sábado, 29 de outubro de 2022

RELACIONAMENTO DO SIGNO DE LEÃO COM OUTROS SIGNOS

 

Astrologia – Zodíaco. www.universa.uol.com.br. Sinastria (1) dos Signos. RELACIONAMENTO DO SIGNO DE LEÃO (22 de julho a 23 de agosto) COM OUTROS SIGNOS.

 

LEÃO E ÁRIES. São dois signos de fogo apaixonados, fortes e guerreiros, que gostam de liderar e dominar. A atração física, geralmente, é imediata, e o estímulo despertado na relação pode se dar em vários níveis: físico, emocional, intelectual e espiritual. Mas é comum ter choque de egos, portanto, doses de humildade são necessárias como antídoto. Para que o relacionamento perdure, devem aprender a somar, respeitar tomar decisões juntos – se conseguirem compartilhar o protagonismo, conseguirão superar as desavenças. Profissionalmente, um tem o poder de incentivar a criatividade do outro: Áries e Leão conseguem se estimular e se apoiar, mas se estiverem dispostos a um complementar as capacidades, talentos e habilidades do outro, superando a competição. Outro cuidado é com a vaidade, pois a franqueza de ambos deve ser adoçada com amor e compaixão para que não ultrapassem os limites. Sexualmente, são grandes as chances de haver química. Uma boa ideia é fazer passeios, aventuras, esportes e tudo o que traga movimento, celebrando a vida juntos. LEÃO E TOURO. Quando estes dois signos se conhecem, geralmente, há uma atração mútua instantânea, pois são sexualmente compatíveis. Gostam de explorar os prazeres da vida e a relação tende a ser muito calorosa. Ambos são carinhosos, amigáveis e românticos. Mas, com o tempo, as diferenças afloram: o taurino é paciente, cauteloso, reservado, caseiro e busca harmonia e segurança em suas relações. Já o leonino é conquistador, confiante, autoritário, gosta de festa, de ficar rodeado por pessoas e ser o centro das atenções, de se sentir vencedor em tudo o que faz. Portanto, pode ficar entediado ao lado de um taurino. Touro tem tendência para o ciúme e a possessividade, o que deve controlar. Já Leão precisa policiar seus impulsos conquistadores, seu desejo de independência ou irá magoar o taurino. O desafio é cultivar uma base de cumplicidade, sinceridade, amor e respeito mútuo e combater a teimosia. Em termos profissionais, a parceria tem chance de ser produtiva. Apesar das diferenças, se houver verdadeiro amor e boa vontade conseguirão superar as dificuldades. LEÃO E GÊMEOS. Esta é uma união com potencial estimulante, pois se trata de signos alegres, joviais, criativos e festivos. Ambos gostam de novidades, aventuras, diversão, atividades culturais e de lazer – pontos que fazem muito bem ao casal. Leão é um signo do elemento Fogo, confiante e ambicioso. Gêmeos é um signo do Ar, inteligente, adaptável e inquieto. O resultado desta combinação é explosivo. Sexualmente, eles têm chances de viver momentos de muita química, paixão, brincadeiras e carinho, além de uma bela cumplicidade. Se trabalharem juntos, haverá possibilidade de sucesso em atividades criativas: Gêmeos com seu potencial intelectual e Leão com seu toque ambicioso e glamoroso. Mas é importante que fiquem atentos às armadilhas do ego quando estiverem em ambientes sociais. Se o orgulho de Leão vier à tona, Gêmeos deve evitar enfrentá-lo e relevar. Por vezes, a língua afiada de Gêmeos pode ferir o ego de Leão. Se conseguirem respeitar suas diferenças e relaxar, a relação certamente se tornará interessante, divertida e duradoura. LEÃO E CÂNCER. São signos com qualidades muito diferentes. Leão é confiante, alegre, entusiasmado, orgulhoso e ambicioso. Câncer é tímido, retraído, emotivo e acolhedor. É possível que haja forte paixão no início, mas ambos devem se conhecer e se compreender para se complementarem. Sexualmente, Leão aprecia uma companhia carinhosa a atenciosa. Câncer já é mais precavido, pelo menos no começo do relacionamento – com tempo e paciência conquistarão cumplicidade nos momentos íntimos. Leão é festivo, social, extrovertido e adora de ser o centro das atenções. Câncer não gosta de chamar a atenção e prefere as reuniões mais íntimas. É essencial amor e comprometimento para que consigam superar as diferenças. Há necessidade de uma atenção maior para não se magoarem mutuamente. É importante que Câncer forneça apoio emocional e incentive as ambições de Leão, para que possam progredir juntos na vida. Ao mesmo tempo, o leonino deve respeitar a sensibilidade e as particularidades de Câncer, sem se irritar com ele. LEÃO E LEÃO. Os leoninos são confiantes, conquistadores e líderes. Portanto, um casal com essas qualidades enfrentará embates, alternando paixões com brigas. Também são divertidos, alegres e criativos. Sexualmente, demonstram grande energia. Leão é um signo de Fogo, regido pelo Sol: brilho, força e poder estão presentes. Na via positiva, podem buscar juntos aprendizados e autoconhecimento programando estudos, viagens, esportes e passeios culturais. A vida tende a ser uma celebração constante. Na via negativa, há risco de caírem nas armadilhas da competitividade, da arrogância, da vaidade e do orgulho. O ideal é que haja sintonia e apoio mútuo, para que não entrem em competição pelo sucesso. Também devem trocar elogios e gentilezas – um leonino aprecia aplausos e gosta de se sentir especial. É preciso ainda confiança e sinceridade, pois podem se envolver em acusações, inspiradas em fatos reais ou imaginários de deslealdade e infidelidade. Por tudo isso, o grande desafio do casal é superar as armadilhas do ego para que o amor de seus grandes corações cresça e floresça. LEÃO E VIRGEM. Com naturezas muito diferentes, contraditoriamente podem se complementar, principalmente na questão profissional. A praticidade, o detalhismo e as habilidades estratégicas de Virgem servirão de grande suporte para os projetos criativos e ambiciosos de Leão. Numa relação amorosa, se houver comprometimento e respeito por suas diferenças, eles conseguirão permanecer juntos. Essa tendência será fortalecida ainda se tiverem outros aspectos favoráveis em seus mapas astrológicos. O desafio é que encontrem um equilíbrio entre o lado exuberante, exibicionista, sociável, divertido e extrovertido de Leão, com a natureza tímida, objetiva, retraída, racional e observadora de Virgem. A tendência é que Leão dê as ordens e Virgem as execute. É importante que o Leonino abaixe a guarda do orgulho, da vaidade e da arrogância para reconhecer seus limites, suas falhas, aceitar as sugestões e as observações de Virgem, que provavelmente serão realistas e objetivas. Por sua vez, Virgem absorverá o bom humor e a confiança de Leão, adoçando suas palavras com amor para que suas críticas sejam ouvidas. LEÃO E LIBRA. Esta é uma parceria estimulante e promissora. O elemento Ar de Libra, mental, inteligente e ponderado, complementa o elemento Fogo de Leão, impetuoso, confiante e ambicioso. O relacionamento é produtivo também para projetos profissionais: são sociais, criativos, interessados pelos assuntos culturais e artísticos. Ar e Fogo são elementos que geram combustão. Essa mistura é boa também para a vida sexual do casal. Promete calor, paixão, química, harmonia e cumplicidade. Os dois gostam de namoro, requinte e romance. O Ar de Libra estimula o Fogo de Leão, o que pode ajudá-lo a crescer e a se desenvolver. A força de vontade, os dons de liderança e a segurança de Leão tendem a neutralizar a hesitação e a indecisão de Libra. Leão oferecerá seu apoio e sua confiança para que o libriano possa caminhar com passos mais firmes e determinados. Com empenho e dedicação, o casal conquistará a beleza, a harmonia e o equilíbrio tão sonhados por Libra. Além de tudo isso a generosidade de Leão, combinada com o senso de justiça libriano oferecem grande potencial para que a parceria realize trabalhos sociais e humanitários. LEÃO E ESCORPIÃO. Esta pode ser uma combinação de muita força, química e paixão, mas que tende a passar por conflitos de autoridade e crises de ciúme. São signos apaixonados, temperamentais e determinados. Não é bom que trabalhem juntos, pois há risco de confrontos e disputas pelo poder – ambos gostam de comandar. No caso de Escorpião (signo da Água: misterioso, sensível, profundo e intenso), esse desejo é velado. No caso de Leão (signo do Fogo: extrovertido, confiante, exuberante e ambicioso), suas intenções ficam às claras. Escorpião é mais intuitivo, percebe quando o orgulho de Leão está ferido. Por sua vez, os leoninos devem ser cuidadosos para não ferir os sentimentos do sensível Escorpião. Quando estão furiosos, é quase impossível tranquilizá-los. O leonino é conquistador, divertido, espontâneo bem-humorado, gosta de festas e celebrações. Escorpião é mais retraído, desconfiado, magnético e misterioso. Para que união seja duradoura, devem se respeitar, conhecer suas reações instintivas para que possam se complementar. O grande aprendizado nesta relação é que ambos saibam respeitar suas individualidades, sem querer controlar ou invadir o território do outro. LEÃO E SAGITÁRIO. Esta é uma combinação dinâmica e favorável, já que ambos são signos do elemento Fogo: entusiasmados, extrovertidos, criativos, confiantes e aventureiros. Uma parceria como esta promete movimento, novidades, viagens, esportes e ricas experiências. Na vida sexual, contam com uma energia ardente, vibrante e apaixonada. Mas vale lembrar que Leão precisa moderar seu autoritarismo, pois Sagitário é amante da liberdade. É possível que haja alguns atritos, já que são orgulhosos e impetuosos. Na hora de defender suas ideias e convicções, devem ser abertos para ouvir e compreender os pontos de vista do outro. Isso pode fazer com que aproveitem melhor seu tempo juntos. De qualquer forma, têm muitos interesses em comum: Sagitário conta com a generosidade e a natureza expansiva de Júpiter, seu regente; e Leão com o brilho e o calor benevolente do Sol. Também são generosos, de bem com a vida e têm muito bom humor. O entusiasmo contagiante e a positividade da parceria pode ser uma fórmula para o sucesso: eles acumulam força suficiente para atingir metas elevadas e ambiciosas. LEÃO E CAPRICÓRNIO. Esta união tem tudo para ser muito produtiva, especialmente se, além da vida amorosa, houver colaboração em parcerias de trabalho. A sobriedade, a determinação e a visão estratégica de Capricórnio, combinadas com a confiança, a ambição e energia de Leão podem levar ao sucesso e ao prestígio. Os dois são ambiciosos, almejam projeção e status social. Também possuem qualidades de liderança. Mas há algumas diferenças: Leão (signo do Fogo) é mais exuberante, espontâneo, efusivo, festivo e divertido. Capricórnio (signo de Terra) é mais pragmático, sério, frio e analítico. Leão é orgulhoso, mas o terrestre Capricórnio é ainda mais teimoso e autoritário. Porém, com mais discrição, com menos ostentação. Leão é conquistador; Capricórnio é estruturador e organizador. É importante que ambos cultivem doses de humildade para reconhecerem que não são perfeitos e para não haver competição na relação, nem passem a vida tentando mudar, dominar ou controlar o temperamento do parceiro. A tendência é que o casal cultive admiração mútua. LEÃO E AQUÁRIO. Esta parceria traz potencial tanto para o romance quanto para a colaboração em projetos profissionais. É possível que, sexualmente, tenha muita química, inclusive atração à primeira vista. A natureza extrovertida de Leão se encaixa muito bem com o comportamento excêntrico de Aquário e podem viver juntos experiências recheadas de surpresas e originalidade. Aquário e Leão são signos sociáveis, adoram propostas ousadas e programas inusitados. Ambos são generosos e inteligentes, se interessam pela vida cultural, gostam de aprender e cultivam uma mentalidade progressista. No entanto, os dois têm tendência para a teimosia. Doses de humildade são essenciais para que possam reconhecer suas falhas e admitir seus erros. Aquário gosta de trabalhar em grupo. Leão é líder, prefere comandar. O leonino deve aprender a ser mais racional, fraternal, igualitário e analítico com Aquário. Por sua vez, Aquário precisa ser mais confiante, caloroso e confiante com Leão. Caso contrário, é provável que sabotem o relacionamento. LEÃO E PEIXES. Estes são signos com natureza, interesses e personalidades muito distintas. A não ser que haja outros pontos favoráveis no mapa astrológico dos parceiros, esta será uma relação difícil e com poucas chances de sucesso. Peixes é sensível, introspectivo, romântico e sonhador. Leão é extrovertido, confiante, orgulhoso e dominador. Sexualmente, Peixes anseia por uma união mágica, uma fusão emocional completa, com pitadas de mistério e encantamento. Por sua vez, Leão busca por prazer, carinho e paixão, e gosta de elogios e da expressão verbal dos sentimentos. Mas ao longo do tempo, possivelmente Leão não terá paciência para os sentimentalismos de Peixes. Por sua vez, Peixes não irá apreciar a vaidade e o exibicionismo de Leão. É importante que haja sinceridade e que se conheçam muito bem antes de se comprometerem sério. Quanto mais generosos e compreensivos forem, melhor será a união: Peixes aprenderá com Leão lições de confiança, autoestima e coragem; e Leão aprenderá com Peixes lições de compaixão, inspiração, solidariedade e fé.

 

(1) Sinastria - é uma técnica utilizada na astrologia para verificar o grau de compatibilidade numa relação (afetiva, profissional ou familiar entre duas pessoas. Esse procedimento faz uso do mapa astral, recorrendo aos perfis astrológicos. Requer encontrar um profissional recomendado e capacitado na ciência astrológica. Bem conceituado na comunidade onde está inserido. De preferência tendo registro profissional na instituição ou sindicato que regula a prática em sua região. www.universa.uol.com.br. Abraço. Davi

 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

A FILOSOFIA HERMÉTICA

 

Caibalion. FILOSIFIA HERMÉTICA. Livro O Caibalion – Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Capítulo I. Do velho Egito saíram os preceitos fundamentais esotéricos e ocultos que tão fortemente têm influenciado as filosofias de todas as raças, nações e povos, por vários milhares de anos. O Egito, a terra das Pirâmides e da Esfinge, foi a pátria da Sabedoria secreta e dos Ensinamentos místicos. Todas as nações receberam dele a Doutrina Secreta. A Índia, a Pérsia, a Caldéia, a Média, a China, o Japão, a Assíria, a antiga Grécia e Roma e outros países antigos aproveitaram lautamente dos fastos do conhecimento, que os Hierofantes e Mestres da Terra de Isis tão francamente ministravam aos que estavam preparados para participar da grande abundância de preceitos místicos e ocultos, que as mentes superiores deste antigo país tinham continuamente condensado. No antigo Egito viveram os grandes Adeptos e Mestres que nunca mais foram superados, e raras vezes foram igualados, nos séculos que se passaram desde o tempo do grande Hermes. No Egito estava estabelecida a maior das Lojas dos Místicos. Pelas portas dos seus Templos entraram os Neófitos que mais tarde, como Hierofantes, Adeptos e Mestres, se espalharam por todas as partes da Terra, levando consigo o precioso conhecimento que possuíam, ansiosos e desejosos de ensiná-los àqueles que estivessem preparados para recebê-los. Todos os estudantes do Oculto conhecem a dívida que tem para com os veneráveis Mestres deste antigo país. Mas entre estes Grandes Mestres do antigo Egito, existiu um que eles proclamavam como o Mestre dos Mestres. Este homem, se é que foi verdadeiramente um homem, viveu no Egito na mais remota antiguidade. Ele foi conhecido sob o nome de Hermes (3) Trimegisto. (3) Entre as obras atribuídas a Hermes podemos citar as seguintes: A Tábua de Esmeralda, O Poimandres. O Asclépios, e a Minerva Mundi ou Coré Cosmou, todas conhecidas pelos leigos. Destas obras temos a elegante tradução francesa de Louis Ménard (1822-1901). Além destas existem outras obras que são do uso exclusivo dos iniciados. O nome de Hermes foi dado também à Universidade do Egito, e é por isso que são atribuídas a Hermes mais de 2000 obras. Ele foi considerado o pai da Ciência Oculta, o fundador da Astrologia, o descobridor da Alquimia. Os detalhes da sua vida se perderam devido ao imenso espaço de tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter sido a sua pátria. A data de sua existência no Egito, na sua última encarnação neste planeta, não é conhecida agora, mas foi fixada nos primeiros tempos das mais remotas dinastias do Egito, muito antes de Moisés. As melhores autoridades consideram-no como contemporâneo de Abraão, e algumas tradições judaicas dizem claramente que Abraão adquiriu uma parte do seu conhecimento místico do próprio Hermes. Depois de ter passado muitos anos da sua partida deste plano de existência (a tradição afirma que viveu trezentos anos) os egípcios deificaram Hermes e fizeram dele um dos seus deuses sob o nome de Thoth. Anos depois os povos da Antiga Grécia também o deificaram como o nome de Hermes, o Deus da Sabedoria. Os egípcios reverenciaram por muitos séculos a sua memória, denominando-o o mensageiro dos deuses, e ajuntando-lhe como distintivo o seu antigo título Trimegisto, que significa o três vezes grande, o grande entre os grandes. Em todos os países antigos, o nome de Hermes Trimegisto foi reverenciado, sendo esse nome considerado como sinônimo de Fonte de Sabedoria. Ainda em nossos dias empregamos o termo hermético no sentido de secreto, fechado de tal maneira que nada escapa etc., pela razão que os discípulos de Hermes sempre observaram o princípio do segredo nos seus preceitos. Eles ignoravam aquele não lançar as pérolas aos porcos, mas conservavam o preceito de dar leite as crianças, e carne aos homens feitos, máximas que são familiares, a todos os leitores das Escrituras Cristãs, mas que já eram usadas pelos egípcios, muitos séculos antes da era cristã. Os Preceitos Herméticos estão espalhados em todos os países e em todas as religiões, mas não pertencem a nenhuma seita religiosa particular. Isto acontece por causa das advertências feitas pelos antigos instrutores com o fim de evitar que a Doutrina Secreta fosse cristalizada em credo. A Sabedora desta precaução é clara para todos os estudantes de história. O antigo Ocultismo da Índia e da Pérsia degenerou-se e perdeu-se completamente, porque os seus instrutores tornaram-se padres, e misturaram a teologia com a filosofia, vindo a ser, por consequência, o Ocultismo da Índia e da Pérsia, gradualmente perdido no meio das massas de religiões, superstições, cultos, credos e deuses. O mesmo aconteceu com a antiga Grécia e Roma também com os Preceitos Herméticos dos Gnósticos e Cristãos primitivos, que se perderam no tempo do imperador Constantino, e que sufocaram a filosofia com o manto da teologia. Fazendo assim a Igreja perder aquilo que era a sua verdadeira essência e espírito, e andar às cegas durante vários séculos, antes de tomar o seu verdadeiro caminho. Porque todos os bons observadores deste vigésimo século dizem que a Igreja está lutando para voltar aos seus antigos ensinamentos místicos. Apesar de tudo isso sempre existiram algumas almas fiéis que mantiveram viva a Chama, alimentando-a cuidadosamente e não deixando a sua luz se extinguir. E graças a estes firmes corações e intrépidas mentes, temos ainda conosco a verdade. Mas a maior parte desta não se acha nos livros. Tem sido transmitida de Mestre a Discípulo, de Iniciado a Hierofante, dos lábios aos ouvidos. Ainda que esteja escrita em toda parte, foi propositalmente velada com termos de alquimia e astrologia, de modo que só os que possuem a chave podem na ler bem. Isto era necessário para evitar as perseguições dos teólogos da Idade Média que combatiam a Doutrina Secreta a ferro, fogo, pelourinho, força e cruz. Ainda atualmente só encontramos alguns valiosos livros de Filosofia Hermética, apesar das numerosas referências feitas a ela nos vários livros escritos sobre diversas fases do Ocultismo. Contudo, a Filosofia Hermética é a única Chave Mestra que pode abrir todas as portas dos Ensinamentos Ocultos.! Nos primeiros tempos existiu uma compilação de certas Doutrinas básicas do Hermetismo, transmitida de mestre a discípulo, a qual era conhecida sob o nome de Caibalion, cuja significação exata se perdeu durante vários séculos. Este ensinamento é, contudo, conhecido por vários homens a quem foi transmitido dos lábios aos ouvidos, desde muitos séculos. Estes preceitos nunca foram escritos ou impressos até chegarem ao nosso conhecimento. Eram simplesmente uma coleção de máximas, preceitos e axiomas, não inteligíveis aos leigos, mas que eram prontamente entendidos pelos estudantes. Além disso, eram depois neófitos. Estes preceitos constituíam realmente os princípios básicos da Arte da Alquimia Hermética que, contrariamente ao que geralmente se crê, baseia-se no domínio das Forças Mentais. Em vez de no domínio dos Elementos materiais, na Transmutação das Vibrações mentais em outras, em vez de na mudança de uma espécie de metal em outra. As lendas da Pedra Filosofal, que transformava qualquer metal em ouro, eram alegorias da Filosofia Hermética perfeitamente entendidas por todos os estudantes do verdadeiro Hermetismo. Neste livro, cuja primeira lição é esta, convidamos os estudantes a examinar os Preceitos Herméticos tal como são expostos no Caibalion e explicados por nós, humildes estudantes desses Preceitos, que, apesar de termos o título de Iniciados, somos simples estudantes aos pés de Hermes, o Mestre. Nós lhe oferecemos muitos axiomas, máximas e preceitos do Caibalion, acompanhados de explicações e comentários, que cremos servir para tornar os seus preceitos mais compreensíveis ao estudante moderno, principalmente porque o texto original é vedado de propósito com termos obscuros. As máximas, os axiomas e preceitos originais do Caibalion são impressos em tipo diferente do tipo geral da nossa obra. Esperamos que os estudantes a quem oferecemos esta obra possam tirar muito proveito do estudo das suas páginas, como o tiraram muito proveito antes pelo Caminho do Adeptado, nos séculos decorridos desde o tempo de Hermes Trimegisto, o Mestre dos Mestres, o Três Vezes Grande. Diz o Caibalion “Em qualquer lugar que estejam os vestígios do Mestre, os ouvidos daquele que estiver preparado para receber o seu Ensinamento se abrirão completamente. Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para os encher com Sabedoria”. De modo que, de acordo como o indicado, só dará atenção a este livro aquele que tiver uma preparação especial para receber os Preceitos que ele transmite. E, reciprocamente, quando o estudante estiver preparado para receber a verdade, também este livro lhe aparecerá. Esta é a Lei. O Princípio Hermético de Causa e Efeito, no seu aspecto de Lei de Atração, levará os ouvidos para junto dos lábios e o livro para junto do discípulo. Assim são os átomos! Do Livro Caibalion – Os três Iniciados. Abraço. Davi.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

DESTAS PEDRAS DEUS PODE SUSCITAR FILHOS A ABRAÃO

 

Editor do Mosaico. DESTAS PEDRAS DEUS PODE SUSCITAR FILHOS A ABRAÃO. O texto acima, título de nosso tema, está em Mateus 3,9-10. Basearei minha reflexão nele abordando alguns princípios da filosofia oculta. Os três primeiros Evangelhos Mateus, Marcos e Lucas recebem o codinome de Sinópticos. São conhecidos assim por terem uma grande quantidade de histórias em comum sobre  Jesus. Na mesma sequência e algumas vezes utilizando os mesmos esquemas de palavras. Nesses termos existe um grau de paralelismo relativo ao conteúdo, linguagem e estruturas das frases ocorrendo somente em uma literatura interdependente. Desse modo muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si. Uma esclarecedora mística quanto a esses Evangelhos é que cada um tem uma simbologia específica. Dessa forma Mateus traz a representação do Cristo como o Leão o rei entronizado para governar seu povo com majestade e glória. Em João 19, 19-20 diz-se "E Pilatos escreveu também um título e pô-lo em cima da cruz e nele estava escrito: Jesus Nazareno o Rei dos Judeus. E muitos dos judeus leram este título porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade e estava escrito em hebraico, grego e latim". Marcos traz a tipologia de Jesus como o Boi ou o Cordeiro que é oferecido como holocausto pelos pecados de toda a humanidade. Também nesse contexto se entende aquele que serve e ara a terra deserta preparando-a como nutriente. Tornando-se o calcário para diminuir sua acidez e proporcionar mais alcalinidade a uma melhor semeadora e boa colheita. Além de pulverizar e irrigar o solo. Marcos 10,45 fala "Porque o Filho do homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Lucas enfatiza em seus escrito o Cristo como um Homem de carne e osso frágil e tendo necessidades físicas, emocionais e sentimentais. Igual a qualquer ser humano. De certo um assunto para ser investigado mais minuciosamente pela ciência oculta. A tradicional teologia parece ter medo de mensurá-lo como homem em sua completude. Para alguns uma compreensão estereotipada do sentido misterioso da encarnação - Deus Homem. Reduzindo o Cristo apenas a uma figura de herói ou mártir. Coisas que se evidenciam de forma emblemáticas em sua época por feitos milagrosos, doutrinas, simplicidade, mansidão, amor, pureza e santidade. Contudo quando lermos os Evangelhos, devemos entender que Jesus “escondia” sua divindade na maioria das vezes. Não reivindicando pra si a deidade, preferindo ser tratado como um simples mortal. Nessa condição ele veio para esse mundo cumprir sua missão divina e na situação de Deus era impossível morrer vicariamente pela humanidade. Assim tendemos a acompanhar a argumentação exotérica dos técnicos em exegese. Com medo, não seguimos a intuição oculta que nos diz para considerá-lo também como um homem. Que cometeu deslizes e resvalos éticos até em alguns momentos se irou justamente percebendo a insensibilidade humana. Querendo manter o status quo sistematizado e religioso vigente em sua época. Lucas 12, 8 "E digo vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus". O texto que analisaremos está em Mateus 3, 1-10 então iniciemos "Naqueles dias apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizia: arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus". Para compreendermos melhor  vamos fazer uma conexão com outro trecho bíblico em que Jesus compara João Batista a Elias em Mateus 17, 11-13 "E Jesus respondendo disse-lhes: Em verdade Elias vira primeiro e restaurará todas as coisas mas digo-lhes que Elias já veio e não o conheceram mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padece o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista". Segundo a Sabedoria Antiga o Mestre Jesus sendo um Essênio viveu numa comunidade que existiu no ano 150 aC a 70 dC. Isso conforme os historiadores judeus Filon (10 aC 50 dC) e Flávio Josefo (37-100). Os Essênios eram uma ordem religiosa que tinham revelações manifestadas e esotéricas, havendo se afastado do Judaísmo por motivos desconhecidos. Todavia tinham leis, documentos sagrados, usos e costumes diferenciados. Foram mostrados pela famosa descoberta dos Manuscritos do Mar Morto (1950). Uma centena de textos e fragmentos encontrados nas Cavernas de Qunram em Israel. Os Essênios alimentavam-se basicamente de frutas e legumes banhando-se em águas para equilibrar o corpo e talvez tenha surgido daí o rito do batismo. João Batista era Essênio. Eles assim como os judeus tinham Escolas para Iniciados e possivelmente o Mestre Jesus frequentou em sua juventude e maioridade essa Academia do Conhecimento Oculto. Alguns ponderam que os sábios essênios trocavam comunicação com os Mestres da Escola de Alexandria, século I. Possivelmente Jesus estudou também nessa Casa do Saber Universal. Assim pensando no conhecimento oculto que o Mestre Jesus como Iniciado adquirirá. Podemos inferir que João Batista é uma encarnação do profeta Elias. Continuando seu ministério de "preparar o caminho do Senhor, endireitar as suas veredas". Os dois evidenciaram-se em diferenças e semelhança vejamos: Elias executou milagres e maravilhas e João Batista não fez nenhum sinal. Elias teve problemas com os profetas de Baal e João Batista teve dificuldades com os Fariseus. Elias feriu o rio Jordão atravessando-o sem se molhar. João batizava no rio Jordão e  todos saiam molhados. Elias viu uma pequena nuvem do tamanho de uma mão do homem. João Batista viu nascer o sol da justiça. Elias lutou contra a idolatria de Baal o deus Cananeu - Fenício da chuva, do clima, da tempestade que molha a terra. João Batista pregava principalmente o arrependimento e a vinda do Messias. Elias não morreu, subindo ao céu arrebatado numa carruagem puxada por cavalos de fogo dentro dum redemoinho II Reis 12,1-12. João Batista morreu decapitado preso por Herodes. Elias não foi preso mas sofreu perseguição. Elias tinha como discípulo Eliseu. João Batista tinha discípulos e alguns deles se tornaram discípulos do Mestre Jesus. Elias predisse profeticamente acontecimentos futuros. João Batista foi alvo vivo de profecias passadas. Cumprindo as previsões de Malaquias e Isaías.  Essas comparações podem provar que a encarnação dos dois é perfeitamente plausível em termos lógicos. Podemos pensar João Batista como um iniciado ou adepto dos mistérios ocultos. Sua roupa diferente das originais vestes sacerdotais judaicas denunciavam sua maneira excêntrica de servir ao Eterno. Assim como o Mestre Jesus que não deixou nenhum código de doutrinas exotéricas - exterior e nem fundou nenhuma nova religião. Preferindo proclamar o amor ao próximo e a fraternidade universal entre os homens. João Batista apesar de judeu não enfatizou nada de preceitos ou normas ritualísticas de sua religião judaica. Que aproximassem o fiel do seu Deus. Por ser diferente teve autoridade para falar com intrepidez dos mistérios – ocultos – maiores que estavam guardados. Enfrentando com coragem os desmandos e a hipocrisia moral da autoridade do governador Herodes Antipas (20 aC 39 dC) da Palestina. Esse malignamente influenciado por sua amante na festa de seu aniversário, mandou decapitar João Batista no cárcere. Marcos 6, 24 - 26 "Saindo ela perguntou a mãe: Que pedirei? Esta respondeu: a cabeça de João Batista. E enviando logo o executor mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi e o decapitou no cárcere, e trazendo a cabeça num prato a entregou à jovem e está por sua vez a sua mãe". O versículo 20 do texto acima diz que "Herodes temia a João Batista sabendo que era homem justo e santo e o tinha em segurança. E quando o ouvia ficava perplexo escutando-o de boa mente". Os Mestres iniciados tem testemunho dado por pessoas que os observam, mostrando que estão caminhando pela Senda Espiritual. Voltando para Mateus 3, 6 "E eram por ele batizados no rio Jordão confessando os seus pecados". Incrível imaginar que a mensagem do profeta João Batista era tão curta e simplesmente dizia: "arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus" Mateus 3,2. Bastante diferente do que estamos acostumados a ouvir nos dias de hoje. As pregações tentam converter as pessoas para sua bandeira de fé e prática. Sempre mostrando as vantagens e recompensas advindas dessa decisão. Aqui particularmente parece que João não oferece nenhum galardão. Só a esperança da evolução espiritual para entrar num reino superior e elevado. Acima do interesse e glórias humanas. Que fariam com que o discípulo percebesse que lhe aguardavam futuros processos de renascimentos à completar seu ser espiritual. O batismo era o primeiro passo para o iniciado percorrer esse caminho estreito, entrando pela porta apertada. Nada de organização ou filiação religiosa ou partidária. Porém um compromisso consigo mesmo de trilhar pela prece, meditação, contemplação o autoconhecimento. O desenvolvimento da espiritualidade superior. A referência a "raça de víboras quem vos induziu a fugir da ira futura" Mateus 3,7. É uma advertência de que apenas o conhecimento que alcançamos por nossa inteligência dos mistério maiores e menores da natureza e da mente humana. Não são suficientes para completar nossa formação espiritual. João sabia que na tradição mística a serpente simboliza o conhecimento humano. A chamada doutrina do olho dita por Buda (563 aC 483) nos seus escritos sagrados. Também como o Buda enfatiza precisamos da doutrina do coração. Revelada numa atitude de altruísmo,  resignação e compaixão ao próximo. Acolhendo-os e não considerando imundo aquilo de Deus santificou.  Usando a tolerância e o amor para com todos sem discriminação de cor, sexo, raça, opinião e religião.  Considerando todos como irmãos mesmo em situações de espiritualidade, culturas e tradições divergentes. Buscando a evolução integrada com todos os seres da natureza que vivem na Criação feita pelo Criador. Assim os hipócritas fariseus se orgulhavam de seu conhecimento. Achando que isso era suficiente para encontrarem os segredos que estavam encobertos. Classificavam aqueles que não podiam consegui-los como gentios e publicanos. Desmerecedores das recompensas celestiais. Seu orgulho e mesquinhez era o que os condenavam desviando-os da caminho da verdade. João Batista conhecia o processo natural da evolução humana e infiro que tinha conhecimentos ocultos da Cabala judaica. A referência "Temos por pai a Abraão porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão" Mateus 3,9. Esse é o tema de nossa reflexão. Mostra o conteúdo de um dos textos - Livro da Criação - dessa doutrina mística quando diz que: "do mineral tornou-se vegetal do vegetal tornou-se animal do animal tornou-se humano e do humano tornar-se-á espírito". Para mim está claro nesse trecho bíblico o desejo do Espírito Divino de continuar sua obra de evolução em nossa matéria - espírito ou espírito – matéria. Ela foi insuflada pela centelha divina a milhões de encarnações passadas. Percorrendo os planetas de nosso sistema solar até aportar em nossa terra. Interessante pensar que como a monada, átomo ou gene – partícula divina, fomos germinados por esse raio luminoso.  Mineralizados em um dos planetas de nosso sistema solar para iniciarmos nossa ronda evolutiva existencial. Acessando a astrologia através de um mapa astral podemos ter uma previsão de onde iniciamos esse enigmático processo. Em qual das casas astrais ou planeta de nosso sistema solar. Na terra estamos segundo os estudiosos da ciência oculta perfazendo um total de aproximadamente milhares de encarnações. Um número imaginário é claro, para podermos entender esse complexo veículo de evolução. Junto com nosso carma positivo ou negativo proporcionando nosso tempo entre vidas. Onde reparamos ou retificamos aquilo que precisa ser debitado como vício. Ou compensado como virtude para desfrutarmos o período de conforto antes das novas encarnações. Esse processo evolutivo na terra é feito primeiramente por uma anterior consciência elementar. Bem primitiva e sem coordenação estrutural nervosa. Seguindo posteriormente uma consciência primitiva mineral ainda se organizando. Mesmo que incipiente tentando formular relações de compartilhamentos moleculares e partículas. Onde átomos eletrovalentes se conectam a valências negativas nos elementos inorgânicos. Surgindo as interações de compostos que representam os atuais elementos químicos existentes. Dos quais somos uma totalidade de carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e outros. Continuando evoluímos para avançarmos como um vegetal em uma consciência adaptativa. Centrada em nosso próprio sustento. Agora tendo a necessidade de interdependência com outros reinos e cadeias alimentares. Principalmente a precedente da qual tiraremos nosso sustento e nutrientes e posteriormente uma consciência instintiva animal. Essa já bem organizada e sabedora de alguns processos de relacionamentos coletivos. Mesmo que para uma individualidade da espécie. Sem entender que os vários reinos da natureza são intercambiáveis e o equilíbrio é feito com a harmonia de todos. E finalmente chegamos a uma consciência intuitiva, imaginativa e cognitiva humana. A compreensão de que fazemos parte do todo da natureza. Fundamental estarmos conectados e atuando para o bem dos seres na face da terra. Dependemos de cada pedra, cada árvore e cada animal que estão vivendo sua existência. Com eles nós humanos construiremos uma Fraternidade Universal onde a Criação representa o Criador e o Criador tipifica a Criatura. Abraço. Davi.      

 

sábado, 22 de outubro de 2022

SONHOS

 

Judaísmo. www.morasha.com.br. SONHOS. Os sonhos vêm fascinando os homens ao longo da História. Tornaram-se símbolos de esperança de um futuro melhor, inspiraram místicos e poetas, cientistas e filósofos. E, desde as mais remotas épocas, o homem tem procurado entender as mensagens E significados desses fenômenos intrigantes, envoltos em mistério. Os sonhos vêm fascinando os homens ao longo da História. Tornaram-se símbolos de esperança de um futuro melhor, inspiraram místicos e poetas, cientistas e filósofos. E, desde as mais remotas épocas, o homem tem procurado entender as mensagens E significados desses fenômenos intrigantes, envoltos em mistério. O que tem variado, ao longo do tempo, é a importância que lhes é atribuída e a compreensão que se tem dos mesmos. No judaísmo, sempre tiveram um papel importante. Para os profetas da Torá, prediziam o futuro, trazendo advertências e mensagens Divinas. Para o Talmud, os sonhos são um meio de comunicação entre o Divino e os homens. O Zohar leva este conceito mais adiante, afirmando que num mundo onde não há mais profetas, a Sabedoria Divina pode vir a ser revelada através dos sonhos. Numa visão mais terrena, mais concreta, são vistos como a chave para uma auto avaliação pessoal pois, ainda segundo o Livro do Esplendor - o Zohar, já citado, tem o potencial de nos auxiliar em nosso cotidiano. Mas, alertam nossos sábios, nem todos os sonhos são mensagens e nem todas as mensagens são verdadeiras. Por isso, antes de adentrar neste mundo e na riqueza de suas interpretações, precisamos de muita cautela e uma certa desconfiança. A própria Torá nos exorta a ficar longe de quem usa os sonhos como presságios, bem como daqueles que afirmam ver a presença Divina em seus sonhos, usando tal argumento como "prova" para apregoar que D'us os teria investido de algum tipo de autoridade. NA HISTÓRIA. As culturas antigas os consideravam portadores de importantes mensagens. Diziam que seus ancestrais e deuses se comunicavam através dos sonhos. Mas, a partir da Era Moderna, do cientificismo, o homem ocidental abandonou a idéia de que os sonhos podiam ter algum significado e suas interpretações passaram a ser vistas como meras superstições. Quando Sigmund Freud (1856-1939) começou a pesquisar a literatura médica de sua época em busca de informações sobre os sonhos, descobriu que pouco havia sobre o tema. Em 1899, ao publicar "A interpretação dos sonhos", foi ridicularizado por seus pares e sua teoria de que continham significados foi considerada absurda, durante vários anos. Hoje, a ciência moderna, principalmente a psicologia, vê os sonhos como poderosa ferramenta para aperfeiçoar o bem-estar emocional e físico do homem. Afinal, o sono e a produção da mente humana durante esse período desempenham um papel vital em nossa vida, pois passamos um terço da mesma dormindo e, durante o sono, sonhamos em um quarto desse tempo. A ciência caminhou bastante no conhecimento dos mecanismos do sono e seus ciclos. Sabemos que nele há duas fases: A primeira, chamada NREM - em português, Não-REM, de Non-Rapid Eye Movement, movimentos oculares não rápidos - que ocupa 75% do tempo que dormimos. Nesta fase, a pressão sanguínea e o batimento cardíaco decrescem e o cansaço físico é eliminado. A segunda, a fase REM, de movimentos rápidos dos olhos, ocupa os restantes 25%. Esta fase é a base de nossa recuperação psíquica e é nela que ocorrem os sonhos. Após a ciência ter estabelecido que todo homem sonha, cientistas e psicólogos vêm tentando explicar a razão e o mecanismo que nos fazem sonhar. Várias são as teorias sobre o assunto. Umas afirmam que sonhar nos permite processar as experiências de nosso cotidiano; outras que os sonhos podem, de forma simbólica e em linguagem própria, revelar questões de nossa personalidade que precisam ser trabalhadas, além de apresentar soluções para os problemas do cotidiano e regular emoções internas. De forma simplista, os sonhos são "avisos" de que algo precisa ser feito. Outra linha de pensamento os vê como uma forma de acessar nosso inconsciente coletivo. Numa visão mais biológica, o sonhar permite ao sistema nervoso livrar-se de memórias "desnecessárias" e, ao fazê-lo, estimula a mente. O judaísmo leva muito a sério este assunto, sendo surpreendente a quantidade de referências que há sobre o fenômeno, na Torá, no Talmud, noMidrash, assim como em obras filosóficas, códigos de leis judaicas e especialmente na Cabalá e na Chassidut. Nestas e em outras obras, os sábios discutem e tentam responder a perguntas do tipo "como e por quê sonhamos"; "como e quem pode interpretar um sonho"; "qual a importância que se deve atribuir aos sonhos", se é que se deve. E, finalmente, "o que fazer quando ficarmos perturbados por um sonho negativo". O SONO: VIAGEM DA ALMA. De acordo aos textos sagrados do judaísmo, o sono e os sonhos desempenham um papel importante em nossa vida. O primeiro contribui diretamente à saúde física e mental. Por isso, o ser humano não deve negar a si próprio um descanso adequado, pois é através deste que recuperamos energias e abrimos nossa mente a influências superiores. Além do mais, ensina a Cabalá, o sono tem um propósito espiritual, como também o têm outras atividades necessárias ao corpo, tais como comer e beber. Quando dormimos, explica o Zohar, algo extraordinário nos acontece: a alma - que pode ser comparada a um periscópio que tudo vê, até mesmo o que os olhos não alcançam - liberta-se das limitações e vínculos que o corpo lhe impõe enquanto acordado e se eleva em direção à sua fonte espiritual. Lá se "recarrega" e, ao despertarmos, retorna para começar um novo dia. Apenas uma pequena parte de nossa alma fica ligada ao corpo enquanto dormimos. O quanto a alma consegue se elevar e atingir esferas espirituais superiores depende das ações e conduta do homem, durante o dia. Quanto mais puro for o coração de uma pessoa e quanto mais honesta sua vida, mais altas serão as esferas com as quais sua alma conseguirá conectar-se. Enquanto está em sintonia com sua fonte - onde não há limitações de tempo e espaço impostas por nosso mundo material - a alma recebe avisos ou visões de eventos futuros. Mas, se a alma não atingir igual pureza e as ações do homem não tiverem igual retidão, sua alma fica retida em uma esfera mais baixa, onde forças impuras a impedem de se elevar. Estas próprias forças impuras podem revelar à alma certos assuntos mundanos e terrenos. Muitas das "revelações" são falsas, enquanto outras podem conter algum fundo de verdade. Há sábios que dizem que estas forças negativas são o nosso próprio ego. Todos esses vislumbres são, em seguida, filtrados de volta para o corpo. E, após serem mentalmente "processados" e transformados em símbolos, tomam a forma de sonhos. TIPOS DE SONHOS. Segundo o Talmud, um sonho é uma forma menor de profecia (Berachot, 57b). Desta afirmação pode-se concluir que o mesmo pode conter predições ou advertências, mas há que se fazer a respeito importantes ressalvas. Todos os sonhos, alertam nossos Sábios, mesmo os que vêm das esferas mais elevadas, contêm alguma coisa inverossímil, algo que não é verdade. "Assim como é impossível encontrarem-se espigas de milho sem palha", ensina o Talmud, "assim também não existem sonhos sem aspectos vãos". Há que se diferenciar, também os sonhos proféticos de outro tipo de sonhos. Mesmo em se tratando de sonhos decorrentes de alguma conexão da alma com esferas espirituais superiores, nem todos os sonhos são iguais. Raros são os sonhos proféticos que transmitem a Voz e a Vontade Divina. Maimônides, em cuja obra podemos encontrar vasta análise sobre sonhos proféticos, afirmava que muitos profetas "viram" suas profecias em sonho. Numa categoria inferior estão os sonhos que contêm visões. Apesar destes terem um significado básico positivo ou negativo, não têm, como os proféticos, um significado absoluto. Podem, portanto, ser influenciados de alguma forma pela interpretação que lhes é atribuída. Como vimos anteriormente, nem todo sonho é de origem Divina. Alguns ocorrem quando a alma fica à mercê de forças espirituais negativas, das quais recebe, por assim dizer, "informações". Há uma outra categoria de sonhos, aqueles que são simples reflexos de nossa mente. Resultam de pensamentos e acontecimentos do cotidiano de cada um de nós. Nada mais são do que consequências naturais de nossa constituição psicológica e física, "incrementadas" pelo pode de nossa imaginação. Um acontecimento que deixe forte impressão, ou uma refeição pesada, podem ser responsáveis por um sonho perturbador. A maior parte de nossos sonhos é composta por uma mistura de imagens criadas pela mente com algum vislumbre vivenciado pela alma. Para os místicos, deve-se atentar mesmo para os sonhos que são reflexos de nossa mente, já que podem revelar emoções profundas e ocultas que devem ser confrontadas. Não é correto ignorá-los ou descartá-los como "irrelevantes". Outra característica básica dos sonhos é seguirem uma lógica diferente da que elaboramos quando despertos, na qual podem coexistir opostos, paradoxos e contradições. Quando estamos acordados, somos seres racionais, realistas, ao passo que ao sonhar vivemos experiências totalmente diferentes, sem limitações temporais ou espaciais. SONHOS PROFÉTICOS NA TORÁ. São de nossos patriarcas os primeiros sonhos proféticos relatados na Torá. O primeiro é de Abraão. Ao cair em sono profundo, ouviu D'us lhe prometer que seria pai de uma grande nação e lhe mostrar o futuro de sua descendência, assegurando-lhe que deles seria a Terra de Israel. O segundo pertence a Jacó. Enquanto dormia, viu uma escada que se erguia do solo e cujo topo chegava aos Céus, pela qual anjos subiam e desciam. No alto, estava o Eterno, que falou a Jacob (Gênese, 28: 12-13). Prometeu-lhe proteção e assegurou-lhe que a terra pertenceria à sua descendência. Através desse sonho extraordinário, D'us desvenda a Jacob não apenas o seu próprio destino, mas principalmente o futuro de seus descendentes. O terceiro sonho profético relatado na Torá é de José, que sonhou com os feixes nos campos. Chamado por seus irmãos de "sonhador" e "mestre dos sonhos", José, que tanto em seus sonhos como em suas interpretações via a Mão de D'us, é sem dúvida o mais famoso interpretador de sonhos de toda a Torá. Estes têm um papel muito importante em sua vida e, consequentemente, na história do povo judeu. Se por causa de um sonho iniciaram-se suas atribulações, a solução do enigma contido em vários outros sonhos funcionou como um tapete voador em seu caminho rumo ao poder, no Egito. Outras figuras bíblicas receberam mensagens Divinas em seus sonhos, entre os quais o Rei David, o Rei Salomão e os profetas Samuel e Daniel. Outros ouviram a Voz de D'us através de sonhos e receberam mensagens que sustentaram o povo judeu particularmente no exílio. Ensina o Talmud, "Mesmo que esconda Meu rosto a Israel, comunicar-Me-ei com ele por meio de sonhos" (Talmud Chaguigá, 5b). INTERPRETAÇÃO DE SONHOS. Se os sonhos têm fascinado os homens através dos tempos, tentar desvendar suas mensagens constituíram um fascínio ainda maior. O tratado Berachot, do Talmud, que consagra muitas páginas à sua interpretação, afirma que "Um sonho não interpretado é como uma carta não aberta" (Talmud Berachot, 55a). Mas quem estaria habilitado a interpretá-los? Houve sábios judeus que se dedicaram ao estudo dos sonhos e de suas interpretações. Os reis da antiga Israel contavam com assessores que possuíam o dom e o conhecimento para fazê-lo. Sabiam que os sonhos clarividentes só podiam ser interpretados por alguém com espírito elevado e em conexão com a Fonte Divina. Pois que é D´s, Ele Mesmo, em Sua Plenitude, quem provê a chave para se deslindar o segredo dos sonhos. O Todo Poderoso, se comunica através de imagens e a solução do enigma de cada sonho nele mesmo é contida. Mas, se a maioria deles não são proféticos, como interpretá-los? O Talmud ensina que "o sonho segue o poder dos lábios" - ou seja, segue a interpretação que lhe for dada, contanto que esta seja consistente com seu conteúdo. Pois está escrito que "assim como nos foi interpretado, assim aconteceu". Sendo assim, temos que procurar sempre interpretar os sonhos para o bem. Somente os sonhos proféticos, que transmitem a Voz e Mensagem Divina, têm significado absoluto. Isto quer dizer que não podem ser mudados por diferentes interpretações, como no caso dos sonhos dos patriarcas. Por outro lado, mesmo os que são definidos como "visões" e que contêm avisos e um significado básico, podem ser, de alguma forma, influenciados por diferentes interpretações. Os sonhos chamados de "falsos" ou "comuns" são sujeitos a distintas interpretações. Não podem ser entendidos como presságio definitivo sobre algum evento futuro, nem como significado único. Têm uma multiplicidade de significações plausíveis. Neste caso, lhe é atribuída uma explicação, e, enquanto o sonho não for interpretado, oculto permanecerá o seu significado. O Talmud relata que na época do Segundo Templo havia em Jerusalém 24 pessoas com o dom de interpretar sonhos. Houve mesmo situações em que para um mesmo sonho foram dadas 24 interpretações diferentes, todas consistentes - e, o que mais impressiona - todas se realizaram (Berachot, 55b). Perguntamo-nos, por quê? Os sábios explicam que a maioria dos sonhos contêm vários significados possíveis, que são "acionados" por suas respectivas interpretações. Mas, como é possível que a palavra tenha o poder de definir o significado de um sonho? Esta pergunta foi amplamente discutida. Segundo o Zohar e o Talmud, sua interpretação tem um papel decisivo em seu significado porque o sonho é uma "profecia menor" - ou, para sermos mais exatos, o sonho é o nível mais baixo da Revelação Divina. Sua mensagem resulta de uma mistura de "revelações" com os produtos de nossa imaginação. É sobre este último aspecto do sonho que o poder da palavra exerce influência determinante. A palavra, arma potente que pode ser usada pelo homem tanto para o bem como para o mal, tem o poder de influenciar o aspecto espiritual da realidade. No caso dos sonhos, a palavra os concretiza, dá-lhes forma e "direção". É como se fosse o primeiro passo para sua materialização. Isto posto, não é difícil entender por que nossos sábios nos alertam sobre com quem devemos compartilhá-los. Não devemos fazê-lo com qualquer pessoa, pois, como vimos, sua importância depende não só da compreensão de quem os sonhou, como também da interpretação que outros lhe possam acrescentar. O Zohar nos exorta a revelar nossos sonhos apenas ao amigo mais próximo, a alguém que zele por nosso bem. Tamanha cautela decorre do medo de que o ouvinte perverta seu significado. Um sonho ruim pode transformar-se em bom, desde que seja interpretado para o bem - e vice-versa. A preocupação com a inveja, o charlatanismo e o "comércio da espiritualidade" está presente nessas advertências. Ao ler as páginas do Talmud, podemos observar que a interpretação dos sonhos sempre foi "um bom negócio", como na história de Bar Hedia (Berachot, 56a). Especializado em interpretar sonhos, ele o fazia de uma forma bem peculiar: quanto melhor o pagamento, mais favorável a revelação do sonho (...). TRANSFORMANDO SONHOS. Uma das perguntas mais frequentes é o que se deve fazer ao ter um sonho bom. E quando for ruim? Ensina o Zohar que se o sonho é bom, devemos lembrá-lo para que se realize, pois "um sonho esquecido nunca se cumpre". Mas, nunca se cumprirá em sua totalidade, pois como Rav Chisda (217-309) afirmava, "um sonho positivo não se destina a se realizar em toda a sua plenitude, assim como um negativo tampouco se cumprirá em sua totalidade (Berachot, 55a)". E os sonhos ruins? Como vimos acima, há sonhos que nada significam, são simples fruto de nossa imaginação ou de algum mal-estar físico. Aliás, os sábios alertam que, se durante o dia tivermos sérias preocupações ou motivos para angústia, não devemos preocupar-nos com um eventual sonho negativo. Além do mais, até que seja interpretado, o sonho não é nem positivo nem negativo. Relata o Talmud: quando Samuel tinha um sonho ruim, recitava o seguinte verso "Os sonhos contam-nos mentiras". E, com isso, desmistificava a noção de que tinham um significado. Por outro lado, quando se via diante de um sonho positivo, dizia: (...). "Mas será que mentem os sonhos? Pois que está escrito que 'Em um sonho Eu falarei a ele (...)” - o que implícita que os sonhos podem conter mensagens verdadeiras". Há, também, inúmeros exemplos no Talmud do que dissemos acima, que um sonho negativo pode ser transformado em positivo pela interpretação que recebe, e vice-versa. Por exemplo, há uma passagem em que Bar Kapará disse ao Rebi: "Em sonhos, vi que minhas mãos haviam sido cortadas". E Rebi lhe respondeu que "isto significa que você não mais precisará do trabalho de suas mãos". Em outras palavras, ele ia prosperar e, no futuro, não precisaria executar trabalho manual para garantir seu sustento. Mesmo os sonhos negativos têm, na literatura rabínica, o seu lado positivo. Podem levar-nos a uma autoanálise, a rever nossas ações. Consta, também, que a tristeza ou o sofrimento mental que sentimos no decorrer do sonho serve como forma de expiação de nossas falhas. Mas, se apesar de todas essas explicações - de certa forma "aliviadas" - a pessoa continua impressionada com algum sonho, há várias formas de se despreocupar. Entre outras, a oração e a tzedaká, pois ambas têm o poder de afastar "decretos negativos". Há também uma oração descrita no Talmud para "remediar" os supostos maus desígnios contidos em um sonho. Durante a oração intitulada Hatavat Chalom - o "aperfeiçoamento do sonho" - aquele que teve um sonho ruim apresenta-se diante de três amigos que, por meio de fórmulas rabínicas e combinações dos Salmos, simbolicamente "revertem" o aspecto negativo do sonho, restaurando a confiança na pessoa angustiada. www.morasha.com.br. Abraço. Davi.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

NÃO É O COMUNISMO QUE NOS AMEAÇA

 

Política – Eleições Presidenciais Brasileiras 2022. www.terra.com.br. Texto de Tatiana Farah. 19/10/2022. NÃO É O COMUNISMO QUE NOS AMEAÇA. É OUTRA COISA. Quem dá a Cesar o que é de Deus? No filme Machuca (2005), sobre a ditadura no Chile, o padre Mc Enroe entra na igreja no meio da missa depois da invasão militar, abre o sacrário e engole todas as hóstias. “Este lugar não é mais sagrado. Deus não está mais aqui.” Altivo, deixa a igreja e o colégio aos quais havia dedicado grande parte de sua vida. Agora no dia 12 de outubro, em Aparecida – São Paulo - SP, um grupo de bolsonaristas tumultua a cerimônia dedicada à Padroeira, com cerveja na mão e dedos em riste. No Paraná, uma mulher tenta expulsar, aos gritos, o padre a quem chama de comunista. Nesta mesma semana, o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer (1949 - ), recebe inúmeras ofensas porque suas vestes são vermelhas. Tem de ir a público explicar que o vermelho da batina dos cardeais representa o sangue e o martírio dos cristãos. “Parece-me reviver tempos da ascensão do fascismo”, lamenta o cardeal. E lamentamos todos. O fascismo não aceita o que lhe é diferente. E não lhe serve apenas travar um embate, ele quer aniquilar os diferentes. Em algumas igrejas pentecostais, fiéis que não professam da mesma preferência política de seus pastores relatam que têm sido alijados da comunidade, ameaçados de expulsão. O fascismo se veste de religião, de crenças e preceitos religiosos, para atacar a religião. Primeiro, as religiões alheias. Depois, os fiéis de sua própria casa que pensem minimamente fora do esquadro. O ex-presidente que sancionou a lei da Marcha Para Jesus em 2009, uma lei do bispo político Marcelo Crivella. Teve de escrever uma carta aos evangélicos nesta quarta-feira para garantir que não vai fechar nenhuma igreja. Lula tenta, assim, conter a assustadora fake news de que fecharia templos e perseguiria os religiosos. Apesar de nada disso ter acontecido em 14 anos de governo petista. Um misterioso e desconhecido Padre Kelmon anuncia em debate na TV que a esquerda no poder perseguirá padres, pastores e freiras. Alguns acreditam nele. Mas quem está perseguindo padres não é gente da política. É gente como a gente. O perigo não é o comunismo, algo distante de nós. O perigo, acreditem, é o fascismo, esse, sim, espreitando nossas casas. Benito Mussolini (1883-1945) dizia que seu regime visava “reconstruir o homem, seu caráter, sua fé”. “Para atingir esse objetivo, o fascismo conta com a autoridade e disciplina capazes de penetrar no espírito das pessoas e aí reinar completamente”, afirmou ele. O Estado Laico não é apenas um Estado sem domínio de uma religião. É também a garantia da religião sem domínio do Estado. Jesus disse: daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Está em Marcos (12,17) e em Lucas (20,25). Que as coisas de Estado fiquem nas disputas do Estado e que Deus possa continuar morando nas igrejas. Sem que os padres Mc Enroe da vida real tenham de devorar as hóstias de seu altar porque nele não caberia mais a presença de Deus. Não sejamos instrumentos do ódio, mas resistência a ele. Ninguém é obrigado a pensar como nós e a querer o mesmo futuro. Deponha as armas, mesmo as imaginárias. Para os que se fiam na Bíblia, outro ensinamento, desta vez de Moisés, sobre o livre arbítrio: “Podes escolher segundo tua vontade, porque te é dado”. Se para Deus essa liberdade é importante, que seja também para todos. www.terra.com.br. Abraço. Davi

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

ENCONTRANDO A MORTE COMO A UM AMIGO

 

Espiritualidade. Livro Em Busca da Sabedoria. Autor N. Sri Ram (1889-1973). ENCONTRANDO A MORTE COMO A UM AMIGO. Um dos Diálogos mais famosos de Platão (428aC348), que atraiu mais atenção que qualquer outro, é aquele em que ele relata a morte de Sócrates (470aC399). Havia alguns amigos presentes durante o dia em cuja noite deu-se a sua passagem, e esse Diálogo apresenta-se em forma de uma conversa que se realizou naquele último dia. Começou com argumentos sobre a preexistência da alma, e várias ideias foram abordadas com relação à sua natureza. Esta parte da discussão termina com a afirmação da imortalidade da alma. Até mesmo nos dias de hoje, parece-me vale a pena considerar os pontos que foram então discutidos. Quando os seus amigos entraram no cárcere, viram Sócrates esfregando a sua perna que acabara de ser liberta dos grilhões. O ponto notável sobre a sua conduta, quando encontrou os seus amigos, foi que ele não fez qualquer queixa. Não havia o menor indício de lamento sobre sua própria condição. Apenas teceu considerações sobre a extraordinária alternância e conexão entre o prazer e a dor da vida. Disse que até então tinha havido uma experiência de dor. Mas agora que estava livre dos grilhões houve imediatamente prazer. Se qualquer um de nós tivesse estado na sua situação, pergunto-me sobre que tipo de sentimento ou pensamentos teríamos tido. Naturalmente Sócrates estava antevendo sua morte. A conversa então prossegue, e várias ideias são trocadas, e quando se aproximou a noite, ele recebeu a taça de veneno que beberia, pronta e calmamente, segundo se diz, da maneira mais descontraída e tranquila possível. Aparentemente a conversa continuou durante horas a fio. Depois de debater sobre a natureza da alma, Sócrates explica sobre as finalidades procuradas pelo verdadeiro filósofo e porque a morte lhe é bem-vinda. As declarações feitas não são asserções, mas meramente uma discussão sobre ideias, sobre possibilidades e inferências a serem delas feitas. Um dos amigos de Sócrates sugeriu que a alma pode ser concebida como sendo da natureza da harmonia. Se o corpo pode ser comparado com uma lira ou alaúde, por exemplo, a alma poderia ser a música produzida. Esta visão – embora atribua à alma uma dignidade e natureza que podem possuir tanto profundidade quanto beleza. Não lhe outorga um status independente. A visão apresentada parecia propor aquilo que se poderia denominar de teoria epifenomenalista, ou seja, o corpo é a realidade. Várias atividades nele se desenrolam, particularmente as do cérebro, e a alma, embora possuindo uma natureza de harmonia, é meramente um produto daquelas atividades, talvez apenas daquelas dentre elas que poderiam conduzir a este resultado. Mas quando o instrumento estivesse danificado, não mais haveria música. Não houve objeções nestas linhas. Outra ideia colocada, de natureza similar, sugeria a analogia mecânica de um fogo. Poder-se-ia encarar o fogo como a consciência no homem, animando o corpo; uma vez dissolvido o corpo, o fogo estará extinto. Essa ideia é como o pensamento da Escola Meridional do Budismo. Mas eles provavelmente diriam que é um fogo misturado com a fumaça, que é dissipada. Esses argumentos não são destituídos de interesse. Quando consideramos como as coisas poderiam ser, se determinado pondo de vista se justifica. Qual a visão que pode ser razoavelmente defendida. Então a passagem por esta linha de pensamento não está destituída de um elemento instrutivo e de valor. Na natureza ocorre tantas coisas, como o nascer e o pôr do sol, de uma maneira que é contrária aos fatos. O argumento de que a alma ou a mente – por enquanto colocando-as juntas – é meramente uma espécie de imagem refletida das atividades no campo material do cérebro. Embora plausível, pode também ser contraditório em relação aos fatos. O que inicialmente parece ocorrer, à primeira vista, pode não ser a verdade básica ou subjacente. Sócrates vence as objeções à ideia da imortalidade da alma. Na realidade, em outro Diálogo, Platão destaca estas objeções, marcando-as como constituindo a raiz de toda a forma “irreligiosa de filosofia”. Embora ele fosse tão lógico que poderia não ter assumido que o que é aparentemente verdadeiro é religioso. O que é verdadeiro pode ser considerado religioso, mas aquilo que está de acordo com a religião, como ela se apresenta pode não ser verdadeiro. Os argumentos feitos quanto à preexistência da alma são ideias que desde então se tornaram famosas como parte da Filosofia Platônica. Houve referência a antiga crença de que uma alma nascida neste mundo voltou de um outro mundo para o qual o homem vai na morte. É claro que este é um conceito amplamente aceito na Índia, mas ele também existiu no pensamento antigo em outros povos. A sugestão foi no sentido de que os mortos se originam dos vivos. Os vivos originam-se dos mortos. É um fenômeno de ocorrência cíclica como o sono, o estar acordado, e o sono novamente, e está de acordo com a verdade ou regra na natureza de que os opostos se geram reciprocamente. Morrer e nascer constituem um par de opostos. Mas, aparentemente, não houve uma investigação mais profunda sobre a forma de sua ligação, de sorte que um acontecimento dá origem ao outro em seu curso Platão tinha uma forma de, às vezes, lançar uma ideia profundamente sugestiva e envolvente para depois deixar que os outros continuassem a investigá-la por si mesmos. Outro argumento referiu-se a uma ideia de que Sócrates havia anteriormente proposto, no sentido de que todo o conhecimento real é reminiscência, uma lembrança no cérebro físico. A alma deve ter existido e deve ter tido conhecimento de uma natureza específica, antes de ter sido unida com o corpo. E a evidência disso e o fato de compreendermos coisas como justiça, beleza, igualdade de espírito e assim por diante. E essas ideias não se originarem de percepções dos sentidos. Portanto, elas devem já ter estado integradas no conhecimento da alma. As percepções sensoriais – ouvir sons, ver que algo é vermelho ou preto, que outra coisa é alta ou baixa – todas são ideias comparativas. Meramente baseado nessas percepções não se pode ideias de beleza, justiça, moralidade e assim por diante. Portanto, conhecimento e ideias devem ter uma fonte diferente. Além disso, se a alma existia antes do nascimento e de forma independente, então ela não pode morrer com o corpo. Sócrates também expressou a opinião de que a alma não pode ter uma natureza constituída de vários fatores, pois, assim, a sua condição modificar-se-ia. Deve ter uma natureza que é imutável. Muito embora uma alma possa estar mais desenvolvida do que outra, a sua natureza essencial deve ser a mesma. Um conjunto de fatores variáveis é passível de mudanças, ao passo que aquilo que é simples, monádico (1), essencialmente terá de permanecer o mesmo. Foi também feita a declaração de que sejam quais forem os seus outros atributos, a alma deve ter uma natureza de vida. Não pode ser uma abstração, uma projeção mental. Esta vinculação da vida e da alma, obviamente importante na série de ideias expostas, estava oculta pela afirmação de que a alma deve ser da mesma natureza da Divindade para assegurar a crença na sua imortalidade. Apenas o Divino pode ser imortal, e aquilo que não é Divino deve ser mortal. Depois, Sócrates exorta seus amigos a adquirirem virtudes e sabedoria nesta vida. O momento de sua morte estava se aproximando, mas ele continuava a falar de maneira natural e fácil como o fizera em qualquer outro dia de sua vida. Disse ele; “O filósofo autêntico é aquele cuja mente está direcionada para a verdade e a virtude”. A palavra “filósofo”, bem como a “filosofia”, tornaram-se bastante modificadas em seu significado desde aqueles dias. Atualmente, achamos que um filósofo é uma pessoa que analisa e argumenta extensamente. E as vezes infinitamente, a sua tese específica. A vida que ele leva nada tem a ver com a sua habilidade e atividade intelectual. Mas não era esta a visão de então. No significado literal da palavra, filosofia é amor à verdade, e amor sempre implica ação. A verdade, se sua natureza for tal que evoque o amor, terá de produzir uma mudança importante na pessoa, voltando o seu interesse das coisas dos sentidos, que são efêmeras. Constituindo nada mais senão gozo e prazer, para as coisas nobres e autênticas. Este foi o antigo conceito de um filósofo. Como a sua mente está direcionada para a verdade e a sabedoria, o filósofo, disse Sócrates, é uma pessoa que “está disposta e pronta para morrer”. Portanto, a morte não é mal-recebida por ele. É assim que ele explicou o seu contentamento sobre a perspectiva de partir deste mundo. Mas ele também disse que não é certo cometer suicídio. O seu argumento contra o suicídio é bastante curioso. Neste mundo, estamos em um tipo de prisão, vivendo sob grandes limitações. É um mundo no qual predomina mais a ignorância do que a sabedoria, mas dele não devemos escapar antes de recebermos permissão para fazê-lo. A saída da prisão pode ser muito bem-vinda, mas não devemos nos evadir dela por nossa própria iniciativa. Também foi feita a afirmação de que ninguém possui direito de posse sobre o seu corpo. Esta não seria a visão geralmente defendida pela maioria das pessoas, mas temos a responsabilidade de usarmos o corpo adequadamente, mantendo-o em boas condições. O que é precisamente o ponto de vista expresso na obra Aos Pés do Mestre. Porque a morte é bem-vinda, e a mente é direcionada pelo filósofo para a verdade e a virtude, para ele, a filosofia passa a constituir realmente uma preparação para a morte, o que é uma ideia surpreendente. Alguns estudiosos interpretaram as palavras gregas como significando, “a filosofia constitui realmente uma meditação sobre a morte”. O que não me parece estar em consonância com a maneira natural com que Sócrates a compreende. Outra colocação e muito mais compreensível, ou seja, quando a vida for vivida de forma adequada, direcionada para aquelas finalidades que constituem as finalidades da alma, não os desejos do corpo. Então a filosofia ou “a vida de um filósofo nada mais é senão um longo ensaio para o processo da morte”. Pode-se viver uma vida feliz, mas pode também ser um processo de morte, que poderá necessitar de explicitação. Sócrates adianta que as multidões, o povo em geral, ignoram o sentido no qual o filósofo recebe a morte. Não significa que ele deseja livrar-se do corpo, mas que ele tem um sentimento acolhedor em relação a morte. Tem este sentimento porque não atribui grande valor às gratificações dos apetites físicos. A maioria dos homens estima o valor das coisas através do prazer que proporcionam. Mas o objetivo do filósofo é o de libertar-se tanto quanto possível da dominação do corpo. Esforça-se para cultivar a alma, dando atenção àqueles assuntos que são de interesse da alma como a verdade, a virtude e assim por diante. Ao proceder desta maneira já se separou do seu corpo. E como abandonou todo o apego aos prazeres que se apresentam a pessoa através do corpo, a morte nada mais é senão uma saída por uma porta aberta. As coisas que alimentam a alma são aquilo que é direito, bom, verdadeiro, belo e assim por diante. Disse Sócrates: “Aquele que não se preocupa como os prazeres do corpo quase chega à morte”. Pode-se usufruir os prazeres que surgem momentaneamente, mas não se deve desejá-los com ansiedade. Alijando-os do campo das preocupações e interesses, quase se chega à morte. É neste sentido que o filósofo deseja a morte, mesmo enquanto está vivo. Isto é semelhante ao ensinamento de J. Krishnamurti (1895-1986), embora ele não fale da morte como uma saída bem-vinda. Mas de morrer aqui e agora para o nosso passado e para toda a experiência na medida em que surge. O filósofo, cujo interesse está centralizado na virtude e sabedoria, purifica, assim, a sua inteligência, de maneira que ela está livre de toda a mácula, de todo elemento a ele estranho. É a purificação da natureza integral do ser humano que faz florescer a independência espiritual, e esta é a verdadeira liberdade ou Mukti Mukti não é literalmente uma fusão no Logos. Antes que possa processar-se a fusão do espírito humano no Logos, o homem terá de libertar-se de seus laços ou apegos. Para expressar a mesma verdade de outra forma: é realmente o abandono do passado da pessoa, de todos os apegos que dele surgem, que transforma o homem em um novo ser. A entidade que está atualmente funcionando é uma criatura do passado. Ela vem acompanhando uma linha de continuidade e tem dentro de suas natureza e constituição muitas coisas que derivaram do seu passado e de suas experiências. Transformar-se em um novo ser é estar limpo do passado, de modo que ele não mais domina, obscurece ou dirige o presente. Esta forma de morrer toma a vida realmente muito mais vital, menos embaraçada e oprimida, de maneira que todas as percepções são mais exatas, e a inteligência passa a ser intensa, concentrada e semelhante a uma chama. É em um estado de pureza interna que a pessoa atinge a mais alta qualidade no funcionamento de todos os aspectos do seu ser. Toda a substância em seu estado puro exibe a sua potência plena. Casualmente foi feita a afirmação de que a filosofia é a música de mais alta qualidade. Sócrates disse que tinha um sonho persistente no qual lhe ordenavam dedicar-se à música, e como ele compreendia ser a filosofia a música mais elevada, estava dedicando-se a filosofia. O conceito de ser a filosofia a forma mais elevada de música torna-se mais claro à luz da afirmação feita anteriormente com relação à natureza da alma com sendo uma forma de harmonia. A objeção anteriormente formulada de que ao ser avariado o instrumento não pode mais haver qualquer música foi respondida por Sócrates com a observação de que a alma pode existir, embora ela possa ou não ter um instrumento. É bastante interessante que, em uma das palestras feitas pela doutora Anne Besant (1847-1933), em seus dias de ateísta, ela usava precisamente este exemplo. Ela dizia que embora a lira possa estar avariada, a música pode ainda existir. Com razão de estar disposto a morrer, Sócrates comentou que estaríamos muito bem no local para onde iríamos, sob a orientação de bons Mestres e em meio a amigos. As pessoas gostam de encontrar-se em ambientes que lhes são familiares. Se um homem realmente dedicou a sua vida à filosofia, ele pode estar certo de que será bem colocado. Estará feliz em proporção à pureza de sua mente, o que também constitui uma verdade importante. A felicidade não deve ser confundida com prazer, ela se origina da pureza da mente e do coração e surge de forma natural. Não precisamos procurá-la de modo algum. Assim, Sócrates disse que, se um homem se dedicou à virtude e à sabedoria, poderá nutrir a esperança bem fundamentada de que estará cercado pela maior benevolência no outro mundo, o que está de acordo com os ensinamentos nos livros teosóficos. Foi feita uma outra observação digna de ser mencionada. Se algum dia chegarmos a conhecer a natureza de algo em sua essência, conhecer a sua realidade autêntica e não meramente a forma, a aparência, o invólucro externo. Teremos de estar separados do corpo e contemplar as próprias coisas em si através da alma apenas. É somente a visão da alma, a sabedoria da alma, que pode proporcionar a essência da verdade com relação a qualquer coisa existente. O Bhagavad-Gitâ refere-se aos “conhecedores da essência das coisas”. Sendo a qualidade essencial de uma coisa aquilo que a torna diferente de qualquer outra coisa. A essência, o objeto em si mesmo, apenas pode ser conhecido através da alma e jamais através dos sentidos. Quando vivemos, nos aproximamos mais do conhecimento daquela essência ao não mantermos comunicação ou comunhão de espécie alguma com o corpo. Exceto para as necessidades absolutas, isto é, quando deixamos de ser dependentes do corpo, influenciados pelos seus apetites, impulsos e paixões. Em outras palavras, todo o esforço e estudo na filosofia, segundo a acepção antiga da palavra, implica na entrega e separação da alma do corpo. E isso pode ser tentado e logrado até mesmo enquanto a pessoa estiver vivendo neste mundo. Não é algo que precisa realizar-se por um processo da natureza, mas pode ser atingido pela própria inteligência perspicaz da pessoa. Quando há liberdade de dependência do corpo, quando esta mudança se realiza em sua plenitude, então a morte e a vida são a mesma coisa para o homem real. Sendo o homem real a alma, não lhe faz diferença se vive ou se morre. Isto também nos faz lembrar a frase contida no Gitã que diz que “Os sábios não lamentam nem os vivos e nem os mortos”. Isto significa que existe a possibilidade de alcançar uma condição ou estado interior no qual a vida é exatamente a mesma coisa, se vivida no corpo físico, que foi chamado de prisão, ou fora dela. A alma usa o corpo como instrumento, sem a ele se apegar. Esse Diálogo está repleto de ideias esclarecedoras para todos aqueles que tentam compreender estes assuntos. A natureza da alma, da vida neste mundo, os objetos mais dignos porque se esforçar. O novo significado que a morte pode adquirir e a possibilidade de enfrentar este acontecimento com frieza e até mesmo de bem acolhê-lo. Livro Em Busca da Sabedoria. Autor N. Sri Ham. Abraço. Davi.

 

sábado, 15 de outubro de 2022

CAABA: O QUE É, QUEM A CONSTRUIU E O QUE SIGNIFICA

 

Islamismo. www.iqaraislam.com. A CAABA: O QUE É, QUEM A CONSTRUIU E O QUE SIGNIFICA. A Caaba é a principal razão da cidade de Meca ser considerada um local sagrado para os muçulmanos. Conheça a história e detalhes da Casa Sagrada do Islam. A Caaba, ou Casa Sagrada, é a construção mais sagrada do Islam. Muçulmanos do mundo inteiro fazem as orações obrigatórias em direção a ela. Todo muçulmano que possui condições deve fazer a peregrinação e visitar a Casa Sagrada em Meca. 1. O que é a Caaba e qual a sua importância para os muçulmanos?  1. O que é a Caaba e qual a sua importância para os muçulmanos? A Caaba é um templo sagrado em atual forma de cubo, construído por Abraão e seu filho Ismael, feito para a adoração de Deus único. O local de sua construção foi indicado por Deus. A Caaba é o local mais sagrado para os muçulmanos. 2. Onde a Caaba está localizada? Ela está dentro da Mesquita al-Haram, na cidade de Meca, na atual Arábia Saudita. 3. Quem construiu a Caaba? A Caaba foi construída pelos profetas Abraão e Ismael. 4. O que é a Pedra Negra? A Pedra Negra é um objeto que tem sua origem desde a época de Adão e Eva. Ela representa a aliança entre Deus e a humanidade e se encontra guardada em um dos lados da Caaba. Apesar de relevante, os muçulmanos não adoram a Pedra Negra. 5. Por que a Caaba é importante? A Caaba é um templo de adoração ao Deus único. Ela é a qibla, ou seja, a direção na qual os muçulmanos devem orar. 6. A Caaba é sagrada? Sim, para os muçulmanos ela é a construção mais sagrada do mundo. 7. Quais passagens do Alcorão falam sobre a construção da Caaba? A primeira Casa (Sagrada), erigida para o gênero humano, é a de Bakka (Makka), onde reside a bênção, servindo de orientação para a humanidade. (Alcorão 3:96) E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé, ou inclinados e prostrados. (Alcorão 22:26) E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo. (Alcorão 2:127) O Significado da Caaba. Mesmo que as doutrinas do Islam sejam pouco conhecidas no Brasil e em outros países ocidentais, muitos já devem ter ouvido falar que os muçulmanos rezam para uma determinada direção, ou até mesmo já escutaram algo sobre o cubo negro na cidade de Meca, na Arábia Saudita. Esses fatores estão ligados a uma construção muito especial para a fé islâmica: a Caaba. Esta construção é conhecida pelos muçulmanos como a Casa Sagrada, e é o local mais importante do mundo para os seguidores do Islam. Ela também é a qibla, ou seja, a direção para onde os fiéis deve fazer as suas orações obrigatórias. Seu nome traduzido para o português significa “cubo”, o que se deve ao formato de sua arquitetura. História da Construção da Caaba. A Caaba foi construída pelo Profeta Abraão e seu filho Ismael. Na ocasião, a cidade de Meca era apenas um deserto árido, e não havia naquela região um local de adoração monoteísta. O relato de sua construção foi registrado no Alcorão: “E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo.”  (Alcorão 2:127) O local da construção foi indicado diretamente por Allah, e foi consagrado para ser a casa de peregrinação dos muçulmanos. Através do Anjo Gabriel, Deus deu o que é a atual Pedra Negra a Abraão, que ficou fixada ao leste do templo. A princípio, era uma pedra de cor clara, mas que foi escurecendo devido aos pecados da humanidade. Esta rocha representava a aliança entre o Criador e suas criaturas. Após sua construção, com o passar do tempo, o poder da Caaba ficou concentrado na mão dos idólatras e diversas estátuas de barro foram construídas para o culto a outras divindades. Na época do profeta Muhammad,  havia 360 ídolos ao redor e dentro da Casa Sagrada. Por vários anos, o local foi motivo de peregrinação dos idólatras, que também consideravam a Caaba como um lugar sagrado. A Caaba possui um papel importante no reconhecimento do Profeta Muhammad como o mensageiro de Deus. No tempo em que vivia em Meca, a Casa Sagrada estava sendo reconstruída após sofrer uma inundação, e as tribos da cidade brigavam para ver quem colocaria a Pedra Negra em seu devido lugar.  Esta disputa chegou ao ponto de os clãs quase entrarem em guerra e, para solucionar este conflito, eles concordaram que a próxima pessoa que entrasse no santuário, os ajudaria a resolver aquela discussão. Para o alívio deles, quem passou naquele momento foi o Profeta Muhammad que, naquela ocasião, era reconhecido como o Confiável, devido à maneira como lidava com os assuntos da comunidade. Ele não escolheu nenhum dos líderes para colocar a pedra. Ao invés disso pediu para que trouxessem um pano e colocassem-na no centro dele. Cada representante de uma tribo segurou uma ponta do tecido, e assim puseram a rocha em seu lugar. Esta foi uma das ocasiões que todo o povo de Meca pôde testemunhar a sabedoria dele para reconciliar as brigas e discussões.  A Caaba como fonte de renda para os Coraixitas. Após o início da revelação do Alcorão, à medida em que o Profeta foi ensinando o monoteísmo para a população de Meca, ele começou a desagradar a tribo dos coraixitas, que lucrava bastante com a peregrinação dos idólatras à Caaba. Com medo de que a propagação do Islam prejudicasse os negócios da tribo, foi oferecido ao Profeta Muhammad, quantias altíssimas, para que ele desistisse da mensagem. Ao falharem em convencer o Profeta , as perseguições aos muçulmanos se intensificaram e culminaram, posteriormente, na fuga do Profeta e seus seguidores para Medina. A Viagem Noturna começou na Caaba. No decorrer do recebimento da revelação divina, o Profeta Muhammad viveu outro momento muito importante para a fé islâmica nas mediações da Caaba. Ele estava dormindo próximo à Caaba quando foi visitado pelo anjo Gabriel montado em um corcel com asas. Então, subiu na montaria celestial e foram juntos para Jerusalém. Durante o caminho, o Mensageiro de Deus teve visões da vida após a morte, do paraíso e do inferno. Ao chegarem no destino, os profetas Noé, José, Isaac, Jacó, Abraão, Moisés, Jesus, e outros estavam o aguardando e, juntos, eles fizeram uma oração que foi guiada pelo Profeta Muhammad. Depois disso, o Profeta foi guiado novamente pelo anjo Gabriel através dos sete céus. Quando atingiu o limite, ele esteve na presença de Allah que, neste momento, ordenou que os muçulmanos fizessem as cinco orações obrigatórias. Após o encontro divino, o Profeta retornou a Meca para fazer a oração da manhã. Esta noite ficou marcada para sempre na teologia islâmica como a Viagem Noturna e a Ascensão do Profeta Muhammad.  A Conquista da Caaba pelo Profeta Muhammad. A Caaba consumou sua importância para os muçulmanos quando o Profeta conquistou a cidade de Meca. Naquela ocasião, um exército enorme de muçulmanos marchou sobre a cidade, que foi tomada sem praticamente qualquer resistência. O fato se tornou um grande marco da paz na Arábia. O Profeta orou no Santuário Sagrado em frente à Caaba e a circundou. Enquanto fazia isso, ele apontava o cajado em direção a cada um dos ídolos, dizendo “A verdade chegou e a falsidade pereceu. Por certo a falsidade é perecível” (Alcorão 17:81), e as estátuas, uma a uma, caíram de cabeça no chão. Após este momento, os árabes pensaram que seriam dizimados pelos muçulmanos, pois este era o costume da região naqueles tempos. Então, o Profeta Muhammad citou uma passagem dita pelo Profeta José e gravada no Alcorão, que dizia “Hoje não sereis recriminados” (Alcorão 12:92). Naquele instante, todo aquele povo foi perdoado e a paz finalmente reinou em Meca. Modificações e reconstruções ao longo da história. O formato original da Caaba possuía uma das paredes em formato semicircular, chamada de hatim, que ficava no lado norte do templo. Uma pequena estrutura desta parede existe até os dias atuais, no entanto, atualmente ela fica na parte externa da construção. O atual projeto arquitetônico da Caaba não sofreu grandes mudanças desde os tempos dos coraixitas. Eles ergueram uma estrutura cúbica para a Casa Sagrada após ela ser destruída por dilúvios, saques e incêndios. No entanto, devido a falta de recursos na época, a construção ficou sem o teto, e manteve-se coberta apenas com um tecido simples. Por ser uma estrutura muito antiga, a Caaba já passou por muitas reformas e reconstruções. No ano 692, ela precisou ser totalmente restaurada após sua demolição durante os ataques do Califado Omíada contra Ibn Zubair, que danificou não somente sua estrutura, mas também a Pedra Negra, que acabou se partindo em três pedaços.  No ano de 1611, a Pedra Negra foi fixada na parede com uma cinta de cobre para evitar que ela caísse. Por estar localizado em um vale, o templo sempre esteve suscetível à inundações. No ano de 1630, uma enchente de grandes proporções causou a queda de uma das paredes, e a Casa Sagrada precisou ser completamente reconstruída, desta vez com um novo telhado.  A última mudança na Caaba foi em 1982, quando foram instaladas as novas portas da Casa Sagrada, feitas em ouro maciço. Detalhes da Caaba. A atual estrutura da Caaba possui 15 metros de altura, e suas laterais medem 10,5m por 12m. Ela é feita de granito e é coberta por um tecido preto de seda decorado com uma caligrafia bordada em ouro. O tecido que envolve o templo é chamado kiswah, que em português significa “mortalha”, um tipo de pano usado para envolver os caixões. Ele é trocado anualmente durante o nono dia do mês do calendário islâmico Dhu al-Hijja. A Pedra Negra continua fixada na parede leste. Atualmente ela é segurada por uma armação feita de prata. Entre a rocha e a porta do templo, há um vão de dois metros chamado de al-Multazam, que é um espaço considerado recomendável de se tocar, ou até mesmo de se fazer súplicas em frente a ele. A Caaba possui calhas ao seu redor que servem para evitar os danos causados por enchentes. Nela também há uma bica em seu teto, que é feita em ouro, para poder escoar a água das tempestades. Essas duas estruturas foram adicionadas na reforma em 1630. Na parte externa há um pequeno muro em frente a parede do norte chamado de hatim, que originalmente era parte da construção. Ele é feito em mármore e possui um formato semicircular. Suas medidas são de 1,31m de altura e 1,50m de largura,  Fora da Caaba também está o Maqam Ibrahim, uma estrutura feita de vidro e metal, onde há as marcas dos pés do Profeta Abraão.  Em volta da construção há uma marcação feita em mármore que ajuda os peregrinos a contarem cada circulação feita em torno da Casa Sagrada. O que há dentro da Caaba? A entrada da Caaba possui 2,13m, e as portas são de ouro maciço. O chão e as paredes são feitos de mármore, e possuem detalhes em calcário.  No templo, há seis placas gravadas com versos do Alcorão, e no canto superior das paredes há panos verdes que também contém passagens corânicas.  O local é ungido com um óleo aromático, que também é usado na Pedra Negra. Dentro da Caaba há três pilastras, onde se encontra uma mesa entre elas. Em cima dela costuma ficar alguns perfumes, e outros objetos. No teto há algumas lâmpadas, e na parede da direita há uma porta dourada que direciona para uma escada que vai até o teto do templo. Em 2016, o Google Street View disponibilizou um recurso que permite aos curiosos explorarem a parte interna da Caaba. Você pode conferir clicando aqui. Atualmente, a peregrinação à Casa Sagrada, o Hajj, é um dos cinco pilares do Islam. Todo muçulmano que tenha condição de fazê-la deve realizá-la pelo menos uma vez na vida. A peregrinação atualmente. A peregrinação é feita uma vez por ano, entre o oitavo e o décimo terceiro dia do mês de Dhu al-Hijja, o último mês do calendário islâmico. Quando é feita em outras épocas do ano, se torna uma peregrinação menor, ou Umrah. Ela também é vista como uma boa ação e, embora seja recomendada pelos eruditos islâmicos, não é obrigatória aos muçulmanos. Durante o Hajj, os peregrinos devem fazer os ritos nas mediações da Caaba, e nas colinas de Safa e Marwah, onde bebem a água de Zamzam. Ao longo dos dias de peregrinação, eles também percorrem Mina e Arafat.  Já na Umrah, todas as atividades são feitas na Mesquita al-Haram de Meca, onde está a Caaba. Todos os rituais seguidos durante as peregrinações conectam os muçulmanos com a história de sua construção e, também, com os locais onde foram feitos os sermões do Profeta Muhammad. É importante lembrar que ela não é um destino turístico, portanto, seguidores de outras religiões não estão autorizados a entrar na mesquita onde a Caaba se encontra. Conclusão. A Caaba é conhecida como a Casa Sagrada de Deus e é a construção mais importante para o Islam. Sua importância é devido ao fato dela ter sido construída em um local indicado por Deus, e através das mãos dos profetas Abraão e seu filho Ismael. Nela está fixada a Pedra Negra, que representa a aliança entre Allah e a humanidade. Com a vinda do Profeta Muhammad, a Casa Sagrada também se tornou importante por causa dos seus feitos naquele local, como as peregrinações, a noite da ascensão, e a conquista de Meca. Atualmente, o local é o destino de peregrinação obrigatório para muçulmanos que possuem condições de visitá-la. Além disso a Caaba também é a qibla, a direção na qual os muçulmanos devem fazer as suas orações obrigatórias. www.iqaraislam.com. Abraço. Davi