sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A REENCARNAÇÃO NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO

 

Editor do Mosaico. A REENCARNAÇÃO NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO. Leio atualmente as Escrituras Sagradas na versão católica. Em minha leitura cheguei ao livro da Sabedoria de Salomão. Os livros apócrifos ou pseudo canônicos como: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão e Baruque. São vistos como uma pedra de tropeço na ortodoxia do cristianismo atual, entre a histórica dissidência protestante chamados hoje de evangélicos. Esses nem querem vê-los, desaconselhando como leitura alegórica e muito menos para meditação espiritual. Mencionados como supersticiosos e mitológicos. Não fazendo parte de suas versões. Uma pena, pois perde-se o contato com um grande acervo de tradições e culturas mostrado pelo rico pensamento revelado aos antigos estudiosos da sabedoria divina. Os nossos irmãos católicos foram mais sensatos e corajosos incluindo-os em sua Escritura Sagrada. O livro da Sabedoria tem a suposta autoria do rei de Israel Salomão e até o século V continuava sendo aceito pela tradição cristã. O Segundo Concilio de Constantinopla no ano de 553, na atual Turquia, ratificou (autenticou) um edito inserindo o Livro da Sabedoria de Salomão definitivamente no canon – inspiração divina. Todavia sem afinidade teológica, apenas como leitura histórica e de aconselhamento pessoal. Um texto desse livro causa desconforto e inquietação aos estudiosos da  tradição cristã. Em que pese a exegese que procura entender os mistérios maiores da revelação divina. O trecho é esse: Sabedoria 8, 19-21, versão  da Editora Ave Maria. "Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como era bom, eu vim a um corpo intacto. Mas, consciente de não poder possuir a sabedoria, a não ser por dom de Deus, e já era inteligência, o saber de onde vem o dom, eu me voltei para o Senhor, e o invoquei dizendo do fundo do meu coração: Deus de nossos pais, ( ... ).". Os dois primeiros versos trazem escrito, um menino vigoroso com alma excelente tinha existido anteriormente bom num corpo intacto. O argumento mencionado aqui é o da pré existência da alma, popularmente conhecido como reencarnação ou renascimentos. Um ensinamento aceito pelas culturas orientais e visto aqui de forma inequívoca. O sábio rei de Israel Salomão é reconhecidamente o escritor dos Livros canônicos de Cântico dos Cânticos, Provérbios, Eclesiastes e alguns Salmos. Todavia também entrou em contato com esse conceito da reencarnação. Suponho que ele tenha estudado com alguns rabinos e mestres judeus que entendiam as ciências ocultas. A Sabedoria Divina tinha no misticismo antigo uma fonte que investigava os poderes latentes da alma e do espírito humano. Bem como as forças misteriosas da natureza. Na cabala judaica, em seu principal livro chamado Zohar há alusões a esse princípio espiritual. O  rabino Yitschac Luria Arizal (1534-1572) diz: "O estudo da reencarnação é um dos ramos da Cabala. A reencarnação é a oportunidade que o Tribunal Celestial dá a uma pessoa depois de sua morte. Para corrigir algumas coisas que ficou pendente em sua vida. A alma é dada a possibilidade de descer a este mundo por meio de um novo nascimento. Como um bebê, e na nova vida, a alma tenta corrigir as máculas das vidas anteriores. As almas reencarnam e voltam a vir ao mundo em diferentes formas, segundo as máculas que causaram. Nos livros dos Sábios de Israel está escrito que aqueles que cometeram um pecado  relacionado à idolatria. Reencarnam num animal ora cães, porcos e gatos ". Os que fizeram beatitudes e méritos em vida reencarnam em peixe, folhas ou pequenos galhos de árvores. Uma forma de retornar logo para o gozo das entre vidas. Expandindo o tema, agora vejamos um entendimento do misticismo judaico em um livro canônico (inspirado) das Sagradas Escrituras. Em Salmos 19, 7. "A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma". No livro cabalístico Taamei Hamin Haguim esse texto é traduzido assim: "A Toráh do Eterno é perfeita, faz voltar a alma". "A Toráh do Eterno é suficiente, completa e quem a cumpre em sua totalidade consegue ser uma pessoa perfeita e plena. No entanto, quem não consegue fazer isso, quem não atinge esta perfeição e plenitude, faz voltar a alma. A Toráh faz com que esta alma volte a este mundo, para completar aquilo que ficou faltando da Toráh. Os místicos judaicos (estudiosos cabalistas) especialistas em reencarnação. Explicam que "existe uma diferença entre as almas que vêm novamente ao mundo como seres humanos, e aquelas que reencarnam em uma pedra, em um vegetal ou em um mineral”. Quando os homens nascem em sua nova encarnação, eles não se lembram de nada do que fizeram nas vidas passadas. Não sabem que eles são, na verdade uma reencarnação. Porém quem volta ao mundo como um animal, um vegetal ou uma pedra, sabe e reconhece o que aconteceu em vidas passadas. Durante todo o período de tempo em que ele fica nesse mundo. Ele sente pena e dor por ter cometido o erro e não ter conseguido alcançar a perfeição e a plenitude em sua encarnação anterior. Ele fica procurando por sua retificação ou correção". Os cristãos preferem evidenciar a ressurreição das almas no último dia. As Sagradas Escrituras na tradição do Novo Testamento escrito pelo apóstolo São Paulo em I Coríntios 15, 17-20 diz "Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem". Os orientalistas (hindus e budistas) preferem a referência abordada no livro da Sabedoria de Salomão e nos Salmos 19. Como não entendem a pessoalidade do Eterno Deus. Concebem um processo evolutivo da alma e do espírito humano pelos vários carmas e reencarnações. Onde num longuíssimo tempo alcançarão o nirvana que é a completude e retorno ao ponto de origem de onde vieram. Da Consciência Cósmica. A diversidade de conceitos abre um leque de possibilidades para que expressemos nossas opiniões. Nossas verdades são confrontadas. Percebemos que há pessoas em outras culturas e tradições que vêm diferente de nossos dogmas cristãos. Pondero não ser o caso de especularmos quem estar com a razão. Hoje concebo a verdade como um prisma. Quando recebe um feixe de luz sobre sua superfície reflete várias cores visíveis aos nossos olhos. O que dizer das cores infra vermelho e da ultra violeta que não vemos com os nossos sentidos físicos. O rabino e mestre judeu Moshe Ben Maimônide (1135-1204) diz: A reflexão eleva o indivíduo, permitindo-lhe dominar e assenhorear-se da própria dignidade". Abraço. Davi.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

O ATEISMO NÃO DESUMANIZA NINGUÉM

 

www.correioweb.com.br. “O ATEISMO NÃO DESUMANIZA NINGUÉM”, diz o padre católico Júlio Lancellotti (1948 - ). Entrevista dada ao Correio Brasiliense em 26/09/2022. O sacerdote  entende que, mais importante do que professar uma crença, é desenvolver a humanidade. Há mais de 20 anos nas ruas de São Paulo - Brasil, para ajudar os desamparados, o coordenador da Pastoral do Povo da Rua, padre Júlio Lancellotti, está ciente de que o combate à pobreza é uma luta que vai durar muito no Brasil. "Eu não esperava chegar aos 73 anos e ver a gente voltar atrás em tanta coisa. Eu não vou ver muitas das mudanças pelas quais eu luto, eu vou morrer antes, mas eu luto." Na batalha em favor dos desfavorecidos, Lancellotti se inspira na figura emblemática de Irmã Dulce (1914-1992), outra religiosa que entrou para a história por causa da atenção aos mais pobres. Nesta entrevista ao Correio, o padre Lancellotti afirma que, no Brasil de 2022, combater a miséria também significa entrar em uma luta política. Crítico contumaz do atual governo, o religioso lamenta a violência das fake news, que destrói reputações no mundo virtual e na vida real. Lancellotti comenta, ainda, o debate sobre religião. Entende que, mais importante do que professar uma crença, é desenvolver a humanidade. "Falei muito na pandemia: a misericórdia, a compaixão e a solidariedade não são dimensões religiosas, são dimensões humanas. O ateísmo não desumaniza ninguém", considera. Como o senhor ver o aumento da pobreza em São Paulo? O aumento da pobreza na cidade é evidente, segundo a prefeitura, a população de rua aumentou em 53% (último ano), mas é possível que o aumento seja maior. Enquanto a prefeitura fala em 32 mil pessoas, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com outra metodologia fala em 42 mil. Aumentou também o que nós chamamos de grupos familiares, com o aumento do número de mulheres e consequentemente o aumento do número de crianças. Esse crescimento acelerado vem desde 2016 e foi agravado pela pandemia. Quem são essas pessoas que estão nas ruas? Tem muitos jovens que não encontram trabalho, que o próprio grupo familiar não consegue mais manter e sobreviver com a presença deles. O número de grupos familiares que têm o pai e a mãe que ficaram desempregados e a inadimplência os joga para a rua, e aumenta o número de mulheres sozinhas com crianças. São sintomas claros de uma sociedade que está doente, de uma necro política, que dentro desse sistema neoliberal, escolheu aqueles que vão morrer, os descartáveis, os sem possibilidade. Muitos acreditam que todos os que estão nas ruas são dependentes químicos. O que o senhor diz a respeito dessas acusações? Isso é uma ideia falsa. Nem toda pessoa em situação de rua é usuária de drogas, e nem todos os usuários de droga são moradores de rua. Nos condomínios, tem muitos usuários de drogas. Será que só se usa cocaína, heroína e maconha na rua? Você acha? É um estereótipo pensar que quem está na rua são os bandidos e quem não está na rua são os bonzinhos. Se você for procurar incidência de utilização de drogas em universidades, é bem maior do que na rua. Você vai a qualquer happy hour em qualquer sexta-feira em porta de universidade e está todo mundo bebendo. O álcool não é uma droga também? E como a pastoral tem atuado? Temos duas vertentes. Uma é a da convivência. Você não conhece se você não convive, você não defende se você não convive, você não ama se você não convive. E a outra é a vertente de luta de transformação política. Eu digo que é uma síntese, com uma mão você parte o pão; com a outra você luta. Quantas pessoas vocês atendem? O nosso café da manhã, diariamente, tem uma média de 700 pessoas. Esse número também vem aumentando. Ele flutua, tem muita gente que chega na cidade, que sai da cidade, tem variação. Nos últimos anos, a situação piorou? É evidente que piorou, está todo mundo vendo, o Brasil voltou para o mapa da fome, 33 milhões de pessoas são privadas de alimentação, 60 milhões estão no que o governo chama de insegurança alimentar. São números astronômicos. Piorou devido ao modelo socioeconômico e político que nós temos. Se você olhar neste governo, a baixa de investimento na área social é gritante. O seu tom crítico ao atual governo tornou o senhor alvo dos apoiadores do Presidente Bolsonaro. Recentemente o senhor venceu uma ação contra um empresário bolsonarista. O que achou da decisão? Acho que é importante a gente saber que a internet precisa ter limites éticos, que você não pode usar a presumida liberdade de expressão para ofender e destruir os outros. Você pode pensar de mim o que você quiser, mas nem tudo você pode falar. Você pode ter vontade de matar alguém, mas você sabe que você não pode matar. Dentro do seu jornal você também tem limites, você não pode escrever tudo que quer. A reparação foi suficiente? Acho que não é a reparação em termos financeiros, não é isso que mede, acho que o importante é começar a perceber que há limites. Como agora o STF (Supremo Tribunal Federal) tem limitado questões de fake news na internet. O senhor foi alvo de notícias falsas. O que tem a dizer sobre esses ataques? Sempre é difícil. Tem um santo na igreja que se chama São Felipe Neri (1515-1595), e tinha uma pessoa que ia confessar com ele e dizia que tinha falado contra fulano, contra o beltrano, inventei isso, aquilo. São Felipe perguntou se ela estava arrependida, e deu a penitência — vá até o topo da torre da igreja e depene uma galinha. A pessoa perguntou: 'Só isso?' Ele disse: 'Não, depois vá juntar as penas'. Experimente ir à torre mais alta, depenar a galinha lá de cima e depois vai recolher. Não tem como. Assim é internet. Depois de uma mentira, não tem como reparar. As mentiras da internet migram para o mundo real? Sim, em função de fake news, em função do ódio, da polarização que a gente está vivendo. No Brasil, chamam-se os outros de comunista, de herege. No Brasil nunca teve comunismo. Qual o parâmetro que você tem para saber o que é o comunismo?. Mas Cristo está presente no discurso político ... O que está presente é a utilização do Cristo. Você tem de ter um critério histórico para saber qual é a vida da pessoa. Por exemplo, dizer que Jesus compraria uma pistola: a partir de onde você tira essa conclusão? Você tem de ter uma evidência histórica para essa afirmação. Mas há trechos bíblicos sobre comprar espadas. Esse é um texto do Evangelho e, como todo texto, precisa ser visto no contexto. O Saramago por exemplo, é ateu do deus de Oliveira Salazar (1889-1970). O deus salazarista feriu José Saramago (1922-2010) e fez ele ser ateu desse deus, assim como, na Espanha, muitos foram ateus do deus do generalíssimo Franco (1892-1975), como no Chile muito são ateus do deus de Augusto Pinochet (1915-2006). A religião católica continua perdendo fieis? Será que continua? Nos último 20 a 30 anos sim, mas pega os últimos dois anos, essas igrejas atingiram um platô. Nada na vida apenas sobe, uma hora estabiliza e depois cai. O mundo era católico, hoje não é mais. Hoje a religião que mais cresce é o Islamismo. Quando vier o Censo brasileiro, vai se apresentar o crescimento dos chamados sem religião. A Holanda era um país completamente católico; hoje muitas igrejas na Holanda são livraria, são bares. Agora isso não quer dizer que eles são mais desumanos. Às vezes as pessoas não são religiosas porque os religiosos são desumanos. Uma forma de eu não aceitar aquilo, eu me torno antirreligioso. O mundo pode se tornar ateu? Difícil dizer. O Islamismo cresce muito, e não é ateu, é monoteísta. Mas a questão não é crescer ou não, a questão é a gente ser autêntico com aquilo que a gente acredita. Só dizer 'Eu sou cristão', isso significa o quê? Eu falei muito na pandemia: a misericórdia, a compaixão e a solidariedade não são dimensões religiosas, são dimensões humanas. O ateísmo não desumaniza ninguém. O importante é ser humano. Até teve uma pesquisa que saiu há algum tempo, que diz que os ateus eram mais solidários. Eu recebo aqui muita ajuda de pessoas que dizem não ter religião nenhuma. O que esperar do próximo governo? Seja quem for o próximo governo, vai encontrar muitos desafios: superar a fome, superar a miséria, tem de lutar pela diminuição da desigualdade, pela superação da polarização, pela superação da violência. A gente não tem de pensar que vamos ter solução com um ou com outro. Nenhum governo será perfeito, e quem vier encontrará um orçamento já aprovado. Quem entrar vai ter muita dificuldade. Como resolver a fome? Eu sugiro a instituição da renda básica, a começar pelos que estão na linha da miséria. São necessárias várias providências. Não existe receita mágica. É importante criar linhas de apoio para a agricultura familiar de produção de alimentos, há diversas ações. E é preciso se encontrar soluções regionais. E o auxílio Brasil? Não é suficiente. Ele não pode durar até dezembro. E depois? Recebe R$ 600 até dezembro, e em janeiro faz o quê? As pessoas que a Pastoral atende recebem o auxílio? Muitos não recebem o auxílio porque não têm documentação, porque não estão no cadastro único. O SUAS (Sistema Único de Assistência Social) foi sucateado neste governo. Na pandemia, quando saiu o auxílio emergencial, a resposta saía no smartphone. Como a população de rua vai ter smartphone com internet, com 4G ou 5G? Aqui na paróquia, nós pedimos que um monte de gente emprestasse seus números para receber o código das pessoas na rua. E aconteceram coisas incríveis. Muitos, nós cadastramos e o benefício saiu em seguida. Outros estavam desempregados, mas constavam como empregados no Ministério do Trabalho por defasagem no cadastro. Muitos tinham passado pelo sistema penitenciário, mas eram classificados como encarcerados porque os dados estavam desatualizados. E como resolver isso? Alguns, não conseguimos resolver. Tinha pessoas com certidão de nascimento no Maranhão, no Piauí. Tem muita gente que perdeu tudo na água, na rua, no rapa da polícia. E para conseguir uma certidão de nascimento em outro estado, é necessário mandar o envelope selado para receber o documento. O governo poderia fazer algo? Nós fizemos várias sugestões para a Caixa Econômica Federal (CEF), ela não aceitou nenhuma. Sugerimos que uma autoridade pública atestasse a existência daquela pessoa, um delegado, um padre, um assistente social. Mas, se você for procurar no interior do Brasil, muita gente ficou sem o auxílio emergencial. Como solucionar o problema da fome? Não existe uma solução imediata, mas uma luta histórica. Não fomos dormir com tudo bem e acordamos com tudo mal. Nós não vamos sair desse buraco de repente. Eu não esperava chegar aos 73 anos, e ver a gente voltar atrás em tanta coisa. Eu não vou ver muitas das mudanças pela quais eu luto, eu vou morrer antes, mas eu luto. Mas avançamos em alguma coisa? Acho que avançamos em coisas tecnológicas, mas não na qualidade de vida do povo. A quantidade de gente pobre é muito grande, muita gente na miséria, sem assistência médica, sem garantia de vida. A gente, aqui no Brasil pelo menos, passa por um processo de embrutecimento muito grande. www.correioweb.com.br. Abraço. Davi

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

BHAGAVAD GITA - INTRODUÇÃO

 

Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre. INTRODUÇÃO. O Bhagavad Gita (1), isto é, A Sublime Canção, também designada como a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre, é uma das obras mais importantes que existem no mundo. Este livro é altamente prezado pelos budistas e venerado como Escritura Sagrada pelos brâmanes, que, frequentemente, o citam como autoridade no que se refere à religião hindu. A filosofia nele exposta é um conjunto harmonioso das doutrinas de Patanjali, Kapila e dos Vedas. O Bhavagad Gita é um episódio da grande e antiga epopeia hindu, intitulada Mahabharata (2), que contém 250.000 versos, descrevendo a grande guerra entre os Kurus e os Pandavas, que tinha por objetivo a posse de Hastinapura, um dos centros mais importantes da civilização ariana. Em sua forma literal, apresenta o Bhagavad Gita um interessante entre Krishna (3) e Arjuna (4), tratando de um fato histórico. Mas os Mestres hindus dizem que este livro maravilhoso tem sete sentidos, e aconselham ao leitor esforçar-se por penetrar no seu mais profundo sentido interior ou espiritual. A leitura desta sublime canção é útil para todos: cada um, porém, poderá assimilar e compreender só aquilo que estiver em harmonia com o desenvolvimento de suas faculdades psíquicas e espirituais. A nossa tradução, baseando-se na edição inglesa do Yogi (5) Ramacháraca, comparada com a edição em sânscrito e latim, publicada por August Welhelm Schlegel (1767-1845), e com a edição do doutor Franz Hartmann (1838-1912), tem por fim auxiliar os leitores nesse desenvolvimento, a que todo o ser pensante deve dedicar a sua vida. Não podemos desvendar totalmente o sentido esotérico deste precioso livro, porque – conforme as leis da natureza superior – cada um há de descobri-lo por si mesmo. Acrescentamos, entretanto, notas e observações que serão úteis para aqueles que aspiram à Iniciação. A cena da ação histórica do Bhagavad Gita transporta-nos à planície da Índia, entre os rios Jumma e Jheed. Na capital do país, chamada Hastinapura (6), reinava, em tempos remotos, o rei Vichitraviria (7). Casou-se com duas irmãs, mas faleceu sem deixar filhos. Conforme o costume dos antigos povos orientais, Vyasa (8), irmão do falecido, tomou essas viúvas por esposas e teve delas dois filhos: Dhritarasshtra (9) e Pandu (10). Dhritarasshtra, o mais velho, gerou cem filhos (simbólicos) dos quais o primogênito chamava-se Duryodhana (11). O mais moço, Pandu, teve cinco filhos, todos grandes guerreiros, conhecidos como os cinco principais Pandavas. Dhritarashtra perdeu a vista, e continuou a ser rei só nominalmente, entregando o poder real a seu filho Duryodhana. Este, com o consentimento do pai, baniu do país os cinco filhos de Pandu, seus primos, os quais, porém, depois de muitas vicissitudes, viagens e aventuras, voltaram à sua terra natal. Acompanhados de muitos amigos e partidários, e formaram um poderoso exército aproveitando os guerreiros que lhes forneceram os reis vizinhos. Com as suas forças, marcharam para o campo dos Kurus, empreendendo uma campanha contra o ramo mais velho da família, os partidários de Dhritarashtra, os quais se reuniram sob o comando de Duryodhana, que substituía o seu pai cego. E, em nome da família dos Kurus , começou o ramo mais velho a opor resistência à invasação e aos ataques dos Pandavas. O Bhagav Gita apresenta-nos esses dois exércitos, preparados para o combate. O comando ativo dos Kurus, cujo chefe é Duryodhana, está nas mãos do velho general Bhishma (12), ao passo que o supremo comando dos Pandavas é o famoso guerreiro Bhima (13). Arjuna, um dos cinco príncipes Pandavas e um dos principais caracteres desta história, estava presente, ao lado de seus irmãos e acompanhado em seu carro de guerra por Krishna, reputado pelos hindus como encarnação humana do Espírito Supemo. Krishna, amigo e companheiro de Arjuna, a quem amava por causa de sua nobre alma e a resignação, com que esse suportava as perseguições. A batalha começou, quando Bhishma, o comandante dos Kurus, deu o sinal, tocando a sua corneta ou concha, sendo seu toque imitado pelos seus partidários, e respondido pelos Pandavas. Arjuna pediu a Krishna, ao princípio da batalha, que deixasse parar o carro no meio do espaço entre os dois exércitos inimigos, para ver de perto as principais pessoas que tomavam parte na luta. Vendo, então, seus parentes e amigos, tanto de um como do outro lado, ficou horrorizado por constatar que se tratava de uma guerra fraticida, e declarou à Krishna que antes queria morrer inerme e sem se defender, do que matar seus parentes. Krishna respondeu-lhe com um notável discurso filosófico que a maior parte do Bhagavad Gita, fazendo Arjuna reconhecer a necessidade dessa luta, em que ele e os seus partidários, finalmente, alcançariam completa vitória sobre os Kurus. O autor põe a narração de tudo isso na boca de Sanjaya (14), fiel servidor do rei cego, Dhritarashtra. Como já dissemos, além do sentido histórico, material ou literal, tem o Bhagavad Gita (como toda Escritura Sagrada: a Bíblia, os Vedas, o Alcorão, etc). Ainda vários graus do sentido espiritual ou esotérico. E para que os nossos leitores possam, com facilidade, descobri-lo, lhes diremos que a luta aqui descrita é a que se trava no interior de cada homem, entre o “Bem” e o “Mal”. Arjuna, o homem, acha-se colocado no campo de suas ações, entre dois exércitos inimigos, dos quais os Pandavas representam as forças superiores, e os Kurus, as forças inferiores da alma. Ali está ARjuna, o filho de Kunti (isto é, da alma) contra os seus parentes, os filhos de Dhritarashtra (vida material) ameaçado pelo egoísmo, pelos seus prazeres e pelas suas paixões. Que formam um poderoso exército de ilusões: a sua tarefa é vencê-las, para chegar ao conhecimento de sua verdadeira essência divina. Mas, como muitas dessas ilusões se lhe tornaram agradáveis, acha difícil combate-las. A seu lado, entretanto, tem valentes guerreiros: a sua Consciência, o Amor do Bem e da Verdade, a Obediência à Lei Suprema, a Fé, a Convicção, etc. Krishna, que lhe explica a verdadeira natureza humana e a sua relação com Deus, é o Verbo de Deus, Logos ou Cristo em nós, o nosso Superior, Imortal Ego Divino. Livro Bhagavad Gita – A Mensagem do Mestre.

 

Referência: 1. Bhagavad, variação do bhagavant, em sânscrito significa sublime: Gita, pronuncie-se guitá – canção. Nota-se que, nas palavras sânscritas, g tem sempre o som gutural. H é aspirado, sh lê-se como o ch ou x chiante (em chá, xarope). Â, i, û têm o som prolongado, y é um i brevíssimo, ch soa tch. 2. Moha – grande; Bhârata – Índia. 3. Krishna (sh lê-se x) representa o Homem-Deus, o nosso Ego (ou Eu) Superior. 4. Arjuna representa o homem no estado evolutivo. 5. Yoga significa união; yogi é aquele que realizou a sua união consciente com a Alma Divina. 6. Cidade (pura) do Elefante (hastina). 7. Vichitra – multicor, de muitas espécies; virya – poder. 8. Agrado, prazer. 9. Representante da vida material; instinto. 10. Representante do elemento espiritual; intelecto. A palavra pandu significa claro, pálido. 11. Dificilmente vencível; obstinação. 12. Terror; egoísmo. 13. Terrível; a vontade espiritual. 14. Sanjaya – vitorioso.

sábado, 24 de setembro de 2022

AQUILO QUE NÃO OUSAMOS FALAR

 

Gnosticismo. www.gnosisonline.org.br. Texto de Sonia Milano. AQUILO QUE NÃO OUSAMOS FALAR. A cor do Raio feminino é magenta com dourado. Contém fórmulas e ingredientes para a humanidade e seu alento se derrama como um suspiro sobre o deserto da atualidade. Tudo na Criação está sujeito a ciclos regidos por uma Inteligência Cósmica. Condicionados pela necessidade e ritmo, nutrem e influenciam a humanidade como suas células, com diferentes qualidades e em momentos diferentes, alternando, marcando eras e determinando sua expressão. O ingrediente que define uma era como fase evolutiva inicialmente desperta uma qualidade interna no ser humano e eventualmente se manifesta como um movimento coletivo. Dirige o propósito imediato da Raça durante sua atividade. Nossa civilização encontra-se na fase final de um grande ciclo de 5.000 anos e isto não deve ser confundido com o final dos grandes movimentos de K’atun dos maias. A influência dos raios de gênero qualifica a expressão social que impulsiona uma civilização: os ciclos maias se relacionam com o ritmo da liderança solar e a evolução. Até agora, a atividade decretada para nossa terra, necessária para o crescimento e expansão, tem sido puramente linear, conquistadora, construtiva e regida pelo Raio Masculino. No entanto, a influência feminina vem se intensificando. Graças a uma educação massiva e ao sistema de redes globais que nos colocam em comunicação uns com os outros, as mulheres se sentem compelidas a participar e se apossar de uma realidade muito mais ampla e profunda que a de nossas avós. Sentimo-nos atraídas pelas expressões que até agora tem sido exclusivamente dos homens. Aproxima-se o Raio Feminino e, uma vez instalado, durará outro ciclo de 5.000 anos. Da última vez, o raio masculino ativou-se em 2.500 a.C. Viu nascer, entre outras estruturas, Stonehenge, iniciando uma expansão física e material da humanidade. O Raio Feminino se manifestará plenamente em 2.500 d.C. e verá nascer uma rede sustentável de paz que, estando ainda no seu início, achamos inconcebível. Reintroduz um sistema muito antigo de correspondências dimensionais onde predominam a percepção sutil e dos múltiplos níveis, as causas sobre os efeitos, o grupo ou a família planetária e a conexão com o transcendente. A Inteligência cósmica que cuida do planeta e do sistema solar tem pouca relação com a vontade humana. Nestes momentos, remove na mulher nostalgias inexplicáveis, sonhos que parecem impossíveis e conexões no nível da inteligência desconhecida. Como humanidade, estamos digerindo tudo isto pouco a pouco, mais lentamente do que está ocorrendo em nosso interior. Esta falta de sincronização é a razão que está por trás dos desastres, tanto naturais quanto humanos. A pressão se torna incontrolável. As mulheres respondem ao chamado desta força nascente de maneira potente e espontânea. Sabemos de tudo o que anda mal em nosso planeta, não porque esteja equivocado, mas porque sentimos que falta algo. Incomoda-nos, porque o que “falta” somos nós mesmas. Como mães que somos, nós sabemos disto. É acionado um alarme que desperta nossa percepção vinculada ao poder da visão e da afinação interiores. Sabemos, mas, todavia, não sabemos que sabemos nem para onde estamos indo. O equilíbrio que buscamos desesperadamente e a harmonia que ansiamos são meros passos intermediários e preparatórios para o que, na realidade, não se trata nem de ajuste nem de negociação. É uma mudança total de perspectiva que se instala gradualmente com a influência crescente de emissões cósmicas. Não é questão de retaliação nem de tirar o poder do homem. Trata-se de introduzir nova perspectiva e novo método. Na realidade, o alcance da mulher não se manifesta pela competição ou pela imposição. Possuímos um sistema feminino próprio que apenas agora começamos a conhecer. Para ativá-lo e instalá-lo, a mulher desperta para o fato de que é ela que atrai o que todos anseiam. A mulher afeta seu ambiente com emanações sutis que podem ser físicas, emocionais, mentais ou espirituais. Nosso mundo, nossas aptidões, nosso valor residem numa conexão profundíssima com a riqueza da fonte cósmica em nosso interior. Desconhecemos isto porque nosso papel durante este ciclo que se encerra foi outro: o de apoiar o homem na execução da sua tarefa particular. Este objetivo já foi cumprido. Conscientizada, tudo na estrutura da mulher serve a propósitos espirituais. O fato de que a mulher é, fisicamente, um polo magnético irresistível para o homem e que ele tenha reagido a isto de maneira dominante e repressora, não muda o fato de que somos uma força atrativa incontrolável e que não pode ser alterada, reprimida ou escondida. Somos geradoras e esta função se estende a todos os níveis de manifestação e, neste momento, mais do que nunca. Possuímos outro polo magnético igualmente potente que passa despercebido no sistema atual de valores. Somos extremamente sensíveis às mínimas sutilezas das frequências do universo. Somos sacerdotisas veladas. As emoções da mulher são fortíssimas, mas a expressão do pensamento aparece como ilógica, vaga e difusa. A mulher sabe o que sente, mas não sabe como situá-lo dentro de um quadro maior. Sua comunicação acontece através de insinuações, espaços vazios, gestos e mensagens telepáticas variadas e diferentes. Seu mecanismo reflete uma realidade multidimensional, simultânea e atemporal que atua de forma subliminar e indireta. Sendo holística e multissensorial, na maioria das vezes, nem ela sabe o que sabe. Por sua mente receptiva, pela atração magnética do seu corpo e pela modulação contínua de suas variadíssimas emoções… atrai, prepara e gesta mundos. Constantemente o reconhecimento do que é a mulher começa com ela mesma. Requer sair das expectativas e comodismos do passado, da programação coletiva planetária. Trata-se de outro tipo de inteligência aplicada a todos os aspectos da sociedade. A mulher, com sua estrutura peculiar, é fundamental. Trata-se de um salto quântico e não de competição. Com ou sem nossa aprovação, apesar dos obstáculos e resistências de um mundo que se desmorona, uma transformação radical está sendo gestada, da qual não poderemos escapar. Brotará uma estrutura de flexibilidade sem precedentes. O feminino nascente é simultaneidade, multidimensionalidade, flexibilidade, sutileza e expansão que abraça uma profunda humanização. O futuro agora depende de um sentir e não de um pensar isento de ternura e de vulnerabilidade. Nisto está a chave do nosso desenvolvimento e o acesso às capacidades superiores que não se “fazem” nem se “veem”. Serão sentidas, vividas e conhecidas. A era que se iniciou em 2.500 a.C. teve como propósito contribuir com normas, regras e medidas, definir territórios, desenvolver a ciência e o conhecimento explorando e redefinindo nações, raças e grupos culturais. O resultado é nossa sociedade global: a forma que reforça o material e a sobrevivência, a força física e linear que se impõe tanto para criar como para destruir, a que deu luz à autoridade do homem sobre a mulher e ao reinado do intelecto, da ciência e das organizações religiosas. A transição da expressão de gênero de um ciclo para o outro é difícil. Estende-se a toda a estrutura que tem se esmerado na aplicação da força pela competência, no acúmulo de poder e de todas as formas de força física representativa do combate, da dominação da matéria e do reino animal, resistindo a qualquer mudança e vestígio de ineficiência e inconveniência. Hoje, vivemos a experiência da realidade sequencial de maneira estranha. Parece que o tempo se detém e se acelera ao mesmo tempo. Estes são momentos de introspecção e revisão, de impotência, de entrega e de abertura ao desconhecido. Além da dinâmica dos gêneros representada pelos seres humanos, o masculino coexiste com o feminino e, mesmo que muitos tentem preservar o status quo procurando o equilíbrio, o destino cósmico pede uma mudança qualitativa. Estamos entrando em uma era dirigida pela inteligência superior do coração que, longe de ser emocional, é uma inteligência holística e abre os portais da percepção atemporal. Os ditames da Inteligência cósmica são, por um lado, um realinhamento que corresponde ao final do quinto ciclo maia e, por outro, uma transição para o ripo de sociedade que estabelecerá a Terra como Planeta da Paz no centro galáctico deste sistema. O raio feminino será o instrumento. A mudança social vai ocorrer através da força feminina encarnada. O gênero masculino não é construído para isto. A mudança surge por meio da experiência da mulher, suas reverberações psicofísicas e sua ascensão à inteligência dinâmica do coração. Então, por reverberação, esta energia será amadurecida e, com a ajuda do gênero masculino, poderá ser implantada na Terra. O homem não deixará de ser homem no sentido mais nobre do termo, mas, neste ciclo que se inicia, irá se descobrir em uma nova e mais gloriosa expressão como líder e mestre sensível. Progressivamente, a conscientização feminina emitirá uma substância-qualidade-força coesiva que representará a rede da Mãe do Mundo. Do seu seio, nasceremos todos. www.gnosisonline.org.br. Abraço.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

O SACRAMENTO DA CRISMA OU DA CONFIRMAÇÃO

 

Cristianismo. www.oficialcatolico.com.br. O SACRAMENTO DA CRISMA OU DA CONFIRMAÇÃO. Em nosso estudo anterior apresentamos uma exposição sobre o Sacramento do Batismo. - Vimos que neste Sacramento somos mergulhados no Espírito do Cristo Ressuscitado. Esse Espírito nos "cristifica" e nos dá uma vida nova, a vida no Ressuscitado, aquela vida plena que a Escritura chama de Vida Eterna, porque é a Vida do próprio Eterno, que é Deus. Vimos que, habitados pelo Espírito de Amor, Espírito que é o Amor do Pai e do Filho, somos feitos Templos da Trindade Santíssima. Vamos agora tratar de um outro Sacramento, o segundo dos três que constituem a iniciação cristã. Trata-se do Sacramento da Crisma ou Confirmação. Desde os seus primórdios, a Igreja de Cristo conhece este Sacramento, intimamente ligado ao Batismo, denominado Crisma ou Confirmação. Em que consiste este Sacramento? Qual o seu significado? Qual a sua fundamentação bíblica? É destas questões que trataremos neste artigo, começando com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), que ensina:  A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o Sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras”. (CIC §1316). Vale a pena, antes de mais nada, analisar essas palavras. São ditas duas coisas importantes a respeito da Crisma: ela aperfeiçoa a graça batismal e é o Sacramento que dá o Espírito Santo. Ora, será que a graça batismal é imperfeita? Mais ainda: o Batismo já não nos deu o Espírito? Não é no Espírito do Cristo ressuscitado que fomos mergulhados no santo Batismo? Além do mais, como católicos cremos que todo e cada Sacramento nos dá o Espírito Santo, e que somente no Espírito pode haver Sacramento. Sendo assim, como compreender as afirmações do Catecismo citadas acima? Afirma-se que a Crisma aperfeiçoa a graça batismal no sentido de torná-la "madura", aperfeiçoada, plenamente desenvolvida. É importante compreender bem isto. No Batismo, nós recebemos o Espírito do Cristo Ressuscitado; ele nos é dado como vida divina, vida nova, vida eterna que faz de nós novas criaturas. Procure reler tudo quanto dissemos sobre isso ao expor o Sacramento do Batismo. Ora, esta vida não é algo estático, parado, congelado; como toda vida, ela vai crescendo sempre mais, e assim vai nos configurando cada vez mais ao Cristo Jesus, para que sejamos como ramos da Videira que é Ele próprio, vivamos como reflexo do Senhor neste mundo. Pois bem, o Sacramento da Crisma é o que leva esta vida na Graça, recebida no Batismo, à sua maturidade. Na Crisma, o Espírito que nos tinha sido dado como vida, nos é dado como Força divina, que nos dá a capacidade de testemunhar Jesus, de anunciar o Evangelho e assumir ativamente nosso lugar na comunidade eclesial. Por isso mesmo é que se diz que a Crisma confirma o Batismo, que é o Sacramento da Confirmação. Não é que o Batismo seja incompleto e necessite ser completado. O sentido é outro: a Confirmação nos dá a graça da maturidade cristã, de tal modo que a vida nova recebida no Batismo pode e deve, agora com a Crisma, ser testemunhada e transbordada para os outros com a graça deste Sacramento. Em outras palavras: enquanto que no Batismo a vida recebida é graça que nos renova e transforma, na Confirmação esta mesma vida é Dom que devemos testemunhar e partilhar. Por isso o crismado deve estar consciente do seu lugar na Igreja, na comunidade eclesial, e do seu dever de testemunhar o Cristo sendo, como se diz, um soldado do Senhor. Aqui convém eliminar um mal-entendido. Em geral afirma-se que a Crisma é o Sacramento da maturidade cristã e confirma o Batismo porque recebemos este quando crianças pequenas e aquele quando jovens, já sabendo o que queríamos. Não é assim: a maturidade que a Crisma nos dá não é a maturidade psicológica, mas sim a maturidade espiritual. Em outras palavras: se uma criancinha for batizada e crismada, seu “organismo espiritual”, sua estrutura cristã, por assim dizer, já recebeu a maturidade. Que fique bem claro: a Confirmação nos concede uma graça distinta do Batismo. Sem este Sacramento não há maturidade na vida cristã. Por isso mesmo, rigorosamente falando, todo aquele que assume qualquer trabalho na Comunidade deve ser crismado. Há ainda uma outra distinção importante no modo de agir do Espírito no Batismo e na Confirmação: no Batismo o Espírito nos é dado como Espírito que torna o Pai e o Filho presentes em nós, fazendo-nos, assim, templos da Trindade. Na Confirmação, ao invés, o Espírito dá-nos algo que é próprio dele como Terceira Pessoa da Trindade, a saber: a força, a coragem, o ânimo, o vigor, a doçura para testemunhar o Senhor Jesus. A fé da Igreja exprimiu isso muito bem com a imagem dos Dons do Espírito. Agora podemos entender porque o Catecismo fala, no texto acima citado, numa mais profunda incorporação a Cristo: é que com a Confirmação o Espírito nos une ao Cristo na sua missão de Sacerdote, Profeta e Rei, para que sejamos, na comunidade eclesial e no mundo, continuadores de sua Missão, continuadores do próprio Cristo. Por fim e como complemento, importa dizer que a Crisma está relacionada, direta ou indiretamente, com o Batismo no Espírito Santo mencionado nas Sagradas Escrituras (At 1,5). Embora haja alguma controvérsia teológica, por um lado não podemos afirmar que se tratem exatamente de uma "mesma coisa"; porém, se cremos que este Sacramento nos confere os Dons do Espírito Santo, a relação é real e inevitável. Resumo. Crisma, portanto, é o Sacramento que confere os Dons do Espírito Santo, conduzindo o fiel católico ao caminho da perfeição cristã. Representa como que a passagem da infância para a fase adulta, espiritualmente falando. Nesse sentido é que a Crisma é o Sacramento da Confirmação do Batismo. A Crisma é a confirmação do Batismo porque fortalece a Graça que este nos deu: se o Batismo nos imerge no Espírito Santo, a Crisma deve nos tornar “fortes e robustos” no mesmo Espírito, enquanto cristãos e membros do Corpo Místico de Cristo neste mundo, a Santa Igreja. A palavra Crisma vem do grego e significa Óleo da Unção. O termo, no feminino (a Crisma), refere-se ao Sacramento em si, e no masculino (o crisma), refere-se ao óleo de ungir. Ungir é untar a fronte do crismando com o óleo próprio, em cruz. O óleo usado na cerimônia da Crisma é consagrado na Missa da Quinta-Feira Santa. Três passos são necessários à administração da Crisma: a imposição das mãos sobre a cabeça do crismando; a unção com o óleo na fronte; as palavra do Bispo: “Recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de Deus”, ao que o crismando responde: “Amém”. É o Bispo quem ministra o Sacramento da Crisma, mas em sua ausência pode delegar essa missão a um padre. Durante a celebração, o Bispo suplica os Dons do Espírito Santo na seguinte oração:  Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e pelo Espírito Santo destes uma vida nova a estes vossos servos, libertando-os do pecado, enviai sobre eles o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de ciência e de piedade, e enchei-os do Espírito do vosso temor. Os Sete Dons do Espírito Santo: Sabedoria - Não sabedoria do mundo, mas aquela que nos faz reconhecer e buscar a Verdade, que é Deus, Fonte da Sabedoria. Verdade que encontramos na Bíblia e na orientação da Igreja. Entendimento - Dom que nos faz aceitar as verdades reveladas por Deus. Conselho - É a luz para distinguir o certo do errado, o verdadeiro do falso, e assim orientarmos acertadamente a nossa vida, e as vidas daqueles que precisam de um conselho nosso. Ciência - Não as ciências do mundo, mas a ciência do Sagrado, das coisas de Deus. Ciência da Verdade e da Vida. Por esse Dom, o Espírito Santo nos indica o caminho a seguir na realização da nossa verdadeira vocação. Fortaleza - É o Dom da coragem para viver fielmente a fé no dia-a-dia, até mesmo no martírio, se for preciso. Piedade - É o Dom pelo qual o Espírito Santo nos dá o gosto de amar e servir a Deus com alegria. Nesse Dom nos é dado o "sabor" inigualável das coisas de Deus. Temor de Deus - Não é "medo de Deus", já que “o Perfeito Amor lança fora o medo; quem tem medo não é perfeito no Amor” (Jo 4, 18). Temor de Deus significa viver o Amor sincero por Deus, tão grande que queima o coração de respeito e sincera devoção pelo Criador. Não é pavor da Justiça Divina, é zelo em agradar a Deus. A Crisma na prática. Quem pode receber a Confirmação? Todo batizado pode receber este Sacramento (Cân. 889, §1) uma vez. Para recebê-la licitamente é necessário estar devidamente preparado, disposto e em condições de renovar as promessas do Batismo (Cân. 889, §2). Como regra geral, a idade mínima é de 14 anos. O candidato à Confirmação deve professar a fé, estar em estado de graça (confessar antes), ter a intenção de receber o Sacramento e estar preparado para ser discípulo e testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nas ocupações temporais (CIC §1319). Padrinho/Madrinha: não podem ser os pais do crismando (Cân. 893 e 874). Precisa ser católico, confirmado, ter recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e estar disposto a orientar sua vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir (Cân. 874, §1). Precisa ter dezesseis anos completos, a não ser que outra idade seja determinada pelo Bispo diocesano (Cân. 874, §1). É desaconselhável escolher como padrinho o esposo(a), namorado(a) ou noivo(a). Alguém de outra religião pode ser admitido como testemunha da confirmação, ao lado de um padrinho católico. Preparação: Após a primeira Eucaristia, o adolescente deve participar de encontros de perseverança e atividades paroquiais próprias para sua idade, dando continuidade ao processo de formação na Fé. Os padrinhos e pais devem acompanhar a formação do crismando, e participar dos encontros e palestras promovidas pela Igreja, sobre temas bíblicos, morais, doutrinários e litúrgicos. É recomendada a leitura dos bons livros católicos que levem à melhor compreensão possível a respeito do grande passo que será dado. A preparação deve ter a duração de ao menos um ano, com encontros de evangelização e formação na fé, bem como a participação nas celebrações da comunidade. www.ofielcatolico.com.br. Abraço. Davi

domingo, 18 de setembro de 2022

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS

 

www.metropolis.com.br. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS. Texto do jornalista Ricardo Noblat. 13/09. Agora é tarde, Bolsonaro, Inez é morta. Depois do showsmícios militarizados e do coração de Dom Pedro que não bateu por ele. O Presidente vai ao funeral da rainha da Inglaterra atrás de votos. Do alto de sua vasta experiência como presidente do Ibope, hoje Ipec, Carlos Augusto Montenegro. 68 anos de idade, vaticinou na semana passada: “A campanha demorou quase dois anos. Mas acabou. Falta o eleitor pôr o voto na urna”. Referia-se a campanha para Presidente da República travada por Lula e Bolsonaro. Que oficialmente começou apenas em meados de agosto último e extraoficialmente desde que o Supremo Tribunal Federal em março do ano passado tornou Lula elegível. Embora não tenha dito na ocasião, a amigos Montenegro confidencia que Lula sucederá a Bolsonaro. Quanto a eleições para os governos dos estados, só agora elas começarão a esquentar. Para o senado só se decidirão nos últimos dez dias. Faltam menos de três semanas, para a abertura das urnas eletrônicas. Que se dependesse de Bolsonaro teriam sido trocadas pelo voto impresso. Na prática duas semanas, de vez que na última, a levar em conta a história, nada acontece de relevante. Bolsonaro jogou seu último ruidoso trunfo na mesa ao trazer de Portugal o coração de Dom Pedro I (1798-1834). A pretexto de celebrar o bicentenário da Independência do Brasil. Ao contrário do que imaginava, o coração não voltou a bater por ele. Seus showmícios militarizados de 07 de setembro, dia da independência, atraíram 64 mil pessoas no Rio de Janeiro. Menos de 40 mil em São Paulo. E longe de 100 mil em Brasília. A justiça eleitoral proibiu o uso das imagens. E duas pesquisas consecutivas do Ipec, uma da semana passada e outra desta. Atestam que a onda bolsonarista morreu antes de chegar a praia. Não foi um tsunami foi uma marolinha. Tanto barulho por tão pouco. Para se eleger no primeiro turno 02 de outubro, sem disputar o segundo, 30 de outubro. Um candidato precisa ter 50% dos votos válidos – excluídos nulos, brancos e indecisos – mais um voto. Lula tinha 50% na semana passada. Agora 51%. Oscilar para cima é sempre melhor que oscilar para baixo. Bolsonaro preparar-se para colocar em cena um novo plano: Comparecer aos funerais da rainha Elizabeth II (1926-1922) em Londres – Reino Unido. Também a abertura em Nova Iorque – EUA de mais uma Assembleia Geral da ONU. Quem sabe os brasileiros não o socorrem depois de vê-lo em Londres entre os maiores líderes mundiais, e depois de ouvi-lo falar em Nova Iorque ... Dizem que seu isolamento internacional é brutal. Bolsonaro quer provar que isso é mentira dos adversários”. www.metropolis.com.br.

 

Editor do Mosaico. O Presidente declarou ontem a um grupo de podcasts evangélicos, 12/09, quanto as eleições presidenciais. “Se essa for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa a faixa, e vou me recolher. Por que com a minha idade, 67 anos, não tenho mais nada a fazer aqui na terra. Se acabar minha passagem pela política em 31 de dezembro desse ano”. Explicando a expressão “Inez está morta”, no início do texto, significa não adianta mais ou não há mais nada a fazer. A figura foi criada pelo escritor Luiz Vaz de Camões (1524-1580), no famoso épico Os Lusíadas. Inez de Castro, representa bem o atual momento político nacional. Ela foi amante de Dom Pedro e depois de morta tentaram coroa-la rainha de Portugal. Assim a frase: “Agora é tarde Bolsonaro, Inez está morta”. Voltando ao nosso quadro atual. Entramos na reta final para o início das eleições, faltam 12 dias. Percebemos, já, o desfecho de quem se tornará o próximo Presidente da República. Não focamos apenas nas pesquisas de intenção de votos. Mas principalmente nos fatos recentes de contexto histórico com implicações eleitorais – a independência do Brasil e a vinda do coração de Dom Pedro I para Brasília. Essa apropriação indevida para turbinar a campanha da reeleição as vésperas do pleito. Não surtiu efeito desejado entre os eleitores indecisos e descontentes com seus candidatos. Tentou-se criar uma atmosfera fantástica com os fatos, porém, separado, do real propósito que retratam, emancipação e liberdade do Brasil. Infelizmente foi mais um palanque eleitoral que uma comemoração aos seus seguidores e simpatizantes. Perdendo-se na configuração do verdadeiro aspecto tradicional, histórico e político da celebração. Um erro estratégico que muito provavelmente custará ao atual Presidente, a oportunidade de disputar o segundo turno. Dando ao concorrente, que lidera as pesquisas, a chance de ganhar a eleição já no primeiro turno em 02 de outubro. Uma previsão bem razoável nesse momento. Esse fato foi confirmado hoje, 19/09. A recente pesquisa de intenção de votos divulgado hoje pelo IPEC, antigo IBOPE, para Presidente da República. Trouxe boas notícias ao candidato Lula. Os números reforçam a chance de derrotar Bolsonaro ainda no 1º turno. Lula segue liderando a disputa pela Presidência da República com 47% das intenções de voto. Enquanto Bolsonaro estável com 31%. Considerando apenas os votos válidos Lula teria 52% dos votos. Forte indicativo de possível vitória no 1º turno. O governo atual foi vítima de seus próprios tropeços. Também mostrou incapacidade de produzir projeto de nação. Seguem mais fatos que corroboram essa ideia. A contingência da pandemia da Covid-19, 2020 e 2021, foi um entrave ao vigente governo. A maioria dos brasileiros reprova a maneira que foi conduzida a gestão pública da saúde nesse período. O Presidente adquiriu medicamentos sem comprovação científica ao combate do vírus. Incentivando a que pessoas usassem. Demorou na compra de vacinas. Disse ser a contaminação com o vírus uma gripezinha. Menosprezou as mais de 660 mil mortes no pais em decorrência do surto mundial. Resistiu a que o país não fizesse o lockdown – restrições de pessoas e confinamento social –  para conter flagelo. Os Estados corajosamente tomaram essa decisão. Desestimulou o uso de mascaras, ao não usá-las, para reduzir o contágio. Não há registros que Bolsonaro tomou a vacina até agora. Insinuou várias vezes um golpe, com apoio dos militares, se não for reeleito. Politizou questões jurídicas e administrativas com os demais poderes superior: Judiciário e Congresso Nacional. Até agora, não declarou confiança nem segurança na Urna Eletrônica. Sempre duvidando e questionamento o sistema. Todavia desde 1996 é eleito por esse processo. Por fim esse governo tem representado uma ameaça a floresta amazônica e demais biomas ambientais em nosso país. Favorecendo mineradoras, grileiros, madeireiros e agronegócios – sem critérios de pesquisa científica. Grande parte sem, autorização e punição pelos órgãos governamentais competentes.  Sucateamento dos órgãos de proteção ambiental IBAMA, ICMBIO e INCRA. Principalmente agora, eventos climáticos extremos ocorrendo em todo o planeta. Com o aumento do aquecimento global e suas implicações nos climas, oceanos, mares e continentes. Desprezo, desassistência e descaso as minorias indígenas. Guardiãs originárias do meio ambiente – fauna e flora. Além de rios, nascentes e culturas primitivas. Vivemos o limiar duma catástrofe planetária incomparável e surpreendentemente destrutiva.  Caso os governos mundiais não tomem providências para reduzir as emissões de carbono, poluição as mais variadas e conter urgentemente o desmatamento mundial. Nossas florestas nativas representam 30% da vegetação da terra. Se a destruirmos será o fim. Creiam. No suposto objetivo de homenagear o povo inglês e sua monarquia em 18 e 19 de setembro. A visita de Bolsonaro a Londres, apesar da formalidade do funeral da rainha Elizabeth II. Tem sido mais um ato de campanha eleitoral que uma visita oficial. Percebi o Presidente conformado com a derrota em suas palavras no podcats. Espero que aceite o resultado das urnas, pensando sensatamente para o bem do Brasil e em prol da manutenção de nossa democracia. Conquistada com muita luta, trabalho e perseverança. Contudo, ele já demonstrou, em várias ocasiões seu destempero emocional. Falas golpistas ameaçadoras são prova disso. Fiquemos atentos. Deus abençoe o Brasil e toda sua gente. Abraço. Davi.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O NASCIMENTO DO ÓDIO MAIS ANTIGO DO MUNDO

 

Judaísmo. www.pt.chabad.org. Por Rabino Jonathan Sacks. O NASCIMENTO DO ÓDIO MAIS ANTIGO DO MUNDO. “Vá e aprende o que Lavan (Labão), o arameu, quis fazer a nosso pai Yaacov. O faraó fez seu decreto apenas sobre os homens, enquanto Lavan procurou destruir a todos”. Essa passagem da Hagadá de Pessach - evidentemente baseada na parashá desta semana - é extraordinariamente difícil de entender. Primeiro, é um comentário sobre a frase em Devarim, Arami oved avi. Como a maioria esmagadora dos comentaristas apontam, o significado dessa frase é “meu pai era um Arameu errante”, uma referência a Yaacov, que escapou de Aram [= Síria, uma referência a Haran onde Lavan viveu], ou a Avraham, que deixou Aram em consequência do chamado de D’us para viajar para a terra de Canaã. Isso não significa que “um arameu [= Labão] tentou destruir meu pai”. Alguns comentaristas leram dessa forma, mas quase certamente eles só o fizeram por causa dessa passagem na Hagadá. Em segundo lugar, em parte alguma na parashá encontramos que Lavan realmente tentou destruir Yaacov. Ele o enganou, tentou explorá-lo e o perseguiu quando ele fugiu. Quando estava prestes a alcançar Yaacov, D’us lhe apareceu num sonho à noite e disse: “Tenha muito cuidado para não dizer nada, bom ou mal, a Yaacov” (Bereshit 31:22). Quando Lavan se queixa do fato de que Yaacov estava tentando escapar, Yaacov responde: “Vinte anos trabalhei para você em sua propriedade - quatorze anos por suas duas filhas, e seis anos para parte de seus rebanhos. Você mudou meu salário dez vezes!” (31:41). Tudo isso sugere que Lavan se comportou escandalosamente contra Yaacov, tratando-o como um trabalhador não remunerado, quase um escravo, mas não que ele tentou “destruí-lo” - para matá-lo como o Faraó tentou matar todos os filhos israelitas. Terceiro: a Hagadá e o serviço do seder no qual surge o texto, é sobre como os egípcios escravizaram e praticaram genocídio lento contra os israelitas e como D’us os salvou da escravidão e da morte. Por que procurar diminuir toda essa narrativa dizendo que, na verdade, o decreto do Faraó não era tão ruim, já que o de Lavan foi pior? Isso parece não fazer sentido, nem em termos do tema central da Hagadá, nem em relação aos fatos reais registrados no texto bíblico. Como, então, devemos compreendê-lo? Talvez a resposta seja essa. O comportamento de Lavan é o paradigma dos antissemitas através dos tempos. Não foi tanto ao que Lavan fez que a Hagadá está se referindo, mas ao que seu comportamento deu origem, século após século. Como assim? Lavan começa fingindo-se de amigo. Ele oferece refúgio a Yaacov quando está fugindo de Esav, que jurou matá-lo. No entanto, verifica-se que seu comportamento é menos generoso e muito mais interesseiro e calculista. Yaacov trabalha para ele sete anos por Rachel. Então, na noite de núpcias, Lavan substitui Rachel por Lea, de modo que, para casar com Rachel, Yaacov foi obrigado por Lavan a trabalhar para ele, em pagamento, por mais sete anos. Quando seu filho com Rachel, Yossef, nasceu, Yaacov tentou partir com sua família. Lavan protestou. Yaacov trabalhou mais seis anos, e então percebeu que a situação era insustentável. Os filhos de Lavan o acusaram de ter enriquecido às expensas de Lavan. Yaacov percebe que o próprio Lavan está se tornando hostil. Rachel e Lea concordam, dizendo: “Ele nos trata como estranhas! Ele nos vendeu e gastou o dinheiro!” (31:14-15). Yaacov percebe que não há nada que ele possa fazer ou dizer que persuadirá Lavan a deixá-los partir. Ele não tem escolha a não ser fugir. Lavan então o persegue e, se não fosse o aviso de D’us na noite anterior à sua chegada, não há dúvida de que ele teria forçado Jyaacov a voltar e viver o resto de sua vida como seu empregado sem remuneração. Conforme ele diz a Yaacov no dia seguinte: “As filhas são minhas filhas! Os filhos são meus filhos! Os rebanhos são meus rebanhos! Tudo o que você vê é meu!” (31:43). Acontece que tudo o que ele aparentemente tinha dado a Yaacov, em sua própria mente, ele não tinha dado de fato. Lavan trata Yaacov como sua propriedade. Ele é uma não-pessoa. Em seus olhos, Yaacov não tem direitos, não há existência independente. Ele deu a Yaacov suas filhas em casamento, mas ainda afirma que elas e seus filhos pertencem a ele, não a Yaacov. Ele ainda insistiu que “os rebanhos são os meus rebanhos”. O que desperta sua raiva é que Yaacov mantém sua dignidade e independência. Diante de uma existência impossível como escravo de seu sogro, Yaacov sempre encontra uma maneira de continuar. Sim, ele foi enganado por sua amada Rachel, mas ele trabalha para que ele possa se casar com ela também. Sim, ele foi forçado a trabalhar por nada, mas ele usa seu conhecimento superior na criação de animais para propor um acordo que lhe permitirá construir rebanhos próprios, os quais lhe permitiriam manter o que é agora uma grande família. Yaacov recusa-se a ser derrotado. Envolvido por todos os lados, ele encontra uma saída. Essa é a grandeza de Yaacov. Seus métodos não são aqueles que ele teria escolhido em outras circunstâncias. Ele tem que superar um adversário extremamente esperto. Mas se recusa a ser derrotado, ou esmagado e desmoralizado. Em uma situação aparentemente impossível, Yaacov mantém sua dignidade, independência e liberdade. Ele não é escravo do homem. Lavan é, de fato, o primeiro antissemita. Depois de anos e anos os judeus procuraram refúgio daqueles que, como Esav, procuraram matá-los. As nações que lhes deram refúgio pareciam, a princípio, benfeitoras. Mas elas exigiram um preço. Elas viram nos judeus pessoas que as tornariam ricas. Onde quer que os judeus fossem, trouxeram prosperidade aos seus anfitriões. No entanto, eles se recusaram a ser meros bens móveis. Eles se recusaram a ser detidos. Eles tinham sua própria identidade e estilo de vida. Eles insistiram no direito humano básico de ser livre. As sociedades de acolhimento então se voltaram contra eles. Alegaram que os judeus as estavam explorando, em vez do fato, que eram elas que na verdade estavam explorando os judeus. E quando os judeus conseguiram, as acusaram de roubo: “Os rebanhos são meus rebanhos! Tudo o que você vê é meu!” Elas esqueceram que os judeus haviam contribuído maciçamente para a prosperidade nacional. O fato dos judeus terem guardado respeito próprio, alguma independência, que eles também haviam prosperado, não as tornou apenas invejosas, mas irritadas. Foi quando se tornou perigoso ser judeu. Lavan foi o primeiro a mostrar essa síndrome, mas não o último. Aconteceu novamente no Egito depois da morte de Yossef. Aconteceu sob os gregos e romanos, os impérios cristãos e muçulmanos da Idade Média, as nações europeias do século XIX e início do século XX e depois da Revolução Russa. Em seu fascinante livro World on Fire, Amy Chua argumenta que o ódio étnico sempre será dirigido pela sociedade de acolhimento contra qualquer minoria conspícua e bem-sucedida. Todas as três condições devem estar presentes: 1.O grupo odiado deve ser uma minoria ou as pessoas terão medo de atacá-lo. 2. Deve ser bem sucedido ou as pessoas não vão invejá-lo, apenas sentir desprezo por ele. 3. Deve ser notável ou as pessoas não darão a mínima atenção. Os judeus tendiam a se encaixar em todos os três. É por isso que eles foram odiados. E começou com Yaacov durante sua estadia com Lava. Ele era uma minoria, superada em número pela família de Lavan. Ele foi bem sucedido, e foi notável: você podia vê-lo olhando para seus rebanhos. O que os sábios estão dizendo na Hagadá agora se torna claro. O faraó era um inimigo único dos judeus, mas o espírito de Lavan persiste em existir, de uma forma ou de outra, época após época. A síndrome ainda existe hoje. Como observa Amy Chua, Israel no contexto do Oriente Médio é uma minoria conspícua e bem-sucedida. É um país pequeno, uma minoria; É bem sucedido e o é de maneira evidente. De alguma forma, um pequeno país com poucos recursos naturais, excede seus vizinhos. O resultado é inveja que se transforma em raiva , que se torna ódio. Onde começou? Com Lavan. Dito isso, começamos a ver Yaacov sob uma nova luz. Ele representa as minorias e as pequenas nações em todos os lugares. Yaacov é a recusa de deixar grandes potências esmagar os poucos, os fracos, os refugiados. Yaacov recusa-se a definir-se como um escravo, propriedade de outra pessoa. Ele mantém sua dignidade e liberdade interior. Ele contribui para a prosperidade de outras pessoas, mas ele derrota todas as tentativas de ser explorado. Yaacov é a voz que diz: “Eu também sou humano. Eu também tenho direitos. Eu também sou livre.” Se Lavan é o eterno paradigma do ódio às minorias conspícuas, Yaacov é o paradigma eterno da capacidade humana de sobreviver, superar-se ao ódio dos outros., Yaacov se torna a voz da esperança na conversa da humanidade, a prova viva de que o ódio nunca ganha alcança a vitória, mas a liberdade sim.

Referência:
Texto original: “THE BIRTH OF THE WORLD’S OLDEST HATE” por Rabino Jonathan Sacks. Tradução Rachel Klinge Azulay para a Sinagoga Edmond J. Safra – Ipanema. www.pt.chabad.org. Abraço. Davi

terça-feira, 13 de setembro de 2022

MARTA E MARIA

 

Cristianismo. Editor do Mosaico. MARTA E MARIA. Compartilharei um pequeno trecho das escrituras encontrado em Lucas 10,38-42. “E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher por nome Marta, o recebeu em sua casa. E tinha está, uma irmã chamada Maria, a qual assentando-se aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando disse: Senhor, não se apercebe de que minha irmã me deixa servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus disse? Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária. E Maria escolheu a boa, melhor parte, a qual não lhe será tirada”.  Essa narrativa conta uma particularidade familiar entre Marta e Maria relatada no evangelho de Lucas, mas introduzirei o tema na perspectiva inconsciente da personalidade humana. As duas irmãs eram irmãs de Lázaro, amigo do Mestre Jesus. O qual, geralmente ia a Betânia, na casa dessa família querida e conversavam demoradamente assuntos diversos. Essa ideia, do inconsciente humano, depreende-se da psicologia analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961). Onde se conceitua que o animus, é o aspecto inconsciente da personalidade masculina contido na mulher e o anima, o aspecto inconsciente da personalidade feminina, contida no homem. “Esses termos foram adotados por Jung para simbolizar características sexuais opostas de cada indivíduo. Parte do princípio da complementariedade através do qual a psique se move. São imagens psíquicas, configurações originárias de uma estrutura arquetípica básica proveniente do inconsciente coletivo. São subliminares a consciência e funcionam a partir de dentro da psique inconsciente. Influindo sobre o princípio psíquico dominante de um homem ou de uma mulher. Jung diz: A anima, sendo feminina, é a figura que compensa a consciência masculina. Na mulher, a figura compensadora é de caráter masculino, e pode ser designada pelo nome de animus. Mais tarde, Jung enriqueceu sua definição de anima e animus chamando-as de Não Eu. Um conceito apreendido do budismo, tipificando está fora de si próprio, pertencente à sua alma ou espírito. Para o homem, tem a característica de reações, impulsos e posicionamentos baseados em conhecimento não suficientemente justificado. Para a mulher assume à forma de compromissos, crenças e inspirações. É algo que induz a tomar conhecimento do que é espontâneo e significativo na vida psíquica”. http://www.sandplay.jogodeareia.com.br. Esse conceito jungiano é importante para generalizarmos ambos os sexos dentro da perspectiva bíblia, e especificamente entre Marta e Maria. Também podemos supostamente explicar a luz dessa teoria, porque pessoas de sexo igual, os homo afetivos, tem atração recíproca. Um possível interesse entre ambos, imagino, além do aspecto genético discutido pela ciência. Seria a proporção do inconsciente animus em paridade com o animus da outra pessoa. O contrário é recorrente, quando o anima equivalente no inconsciente da pessoa tem a mesma intensidade psíquica que na outra. Os heterossexuais hipoteticamente, nessa teoria, individualizam atrações diferenciadas de animus e anima em suas convivências. Não tenho intenção de provar o que estou falando. Uma conjectura mais aprofundada, se desejarmos, deveríamos usar a teoria jungianos dos sexos. Não sendo o propósito nesse momento. Assim, são argumentos de uma possível discussão no campo da psicologia analítica relacionada a esse assunto. Desse modo, somos num certo sentido, homem e mulher ao mesmo tempo. Isso é justificado pela ciência oculta com a noção do Adan Cadmo, ou Adão primordial. O ser primitivo que deu origem evolucionária ao homo erectus a milhões de anos atrás. O Adan Cadmo era considerado um hermafrodita (pessoa que possui concomitantemente ambos os sexos masculino e feminino), mitologicamente criado pela divindade em série. Colocado em vários lugares da terra, com um problema, precisava perpetuar sua espécie. Assim a alegoria bíblia da criação de Adão e Eva, que eram um e não dois, e Deus os separou fazendo-os macho e fêmea. Gênesis 2,21-22 “Então o Senhor fez cair um pesado sono sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe a Adão”. Platão (428-347) no diálogo Teeto fala sobre a separação entre Mytos e Logos; uma possível figura de linguagem que faz referência ao Adan Cadmo. Portanto, O Logos Divino, O Sempiterno, A Consciência Cósmica, nos ama como somos. Seu amor e misericórdia alcança nosso ser completo, nada fugindo de sua graça e bondade. Deixemos esse assunto para posterior elaboração mais detalhada. Acrescento ao assunto para ampliar nossa compreensão o tema do Yin e Yang. "Segundo a filosofia chinesa o yin e yang é a representação do positivo e do negativo, sendo o princípio da dualidade. O criador desse conceito foi Confúcio (551 aC 471) no famoso Livro das Mutações I Ching. Ele descobriu que as formas de energia existente possuem dois polos e identificou-os como Yin e Yang. O Yin representa a escuridão, o princípio passivo, feminino, frio e noturno. Já o Yang, representa a luz, o princípio ativo, masculino, quente e claro. Quanto mais Yin você possuir, menos Yang terá. Quanto mais Yang possuir, menos Yin terá. Para termos corpo e mente saudável é preciso está em equilíbrio entre o Yin e o Yang". Aqui podemos dizer que em Cristo Jesus devemos ter um relacionamento humano igualitário e não hierarquizado. Após o novo nascimento, tipificado pelo batismo nas águas, nossos laços de convivências são baseados no amor divino. Assim, não importando a identidade de gênero, todos, são acolhidos pelo Pai Celestial Divino como filhos amados de Deus. Gays, lésbicas, transsexuais, homo e heterossexuais, patrões e empregados, negros, branco e amarelos, pobres e ricos. Todos têm pleno acesso ao Reino de Deus, podemos participar nas comunidades cristã, respeitando e sendo respeitados em suas formas de ser e viver. Evidente que cada um fazendo uso da ética, moral e compromisso social e espiritual adequados ao convívio em sua expressão sexual. O Papa Francisco disse recentemente ao cumprimentar o democrata Joe Biden, vencedor das eleições americanas de 03 de novembro de 2020 contra o republicano Donald Trump: "O cristão não levanta muros, ele edifica pontes". Com todos de culturas e religiões diferentes da nossa, devemos assumir relações de harmonia, tolerância, respeito, dignidade e aprendizado. Pois somos irmãos, filhos do mesmo Pai Eterno. Votando ao texto citado Marta reclamava com Maria que enquanto ficava aos pés do Mestre. Ouvindo seus preciosos ensinamentos, ela desdobrava-se nos afazeres domésticos para deixar as coisas em ordem. Talvez com a intenção de proporcionar mais conforto ao Mestre nos momentos de descanso e comunhão com aquela família tão amada e querida. Ela até pede a intervenção do Mestre para que a irmã pudesse auxiliá-la, voltando depois a escutá-lo. Jesus amava muito estes três amigos. Lázaro aquele que ele ressuscitara dentre os mortos não estava presente neste encontro. Tinha geralmente com eles uma convivência mais humana que espiritual. Apesar do texto do evangelho de Lucas sugerir que ele discorria assuntos espirituais com Maria, prefiro acreditar no contrário. Como eram momentos descontraídos e relacionais que vivia em Betânia na casa deste amados. Conversavam sobre a vida, as dificuldades que ele tinha para desenvolver seu ministério. Talvez a oposição das autoridades religiosas da época. Como atravessar o rio Jordão, chegando a região da Galileia e Samaria com as boas novas. Quem sabe, refletia sobre seus país. José segundo a tradição católica morreu antes dele começar seu apostolado, e sua mãe Maria morreu bem depois de sua morte. Tendemos a excessivamente espiritualizar Jesus, colocando sua humanidade sobreposta ao seu ser divino. Como se ele não tivesse sentimentos e emoções. Esquecemos que em Hebreus 4,15 é falado “(...) mas temos o Sacerdote Supremo que, a nossa semelhança foi tentado de todas as formas, porém sem pecado algum”.  O Mestre responde que Maria escolheu a melhor parte e essa não lhe seria tirada. A melhor parte aqui não necessariamente seria uma porção de sabedoria mística advinda dos santos lábio do Mestre. Contudo, também, a companhia de uma amiga e um diálogo franco. Onde possivelmente era confidenciado o temor e medo em continuar a luta espiritual. Principalmente porque nesse momento da história, o Império Romano começava a se incomodar com as pregações de Jesus. Que se contrapunha a ordem estabelecida quando falada em Mateus 3,2 “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus”. A Corte em Roma não entendia está mensagem do Mestre. Imaginando que ele estaria planejando a tomada do poder, tornando-se um novo César para estabelecer seu reino terreno, libertando os judeus do jugo romano. Imaginando, o Mestre compartilhasse com Maria naquela agora, sua preocupação quanto a avidez dos judeus em relação aos milagres. Já que esses produziam mais incredulidade que a confiança e a fé. A multidão ia atrás de Jesus apenas por causa do pão e dos milagres. Ele os advertiu em João 6,33 “O pão de Deus é aquele que desce do céu e da vida ao mundo”. Agora aprofundemos alguns conceitos provenientes dessa passagem. As duas irmãs Marta e Maria são a tipificação do humano em seu aspecto espiritual e terrenal. Isso demonstra que nossa existência individual precisa constantemente evoluir, à níveis mais altos, até chegarmos a união completa com o divino.  A meu ver está claro que os conflitos serão uma tônica nos relacionamentos; que digam os casais.  Mas devemos aprender a conviver com eles de forma pacífica, procurando caminhos à soluções que tragam benefício aos envolvidos. Sabendo que nesses casos, sempre uma parte deverá ceder, para que a harmonia se restabeleça na diferença e diversidade. No exemplo referido das duas irmãs. Como todos temos nossas particularidades e individualidades. O desconforto estava no âmbito das emoções, sentimentos e prioridades que cada uma tinha, tanto no aspecto espiritual como no material. A resposta dada por Jesus à Marta, “Maria escolheu a melhor parte”,  geralmente é vista na teologia como reprovando a atitude ordinária e doméstica de Marta. Inclinamo-nos a supra valorizar a espiritualidade em relação a humanidade, mas atentando com mais precisão. Intuiremos que esse texto parece resumido, faltando, se é que posso me expressar assim,  elementos que justifiquem também a conduta positiva de Marta. A tradição cristã aqui aproveitou para evidenciar a importância das palavras do Mestre em seu aspecto contemplativo e meditativo. Diminuindo o trabalho cotidiano de Marta. Isso inferimos da cultura legada pela comunidade judaica e os escritos do Torah, Tanake e Talmud, que tinha no trabalho secular uma forma de expressão com o divino. Prova disso o Mestre no evangelho de João 5,17 diz: “Meu pai trabalha até agora e eu também trabalho”. Assim não se justifica a depreciação do trabalho de Marta que a ortodoxia propõe, pois esta, atenta ao lar, colocava as necessidades doméstica em ordem. Aqui podemos pôr em dúvida, o porquê dos clérigos não trabalharem no sustento de suas famílias? Apesar de I Coríntios 9,14 “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. Relacionar o evangelho como um trabalho, isso é usado hoje como sabemos em muitos casos como desculpa à ociosidade e preguiça. Nesse ponto, resguarda-se o interesse daqueles que vocacionados em mosteiros, conventos, seminários ou obra missionária, desenvolvem a vida religiosa ao bem do próximo e da humanidade. Preservando a cultura e tradição mística dos povos relacionada as suas diversas divindades, e devido a precípua atuação fazem-na de forma integral. A sabedoria do Mestre é divina. Não se percebe ele entrando no mérito da questão entre Marta e Maria, imputando razão à nenhuma das partes. Esse juízo acabamos fazendo nos conflitos em que enfrentamos, tentando descobrir quem está certo ou errado. Isso cria obstáculos a harmonizarmos o relacionamento, não contribuindo ao diálogo construtivo. Apenas acirrando os ânimos, aumentando o ressentimento e mágoa. A ideia aqui apresentada, penso, seja o equilíbrio entre o espiritual (Maria) e o terrenal (Marta). Todo extremismo enrijece os conceitos, nos fechando à ponto de vistas excludentes. Discriminando as opiniões divergentes da nossa. Criando a falsa impressão de superioridade em relação a outros modelos de vida e espiritualidade. Imagino que o Mestre resolveu a pendência, mesmo não relatado nas páginas sagradas. Mostrando a importância da estabilidade nas convivências. Onde o mais sábio, sede ao de menos conhecimento. E o espiritual não se mostra dominante ou superior ao terrenal. A atitude de Maria estando aos pés do Mestre, não é passada na narrativa como supremacia ou preeminência. Todavia, respeito e consideração pelo Mestre, uma pessoa querida e amada por aquela família. Na verdade, todos estamos no processo de desenvolvimento espiritual e chegaremos ao estágio da perfeição. Como dito em Efésios 4,13 “Até que todos cheguemos a unidade da fé, e ao conhecimento do filho de Deus, a homem perfeito, a medida da estatura completa de Cristo”. O homem perfeito é a expressão deificada do divino no humano. Isso claramente visto nas atitudes e fala do Mestre Jesus nesse pequeno trecho bíblico. Abraço. Davi. 

sábado, 10 de setembro de 2022

O MISTÉRIO DO GÓLGOTA

 

Fraternidade Rosa Cruz. www.fraternidaderosacruz.net. "A Bíblia foi dada ao Mundo Ocidental pelos Anjos do Destino, que dão a cada um e a todos exatamente aquilo que necessitam para o seu desenvolvimento.” MAX HEINDEL (1865-1919). LIÇÃO Nº 16. O MISTÉRIO DO GÓLGOTA. 

 

Referências: Mateus 27, 28 "E, despindo-o o cobriram com uma capa de escarlate". Marcos 15, 16 "E os soldados o levaram dentro à sala, que é a da audiência e convocaram toda a corte". Lucas 23, 24 "Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam". João 19,19-22. "E Pilatos escreveu também um título e pô-lo em cima da cruz. E nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. E muitos dos judeus leram este título. Porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade. E estava escrito em hebraico, grego e latim. Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas: O Rei dos Judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos Judeus". Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi".

 

Durante os últimos 2.000 anos, muito tem sido dito sobre “o sangue purificador”. O sangue de Cristo tem sido enaltecido dos púlpitos como o soberano remédio para o pecado: o único meio de redenção e salvação. Mas, se as leis de Renascimento e de Consequência atuam de tal modo que os seres em evolução colhem aquilo que semearam, e se o impulso evolutivo constantemente eleva a humanidade cada vez mais alto até alcançar a perfeição, onde está então a necessidade de redenção e salvação? Mesmo que existisse essa necessidade, como poderia a morte de um indivíduo ajudar os demais? Não seria mais nobre cada um sofrer as consequências dos próprios atos do que esconder-se por trás de um outro? Estas são algumas das objeções à doutrina da expiação e redenção vicárias pelo sangue de Cristo Jesus. Vamos tentar respondê-las antes de demonstrar a harmonia lógica entre a operação da Lei de Consequência e a Expiação de Cristo. Em primeiro lugar, é absolutamente verdadeiro que o impulso evolutivo atua até todos alcançarem a máxima perfeição, mesmo que existam alguns que constantemente se atrasem. No momento presente, acabamos de passar pelo ponto máximo da materialidade e avançamos através das dezesseis raças. Estamos trilhando “os dezesseis caminhos da destruição” e, consequentemente, corremos um perigo maior de cair e ficar para trás como em nenhum outro ponto da jornada evolutiva. No abstrato, o tempo não existe. Um certo número de seres deve se atrasar tanto que deverá ser abandonado, para retornar seu avanço evolutivo num outro esquema onde possa continuar em sua jornada para a perfeição. No entanto, não foi esse o esquema originalmente planejado para esses atrasados; por isso, é razoável supor-se que as exaltadas Inteligências encarregadas de nossa evolução empreguem todos os meios para salvar tantos daqueles a seu cargo quanto for possível. Na evolução comum, as leis de Renascimento e de Consequência são perfeitamente adequadas para levar à perfeição a maior parte da onda de vida, mas não são suficientes no caso dos atrasados das várias raças. Durante a etapa do individualismo, que é o ponto culminante da ilusão e da separatividade, todo o gênero humano precisa de ajuda extra, mas aos atrasados é necessário acrescentar um auxílio especial. Dar esse auxílio especial para redimir os atrasados foi a missão de Cristo. Ele disse que veio para buscar e salvar aqueles que se haviam perdido. E abriu o caminho da Iniciação a todos os que quisessem buscá-lo. Mas nem todos estão precisando de salvação. Cristo sabia que um número muito grande de Egos não precisa de salvação especial, mas, tão certo quanto 99% são conduzidos pelas leis de Renascimento e de Consequência para atingirem a perfeição através delas, assim também há “pecadores” tão “afundados “ na matéria que daí não podem escapar sem o auxílio de uma corda. Cristo veio para salvá-los e trazer a paz e a boa-vontade a todos, elevando-os ao necessário ponto de espiritualidade, e causando uma mudança nos seus corpos de desejos que tornará mais potente a influência do Espírito de Vida nos seus corações. Os irmãos mais novos de Cristo, os Espíritos Solares - os Arcanjos - haviam atuado como espíritos de Raça no corpo de desejos do homem, mas a atuação deles tinha sido de fora. Era simplesmente um reflexo da força espiritual do Sol vinda através da Lua - assim como o luar é luz solar refletida. Cristo, o mais elevado Iniciado dos Espíritos do Sol, entrou diretamente no corpo denso da Terra, trazendo a força direta do Sol, o que o capacitou a influenciar de dentro os nossos corpos de desejos. Assim também acontece com os impulsos espirituais que ajudam o homem a evoluir. A Terra foi expelida do Sol porque a nossa humanidade não podia suportar seus tremendos impulsos físicos e espirituais. Mesmo depois de uma enorme distância ter sido colocada entre a Terra e o Sol, o impulso espiritual ainda seria demasiado forte se não fosse enviado primeiramente à Lua, para ser usado por Jeová (Regente da Lua) em benefício do Homem. Um certo número de Arcanjos veio ajudar Jeová a refletir esses impulsos espirituais do Sol sobre a humanidade terrestre, na forma de Jeovíticas Religiões de Raça. O veículo mais inferior dos Arcanjos é o corpo de desejos. Nosso corpo de desejos foi-nos acrescentado no Período Lunar, no qual Jeová era o mais Alto Iniciado. Por conseguinte, Jeová é capaz de lidar com o corpo de desejos do Homem. O veículo mais inferior de Jeová é o Espírito Humano, cuja contraparte é o corpo de desejos. Por isso, eles são habilitados a trabalhar com a humanidade, preparando-a para a época em que ela poderá receber os impulsos espirituais diretamente da Esfera Solar sem a intermediação da Lua. Sobre Cristo, o mais Alto Iniciado do Período Solar, recai a tarefa de enviar esse impulso. O impulso que Jeová refletia era enviado por Cristo, que assim preparava a Terra e a humanidade para o Seu ingresso direto. A expressão “preparou a Terra” significa que toda evolução num planeta é acompanhada pela evolução do próprio planeta. Se algum observador, dotado de visão espiritual e situado em uma estrela distante, tivesse acompanhado a evolução de nossa Terra, teria notado uma mudança gradual no seu corpo de desejos. Sob a velha dispensação, os corpos de desejos das pessoas geralmente eram melhorados mediante a Lei. Este trabalho ainda continua na maioria dos humanos, que se preparam assim para a vida superior. A Vida Superior (Iniciação), contudo, não começa antes de iniciar-se o trabalho no corpo vital. O meio utilizado para acionar-se esse trabalho é o Amor, ou melhor, o Altruísmo. Tem-se abusado tanto da palavra amor, que ela já não transmite o sentido que este assunto requer. Durante a velha dispensação, o caminho iniciático não era livre nem aberto, a não ser para uns poucos eleitos. Os Hierofantes dos Mistérios congregavam certas famílias perto do Templo, mantendo-as separadas de todas as outras pessoas. Essas famílias selecionadas eram então rigorosamente vigiadas no que concerne a certos ritos e cerimônias. Seus matrimônios e relações sexuais eram regulados pelos Hierofantes. O efeito disto foi a produção de uma raça com o grau apropriado de afrouxamento entre os corpos denso e vital, e o de despertar o corpo de desejos do seu estado de letargia durante o sono. Desta maneira, uns poucos especiais adequavam-se à Iniciação, sendo-lhes dadas oportunidades que não podiam ser concedidas a todos. A Missão de Cristo, além de salvar os perdidos, era tornar a Iniciação possível a todos; por conseguinte, Jesus veio da gente simples e, embora não pertencesse à classe dos mestres, Seus Ensinamentos foram superiores aos de Moisés. Cristo Jesus não negou Moisés, nem a Lei, nem os profetas. Pelo contrário, reconheceu a todos, demonstrando que eles testemunhavam a Seu respeito quando diziam que Ele era aquele que havia de vir. Dizia ainda ao povo que aquelas coisas já haviam servido ao seu propósito, e que, dali em diante, o Amor devia substituir a Lei. Cristo Jesus foi morto. Relativamente a este fato, chegamos à suprema e fundamental diferença entre Ele e os mestres anteriores, através dos quais os Espíritos de Raça atuavam. Todos eles morreram, devendo renascer repetidas vezes para ajudar seus povos a cumprir seus destinos. O Arcanjo Miguel arrebatou Moisés, que foi levado ao Monte Nebo para morrer. Moisés renasceu como Elias. Elias renasceu como João Batista. Buda morreu e renasceu como Shankaracharya. Shri Krishna disse: “Onde quer que haja decadência do Dharma e exaltação do a dharma, eu próprio venho para proteger os bons e destruir os maus, a fim de estabelecer firmemente o Dharma. Eu nasço de tempos em tempos”. Quando a morte chegou, o rosto de Moisés resplandeceu e o corpo de Buda iluminou-se. Todos eles haviam alcançado o estado em que o Espírito começa a brilhar de dentro, mas então morreram. Cristo Jesus alcançou este estado no Monte da Transfiguração. É muitíssimo significativo que Sua obra real teve lugar logo depois desse acontecimento. Ele sofreu, foi morto e ressuscitou. Ser morto é muito diferente de morrer. O sangue que havia sido veículo do Espírito de Raça devia derramar-se e ser purificado daquela influência contaminadora. O amor ao pai e à mãe com exclusão de todos os outros pais e mães devia passar, pois, de outro modo, a Fraternidade Universal e o multi abrangente Amor altruísta nunca poderiam tornar-se uma realidade. Quando o Salvador Cristo Jesus foi crucificado, Seu corpo foi trespassado em cinco pontos, nos cinco centros pelos quais fluem as correntes do corpo vital, e também a pressão da coroa de espinhos produziu um fluxo no sexto centro. Quando o sangue se derramou desses centros, o grande Espírito Solar de Cristo libertou-se do veículo físico de Jesus e se encontrou dentro da Terra, sem veículos individuais. Os já existentes veículos planetários foram interpenetrados pelos Seus próprios veículos, e, num piscar de olhos, Ele difundiu Seu próprio corpo de desejos no planeta, o que lhe possibilitou dali, por diante, trabalhar sobre a Terra e sua humanidade de dentro. Naquele momento, uma tremenda onda de Luz Espiritual Solar inundou a Terra. E, então, rasgou-se o véu que o Espírito de Raça havia anteposto à entrada do Templo, para manter do lado de fora todo aquele que não fosse um dos poucos escolhidos, e isso deixou aberto o caminho da Iniciação a todos os que, dali por diante, quisessem nele entrar. No que concerne aos Mundos Espirituais, essa onda transformou as condições da Terra num relâmpago, mas as condições densas, concretas, são afetadas de modo muito mais lento. Como toda vibração elevada e intensa luz, essa grande onda cegou o povo no seu deslumbrante e ofuscante brilho pelo que se disse que “o Sol escureceu”. O que aconteceu foi exatamente o contrário: o Sol não escureceu, mas brilhou com glorioso esplendor. Foi o excesso de luz que cegou a humanidade, e só quando a Terra inteira absorveu o corpo de desejos do brilhante Espírito Solar pôde a vibração baixar a um nível normal. A expressão “o sangue purificador de Cristo Jesus” significa que, quando o sangue verteu no Calvário, levava consigo o grande Espírito Solar de Cristo, o qual, por esse meio, garantia Sua admissão na própria Terra, sendo o Regente desta desde aquele momento. Ele difundiu Seu próprio corpo de desejos por todo o planeta, purificando-o deste modo de todas as más influências desenvolvidas sob o regime dos Espíritos de Raça. Sob a Lei, todos pecavam e, mais ainda, não podiam ser ajudados. Eles ainda não haviam evoluído até o ponto de poderem praticar o bem por Amor. A natureza de desejos era tão forte que lhes era impossível dominá-la, pelo que suas dívidas, geradas sob a Lei de Consequência, acumulavam-se em proporções monstruosas. A evolução ter-se-ia atrasado terrivelmente, e muitos ficariam perdidos para nossa onda de vida se não fossem ajudados. Portanto, Cristo veio para “buscar e salvar aquele que estava perdido”. Ele tirou os pecados do mundo com o Seu sangue purificador, que Lhe permitiu entrar na Terra e na humanidade. Ele purificou as condições da Terra, de modo que lhe devemos a possibilidade de atrair para os nossos corpos de desejos matéria de desejos mais refinada que antes. Cristo continua nos ajudando, trabalhando para que nosso ambiente externo fique cada vez mais puro. Que isto foi e esteja sendo feito à custa de um grande sofrimento para Ele próprio, não se pode duvidar, bastando ao menos conceber as limitações suportadas por esse Grande Espírito ao entrar nas restritivas condições da existência física, mesmo no melhor e mais puro veículo possível. Nem a Sua atual limitação como Regente da Terra é menos dolorosa. Ele é também Regente do Sol, e, portanto, está confinado à Terra só parcialmente; mesmo assim, as limitações estabelecidas pelas restritas ou baixas vibrações do nosso planeta denso devem ser para Ele quase insuportáveis. Se Cristo Jesus tivesse simplesmente morrido, teria sido impossível para Ele executar esta obra. Mas os Cristãos têm um Salvador ressuscitado. Um que está sempre presente para ajudar aqueles que invoquem o Seu nome. Tendo sofrido como nós em todas as coisas e conhecido plenamente as nossas necessidades, Ele é indulgente para com nossos erros e fracassos enquanto continuemos tentando viver para o Bem. Devemos ter sempre em mente o fato de que “o único e verdadeiro fracasso é parar de tentar”. Após a morte do corpo denso de Cristo Jesus, o átomo-semente desse corpo foi devolvido ao seu primeiro dono, Jesus de Nazaré, que, ainda por algum tempo funcionando em corpo vital que havia obtido temporariamente, ensinou o ponto central da nova fé que Cristo havia deixado aqui. Jesus de Nazaré encarregou-se, desde então, de guiar as sociedades esotéricas que se espalhavam por toda a Europa. Em muitos lugares, os Cavaleiros da Távola Redonda eram alto iniciados nos Mistérios da Nova Dispensação. A mesma coisa eram os Cavaleiros do Graal, a quem finalmente foi confiado o cálice do Graal 3 por José de Arimatéia, cálice esse que havia sido usado por Cristo Jesus na Última Ceia. Depois, foi-lhes confiada também a lança que trespassou-Lhe o flanco e o receptáculo que recebeu o sangue dos ferimentos. Os Druidas da Irlanda e os Trottes do norte da Rússia foram escolas esotéricas através das quais o Mestre Jesus trabalhou durante a assim chamada “Idade das Trevas”, porém, mesmo sendo tenebrosa como era, o impulso espiritual espalhava-se de maneira que, sob o ponto de vista da ciência oculta, ela foi uma “Idade Brilhante” comparada ao crescente materialismo dos últimos trezentos anos, nos quais o conhecimento científico aumentou imensamente, mas quase desapareceu a Luz do Espírito.

 

Estude cuidadosamente esta lição e depois responda, de forma clara e concisa, às perguntas formuladas a seguir. Mande-nos suas respostas, não se esquecendo nunca de mencionar seu nome e endereço completos. Elas serão examinadas e devolvidas com a lição seguinte. 1 - O que significam os dezesseis caminhos da destruição? 2 - Para a “salvação” de quem Cristo veio especialmente? 3 - Explique como a vinda de Cristo tornou a Iniciação, ou a vida superior, possível para todos. 4 - Qual a razão para a crucificação de Cristo Jesus? 5 - Explique o que verdadeiramente teve lugar na crucificação. 6 - Qual tem sido o trabalho de Jesus desde a crucificação. 7 - Qual o grande perigo para a humanidade nos últimos trezentos anos? www.fraternidaderosacruz.net. Abraço. Davi