Hindu
“Então Ele se deu conta, e disse: Eu sou a criação, pois Eu a retirei de mim mesmo. Desse modo Ele se tornou a sua criação.
Em verdade, aquele que conhece isso se torna, nessa criação, um criador”.
(Upanishads)
Em verdade, aquele que conhece isso se torna, nessa criação, um criador”.
(Upanishads)
O
Hinduísmo não separa o conhecimento em compartimentos estanques. A
filosofia, a mitologia e a espiritualidade nessa tradição estão
integradas. O mito tem grande importância
porque procura uma maneira de apreender a essência das coisas e fatos.
Por isso descreve não apenas uma realidade, mas a percepção humana de
eventos e experiências da realidade. As filosofias da Índia se
concentram na essência da verdade última e fundamental.
Consideram o pensamento lógico inadequado e insuficiente para captar e
expressar essa verdade. A espiritualidade é vivenciada naturalmente, e o
sagrado está presente no cotidiano experimentado pelos adeptos do
hinduísmo. Sem dúvida o coração espiritual do
mundo pulsa e vibra nessa tradição milenar que apresenta uma concepção
unificadora do sentido da vida, e de estar vivo.
COSMOLOGIA E TEOGONIA
O MITO PRIMAL
No
vazio, infinitas possibilidades navegavam entre o ser e o não ser.
Brahman, Aquele que se expande, e
que não tem início nem fim, Aquele que é e que está além do tempo e do
espaço, e de toda compreensão e definição, decide criar.
Da
sua vontade a energia criadora Brahma desabrocha. Brahma, que estava em
estado latente, adormecido nos
infinitos azuis, aguardava o momento de entrar em ação. Ele desperta e
tem inicio a criação e manifestação dos universos, das galáxias e dos
mundos.
Quando
Brahma desperta, o “OM”, o “Pranava” o som da criação desloca a energia
da qual todas as coisas são
manifestações. De seus olhos emana a luz que revela e do som a forma do
universo, as miríades de galáxias, e sistemas estelares. Assim nasce o
Dia de Brahma, que terá a duração de 311 trilhões de anos.
Quando
o universo atinge o máximo de sua expansão começa a retrair-se e
desaparece. O vazio outra vez espera
o momento do nascimento de mais um Dia de Brahma ter início. Isso
acontecerá quando pela vontade de Brahman outro universo nascerá e assim
sucessivamente.
É
interessante lembrar que a mitologia hindu já falava de expansão e
retração do universo mais de cinco
mil anos atrás. Hoje os astrônomos e astrofísicos confirmam
cientificamente as afirmações feitas pelos mitos hindus da criação.
A
seguir, Brahma, a energia criadora, faz surgir de si mesmo seu aspecto
feminino Saraswati, a deusa da
sabedoria, a portadora do conhecimento e da inspiração. A deusa, que
detém em suas mãos os livros sagrados e a Vina, um instrumento de
cordas que ao serem tangidas libera o som do OM.
Na
sequência, Vishnu, a energia mantenedora, surge deitado sobre a
serpente da eternidade navegando no oceano
cósmico. Dele surge seu aspecto feminino Lakshimi, a deusa da beleza,
harmonia, criatividade e acolhimento. Ele dorme e sonha, e o seu sonho
se traduz como a manifestação material da vida. Lakshimi, com amor,
massageia seus pés suavemente para que ele não
acorde, e Maya, a ilusão, continue mantendo a realidade material, e a
forma de todas as coisas.
Shiva,
a potência transformadora, dança a Tandava, a dança das possibilidades,
da transformação, então entra em
ação. Ele é a energia que movimenta a criação e destruição de tudo que
existe. Shiva, assim como Brahma e Vishnu, também estão no interior de
todos os seres, que por sua vez são partículas infinitesimais do
universo e emanações de Brahman, O Indecifrável e
eternamente louvado.
COMENTÁRIO
Platão
disse que a alma é um círculo e Deus é um ponto no centro do círculo.
Seguindo esse raciocínio, os mitos primais e a teogonia e cosmologia
hindus ensinam que do centro
do círculo, Brahman, o ponto, emana sua vontade, e sua vontade se
revela como a criação, a manutenção e a transformação de tudo que
existe. É desse centro que provém a energia que tem como vestimenta
sagrada a natureza, e nos faz humanos e divinos ao mesmo
tempo. Somos cocriadores, mantenedores e transformadores, assim como os
três aspectos da Trimurti, Trindade. Quando rompemos os véus da ignorância,
tomamos consciência da nossa verdadeira identidade e origem. A partir
daí acontece a conexão com o divino pelo coração,
e descobrimos que a transcendência é o esteio da sobrevivência, e o
espírito é o lustro e o lastro da razão. E assim atingimos a excelência
humana, usufruímos da vida sem empobrecê-la, e servimos a vida com
reverência. Desse modo nos capacitamos para a fusão
com o divino, o centro do mistério do nosso ser profundo.
UMA BREVE INTRODUÇÃO AO HINDUÍSMO
Há
cerca de 3000 anos A.C. uma civilização muito adiantada habitava o
vale do Rio Indo, na Índia. Pouco se sabe ainda
sobre essa civilização, mas as ruínas de duas cidades denominadas
Mohenjodaro e Harapa atestam que esse povo possuía uma arquitetura
preciosa, excelente traçado urbano, reservatórios de água e sistema de
saneamento básico, armazenagem de grãos sofisticados,
e anfiteatros para reuniões públicas e espetáculos artísticos. O povo
que lá vivia era chamado Drávida.
Esculturas e afrescos nas paredes das duas cidades evidenciam que os Drávidas eram muito espiritualizados
e que reverenciavam as forças da natureza, e a Mãe Terra.
O culto a Shiva, o Senhor da Natureza, e a Shakti, a deusa, assim como à serpente, ao touro e ao elefante
era uma característica desse povo.
Por
volta de 1500 A.C. povos nômades arianos chegaram ao vale do rio Indo,
vindos do nordeste da Ásia.
Os Drávidas foram dominados pelos invasores, mas sua cultura e
religiosidade se entrelaçaram. Os arianos trouxeram os Vedas, sua
filosofia e mitologia, e os panteões mitológicos assim como sistemas
filosóficos se mesclaram. Dessa mistura nasceram os fundamentos
do hinduísmo.
O
hinduísmo é mais do que uma religião, é também uma filosofia e uma
conduta de vida. Não se baseia num
único livro sagrado, e sim em vários, todos de igual relevância, e
nos ensinamentos de vários mestres. Ele representa uma cultura no mais
amplo sentido do termo e, como tal, foi influenciado por outras culturas
que para ele convergiram. Dentre essas culturas
e religiões que foram importantes na formação do hinduísmo moderno
destacam-se o Jainismo e o Islamismo. Não se trata de uma religião
politeísta nem mesmo panteísta como muitos julgam, mas, monista.
Baseia-se em um só Princípio que se revela em múltiplos aspectos,
os deuses e deusas.
SHAKTI – A DEUSA
Potência Realizadora
Potência Realizadora
Para
o hinduísmo o idealizador do mundo, para realizar seu desejo, precisa
de um poder executivo, de uma energia que materialize sua intenção; essa
energia é a Shakti, sua
primeira manifestação, seu complemento, nascido de Si mesmo. Sem a
Shakti, a Deusa, não há manifestação da criação. Num mundo cuja essência
é energia, é implícita a necessidade de dois polos aparentemente
opostos, mas que são complementares. Já que a matéria
não é estável, pois é pura energia organizada no espaço tempo. O
masculino e o feminino, o poder idealizador e o poder materializador. A
deusa é a força de coesão, a força centrípeta, que organiza a matéria.
Ela é o receptáculo e o sustentáculo de toda a criação
manifestada.
COMENTÁRIO
Como
energia que movimenta a vida manifestada, a deusa é una e é múltipla. É
por isso que ela tem muitos nomes e formas, que podem parecer
contrários, mas que são aspectos
da unidade na diversidade das expressões de seu poder. A deusa é a
energia primordial em movimento, a Shakti, é também a origem dos ciclos
do tempo. O culto à serpente está ligado à Shakti Kundalini. A Kundalini
(serpente) é a energia adormecida e enrolada
no início da coluna vertebral e, quando se desenrola, abre os portais
da percepção superior. Por isso Shiva é sempre representado com
serpentes em volta do pescoço, braços e cintura, e Kali, um dos aspectos
da deusa, em alguns lugares da Índia é representada
envolta em várias serpentes.
OS DEUSES
BRAHMA
Brahma,
a energia criadora do Inominável. É deus todo impregnado da Divina
Essência de onde tudo flui
e para onde tudo retorna. Essa essência, embora seja invisível, está
presente em todas as coisas. Depois de algum tempo, várias lendas
surgiram sobre o nascimento de Brahma como um deus personificado. A mais
conhecida delas narra que Brahma, enquanto energia
sem forma, criou as águas e nela deixou cair um ovo de ouro, chamado
Hiranyagarba. Esse ovo de ouro continha a potencialidade de todas as
formas da matéria diferenciada, sendo a origem da vida e da natureza, e de
tudo que existe. A cosmologia hinduísta se baseia
no chamado Dias de Vida de Brahma. Quando ele desperta de seu sono
cósmico e abre os olhos, o universo é criado. A noite de Brahma é a
retração do universo. Um dia de Brahma é chamado Kalpa e dura 4.320.000
anos solares. Um ano cósmico equivale a 360 desse
dias e dessas noites. A vida completa de Brahma atinge 100 desses
anos (...).
A
representação de Brahma é um homem com quatro rostos dos quais são
visíveis apenas três, já que a outra face está na parte posterior da
cabeça. Os rostos representam os 4
quadrantes do universo. Também tem quatro braços e quatro mãos. Na mão
direita carrega um recipiente com água, simbolizando a água da vida, na
mão direita superior traz um livro que simboliza o conhecimento, os
Vedas, Na mão esquerda superior segura uma flor
de lótus, símbolo da pureza espiritual, e a mão esquerda inferior
abençoa ou traz um Japamala (um tipo de terço) que simboliza o tempo. É
apresentado montado no seu veículo animal, o ganso ou o cisne, que são
símbolos do discernimento. Algumas vezes é mostrado
dirigindo uma carruagem puxada por 7 gansos que representam os sete
mundos. O caráter abstrato do deus Brahma não foi assimilado pela
maioria da população e o seu culto por isso se diluiu no tempo, restando
muito poucos templos dedicados a ele.
VISHNU
Uma
das escrituras sagradas do hinduísmo, o Padma Purana diz que o Ser
Supremo desejou manifestar-se e criar
o universo e os mundos. Para tal em primeiro lugar, criou a si mesmo,
na forma de Brahma, a partir do seu lado esquerdo. A seguir criou Vishnu
de seu lado direito. Como havia criado, sentiu a necessidade de
preservar sua criação, e para a evolução de Sua obra,
do centro do seu corpo fez brotar Shiva, o poder responsável pela
transformação e renovação constante de tudo que existe. Sua
vontade de preservar a criação se manifestou com Vishnu Narayana. O
deus Vishnu Narayana surgiu deitado
nos anéis do corpo da serpente Sesha e sonha, e assim preserva a
existência navegando pelo oceano cósmico. O sonho de Vishnu é toda a
criação; enquanto sonha, do seu umbigo surge o caule de uma flor de
lótus, Quando a flor se abre, Brahma senta-se no centro
dela para viver seu Kalpa, o Dia de Brahma. Após esse período,
termina o sonho de Vishnu, a flor de lótus se fecha e o universo se
dissolve no vazio. A flor desaparece para aparecer no próximo sonho de
Vishnu e assim sucessivamente. Vishnu
é representado com pele azul escuro. Possui quatro braços e mãos.
Veste-se com uma calça de seda
da cor amarelo ouro e traz o dorso nu adornado por joias. Na cabeça
carrega uma coroa ricamente cravejada de pedras preciosas. Carrega em
suas mãos uma borduna de ouro, o Chakra (roda), um grande búzio e uma
flor de lótus. A borduna simboliza a luta pela vida,
o Chakra a energia que tudo permeia e movimenta, o búzio, representa o
som primordial que gera as formas da natureza, e a flor de lótus
representa a espiritualidade. No plano superior Vaikunta é a morada, o
domínio particular de Vishnu. Como o Senhor de Vaikunta
ele é chamado Vaikuntanatta, e é representado com quatro cabeças e oito
braços, e simboliza a integração das polaridades, a inteireza. Os
avatares são aspectos do deus Vishnu. Esses seres são raios divinos que
assumem forma humana e são considerados encarnações
terrenas de Vishnu. Muitos templos são dedicados a Vishnu e estão
espalhados por toda a Índia.
Comentário. No hinduísmo temos deuses Védicos e deuses Purânicos. Os deuses Védicos trazidos pelos arianos se mesclaram aos deuses preexistentes e
às crenças do povo local.
Os Puranas são narrativas descritas e condensadas sobre o nascimento, o
complemento feminino, ou seja, a deusa Shakti do deus, as funções e
grandes aventuras e feitos épicos dos diversos deuses e heróis. Alguns
deuses Védicos foram incluídos nos Puranas, outros
se fundiram em um único deus com atributos mais amplos. Vishnu é um
exemplo disso. Nos Vedas ele não é um deus importante, porém durante o
período épico ele foi identificado com Krishna, o herói máximo do
hinduísmo, considerado um deus vivo, e isso redimensionou
sua importância.
SHIVA
Shiva significa o bondoso e todo auspicioso. Nas ruínas de Mohenjo Dharo e Harapa cidades localizadas no vale do rio Indo foram encontradas imagens de 3000 anos representativas daquele que veio a ser Shiva, o Senhor dos Três Mundos. Nas esculturas e relevos encontrados ele tem três cabeças, está sentado na posição de iogue, e tem ao seu redor vários animais. Durante mais de 30 anos Shiva vem sendo adorado e várias narrativas purânicas o enaltecem sob diferentes aspectos. Esse deus provavelmente é o precursor de Shiva.
Os
arianos Védicos não têm Shiva em seu panteão de deuses, mas Rudra, um
deus Védico foi assimilado no hinduísmo
moderno como um aspecto violento de Shiva. O deus enquanto Rudra é o
Senhor das Tempestades, do desencadeamento incontrolável das forças
naturais, e é temido pelos outros deuses e visto como o aspecto irado de
Shiva. O deus apresenta um aspecto benevolente
e um aspecto violento. No Ramayana e no Mahabharata, duas epopeias
sagradas do hinduísmo, o deus é o todo poderoso Senhor dos Himalayas e
Pashupathi o Senhor da Natureza que tem nas mãos o Trishula, a arma mais
poderosa do mundo. Essa arma é um tridente que
representa os três mundos, físico, astral e causal assim como os três Gunas, qualidades inerentes a tudo que existe: Tamas, inércia, Rajas,
movimento, Satwa, essência pura.
O
símbolo de Shiva é o Linga, ou Lingam, que significa falo (ou pênis). O portador
do mistério do principio criador
que dá vida a novos seres e que contém potencialmente toda a herança
divina e a memória genética das espécies. No Shiva Purana, Vidyeshvara
Samhita, está escrito: Shiva disse: Não sou diferente do falo. O falo é
idêntico a mim. Ele aproxima de mim os fiéis,
portanto é preciso venerá-lo. Meus bem amados! Onde há um linga, estou
presente.
A
união de Shiva Shakti é representada pelo Linga depositado na arguia,
o seu receptáculo. A união do
Lingan e da Ione é a integração das polaridades masculina e feminina, o
universo e a natureza em eterna conjunção amorosa. Segundo as
escrituras sagradas existem lingans exteriores e interiores e
imateriais, não perceptíveis, porém reconhecíveis por aqueles
que atingiram o conhecimento superior. As vezes o lingan é representado
como um obelisco, um pilar erguido no pátio dos templos dedicados ao
deus. Shiva é adorado por milhões de devotos em inúmeros templos
espalhados por todo o território indiano.
Nataraja
(O Senhor da Dança). Como Nataraja o deus executa sua dança cósmica
denominada Tandava e assim
destrói e recria universos e mundos. Trás em uma das mãos o tambor
Damaru que tem a força de uma ampulheta, simbolizando a criação do
espaço tempo, e quando o deus bate o tambor o OM (a invocação mística, mantra, mais importante) ressoa em todos os
quadrantes do universo criado. Na mão superior do lado
direito ele carrega o fogo da transformação e transmutação e a mão do
braço inferior aponta para o joelho erguido enquanto ele se equilibra
num pé só e dança. Ele representa a possibilidade do êxtase da superação
dos limites do intelecto, para o contato com
o divino para receber mensagens de sabedoria. Como Lalatatilakam, ele
tem oito ou dezesseis braços. E tem um dos pés sobre o anão Apasmar, que
simboliza o eu inferior, enquanto o outro se ergue no alto.
Pashupati. O Senhor dos Animais. O rebanho de Shiva Rudra compreende todos os
seres vivos, inclusive a
humanidade. Entre animais deuses e humanos a diferença está nos papéis
que representam e no nível de consciência. Como Pashupati, Shiva vela
pela natureza, pelos animais e pelos homens. Shiva criou os gênios
das florestas, os gnomos, as sílfides, sátiros,
ninfas e devas (anjos). Pashupati chefia esses gênios e se manifesta
através deles no mundo natural. O deus tem como função ensinar aos
homens qual o seu verdadeiro lugar e qual o seu papel na natureza. Ele
ensina que os seres humanos são mais um dentre os
elementos de uma totalidade, e que essa totalidade é a obra de Deus.
Ardhanarishvara. O Divino Hermafrodita. O Princípio Universal. Representado como
homem do lado direito
e mulher do lado esquerdo. O poder de conceber e o poder de realizar,
quando estão reunidos se manifestam no limite entre o manifesto e o não
manifesto, esse ponto se chama Bindu, é o ponto de partida do espaço
tempo. É desse ponto que surge Nada o som
sagrado que é a substância do universo. Interessante salientar que o
espaço é o princípio feminino e o tempo é o masculino. A divindade é
feminina e masculina. O deus no seu aspecto andrógino simboliza a
superação dos opostos.
Sthanu. O Pilar de Sustentação. Nesse aspecto o deus é representado como a coluna mestra do templo e sua
energia é a coluna mestra que sustenta o caráter dos homens e mulheres que o adoram.
Mahadeva. O Grande Deus. Nesse aspecto ele engloba Girisha, O Senhor da Montanha, é Bhava, o rei, Sharva,
o arqueiro, Shambhu o benévolo, Shankara, o todo auspicioso, e todos os outros sob os quais se expressa.
Iogeshwara. Mahaiogue. Nesse aspecto Shiva ensina aos seres do mundo a religação, o ioga, o caminho
do autoconhecimento, da autorrealização e da comunicação sutil com diferentes níveis de realidade.
Gajasura Murti. O Protetor dos Rituais. Nesse aspecto Shiva é retratado com um pé
sobre uma cabeça de
elefante e uma perna erguida. Tem seis braços. Do lado esquerdo carrega
o tambor Damaru e uma flor de lótus no superior esquerdo a mão
espalmada voltada para o lado de fora. Nos braço superior direito um
pequeno machado e nos dois inferiores um Pasha um
laço e uma chama acesa. Protege os rituais oferecidos ao Lingan.
Bhairava. O Terrível. É representado de pé acompanhado de um cão. Tem os
cabelos eriçados e em chamas.
Tem quatro braços nos dois do lado esquerdo carrega uma naja e um
tridente nos da direita o Pash, o laço e uma cuia. Esse aspecto é
reverenciado por marginais e pelos intocáveis.
Sadashiwa. O Eterno. Também é conhecido como Panchanana, o que tem cinco faces. É retratado com cinco faces
e dez braços. Nesse aspecto ele representa a criação, a preservação, destruição o mistério e a redenção.
OS DEUSES VÉDICOS
Os
arianos Védicos adoravam as forças da natureza e assim teve início o
culto animista entre eles, isso
trouxe a visão da natureza animada e inteligente. Os fenômenos naturais
exerciam enorme influencia na vida exterior e no universo interior
desses povos. Como os fenômenos eram inexplicáveis e assustadores foram
criadas para eles personalidades individuais,
características, formas, égide e domínios para que pudessem ser
invocados pelas pessoas como entidades divinas. E assim os fenômenos
naturais assumiram gradualmente formas humanas, frutos da imaginação
coletiva para poder identificar os objetos de sua devoção,
louvar e eventualmente aplacar sua ira. A seguir vamos apresentar
alguns dos principais deuses védicos.
A TRINDADE VÉDICA. Inicialmente a divina trindade Védica se constituía dos deuses Agni,
Indra e Surya. Porém vários mitos da criação se referem a Projapati,
como do deus criador do universo, do mundo e de todos os deuses. Dyaus
era o nome do céu e Prithivi da Terra e também
eram considerados os pais de todos os seres e de todos os deuses.
AGNI. O fogo sagrado e sacrificial foi personalizado como Agni, sendo
considerado como o mensageiro luminoso entre os homens e os deuses. Suas
labaredas levam às intenções, os desejos, as orações e os sacrifícios
dos homens para o céu na esperança de receber graças.
Ele é representado com dois ou sete braços, duas cabeças e três pernas.
Das duas bocas saem chamas como línguas ardentes, e estas lambem a
manteiga clarificada Ghee oferecida a ele nos rituais. A manteiga
clarificada simboliza a purificação da mente. Nas
gravuras e estátuas Agni aparece montado em um carneiro ou dentro de
uma carruagem puxada por cavalos de fogo. Seus atributos são o machado
que abate para recriar, a tocha do fogo transmutador, e a lança
flamejante que indica caminhos de transformação.
INDRA. Ele é senhor de todos os elementos naturais, da fertilidade da terra e
da chuva. Seus domínios são os céus. Sempre que a seca avassala a terra e
ameaça as populações com a fome e a sede Indra é invocado para que
envie as chuvas redentoras. Indra o senhor dos
exércitos de devas e elementais do ar comanda inúmeros seres mágicos
que produzem sons celestiais e organizam e formam as nuvens. Estas por
sua vez trazem as chuvas que eliminam os danos da estiagem. Ele é
representado montado em um elefante que possui três
trombas e quatro presas. O deus tem quatro braços e seus atributos são a
espada que defende do mal e ceifa para transformar, o arco e as
flechas que indicam a intenção e a determinação, um cetro como símbolo
do seu poder e um Vajra curador. Interessante
ressaltar que no Tibete o Vajra já era e é utilizado através dos
tempos nos rituais de cura tântrica, trata-se de um objeto que simboliza
a união das polaridades, Indra é retratado algumas vezes com dois
braços apenas e olhos por todo o corpo.
SURYA. O Deus Sol. É adorado como o criador do universo e aquele que
engendrou Yama e Yami as primeiras criaturas humanas sobre a Terra. Os
seres correspondentes a Adão e Eva na mitologia judaico cristã. Surya
também é conhecido como Savita. Ele percorre os céus
sentado em uma carruagem dourada, puxada por sete cavalos ou por um só
cavalo com sete cabeças. Ele é todo dourado e traz na cabeça uma coroa e
atrás dele um resplendor. É representado com duas mãos, em cada uma
delas carrega uma flor de lótus ou então com
quatro braços e mãos, carregando nelas uma flor de lótus, um disco que
gira em velocidade (Chakra), um búzio e numa delas faz o Abaya Mudra, o
gesto que significa não tema. No hinduísmo moderno Surya ocupa uma
posição pouco significativa. Ele está entre
os deuses associados aos planetas e estrelas. Atualmente Surya vem
sendo cada vez mais assimilado por Vishnu.
SOMA. O deus do êxtase. Soma rege a mente humana e produz Amrita que é o
alimento dos deuses. Ele é filho de Varuna, o senhor dos oceanos que lhe
ofereceu o posto de deus da lua. Os 36.000 deuses se alimentam da Amrita produzida por Soma durante um mês, e o
fazem para poder conservar sua imortalidade. Isso enfraquece muito o
deus Soma seu corpo diminui aos poucos até que ele definhe (as fases da
lua). Então, Surya, o deus Sol aquece os oceanos, e as águas vão até
Soma como vapor hidratante e então as suas forças
são restituídas. E assim, ele volta a crescer e a produzir Amrita um
processo contínuo. Ele também é conhecido pelo nome de Chandra. É
representado sentado numa flor de lótus sobre uma carruagem prateada que
tem a forma de dois cornos (chifres), sendo puxada por um antílope.
O deus tem dois braços e com a mão esquerda abençoa enquanto a outra
ergue um cetro, símbolo do seu poder
VARUNA. Inicialmente era considerado o regente da ordem cósmica. Seu olho único
era o sol e sua respiração os ventos. Reza o mito que depois de uma
batalha entre os deuses os vencedores definiram outra hierarquia e nova
ordem de importância e regência, e a Varuna
coube apenas os oceanos, o que não é pouco, pois corresponde a setenta
por cento do planeta Terra. Ele é representado montado sobre o lombo de
um monstro marinho chamado Mekara, metade uma mistura de peixe,
tartaruga e antílope. Tem três ou quatro braços e
seus atributos são a serpente, significando a sinuosidade das águas do
mar e o laço semelhante ao ANK egípcio simbolizando a trajetória do
homem na busca de si mesmo.
VAYU. O deus dos ventos, é também chamado Vata, o purificador. Nos hinos Védicos ele é descrito como infinitamente belo. Quando se locomove em
sua carruagem celeste puxada com cem cavalos brancos, faz muito ruído e
vai limpando a atmosfera e renovando a vida permitindo
que as semente se espalhem e as colheitas seja abundantes. Vayu tem
como atributos dois estandartes brancos.
YAMA. O Deus da morte foi em princípio o primeiro mortal. Foi morrendo que
ele encontrou o mundo dos mortos, e desde então é quem guia todos os
seres depois da morte para o seu reino invisível. Yama é também o deus
que arbitra a morte, define dia, hora e maneira
de cada ser vivo morrer. Nas ilustrações ele é representado com a pele
verde e as vestes vermelhas. Está montado sobre um búfalo ou um touro
preto, e tem dois braços e duas mãos. Com uma das mãos faz o Mudra da
ausência de medo e na outra carrega uma borduna
simbolizando a coragem e o destemor.
VISHVAKARMA. No panteão Védico é o criador de todos os deuses e de todas armas,
atributos e veículos usados por eles. Ele criou o universo e todas as
coisas vivas, e por isso, cuida delas e as protege. Ele é o patrono dos
artesãos, dos músicos e de todos os artistas. É
representado sentado num trono e em volta do espaldar do seu assento
estão representadas várias ferramentas e pincéis. Tem quatro braços e
quatro mãos numa mão inferior carrega um livro simbolizando o
conhecimento. Na numa outra carrega um jarro com água simbolizando
as águas do oceano primordial, a água da vida Nas mãos superiores ele
sustenta uma flauta simbolizando o som criador e um cetro símbolo do seu
poder.
KUBERA. Nos Vedas ele é citado como o senhor dos Yakshas, espíritos que
guardam os tesouros terrestres. É o guardião dos Ponteiros do Compasso
com o qual foi desenhado o mundo. É o deus da riqueza material da
prosperidade e da abundância. Ele é representado sentado
num trono ricamente decorado, coberto de joias e trazendo uma coroa
cravejada de pedras preciosas na cabeça.Tem dois braços e duas mãos e
seus atributos são um mangusto, o animal imune ao veneno que simboliza a
proteção contra a inveja, uma borduna, simbolizando
a luta pela sobrevivência, uma romã, símbolo de abundância, um jarro
d’água simbolizando a vida e um saco com moedas, a riqueza.
OS DEUSES PURÂNICOS
Os Puranas são narrativas sobre determinado deus ou deuses, incluindo seus complementos femininos, suas
Shaktis. Falam também sobre a morada cósmica dos deuses, os chamados planetas superiores. Narram
seus ensinamentos, suas encarnações, suas manifestações, seus poderes e
feitos, As narrativas também
se referem a outros deuses que por ventura tenham feito parte das
façanhas do deus enfocado. Dos Puranas constam os deuses e deusas
anteriores à invasão ariana, embora o período Védico também esteja
representado com deuses de menor representatividade.
AS ENCARNAÇÕES DE VISHNU. OS AVATARES
Segundo
as escrituras sagradas do hinduísmo, sempre que o planeta esteve ou
estiver sofrendo etapas de transformações ou sofrendo devido a ação das forças negativas e maléficas, Vishnu
encarnou e encarnará na Terra. Essas encarnações são chamadas avatares.
Algumas aconteceram e outras acontecerão em diferentes períodos e
estágios da evolução planetária e humana.
MATSYA. O Homem Peixe. Esta foi a primeira encarnação de Vishnu. Foi Matsya
quem orientou Manu, Adão bíblico, o ancestral do gênero humano, na missão de proteger
os animais e a humanidade, e preservá-los por ocasião de um grande
dilúvio que inundaria a Terra. Matsya pediu que Manu
construísse um grande barco e nele colocasse exemplares de animais e
humanos. Quando o dilúvio aconteceu, Matsya conduziu o grande barco e
salvou a vida no planeta. É impressionante a coincidência com a narrativa do Gênesis 6. Ele é representado metade homem e metade peixe
com quatro braços e mãos que sustentam as égide, escudo,
de Vishnu. Matsya protagoniza a versão indiana do dilúvio bíblico.
KURO. Homem Tartaruga. Esta foi a segunda encarnação de Vishnu. Nos
primórdios, deuses e seres demoníacos viviam batalhando constantemente, e
em dado momento, os seres demoníacos tornaram-se tão poderosos que os
deuses, sentindo que perderiam a batalha pelo enfraquecimento
dos seus poderes, recorreram a Vishnu. O deus ordenou que os demais
deuses batessem o oceano até que ele se solidificasse, de maneira que Amrita, o alimento dos deuses, pudesse ser nele depositado para que os
deuses se nutrissem e pudessem vencer a batalha.
Para isso, Vishnu usou o monte Mandara como batedeira, e assumiu a
forma de uma tartaruga cujo casco serviu de base para sustentar a
montanha, evitando que ela soçobrasse. A seguir, Vishnu assume a forma
de uma linda mulher cuja beleza encanta os demônios
e a luxúria neles despertada, os enfraquece, permitindo assim que os
deuses fortalecidos saíssem vencedores. É representado metade homem e
metade tartaruga, e tem nas mãos a maça símbolo da luta pela
sobrevivência, o livro símbolo do conhecimento, o búzio
do som primordial e o disco girante simbolizando a energia que move a
vida.
VARAHA. A terceira encarnação de Vishnu tem a forma de um homem com cabeça de
javali. Dos mitos anteriores, esse e os demais falam sobre as
sucessivas encarnações de Vishnu, referem-se aos ciclos de evolução da
vida no planeta. Varaha salva a deusa Prithivi, a
Terra, quando ela foi raptada por um demônio e levada para as
profundezas do oceano. O homem javali mergulha no oceano, luta com o
demônio e sai vencedor. Traz a deusa de volta e a torna outra vez capaz
de abrigar a criação. Ele recria a natureza, e todas
as criaturas vivas, também redesenha continentes e montanhas. Varaha é
representado como um homem de pé com cabeça de javali, e suas grandes
presas sustentam o planeta Terra, ele tem quatro braços e nas mãos
carrega os atributos inerentes a Vishnu.
NARASIMHA. A quarta encarnação de Vishnu apresenta-se como metade homem e metade
leão. Como vemos as formas do deus encarnado vão se tornando mais
complexas a cada ciclo que se cumpre. Conta o mito que um homem chamado
Hiranyakashipu desacatou Vishnu e foi condenado
pelo deus a viver sua vida como um demônio. Apavorado, recorreu a
Brahma e dele recebeu uma graça. Brahma disse que ele estaria protegido e
que não seria ferido nem morto por nenhum tipo de arma ou animal nem de
dia nem de noite, ao ar livre ou em lugar fechado.
Hiranyakashipu tornou-se tão vaidoso, pretensioso e prepotente que
passou a perturbar os deuses. Vishnu decidiu intervir. Assumiu a forma
de um homem com cabeça de leão (nem animal nem homem), ocultou-se atrás
de uma pilastra do palácio onde morava o demônio
Hiranyakashipu e o agarrou na hora do pôr do sol (nem dia nem noite)
exatamente na soleira da porta (nem fora nem dentro) e o matou com suas
afiadas garras (sem armas). Como vemos, ninguém foge dos desígnios e da
ação da divindade.
VAMANA –
A quinta encarnação de Vishnu inicia um ciclo de formas humanas. Conta o
mito que Hiranyakashipu, o demônio, tinha um neto chamado Bali que
tornou-se rei. Como rei ele era terrível, tão poderoso que conseguiu se
apoderar dos três mundos, e banir os deuses
das regiões celestiais. O povo rogou pela intervenção de Vishnu, o deus
atendeu às preces e assumiu a forma de um anão. Pediu uma audiência ao
rei, foi recebido e pediu que Bali lhe concedesse um terreno, cuja
medida fosse apenas de três de suas passadas,
para que nele pudesse sentar e meditar. O rei concordou debochando do
pedido, então imediatamente o anão se transformou no gigante Trivikrama.
Com uma passada o gigante cercou o céu, com a segunda, a Terra, e
quando o rei viu que com a terceira passada o gigante
cercaria o interior do planeta, rendeu-se. Bali percebeu que tinha sido
derrotado por Vishnu. O deus então lançou-o no vazio para todo o sempre
e assumiu o reinado. Vamana é representado como um anão de pé
carregando um guarda-sol aberto numa das mãos e na
outra uma jarro com água.
PARASHURAMA.
É a sexta encarnação de Vishnu, e desta vez como um homem normal. Reza
o mito que numa época distante existiam constantes conflitos entre os
brâmanes, os sacerdotes e os Xátrias, os guerreiros, as duas castas mais
altas da sociedade hinduísta. Parashurama
acabou com essas desavenças. Por isso, ele é representado vestindo uma
pele de tigre como um asceta e carrega as armas de um guerreiro. Seus
cabelos estão penteados como os cabelos de um sacerdote e no rosto
ostenta longas barbas e bigodes, ele carrega numa
das mãos um machado (Parashu) e na outra um arco e flechas.
RAMA.
É a sétima encarnação de Vishnu, e o grande herói do épico Ramayana. A
saga de Rama narrada no Ramayana traz ensinamentos filosóficos e éticos e
revela de modo poético a história de deuses, seres demoníacos, homens e
homens macacos e naves espaciais, os Vimanas.
O rapto de Sita, uma encarnação da deusa Lakshimi, é praticado por
Ravana, um Asura (ser demoníaco), que era o rei do Ceilão, Sri Lanka, e isso
desencadeia uma batalha chefiada por Rama. Nessa batalha ele conta com a
ajuda de seu irmão Lakshmana e de Hanuman, o
homem macaco. Hanuman, ao libertar Sita do domínio de Ravana, perde a
cauda, que se incendeia, e dá um enorme salto, atravessando o mar de
volta para a Índia. Uma alegoria que pode ser interpretada com um salto
evolutivo. Rama derrota Ravana e quando de volta
à floresta, agradece a Hanuman por este ter resgatado Sita, dizendo-lhe
que como recompensa lhe daria qualquer coisa que pedisse. Hanuman
responde que a maior recompensa seria poder estar sempre aos pés de
Rama, seu senhor. Por esta razão, Hanuman é considerado
o símbolo do devoto perfeito. Rama é o avatar que simboliza o Dharma, a
Lei cósmica em forma humana.
KRISHNA. A oitava encarnação de Vishnu. Krishna vem à Terra para derrotar o rei
demoníaco Kamsa no reino de Mathura. Krishna nasce do ventre da princesa
Devaki, irmã de Kamsa e tem como pai o príncipe Vasudeva. Kamsa é
avisado por um espírito que do ventre de Devaki
nasceria aquele que o mataria e por isso aprisiona a irmã e o cunhado
numa cela por anos e mata os filhos do casal assim que nascem. Quando
nasce Krishna, Vishnu aparece na cela e diz para Vasudeva sair da cela e
levar a criança para Nanda e Iashoda criarem.
Vishnu liberta Vasudeva e este atravessa o rio e entrega o filho a
Nanda, o chefe de um clã abastado que acolhe o menino e o cria como
filho. O Bhagavata Purana narra com detalhes toda a vida de Krishna e
seus milagres. Krishna significa pele escura, por isso
é representado com a pele no tom azul escuro. No Mahabharata, a epopéia
cósmica do homem sobre o planeta, está inserida a Bhagavad Gita, A
Canção do Senhor que narra a batalha de Kurukshetra, e os ensinamentos
universais de Krishna ao príncipe Arjuna. O príncipe
do clã dos Pandavas, diante do avatar guerreiro, representa a
humanidade. Krishna é adorado por milhões de pessoas na Índia e fora da
Índia, e é representado como criança, como adolescente e como adulto.
Como criança chama-se Bala Krishna; como adolescente
Venugopala, o pastor que pastoreia o gado tocando sua flauta chamada
Murali; e como adulto é o rei guerreiro que restaura o Dharma na Terra.
BUDHA. O Budha, o Iluminado, é tido no hinduísmo como a nona encarnação de
Vishnu. Diz o mito que Vishnu assumiu a forma do príncipe Sidharta para
pôr fim aos desmandos dos sacerdotes brâmanes e purificar o hinduísmo
das contaminações e desvios de princípios. Para
isso, ele ensinou o caminho do meio e como os seres humanos podem se
livrar da roda de Samsara, a roda de nascimentos e mortes. É
representado como um homem jovem e esbelto sentado sobre uma flor de
lótus, com o rosto sereno e os olhos semi abertos, em profunda
meditação. Sua vestimenta é amarela e despojada, e não usa nenhum
adorno.
KALKI. Esta que será a décima encarnação de Vishnu, ainda não aconteceu.
Segundo o Vishnu Purana, na presente era a humanidade será envolvida por
energias trevosas. Os valores morais, éticos e espirituais serão
ignorados, e a Terra conhecerá o desespero e a confusão
generalizada. Então, será o momento de Vishnu voltar a encarnar no
planeta. Na ocasião ele assumirá a forma de Kalki, o Avatar. Kalki
chegará brilhante com uma estrela, e trará a restauração do Dharma, dos
princípios e valores humanos. Ele restabelecerá a
lei e a justiça para salvar a raça humana e o planeta. Kalki é
representado como um jovem ricamente vestido e adornado montando um
cavalo branco e empunhando uma espada.
MAHADEVI – A GRANDE DEUSA
A DEUSA E SEUS DIVERSOS ASPECTOS
O
Princípio Feminino Cósmico é identificado como Devi (deusa) e Mahadevi é
a Grande Deusa, a Mãe Divina.
A deusa se apresenta sob os vários aspectos da manifestação do
feminino. A potência feminina se revela como fonte e berço de todas as
formas vivas, e por isso traz em si o poder de criação, manutenção e
destruição da vida. A deusa é uma e é múltipla, embora
tenha muitos nomes e formas. A Grande Mãe está presente em todos os
seres, é o elo que nos liga à matéria, e ao mesmo tempo é através dela
que nos libertamos dos apegos que nos prendem ao mundo.
KALI. A POTÊNCIA DO TEMPO
É
o aspecto da Devi que representa o princípio de onde tudo surgiu e para
onde tudo retorna. Kali é a deusa
que permite a dissolução dos condicionamentos temporais, ela destrói o
medo de viver a vida e da finitude, a morte. Mãe Kali oferece aos seres
humanos, pela sua energia avassaladora, a liberdade de viver a plenitude
do momento presente, e desse modo exercer
a coragem, a autoconfiança e aceitação do poder pessoal. Ela é
representada com os mesmos atributos de Shiva enquanto potência
destruidora. É representada em geral destruindo demônios, que
representam as forças maléficas externas, e os defeitos e más tendências
internas de quem a invoca. Kali é invocada também como protetora contra
influências nefastas das ações dos inimigos. Os fiéis costumam entoar
mantras dedicados a Kali pedindo clemência diante das agruras e desafios
da vida, assim como a superação do karma
negativo. Ela é representada sempre em movimento, o corpo azul escuro
ou preto adornado por crânios e serpentes, traz numa das mãos uma foice
erguida. Kali é a deusa que rege os ciclos da vida de nascimentos e
mortes.
DURGA
É
um dos mais venerados aspectos de Devi. É adorada como incorporação dos
elementos da natureza, elementos
estes que, unidos, criam e mantêm as formas de vida e para onde a vida
manifestada retornará. Reza o mito que Durga, no início do Dia de
Brahma, recebeu o dom de ser o elemento ativo, a Shakti do Absoluto
Impessoal, o aspecto feminino da divindade. Ela é chamada
a Inacessível, a Grande Mãe, ela é a primeira emanação feminina de
Shiva. Durga é a deusa que nutre, protege e renova a natureza, os
animais e as pessoas. Porém, ela é principalmente uma deusa guerreira,
lutando constantemente para defender a Terra e a humanidade
contra os demônios representados pela ignorância espiritual: egoísmo,
despeito, ira, cobiça, inveja, despotismo, desrespeito, desonestidade e
outros antivalores. Um dos mais importantes festivais devocionais da
Índia é dedicado a Durga; esse festival se chama
Navarathri, e tem a duração de nove dias e noites.
AMBA
Esse
aspecto da deusa representa a Mãe do Mundo, e data do período
pré Védico. Ela é representada como uma
linda mulher de dorso nu coberto por joias. Na cabeça tem uma coroa de
pedras preciosas. Ela está sempre sentada em um coxim e tem dois braços e
duas mãos. Numa das mãos ela segura uma flor de lótus e com a outra
ampara um bebê, enquanto o amamenta. Amba é
a deusa nutriz; representa a maternidade como evento divino. Seus fiéis
oram a ela rogando perdão pelos seus erros, pelo aconchego generoso do
divino colo materno e pelo cuidado amoroso.
CHAMUNDI
É
o aspecto da deusa que destrói a ignorância espiritual. Ela é a Shakti
cuja energia elimina os maus instintos
e os vícios. É representada montada numa coruja, um símbolo de
vigilância, atenção e sabedoria. Algumas gravuras e estátuas mostram-na
com quatro braços e outras com dez braços e mãos. Os seus atributos
incluem uma lança, símbolo de luta e coragem, uma tigela
em forma de crânio, representando a transitoriedade da vida, um escudo,
uma espada e um machado, símbolos de transformação. Chamundi é uma
deusa guerreira.
MAHESHWARI
É
a deusa que liberta os seus fiéis das garras da ganância.É parceira
de Shiva e como ele se manifesta
como energia transformadora. É representada sentada sobre o dorso de um
touro branco. Tem três olhos abertos simbolizando a visão
transcendental, quatro braços e mãos, e seus atributos são a lança e o Japamala (um tipo de terço, com 108 contas), a lança
significa a batalha contra a ganância e a cobiça desmedida; o japamala
simboliza a devoção e a disciplina mental.
INDRANI
É
a deusa que combate a raiva, a ira. É um aspecto da Shakti associado a
Indra. É representada montada sobre
um elefante branco e traz na cabeça uma coroa, tem quatro braços e
quatro mãos e nas mãos carrega uma lança, uma seta em forma de raio
simbolizando o domínio sobre a ira, uma flor de lótus, e uma serpente
simbolizando o estado de alerta necessário para não
se deixar dominar pela raiva.
Ma Durga Kali Devi
Pranam Mantra
OM – SARVA MANGALA MANGALYE
SHIVE SARVARTHA SADHIKE
SHARANYE TRYAMBAKYE GAURI
NARAYANI NAMOSTUTE
SRISHTI STHITI VINĀSHĀNĀM
SHAKTIBHUTE SANĀTANI
GUNĀSHRAYE GUNĀMAYE NĀRĀYANI NAMOSTUTE
SHARANĀGATA DINĀRTA
PARITRĀN PARĀYANE
SARVASYĀRTI HARE DEVI
NĀRĀYANI NAMOSTUTE
KALI KALI MAHAKALI
KALIKE PAP HARINI
DHARMA KAM PRADEDEVI
NARAYANI NAMOSTUTE
KALI KALI MAHAKALI
KALI KE PAP HARINI
SARVA – VIGNA HARE DEVI
NARAYANI NAMOSTUTE
JYANTI MANGALA KALI BHADRAKA
KALI KAPALINI
DURGA KSHAMA SHIVA DHATRI SWAHA SWADHA NAMOSTUTE
DURGA KSHAMA SHIVA DHATRI SWAHA SWADHA NAMOSTUTE
JAY TWAM DEVI CHAMUNDE
JAY BHUTATRI HARINI
JAY SARVA GATE [devi]
KALARATRI NAMOSTUTE
DURGUE MA TEKI – JAY
SRIMMAHA KALI MA TEKI – JAY
OM! Ela é a mais auspiciosa entre todas.
A Causa de todo o sucesso. OH, Gauri de três olhos, a Brilhante, nós te reverenciamos! Oh Narayani! Oh, Divina Mãe!
Eu me curvo à Eterna Narayani, a divina manifestação da energia da criação, da preservação, da destruição.
A essência que permeia as três gunas, Inércia, movimento e essência.
Aquele
que sempre tem bons pensamentos para os outros, que tem uma mente pura,
este é sempre abençoado.
O Senhor é ao mesmo tempo o Criador e o Destruidor, assim ao que está
pleno de virtude e deseja o bem aos outros, este é sempre abençoado. Ao
que age com compaixão aos outros, este é sempre abençoado.
Nossa Reverência a Narayani! A Geradora, a Mantenedora e a Destruidora. O centro remoto de toda a energia,
a base da natureza.
Eu te reverencio, Divina Narayani. Tu que a todo instante cuidas de aliviar os sofrimentos de todos os seres:
dos pobres, dos desesperançados e de todos aqueles que em Ti se refugiam.
Oh! Grande Mãe Kali, Deusa Suprema, Mãe Graciosa, fonte da bem-aventurança, nós reverenciamos a Ti, Divina
Mãe do Universo.
Oh! Kali, a de divino nascimento! Oh, Bhadra kali!
Vitória à destruidora de nossos demônios!
Vitória à salvadora de todos os seres!
Vitoriosa sejas em toda parte.
Oh Mãe, negra como a noite,
Permita que eu me entregue a Ti, completamente.
DEUSA GAYATRI
A DOADORA DA LUZ. A DEUSA DA VIDA
Desde
as épocas mais remotas, a humanidade busca uma aproximação do divino,
um desejo intenso de compreender
a natureza do mundo, a razão de ser da vida e de estar vivo. O culto ao
Princípio Feminino. a Deusa, como fonte da manifestação é dos mais
antigos, e o encontramos na maioria das tradições espirituais do mundo.
Para nós ocidentais a adoração à Virgem Maria
e seus diferentes aspectos é um dos pilares da fé cristã. A Nossa
Senhora e Virgem Mãe Divina, que engendrou um homem-deus sem a
intervenção de um agente masculino, é um dos cultos mais importantes da
cristandade. A Deusa que engendra de si mesma o seu fruto
é uma constante em todas as mitologias do mundo. Na mitologia egípcia,
Isis engendra Horus, na hindu Pavarthi engendra Ganesha, na grega, Hera
engendra Hefaístos, etc (...). São
múltiplos os aspectos de Deus Mãe. Nas civilizações antigas como a
sumeriana, a grego-romana, egípcia,
hindu e celta, e em todo o mediterrâneo proto-histórico, e pré helenico
encontramos a presença da Deusa como um protótipo único, porém com
diferentes formas e nomes. Na Índia, as pesquisas feitas em Mohenjo-Daro
e em Harapa no vale do rio Indo, encontraram
o culto à Grande Deusa, a Mãe Universal e seus diversos aspectos desde
mais de seis mil anos. A
deusa para os povos antigos era reconhecida como soberana nos céus, e
na Terra como potência realizadora,
é a Mãe do Mundo, e tem na Natureza sua vestimenta sagrada. Após a
invasão ariana na Índia, a deusa foi subjugada pelos princípios
patriarcais dos invasores. Porém, emergiu novamente e com força pelo
tantrismo. Atualmente, o hinduísmo acredita que nos diferentes
aspectos da deusa está a base, o movimento, a energia. A Shakti, o
Princípio Feminino Cósmico, é a energia universal da materialização e
realização. As Shaktis, as deusas, têm o poder de criar, preservar e
transformar, destruir e trazer o novo e inusitado
como elemento de evolução. A
deusa Gayatri é adorada como a Mãe dos Vedas, ou Veda Mata e seu
culto é anterior à compilação dos quatro
Vedas. No Skanda Purana existe o seguinte texto: Nada nos Vedas é
superior à Gayatri Devi. Nenhuma invocação é igual à de Gayatr.
Gayatri é, como já disse, a Mãe dos Vedas, mas também é a Mãe dos
próprios deuses, é a Grande Luz da Consciência Cósmica,
é o ritmo que organiza as energias primordiais, o pulsar do coração do
universo. No Rig Veda, a partir do volume III, cântico 62, verso nº 10,
encontramos a história da deusa Gayatri. Ela teria vindo ao planeta
Terra na Sathya Yuga ou, primeira era, que tem
duração de 48.000 anos. A era de ouro, quando o Dharma, Lei cósmica,
os valores espirituais e éticos prevalecem devido as energias puras e
sábias propiciadas pela deusa solar. Ainda no cântico 62 ela é descrita: A Suprema Consciência Cósmica e Transcendental,
o poder, a Mãe divina, é conhecida como Gayatri. Ela é a causa
primordial de tudo que foi o que é, e o que será. Gayatri é a deusa que
cria e manifesta os três Gunas: Tamas, Rajas e Satva, inércia,
movimento e essência pura. Mãe Gayatri é considerada a
mãe de Brahma, Vishnu e Shiva. Estes simbolizam o poder inerente dos
três gunas. As emanações criadoras, mantenedoras e destruidoras de
Brahma. Aquele que se expande, o Inominável. Em
cada um dos Vedas a deusa Gayatri é descrita diferentemente. Isso
porque ela é louvada de formas específicas
nas etapas que marcam o dia que estamos vivendo, e o nascimento do
próximo dia. Pela manhã, o mantra Gayatri evoca vibrações criativas. Ela
é o ritmo, o pulsar do coração do Universo. Ao meio-dia, o mantra
desloca energias e vibrações de preservação. O mantra
no entardecer é entoado para fazer vibrar energias regenerativas. E
finalmente o mantra entoado na madrugada, que louva o poder da Deusa
como portadora da Luz.
O Gayatri Mantra :
OM BHUR BHUVAH SWAHA TAT SAVITUR VARENYAM BARGO DEVASYA DHIMAHI DHIYO YONAH PRACHODAYAT.
Tradução direta resumida e aproximada: Sagrados são os três planos de existência, físico, astral e causal,
sobre a essência da divina Mãe e de Savitri o poder da infinita luz da consciência. Que ela ilumine nosso intelecto. A
maneira de entoar o mantra varia, mas a intensidade do seu poder é
sempre a mesma. O Gayatri Mantra é
considerado o mais poderoso de todos os mantras para os hindus. A Mãe
Divina doadora de vida ilumina a consciência, abrilhanta o intelecto, e
desperta a inteligência do coração nos seus filhos. Glória a Gayatri,
Luz que nasce de si mesma, e cria e recria e
materializa a vida nos múltiplos universos. “Na Gayatrah Paro Devi,
(não existe nenhum deus mais poderoso que Gayatri).
A DEUSA LAKSHIMI
Na
cosmologia hindu, Brahma (Aquele que se expande) é o idealizador do
universo, dos mundos e de tudo que
existe. Para realizar seu plano divino, Ele necessita de um poder
executivo, uma energia. Essa energia chama-se shakti, que é, portanto,
Sua potência de manifestação, Seu complemento executor. A Trimurthi
(trindade) Brahma, Vishnu, Shiva, representa a energia
criadora, mantenedora e transformadora de Brahman, Aquele que É, OM TAT
SAT. Sem os seus respectivos complementos femininos, esses aspectos e
extensões do Inominável, não são capazes de movimento nem ação. A Shakti
representa esse poder de materialização e
movimentação. A força de coesão, a força centrípeta, que permite a
organização da matéria manifestada e a mantém coesa é Vishnu, e seu
complemento feminino, sua Shakti é a deusa Lakshimi. A deusa é o
receptáculo gerador da Vontade do deus, a potência que materializa,
mantém e unifica a criação. A manifestação física de um mundo cuja
natureza é energia exige dois polos. A substância material é a corrente
energética que une esses dois pólos. A matéria é energia organizada no
espaço-tempo e Vishnu Lakshimi são os regentes
e responsáveis pela dinâmica da vida manifestada. A
deusa tem muitos aspectos. Como Lakshimi ela é o Princípio Feminino
Sagrado que derrama sobre nós a beleza,
a harmonia, a sensibilidade, a gentileza, o carinho, o acolhimento, a
unidade, a superação dos opostos e o respeito pelas diferenças. Ela é a
deusa da abundância e da prosperidade no sentido amplo da palavra. A
deusa Lakshimi promove no coração dos seres humanos
a descoberta do verdadeiro sentido de prosperidade, ela ensina a
alegria de compartilhar, e ensina que prosperar não significa apenas
acumular. A deusa nos ensina que a abundância e a prosperidade têm como
fonte o amor, a responsabilidade, o serviço e a plenitude
do ser. Ela mostra que o caminho para a abundância e a felicidade é o
exercício consciente dos nossos talentos, do nosso poder pessoal, pela
prática diária dos valores humanos visando a transmutação de defeitos e
hábitos nocivos. A
deusa orienta nossa mente para o Bem, a Beleza e a Verdade, e fortalece
a fé e a confiança na Presença
Divina que vibra e brilha em nosso coração. Mãe Lakshimi promove
encontros onde haja desencontros, cria novas consonâncias onde haja
dissonâncias, novas perspectivas onde haja acomodação, entusiasmo onde
haja desânimo, harmonia onde haja tensões, e encantamento
onde haja desencanto. Mãe Lakshimi é o poder ilimitado, inesgotável,
que não pode ser contido, que está em toda parte e nunca deixará de
existir. Cantar hinos e mantras invocando e louvando Seu Nome resulta
num jorro de amor e bênçãos de generosidade, fartura
e liberação da estreiteza mental, e da escassez limitadora tanto
material quanto espiritual. O
sânscrito, como todo idioma sagrado, contém sons harmônicos que ao
serem entoados com a pronúncia correta
e no ritmo adequados, acrescidos de amor e devoção, ressoam e
reverberam na frequência energética do aspecto divino que está sendo
invocado e louvado. Os hinos Védicos reverberam nas oitavas e dimensões
superiores do universo e estabelecem conexões espirituais
sagradas. Que Mãe Lakshimi derrame sobre nós Seu doce e materno olhar, e
nos acolha e proteja com Seu amor infinito concedendo, saúde, alegria e
prosperidade hoje e sempre.
Mantra de Lakshimi:
OM NAMO MAHALAKSHIMIEY NAMAHAH!
A DEUSA PARVATI
Para
falarmos sobre a Deusa Parvati, cujo nome em sânscrito significa montanha, a Senhora dos picos nevados do Himalaya, temos que nos remeter a Sati, a primeira shakti de Shiva. Parvati é
considerada uma reencarnação de Sati a filha de Daksha rei e sacerdote
ariano que não aceitava Shiva como deus e o excluiu do grande sacrifício
do cavalo. Este era o mais importante de todos
os sacrifícios védicos oferecidos pelos reis aos deuses. Desgostosa e
indignada, Sati lança-se no fogo sacrificial e é incinerada. Anos depois
ela reencarna como Parvati, a filha do Senhor do Himalaya, o deus
Himavat. O sofrimento de Shiva foi tamanho pela
morte de Sati, que de tanta dor isolou-se tendo permanecido por muito
tempo imerso em profunda e silenciosa meditação. O deus Kama o desperta e
isso o enraivece profundamente, e quando Shiva lança o olhar fulminante
do seu terceiro olho sobre o deus do desejo,
este é reduzido a cinzas. Embora Kama tenha perdido desse modo uma de
suas vidas, foi ressuscitado por Shiva posteriormente por intervenção de
Parvati. Depois de desperto, Shiva, o residente do monte Kailasa,
caminha com seu exército de elementais pelo Himalaya,
e é visto por Parvati, que se enamora perdidamente dele. Para obter o
amor de Shiva, Parvati teve de seguir o caminho da austeridade, da mais
restrita disciplina e da virtude absoluta. Após anos de sacrifício, a
deusa consegue que Shiva se case com ela. Durante
a cerimônia do casamento Parvati exigiu que Shiva executasse o Sapta Padi, os sete passos no sentido norte, acompanhados de sete oblações em
prol da felicidade do casal tanto na dor quanto na alegria. Durante o
ritual do matrimônio o casal troca jóias simbólicas
e guirlandas de flores, e dão a volta em torno de um altar central onde
arde o fogo sagrado, o Agni Homa. Devido a essa exigência da deusa,
na Índia assim se celebram os casamentos, e em março ou abril dependendo
da fase lunar, é celebrado o Gangaur, um
ritual oferecido visando a felicidade dos casais. Nessas ocasiões, as
mulheres oferecem flores e frutos à deusa e cantam mantras a ela
dedicados. A
deusa Parvati é a protetora dos casamentos, da família, do amor, da
fidelidade, da pureza e da fertilidade. A origem da palavra
família Parivaré Parvati a deusa da virtude, da disciplina, e
aceitação e rendição à divindade. Ela é a Shakti bondosa, terna e
acolhedora que cuida de todos os seus filhos com infinito e
incondicional amor maternal. Ela é quem os protege, inspira e guia
pelos caminhos intrincados da lei do carma. Na sua representação, quer
esteja sozinha ou acompanhada de Shiva, ou de Ganesha (seu filho
autoengendrado, fruto de sua própria substância sem intervenção de
Shiva), o semblante da deusa é sempre sereno, e expressa
prazer, alegria, amorosidade e doçura. Parvati
é representada com lindas vestes e jóias, de pé ou sentada sobre um
lótus aberto, e pode apresentar dois ou quatro braços
com duas ou quatro mãos respectivamente. Na mão direita porta um
japamala símbolo de Tapasia, ascese e disciplina. Na mão esquerda
porta um espelho, símbolo da busca interior pelo autoconhecimento, e a
ascensão espiritual. Caso seja representada com quatro
braços, a mão direita superior exibe o Abaya Mudra o gesto de
proteção, ausência de medo. A mão esquerda superior exibe o mudra da
bondade. Na mão direita inferior carrega uma lança ou dardo como símbolo
da retidão e disciplina espiritual. Finalmente na
mão esquerda inferior exibe um cinzel, símbolo do burilamento das
arestas do temperamento e do caráter.
A DEUSA SARASWATI
A
história da deusa Saraswati pode ser encontrada no Rig Veda, no
Ishavasya Upanishad
Matsya Purana, Skanda Purana, Padma Purana, varaha Purana e outros
escritos do mesmo valor. Esses textos ensinam que Saraswati é a extensão
feminina de Brahma e seu nome significa literalmente a fluente, ou
seja, aquela que flui, que circula, que brota e
se derrama. Saraswati é a criadora do alfabeto “devanagari”, a
linguagem dos deuses. Ela é patrona das 64 artes e das ciências
sagradas, assim como de todo o saber e conhecimento. Ela empresta seu
nome a um dos rios sagrados da Índia, o rio subterrâneo Saraswati,
que nasce no Himalaya e desemboca no Rajastão. Seu nome indica também
um dos principais Nadis ou canais energéticos existentes nos corpos
sutis dos seres vivos. Esse aspecto da Deusa também é conhecido como
Vach, o som sagrado, a voz do conhecimento real,
a sabedoria nascida do fogo divino, a essência da consciência que
destrói a ignorância. Reza
um dos mitos que Saraswati e Brahma viveram na Terra no Himalaya, junto
com outras deidades. Depois a deusa se deslocou para o deserto de Thar
em Pushkar, no Rajastão
e continuou peregrinando pelas florestas que existiam antigamente na
Índia e hoje estão bastante devastadas. No plano superior, espiritual,
sua morada é Bramhaloka, o planeta de Brahma, um dos mundos celestiais.
Seu veículo animal é um cisne branco Hansa.
Com ele ela se locomove pelos espaços siderais.
NAVARATHRI – As nove noites de DURGA
FESTIVAL EM LOUVOR DO PRINCÍPIO FEMININO CÓSMICO
A
Deusa Durga, para o Sanathana Dharma, (Eterna Lei) assim como para o
hinduísmo atual, é o Principio Feminino
Primordial. A energia matricial, A Mãe Divina. O aparecimento da Deusa
Durga é o aparecimento de Prakriti, a Natureza, Sua Forma é a Shakti
(Energia Feminina Cósmica), a Mãe do Universo, a Potência Geradora.
Todos os organismos existentes no Universo surgiram
da Mãe Divina, e daí Ela ser chamada Jagadamba (a Mãe do Universo ou
Criação).
Durga
é um dos aspectos femininos do Senhor Shiva. A deusa é a potência que
organiza o caos e define possibilidades.
Seu poder manifesta a diversidade da vida no universo, e a natureza é a
sua roupagem externa na manifestação material. É a força que gera e
concretiza a Vontade de Deus Pai como Criador, Mantenedor e
Transformador. A Mãe Divina se apresenta de diferentes formas
e tudo que existe são formas pelas quais a vida se expressa, pulsa e
vibra. A Deusa Mãe Durga também é conhecida por outros nomes como:
Parvathi, Kali, Sati, Uma, Amba, Gauri, Maheshiwari, etc., mas apesar de
ter tantos nomes Ela é única na sua essência, atuação,
manifestação, e poder.
Durga
é uma Deusa multidimensional cujo poder abrange muitos mundos, tem
muitos nomes, muitas personalidades,
aspectos, arquétipos e ações multifacetadas. Como Mahishasura, Ela é
destruidora do mal; como Sati Ela é fidelidade e renúncia. Por amor,
respeito e solidariedade a Shiva (a energia transformadora), ela tudo
enfrenta. Como Sati, por amor solidário a seu esposo
divino deixou o seu corpo ser consumido pelas chamas na pira ardente,
porque não suportou ver Shiva, seu amado, ser destratado durante um
ritual onde todos os deuses foram convocados, exceto ele. Ela enfrenta
seu pai Daksha, que promovia o grande sacrifício
do cavalo branco, sacrifício védico restrito aos reis. Daksha derrama
sua ira ariana sobre os shivaistas dravídicos, e a morte de Sati
desencadeia a revolta destruidora de Shiva, conforme é narrado no
Bagawatam, (escritura sagrada hindu). Essa narrativa nos
ensina que o caminho da deusa é a entrega ilimitada e irrestrita ao
divino.
Como
Kali, Ela se apresenta negra como a escuridão da noite, é o humos da
terra fértil, e é onipotente,
justiceira, guerreira temível, força avassaladora contra o mal e as
iniqüidades dentro e fora de nós. Kali é a potência do Feminino que
elimina demônios internos e externos. Mãe Kali dança freneticamente nos
infinitos azuis e tem como única vestimenta uma
guirlanda feita de caveiras, exemplificando que a vida é movimento
cíclico, e que tudo é transitório e perecível na existência material.
Kali expõe a Verdade e destrói falsos pudores, preconceitos, e padrões
impostos pelos falsos valores e desejos que criam
necessidades artificiais. Como Parvati, Ela é doce e serena,
compreensiva, é a potência acolhedora e compassiva, a fiel, amorosa e
inseparável consorte do Senhor Shiva. Pavarti permanece sempre ao lado
esquerdo d’Ele nos picos brancos e congelados do Monte
Kailash no Himalaya, agindo como complemento incondicional do Seu
poder. Ela também é Amba (Mãe Protetora), Jagaddhatri (Sustentadora do
Universo), Tara (Estrela Refulgente que guia os caminhos dos seres
humanos em direção a Luz), Ambika (Mãe Carinhosa que
perdoa e indica caminhos e soluções), Annapurna (Doadora de Alimento,
Nutriz do corpo e da alma). Todas são representadas como mulheres belas,
ricamente vestidas e adornadas com jóias em profusão, representando
beleza, harmonia, acolhimento, doçura, fartura,
prosperidade e generosidade.
OS TRÊS PRINCIPAIS ASPECTOS DA SHAKTI
A
Deusa Mãe Durga representa o poder de ação do Ser Supremo (O Poder
Cósmico) que destrói enganos, revela
a verdade, inspira a espiritualidade, estabelece a ética e preserva a
moralidade. Ela permeia a retidão de propósitos na criação. Seu poder
faz com que todos os reinos da natureza cumpram seu Dharma, a função
para a qual foram criados.
A
deusa liberta de karmas (ações) negativos, os frutos da ignorância
espiritual, todos aqueles que se propõem
honestamente a superar seus defeitos, erros e limitações. Durga também
é considerada a expressão máxima da Mãe Divina. Protege a humanidade
do mal, da miséria e das doenças, destruindo energias negativas (forças
maléficas) como egoísmo, orgulho, ciúmes,
intolerância, inveja, mentira, ódio, preconceitos, dissimulação,
manipulações, disputa e outras manifestações inferiores do ego
personalidade.
A adoração à Deusa Durga é muito popular entre os hindus. A Divina Mãe é um dos principais pilares de sustentação
da fé hinduísta.
Existem muitos templos dedicados à adoração da Deusa Durga e a todos os demais aspectos da Divina Mãe,
inclusive Bharata, a Mãe Índia, cujo templo está Benares, e é venerada como terra sagrada, morada de homens deuses.
EM SUMA:
Lakshmi
é também um dos mais adorados aspectos da Mãe Divina, é a expressão da
beleza, da doçura, da harmonia,
da criatividade, enfim, do esplendor do feminino. É a Mãe protetora e
fiel consorte de Vishnu, a energia mantenedora da vida. Lakshimi é a
provedora da harmonia no lar e na vida, da beleza, física e espiritual,
saúde e prosperidade, promove abundância de realizações
materiais e espirituais, é a responsável pela manutenção do sonho de
Vishinu, a Maya que resulta na manifestação concreta da vida no planeta.
Enquanto Vishnu dorme e sonha ela acaricia seus pés para que ele não
desperte do seu sonho e não aconteça a destruição
da criação. É representada como uma linda mulher coberta de jóias,
sentada ou de pé sob um lótus aberto; ricamente vestida de vermelho e
dourado, e vertendo moedas de ouro pelas mãos. Ganesha, o discernimento,
a inteligência cósmica, a Força que elimina os
obstáculos internos e externos está sempre com Ela. Saraswati ou Vach é
o Verbo, o Som criador. É a consorte de Brahma e o aspecto da Shakti (O
Princípio Feminino Cósmico) que elimina a ignorância e concede brilho a
inteligência, aprimora a intuição, e é a
patrona das artes e da ciência, promove sabedoria, é a senhora do
conhecimento intelectual e espiritual. Saraswati é o aspecto da Shakti,
(energia feminina), que concede revelações. É representada como uma
linda mulher, vestida de branco e dourado, adornada
com jóias, e sentada num cisne branco, está sempre tocando a Vina, um
instrumento de cordas que emite o som do OM, o Som Primordial, o
Pranava, aquele que é eternamente louvado e renovado. Cada um desses
aspectos da Deusa é adorado durante o festival a ela
dedicado por três dias totalizando nove noites, NAVARATHRI. O décimo
dia é o Dia da Vitória. O dia de Ação de Graças e glorificação ao poder
da Divina Mãe. Nas
Suas estátuas e imagens impressas em gravuras, a Deusa Durga é
representada simbolicamente como uma
belíssima mulher, adornada com jóias magníficas e vestida com roupas de
seda vermelhas e bordadas de dourado, resplandecendo de beleza e
emanando poder. Ela possui dezoito braços carregando vários objetos nas
mãos. Para cada objeto que Ela carrega nas mãos
existe um significado simbólico específico, que enfatiza seus poderes.
Nas suas representações, Durga carrega as égides de Shiva, evidenciando
ser sua extensão feminina. A cor vermelha simboliza ação, e as roupas
vermelhas significam que Ela está sempre em
movimento destruindo as forças do mal, e protegendo a natureza e a
humanidade de dores e sofrimentos causados pela influência da ignorância
que contamina a alma e resulta em atuações malignas. Mãe Durga é
iluminada e reluzente como a Lua, monta o leão ou
o tigre, seu veículo animal, significando domínio sobre o ego inferior
e as emoções instintivas, poderosas e selvagens. Carrega em suas mãos
várias armas, significando Sua prontidão de guerreira para destruir o
mal a qualquer momento, e possui o brilho intenso
do fogo divino destruidor e transformador. Mãe Durga tem o poder de
mostrar onde a divindade interna se oculta e propiciar o encontro da
alma com sua origem cósmico-estelar.
MANTRA DE DURGA:
Jay Durga Jay Jay!Jay Lakshimi Jay! Jay Sarasvati! Jay Parvati! (Vitoria à Divina Mãe!)
PERIODO ÉPICO
HERÓIS E SEMIDEUSES
Com
o decorrer do tempo os povos indo-arianos que eram nômades foram se
sedentarizando. Eles se fixaram no norte da Índia e começaram a
construir cidades. Foi quando as diferentes
culturas locais começaram a se misturar com os arianos. Os conceitos de
Brahman e do Atman, como o Princípio Todo Imanente, e a essência divina
presente em toda a criação se expandiu. As Upanishads divulgaram a
doutrina do vedanta, a filosofia monista denominada Adwaita defendida pelo filosofo e asceta Shankaracharya, a visão
não-dualista da existência. Nesse período também apareceram os conceitos
de carma, reencarnação e autorrealização.
No
extremo norte da Índia, atual Nepal, o príncipe Sidharta Gautama vivia
sua experiência de autoconhecimento. Experimentando os extremos descobre
o caminho do meio, na busca
da libertação da contínua roda de Samsara, o ciclo de nascimentos e
mortes. Sua busca resulta no Budismo. Os ensinamentos do Budha
influenciaram o desenvolvimento do Hinduísmo.
Nos
séculos seguintes, dois grandes poemas épicos foram escritos, o
Ramayana e o Mahabharata, essas escrituras narram fatos históricos,
apresentam pensamentos filosóficos,
retratam a organização das castas sociais vigente na época, as leis, os
rituais mágicos e ensinamentos espirituais. As duas escrituras trazem
relatos épicos e heróicos sobre reis, suas esposas, seus filhos, seus
clãs; e descrevem as batalhas travadas entre
os que defendiam o Dharma, a Lei Cósmica Eterna, e aqueles que
afastados do Dharma, pretendiam dominar o planeta. Os heróis nessas
narrativas têm sempre a ajuda de deuses, e são também desafiados por
esses deuses, que por sua vez lhes confiam tarefas extraordinárias
como maneira de transmitir seus ensinamentos. Alguns heróis por sua
bravura e pureza de espírito tornaram-se semideuses. Nesses dois poemas
épicos, historia, filosofia, mitologia e espiritualidade se interligam e
apresentam uma integração do conhecimento sem
paralelo na literatura mundial.
O MAHABHARATA
O
Mahabharata (A Grande Bharata, antigo nome da Índia), foi escrita pelo
sábio Vyasa, e narra as aventuras
do clã dos Kurus. Seus protagonistas são duas facções que entram em
desacordo devido a diferenças de valores e princípios. Os Kurus se
dividiram e entraram em guerra. De um lado os Pandavas, filhos de Pandu,
que defendiam o Dharma, e de outro os Kauravas,
os filhos de Dritarashtha, que visavam não apenas o trono, mas, o
domínio do mundo, e por isso eram contrários ao Dharma. Nessa ocasião,
Vishnu assume pela oitava vez a forma humana, Krishna avatar. Sob sua
orientação e proteção a batalha de Kurukshetra (o
campo dos kurus) é vencida pelos Pandavas. O mais velho dos Pandavas,
chamado Yushistira, é então coroado rei do mundo por Krishna, tendo como
missão fazer o Dharma vigorar na Terra.
A
Bhagavad Gita (A Canção do Senhor) esta inserida no grande épico.
Trata-se do diálogo entre o príncipe
Arjuna, um dos cinco Pandavas, com Krishna na véspera da batalha. O
príncipe inquieto e cheio de dúvidas tem uma crise de consciência e
titubeia diante da iminência da batalha. Krishna então dialoga com ele,
dando-lhe lições de valores morais, éticos e espirituais,
valores estes que são os fundamentos do hinduísmo moderno. O príncipe,
induzido por Krishna, mergulha no seu interior, e depois de profunda
auto-análise emerge renascido de si mesmo disposto a batalhar pelo
Dharma. A Bagavad Gita é a mais conhecida das escrituras
sagradas da Índia. É considerada, juntamente com o Tao Te King de Lao
Tzé e o Sermão da Montanha de Jesus um dos mais belos textos produzidos
pela humanidade.
OS PANDAVAS
Os
Pandavas são heróis e semideuses do hinduísmo. Yushthira, Bhima,
Arjuna, Nakula e Sahadeva são os cinco
filhos de Pandu e da Rainha Kunti. Como o rei era estéril eles foram
concebidos através de mantras entoados por Kunti. A rainha quando jovem
recebeu de um Rishi, um sábio capaz de falar com os deuses, o dom de
invocar através de sons mântricos a presença
de qualquer um dos deuses. Seus filhos foram frutos dos sons sagrados
por ela emitidos, o poder desses mantras permitiu que houvesse a
conjunção de Kunti com a energia do deus por ela invocado.
OS SEMIDEUSES NO MAHABHARATA
Yudishthira – O filho do Dharma.
Bhima- Filho de Vayu. O deus dos ventos.
Arjuna – Filho de Indra, o deus das hostes celestiais, o maior de todos os semideuses.
Nakula e Sahadeva são filhos de Madri, a segunda esposa de Pandu, e nascem também de um mantra que Kunti
entoa a pedido da amiga.
São os gêmeos vindos da constelação do mesmo nome.
Bishma. O maior de todos os guerreiros que por seu caráter e pureza de
espírito obteve dos deuses a graça
de escolher o dia, a hora e a maneira de morrer, tendo sido assistido e
conduzido por Krishna durante sua passagem para a dimensão superior. Existem templos a eles dedicados, o mais antigo e também o mais belo se encontra na cidade de Mahabalipuram.
Uma cidade onde a maioria dos moradores são escultores, pintores e tecelões por isso é conhecida como a cidade dos artistas.
O RAMAYANA
Historicamente
o Ramayana narra a trajetória do povo ariano à medida que se
desenvolvia e se tornava uma
nação bem organizada, bem armada com exércitos e estrategistas
militares competentes que conquistavam feudos e povoados expandindo-se
na direção do o sul da Índia. Do ponto de vista mítico, é uma história
de heroísmo, retidão, fidelidade, obediência, renúncia
e solidariedade. É também uma história de amor devotado. Vishnu
decide pela sétima vez assumir forma humana, e para isso escolhe nascer
como Rama, filho de Dasharatha,
o rei de Ayodia. O rei queria que seu filho muito amado fosse o
regente, mas, uma de suas esposas conspirou e conseguiu que o rei
banisse Rama do reino, e exigiu que o rei desse a regência ao filho
dela. Rama parte para o exílio com Sita sua esposa, e um meio-irmão
chamado Lakshmana. Na floresta um Rishi se encarrega de ensinar aos
jovens a sabedoria eterna, o Sanathana Dharma, e as estratégias e
obrigações que um rei e guerreiro precisava conhecer. Certo dia o rei
demoníaco Ravana, da ilha de, Ceilão, Sri Lanka que
tinha poderes mágicos, e grande conhecimento intelectual, mas não tinha
caráter nem pureza de espírito, viu Sita, e a desejou para si
imediatamente. Para obter a satisfação do seu desejo concebeu um plano e
a raptou. Ravana levou Sita consigo para o Sri Lanka.
Rama e Lkshmana quando voltaram da caça perceberam o ocorrido e foram
ao encalço de Ravana. No caminho encontraram Sugriva, o rei dos macacos,
e este quando soube do ocorrido pede a seu filho Hanuman que chefie o
exercito de macacos, e ajude Rama a libertar
sua esposa Sita. Rama usa seu poder divino e desloca milagrosamente
muitas pedras de uma pedreira, e pede aos macacos que construam uma
ponte feita de pedras flutuantes. A ponte flutuante ligava o continente a
ilha de Lanka, onde travou-se uma batalha terrível
entre Ravana, e Rama, Lakshmana e os exércitos de macacos comandados
por Hanuman, e o exército de gigantes demoníacos do rei de Lanka. No
Ramayana as batalhas aéreas travadas pelos heróis dentro de naves
espaciais chamadas Vimanas impressionam por narrarem
a atuação de veículos aéreos e da utilização de armas chamadas Astras
que são descritas como foguetes de enorme poder destrutivo. Sob o ponto
de vista espiritual, Rama é a fonte dos valores humanos e espirituais, e
Ravana, o exemplo do poder destruidor de
um intelecto sem ética e de poderes mágicos sem pureza de intenções.
Como Ravana não vivia valores éticos e espirituais, não conhecia limites
para seus desejos e terminou como vitima de sua própria ignorância
espiritual, sua cobiça, inveja e luxúria desmedidas.
Hanuman é um semideus muito adorado em toda a Índia, simboliza o homem dotado de natureza, animal, humana
e divina. Ele
representa a supremacia do humano sobre a natureza animal e do espírito
sobre a matéria pela entrega do corpo e da mente a serviço da vida e da
divindade. Lakshmana representa
a solidariedade fraterna e o amor incondicional, e também a fé e a
confiança nos desígnios divinos. Sita é a entrega e a fidelidade
amorosa, e sendo Rama o avatar, e ela uma encarnação da deusa, e a deusa
uma expressão da Mãe Terra, o resgate de Sita é o resgate
do planeta. Quando Hanuman dá o salto saindo de Lanka de volta à Índia
carregando Sita nos braços e se humaniza perdendo a cauda, vemos a
representação do salto quântico, o salto de qualidade concedido na
ocasião por Rama, o avatar, a toda a humanidade.
CICLO CÓSMICO
IDADE DO UNIVERSO E DIVISÕES DO TEMPO
É
fascinante imaginar que faz mais de três mil anos que esse povo se
valeu da matemática para conceber um
começo e um fim para o universo. Mais fascinante ainda é ver que a
mesma matemática permitiu que físicos quânticos teóricos criassem a
teoria das cordas e especulassem baseados nela sobre a possibilidade da
existência dos multiversos. Caso essa teoria se
confirme, seria tão importante quanto o foi a teoria de Copérnico. A
alegoria mitológica hindu sobre o nascimento do universo vem, pouco a
pouco, tornando-se uma realidade científica. A idéia do universo
autoconsciente, da sua expansão inflacionária e dissolução
para o surgimento de outro ou outros universos concomitantes e
paralelos, hoje desenvolvida pela física quântica, aproxima-se muito do
mito hindu da criação. A ciência e a espiritualidade estabelecem um
diálogo revolucionário e criativo, e a física das possibilidades,
que defende o primado da consciência, oferece-nos a abertura de portais
de percepção mais abrangentes e descobertas transformadoras..
KALPAS -
São os ciclos do tempo. Cada ciclo de tempo de 4.320.000.000 de anos
terrenos é igual a um dia da vida cíclica de Brahma e é chamado Kalpa.
Terminado um Kalpa, o universo é destruído. Essa destruição chama-se
Pralaya, é quando Brahma absorve de volta para
si toda a sua criação e os universos e os mundos voltam à sua origem. A
passagem de tempo entre os consecutivos Pralayas, a existência de um
universo e um Kalpa são constituídos de Manvantaras. Cada Kalpa tem 14
manvantaras e cada manvantara é regido por um
Manu. É denominado Manu um ser iluminado que é escolhido pela divindade
para reger um manvantara. Cabe a ele criar uma ordem, justiça,
princípios, ética, valores e normas de conduta. Esse mesmo Manu
reencarna a cada início de um novo Manvantara. O Código de
Manu, assim como o Código de Hamurabi, o rei sumeriano, são conhecidos
como os mais antigos compêndios de normas morais e éticas.
YUGAS –
Existem as eras, Yugas, que compõem as dimensões menores da Grande
Era. A Mahayuga. As Yugas são quatro e são denominadas: Sathya,
Treta, Duapara e Kali.
SATHYA YUGA. É chamada a era de ouro. Nessa era vigora a prática do Dharma e a
humanidade vive em perfeita harmonia com os princípios e desígnios
divinos. A Sathya Yuga compreende 4.800 anos divinos, ou seja, 1.728.000
anos terrenos. Nessa era existe a prevalência da verdade
(Sathya em sânscrito), e a procriação acontece apenas pela energia
emitida pela da intenção de criar um novo ser humano.
TRETA YUGA. É chamada a era de prata. A prática do Dharma diminui cerca de 25%, e a
procriação se faz pelo toque, o contato físico. Nessa era Vishnu
assumiu a forma humana como o avatar Rama para salvar o planeta e a
parte dhármica da humanidade.
DUAPARA YUGA. É chamada a era de bronze. Nessa era o Dharma diminui 50% em relação à
Treta Yuga. Sua duração é de 2.400 anos divinos, ou seja, 864 mil anos
terrenos. A procriação se dá através de intercursos carnais. Na Duapara
Yuga que antecedeu a atual Kali Yuga, Krishna
avatar nasce para ajudar a Terra, separar os bons dos maus, e
reconduzir a humanidade pelo caminho do Dharma. Quando Krishna morreu
teve início a Kali Yuga.
KALI YUGA. É chamada a idade do ferro. A prática do Dharma cai para cerca
de 25% a menos do que na Duapara Yuga, persiste apenas um terço do
Dharma. A duração da Kali Yuga é de 1.200 anos divinos, o que
corresponde a 432.000 anos terrenos. Essa era se caracteriza pela
irreverência, decadência dos valores humanos e espirituais, pela
falta de caráter das pessoas, desonestidade e falta de espírito
público, e o desrespeito às leis nas sociedades. O mundo nessa era é
governado por lideranças corruptas e os conflitos entre os povos são
constantes. O abandono de crianças e idosos e a degradação
das mulheres acontece assim como a desagregação das famílias. Nas
relações humanas a traição é comum. Nessa era, os 25% de praticantes do
Dharma, homens e mulheres que buscam o aprimoramento do caráter, e a
elevação espiritual, colocam-se a serviço dos semelhantes
e oram pedindo aos deuses que intervenham para suavizar o sofrimento da
humanidade e do planeta.
OUTROS DEUSES E DiVINDADES POPULARES
No
panteão hindu existe uma infinidade de deuses, deusas e animais
divinizados. Isto acontece porque a população
procura nesses arquétipos expressar diferentes maneiras de sentir uma
maior intimidade com o sagrado. Alguns desses deuses protegem e
determinam a saúde, o casamento e o êxito nas atividades produtivas de
uma comunidade. Outros são adorados como fonte de sabedoria,
patronos locais, etc. Esses aspectos do divino são muito importantes
para os pastores e trabalhadores rurais. Templos dedicados a esses
deuses se espalham por todo o interior da Índia. Os templos são
referencias de identidade cultural e espiritual das aldeias
que se estruturam com base na agricultura.
SERES E OBJETOS SAGRADOS NASCIDOS DO SAMUDRA MANTHAN
SAMUDRA MANTHAN. O ato de agitar o oceano primordial, para a extração do alimento dos
deuses, a Amrita, equivalente à ambrosia da mitologia grega. Nessa
ocasião surgem vários seres sagrados. Shiva, para livrar a Terra e a
humanidade do efeito daninho da ação dos demônios
que impediam a evolução da humanidade e do planeta, ingere o veneno da
ignorância.
AIRAWAT. É considerado o rei dos elefantes. Esse elefante branco com três
trombas que simbolizam o seu poder nos três mundos (a superfície, o
subsolo e o céu), é o veículo animal do deus védico Indra. No panteão
védico, Indra é considerado o rei de Amaravati, o Paraíso
Celeste.
SURABHI. A vaca divinizada, conhecida também como Kamadhenu, a vaca celestial
provedora da abundância. Diz o mito que Brahma, quando criou os Vedas,
ensinou que os versos deveriam ser recitados e cantados pelos bramanes,
os sacerdotes, e disse também que Kamadehnu
cederia o seu leite para dele ser extraída a manteiga clarificada, Ghee. Essa manteiga líquida e dourada banha as imagens e também é
lançada no fogo sacrificial durante as cerimônias de adoração. A vaca é
sagrada para os hindus com o nome de Gaumata – a
vaca mãe.
VARUNI. A deusa que rege as plantações de uvas é também a conhecida como a deusa do vinho.
PARIJAAT. A árvore celestial. A árvore da vida e do conhecimento que se enraíza
nos céus. Esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal protagonizada em Gênesis 2:17. Idrani, a deusa consorte de Indra, transplantou-a em
Amaravati. O Paraíso.
RAMBHA. É uma das Apsaras, as dançarinas celestiais. As apsaras são bailarinas
celestiais que com sua dança movimentam as emoções e transmutam as
energias desarmônicas em harmônicas.
CHANDRA –
A meia-lua que adorna os cabelos de Shiva. Essa é a forma da lua que é mais auspiciosa para a disciplina da mente.
KASTURBHA. É conhecida e venerada como a pedra preciosa dotada de todos os
poderes. Essa pedra sagrada reluz pendurada em um cordão de ouro
enfeitando o torso nu de Krishna. Ela realiza desejos e provê
felicidade.
PANCHJANYA. A grande concha (Shankh) que Vishnu carrega em uma de suas mãos. Quando
um herói ou deus sopra essa concha é um chamamento para o exercício do
Dharma, a Lei Cósmica Eterna. O som que vibra, reverbera se expande e
aglutina moléculas como criador das múltiplas
formas de vida.
SARANGA. O arco sagrado de Vishnu. Simboliza o poder e a força da vontade que
impulsiona e encaminha a intenção. A intenção atingirá o seu alvo quando
for correta e meritória, e por isso destinada ao êxito.
KAUMODAKI. A clava Gada, de Vishnu, simboliza o poder da sagrada disposição de
lutar pela preservação da vida, do equilíbrio da natureza, e da eterna
batalha pelo Dharma a vencer as iniqüidades.
OUTROS DEUSES POPULARES DE REGÊNCIA ESPECÍFICA
DHANVANTARI. O criador da medicina Ayurveda, a ciência médica indiana ancestral. Ele
é chamado o médico dos deuses. Rege a saúde física, mental-emocional e
espiritual. É representado de pé com quatro braços e carrega em uma de
suas mãos uma vasilha com todos os medicamentos
para todas as curas e na outra um pote de amrita, o alimento dos
imortais.
CHANDRAGUPT. Ele é o guardião dos registros akáshicos. Onde estão registradas as
ações que resultam no carma positivo ou negativo de toda a humanidade.
Ele determina, de acordo com a qualidade desses registros, a dimensão
para onde o espírito de cada indivíduo se dirigirá
após a morte.
BRASHPATI. É o Logos, o regente divino do planeta Júpiter. É venerado como o
conselheiro dos deuses e o mais sábio dentre os Logos planetários.
ANNAPURNA DEVI. Essa deusa é um aspecto de Parvati. Ela se apresenta como nutriz, e
provedora de alimentos. Interessante salientar que nos templos a ela
dedicados, o altar tem além da estatua dela, as estátuas de Shiva e de
Parvati. Ela é a encarnação de Parvati que escolheu
servir a Shiva plenamente. O deus ficou tão encantado com a atitude de
entrega da deusa, que a abraçou fortemente contra o próprio corpo. Nesse
abraço os seus corpos se fundiram, e assim, dessa junção perfeita,
surgiu Ardhanarishvara, a representação do masculino
e do feminino em conjunção e complementaridade.
GANGA. É a deusa que assumiu a forma do rio Ganges, o rio mais sagrado para os
hindus. Reza o mito que certa vez Vishnu transpirou e Brahma recolheu
esse suor e com ele preencheu seu Kamandal, o vaso que carrega em uma de
suas mãos, e que simboliza a água da vida.
Essa água foi derramada por Brahma sobre a Terra para fertilizá-la.
Outro mito conta que a deusa Ganga assumiu a forma de um rio e desejou
derramar-se desde as regiões celestes sobre o planeta, e para evitar o
desastre que o impacto de suas águas causariam
à Mãe Terra, Shiva acolheu a deusa em seus cabelos e assim o rio, ou
seja, a deusa, escorreu suavemente pela cabeleira do deus, evitando que a
Terra e a humanidade fossem danificadas.
JAGANNATHA. Significa o Senhor do Universo. É um aspecto de Krishna
adorado em toda a Índia, especialmente em Puri (Orissa). Um dos mitos
sobre Jagannatha conta que um rei chamado Indradyuman era muito devoto
de Vishnu e rezava sempre pedindo ao deus por sua
salvação. Numa ocasião, Vishnu se apresentou ao rei e mandou que ele
criasse uma estátua de Jagannatha, orientando como deveria ser feita e
que dentro dela colocasse os restos mortais de Krishna, restos estes que
tinham sido recolhidos e guardados dentro de
uma caixa por devotos, depois que Krishna deixou o corpo físico.
Vishnu, para facilitar a tarefa do rei, pediu a Vishwakarma, o arquiteto
dos deuses, que fizesse uma imagem de Jagannatha. Vishwakarma aceitou a
incumbência e pediu que enquanto estivesse fazendo
a imagem não queria ser perturbado de forma nenhuma por qualquer
pessoa. O rei ficou ardendo de curiosidade e dias depois foi dar uma
espiada no trabalho do arquiteto celestial. Quando Vishwakarma percebeu o
intruso, irritou-se demais e abandonou o trabalho.
Este ficou incompleto, pois faltavam ainda as mãos e os pés da estátua.
Desesperado e envergonhado, o rei orou a Brahma, pedindo que o
ajudasse. Brahma respondeu que o rei poderia sossegar seu coração, pois
futuramente essa imagem seria muito adorada e celebrada,
e que ele, o próprio Brahma, assumiria forma humana, e viria celebrar
os rituais de consagração. Disse também que as imagens de Jagannatha e
de seu irmão Balarama e sua irmã Subhadra deveriam ser adoradas juntas e
a cada 12 anos precisavam ser queimadas e
construídas novas imagens. As figuras têm enormes olhos e bocas e são
expressões artísticas características da região de Orissa. O festival do
senhor Jagannatha é um dos mais importantes da Índia e acontece a cada
12 anos. Durante as festividades as figuras
pintadas na madeira, ou em tecido, são retiradas do templo, banhadas no
Ganges e levadas em procissão. Em seguida são queimadas e substituídas
por novas imagens.
SESHA NAGA. É a deusa serpente que flutua no oceano primordial e que oferece seu
corpo anelado para que Vishnu nele se deite, durma e sonhe o sonho da
criação, e desse modo a vida manifestada continue existindo. A deusa
serpente também é chamada Ananta Naga e é indestrutível.
Quando o universo é reabsorvido durante o Pralaya só ela permanece. A
deusa Ananta- Sesha aguarda então o momento do surgimento de um novo
universo, para mais uma vez se colocar a serviço de Vishnu. Ela é
testemunha eterna dos ciclos de criação, manutenção
e destruição dos universos.
Existem inúmeros outros, porém estes são os mais populares.
CONCEITOS CRENÇAS E RITUAIS
O GURU. O Mestre
No
hinduísmo o guru, o mestre, desempenha um papel de máxima importância.
Ele é o educador do corpo físico
da mente, do intelecto e o espírito dos seus discípulos. O guru conduz o
discípulo ao autoconhecimento ensinando práticas como meditação,
alimentação saudável, Muna, abstinência de falar, autodisciplina
emocional, a auto indagação e auto análise. Os cantos
devocionais, Bhajans, Mantras Sagrados, abrem portais de percepções
sutis e fortalecem a fé e a devoção. O guru propicia a descoberta e
prática dos valores humanos e espirituais, e principalmente orienta seus
discípulos nos estudos das escrituras sagradas.
O guru prepara seus discípulos para serem servidores amorosos e
competentes dos seus semelhantes, da vida e do divino. O
mestre atua como um grande espelho onde os discípulos se refletem.
Durante o processo de aprendizagem
o discípulo descobre seus defeitos e virtudes, torna-se mais lúcido e
verdadeiro, e desse modo se capacita para transmutar defeitos e
aprimorar virtudes e talentos. O verdadeiro guru é aquele que pratica o
que prega, é um mestre cujas palavras e ações inspiram
mentes e corações. Seus ensinamentos visam dotar seus discípulos de
autoconsciência. O verdadeiro guru promove no seu discípulo não a
dependência, mas a autonomia. Para os adeptos do hinduísmo, servir ao
guru, entregar-se aos seus ensinamentos e ao seu serviço,
servindo a humanidade, é o primeiro passo no caminho para atingir a
libertação da ignorância, livrar-se da ilusão, Maya, e obter a elevação
espiritual.
SANTOS-GURUS E PERSONALIDADES SAGRADAS
KABIR (1440
– 1519). Foi
um grande poeta e considerado um santo. Nasceu em Kashi Varanasi, Índis; sua
poesia mística e seus ensinamentos
pacifistas foram instrumento de luta contra a hipocrisia e a segregação
religiosa. Kabir procurou eliminar a rivalidade religiosa entre hindus e
muçulmanos. Sua origem é nebulosa. Reza o mito que ele foi encontrado
flutuando num lago próximo de Kashi, tendo
uma flor de lotos como berço. Um casal de muçulmanos o encontrou e o
adotou como filho. Deram-lhe o nome de Kabir, que significa grande ou
grandioso em árabe. Desde a infância o menino demonstrava inteligência
prodigiosa e sabedoria, por isso os pais o
levaram até um guru hindu chamado Ramananda. Kabir tornou-se um poeta e
um mestre muito respeitado. Foi amado tanto por hindus quanto por
muçulmanos, sendo até hoje é venerado por ambos. Ele pregava a unidade entre
os homens e não aceitava a divisão da sociedade
em castas; pregava também a unidade religiosa pela fé e reverência às
diferentes escolhas humanas. Por essa razão, os hindus e muçulmanos
ortodoxos o caluniavam e tentavam desacreditá-lo na sociedade. Kabir
também era contrário a rituais e formalidades religiosas,
considerando essas praticas desnecessárias. Ele acreditava e ensinava a
crença e a devoção voltadas para o deus único e sem forma, a Nirguna
Bhakti. Sua poesia criticava o comportamento sectário dos Mullahs,
líders e sacerdotes muçulmanos, e também dos Pundits, sacerdotes
hindus.
MAHAVIRA
(599 AC 467). O
príncipe Vardhman, nascido em Bihar, Índia aos 30 anos abandonou o reino e
renunciou às coisas mundanas, inclusive
às próprias vestes. Depois de treze anos de vida ascética tornou-se um
grande líder espiritual. O príncipe é reconhecido pelos adeptos como o
vigésimo quarto Tirthandar, mestre sagrado do jainismo. A partir daí
passa a ser conhecido como Mahavira, Grande
Herói. O Jainismo é uma filosofia e religião muito antiga que prega a
não violência de maneira extremada. Seus adeptos andam despidos por
considerarem a nudez uma expressão de renúncia e santidade. Alguns usam
máscara, tapando o nariz e a boca para não inalar
eventualmente algum inseto. Procuram não ferir ou matar nenhum ser vivo
na natureza. Essa filosofia teve influência sobre o hinduísmo,
principalmente no conceito da alimentação vegetariana. No jainismo a
meta é a liberação total das tentações mundanas e viver
sem deixar rastros.
MEERA BAI
(1499-1540). Ela
é uma personalidade sagrada para os hindus, é considerada uma
encarnação de Radha, a gopi, pastora,
que venerava Krishna. Radha é representada nas gravuras e estátuas como
uma extensão feminina de Krishna. Meera Bai desde criança adorava
Krishna. Quando atingiu a idade de casar-se sua família escolheu para
ela um jovem chamado Rana. Tanto o marido como
os sogros não aceitavam a imensa devoção que ela nutria por Krishna, e
muito a fizeram sofrer. Eles chegaram a espalhar boatos maldosos ferindo
sua honestidade e debochando de sua devoção. O marido, por ciúme,
tentou matá-la várias vezes. Miraculosamente ela
foi salva da morte todas as vezes, pela intervenção de Krishna.
Conta-se que numa ocasião colocaram uma serpente venenosa para picar
seus pés e matá-la envenenada. Krishna transformou a serpente em uma
guirlanda de flores e a salvou. Quando seu marido morreu
prematuramente, ela se recusou a ficar com os sogros e seguir sofrendo.
Meera Bai foi então para Brindavan, uma cidade sagrada onde Krishna
passou sua infância. Lá, ela deu continuidade aos seus cantos e poemas
devocionais. Estabeleceu-se depois em Mathura,
cidade onde nasceu Krishna, e por isso considerada sagrada. Tornou-se
famosa por suas orações e cantos devocionais, orações e cantos que
continuam sendo muito populares até os dias de hoje.
NANAK
(1469-1539). Foi
o fundador do Sikhismo. Era poeta e divulgava em seus poemas mensagens
de paz e unidade entre os homens.
Costumava cantar cantos e mantras e com eles atraía adeptos. Esses
cantos estão reunidos em um livro intitulado Adi Granth, um dos livros
sagrados para os sikhs. Suas canções eram cantadas por toda a comunidade
onde vivia. Algumas são indicadas para ser cantadas
pela manhã, são intituladas Japi Ji, e descrevem as várias etapas no
caminho espiritual até o ser humano atingir a salvação. Outras são
indicadas para ser cantadas a noite e chamam-se Sohila. Nanak inventou
uma simplificação do sânscrito denominada Gurmukhi.
Ele reuniu hinos e cantos devocionais compostos por diversos gurus,
sikhs, hindus e muçulmanos, num compêndio intitulado Adi Grnath. Nanak
era um místico e um pacifista, foi o primeiro guru do sikhismo. Sua
popularidae era muito grande e devido a isso hindus
e mongóis muçulmanos se voltaram contra ele. Ele foi feito prisioneiro e
sofreu torturas até morrer. Depois de sua morte outros gurus o
sucederam, mas foi Guru Arjuna, o quinto guru, quem fez do sikhismo uma
religião. O décimo guru, Govinda Singh, fez do sikhismo
uma militância política e foi quem deu início à tradição do uso do kesh (cabelos e barbas longos) ter sempre consigo o kanghi (um
pente), a kirpan (uma faca curva) e o karha (um bracelete de aço).
Ele decretou que todos os homens portariam o mesmo
sobrenome Singh, e todas as mulheres teriam como sobrenome Kaur. Com
isso pretendia eliminar o sistema social baseado em castas.
RAMAKRISHNA PARAMAHANSA
(1836-1886). Numa
época de predominância inglesa, espalhou-se pela Índia uma onda
cultural pró-ocidente, e entre os hindus
crescia muito o número de conversões religiosas. O domínio inglês
depreciava a milenar cultura indiana e humilhava e excluía socialmente
os indianos. Ramakrishna foi um baluarte do hinduísmo, um santo que
restaurou no coração dos hindus a dignidade, e também
o amor e o respeito por sua própria cultura e pelas tradições
filosóficas e religiosas da Índia. Era um místico que apresentava
fenômenos paranormais, e um santo erudito extraordinário, isto sem nunca
ter freqüentado nenhuma escola. Ele era devoto da Mãe Divina,
e na infância cuidava do templo dedicado a Kali- um aspecto da divina
Mãe. Certo dia teve uma visão da deusa, e a partir daí tornou-se um
asceta e um sábio conhecedor de todas as escrituras sagradas. Foi o guru
de Vivekananda, um grande mestre e filósofo indiano,
escolhido pelo mestre para ser o continuador de sua obra. Existem
Missões Kamakrishna espalhadas por todo o mundo.
SAI BABA DE SHIRDI (1838-1919). Nasceu
numa aldeia chamada Parthi, era filho de um casal brahmane, Ganga
Bhavaria e Devagiri Yamma. Conta-se
que certa vez, quando era ainda uma criança, ele abriu a boca, e sua
mãe e as pessoas que estavam presentes viram no céu da boca do menino a
imagem de Shiva. A partir de então as pessoas passaram a venerá-lo.
Tornou-se pregador muito jovem. Conhecia as escrituras
sagradas do hinduísmo e ensinava a igualdade na diversidade de raças e
religiões. Isso enfureceu especialmente os adeptos ortodoxos do
hinduísmo e do islamismo que viviam no lugar. Sua mãe, temerosa das
consequências desse acirramento religioso, levou o filho
para um orfanato que ficava numa aldeia próxima. A instituição era
dirigida por um sábio muçulmano, e assim o menino conheceu em
profundidade também o Alcorão. Depois de algum tempo, já rapaz, ele
seguiu para Shirdi. Em Shirdi viveu no início, sob uma árvore
frondosa, lá permanecendo em meditação por um tempo, e logo depois se
mudou para uma mesquita abandonada chamada Dwarakamai. Ele personificava
por suas palavras e ações a perfeição espiritual. Sua bondade,
sabedoria, compaixão e pureza espiritual foi motivo
de reverência e adoração dos moradores locais que passaram a chamá-lo
Sai (santo) Baba (pai).Tinha poderes extraordinários, curava as pessoas
de enfermidades físicas e espirituais com um simples olhar. Na mesquita
onde vivia mantinha sempre um fogo aceso,
e todos que o procuravam recebiam um pouco das cinzas como uma benção.
Para os seus devotos, Sai Baba de Shirdi foi uma encarnação de Shiva.
Sai Baba de Shirdi realizou inúmeros milagres quando vivo e afirmou para
alguns devotos que ia desencarnar em breve,
mas que voltaria oito anos depois no seio de uma família muito
religiosa e viveria numa aldeia no sul da Índia. Ele continua sendo
venerado por milhares de devotos espalhados pela Índia e pelo mundo
afora.
SWAMI DAYANANDA
(1824-1883). Nasceu
numa família rica de brâmanes em Morvi, no Gujurat, e seus pais lhe
deram o nome de Mool Shankar.
Quando atingiu a idade de casar, rebelou-se, não aceitou a imposição da
família e fugiu. Foi quando conheceu e foi acolhido por um guru, cujo
nome não tem registro histórico, e este mudou o seu nome para Shuddha
Chaitanya. Mais tarde, aos 24 anos, ele encontrou
outro guru de nome Swami Poornandada Saraswati, que foi seu mestre e o
nomeou Swami Dayananda Saraswati.
Foi
em Mathura, porém, que ele conheceu mais profundamente os Vedas,
através do guru Swami Vrijananda. Mergulhou nos estudos da filosofia
vedanta e se tornou um erudito muito
respeitado. Swami Dayananda Saraswati foi um reformista e fundou um
movimento denominado Arya Samaj. Foi um conhecedor profundo do sânscrito
e das escrituras sagradas do hinduísmo. Criticou veementemente a
sociedade excludente formada pelo sistema de castas.
Criou vários ashrams que são centros de excelência no estudo da
filosofia védica.
SRI VIVEKANANDA (1863-1902)
O
menino Narendranath Datta nasceu numa família abastada e erudita.
Estudou em bons colégios e sua formação
familiar se dividia entre a racionalidade paterna e a religiosidade
materna. Cresceu avesso a assuntos religiosos até que, na faculdade, um
colega o levou para conhecer Sri Ramakrishna. Depois de assistir durante
algum tempo as palestras do mestre, pediu ao
mestre que lhe propiciasse uma experiência espiritual transformadora. O
mestre atendeu ao seu pedido e colocou a mão em seu chakra cardíaco. O
jovem Narendra mergulhou numa epifania transcendental, uma vivência
mística profunda, e dela renasceu Vivekananda
(a bem-aventurança do discernimento), nome que o mestre lhe deu.
Ramakrishna o escolheu para ser o continuador de sua obra. Após a morte
do seu guru, Vivekanada tornou-se um monge itinerante, pregando por toda
a Índia. Extraordinário conferencista e filósofo,
levou para o ocidente a Filosofia Vedanta (não dualismo). Permaneceu
dois anos nos Estados Unidos ministrando cursos em universidades e dando
palestras. Deu confêrencias pela Europa toda e levou seus ensinamentos
também ao Japão. Fundou a missão Ramakrishna
e esta se espalhou por vários países do mundo. Deixou uma vasta obra
literária contendo ensinamentos filosóficos extraordinários
identificados pela marca do seu luminoso discernimento. Morreu enquanto
meditava e foi cremado na margem do Ganges, como o fora
anteriormente seu grande guru.
RAMANA MAHARISHI (1879-1950)
Nasceu
na aldeia de Tiruchuzhi, no sul da Índia, e recebeu dos pais o nome de
Ventakaraman. Sua família
era de poucos recursos e quando o menino tinha 12 anos o seu pai
faleceu. A mãe então mudou-se com os filhos para a casa de uns
parentesem Madura. Ele foi um adolescente religioso e aos 16 anos teve
uma experiência mística que mudou sua vida estruturalmente.
Depois disso, saiu de casa e se dirigiu ao Monte Arunachala, no
Himalaya. Segundo a mitologia hindu, este foi o local onde Shiva
apareceu para os devotos sob a forma de uma gigantesca e chamejante
coluna de luz. O jovem construiu um ashram ao pé do monte
Arunachala, e logo multidões acorriam até ele para ouvir seus
ensinamentos. Dotado de imensa sabedoria e doçura, ele ensinou o Caminho
do Autoconhecimento e o Caminho da Renúncia através da auto-indagação Vichara: a pergunta Quem sou eu? Ramana Maharishi
é considerado um dos mais sábios inspirados e importantes mestres já
existentes na Índia. Ele deixou como legado a abertura para a
autorrealização acessível a todos os seres que buscam verdadeiramente o
conhecimento, independentemente da profissão e das condições
de sua vida na sociedade. Antes dele a autorrealização era restrita aos
monges reclusos ou andarilhos renunciantes. Ao sentir que ia morrer, deitou-se, respirou profundamente e reteve a respiração. Foi quando seus devotos
perceberam que havia morrido. Ele deixou discípulos espalhados pelo mundo inteiro.
SRI AUROBINDO (1872-1950). Nasceu
em Calcutá, Índia, e recebeu de seus pais o nome de Aurobindo Akroyd Ghosh. Foi
criado na Índia e sempre
demonstrou muito interesse pelos estudos. Viajou para a Inglaterra onde
concluiu seus estudos e tornou-se um intelectual reconhecido pelo seu
talento e erudição: falava vários idiomas e era profundo conhecedor de
filosofia oriental e ocidental. Era escritor,
poeta e iogue. Voltou à Índia porque sentiu necessidade de encontrar
suas raízes e conhecer melhor a sabedoria ancestral do seu país.
Trabalhou para entidades governamentais na área de educação e foi um
grande educador. Teve importante participação no movimento
nacionalista e revolucionário que resultou na independência da Índia do
jugo inglês. Como militante político, foi preso e durante sua estadia
na prisão aprofundou seu conhecimento das filosofias hindus e
desenvolveu sua própria visão de mundo e compreensão
do que era o verdadeiro progresso humano, social e evolução espiritual.
Nesse período teve varias experiências transcendentais que mudaram as
estruturas de sua consciência. Quando foi solto, desistiu da militância
política e dirigiu-se ao sul da Índia para
dedicar-se à sua missão espiritual. Seus aforismos e suas frases se
notabilizaram pela sabedoria e profundidade. Seu pensamento integrador
de raças, credos e gêneros inspirou seus seguidores, que criaram uma
comunidade ecológica e espiritual chamada Auroville,
na localidade de Pondicherry. Após sua morte, Auroville permanece como o
testemunho da realização de um sonho de convivência humana pacifica,
criativa e espiritualista.
SWAMI SIVANANDA SARASWATI (1887-1963). Nasceu
numa família brâmane; seu pai era oficial do exército, ao tempo em que
exercia as funções de sacerdote,
o que é raro acontecer. Um só homem nascido em uma casta de sacerdotes
exercia função da casta dos kshatryas, os guerreiros, governantes
defensores do Dharma. Foi um menino religioso e muito interessado em
saber como curar os males físicos. Esse interesse
o levou a estudar medicina. Quando estava fazendo estágio em um grande
hospital, devido ao falecimento do pai, teve que interromper a sua
formação. Para se manter e pagar a complementação dos seus estudos,
criou um jornal sobre medicina chamado Ambrosia, onde
ele era o redator, o editor, o articulista e o diretor. Apesar de ser
um jornal pequeno, a qualidade das matérias era muito boa, e logo o
jornal ficou famoso no meio médico. Logo a seguir, o jovem médico foi
contratado para dirigir um hospital na Malásia Britânica.
Especializou-se em oftalmologia e voltou à Índia. Era um pesquisador
profundo da importância da mente e sua ligação e comprometimento com as
doenças físicas. Muito
interessado em filosofia e espiritualidade, além de pesquisador de
novas metodologias médicas, ele
passa a utilizar ervas raras colhidas na região do Himalaia e com elas
criar medicamentos. Atendia às populações carentes graciosamente e era
adorado pelas pessoas da comunidade onde vivia. Escolheu como missão
curar corpos e mentes e conduzir as pessoas para
o despertar da espiritualidade. Desenvolveu várias técnicas de
meditação, tornou-se swami e escreveu inúmeros livros sobre ioga e
filosofia. Brama Vidya – O Conhecimento de Deus – é o primeiro de uma
série. Swami Sivananda é adorado por milhares de devotos
em todo o mundo em especial os por adeptos da Hata Yoga.
SATHYA SAI BABA (1926-2011)
Nasceu
na aldeia de Puttaparthi, no sul da Índia, e seus pais deram-lhe o nome
de Satyanarayana Raju. Um
fato inusitado ocorreu quando o recém-nascido foi colocado, como é
costume na tradição hindu, sobre um pedaço de tecido feito de linho para
filtrar as energias que o contaminaram na descida de dimensões
superiores. Sob o tecido alguma coisa se movia. A mãe
levantou o pano para verificar do que se tratava e, para sua surpresa,
apareceu uma naja, que logo inflou seu pescoço e posicionou-se para
proteger a criança. Isso é um sinal muito auspicioso para os hindus,
simbolizando que aquela criança é especial. Contam
os seu biógrafos que, da mesma maneira que surgiu, a serpente
desapareceu. Outro fenômeno raro foi
o fato de que os instrumentos utilizados durante as cerimônias de canto
devocionais praticadas pela família começaram a soar. O menino
apresentava inúmeros fenômenos físicos e na escola os professores se
surpreendiam coma esses fenômeno e com a sabedoria do
menino Sathyanarayana. Aos 14 anos entrou num estado de transe e quando
despertou disse aos pais que mantivessem a casa e os corações limpos e
que ele iria embora, porque seus devotos o aguardavam. Junto
com os aldeões ele construiu um ashram que logo abrigou inúmeras
pessoas que vinham ouvir os ensinamentos
do jovem mestre. Numa ocasião declarou que era a reencarnação de Sai
Baba de Shirdi, e logo devotos do santo de Shirdi acorreram para ver e
ouvir dele se realmente se tratava da reencarnação do mestre amado. Ao
chegar eles viveram experiências que comprovaram
ser verdadeira a afirmação e tornaram-se devotos seguidores de Sathya
Sai. A
fama do jovem guru correu pela Índia e fora dela. Com o passar do
tempo, Sathya Sai, com a ajuda de devotos
criou um ashram imenso, uma cidade intermuros, para onde acorrem
pessoas de todas as raças, religiões, níveis econômicos e culturais, em
busca dos seus ensinamentos. Os fenômenos de materializações de objetos,
jóias, e as curas físicas, mentais e espirituais
que se sucederam e a multidão de visitantes de devotos cresceu
progressivamente. Em deteminada ocasião, durante um discurso, ele
afirmou que era um avatar (encarnação divina) e que sua avataridade se
manifestou primeiro como Shirdi Sai, e que depois dessa
vida voltaria passados 8 anos, quando assumiria a forma e a
personalidade de Prema Sai. Sua mensagem é universal e não privilegia nenhuma religião ou filosofia, tendo a unidade na diversidade
como eixo. Sathya
Sai Baba criou uma obra educacional extraordinária que compreende desde
escolas para o ensino fundamental
até uma universidade. São instituições modelares que oferecem ensino de
excelência. O ensino se baseia nos princípios fundamentais da
consciência humana e tem como meta o despertar, a conscientização e a
prática dos valores humanos. É uma metodologia que
contempla as dimensões físicas, intelectuais e espirituais do educando.
O ensino é gratuito e reconhecido pelo governo indiano como de grande
qualidade. Construiu
hospitais com tecnologia de ponta que oferecem atendimento gratuito na
aldeia onde viveu, e também
em Brindavan, uma aldeia próxima a cidade de Bangalore onde existe
outro ashram, e mais um complexo educacional. Essa metodologia é hoje
adotada por muitos países e existem escolas Sai espalhadas por todas as
partes do mundo. Seus milhões de devotos o adoram
e continuam a afluir até a aldeia para homenagear sua memória e manter
viva a chama de sua mensagem. Sathya Sai Baba foi, sem dúvida, a
liderança espiritual mais importante da Índia nos últimos tempos.
Inúmeros gurus, mestres, santos e personalidades sagradas são reverenciados na Índia, porém os aqui mencionados
se notabilizaram sobre maneira.
CONCEITOS
Atma. É o Eu transcendental. É o substrato onipresente da substância de todos
os seres e de todas as coisas criadas. É o permanente e imutável na
impermanência e mutabilidade da manifestação material da vida.
Maya. É a energia responsável por todas as formas fenomênicas, e estas são
enganosas e ilusórias. É a grande ilusão universal que nos leva a crer
no material e fugaz como real e permanente. Os véus de Maya sustentam a
ignorância espiritual e ocultam a verdade do
Eu. Maya nos leva à identificação com o eu transitório, o
eu-personalidade, e nos torna embriados por nós mesmos.
Svastika. É o símbolo da cura cósmica em movimento. É a Terra girando em torno do
seu eixo em comunhão com o cosmos. Simboliza também a evolução do
planeta e da humanidade e os pontos cardeais. É desenhada no chão ou em
quadros e paredes para garantir harmonia e felicidade,
principalmente durante cerimônias e rituais. O deus Ganesh é
simbolizado graficamente pela svastika.
Vaastu Shastra. São princípios orientadores da arquitetura védica
que visam a otimização e o equilíbrio dos cinco elementos: terra, água, fogo, ar e éter, e
das quatro direções. Os elementos determinam o magnetismo bioelétrico
dos ambientes assim como o funcionamento harmônico dos organismos
humanos e animais. Os cômodos da
casa são dedicados às deidades que regem o horóscopo do proprietário e
posicionam a ventilação, a luz, as portas e janelas. Esse sistema foi
criado pelos sábios védicos para propiciar mais saúde, paz, e
prosperidade nas residências e no local de trabalho.
Aadar Bhav. Na tradição hindu o respeito aos mais velhos é muito importante. E Aadar Bhav representa o ato de ajoelhar-se para tocar os pés de professores, avós, pais, e demais pessoas idosas da família. É um gesto que denota respeito e humildade diante daqueles que, por terem vivido mais, devem ser reverenciados por suas experiências e conseqüente conhecimento adquirido. O professor é tão reverenciado quanto pai, mãe e avós.
Aadar Bhav. Na tradição hindu o respeito aos mais velhos é muito importante. E Aadar Bhav representa o ato de ajoelhar-se para tocar os pés de professores, avós, pais, e demais pessoas idosas da família. É um gesto que denota respeito e humildade diante daqueles que, por terem vivido mais, devem ser reverenciados por suas experiências e conseqüente conhecimento adquirido. O professor é tão reverenciado quanto pai, mãe e avós.
Padmanaska. É o ato de ajoelhar-se e reverentemente colocar os pés ou as fímbrias da túnica de um mestre, ou o sári de uma mestra.
Brahma Mahurt. É o nome dado aos momentos que antecedem o amanhecer. É considerada a
melhor hora para despertar e iniciar as atividades ritualísticas do dia.
A higiene pessoal cuidadosa, as abluções ou se possível os banhos
rituais no Ganges e a meditação. Isso é indicado
para que as pessoas possam entrar em sintonia com a energia cósmica de
renovação da vida. É indicado para que as pessoas possam usufruir o
máximo possível dos benefícios da luz do sol antes de comer e ir
trabalhar. As abluções e a higiene corporal cuidadosa
foram colocadas como normas pelos “rishis” para obrigar a população a
ter cuidados corporais, manter a saúde e evitar doenças.
Karma. Dentro da filosofia reencarnacionista, é o conceito de causa e efeito.
Karma significa movimento, portanto, mutabilidade. Não se trata de
vaticínio ou punição. Trazemos na vida atual “vasanas” sementes de
karmas negativos e positivos. Elas são o resultado
de ações praticadas em nascimentos anteriores. O karmas negativos
precisam ser resgatados e os positivos são facilitadores no processo
evolutivo em andamento na atual encarnação. Existe o karma pessoal, o
karma familiar, o karma do país, do continente e do
planeta. Para o hinduísmo karma não é castigo, é conseqüência, e é
também uma lei que evidencia a misericórdia divina. É uma lei
misericordiosa porque permite ao ser humano corrigir erros, aprimorar
seu caráter e evoluir espiritualmente e assim evoluir do
karma para o dharma. A meta é atingir “moksha”, a libertação de
“sansara” o ciclo de nascimentos e mortes,
Sanatana Dharma. É o verdadeiro nome da fé hindu. A Eterna Lei. Interessante ressaltar
que essa Lei Dharma não se restringe aos que têm fé. Todos os seres
estão enraizados nela, condicionados por ela e por ela orientados. Nesse
conceito se baseia a crença na igualdade dentro
da diversidade e o fato de o hinduísmo considerar o mundo e a vida
sagrados: a Terra é o planeta mãe e a humanidade uma só família.
O Som Sagrado. Para o hinduísmo todos os ritmos nascem do Damaru, o tambor que
Shiva ostenta às vezes amarrado ao Trishula, seu tridente, ou então o
segura em uma de suas mãos, quando é representado como Nataraja, o rei
da dança. O OM e todos os demais sons, audíveis
ou não, emanam da Vina, tangida pelos dedos da deusa Saraswati. Por
esta razão, as cerimônias de adoração Puja utilizam os Bhajans
(cantos devocionais). Esses cantos são ritmados e melódicos e atuam como
orações e louvores. Nas escrituras sagradas
hindus a música divina ressoa no universo e se compõe do som dos
planetas e demais astros. A música das esferas é tocada pelos Gandarvas, os músicos celestiais.
Teerth Yatra. É a denominação da peregrinação periódica que deve ser feita aos
lugares sagrados. Teerth quer dizer lugar às margens de um rio, e
esses locais sagrados ficam, por isso, às margens de rios sagrados,
especialmente do Ganges. Hari Dwar, por exemplo, é uma
cidade sagrada às margens do Ganges que costuma atrair milhares de
peregrinos, assim como Varanasi e Rishikeshi. Os mestres e os sábios
indicam as peregrinações como forma de autoconhecimento e
desenvolvimento espiritual. Os antigos rishis viam nas peregrinações
um modo de manter a população do país unida pela fé e pela sua cultura.
Os pontos de reunião para os rituais e atos devocionais nos templos e
por ocasião de Kumbha (grande congregação) localizam-se em pontos
estratégicos, e o roteiro obriga o peregrino a atravessar
regiões desconhecidas, lidar com o inesperado e pedir ajuda e conhecer
novos costumes. O peregrino, além de internamente trabalhar seus
pensamentos e emoções, desse modo tem oportunidade de confraternizar e
solidarizar-se com as pessoas que encontra pelo caminho.
Kumbha Mela. É a congregação de milhões de sacerdotes, sadhus (homens santos
renunciantes e itinerantes) e acontece a cada 12 anos. Ocorre em
momentos cósmicos específicos para reverenciar e comungar com a energia
emitida sobre o planeta Terra por determinada configuração
astral e alinhamento planetário.
Tilak. É uma marca que o sacerdote coloca na testa do devoto. A marca é feita
com um pó vermelho chamado Roli e água e nessa marca vermelha o
sacerdote coloca alguns grãos de arroz. O pó vermelho simboliza o sangue
e o arroz o sêmen, o esperma fecundador. É um
símbolo de regeneração da vitalidade física e de fecundidade para
homens e mulheres.
Suhaag. É a denominação dada à felicidade feminina no casamento. Significa que a
esposa ama seu marido e que ele está vivo. Ela demonstra isso usando o Sindoor, um ponto feito com pó vermelho no meio da risca que divide o
seu cabelo ao meio. Pode ser também o Bindi um ponto vermelho no meio da testa. Este bindi também pode ser usado
como adorno feito de pedras os adesivos tanto pelas casadas quanto pelas
solteiras. A esposa feliz também deve usar adereços nos cabelos,
braceletes nos pulsos e anéis nos dedos dos pés.
Se quiser pode ostentar o Mangala Sutra, o colar que recebeu do
marido por ocasião da cerimônia do casamento.
Japamala. É uma espécie de rosário feito de cristal de rocha e outras pedras,
madeira de sândalo, ou contas de rudraksha, uma semente dedicada a
Shiva. Esse tipo de rosário é usado no pescoço, no pulso ou no
tornozelo. O Japamala é usado para oração e também como um
recurso facilitador da concentração durante as meditações. O devoto,
para utilizá-lo, deve segurá-lo entre os dedos, indicador e polegar e, à
medida que recita um mantra, deve rolar a conta massageando as
terminações nervosas localizadas nas pontas dos dedos.
Isso auxilia o relaxamento físico e o esvaziamento da mente. O rosário é
feito de 108 contas porque essa é a soma que resulta no número 9, que
por sua vez é o numero da manifestação da divindade. É o número que se
relaciona com as 27 constelações do zodíaco
védico, onde cada constelação se compõe de 4 fases. Ou seja, 27x4 =
108, e isso significa a convergência energética de todo o espaço
sideral.
PLANTAS SAGRADAS
Todas as tradições religiosas oriundas de civilizações fundamentalmente enraizadas na agricultura sacralizam
plantas e raízes. O hinduísmo não foge à regra. A seguir vamos nomear algumas das principais plantas sagradas dessa tradição.
Tulasi. É adorada como uma representação vegetal de Krishna. Corresponde ao
manjericão, e pode ser encontrada plantada em canteiros ou em vasos, na
entrada de residências de devotos de Krishna, ou em frente aos templos a
ele dedicados. Existe uma lenda que diz que
o Tulasi é uma manifestação devocional de Radha, a pastora que segundo o
hinduísmo, é exemplo da mais perfeita adoração e entrega devocional a
Krishna.
Bilva. Árvore cujo fruto é uma manifestação vegetal de Shiva.
Neem. Nos galhos dessa árvore majestosa os devotos colocam fitas coloridas
amarradas com nós; essas fitas carregam o fervor da sua fé e contêm os
seus pedidos escritos. Os devotos, dessa maneira, rogam e esperam que
Shiva atenda seus desejos. E quando os desejos
são atendidos, eles depositam ex-votos aos pés do tronco da árvore
sagrada.
Rudraksha. É uma semente sagrada que, segundo o mito, ajuda o devoto a entrar em
meditação profunda e conseguir sintonia energética com Shiva.
Jasmim. É a planta cuja flor emite um aroma inebriante que desperta níveis
espirituais adormecidos. Os devotos do guru Sathya Sai Baba afirmam ser o
odor que indica a presença do mestre. Sathya Sai Baba, certa ocasião,
teria tocado com as mãos um lenço oferecido por
uma pessoa, e ao seu toque o lenço teria ficado inundado do aroma de
jasmim.
Flor de Lótus. Mais do que uma planta sagrada, a flor de lótus é um símbolo de
espiritualidade na Índia e no Egito e em todo o extremo oriente. O lótus
na mitologia hindu está presente, pois nasce no umbigo de
Narayana Vishnu e seu caule se desenvolve como um cordão umbilical
para desabrochar numa flor aberta onde Brahma surge e desperta para
mais um Pralaya, um ciclo de criação e manifestação. O lótus tem algumas
características muito importantes para a mitologia hindu. A flor nasce
no lodo, simbolizando a ignorância espiritual,
eleva-se e floresce sempre direcionada para a luz, simbolizando a
verdade do espírito. Suas pétalas não retêm nada, nem mesmo a água da
chuva, simbolizando o desapego. A flor em botão tem a forma de um
coração. Quando o botão desabrocha, suas pétalas se abrem
plenamente para se alimentar da luz do sol. Quando a flor fenece, suas
pétalas murcham, mas não se desprendem de imediato; só acontece o
desprendimento quando a semente surge para garantir um novo ciclo de
existência. Isso simboliza o processo de desprendimento
da matéria e a reencarnação. Portanto, assim como a flor-de-lótus, o
ser humano nasce potencialmente amor. O botão desabrocha para se nutrir
de luz (o conhecimento espiritual), depois fenece, morre e se desprende
para renascer novamente. Interessante salientar
que a semente da flor-de-lótus pode viver sem água até 5.000 anos e ao
ser umedecida volta a germinar.
Bangue. No Atharva Veda, texto datado de 1400 AC, encontram-se textos
sobre esta erva. Também chamada ganja, é utilizada por devotos de Shiva e
sacerdotes como uma erva facilitadora na busca da obtenção de uma
conexão espiritual mais profunda com a energia de
Shiva. Essa erva é mascada ou inalada pelos usuários.
VARNA. O SISTEMA DE CASTAS
Reza
a mitologia e alguns textos sagrados que as hierarquias que formaram o
povo de Bharata (antigo nome
da Índia) eram provenientes da Terra, da Lua e do Sol e de outros
estrelas. Os dirigentes e reis teriam descendência terrena, lunar e
estelar. O sistema de castas foi criado para diferenciar a origem de
cada dinastia e garantir a pureza essencial das raças
nas sucessivas gerações. No Dharma Shastra, o Código de Manu, o
iniciador da raça e seu principal legislador, estão descritas as
seguintes classes sociais que segundo ele garantiriam uma sociedade
justa e harmônica, baseada nos talentos e capacidades de servir
de cada grupo de indivíduos:
Brâmanes. Nascidos da boca de Paramatma, do corpo do divino. Eles seriam dotados
de qualidades para conhecer e transmitir a palavra da divindade, ensinar
as escrituras, oficiar rituais e demais atividades espirituais.
Kshatryas. Nascidos dos braços de Paramatma para defender o Dharma, a Lei Cósmica
Eterna. Dotados de qualidade para governar, administrar e garantir a
ordem. Os reis e guerreiros.
Vaishyas. Nascidos das coxas de Paramatma, para gerar prosperidade social e
prover as necessidades básicas da população. São dotados de qualidades
para comercializar a produção de mercadorias e demais atividades
relativas ao comercio.
Shudras. Nascidos dos pés de Paramatma, são destinados e qualificados para
plantar a terra, cumprir tarefas rurais como pastoreio, pesca e todo
tipo de atividade laboral no campo e na cidade. Tempos
depois surgiram os párias, dálites ou intocáveis. A origem dessa casta
seria a desobediência ao Bhang, o conjunto de normas e atribuições das
suas respectivas castas.
Foram banidos devido à violação das normas, e por isso são considerados
impuros e espúrios. Eles cuidam da limpeza de dejetos humanos e
animais, lixo, e de crematórios. Portanto, não se trata de uma casta
ditada por Manu, mas dentro da sociedade hindu. Mahatma
Gandhi durante a sua campanha pela libertação da Índia do jugo inglês,
insurgiu-se veementemente contra essa idéia separatista e desumana da
sociedade. Para exemplificar a defesa dos párias ele visitava seus
guetos e fazia o serviço a eles atribuídos, como
limpeza de latrinas de banheiros públicos e outras mais. Atualmente, o
governo indiano estabeleceu uma lei que visa abolir essa segregação
social, tornando-a ilegal e passível de punição por encarceramento.
SANSKARAS
SACRAMENTOS E RITUAIS HINDUS
Os
sacramentos e rituais no hinduísmo têm a função de conectar o indivíduo
ao universo através do sagrado.
Despertar a consciência para a importância da encarnação como etapa a
ser cumprida na evolução do espírito. A valorização do aqui e agora como
soma do passado e alicerce do futuro. Desse modo, existem rituais para
atrair a graça divina, a harmonia e a prosperidade
para a pessoa, a família, a sociedade, o país e o planeta. Esses
rituais são rituais de passagem oficiados por sacerdotes e existem hinos
e cânticos sagrados destinados a cada um deles. Existem 16 sanskaras,
os quais o adepto da tradição hindu deverá realizar
desde o nascimento até a morte. Existem também rituais que são
realizados antes do nascimento do bebê para santificar o feto e garantir
que a mãe tenha uma gestação saudável e alegre. Esses rituais visam
também afastar influências espirituais negativas tanto
para a mãe quanto para o feto. Para o hinduísmo o feto interage com a
mãe e com o mundo exterior, sente e ouve tudo o que a mãe sente e ouve e
tem memória. Portanto, a criança não é uma tela em branco; ela traz em
si sua história planetária e trajetória cósmica.
RITUAIS DA INFÂNCIA
Jatkarma. Um pouco antes do cordão umbilical ser cortado é oficiado esse ritual. O
pai coloca nos lábios do filho um pouco de mel para que ele (a) possa
ter uma vida doce e prazerosa. Nessa ocasião, orações são feitas pedindo
que o bebê tenha uma vida saudável, útil
e longa e que sua encarnação seja proveitosa.
Namkaran. Nessa tradição, o nome do bebê só é dito no 12º dia depois do
nascimento. Este ritual acontece para dar a criança um nome que lhe
traga vibrações auspiciosas.
Nishkarman. Este ritual acontece quatro meses depois que o bebê nasceu. É a
celebração da primeira saída de casa da criança. É o seu primeiro
contato com a sociedade, com a comunidade do lugar onde reside. Esse
ritual é uma proteção contra negatividades.
Annaprasan. Celebra a primeira vez que a criança ingere um alimento sólido, aos
seis meses de vida. Para o hinduísmo os alimentos definem a saúde,
qualidade dos pensamentos e das emoções. Por isso, antes de ingerir
qualquer alimento, o hindu ora, oferecendo-o à divindade,
para que seja eliminada toda e qualquer energia negativa que porventura
tenha sido passada para o alimento por quem o tenha feito.
Chudakaran. É o ritual do primeiro corte de cabelo e acontece entre os 3 e os 5 anos de idade.
Karnvedh. É um ritual de embelezamento. O cuidado pessoal, a higiene corporal e
conexão com a beleza são muito importantes no hinduísmo. A conexão com a
beleza gera uma visão de mundo baseada nas possibilidades onde as
dificuldades são resolvidas com fé e criatividade.
Este ritual acontece quando a criança fura as orelhas e recebe o
primeiro brinco. Em geral os brincos são colocados nas meninas embora
alguns meninos também adotem esse adorno.
SANSKARAS PARA A EDUCAÇÃO
Vidyarambha. Vidya significa conhecimento, e este ritual é feito quando tem início a
alfabetização. A criança aprende a importância do conhecimento formal e
do conhecimento espiritual. Ocorre aos 7 anos de idade.
Upnayan. É a apresentação e introdução do jovem ou da jovem na sociedade. Neste
ritual o sacerdote e os pais transmitem ao jovem os valores, preceitos,
atribuições e diretrizes correspondentes à casta a qual pertence. Na
passagem para a adolescência o menino recebe
o “janeu”, um cordão considerado sagrado que lhe cinge a cintura
demarcando a passagem de criança para adolescente.
Vedarambha. É quando o jovem inicia seus estudos sobre a literatura védica e as
várias filosofias do hinduísmo. Esse estudo em geral acontece na casa de
um sacerdote ou no ashram pertencente a um determinado guru.
Keshant. É o ritual correspondente ao primeiro barbear do jovem. Nos tempos
antigos e algumas famílias ainda hoje, nessa ocasião presenteiam o guru
com uma vaca para garantir o fornecimento de leite para o mestre. E o
fazem como símbolo de gratidão e reverência.
Samavartan. Este ritual marca o final dos estudos formais e espirituais do jovem.
Se ele os cumpriu num ashram é o momento da saída do eremitério e da
volta para a casa paterna. Este sanskar é fundamental e marca a entrada
na vida adulta. Sem passar por ele o jovem não
pode se casar.
Vivah. É o ritual de preparação para o casamento, quando são transmitidos os
princípios que devem reger a conduta do marido ou da esposa, e as
atribuições familiares e sociais de acordo com cada casta. Geralmente
acontece quando o rapaz adquire independência econômica
e quando a moça e sua família decidem que é chegada a hora de contratar
o casamento, já que nessa tradição os pais escolhem os cônjuges.
Antyeshti. É o ritual feito pelos familiares e parente mais íntimos quando morre
um membro da família. Esse ritual consta de orações que visam facilitar o
desligamento do espírito do corpo físico com o mínimo de sofrimento e o
encaminhamento para uma dimensão de aprendizado
superior.
FESTIVAIS E CELEBRAÇÕES
Os
festivais sagrados e as celebrações populares do hinduísmo obedecem ao
calendário lunar e por isso as
datas não são fixas. O sistema baseado no ciclo lunar chama-se
Panchang. As datas variam também de acordo com determinadas conjunções
astrais consideradas compatíveis e auspiciosas para o bom termo da
celebração. Esses festivais existem desde tempos muito
antigos e têm cunho espiritual e atuam como oportunidades de
congraçamento popular. Os festivais populares e os dedicados aos deuses
propiciam o fortalecimento social e cultural, e a união do povo em torno
da espiritualidade. Têm a função de relembrar aos
indianos a importância da prática dos valores humanos e espirituais, a
vivência da unidade na diversidade e a reverência pelo sagrado em todas
as suas manifestações. É o reconhecimento do poder transcendente e sua
influência viva e atuante no cotidiano, a
cada instante redesenhando o destino humano. Os festivais são elementos
unificadores da cultura ancestral da Índia, assim como ressaltam
princípios norteadores, valores e propósitos fundamentais que
estruturam a sociedade indiana.
O CALENDÁRIO HINDU E O CALENDÁRIO GREGORIANO
O calendário Hindu surgiu 57 anos antes do início da Era Cristã. É um calendário Lunar.
Do mesmo modo que o calendário Gregoriano, o calendário Hindu se constitui de 12 meses. Tem início a partir
de “Samvatsar Parva”, o primeiro dia da Lua crescente de “Chair” – mês que corresponde a março-abril no calendário gregoriano.
MESES
Chair - Março-Abril
Baisakh – Abril - Maio
Jyesth – Maio – Junho
Ashadh – Junho - Julho
Shrava (Sawan) – Julho - Agosto
Bhadrapad (Bahadon)- Agosto – Setembro
Ashvin - Setembro - Outubro
Kartik – Outubro - Novembro
Marg Sheersh – Novembro - Dezembro
Paush – Dezembro - Janeiro
Magh – Janeiro - Fevereiro
Phalgun – Fevereito – Março
Todos
os dias são chamados Tith e cada um tem seu significado sagrado. Os Tith se baseiam no movimento
da Terra em relação ao Sol e à Lua. Por isso não têm exatamente 24
horas, ou seja, um deles pode corresponder a dois dias consecutivos e,
desse modo, criar um descompasso com o calendário Gregoriano. As
quinzenas lunares são importantes e chamam-se “parksh”.
A quinzena em que a lua é brilhante denomina-se Poornima. A semana de 7
não existia no hinduísmo ancestral, somente a quinzena.
DIAS DA SEMANA
Sonvaar, dedicado a Shiva – Segunda-feira
Mangalvaar, devotado a Hanuman – Terça-feira
Budhvaar, devotado a Vishnu – Quarta-feira
Brahspativar, devotado a Ganesha – Quinta-feira
Shukravaar, devotado a Shiva-Shakti, a deusa – Sexta-feira
Shanivaar, devotado à deusa no aspecto de Shani.
Ravivaar, devotado a Surya- o deus Sol - Domingo
DIFERENÇAS ENTRE OS CALENDÁRIOS SOLAR E LUNAR
O
calendário solar Gregoriano tem 365 dias e o lunar 354 nos meses de
ciclo lunar. Existe, devido a isso,
o acréscimo de um mês após cada 30 meses lunares. No calendário
Gregoriano a transição do Sol cai sempre no 20º ou 21º dia do mês. Já no
calendário lunar denominado Vikram Samvata em homenagem ao rei
Vikramaditya, a transição solar acontece por volta do 14º
ou 15º dia do mês (ou seja, do mês do calendário Gregoriano).
PRINCIPAIS FESTIVAIS
PONGAL. É um festival muito importante para as populações rurais. Celebra-se a
colheita e homeageia-se a Terra, Surya o deus do Sol, e Indra, o deus
das chuvas. O festival dura 4 dias, simbolizando as 4 estações do ano e
os 4 pontos cardiais. Além dos cantos e danças
dedicados aos deuses, a população das aldeias costuma desenhar mandalas
na calçada de suas casas. Essas mandalas são formadas com grãos,
semente, raízes, frutos e flores, e no centro dessas mandalas eles
colocam esterco. É uma mandala de agradecimento à Terra
pelos seus produtos que garantem a subsistência; o esterco, nesse caso,
simboliza a contribuição para a abundância da colheita e complementação
do ciclo de alimentação, nutrição e dejetos.
MAKAR SANKRANTI. É um festival para celebrar a vida e louvar os deuses para ser
merecedor de ir para um bom lugar após a morte. As orações são dedicadas
especialmente ao deus Surya, o Senhor do Sol, fonte de toda a vida. Os
banhos rituais acontecem nos rios das aldeias e também
no rio Ganges, pelo povo habitante das cidades banhadas pelo Rio
sagrado.
MAHA SHIVARATRHRI. A Grande Noite de Shiva. Um dos mais importantes festivais religiosos
da Índia. Os devotos passam a noite em vigília cantando hinos para Shiva
e Shakti, e também cantos devocionais, Bhajans. É uma noite sagrada
dedicada à energia transformadora da divindade.
Os fiéis costumam jejuar e entrar em introspecção visando superar
defeitos e maus hábitos físicos e mentais.
HOLI. Acontece para celebrar a abundância das colheitas. Não se trata de um
festival religioso, mas de uma celebração da vida e da alegria de estar
vivo. A confraternização entre as pessoas das comunidades, quer sejam
rurais quer sejam urbanas, é muito intensa.
Elas demonstram alegria e descontração, jogando pó colorido uns nos
outros e dançando.
BHAIDOJ. É um festival que se comemora duas vezes durante o ano. Nessas datas as
esposas vão visitar os seus pais para os reencontrar e confraternizar
com seus familiares e amigos mais íntimos. Na tradição hinduísta, depois
que a mulher se casa vai morar com a família
do marido.
RAMA NAVAMI. É a celebração do dia em que o avatar Rama nasceu. A celebração é feita
através da visitação aos templos dedicados a Rama onde a cerimônia de
bhajans acontece em louvor dessa deidade.
NIRAJALA EKADASH. Acontece a cada 15 dias; no 11º dia da lua crescente, e no 11º dia da
lua minguante. Durante esse festival as pessoas jejuam e procuram ajudar
ao próximo mais intensamente, doando alimentos, roupas e objetos. Esse
festival celebra a fé em ação através da caridade
e a solidariedade.
GURU POORNIMA. É o festival dedicado ao guru, o mestre. É uma homenagem ao sábio
Viasa, que escreveu o Mahabharata, um dos principais Puranas. Os devotos
homenageiam Viasa na pessoa dos seus mestres espirituais, seus pais,
avós e professores.
SINDHARA. É o festival das noras. Nessa data a família do marido homenageia a
família da nora enviando flores, doces e outras iguarias para os pais da
esposa do seu filho. É uma forma de agradecer à família da nora pela
educação por eles dada a filha, e reiterar os
laços familiares que os une. O motivo principal da celebração é
explicitar o carinho e o apreço que sentem pelas noras.
RAKSHA BANDHAN. É o festival que celebra o amor entre os irmãos. Nessa ocasião irmãos e
irmãs se abraçam e declaram solenemente o afeto que sentem uns pelos
outros. Eles se visitam, caso morem fora da casa paterna, e se
presenteiam mutuamente. As irmãs colocam uma fita de
seda vermelha no pulso dos irmãos homens, num gesto de carinho e
agradecimento. Esse gesto significa a certeza que têm de que os irmãos
homens sempre as protegerão.
JANAM ASHTAMI. Celebração do nascimento de Krishna. Nas residências, templos e ashrams
a celebração é feita com cantos devocionais dedicados ao avatar
Krishna.
GANESH CHARTURTHI. Toda a Índia comemora intensamente o festival de Ganesha, porém a maior
festa acontece em Maharahtra. Uma multidão de devotos sai às ruas
cantando louvores para o deus-elefante. Uma grande estátua de Ganesha,
confeccionada em papel maché, pintada e ricamente
adornada com flores, é colocada em um andor e carregada nos ombros de
devotos. O deus é venerado, as pessoas fazem orações e pedidos de graças
e ao final se encaminham para o mar ou o rio Ganges e neles imergem a
estátua. Simboliza que o deus da sabedoria
retorna para o oceano de deleite, as águas primordiais do mundo
superior.
NAVARATHRI. Durante 9 dias e 9 noites a deusa Durga é venerada através de
ininterruptos cantos devocionais e hinos védicos a ela dedicados. Uma
grande fogueira quadrada, simbolizando as 4 direções é acesa no centro
do templo ou dos ashrams, e os sacerdotes lançam nesse
fogo sacrificial Ghee, manteiga clarificada, enquanto entoam hinos
sagrados. A manteiga clarificada, esse líquido dourado, simboliza a
pureza da mente. Durga é louvada nessa ocasião como a Shakti que cria
novas ordens: a potência que elimina os demônios
interiores e exteriores, ou seja, nossos maus pensamentos, maus hábitos
e defeitos, e remove os obstáculos que impedem a realização dos nossos
propósitos.
DIWALI. É conhecido como o festival das luzes. E inaugura o Ano Novo indiano. A
deusa Lakshmi é louvada nesse festival como a divina portadora da luz,
da harmonia na família, na sociedade e no planeta. Fogos de artifício
espocam em profusão, lamparinas são acesas
nas residências e nas lojas e estabelecimentos comerciais. As luzes são
a manifestação da alegria, gratidão e adoração à deusa Lakshmi. A deusa
da beleza, do amor e da prosperidade derrama nessa ocasião suas bênçãos
planeta e toda a criação. Comemora-se também
nessa ocasião a vitoria de Rama sobre Ravana e sua volta triunfal a
Ayodhya depois do exílio. É a vitória da luz sobre as trevas e do
Dharma, a Lei e a Ordem sobre o adharma, a iniqüidade.
DASARA. É um festival dedicado à deusa Durga. Nessa ocasião os devotos se
confraternizam e fazem doações de alimentos e roupas aos necessitados.
Para o hinduísmo a Mãe Divina, durante este festival, acolhe no seu
coração os seus devotos, protege, ampara e orienta
os seus filhos no caminho do bem, da justiça e do amor incondicional. É
o festival da generosidade e do amor incondicional.
ONAM. É celebrado em toda a Índia, porém em especial em Kerala. É a volta
da alegria, prosperidade e justiça simbolizadas pelo retorno do rei
Maha Bali, que uma vez ao ano volta para visitar sua terra. O Rei Maha
Bali é venerado como provedor de fartura e justiça e reinou no período
dourado da civilização indiana na região de Kerala,
no sul da Índia. Durante Onam comemora-se também o advento de Vamana,
um avatar de Vishnu. Essa celebração dura 10 dias. As cidades e aldeias
ficam engalanadas, diversos enfeites adornam as portas das casas,
guirlandas e mandalas, e as ruas ficam forradas
com tapetes de flores.
LITERATURA SAGRADA
A
literatura espiritual hindu é considerada a mais vasta, rica e profunda
do mundo, pela quantidade de volumes,
pela preciosidade filosófica e diversidade de expressão. Ela é
classificada como revelada (Shruti) e narrada e memorizada (Smriti). As
reveladas são os Vedas, e as Upanishads são os comentários filosóficos
sobre os ensinamentos dos Vedas.
Os
Vedas são quatro: Rig Veda, Sama Veda, Yajur Veda e Atharva Veda. Cada
um deles contém um conjunto de
textos que foram elaborados em diferentes épocas e contêm ensinamentos
sobre a visão integrada do conhecimento humano: as artes, o
autoconhecimento, a manutenção da saúde e a cura e os hinos e rituais
mágicos para estabelecer a conexão do universo com o planeta,
e dos deuses com os seres humanos.
TEXTOS VÉDICOS
Samhitas. São os textos védicos mais antigos. Neles encontram-se hinos e cânticos
dedicados aos deuses védicos, fórmulas mágicas e invocações sagradas.
Brahmanas. Nesses textos estão instruções sobre o comportamento dos sacerdotes. O
estudo das escrituras e os valores a serem vivenciados para que o
sacerdote pratique o que prega. Contém também as orientações sobre as
práticas sacerdotais, obrigações e lições de como
organizar e oficiar os rituais.
Aranyakas. Esses textos foram reunidos por Rishis, santos meditadores renunciantes que
se retiraram para a floresta. Sendo por isso chamados textos das
florestas. Eram ensinados em segredo, longe da população de cidades e
aldeias, e transmitidos a um grupo seleto de iniciados.
Esses textos ensinam, entre outras coisas, que os deuses vivem e pulsam
na interioridade dos seres humanos; que nossa essência é divina e que
nos cabe, através de práticas espirituais, estudos e reflexões, atingir a
experiência e a conscientização do divino
em nós e em tudo que existe.
Upanishads. São textos filosóficos de grande profundidade que versam sobre o
Absoluto, a origem do universo e da vida, a essência do ser humano e a
razão da existência.
Sutras. São tratados de sabedoria que versam sobre o conhecimento humano de
modo geral. Contêm orientações sobre linguística, astronomia,
astrologia, ética, moral, arquitetura, geometria, medicina, leis sociais
etc
TEXTOS ÉPICOS
O Mahabharata. É considerado o maior épico já escrito em toda a literatura universal.
Foi escrito há 2 mil anos, em 90.000 versos, e é oito vezes mais longo
que a Ilíada e a Odisséia de Homero reunidas. Foi terminado e formatado
entre os séculos IV a.C e IV d.C. Narra a
epopéia cósmica do homem sobre o planeta Terra. A batalha de
Kurukshetra travada entre dois clãs arianos, os Pandavas e os Kauravas é
o placo para os ensinamentos de Krishna que resultaram na Bhagavad Gita, A Canção do Senhor.
O Ramayana. Foi escrito pelo poeta Valmiki em 24 mil versos que formam os sete
capítulos da obra. Foi escrito no século III a.C. Narra a epopéia do rei
e avatar Rama.O Ramayana enfatiza a conduta do príncipe herdeiro do
reino de Ayodia como exemplo de retidão. O épico
é objeto de várias interpretações. O texto inquieta os estudiosos por
suas narrativas simbólicas referentes à evolução humana e as descrições
das batalhas onde naves espaciais chamadas Vimanas, assim como armas
cuja descrição se assemelham a mísseis, são
utilizadas pelo exército de Rama e de Ravana, rei de Sri Lanka.
PURANAS
São
textos que contêm ensinamentos mitológicos, orientações de práticas
espirituais, narrativas sobre a
genealogia dos deuses, seus feitos e ensinamentos. Narram os fatos sob a ótica da magia, esoterismo e conhecimento oculto sem preocupação histórica. Existem 22 puranas
considerados principais e 22 considerados secundários. Existem os
puranas dedicados ao panteão védico e outros aos deuses
dravídicos, e também aos diversos aspectos da deusa e às encarnações de
Vishnu. O sábio Narada é contemplado com um purana, assim como Shiva, o
Lingan, e Garuda, o homem pássaro. O purana mais importante é o Shrimad Bhagavatam. Narra mitos, lendas e alegorias
históricas sobre a ocupação ariana e os confrontos com as etnias
autóctones, suas crenças e costumes. Nos dias atuais, nas casas de
famílias indianas religiosas, este livro é exposto e reverenciado em
lugar de destaque. Um costume semelhante ao cristão, pois
em algumas residências, quer católicas quer protestantes, a Bíblia
também é exposta e reverenciada.
TANTRAS
Os
textos tântricos se dividem em Shivaistas e Vaishnavas ou Vishnuistas.
Indicam métodos meditativos para
o desenvolvimento de Sidhis, poderes paranormais. Estes textos
contêm também ensinamentos éticos e esotéricos. As práticas indicadas
visam, através de posturas corporais, de fórmulas mágicas e também da
sexualidade, atingir níveis mentais superiores e expansão
de consciência. A deusa, em especial Kali, o aspecto oculto do feminino
cósmico, a senhora do tempo e dos mais profundos mistérios, é adorada
entre os adeptos do tantrismo. Os povos dravidianos que habitavam o sul
da Índia tinham rituais de adoração à deusa
e ritos sexuais desde a pré-historia. Esses ritos visavam a conjunção
amorosa do masculino e do feminino, a superação dos opostos e a comunhão
com a energia universal. Importante lembrar que a palavra ritual advém
de Rita, palavra do sânscrito que significa,
dança, movimento e criação de nova ordem. Daí a importância dos rituais
como facilitadores de transformações para a criação de novas ordens e
realidades.
AS UPANISHADS
Existe
divergência entre os estudiosos da literatura Védica quanto ao número
de Upanishads, porém a maioria
admite que inicialmente eram 108, levando-se em conta todas as
compilações desde tempos muito antigos. Porém, Shankarasharya, o grande
sábio e reformulador do hinduísmo, criador do pensamento adwaita do não
dualismo, selecionou 11 dentre todas as Upanishads,
e se deteve nelas. Shankaracharya se aprofundou no estudo e elaborou
comentários sobre essas 11, embora em seus ensinamentos inclua citações
de outras Upanishads. As 11 eleitas pelo grande sábio e criador da
filosofia Vedanta são:
ISHA
KENA
KATHA
PRASNA
MUDAKA
MADUKYA
TAITTIRYIA
CHANDOGYA
BRHADARANYAKA
SVETASVATARA
KENA
KATHA
PRASNA
MUDAKA
MADUKYA
TAITTIRYIA
CHANDOGYA
BRHADARANYAKA
SVETASVATARA
Estes textos são o substrato da filosofia Vedanta e certamente devem ser os escolhidos por todos aqueles
que pretendam conhecer em profundidade o pensamento Védico.
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br. Abraço. Davi.