

 

É um conjunto de leis divinas, que tem sua base nos Orixás africanos, embora tenha em sua doutrina conceitos de outras religiões, como a católica, a indígena, a muçulmana, a egípcia, a védica e outras. A Umbanda é uma religião que nasceu no Brasil, trazendo em primeiro lugar os Orixás, Deuses Africanos trazidos pelos nossos escravos. Mais, para um melhor entendimento é preciso colocar desde o início da colonização do Brasil como ocorreu essa mistura de conceitos e religiosidade da Umbanda. A Igreja Católica, religião dominante na Europa, continente de nossos colonizadores, é representada na Umbanda através dos seus Santos, que na sua maioria são mártires que dedicaram suas vidas a propagação dos ensinamentos do Cristo. Quando os Jesuítas chegaram ao Brasil eles encontraram os nossos índios, verdadeiros Brasileiros com seus Deuses e crenças próprias, e tentaram lhes impor sua religião, foi a partir desta tentativa que começou a miscigenação destas raças, só que, ao contrário do previsto pelos Jesuítas, os índios não esqueceram as suas práticas e sim adaptaram os ensinamentos dos Jesuítas aos seus rituais, criando-se assim a primeira mistura de religiosidade. Os colonizadores com o tempo, começaram a respeitar a religião indígena, principalmente pela atuação dos seus pajés, chefes espirituais de cada tribo, em casos de saúde, pois, como não havia médicos, pediam a intervenção destes pajés em casos de doença. Estes pajés utilizavam ervas medicinais e rezas para afastar o mal espírito que estava se manifestando naquela pessoa através da doença, esta prática tornou-se cada vez mais usual, porém com o aumento da população, os Portugueses começaram a enviar mais missionários e médicos para interromper estas práticas, e a população começou a procurar os pajés em menor frequência e as escondidas. Muitas mulheres desta época, se interessaram pelas ervas medicinais que os pajés utilizavam, e por não conhecer as rezas que eles faziam misturavam rezas de santos Católicos com estas ervas criando-se assim as famosas rezadeiras e curandeiras do Brasil. Por isso que a influência indígena é tão forte na Umbanda, com seus Caboclos, entidades representantes destes índios que aqui estavam quando os colonizadores chegaram. Várias raças já habitaram o planeta Terra e uma delas, a mais antiga, foi a raça vermelha que surgiu na Lemúria (África e América do Sul unidas num só continente) chamada de civilização Lemuriana. Os nossos índios são os ancestrais desta raça tão antiga e importante para a nossa Umbanda e para o mundo. A Umbanda começou a se formar na época da escravatura com a mistura dos cultos africanos e da religião Católica. Os negros não podiam praticar o seu culto livremente pois a repressão católica era muito forte e, por isso começaram a sincretizar os seus Deuses com os Santos da Igreja Católica. Com a formação de quilombos, povoados construídos para refugiar os negros que trabalhavam como escravos nas senzalas, começou a tomar forma uma mistura de conceitos e religiosidade, pois, entre os próprios negros havia uma mistura de povos diferentes e de cultos também, entre estes negros estavam os bantos, congos, nagôs e outros que, por não terem representantes sacerdotais específicos de cada culto, acabaram por misturar seus conceitos e práticas ritualísticas. Junto àqueles quilombos estavam, também, algumas aldeias indígenas e essas interagiam com os negros, criando-se, assim, mais uma mistura de religiosidade entre povos. Sendo assim já temos três cultos distintos e interligados pelo destino, o Católico, o Africano e o Indígena. Para representar melhor essa mistura dentro da Umbanda, veremos: os Orixás, como representantes dos Africanos e os pretos velhos dos escravos no Brasil, os santos da Igreja Católica sincretizados com esses Orixás e as rezadeiras, mulheres brancas, que misturavam as rezas católicas com as ervas e defumações indígenas para a cura de diversos males; os caboclos representantes dos índios, adaptados a esse meio, porém, conservando o seu trabalho de magia espiritual com as ervas e os elementais. Sendo a Umbanda uma religião com base espírita, pois acredita na reencarnação do espírito e na lei do carma, ela desenvolve um trabalho de ajuda espiritual, através dos médiuns, aparelhos de trabalho das entidades, guias que trabalham na caridade, nas giras de Umbanda, ensinando-nos a amar ao próximo, a ter fé e não nos desesperar diante dos problemas que a vida nos traz. Possui na sua liturgia os rituais : casamento, batismo, confirmação, amaci, coroação e fúnebre. Todos esses rituais são realizados por entidades chefes, que são os responsáveis pela liturgia e magia na Umbanda. A Umbanda cultua alguns Orixás do Candomblé, religião Africana que foi trazida para o Brasil pelos escravos, porém sua forma de cultuar é completamente diferente. Os Orixás que foram incorporados a Umbanda são: Oxalá, Ogum, Xangô, Oxosse, Obaluaê, Oxúmarê, Yemanjá, Oxum, Iansã, Ossaim e Nanã. Na Umbanda, os Orixás são dados as pessoas como guardiões, isto é, todos são filhos de Oxalá, e alguns tem como guardiões outros Orixás que são ligados a entidade chefe do filho de fé. Como seria isso, nós temos os nossos guias de trabalho e entre eles existe aquele que é o responsável pela nossa vida espiritual e por isso é chamado de guia chefe, pode ser um caboclo, preto velho, criança, boiadeiro e até um exu, sendo que, no caso de ser um Exu, esse médium deve ser bem espiritualizado e o Exu bem doutrinado. Um médium descobre o seu guia chefe através de uma obrigação muito importante para a Umbanda, que é o Amací. Essa obrigação é para médiuns já desenvolvidos, isto é, que incorporam todos os guias de trabalho na Umbanda. Consiste em uma lavagem da cabeça deste médium com um preparado de ervas e outros elementos que tornarão o Orí, cabeça, forte o suficiente para que esta entidade se apresente e confirme seus fundamentos, seu nome, o trabalho que veio desenvolver, seus fundamentos e o Orixá a que pertence, por exemplo: um médium que tem como guia chefe o Caboclo Ventania que vem pela linha de Xangô, terá este Orixá como guardião. Existe, também, na Umbanda o Orixá ligado a data de nascimento do médium que também é considerado um Orixá guardião, sendo esse responsável pela vida pessoal do filho de fé. O termo Orixá de Coroa não pertence a Umbanda, e sim ao Candomblé, porém as vezes existe a coincidência do Orixá de coroa ser o mesmo do Orixá guardião, mas, como já disse, isso é uma coincidência a Umbanda não trata Orixá e sim o cultua de forma diferente do Candomblé e, por não cultuar todos os Orixás não pode definir Orixá de coroa. Para se saber o Orixá de coroa deve-se consultar os búzios. O que acontece é que muitas vezes os Zeladores de Umbanda são, também, iniciados no Candomblé e sabem jogar os búzios podendo, assim, falar aos seus filhos os Orixás de coroa e os Orixás guardiões. www.emporioesoterico.com.br. Abraço. Davi.

 

sexta-feira, 14 de abril de 2023

A ARTE DE APRENDER COM AS DIFICULDADES

 

Texto de Carlos Cardoso Aveline. A ARTE DE APRENDER COM AS DIFICULADES. Uma velha fábula indiana conta que, há milhares de anos, vivia em um templo abandonado uma grande cobra venenosa. Seu nome era Naga. Em geral, Naga tinha bons sentimentos, mas despertava terror nos habitantes da aldeia próxima porque quando incomodada atacava as pessoas. Certo dia, um sábio desconhecido apareceu misteriosamente no local.  Sentou-se junto ao templo e chamou Naga para uma conversa. Disse-lhe que a vida é, na verdade, uma grande escola espiritual, e que aprendemos o tempo todo, mesmo quando não temos consciência disso. “Mas o aprendizado é muito mais rápido e muito mais difícil quando fazemos um esforço consciente por iniciativa própria”, acrescentou. A consciência de Naga se expandiu. O animal viu a luz da sabedoria, e disse que desejava trilhar o caminho do esforço consciente. O instrutor mencionou então duas condições básicas para esse tipo de aprendizado. “O primeiro passo é o autocontrole” , disse ele. “O processo sagrado começa à medida que o aprendiz deixa de obedecer aos instintos animais”. E acrescentou, antes de prosseguir viagem: “Ao mesmo tempo, há uma outra condição. É preciso ser fraterno e pacífico em relação a todos os seres”. Impressionada pela força das palavras do mestre, a cobra Naga deixou de lado as preocupações mundanas. Praticou meditação, aproximou-se da sua alma imortal e experimentou a paz do Universo infinito. Ela também tomou uma decisão: “De agora em diante, vou controlar os meus instintos e não morderei mais ninguém”. A lei da evolução estabelece que todo conhecimento deve ser testado na prática, e o caso de Naga não foi uma exceção. Seu novo comportamento chamou atenção das crianças da aldeia. Por que razão ela ficava o dia todo imóvel, em jejum, recitando mantras e meditando sob o calor do sol? Quando todos compreenderam que o animal não atacava, começaram os risos, o desprezo e as agressões à base de paus e pedras. Com o tempo, Naga emagreceu.  Adoeceu. Sua pele começou a cair. Mas ela perseverava. Um ano depois, o animal está sem forças e à beira da morte, quando o mestre desconhecido aparece outra vez e senta-se para conversar. A cobra conta ao sábio tudo o que aconteceu e fala – feliz – da sua lealdade ao caminho espiritual.  Surpreso, o mestre explica que tamanha dor não era necessária: “Amiga, eu disse para você não atacar. Não disse que não ameaçasse morder. Não disse que não preparasse o bote. Não deixe de impor respeito: não faça mal a ninguém, mas – quando necessário – defenda-se sem violência”. Qual foi, então, o erro de Naga?  Ela idealizou o caminho da sabedoria de maneira ingênua e ignorou o fato de que conflitos e contradições fazem parte da vida. Os exemplos são muitos. A cada momento temos de tomar decisões, e antes de cada decisão há uma certa luta entre diferentes tendências em nosso interior. As pessoas vivem conflitos psicológicos dentro de si, e se isso é verdade, é também natural que haja discordâncias nas relações humanas e sociais. Contraste é vida, e vida é movimento. A uniformidade imobilista não é saudável. Quando as pessoas têm medo das discordâncias naturais, elas passam a reprimir as suas diferenças de opinião na esperança de preservar a paz. Assim, a sinceridade é substituída pela cortesia. Gradualmente, a confiança mútua desaparece, abrindo espaço para a má vontade, os sentimentos hipócritas e a deslealdade. Por isso a sinceridade é sempre melhor que a harmonia forçada. Naturalmente, é agradável estar rodeado de pessoas que concordam conosco em todos os aspectos.  Mas, se fosse possível viver desse modo o tempo todo, nossa evolução correria grave risco de ser interrompida. Assim como as pedras dos rios ficam redondas após longos anos de atrito, também os seres humanos necessitam de suas dificuldades e contradições para aperfeiçoar-se. É certo que devemos evitar as desarmonias, mas em muitos casos elas são inevitáveis, e então o melhor que podemos fazer é aprender com elas. Para o pensador grego Plutarco (46-120) os inimigos são comparáveis às dificuldades naturais que a vida coloca diante de nós. Um velejador experiente não se desespera com o vento contrário, mas sabe usá-lo para avançar no rumo certo. Do mesmo modo, devemos aproveitar as inimizades e outros desafios para aumentar nosso autoconhecimento. “O fogo queima quem o toca, mas também fornece luz e calor e serve a uma infinidade de usos para aqueles que sabem utilizá-lo”, explica Plutarco. A situação é idêntica com os adversários ou invejosos: “O que é mais prejudicial na inimizade pode tornar-se o mais proveitoso”, diz ele. “É que teu inimigo, continuamente atento, espia tuas ações na expectativa da menor falha, e fica à espreita em torno da tua vida”. Na tarefa de identificar nossos erros, os inimigos são mais úteis que os amigos. Os adversários aumentam o perigo e, com isso, não nos deixam adormecer na rotina. Para Plutarco, necessitamos de amigos sinceros e inimigos ardentes: “uns nos afastam do mal por suas advertências, os outros, por sua censura”. Porém, os amigos geralmente evitam falar com franqueza. Além disso, o amor pode ser cego em relação a aquilo que ele ama.  Mas o rancor consegue revelar as manias e os fracassos de qualquer um. Quando o invejoso mente em suas críticas, podemos lembrar que, seja como for, nós ainda estamos longe da perfeição. É verdade que ele vê erros em nós que não existem. Mas talvez haja erros em nós que ele não vê. Devemos aproveitar a oportunidade de uma crítica contra nós para exercer vigilância e aumentar nossa força interior. A confiança no bem e a autoconfiança nos darão tranquilidade para observar os erros do ponto de vista do nosso potencial divino. E, sobretudo, para valorizar nossos acertos. Segundo Plutarco, a melhor maneira de defender-nos dos inimigos é aumentar nossas virtudes. O taoísmo e a filosofia esotérica ensinam a mesma coisa. O escritor Carlos Castaneda (1925-1998) reforça esse ponto ao explicar que “o guerreiro deve ser impecável”. Como se pode, então, tirar proveito das injustiças que sofremos? Castaneda aprendeu com seu mestre Don Juan a técnica do pequeno tirano.  O método funciona melhor quando há alguém que não só está situado em uma posição de poder ou de superioridade em relação a nós, mas tem, também, a séria intenção de causar-nos profundo mal-estar. É claro que nenhum tirano externo tem real importância em si mesmo.  Nosso único verdadeiro inimigo é  nossa própria ignorância diante da vida. Os adversários mais desagradáveis do mundo exterior são apenas projeções e materializações daquelas lições que ainda não aprendemos e, por isso, são todos de pequeno porte.  No sistema de ensino de Castaneda, há, portanto, três tipos básicos de pequenos tiranos: 1) Tirano Insignificante. Tem o poder de matar suas vítimas quando quiser.  Hoje é difícil de encontrar, mas era relativamente frequente durante a época colonial, quando os feiticeiros da América Central criaram essa técnica. 2) Pequeno Tirano Insignificante.  Persegue e inflige danos sem chegar a causar a morte das suas vítimas. 3) Pequeno Tirano Muito Insignificante.  Ocasiona incômodos e exasperação sem fim. A função do pequeno tirano é testar a força e a coerência do aprendiz. A vida é como uma grande respiração, e, em todos os seus aspectos, a cada expansão corresponde uma retração igual e contrária. Assim, na mesma medida em que o guerreiro expande no plano subjetivo a sua visão de mundo e se une ao infinito, ele tem de fazer com que, no plano objetivo, as suas ações práticas sejam cada vez mais compactas, mais controladas e mais intensas.  Esse paradoxo é inevitável. Se não fizer isso, seu avanço será falso. Há pequenos tiranos insignificantes e muito insignificantes que usam de brutalidade e violência. Outros atormentam criando preocupação, tristeza ou fúria. Em todos os casos, eles são usados pelo guerreiro da sabedoria para identificar e eliminar sua própria vaidade, seu orgulho e sua preocupação consigo mesmo. O aprendiz deve adquirir um controle estratégico da sua própria conduta, com o objetivo de eliminar o desperdício de energia vital e de obter um acesso cada vez maior à energia do Universo infinito. Os jogos do pequeno tirano insignificante só causam sofrimento enquanto houver ignorância, medo e falta de atenção no guerreiro. A estratégia do aprendizado pode ser resumida em seis pontos: 1. Controle. Enquanto o pequeno tirano atormenta o guerreiro, esse aprende a desmontar os seus esquemas de justificação da preguiça, vê destruída a sua ingenuidade infantil, e desperta para níveis superiores de alerta e atenção. Ele aprende a controlar os impulsos inferiores. Se não fizer isso, será derrotado. 2. Disciplina.  Como qualquer ser humano, o guerreiro sofre, mas ele sofre sem sentimento de autopiedade. Ele levanta informações objetivas sobre a situação em que está, identifica os perigos reais e define possíveis alternativas, sem perder tempo ou energia com emoções desnecessárias. 3. Paciência. O guerreiro não combate prematuramente. Ele aguarda com serenidade e antecipa com prazer a sua futura libertação. “O guerreiro sabe que espera, e sabe o que espera”, explica Victor Sánchez. 4. Sentido de Oportunidade.  No momento certo, o guerreiro aplica toda a energia acumulada em relação aos três pontos anteriores. Sánchez afirma : “É como abrir as comportas de uma represa”. 5. Vontade. Não é a vontade comum, mas um elemento imponderável, reservado para uma situação extrema. Esse é o único ponto da estratégia que pertence ao desconhecido. Não é apenas um resultado da acumulação dos itens anteriores. 6. O Tirano Insignificante. É o elemento externo que, ameaçando o guerreiro, dinamiza e acelera o seu processo de crescimento interior. É muito provável que não haja ninguém situado em uma posição de poder que esteja pensando em atormentar-nos ou em destruir nosso bem-estar. Raramente alguém tem o privilégio espiritual de viver esse desafio. Ainda assim podemos usar essa técnica de Castaneda. Basta adaptar a estratégia acima substituindo o pequeno tirano pelo conjunto de obstáculos que nos rodeiam e dificultam a obtenção da nossa meta, a sabedoria.  Se não há um tirano, pode haver uma situação limitadora, uma pequena tirania exercida pela nossa própria ignorância, e que limita nosso processo de aprendizagem. E a estratégia permanecerá válida. Os três primeiros pontos – controle, disciplina e paciência – são estimulados pelo sexto elemento, o tirano, ou a “situação limitadora”. O quarto ponto – a escolha do momento de ação – serve para preparar o salto transformador e o instante criativo que fará toda a diferença. O quinto ponto, a vontade, significa que, tendo aumentado sua eficiência e sendo impecável nessa situação concreta, o guerreiro reúne uma energia ilimitada, a ser usada no momento certo. Desse modo, cada pessoa de má vontade ou que boicota nossos esforços tem algo a nos ensinar. Se formos aprendizes conscientes da arte de viver, seremos beneficiados pelas suas ações agressivas, ainda que isso possa ser frustrante para o agressor. Normalmente, o pequeno tirano é um pobre desorientado. Ele não só ignora que sua má vontade contra nós na verdade nos beneficia, mas sequer suspeita o quanto é gravemente prejudicial para ele próprio querer prejudicar alguém. Para o aprendiz da sabedoria, há três coisas de suprema importância. A primeira é não aceitar o papel de pequeno tirano nem perder tempo ou energia com pensamentos e ações destrutivos em relação a outrem. A segunda é não cair na posição de vítima paralisada ou inconsciente, e não alimentar autopiedade. A terceira é saber atuar como um colaborador da sabedoria universal em todas as situações da vida. www.emporioesoterico.com.br. Abraço. Davi   

quarta-feira, 12 de abril de 2023

DIREITO CIVIL ISLÂMICO II

 

Islamismo. Texto de Zuhra Mohd El Hanini. NOÇÃO DE DIREITO ISLÂMICO. Capítulo Três. DIREITO CIVIL ISLÂMICO II. Testamento. Trata-se de uma disposição a título particular que confere direitos patrimoniais determinados ou impõe a obrigação de executar determinada ação. É considerada lícita pela Shariah, respeitando algumas condições. Disse Deus no Alcorão Sagrado em 2,180 “Está-vos prescrito que quando a morte se apresentar a algum de vós, se deixar bens, que faça testamento equitativo em favor de seus pais e parentes, este é um dever dos que temem a Deus”. A disposição testamentária é recomendável para aqueles que possuem um grande patrimônio e seus herdeiros legítimos não sofrem carências. Para estes é lícito especificar parte de seu patrimônio para que seja distribuído em obras de caridade, sempre que não supere a um terço deste. É obrigatório o testamento para quem deve o cumprimento de algum preceito religioso, tiver dívidas ou outros compromissos assumidos, estes deverão dar prioridade ao cumprimento destas obrigações e detalhar tudo para que não seja cometida alguma injustiça. Também se torna obrigatório a disposição testamentária a favor dos familiares necessitados e que não herdam, no caso do testador possuir um grande patrimônio. Vale ressaltar, que na Shariah é vedado instituir um testamento pra favorecer a um dos herdeiros legítimos, como por exemplo, em favor de seu filho mais velho ou sua esposa. É desaconselhável para quem não possua um grande patrimônio dispor a favor de um terceiro quando seus herdeiros legítimos sofrem carências. O legado que superar a um terço do patrimônio total não terá validez, assim como aquele testado em favor de um herdeiro legítimo. Aquele que não tiver nenhum herdeiro poderá testar a totalidade do seu patrimônio. O testamento tem validade quando tratar-se de manifestação verbal ou escrita, de livre e espontânea vontade do testador. É recomendável que seja reduzida a escrito e que hajam duas testemunhas para evitar conflitos. O testador enquanto vivo poderá modificar o testamento ou revoga-lo. O Profeta Muhamad disse “Todo muçulmano que deseja um testamento não deve deixar passar duas noites sem que haja registrado por escrito sua vontade”. A condição para a validez também está condicionada à capacidade legal e que o objeto do mesmo seja lícito. O beneficiário do testamento poderá aceitar ou recusar o mesmo, e uma vez recusado torna-se sem efeito a disposição testamentária. Não há grandes regras quanto à forma do testamento, mas é recomendável seguir o exemplo do modelo redigido na época do Profeta que era da seguinte forma: “Este é o testamento de Fulano de tal, que reconhecia e testemunhava que não há outra divindade além de Deus, o Único, sem parceiros, e que Muhamad é Seu servo e mensageiro, que o Dia do Juízo ocorrerá e não há dúvidas quanto a isso é que Deus ressuscitará aqueles que estão nos túmulos. Ele recomenda a seus sucessores que se são muçulmanos sinceros, temam a Deus tal como deve ser temido, conciliem entre as partes em conflito e obedeçam a Deus e ao seu mensageiro. Também lhes recomenda o mesmo que os Profetas Abraão e Jacó recomendaram a seus sucessores: Oh filhos meus, Deus vos legou esta religião, apegai-vos a ela, e não morrais sem serdes submissos a Deus”; palavras registradas no Sagrado Alcorão em 2,132. O Testamento será anulado quando ocorrer as seguintes situações: 1 – Quando o legatário é inabilitado para dispor de seus bens. 2 – SE FOR destruída ou se perder o objeto do testamento. 3 – Quando o testador se arrepender. 4 – Quando o legatário recusar. 5 – Quando o  legatário morre antes do testador. 6 – Quando o legatário assassinar o testador. O legado conclui-se  quando o legatário executa o ato objeto do testamento ou quando o tempo em que este deveria cumprir com uma determinada obrigação se expira se expira, ou ainda quando o legatário recebe sua parte devida. Sucessão e herança. O direito de sucessão é um dos ramos mais importantes, destacados e complexos do Direito. Devido à essa complexidade, Deus estabeleceu no Alcorão Sagrado a forma pela qual os bens de uma pessoa falecida devem ser distribuídos, e qual a porção da herança corresponde a cada um dos herdeiros detalhando as regras em números determinados nos versículos do Alcorão. Estas disposições têm o fim de evitar que se cometam injustiças e surjam conflitos entre as pessoas, pois a divisão de bens desperta, em muitos casos, a ambição, e uma herança, em geral, deve ser distribuída entre homens e mulheres, adultos e crianças, sejam débeis ou fortes. Devido a isso a Shariah tem disposta uma distribuição justa e adequada da herança. As normas de herança no período pré-islâmico excluíam as crianças e as mulheres. Com o advento do Islam, foi disposto para a mulher a sua porção justa da herança, honrando-a e considerando-a herdeira legítima. Como sabemos, o objeto do direito de sucessões é determinar o direito que cada herdeiro têm sobre uma determinada herança, composta de bens e valores, e efetivar a entrega de tal direito. Vejamos resumidamente algumas noções do Direito de Sucessão segundo a Shariah: As obrigações com relação aos bens deixados por uma pessoa após sua morte, conforme a Shariah, são cinco, e estas devem ser respeitadas e cumpridas na seguinte ordem: 1 – Devem-se custear os gastos fúnebres através do dinheiro da herança. 2 – Devem-se cancelar as obrigações contraídas pelo “de cujos” (linguagem usada na área jurídica para designar o falecido), como os empréstimo, dívidas, etc. 3 – Devem-se ser pagas as dívidas pendentes derivadas de certos preceitos religiosos obrigatórios, como por exemplo o pagamento do Zakat (Caridade obrigatória que purifica a riqueza. Uma proporção fixa da riqueza e de toda propriedade de um muçulmano sujeita a Zakat a ser paga anualmente para o benefício do pobre na Comunidade Muçulmana). 4 – Devem-se cumprir com o legado. 5 – E após isso deve ser repartida a herança. Os vínculos pelos quais uma pessoa tem o direito de herdar são dois: 1 – O matrimonio mediante um contrato válido. Os cônjuges herdam mutuamente ao firmar o contrato de casamento. 2 – O parentesco por consanguinidade. Incluem o parentesco em linha reta como os ascendentes, descendentes, e na colateral, como os irmãos, tios, primos, etc. Os impedimentos para herdar são dois: 1 – No caso do homicida. O homicida não herda de sua vítima, como por exemplo, o filho que mata o próprio pai. 2 – A diferença da religião. O muçulmano não herda do incrédulo e o incrédulo não herda do muçulmano. O Profeta Muhamad apud tuwaijri disse “Um muçulmano não pode herdar de um não muçulmano, e um não muçulmano não pode herdar de um muçulmano” A herança é de duas formas: 1 – Herança de frações determinadas: é quando um herdeiro tem direito a uma fração determinada da herança, como por exemplo, a metade, um quarto, etc. 2 – Herança do restante: é quando o herdeiro tem direito a uma parte não determinada da herança, que equivale ao monte restante, que sobrou após  adjudicar os outros herdeiros das frações estabelecidas. Consequentemente, os herdeiros se classificam em: 1 – Aqueles que herdam unicamente por frações determinadas. Estes são sete: a mãe, o irmão por parte da mãe, a irmã por parte de mãe, a avó materna, a avó paterna, o esposo e a esposa. 2 – Aqueles que herdam unicamente pelo monte restante. Estes são: o filho, o neto, filho do filho e demais descendentes masculinos, o irmão de pai e mãe, o irmão por parte de pai, o sobrinho, o sobrinho filho do irmão do pai e mãe e demais descendentes masculinos, o sobrinho filho do irmão por parte de pai e demais descendentes masculinos, o tio irmão do pai por parte de mãe e pai e demais ascendentes masculinos, o primo filho do irmão do pai e mãe e demais descendentes masculinos. 3 – Aqueles que  herdam segundo o caso, uma fração determinada, o monte restante ou de ambas formas. Estes são dois: o pai e o avó. Quando entre os descendentes em linha reta com direito à herança sobrevive um homem, estes herdam um sexto e quando não ocorre essa situação eles herdam o monte restante. Também podem herdar de ambas as formas, quando existirem mulheres descendentes em linha reta com direito a herdar, se depois da distribuição das frações que lhes correspondem, restar um monte que supere a sexta parte da herança. Exemplo: um homem morre e deixa uma única filha, sua mãe e seu pai. Nesse caso à filha corresponde a metade da herança, à mãe corresponde 1/6 e ao pai 1/6 e o monte restante, ou seja, o pai fica com a fração determinada mais o monte restante. 4 – Aqueles que segundo o caso, uma fração determinada ou o monte restante, mas nunca pelas duas modalidades ao mesmo tempo. Estes são: as filhas, as netas filhas dos filhos e demais descendentes de uma mesma linha masculinos, as irmãs de pai e mãe e as irmãs por parte de pai. Estas herdam uma fração determinada quando não existe o homem que em mesmo grau de parentesco herde o monte restante, ou seja, seu irmão. E o monte restante quanto tiverem os irmãos. Em conclusão, os que herdam frações são onze: 1 – O esposo. 2 – A esposa. 3 – A mãe. 4 – O pai. 5 – Os avós. 6 – As avós. 7 – As filhas. 8 – As netas (filhas dos filhos). 9 – As irmãs de pai e mãe. 10 – As irmãs por parte de pai. 11 – Irmãos e irmãs por parte de mãe. Analisemos o que corresponde a cada um destes nos distintos casos: 1 – Esposo. Terá direito à metade da herança que deixar sua esposa quando esta não tiver descendentes herdeiros em linha reta, ou seja, os filhos seja homem ou mulher, os netos filhos dos filhos homens e demais descendentes com vocação hereditária. Terá direito à quarta parte da herança que deixar sua esposa quando esta tiver descendentes herdeiros em linha reta, sejam filhos do esposo herdeiro ou de um casamento anterior a este. Disse Deus no Alcorão em 4,12 “De tudo quanto deixarem as vossas esposas, corresponder-vos-á a metade, desde que elas não tenham tido prole; porém, se a tiverem, só vos corresponderá a quarta parte, depois de pagas as legações que tenha feito e as dívidas”. 2 – Esposa. Terá direito à quarta parte da herança que deixar seu esposo quando este não tiver descendentes herdeiros em linha reta. Terá direito à oitava parte da herança que deixar seu esposo, quando este tiver descendentes herdeiros em linha reta, sejam filhos da esposa herdeira ou de um casamento anterior a este. Quando um homem tiver mais de uma esposa, estas dividem a quarta parte ou a oitava parte, segundo o caso. Disse Deus no Alcorão Sagrado em 4,12 “Caberá a elas a quarta parte de tudo quanto deixardes, se não tiverdes prole; porém se a tiverdes, só lhes corresponderá a oitava parte de tudo quanto deixardes, depois de pagas as legações que tenha feito e as dívidas”. 3 – A mãe. Terá direito à terça parte da herança que deixar seu filho ou filha, se cumprirem-se as seguintes condições: que o “de cujus” não tenha descendentes herdeiros em linha reta e que não sobreviva à sua morte dois ou mais irmãos ou irmãs. Terá direito à sexta parte da herança que deixasse seu filho ou filha quando este tiver descendentes herdeiros em linha reta, ou sobrevivesse à sua morte dois ou mais irmãos ou irmãs. Terá direito a um terço do monte restante da herança que deixar seu filho ou filha quando a situação for uma das anunciadas. Quando os herdeiros forem a esposa do “de cujus”, mãe e pai. Nesse caso, a esposa herda ¼, a mãe 1/3 e o pai herda o restante do monte. Quando os herdeiros forem o esposo, a mãe e o pai. Nesse caso, o esposo herda metade, a mãe 1/3. Disse Deus no Alcorão Sagrado em 4,11 “Quanto aos pais do falecido, a cada um caberá a sexta parte do legado, se ele deixar um filho; porém, se não deixar prole, e a seus pais corresponder a herança, a mãe caberá um terço; mas se o falecido tiver irmãos, corresponderá à mãe um sexto, depois de pagas as doações e divididas”. 4 – O pai. Terá direito a um sexto da herança que deixar seu filho ou filha quando tiverem descendentes masculinos herdeiros em linha reta, como os filhos ou netos, filhos dos filhos. Terá direito a herdar o monte restante quando o “de cujus” não tiver descendentes masculinos herdeiros em linha reta. Terá direito a herdar uma fração determinada e também o monte restante da herança quando sobrevivam somente as descendentes mulheres herdeiras em linha reta, como as filhas e netas, filhas dos filhos. Neste caso lhe corresponderá um sexto mais o monte que restar da herança, depois da distribuição das frações correspondentes. Os irmãos, sejam por parte de pai e mãe, ou só pela parte da mãe ou do pai, não terão direito a herdar quando sobreviva o pai ou avô do “de cujus”. 5 – O avô. O avô com vocação hereditária é o pai do pai. Terá direito ao sexto da herança que deixar seu neto ou neta, desde que o “de cujus” tenha descendentes masculinos em linha reta e que o pai do “de cujus” não esteja vivo. Terá direito de herdar o monte restante quando o “de cujus” não tiver descendentes masculinos herdeiros em linha reta e que seu pai não esteja vivo. Terá direito a herdar uma fração determinada e também o monte restante da herança quando sobrevivam as descendentes mulheres herdeiras em linha reta, como as filhas, netas, filhas dos filhos. 6 – A avó. AS avós com vocação hereditária são: a mãe da mãe, a mãe do pai, a mãe do avô, e demais ascendentes. As avós não herdam quando a mãe seja viva, da mesma forma que o avô não herda na existência do pai. Se houverem mais de uma avó, estas deverão partir um sexto da herança. 7 – As filhas. Terão direito a herdar o monte restante quando compartilharem a herança com um ou mais irmãos. Nesse caso, a cada irmão lhe corresponderá o mesmo que a duas mulheres. A filha única terá  direito a metade da herança. As filhas terão direito de herdar dois terços da herança sempre que sejam duas ou mais irmãs e que não tenham irmãos homens. Disse Deus no Alcorão Sagrado em 4,11 “Deus vos prescreve acerca da herança de vossos filhos. Daí ao varão a parte de duas filhas; se apenas houver filhas, e estas forem mais de duas, corresponder-lhes-á dois terços do legado, e, se houver apenas uma, esta receberá a metade”. 8 – As netas, filhas dos filhos. Terão direito a herdar o monte restante quando compartilharem a herança com um ou mais irmãos, ou seja, os netos filhos dos filhos. A neta única terá direito  a herdar metade da herança, sempre que não tenham sobrevivido à morte do “de cujos” nenhum herdeiro mais próximo em grau, ou seja, filhas ou filhos. As netas terão direito a herdar dois terços da herança, sempre que sejam duas ou mais e não tenham irmãos e que não tenham sobrevivido à morte do “de cujus” nenhum herdeiro mais próximo em grau. As netas terão direito a herdar um sexto da herança sempre que não tenham irmãos e que a única herdeira que tenha sobrevivido do “de cujus” seja uma filha com direito a metade da herança. 9 – As irmãs de pai e mãe. A irmã única de pai e mãe terá direito a metade da herança sempre que não tenham sobrevivido os ascendentes ou descendentes masculinos em linha reta, como por exemplo, o pai, avô ou filho. As irmãs de pai e mãe terão direito de herdar dois terços sempre que sejam duas ou mais, que não tenham irmãos e que não tenham sobrevivido os ascendentes ou descendentes homens, herdeiros em linha reta. As irmãs de pai e mãe terão direito a herdar o monte restante quando compartilharem a herança com um ou mais irmãos. Nesse caso a cada um dos irmãos corresponderá o mesmo o que corresponde a duas irmãs. Disse Deus no Alcorão Sagrado em 4,176 “Se uma pessoa morrer, em ter deixado prole e tiver uma irmã, corresponderá a metade de tudo quanto deixe: e se ela morrer, ele herdará dela, uma vez que esta não deixe filhos. Porém, se ele tiver duas irmãs, estas herdarão dois terços do que ele deixar; e se houver irmãos e irmãs, corresponderá ao varão a parte de duas mulheres. Deus lhe esclarece, para que não vos desvieis, porque é onisciente”. 10 – As irmãs por parte de Pai. A irmã única por parte de pai terá direito a herdar metade da herança sempre que não houverem sobrevivido os ascendentes ou descendentes homens herdeiros em linha reta, nem irmãos ou irmãs de pai e mãe. As irmãs por parte de pai terão direito a herdar dois terços sempre que sejam duas ou mais que não tenham irmãos e que não tenham sobrevivido os ascendentes ou descendentes homens em linha reta, nem os irmãos e irmãs de pai e mãe. As irmãs por parte de pai terão direito a herdar um sexto da herança, sempre que não tenham irmãos e que a única herdeira que tenha sobrevivido, juntamente com elas, seja uma irmã de pai e mãe e que não haja ascendentes ou descendentes homens herdeiros em linha reta nem irmãos de pai e mãe. As irmãs por parte de pai terão direito a herdar o monte restante quando compartilharem a herança com um ou mais irmãos. Nesse caso, a cada homem lhe corresponderá o mesmo que à duas mulheres. 11 – Os irmãos e as irmãs por parte de pai. Os irmãos e as irmãs por parte de mãe herdam por igual, sem distinção entre homens e mulheres, se não tiverem sobrevivido os ascendentes ou descendentes herdeiros em linha reta do “de cujus”. O irmão ou irmã por parte de mãe terá direito a herdar um sexto da herança sempre que não tenham sobrevivido os ascendentes ou descendentes homens, herdeiros em linha reta. Os irmãos e as irmãs por parte de mãe terão direito a herdar um terço da herança sempre que sejam dois ou mais e que não tenham sobrevivido os ascendentes ou descendentes homens em linha reta. Deus disse no Alcorão Sagrado em 4,12 “Se um falecido, homem ou mulher, em estado de Kalala (ou seja, que não tenha ascendentes ou descendentes), deixar herança e tiver um irmão ou uma irmã, receberá cada um deles, a sexta parte, porém, se forem mais, herdarão juntos a terça parte, depois de pagas as doações e dívidas, sem prejudicar ninguém. Isto é uma prescrição de Deus, porque Ele é Tolerante, Sapientíssimo”.  As formas de exclusão da herança pelo grau de   parentesco podem ser: Exclusão em parte da herança – Isso ocorre quando um herdeiro recebe porção menor da herança por ter sido excluído por quem seja mais próximo em grau que ele. Exclusão total da herança – Ocorre quando um herdeiro é excluído da totalidade da herança por quem tenha mais direito que ele. Todos os herdeiros, salvo o pai, a mãe, o esposo, a esposa e os filhos, podem ser afetados por esta forma de exclusão. Vejamos a classificação dos herdeiros com relação àqueles que podem ou não excluir os demais da totalidade da herança. Os herdeiros se dividem em quatro grupos: Aqueles que podem excluir a outros e que nunca são excluídos. Estes são: os pais e os filhos. Aqueles que podem ser  excluídos  e que nunca excluem os outros. Estes são: os irmãos e irmãs por parte de mãe. Aqueles que nunca excluem outros e também não podem ser excluídos. Estes são: os cônjuges. Aqueles que nunca excluem outros e também podem ser excluídos. Estes são todos os demais herdeiros. A mulher e a herança. Como podem observar, a Shariah honrou a mulher concedendo-lhe o direito de herdar o que lhe é justo segundo sua situação. A legislação islâmica contempla para ela, em matéria de sucessão, três possibilidades, a saber: Que herdam a mesma porção do homem, como entre os irmãos e irmãs por parte de mãe, que quando herdam conjuntamente é na mesma porção. Que herdam a mesma porção que o homem ou um pouco menos, dependendo do caso, como ocorre com a mãe quando herda junto com o pai e há entre os herdeiros do “de cujus” filhos homens. Neste caso, tanto a mãe como o pai herdam um sexto. Em troca, se só existem filhas, a mãe herda o sexto, e o pai, além de um sexto, herda o monte restante. Que herde a metade do que herda o homem. A causa para isso é que a Shariah dispõe que o homem tivesse mais responsabilidades econômicas que a mulher, como a obrigação de pagar o dote, manter sua esposa e filhos proporcionando-lhes uma vida digna, e demais deveres que recaem somente sobre o homem. Isso porque Deus disse no Alcorão Sagrado em 4,34 “Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus dotou uns com mais força do que as outras, e pelo sustento do seu pecúlio”. O Islam dignificou a mulher ao liberá-la destas cargas e obrigações, sendo que a herança recebida pela mulher somente incrementará seu patrimônio pessoal, enquanto que a herança recebida pelo homem é maior porque este deverá gastar dele com sua família e esposa. Desta forma percebemos a equidade e justiça que a Shariah estabeleceu para ambos os sexos. Universidade da Região da Campanha. Campus Curso de Direito. Bagé – RS – Brasil. Abraço. Davi.