Cristianismo. www.monergismo.com. Por Huelon Mountfort.
WATCHMAN NEE - UM ESTUDO BIOGRÁFICO. Watchman Nee (1903-1972) é considerado um
dos mais importantes líderes e pensadores nativos na história do Cristianismo
chinês. Há poucos líderes na história do Cristianismo chinês cuja influência é
tão prevalecente quanto a de Watchman Nee. Nee produziu mais do
que 40 volumes de devocionais, sermões, bem como obras teológicas. Seus
escritos foram traduzidos para muitos idiomas orientais, tais como japonês,
coreano, indonésio, tagalo, bem como para idiomas ocidentais, tais como inglês,
francês, espanhol e português. Seus livros continuam a influenciar muitos
grupos cristãos, desde grupos carismáticos renovados até igrejas tradicionais
por todo o mundo. Ele é o fundador do “Pequeno Rebanho” [Little Flock], a maior
denominação cristã protestante na China na época do regime comunista em 1949. O
“Pequeno Rebanho” começou em 1923 com uns poucos membros e em menos de 20 anos
cresceu para se tornar uma denominação com mais de 700 congregações e 70.000
membros. Naquele tempo alguns estimam que dentre os aproximadamente 700.000 a 1.000.000
de membros da igreja protestante na China, o “Pequeno Rebanho” tinha 100.000
membros. A despeito dos números, esse movimento cristão de 20 anos de idade
provou para si mesmo ser uma tremenda realização. Mesmo debaixo da opressão e
perseguição comunista durante os anos 50 e 60, o “Pequeno Rebanho” continuou a
crescer. E hoje, o movimento ainda está ativo por toda a China. Além do mais, a
teologia, prática e espiritualidade distintiva do “Pequeno Rebanho” está
enraizada em muitos círculos cristãos chineses, seja na China ou por todo o
mundo. Breve pano de fundo Cristianismo colonial na China. Por volta de 1800, a China estava novamente fechada
para o Cristianismo. Durante as décadas passadas das missões protestantes na
China, o colonialismo e imperialismo ocidental coincidiram com a obra do
evangelho. O Cristianismo foi identificado com o ópio devido ao fato de que
muitos missionários ao longo da costa em navios mercantis que carregavam ópio. À medida que a agressão ocidental aumentou, os
sentimentos ante estrangeiros se levantaram. Os sentimentos nacionalistas
emergiram para formar uma série de movimentos de agressão anti-imperialista.
Por volta de 1920, embora a Igreja Protestante tivesse crescimento missionário,
a disposição ante estrangeira e anticristã foi despertada pelo crescimento do
movimento comunista. Foi durante esse tempo que o surgimento dos movimentos de
igreja nativos na China foi proeminente. Esse movimento foi uma expressão de um
desejo nacionalista de ser independente do domínio missionário Ocidental. O
período até 1930 foi significante para o desenvolvimento de um ensino superior,
da organização da igreja e para o surgimento e crescente importância dos
líderes chineses. Até a vitória do Comunismo em 1949, o Cristianismo parecia ser
crescentemente influente. Subsequentemente, as igrejas e
instituições cristãs foram tomadas pelo Estado. Igrejas foram forçosamente
fechadas e cristãos foram forçados a se conformarem aos requerimentos e ensinos
do Comunismo. Aqueles que desobedeciam às “doutrinas comunistas” eram
perseguidos ou fugiam. Foi com esse fundo político e social que a vida, o
ministério e o martírio de Watchman Nee foram moldados. A vida de watchman Nee. Watchman Nee nasceu
numa família com uma herança cristã. Seu avô, U Cheng Nee, foi um dos
primeiros-ministros chineses ordenados das missões Congregacionais na Província
Fukien da China. Nee era o terceiro filho de nove, mas o primeiro do sexo
masculino. Visto que a tradição chinesa favorece os filhos, os parentes
desprezavam famílias com nenhuma criança do sexo masculino. Quando a mãe de Nee
estava esperando o terceiro filho, ela orou a Deus fervorosamente, pedindo por
um filho e dedicando esse terceiro filho a Deus, se uma maneira similar à Ana
em 1 Samuel 1,1-20. Deus ouviu sua oração. Em 4 de Novembro de 1903, Nee
Shu-Tsu (mais tarde conhecido como Watchman Nee) nasceu. Nee mais tarde mudou
seu nome para “Duo Sheng” (“Watchman” em inglês) significando “som do gongo”,
ou uma sentinela [watchman] para levantar o
povo de Deus para o serviço. Durante a sua
juventude Nee atendeu escolhas fundadas pela Sociedade da Igreja Missionária em
Fuzhow, China. E em todas as áreas ele mostrou uma promessa intelectual
extraordinária. Quando ele tinha 18 anos de idade, Nee dedicou sua vida à
Cristo através da pregação de Miss Dora Yu, (1873-1971) uma ex-estudante de
medicina, que deixou uma ocupação lucrativa e dedicou sua vida à pregação da
palavra de Cristo. Nee, naquela época, sabia que era tudo ou nada. Quando ele
foi batizado, ele declarou: “Senhor, eu deixo meu mundo, para trás. Sua cruz me
separa dele para sempre, e já entrei em outro. Eu permaneço onde me colocaste
em Cristo!”. Nee e outros estudantes que tinham um zelo comum pela propagação
do evangelho entre os jovens na sua cidade, e nas igrejas e colégios locais,
uniram-se em oração e para o estudo da Bíblia. Eles arranjaram as suas próprias
reuniões e se engajaram num vigoroso evangelismo de rua. Entre os anos de
1923-1928, Nee publicou as revistas Revival [Reavivamento
]e Christian [cristão], bem
como o livro The
Spiritual Man [O
Homem Espiritual]. Outras obras desse autor: O homem que Deus usa. O poder
latente da alma. A palavra sagrada para o reavivamento matinal. Autoridade
Espiritual. O poder latente da alma. A
liberação do espírito. O vaso de alabastro. Assentados nos lugares celestiais.
A oração – Quando a terra governa o céu. Senhor, ensina-nos a contar os nossos
dias. Tesouro em vaso de barro. A salvação da alma e outros. Nee foi um
instrumento no reavivamento espiritual entre os estudantes nesse período. A formação do pequeno rebanho. Em 1928, Nee mudou seu nome para Watchman e se
estabeleceu em Shanghai [Xangai]. Durante esse tempo, ele teve uma boa medida
de desdém por parte das igrejas denominacionais daqueles dias. Na revista Revival, ele expressou que
cria que a igreja estava impedindo o propósito de Deus. De acordo com Nee,
muitos ministérios feitos “para o Senhor”, “em nome de Deus”, para o reino de
Deus”, “para a Igreja de Cristo” estavam sendo feitos na carne. As pessoas não
estavam buscando a vontade de Deus, mas a sua própria vontade. Ele estava
buscando “uma resposta para o problema importado das divisões denominacionais
cuja história e valor eram, ele sentia, quase impossíveis de um novo convertido
apreciar. Afligindo a Igreja potencial na China com suas diferenças sectárias,
as missões tendiam somente a dividir”. Em seu esforço para encontrar uma
resposta, ele retornou ao que ele considerava uma obediência simples ao Novo
Testamento sugerida pelos escritos de John Nelson Darby (1800-1882) e C. A.
Coated. Ele via que as igrejas deveriam ser autogovernadas, autossustentadas e
auto propagadoras. Esse conceito “triplo-auto” foi recordatório de uma
estratégia de missões adotada por Henry Venn (1841-1873) e Rufus Anderson
(1796-1880) no século XIX. Que mais tarde foi usada pelo Partido Comunista
Chinês. Foi nesse tempo que estabeleceu a primeira assembleia independente em
Hardoon Road em Shanghai. Ele era o principal orador na primeira conferência
Shanghai desse novo movimento, que mais tarde ficou conhecido como o “Pequeno
Rebanho”. Em 1939, Nee publicou um hino intitulado “A Collective Hymnal of the
Little Flock” [Um Hino Coletivo do Pequeno Rebanho]. Assim, o movimento
adquiriu o nome de “Pequeno Rebanho”. Nee e seus seguidores, contudo, chamam a
si mesmos de “Uma Reunião Local dos Crentes em Nome do Senhor”, ou “Lugar de
Reunião Cristã (Nome da Cidade)”. O movimento se espalhou por toda a China,
experimentando um genuíno reavivamento. Por volta de 1936 havia 30 assembleias. “Um dos pontos fortes do movimento de Nee era que
todo crente era um trabalhador não assalariado. À medida que os crentes se
movem para as novas comunidades, seus lares se tornavam centros cristãos”. Cada
igreja era uma unidade autônoma liderada por presbíteros. Contudo, Nee também
comissionou trabalhadores de tempo integral, aos quais ele chamava “apóstolos”,
para se moverem sem restrição tanto para evangelizar como para estabelecer
novas igrejas. As tarefas dos “apóstolos”, contudo, eram centralizadamente
organizadas. Eles eram treinados, aconselhados e tinham suporte financeiro de
Nee e seus associados. O conceito de Nee do “Pequeno Rebanho”
era muito influenciado pelos escritos dos Irmãos de Plymouth. Após a formação
do “Pequeno Rebanho”, seis Irmãos (Irmãos exclusivos) de Londres representantes
do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Austrália, foram para Shanghai para se
encontrarem com Nee. Eles se impressionaram com Nee, especialmente com seu conhecimento
das Escrituras. Os Irmãos de Londres estavam considerando ter as igrejas de Nee
na China como uma parte da sua obra de missão da igreja. Contudo, até mesmo
para Nee, os Irmãos de Londres eram muito exclusivos em sua prática de comunhão
fraternal. Assim, em 1935, os Irmãos de Londres terminaram a comunhão entre
eles e os irmãos de Shanghai. O final da vida de Nee. À medida que a guerra
chinesa continuou, a obra de Nee foi afetada mais e mais, e em 1942, Nee,
justamente com os seus irmãos, um pesquisador químico, estabeleceu o
Laboratório Biológico e Químico da China [China Biological and Chemical
Laboratory (CBC)] para apoiar as necessidades financeiras dos seus “apóstolos”.
Esses lucros dessa companhia estavam sendo usados para apoiar a sua obra.
Contudo, os presbíteros da igreja de Shanghai desaprovaram os envolvimentos de
Nee com essa companhia e lhe pediram para não pregar na igreja dele. Com o
envolvimento de Nee, o CBC se tornou um dos principais importadores e
fabricantes de produtos farmacêuticos manufaturados na China. Apesar de tudo,
em 1945, Nee começou a se desligar do CBC e mais tarde virou toda a empresa CBC
para a igreja. Essa ação trouxe prosperidade para a igreja, todavia, tornou-se
mais tarde o assunto de crítica por parte do Partido Comunista. Em 1 de Outubro de 1949, a República das Pessoas
(Popular) da China foi estabelecida. A despeito das súplicas de outros. Ele e
sua esposa retornaram novamente para Shanghai. Nee queria estar com seus irmãos
e irmãs em Cristo. Nos primeiros dois anos do regime Comunista, Nee ainda era
capaz de ministrar, reunido de 3 a 4 mil pessoas por domingo, na igreja de
Shanghai. Mas em 10 de abril de 1952, Nee foi preso. Ele foi acusado de
espionagem, de atividades contrarrevolucionárias e de irregularidades
financeiras e até mesmo morais. A acusação com 2.296 páginas contra Nee
tornou-se pública em janeiro de 1956. Muitos dos crentes do Pequeno Rebanho
foram presos e as igrejas por todo o país foram fechadas à força. A assembleia
de Shanghai foi consequentemente fechada e tornou-se uma fábrica. Nee foi sentenciado a quinze anos de prisão,
contudo, ele não foi libertado em 1967, quando sua sentença estava completa.
Era comum prisioneiros serem considerados “não-reformados” para dar uma
sentença adicional de cinco a sete anos. Assim, em 1 de junho de 1972, logo
após ter sido movido da prisão de Shanghai para um campo de trabalho rural,
Watchman Nee morreu aos 69 anos de idade. Controvérsia e discussões sobre sua teologia. Embora Nee tenha terminado sua educação
formal ao redor por nível universitário júnior, ele provou ser um poderoso
pensador e continuou a estudar por toda a sua vida. A teologia de Nee e o
desenvolvimento de muitos dos seus pensamentos foi profundamente influenciada
pela senhora Margaret E. Barber (1866-1929). Através dela, Nee foi exposto às
formulações e pensamentos teológicos ocidentais, que ajudaram a moldar o seu
pensamento. Embora Nee tenha lido e sido exposto a uma ampla variedade de
formulações teológicas cristãs ocidentais, suas influências podem ser
sumarizadas da seguinte forma: Misticismo: As influências
místicas foram dos escritos de Madame Jeanne de la Motte Guyon (1648-1717). Nee
foi profundamente influenciado pela busca de Madame Guyon por uma “profunda
união com Cristo”. Teologia de Keswick: Novamente através da senhora Barber,
Nee leu amplamente os escritos de autores da santidade de Keswick, incluindo
Jessie Penn-Lewis (1861-1927), Andrew Murray (1828-1917), Evan Roberts
(1878-1951), T. Austin Sparks (1888-1971), Frederick B. Meyer (1847-1929), Otto
Stockmayer (1838-1917), etc. A ênfase de Nee sobre temas tais como a
crucificação e sua visão tricoto mista do homem foram poderosamente expostas
nos escritos de Jessie Penn-Lewis. Teologia dos Irmãos: Entre os escritos
de diferentes eruditos e autores, as obras dos Irmãos foram as mais influentes.
Eles incluem C.A. Coates, John Nelson Darby (1800-1882), George Muller
(1805-1898), C.H. Mackintoch, William Kelley (1929-2003), Charles Stanley,
George Cutting, etc. Em seu livro, The Orthodoxy of the Church [A Ortodoxia da
Igreja], Nee mostra sua dívida aos Irmãos, onde seu sistema de Teologia foi
formulado: Eles nos mostraram como o sangue do
Senhor satisfez a justiça de Deus; a certeza da salvação; como o crente mais
fraco pode ser aceito em Cristo, assim como Cristo foi aceito. Como crer na
Palavra de Deus como o fundamento da salvação. Desde que a história da igreja
começou, não houve um período quando o evangelho foi mais claro do que em seu
tempo. Não somente isso, mas eles também nos mostraram que a igreja não pode
ganhar o mundo inteiro, que a igreja tem um chamado celestial, e que a igreja
não tem esperança terrena. Foram eles quem também desobstruíram as profecias
pela primeira vez, fazendo-nos ver que o retorno do Senhor é a esperança da
igreja. Foram eles que abriram o Livro de Apocalipse e o Livro de Daniel e nos
mostraram o reino, a tribulação, o rapto e a noiva. Sem eles, conheceríamos
hoje uma percentagem muito pequena das coisas futuras. Foram eles também que
nos mostraram o que a lei do pecado é, o que é ser livre, o que é estar
crucificado com Cristo, o que é ser ressuscitado com Cristo, como ser
identificado com o Senhor através da fé e como ser transformado diariamente olhando
para Ele. Foram eles quem nos mostraram o pecado das denominações, a unidade do
Corpo de Cristo, e a unidade do Espírito Santo. Foram eles quem nos mostraram a
diferença entre o judaísmo e a igreja. Na Igrejas Católica Romana e nas igrejas
Protestantes, essa diferença não poderia ser prontamente vista, mas eles nos
fizeram vê-la novamente. Foram eles também que nos mostraram o pecado da classe
mediana, como todos os filhos de Deus são sacerdotes, e como todos podemos
servir a Deus. Foram eles também quem nos recuperaram os princípios das
reuniões em 1 Coríntios 14, mostrando-nos que o profetizar não é a tarefa de um
homem, mas a tarefa de dois ou três, e que o profetizar não é baseada na
ordenação, mas no dom do Espírito Santo. Se fossemos enumerar uma a uma das
verdades que eles recuperaram, poderíamos dizer também que nas igrejas
Protestantes puras de hoje não há uma verdade que não tenha sido recuperada ou
aperfeiçoada. Dispensacionalismo: Autores que
influenciaram as interpretações dispensacionalistas incluem G.H.Pember
(1837-1910), Robert Govett e D.M. Panton. Nacionalismo: O Pequeno Rebanho
começou no meio do esforço da China por uma independência total. Foi um tempo
quando o sentimento ante estrangeiro e anticristão corriam alto. O povo chinês
tinha ligado estreitamente o Cristianismo com o imperialismo Ocidental. Nee estava ciente das formas nas quais o movimento
missionário cristão estava compromissado por seu embaraço com o imperialismo
Ocidental e com as controvérsias denominacionais. Ele também tinha plena
ciência da inabilidade da igreja em geral para satisfazer a necessidade
espiritual do povo. Contra tal pano de fundo, Nee desenvolveu um movimento
totalmente independente do movimento cristão chinês retornando para um modelo
mais simples, o modelo do Cristianismo do Novo Testamento. Portanto, o movimento
era a combinação dos antigos princípios bíblicos e o novo e ardente
nacionalismo. Os pontos fortes da sua teologia. Cristo como centro: Um dos pontos mais
fortes da teologia de Nee é a sua ênfase sobre Cristo. “Além do mais, a ênfase
de Nee sobre Cristo oferece nova esperança, força e vitalidade para os cristãos
chineses que vivem debaixo de circunstâncias difíceis. Ela continuamente rejuvenesce
a força deles, para que possam ser capazes de exercer sua responsabilidade
cristã em meio de um ambiente hostil”. Sola Scriptura: Durante uma época
na qual a Bíblia era tratada de forma cética, os sinceros esforços de Nee para
sustentar o princípio reformado do Sola Scriptura deve ser recomendado. Edificação dos crentes: Nee enfatizou
grandemente a edificação dos crentes, o treinamento, o cultivo e o
aprofundamento da vida espiritual dos cristãos. Como Stephen Chan escreveu: “Em
minha opinião, na obra de pregação do meu tio, ele enfatizou a edificação dos
crentes. Sua ênfase em treinar o cristão era igual aos seus esforços
evangelísticos. Isso era o que ele e seus cooperadores tinham causado no
reavivamentos da Igreja Chinesa, diferentemente das características de outros reavivamentos. Outras igrejas não enfatizam a educação dos crentes (quer na
verdade, quer na vida espiritual de um cristão)”. O
sacerdócio de todos os crentes: Ele enfatizou que, embora os
presbíteros governem, ensinem e pastoreiem a congregação, o ministério da
igreja é uma coordenação espiritual de todos os crentes no Espírito Santo. Nee
escreve: Deus pretende que todo cristão seja um
“trabalhador cristão,...”. Os presbíteros não são um grupo de homens que são
contratados para fazer a obra no lugar de seus membros; eles são apenas aqueles
que supervisionam os assuntos. Nee continua: No Novo Testamento
todos salvos são sacerdotes; portanto, todos os salvos devem servir. Se numa
igreja somente uma minoria ou uma parte está servindo, há algo errado dentro
dessa igreja; ela inda é fraca. Somente quando todos estiverem servindo é que a
igreja será forte. Finalmente, Nee disse: Ser um cristão é ser
um sacerdote. Não espere que ninguém seja um sacerdote para você. Você mesmo
deve desempenhar essa função. Visto que não temos nenhuma classe intermediária
entre nós, ninguém te substituirá nas coisas espirituais. Que não haja classes
especiais de tais trabalhadores criadas em nosso meio... Todos pregarão o
evangelho, todos servirão a Deus. Quanto mais prevalecente for o sacerdócio,
melhor a igreja será. Se o sacerdócio não for universal, fracassamos para com
Deus; não temos andado corretamente. Fraqueza da sua teologia. Antropologia. De acordo com J.A. Lee, um especialista na
estrutura teológico de Watchman Nee, a teologia de Nee é sistemática, em todos
os aspectos, mesmo sua eclesiologia única, centralizando em sua antropologia.
Se aceitarmos isso, então entender a sua visão do homem é crucial para o
entendimento de seus principais erros sistemáticos. Nee é um tricô tomista. Por todos os seus escritos,
ele categorizou o homem em três partes: corpo, alma e espírito. No entendimento
de Nee, o espírito tem o valor maior, o corpo físico o menor, e a alma o
intermediário. A partir do aspecto da redenção, Nee
explica que essas três partes (corpo, alma e espírito) têm “relacionamentos
funcionais”. A saber, o espírito controla a alma e o alma controla o corpo. Não
somente há um relacionamento funcional entre os três, mas há também um
relacionamento hierárquico. O espírito é superior à alma, e a alma é superior
ao corpo. A partir desses relacionamentos, Nee determina suas doutrinas da
Queda, regeneração e santificação. De acordo com Nee, a
intenção original de Deus é que o espírito controle o corpo, através da alma.
Contudo, após a queda de Adão e Eva, essa ordem foi revertida. A Queda resultou
no corpo controlando a alma do homem, a qual, consequentemente, controla o
espírito. A regeneração para Nee envolve somente o espírito, não a alma ou o
corpo, pois “o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito” (João 3,6). A regeneração é, dessa forma, não a realização da
salvação, mas o princípio. Nee também
desenvolveu uma teologia da “redenção da alma”, de acordo com o
Dispensacionalismo. A redenção da alma ocorre quando as pessoas “perdem sua
alma” tomando a cruz e sofrendo por causa do Senhor. Esses cristãos serão
capazes de reinar com Cristo no Milênio. Nee via que há uma diferença entre
“céu” e o “reino”. A redenção do espírito nos garante uma posição na vida
eterno no céu, e a redenção da alma, “perdendo-se a alma”, nos garante uma
posição no reino futuro. A primeira depende da fé e a última depende das nossas
boas obras. Cosmologia. Segundo Lee, Nee sustentava um dualismo
ético-religioso. [16] Nee polarizou o reino de Deus e o mundo (cosmos). O mundo
e Deus estão em oposição, com o mundo controlado por Satanás. Satanás usa todas
as atividades, isto é, cultura, comércio e economia para seduzir os cristãos
para o seu sistema mundial e serem os seus escravos. Todavia, porque o mundo já
está condenado, os cristãos devem ser salvos do mundo. Assim, nos ensinos de
Nee, os cristãos devem se separar do mundo, cortar suas relações com o mundo,
Embora os cristãos sejam a luz do mundo, isso diz respeito somente a
compartilhar o Evangelho e Cristo ao mundo. Deixe-me apontar
também que Nee usa um método exegético alegórico, que é não-histórico. Devido
ao método exegético de Nee e sua posição escatológica pre molinista, sua
teologia para com o mundo e a cultura era passiva, especialmente durante os
tempos turbulentos dos anos 20 na China. Nee não era ativo em suas preocupações
com a situação política e social naquele período. Em
sua crítica à cosmologia de Nee, Witness Lee (1905-1997) assevera que a posição
de Nee carece da consciência do mandato cultural do cristão para este mundo.
Todos os cristãos devem cantar, pelo menos em espírito: “Este é o mundo do meu
Pai”. Nós temos a Grande Comissão bem como o mandato cultural para estarmos
ativamente envolvidos no mundo como sal e luz da terra, protegendo e amando o
mundo. Precisamos permanecer em contato com nossa cultura e ao mesmo tempo usar
a verdade da Bíblia para iluminar, desafiar e transcender nossa cultura. Lee aponta que o “homem espiritual” de Nee não é
alguém que está apenas preocupado com o crescimento do seu espírito, mas com o
do seu corpo também; a preocupação com a pessoa toda. Quer alguém separe o
homem numa tricotomia ou dicotomia, um homem não está completo se lhe falta
qualquer parte de sua mente, emoções e pensamentos. Deus não salva apenas o
espírito de alguém, mas Ele salva a pessoa toda, incluindo todos os aspectos de
uma pessoa. Eclesiologia. Seu ensino sobre a
igreja é muito exclusivo. Chan, sobrinho de Nee, apontou três principais áreas: Ele considerava as denominações como organizações
pecaminosas e caídas. Nee, usava, Gálatas 5,19-20, onde Paulo menciona os atos
da natureza pecaminosa. Ele cria que “facções” eram as denominações. Se
denominações eram organizações pecaminosas, os cristãos deveriam sair dessas
organizações imundas e conduzir outros crentes a saírem. Nee cria que a igreja
deve ser estabelecida de acordo com sua localidade. Toda epístola na Bíblia foi
endereçada à igreja de acordo com sua localização. O apóstolo estabeleceu
presbíteros em cada localidade. Especialmente em Apocalipse, as sete igrejas mencionadas
tinham cada uma delas seu próprio candeeiro; cada igreja é autônoma e
financeiramente independente uma da outra. Nee ensinava que as
igrejas em nossa era tinham esquecido os princípios bíblicos. Portanto, devemos
voltar à Bíblia e servir a Deus de acordo com os princípios lançados pelos
apóstolos. Devemos servir a Deus “no nome do Senhor”, sem igrejas
denominacionais. No esforço de Nee para encontrar o
único padrão bíblico possível para estabelecer a igreja, o “Pequeno Rebanho”
foi encontrado. Contudo, a busca sincera de Nee pelo modo ideal de
estabelecimento de igrejas não foi somente divisa, ele, conscientemente ou não,
criou outra denominação, mais restritiva do que a maioria. CONCLUSÃO. A
influência de Nee sobre as igrejas chinesas não está limitada à Ásia. Suas
influências teológicas são vidas e bem até hoje. Sem dúvida Nee foi
verdadeiramente um líder cristão dedicado que “não queria nada para si mesmo e
tudo para o seu Senhor, que buscou durante toda a sua vida ser um homem
espiritual até a morte”. Todavia, assim como qualquer outro líder cristão, ele
não era perfeito. Devemos ser profundamente inspirados por seu amor e devoção a
Cristo, e ao mesmo tempo sermos plenamente cientes dos aspectos dos seus
ensinos que são extremos ao ponto de serem errôneos. Como o sobrinho de Nee escreveu: Muitos líderes
espirituais têm falhado e são fracos. Contudo, a Bíblia sempre foi verdadeira,
nunca cobrindo as falhas dessas pessoas a quem Deus usou. As falhas de Abraão,
Moisés e Gideão estão registradas na Bíblia. Deus não colocou esses eventos
para nós vermos quão grandes, bem-sucedidos e dignos de nossa adoração essas
pessoas eram, mas para permitir que vejamos que Suas obras maravilhosas
manifestadas através de um punhado de vasos inúteis cumprindo Sua boa vontade.
Da mesma forma, meu tio teve falhas. Todavia, essas coisas não negam a verdade
de como Deus o usou poderosamente. Ele está entre os humildes, os defeituosos,
todavia, ele foi verdadeiramente usado por Deus de uma maneira poderosa e foi
um vaso cheio do precioso tesouro. www.monergismo.com
Abraços. Davi