Teosofia. Livro Os Mestres e a Senda. Texto de Charles Webster Leadbeater (1854-1934). OS MESTRES. Capítulo Dois. II OS
CORPOS FÍSICOS DOS MESTRE. OUTRAS CASAS – A casa do Mestre Mora fica do outro
lado do vale, porém muito mais abaixo – na verdade, bem próximo do pequeno
templo e da entrada das cavernas. Ela tem um estilo arquitetônico inteiramente
diferente, com ao menos dois andares. A frente que dá para a estrada tem
varandas em cada nível, quase totalmente envidraçadas. O método geral e a
organização de sua vida são bem próximos dos já descritos no caso do Mestre
Kuthumi. Se seguirmos a estrada no lado esquerdo do riacho, subindo
gradualmente ao lado do vale, passaremos à direita da casa do Mestre Kuthumi, e
mais à frente na colina encontraremos, no mesmo lado da estrada, uma pequena
choupana ou cabana construída pelo Mestre Djwal Kul com suas próprias mãos,
para uso nos dias em que ainda era discípulo, a fim de ter morada permanente
bem próximo de seu Mestre. Nessa caba existem várias placas sobre as quais um
dos discípulos ingleses do Mestre Kuthumi, a seu pedido, precipitara há muitos
anos uma visão interior da sala maior da casa do Mestre, exibindo as figuras de
diversos Mestres e discípulos. Isso foi feito em comemoração a uma tarde
especialmente feliz e frutífera na casa do mestre. OS ADEPTOS DO PRIMEIRO RAIO
– Consideremos agora a aparência pessoal destes Grandes Seres, que se modifica
até certa medida de acordo com o Raio ou tipo ao qual cada um deles pertença. O
Primeiro Raio tem o poder em suas características mais proeminentes, e aqueles
que nascem sob ele são os reis, os soberanos e os governadores do mundo, em
primeiro lugar no mundo interno e espiritual, mas também do mundo físico.
Qualquer homem que possua em si um grau mesmo inusitado de qualidades que lhe
permitam dominar e guiar os homens sutilmente pelo curso desejado é
provavelmente ou um homem de Primeiro Raio ou está tendendo para esse Raio. Tal
é a augusta figura do Senhor Vaivasvata Manu, o Governante da quinta Raça-Raiz,
que é o mais alto de todos os Adeptos, tendo 2 metros de altura em perfeita
proporção. Ele é o Homem Representativo de nossa Raça, seu protótipo; sendo
todos os membros dessa Raça descendentes diretamente dele. O Manu tem um rosto
notadamente de grande poder, com um nariz aquilino (característica de águia),
uma vasta e ondulada barba castanha, olhos pardos e uma magnífica cabeça de
porte leonino. “Ele é alto”, diz a doutora Anne Besant (1847-1933), “e tem a
majestade de um rei, com olhos penetrantes como os de uma águia, fulvos e
brilhantes como luzes de ouro”. Ele vive atualmente nas montanhas do Himalaia,
não longe da casa de seu grande Irmão, o Senhor Maitreya (designação dada ao
futuro renovador do Budismo, o próximo Budha, que reiniciará o ciclo iniciado
por Sidharta Gautama. Quando o ensinamento deste estiverem sido esquecidos
neste mundo. Especula-se que ele se reencarnará daqui a 30.000 anos). O Mestre
Morya também é uma figura assim, o tenente e sucessor do Senhor Vaivasvata Manu
(é um ser divino e sua missão é formar novas raças. Há vários Manus. Quando um
Manu forma uma raça e termina sua obra, recebe a oitava iniciação de Maiores,
passando ao grau de Budha Pratyeca que significa Budha Solitário. O Manu de
nossa Raça Ariana é Vaivasvata há uns 70.000 anos. Seu Bodhisattva é o veículo
é o veículo da sabedoria deste Mestre que é da sétima de Maiores, assim como
Maha-chohan) e o futuro Manu da sexta Raça-Raiz. Ele é um Rei Rajput por
nascimento; possui uma barba escura dividida em duas partes, cabelos quase
negros que lhe caem sobre os ombros, e olhos negros e penetrantes, cheios de
poder. Ele tem 2 metros de altura e se comporta como um soldado, comunicando-se
por frases curtas e concisas, como quem está acostumado a ser prontamente
obedecido. Em sua presença há um sentido de poder e força irrefutáveis, e ele
tem uma dignidade imperial que compele a mais profunda reverência. Madame
Blavatsky nos contou muitas vezes como ela conheceu o Mestre Mora no Hyde Park,
em Londres, Inglaterra no ano de 1851, quando ele veio com vários outros príncipes indianos para participar da
primeira grande Exibição Internacional. De modo bastante inusitado, eu mesmo,
naquela época um pequeno garoto de quatro anos, também o vi, sem saber. Eu me
recordo de ter sido levado para ver um deslumbrante cortejo, no qual dentre
várias outras maravilhas havia uma ala de cavaleiros indianos ricamente
trajados. Quão magníficos cavaleiros, cavalgando tão bem seus corcéis (cavalos)
como ninguém mais no mundo, eu imaginava. Assim, era natural que meus olhos de
criança estivessem fixados neles em grande deleite, e que eles fossem talvez o
melhor daquela maravilhosa e mágica apresentação. Mesmo enquanto eu os via
passar, segurando a mão de meu pai, um dos mais altos daqueles heróis me fitou
com reluzentes negros olhos, o que me deixou meio assustado, mas ao mesmo tempo
me encheu de exaltação e felicidade indescritíveis. Ele passou com os demais, e
eu não mais o vi; no entanto, muitas vezes a visão daqueles olhos brilhantes
retornou à minha memória de criança. É obvio que então eu nada sabia sobre quem
ele era, e eu jamais o teria identificado não fosse por um amável comentário
que ele me fez anos depois. Ao falar certo dia em sua presença sobre os
primeiros anos da Sociedade, comentei que a primeira vez que eu tivera o
privilégio de vê-lo em forma materializada havia sido em uma ocasião quando ele
veio até o quarto de Madame Blavatsky, em Adyar – Índia, com o propósito de dar
força a ela e lhe emitir certas instruções. El próprio, que estava engajado em
uma conversa com outros Adeptos, voltou-se subitamente para mim e disse: “Não,
essa não foi a primeira vez. Você já havia me visto antes em meu corpo físico.
Você não se lembra, quando era uma pequena criança, assistindo o desfile dos
cavaleiros indianos passar no Hyde Park – Londres - Inglaterra, e não viu como
então eu o distingui?” Eu me recordei instantaneamente, é claro, e disse: “OH,
Mestre, era você? Mas eu deveria tê-lo sabido”. Eu não mencionei esse incidente
nas ocasiões em que encontrei e falei com o Mestre, estando ambos em corpos
físicos, porque eu não sabia àquela época que o grande cavaleiro era o Mestre e
porque o testemunho de uma criança tão pequena poderia muito bem ser duvidoso
ou desencorajado. O senhor S. Ramaswami Iyer, em seu relato da experiência
mencionada no Capítulo 1, escreve: “Eu estava seguindo a estrada para a cidade,
de onde – como fui assegurado por pessoas que encontrei no caminho – eu poderia
cruzar o Tibete facilmente com minhas vestimentas de peregrino, quando de
repente avistei um cavaleiro solitário, galopando em direção a mim, vindo do
sentido oposto. Por sua estatura alta e pela habilidade como cavaleiro,
imaginei que ele fosse algum oficial militar do Sikkhim Rajah (...). Quando me
alcançou, ele freou. Eu olhei para ele e o reconheci instantaneamente (...). Eu
estava em sua impressionante presença, do mesmo Mahatma, meu próprio
reverenciado Guru, que eu havia visto antes em seu corpo astral na varanda da
sede da Sociedade Teosófica. Foi ele, o irmão do Himalaia na noite sempre
memorável de dezembro passado, que tão docemente precipitara uma carta em
resposta a uma que eu tinha dado há apenas uma hora em um envelope fechado para
Madame Blavatsky, a qual eu não havia perdido de vista nem por um momento durante
o intervalo. No mesmo instante me vi prostrado ao chão a seus pés. Eu me
levantei ao seu comando e, olhando seu rosto demoradamente, esqueci-me de mim
mesmo em contemplação da imagem que eu tão bem conhecia, tendo já visto seu
retrato (aquele que está em posse do Coronel Henry Steel Olcott (1832-1907)
inúmeras vezes. Eu não sabia o que dizer; júbilo e reverência prenderam a minha
língua. A majestade de seu semblante, que me pareceu ser a personificação do
poder e do pensamento, me manteve arrebatado em admiração. Eu estava finalmente
face a face com o Mahatma do Himavat, e ele não era um mito, não era uma
criação da imaginação de um médium, como alguns céticos haviam sugerido. Não se
tratava de um sonho noturno – eram entre nove e dez horas da manhã. Havia o Sol
brilhando e silenciosamente testemunhando a cena acima. Eu o vi diante de mim
em carne e osso, e ele me falou com expressões de carinho e gentileza. O que
mais eu poderia querer? Minha abundância de felicidade me deixou mudo. Somente
após ter se passado algum tempo eu fui capaz
de proferir algumas palavras, encorajado por seu tom e palavras gentis.
Sua compleição não tem o primor do Mahatma Kuthumi, mas eu jamais vira um
semblante tão bonito, uma estatura tão alta e tão majestosa. Como em seu
retrato, ele tem uma barba negra curta e longos cabelos negros balançando até o
peitoral. Apenas as suas roupas eram diferentes. No lugar de uma toga branca e
solta, ele usava um manto amarelo forrado com pelos, e em sua cabeça, no lugar
do turbante, um capuz de feltro amarelo tibetano, tal como eu havia visto
alguns butaneses (os nascidos no Butão) usando em seu país. Passados os
primeiros momentos de arrebatamento e surpresa, eu serenamente compreendi a
situação e tive uma longa conversa com ela”. Outra figura régia é o senhor
Chakshusha Manu, o Manu da quarta Raça-Raiz, chinês por nascimento e
pertencente a uma alta casta. Ele tem as maçãs do rosto dos altos mongóis, e
sua face parece ter sido delicadamente esculpida em marfim velho. Ele
geralmente veste magníficas togas de esvoaçantes tecidos bordados a ouro. Em
regra, não entramos em contato com ele durante nossos trabalhos regulares,
exceto quando temos que lidar com um aspirante pertencente à sua Raça-Raiz. OS
ADEPTOS DO SEGUNDO RAIO. A influência que é especialmente notável nas pessoas
de nosso Senhor Bodhisattva, o Instrutor do Mundo, e do Mestre Kuthumi, seu
principal tenente, é a radiação de seu Amor todo envolvente. O Senhor Buddha
Maitreya está usando um corpo da Raça céltica no presente momento. Sua face é
de admirável beleza, forte e ao mesmo tempo suave, com abundante cabeleira
fluindo como ouro vermelho sobre seus ombros. Sua barba é adelgaçada, como em
alguns quadros antigos, e seus olhos, de um violeta maravilhoso, são como
flores gêmeas, como estrelas, como profundas
e sagradas piscinas cheias de águas de paz eterna. Seu sorriso é
deslumbrante além das palavras, e uma ofuscante glória de Luz o envolve,
entremeada a uma incandescência maravilhosa cor-de-rosa, que sempre brilha do
Senhor do Amor. Podemos imaginá-lo sentado na grande sala da frente em sua casa
no Himalaia, uma sala com muitas janelas, com vista para os jardins e terraços,
muito abaixo das planícies indianas onduladas; ou podemos imaginá-los em togas
que fluem em branco, com bordas de ouro, enquanto ele caminha em seu jardim no
frio da tarde, entre as flores gloriosas cujo perfume enche o ar ao redor com
uma fragrância rica e doce. Maravilhoso além de qualquer medida é o nosso Santo
Senhor o Cristo, maravilhoso acima de qualquer poder de descrição, pois por ele
flui o Amor que conforta milhões e dele é a Voz que fala, como os homens nunca
falaram, as palavras de ensinamento que trazem paz para anjos e homens. O
Mestre Kuthumi usa um corpo de Brahman da Caxemira (região montanhosa ao norte
da Índia e do Paquistão), e tem a cor da pele clara como o inglês comum. Ele
também tem cabelos ondulados, e seus olhos são azuis e plenos de alegria e
amor. Seus cabelos e barba são castanhos, de tal forma que, à luz do Sol, eles
se tornam ruivos com reflexos de ouro. É difícil descrever sua face, pois sua
expressão está sempre mudando quando ele sorri: seu nariz é finamente formado,
e seus olhos são grandes e de um maravilhosos azul transparente. Como o Grande
Senhor, ele também é um Instrutor e um Sacerdote; e daqui a muitos séculos ele
irá substituí-lo em seu grande Ofício, assumirá o cetro de Instrutor do Mundo e
se tornará o Bodhisattva da Sexta Raça-Raiz. OS OUTROS RAIOS – O Maha-Chohan é
uma espécie de Homem de Estado, o grande Organizador, apesar de também ter
muitas qualidades militares. Ele tem um corpo indiano e é alto e negro, com um
perfil afilado, muito elegante e com silhueta bem marcada, imberbe. Sua face é
bastante severa, com um queixo forte e quadrado, seus olhos são profundos e
penetrantes, e ele fala de uma forma um tanto quanto abrupta, como um soldado.
Ele geralmente veste uma toga indiana e usa um turbante branco. O Mestre Conde
de Saint Germain é semelhante ao Maha-Chohan de várias maneiras. Embora ele não
seja especialmente alto, é bastante esguio e militar em seu porte, com a
cortesia e a dignidade requintadas de um grande senhor feudal do século XVIII.
Percebemos de imediato que ele pertence a uma família muito antiga e nobre.
Seus olhos são grandes e castanhos, e são plenos de ternura e graça, apesar de
que neles há um brilho de poder. O esplendor de seus cabelos castanhos, curtos,
são partidos ao meio e escovados para trás a partir da testa, e ele tem uma
barba curta e delgada. Frequentemente veste um uniforme negro com adornos em
cordões de ouro; também amiúde usa um magnífico manto militar vermelho. Isso
acentua sua aparência militar. Ele usualmente reside no Leste Europeu, em um
antigo castelo pertencente à sua família há muitos séculos. O Mestre Serapis é
alto e claro em compleição. El e é grego por nascimento, embora todo o seu
trabalho esteja sendo feito no Egito, em conexão com a Loja Egípcia. Ele é
muito distinto e tem feições ascéticas, de alguma forma lembrando o falecido
Cardeal Newman. Talvez o Chohan veneziano
seja o mais bonito de todos os Membros da Fraternidade. Ele é bem alto,
cerca de 1,95 metros, tem barba ondulada, cabelos dourados, parecidos com os do
Manu, e seus olhos são azuis. Embora ele tenha nascido em Veneza, sua família
indubitavelmente tem sangue gótico nas veias, pois ele é um homem distintamente
deste tipo. O Mestre Hilarion é grego e, exceto pelo fato de ele ter um nariz
levemente aquilino, é do tipo grego antigo. Sua testa é baixa e larga,
lembrando a de Hermes de Praxiteles. Ele também é admiravelmente belo e parece
bem mais jovem que a maioria dos dos Adeptos. Ele, que fora o discípulo Jesus,
tem agora um corpo sírio, pele e olhos escuros e a barba negra de um árabe;
geralmente veste togas brancas e usa um turbante. É o Mestre dos devotos, e a
principal característica de usa presença é uma intensa pureza e um tipo ardente
de devoção que não admite obstáculo. Ele vive entre os drusos do Monte Líbano
(cadeias de montanhas no Líbano). Dois dos Grandes Seres com quem tivemos
contato divergem levemente daquilo que nós talvez, com toda a reverência,
possamos chamar de tipo comum de corpo físico de um Adepto. Um deles é o
Regente Espiritual da Índia, aquele sobre quem o Coronel Olcott muitas vezes
escreveu, para o qual o nome Júpiter foi designado no livro Man: Whence, How
com Whither (O Homem donde e como veio e para onde vai?. Ele é mais baixo que a
maioria dos membros da Fraternidade e é o único dentre eles, até onde sei,
cujos cabelos mostram faixas de cinza. Ele se porta de forma muito retilínea, e
se move com prontidão e precisão militares. É um proprietário de terras; e
durante a visita que eu lhe fiz juntamente com o Swami T. Subba Row, eu o vi
várias vezes fazendo transações comerciais com homens que pareciam mestres de
obras, trazendo-lhe relatórios e recebendo dele instruções. O outro é o Mestre
Djwal Kul, que ainda está vestindo o mesmo corpo em que ele alcançara o
Adeptado, há apenas alguns anos. Talvez por esse motivo não tenha sido possível
fazer desse corpo uma reprodução perfeito do Augoeides (corpo luminoso). Sua
face é nitidamente tibetana nas suas características, com as maçãs do rosto
altas e com aparência um tanto enrugada, mostrando sinais de envelhecimento.
VEÍCULOS FÍSICOS PERFEITOS – Aqueles que, ao atingirem o nível de Adeptado,
escolhem como futuro curso de vida permanecer nesse mundo e ajudar diretamente
na evolução de sua própria humanidade, consideram conveniente reter corpos
físicos para o seu trabalho. Para que sejam adequados para os seus propósitos,
esses corpos não podem ser de tipo comum. Eles não apenas devem ser
absolutamente sadios, mas também, a expressão do Ego mais perfeita possível no
plano físico. A construção de tal corpo não é tarefa fácil. Quando o Ego de um
homem comum desce ao seu novo corpo de bebê, ele o vê sob os comandos de um
elemental artificial, criado de acordo com seu karma, como eu descrevi em A
Vida Interna, livro do autor desse texto. Esse elemental está habilidosamente
ocupado em modelar a forma que logo nascerá no mundo exterior, ele permanece
após o nascimento e continua esse processo de modelagem geralmente até que o
corpo tenha seis ou sete anos de idade. Durante esse período, o Ego vai
gradualmente adquirindo contato mais próximo com seus novos veículos, emocional
e mental, e também com o físico, e vai se familiarizando com eles; porém o
trabalho que ele realmente executa nesses novos veículos, até que o elemental
se retire, é na maioria dos casos insignificante. Ele certamente está em
conexão com esses corpos, mas geralmente dá pouca atenção a eles, preferindo
esperar até que atinjam um estágio em que sejam mais responsivos aos seus
esforços. O caso de um Adepto é bem diferente disso. Como não há karma para ser
trabalhado, não há o elemental artificial, e é o próprio Ego que fica
responsável em desenvolver o corpo desde o início, limitando-se apenas pela
hereditariedade. Isso permite a construção de um instrumento muito mais
refinado e delicado, mas também dá mais trabalho ao Ego e ocupa por alguns anos
uma considerável quantidade de seu tempo e de sua energia. Em consequência
disso, e sem dúvida por outras razões também, um Adepto não quer repetir o
processo com maior frequência do que o estritamente necessário e, portanto, faz
com que seu corpo físico dure o máximo possível. Nossos corpos envelhecem e
morrem por muitas razões, desde fraquezas hereditárias, doenças, acidentes,
autoindulgência, preocupações e excesso de trabalho, porém, no caso de um
Adepto, nenhuma dessas causas está presente. Dessa forma, é claro, devemos nos
lembrar de que seu corpo está preparado para o trabalho e é capaz de
resistência imensuravelmente além daquela suportada pelo homem comum. Sendo os
corpos dos Adeptos como nó os descrevemos, eles usualmente são capazes de
retê-los por muito mais tempo do que um homem comum pode fazê-lo. A
consequência é geralmente muito maior que as aparências nos fazem supor. O
Mestre Mora, por exemplo, parece ser um homem absolutamente no apogeu de sua
vida – possivelmente com trinta e cinco ou quarenta anos de idade; entretanto,
muitas das histórias que seus discípulos contam sobre ele lhe conferem uma
idade quatro ou cinco vezes maior do que essa. A própria Madame Blavatsky nos
contou que quando ela o viu pela primeira vez em sua infância ele tinha a mesma
aparência que apresenta no momento atual. Igualmente, o Mestre Kuthumi aparenta
ter a mesma idade de seu amigo e constante companheiro, o Mestre Mora. Mesmo
assim, diz-se que ele fez uma graduação universitária na Europa um pouco antes
da metade do século passado (na referência ao século XIX), o que certamente
faria dele algo como um centenário. Não temos, no presente momento, os meios
para saber qual seria o limite de prolongação, embora haja evidências que
mostram que poderia facilmente se estender para mais que o dobro dos 70 anos do
Salmista (o rei Davi, personagem bíblico). Um corpo assim preparado para
trabalhos elevados é inevitavelmente sensitivo, e por essa mesma razão ele
requer tratamento cuidadoso para permanecer sempre em seu melhor estado. Ele se
desgastaria, como acontece com os nossos, se fosse submetido às inumeráveis
fricções triviais do mundo externo e suas constantes torrentes de vibrações
incompassíveis. Por isso, os Grandes Seres usualmente vivem em relativa
reclusão e raramente aparecem no caos ciclônico que chamamos vida diária. Se
eles trouxessem seus corpos para o turbilhão de curiosidade emoções veementes,
certamente a vida desses corpos seria imensamente encurtada e também, por conta
de sua extrema sensitividade, haveria muito sofrimento desnecessário. VEÍCULOS
EMPRESTADOS – Ocupando temporariamente o corpo de um discípulo, o Adepto evita
esses inconveniente e, ao mesmo tempo, dá um ímpeto incalculável à evolução do
discípulo. Ele habita o veículo apenas quando é necessário – para dar um
ensinamento, talvez, ou para projetar um fluxo especial de bênçãos. Assim que
ele conclui o que pretendia, ele desocupa o corpo, e o discípulo, que esteve
durante todo o tempo assessorando-o retorna para ele, enquanto o Adepto volta
ao seu próprio veículo para continuar seu trabalho usual de ajuda ao mundo.
Dessa forma, seus afazeres habituais são pouco afetados, e ele terá ainda a seu
dispor um corpo com o qual poderá operar, quando precisar, no plano físico.
Podemos facilmente imaginar de que maneira isso afetará o discípulo que tão favoravelmente
tem a oportunidade de emprestar seu corpo dessa forma a um dos Grandes Seres,
embora a extensão de suas ações possa estar além de nossos cálculos. Ter um
veículo em sintonia com tal influência será para ele verdadeiramente uma
assistência, não uma limitação; e enquanto o seu corpo estiver em uso, ele
sempre terá o privilégio de banhar-se no maravilhoso magnetismo do Adepto, já
que deverá ficar por perto para reassumir o controle de seu corpo tão logo o
Mestre tiver terminado de utilizá-lo. Esse plano de pegar emprestado um corpo
adequado sempre é adotado pelos Grandes Seres quando eles entendem ser benéfico
descer entre os homens, como nas condições que temos agora no mundo. O Senhor
Gautama empregou esse método quando veio conquistar o Budhado, e o Senhor
Maitreya tomou o mesmo curso quando visitou a Palestina dois mil anos atrás. A
única exceção que conheço é quando um novo Bodhisattva assume o ofício de
Instrutor do Mundo depois que seu antecessor se torna Budha – em sua primeira
aparição no mundo com essa qualificação, ele nasce como uma pequena criança na
forma convencional. Assim fez o nosso Senhor, o atual Bodhisattva, quando ele
nasceu como Shri Khrisna nas planícies brilhantes da Índia para ser
reverenciado e amado com inigualável apaixonada devoção. Essa ocupação
temporária do corpo de um aspirante não deve ser confundida com o uso
permanente, por uma pessoa avançada, de um veículo preparado para ele por outra
pessoa. Nossa grande Fundadora, Madame Blavatsky, quando abandonou o corpo no
qual a conhecemos, ocupou outro que fora recém-desocupado por seu inquilino
original. Sobre o fato de esse corpo ter sido preparado especialmente para seu
uso, não tenho informação, entretanto, outras circunstâncias são conhecidas em
que isso foi feito. Há sempre, nesses casos, certa dificuldade em adaptar o
veículo às necessidades e idiossincrasias do novo ocupante, e é provável que
ele nunca se torne um traje perfeitamente ajustado. Para o Ego entretanto, há
uma escolha entre dedicar uma considerável quantidade de tempo e trabalho para
superintender o crescimento de um novo veículo, que seria sua expressão
perfeita, na medida do possível no plano físico, ou evitar toda essa
dificuldade entrando no corpo de outra pessoa – um processo que proverá um
instrumento razoavelmente bom para todos os propósitos ordinários, porém ele
nunca cumprirá em todos os aspectos tudo aquilo que seu possuidor deseja. Em
todos os casos, um discípulo está naturalmente ansiosos em ter a honra de dar o
seu corpo a seu Mestre, mas de fato poucos são veículos puros o suficiente para
terem esse uso. Sempre se levanta a questão sobre o porquê de um Adepto, cujo
trabalho parece estar quase inteiramente em planos superiores, precisar de um
corpo físico. Realmente não é da nossa conta, mas se a especulação sobre tais
questões não forem irreverentes, há várias razões que podem ser sugeridas. O
Adepto gasta a maior parte de seu tempo projetando correntes de influência, e
embora, até onde se tem observado, elas estejam mais frequentemente no nível mental
superior ou acima dele, é provável que eventualmente haja a necessidade de
projeção de correntes etéricas, e para sua manipulação a posse de um corpo
físico é, sem dúvida, uma vantagem. Além disso, a maioria dos Mestres que eu
tenho visto tem alguns discípulos ou assistentes que vivem com eles ou perto
deles no plano físico, e um corpo físico pode ser necessário em seu benefício.
Podemos ter certeza de que, se um Adepto optar ter o trabalho de manter tal
corpo, ele tem uma boa razão para isso, pois conhecemos o bastante sobre seus
métodos de trabalho para estarmos completamente cientes de que eles sempre
fazem tudo da melhor maneira possível e com os meios que envolvem o menor gasto
de energia. Livro Os Mestres e a Senda. Abraço. Davi.