quinta-feira, 31 de agosto de 2017

ZAKAT

Islamismo. OS CINCO PILARES DO ISLÃ. SEGUNDO. ZAKAT. É um termo em árabe que não possui um equivalente no nosso idioma, por ter uma série de significados, dentre eles: crescer, aumentar e purificação. O Zakat foi ordenado por Deus no segundo ano da Hégira na cidade de Medina. "E lhes foi ordenado que adorassem sinceramente a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o Zakat; esta é a verdadeira religião." Alcorão Sagrado 98. "Praticai a oração, pagai o Zakat e genuflecti (ajoelhe), juntamente com os que genuflectem (ajoelham)." Alcorão Sagrado 2:43. O Zakat fundamenta-se na tese de que o dinheiro, a riqueza e todos os bens materiais, pertencem, na verdade, a Deus. Deus é, portanto, o verdadeiro e o legítimo dono de tudo que existe no Universo. "Seu é tudo o que existe nos céus, o que há na terra, o que há entre ambos, bem como o que existe sob a terra." Alcorão Sagrado 20:6. O dinheiro é uma dádiva de Deus que chega às nossas mãos como uma graça, uma bondade Divina e um favor, sendo o ser humano, dessa forma, apenas um depositário, um encarregado e um usuário destes bens, com os quais Deus nos agraciou. "Crede em Deus e em Seu Mensageiro, e fazei caridade daquilo que Ele vos fez herdar. E aqueles que, dentre vós, crerem e fizerem caridade, obterão uma grande recompensa." Alcorão Sagrado 57:7. "Ele foi Quem vos designou legatários na terra e vos elevou uns sobre outros, em hierarquia, para testar-vos com tudo quanto vos agraciou. Teu Senhor é Destro no castigo, conquanto seja Indulgente, Misericordiosíssimo." Alcorão Sagrado 6:165. Logo, os bens materiais que dispomos deverão ser adquiridos, gastos e distribuídos da maneira pela qual Ele nos orientou. Dessa forma, o pagamento do Zakat é, antes de mais nada, uma forma de agradecimento a Deus por nos ter agraciado com esses bens. "Suas são as chaves dos céus e da terra; prodigaliza e restringe a Sua graça a quem lhe apraz, porque é Onisciente." Alcorão Sagrado 42:12. O Islam também estabelece que o dinheiro de um muçulmano, seus bens e suas propriedades são patrimônio de toda a nação islâmica, pois estabeleceu a unidade da mesma através do seguinte versículo: "E sabei que esta vossa comunidade é única, e que Eu sou o vosso Senhor. Temei-me, pois!" Alcorão Sagrado 23:52. Embora respeite a posse plena, garanta a legítima propriedade e resguarde todos os direitos daí decorrentes. O Zakat na realidade não é mais do que distribuir parte dos bens da nação Islâmica (representada pelos mais abastados) à mesma nação (representada pelos menos abastados), pois o Islam estabelece que todo muçulmano possuidor de uma posse dentro do limite estipulado para tal deve cumprir certas obrigações econômicas em benefício do bem comum. O Zakat é um direito social do grupo junto ao indivíduo, não é um favor, mas um dever. Os bens de que dispomos não são apenas para serem gastos com o nosso próprio conforto e luxo. "E em cujos bens há uma parcela intrínseca, Para o mendigo e o desafortunado." Alcorão Sagrado 70:24-25.
 Obriga-se a se pagar o Zakat sobre 4 categorias de bens:
1- Ouro, prata e dinheiro.
2- O comércio.
3- O que sai da terra como grãos e frutos.
4- Sobre os rebanhos dos animais como carneiros, camelos e gado.
 O índice do Zakat varia de acordo com os bens citados acima, mas no geral corresponde a 2,5%7. E se paga o Zakat uma vez ao ano com exceção do Zakat sobre grãos e frutos que se paga a cada colheita. O Zakat, dentro do conceito da jurisprudência Islâmica, significa a obrigatoriedade de todo muçulmano que tenha atingido a puberdade, seja livre e goze de plenas faculdades mentais e cujas condições financeiras estejam dentro ou acima do teto (nissab) especificado, que é o equivalente à 85g de ouro ou 595g de prata, retirar o correspondente a 2,5% do montante não movimentado durante 1 ano, após saldadas todas as dívidas e satisfeitas todas as necessidades indispensáveis do seu proprietário e da sua família, a distribuir aos seus legítimos beneficiários que são descritos nesse versículo do Alcorão Sagrado: "As esmolas (do Zakat) são tão somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de Deus e para o viajante; isso é um preceito emanado de Deus, porque é Sapiente, Prudentíssimo." Alcorão Sagrado 9:60.
Que serão analisados abaixo:

1-Os muçulmanos pobres - São aqueles necessitados que não podem trabalhar ou não conseguem trabalho. 2-Os muçulmanos necessitados - O profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) caracterizou os necessitados dessa forma: "Não é aquele que pede dos outros, satisfazendo-o um ou dois bocados, uma ou duas tâmaras”. Logo, o necessitado é aquela pessoa que não possui o necessário e não é lembrado para receber donativos e não procura pedir dos seus semelhantes. Ou seja, pode ser um chefe de família empregado, mas que o seu salário não dá para que ele satisfaça às necessidades da sua família, e por vergonha não sai por ai pedindo ajuda as pessoas. 3-Os coletores do Zakat (funcionários empregados em sua administração) - São as pessoas encarregadas de fazer a cobrança, a arrecadação e a distribuição do Zakat aos seus legítimos beneficiários. Logo, o seus salários são pagos com o dinheiro do Zakat. Isto só ocorre num Estado Islâmico que efetua esta cobrança, coleta e distribuição. 4-Os simpatizantes do Islam - São não muçulmanos que nutrem simpatia declarada pelo Islam ou recém convertidos ao Islam, que, em decorrência desta conversão, sofreram quaisquer dificuldades, como perda de bens, emprego etc..., lhes é dado do Zakat a fim de protegê-los. 5-Libertar escravos - É destinado o dinheiro do Zakat, a fim de se libertarem-se escravos ou prisioneiros de guerra. 6-Os endividados - São os muçulmanos que não dispõe de recursos para saldar as suas dívidas assumidas devido às pressões das necessidades. 7-Na causa de Deus - Abrange tudo que venha trazer benefício para os muçulmanos no campo social, econômico e religioso. Tanto aos interesses coletivos como públicos. Como por exemplo: construir escolas, hospitais beneficentes, mesquitas, bibliotecas, fornecer bolsas de estudos, investir em atividades de divulgação do Islam e etc. 8-Os viajantes muçulmanos - São aqueles muçulmanos que se encontram longe do seu domicílio, em um país estrangeiro por exemplo, e necessitam de ajuda para retornarem aos seus lares por terem ficado desprovidos de recursos que lhe possibilitem o retorno. E dentro destas categorias, ao distribuirmos o Zakat nós devemos observar certas preferências. Por exemplo, caso tenhamos um muçulmano pobre e ao mesmo tempo enfermo ou inválido, é preferível dar-lhe do Zakat do que a um muçulmano pobre, mas apto a poder vir a ganhar alguma coisa. É proibido destinar o Zakat para os nossos dependentes legais ou seja aquelas pessoas que temos a obrigação de sustentá-las caso não possuam meios para tal, como nossos pais, nossos filhos e nossa esposa. Os detalhes quanto às percentagens, e ao método de distribuição e arrecadação, estão baseados na Sunna do profeta e na prática dos seus companheiros. É obrigação do Estado Islâmico cumprir o seu papel fiscalizador, arrecadando o Zakat dos muçulmanos que atingiram o teto pré - estabelecido para tal, e fazer a sua distribuição para os seus legítimos beneficiários. Dessa forma, ao ser distribuído o Zakat pelo Estado evita-se o constrangimento de quem o está recebendo, agora, na ausência de um Estado Islâmico que cumpra esse papel, essa obrigação recai sobre cada muçulmano, cabendo a ele a função de pagar e distribuí-lo diretamente aos legítimos beneficiários ou a instituições islâmicas ou mesquitas que se responsabilizem em fazer tais distribuições. Ao fazermos a distribuição do Zakat diretamente às pessoas mais necessitadas, devemos ter o cuidado de não as humilharmos ou as ofendermos e seguirmos a recomendação de Deus. "Uma palavra cordial e uma indulgência são preferíveis à caridade seguida de agravos, porque Deus é, por si, Tolerante, Opulentíssimo." Alcorão Sagrado 2:263. O crente não deve cumprir a obrigação de se pagar o Zakat para satisfazer o seu orgulho ou alcançar fama, e sim terá que faze-lo o mais secretamente possível, para não se tornar vítima da hipocrisia ou da paixão pela vaidade, que anula todas as boas ações. No entanto, se a revelação do nome da pessoa ou da quantia dada por ela, servir como uma forma de encorajar e estimular outras pessoas a pagarem o Zakat, este procedimento se torna louvável. O Zakat deve ser distribuído na mesma localidade onde for arrecadado a fim de melhorar a situação dos menos favorecidos que ali residem. Os diversos impostos que nós pagamos hoje em dia aos governos não substituem o pagamento do Zakat, pois este é um dever religioso. www.islaemlinha.com.br. Abraço. Davi

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

III. MAÇONARIA.

Maçonaria. Texto de Lourivaldo Perez Baçan. MAÇONARIA E SATANISMO. Capítulo Nove. Sempre houve uma polêmica oposição da Igreja contra a Maçonaria. Na raiz de todos os entreveros que ocorreram ao longo do tempo, está o segredo maçônico e a natureza do juramento feito pelo neófito, ao ser aceito. Para a Igreja, esse juramento é perjuro e profano, mas o grande problema era a firme atuação da Ordem contra os desmandos da própria Igreja. Nesse jogo de forças, um personagem no mínimo singular surgiu, incendiando essas relações com uma farsa inimaginável. Esse homem chamava-se Leo Taxil (1854-1907). Taxil foi, sem sombra de dúvida, um dos mais refinados vigaristas de todos os tempos, conseguindo enganar por um bom tempo a Igreja Católica e confundindo a opinião pública, ligando a Maçonaria, instituição respeitável, com o culto do Satanismo, estigma de que ela jamais conseguiu libertar-se ao longo do tempo. Essa mistificação foi e ainda é utilizada por todos os detratores da Maçonaria que ignoram que suas acusações baseiam-se numa das mais perfeitas enganações de todos os tempos. Após uma série de farsas montadas para enganar a Igreja Católica, Leo Taxil arrematou seu feito com uma das mais notáveis confissões públicas. A CONFERÊNCIA DE LEO TAXIL Em 19 de abril de 1897, segunda-feira de Páscoa, tinha lugar o desenlace de uma curiosa e extravagante história. Para esse dia, Taxil havia convocado uma grande assembleia na sala da Sociedade Geográfica de Paris, ao lado do Square de la Charité, onde, depois do sorteio de uma máquina de escrever, tinha lugar uma Conferência com projeções sobre o culto paladista. Mas Taxil aproveitou a afluência para comunicar ao numeroso e atento público que havia conseguido a mais grandiosa mistificação dos novos tempos, pois Miss Vaughan jamais havia existido e tinha estado enganando a Igreja Católica fazia 12 anos, de um modo formidável. Toda a imprensa da época divulgou a Conferência, tanto mais que uma grande parte do numeroso público que acudiu para ouvir Taxil se compunha especialmente de representantes da imprensa de diversos países e ideologias. Também havia muitos sacerdotes, um grande número de senhoras e de livres-pensadores e Franco-Maçons. A Nunciatura enviou dois delegados; o Arcebispado também estava representado. O acesso à sala era gratuito, mas só se admitia a entrada com os convites pessoais que haviam sido enviados com um mês de antecedência. O ato abriu-se com o sorteio de uma soberba máquina de escrever, oferecida por Miss Diana Vaughan. O feliz ganhador foi Ali Kemal, redator do diário Ikdam, de Constantinopla. Na continuação, tomou a palavra Taxil. Creio que seu discurso não é apenas interessante, como também necessário - apesar de sua extensão - para conhecer o como e o porquê do Satanismo na Maçonaria, embora tenha sido traduzido e publicado em Madri, em forma de folheto de 33 páginas, na Rua Fuencarral, 119, com o título: "A Célebre Conferência dada no Salão da Sociedade Geográfica de Paris"; por não dispor da citada publicação, utilizou-se, previamente traduzido, o texto original que o semanário parisiense Le Frondeur ofereceu a seus leitores alguns dias depois, em 25 de abril de 1897. Eis a conferência de Leo Taxil: Meus reverendos padres, senhoras, senhores: Antes de mais nada, quero dirigir meu agradecimento àqueles meus confrades da imprensa católica, que - empreendendo de repente, faz seis ou sete meses, uma campanha de ressonantes ataques - produziram um resultado maravilhoso, que constatamos esta tarde e que se constatará, todavia, melhor amanhã: o resplendor completamente excepcional da manifestação da verdade em uma questão cuja solução poderia, quiçá, sem eles, passar absolutamente despercebida. A estes queridos colegas, pois, minha primeira felicitação! Em seguida, compreenderão quão sincero e justificado é este agradecimento. Neste bate-papo tentarei esquecer o que de injusto e ardente contra minha pessoa foi publicado no curso da polêmica a que acabo de me referir; ou, ao menos, se me vejo forçado a ilustrar certos fatos com uma luz que, para muitos, é insuspeitável, direi a verdade descartando de meu pensamento inclusive a sombra do mais breve ressentimento. Talvez após estas explicações, cuja hora finalmente soou, esses colegas católicos não cessarão seus ataques ante minha pacífica filosofia; mas se meu bom humor, em lugar de acalmá-los, os irrita, asseguro-lhes que nada me fará abandonar esta placidez de alma que adquiri faz 12 anos e na qual sou infinitamente feliz. Além do mais, se é verdade que este auditório de elite está composto dos elementos mais díspares -posto que se convocou indistintamente a todas as opiniões-, estou convencido de que não carece do sentimento da mais doce tolerância em matéria de exame. Resumindo: estamos aqui entre gente de bem. Todos sabemos julgar o que é sério e o examinamos com a gravidade necessária, sem cólera; mas não nos aborreçamos quando o fato que nos é submetido é, antes de tudo, divertido. Mais vale rir que chorar, diz o provérbio. Agora me dirijo aos católicos e lhes digo: quando soubestes que o doutor Bataille, que se dizia entregue à causa católica, havia passado onze anos de sua vida explorando os antros mais tenebrosos das sociedades secretas, lojas e trans lojas, inclusive Triângulos luciferianos, o aprovastes sem rodeios; julgastes sua conduta admirável. Recebeu uma verdadeira chuva de felicitações. Teve artigos elogiosos, inclusive dos jornais daqueles que, hoje em dia, não têm suficiente raios para pulverizar Miss Diana Vaughan, tratando-a de mito, aventureira e fabricante de cartas. Hoje poderíamos recordar aquelas aclamações que acolheram ao doutor Bataille; mas já não acontecem mais; mas, sem dúvida, foram espalhafatosas. Ilustres teólogos, eloquentes pregadores, eminentes prelados, cumprimentaram-no com insistência. E não digo que não tiveram razão. Constato pura e simplesmente. E esta constatação tem também como finalidade que me permitais dizer tudo. Não vos aborreceis, meus reverendos Padres, riais melhor, com vontade, ao saber hoje que o que aconteceu é exatamente o contrário do que acreditastes ter acontecido. Não houve, de modo algum, nenhum católico que se dedicou a explorar a Alta Maçonaria do paludismo. Pelo contrário, houve um livre-pensador que para seu proveito pessoal, de modo algum por hostilidade, veio passear por vosso campo, durante onze anos, talvez doze; e (...) vosso servidor. Não há o menor complô maçônico nesta história e o provarei imediatamente. É preciso deixar Homero cantar os êxitos de Ulisses, a aventura do legendário cavalo de madeira; esse terrível cavalo não tem nada que ver no caso presente. A história de hoje é muito menos complicada. Um certo dia, vosso servidor se deu conta que, tendo partido demasiado jovem para a irreligião e quiçá as com demasiado ímpeto, podia muito bem não ter o sentimento exato da situação; então, trabalhando por conta própria, querendo retificar sua maneira de ver, se era possível, não confiando sua resolução, em princípio, a nada, pensou ter encontrado o meio de melhor conhecer, de melhor dar-se conta, para sua própria satisfação. Acrescenteis a isso, se quereis, um toque de farsante no caráter; não se é impunemente filho de Marselha! Sim, acrescenteis este delicioso prazer, que a maioria ignora, mas que é bem real; esta alegria íntima que se experimenta diante do adversário, sem malícia, só por divertimento, para rir um pouco. Bem, devo dizê-lo agora mesmo. Esta mistificação de doze anos me proporcionou, desde o início, um precioso ensinamento: que havia agido verdadeiramente sem medida; que devia ter permanecido sempre no terreno das ideias; que na maioria dos casos não pretendia atacar as pessoas. Esta declaração, tenho o dever de fazê-la e, devo dizer também, que não me custa fazê-la. Nestes 12 anos passados sob a bandeira da Igreja, ainda que enrolado como palhaço, adquiri a convicção de que se imputa injustamente as doutrinas a malignidade que é própria de certas pessoas. Tudo é bom. O que é mau, permanece mau; da mesma forma que o que é bom trabalha com bondade tanto se permanece crente como se perde a fé. Há gente má por toda parte e homens bons por toda parte. Fiz, pessoalmente, um estudo que trouxe seus frutos. É este estudo que me deu esta serenidade de alma, esta filosofia íntima de que falava no início. Em primeiro lugar, tinha vindo por curiosidade, um pouco pela aventura, mas propondo-me, bem entendido, a retirar-me uma vez realizada a experiência. Depois, o doce prazer da brincadeira me contagiou totalmente, dominando-me; conforme me introduzia no campo católico, desenvolvia cada vez mais meu plano de mistificação, às vezes divertido e instrutivo, dando-lhe proporções sempre mais vastas, conforme avançavam os conhecimentos. Assim cheguei a conseguir dois colaboradores; dois, nada mais. Um, um antigo camarada de infância, que eu mesmo mistifiquei no início, dando-lhe o pseudônimo de Dr. Bataille; a outra, Miss Diana Vaughan, protestante francesa, muito mais livre pensadora, mecanógrafa de profissão, representante de uma fábrica de máquinas de escrever dos Estados Unidos. Um e outra eram necessários para assegurar o êxito do último episódio desta alegre brincadeira, que os jornais americanos chamam "a maior mistificação dos tempos modernos" Este último episódio, que devia naturalmente encerrar-se em abril, mês da alegria, mês das farsas - e não nos esqueçamos que a mistificação começou igualmente em abril, em 23 de abril de 1885, este último episódio é o único que deve ser explicado hoje e, ademais, apenas esboçado, pois, se tivesse que contar tudo, mostrando o reverso da questão desde o começo da aventura, necessitaríamos vários dias. Este mês de abril se converteu em uma grande tragédia. Não obstante, há que se ilustrar o ponto de partida com alguns traços de doce luz. Entre os adágios da arte culinária cita-se com frequência este: "Chega-se a cozinheiro, mas se nasce assador". A perfeição na ciência de assar não se aprende. Creio que ocorre o mesmo com a farsa; nasce-se farsante. Eis algumas confidências de minha iniciação nesta nobre carreira: em primeiro lugar, no meu povoado natal. Ninguém se esqueceu, em Marselha, da famosa história da devastação da enseada por um cardume de tubarões. De várias localidades da costa chegavam cartas de pescadores narrando como haviam escapado dos mais terríveis perigos. O pânico se estendeu aos banhistas e os estabelecimentos de banhos de mar, desde os Catalães até a praia do Prado, ficaram desertos durante semanas. A Comissão municipal se assustou; o alcaide emitiu a opinião, muito ajuizada, que esses tubarões, pragas da enseada, haviam provavelmente vindo da Córsega, seguindo algum navio que, sem dúvida, havia jogado na água alguma carga estragada de carnes defumadas. A Comissão municipal votou um requerimento ao general Espivent de la Villeboisnet – estava-se, então, sob o regime de estado de sítio – pedindo-lhe que pusesse à sua disposição uma companhia armada de fuzis, para uma expedição em um rebocador. O bravo general, não desejando outra coisa senão ser agradável aos administradores que ele mesmo havia escolhido para a querida e boa cidade onde vim à luz, o general Espivent, hoje senador, concedeu, pois, cem homens, bem armados, com uma ampla provisão de cartuchos. O navio libertador abandonou o porto, saudado com os aplausos do alcaide e seus adjuntos; a enseada foi explorada em todas as direções, mas o rebocador voltou com o rabo entre as pernas; nem um só tubarão! Uma pesquisa posterior demonstrou que as cartas de queixa, vindas de diversos pescadores da costa, eram todas fruto da fantasia. Nas localidades onde estas cartas haviam sido depositadas nos correios, não existiam esses pescadores; ao reunir as cartas, observou-se que pareciam ter sido escritas todas pela mesma mão. 0 autor da mistificação não foi descoberto. Vós o tendes diante de vocês. Era 1873; tinha eu, então, dezenove anos. Espero que o general Espivent me perdoe de ter, por um barco, comprometido momentaneamente seu prestígio aos olhos da população. Havia extinguido o Marotte, jornal de Loucos. O assunto dos tubarões foi, portanto, uma muito inofensiva vingança. Alguns anos mais tarde, estava eu em Genebra, fugindo de alguns crimes de imprensa. A Fronde, depois o Frondeur, tinha substituído ao Marotte. Um certo dia, o mundo erudito foi surpreendido ao tomar conhecimento de uma maravilhosa descoberta. Talvez alguém, neste auditório, se recordará do fato: tratava-se de uma cidade sublacustre que se localizava - dizia-se - muito vagamente, no fundo do lago Leman, entre Nyon e Coppet. Foram enviadas informações a todos os rincões da Europa, tendo os jornais divulgado com exatidão as supostas escavações. Havia-se dado uma explicação muito científica apoiada nos Comentários, de Júlio César. A cidade devia ter sido construída na época da conquista romana, num tempo em que o lago era tão estreito que o Ródano o atravessava sem misturar, com ele, as suas águas. Rapidamente a descoberta provocou, por toda parte, muito barulho; por toda parte, exceto na Suíça, certamente. Os habitantes de Nyon e de Coppet estranhavam muito a chegada de algum turista que, de vez em quando, pedia para ver a cidade sublacustre. Os remadores do lugar acabaram por decidir levar ao lago os turistas mais insistentes. Espalhou-se azeite sobre a água para ver melhor; com efeito, teve quem distinguisse algo..., restos de ruas muito bem alinhadas, encruzilhadas, que sei eu? Um arqueólogo polonês, que havia feito a viagem, voltou satisfeito e publicou um informe em que afirmava haver distinguido muito bem restos de uma praça pública, com alguma coisa informe que bem podia ser restos de uma estátua equestre. Um Instituto enviou dois de seus membros; estes, porém, quando chegaram, dirigiram-se às autoridades e, ao inteirar-se que a cidade sublacustre era apenas uma brincadeira, voltaram como tinham vindo e não viram nada; lástima! A cidade sublacustre não sobreviveu a esta visita científica. O padre da cidade sublacustre de Leman, que está aqui presente, teve um precioso auxiliar na propagação da lenda, na pessoa de um de seus companheiros de exílio - é necessário dizer que também era um marselhês? Meu confrade e amigo Henri Chabrier, aclimatado hoje, como eu, às margens do Sena. Estas duas anedotas, entre cem que eu poderia citar, foram trazidas a fim de estabelecer que o gosto de vosso servidor pela grande e alegre farsa remonta há mais de doze anos. Chego, pois, à mais grandiosa farsa de minha existência, a que termina hoje e que será, evidentemente, a última, pois, após esta, me pergunto que confrade, inclusive a imprensa da Islândia ou Patagônia, acolheria, com minha recomendação ou com a de um de meus amigos, a informação de não importa que acontecimento extraordinário... Compreender-se-á, sem dificuldades, que não era muito fácil, com a formidável bagagem de meus escritos irreligiosos, ser recebido no seio da Igreja sem uma desconfiança sem dúvida mais destacada. Não obstante, eu precisava chegar ali e ser recebido para poder, quando as desconfianças fossem completamente dissipadas, ainda que superficialmente, organizar e dirigir a fenomenal mistificação da demonologia contemporânea. Para alcançar o resultado a que me havia proposto, era necessário, indispensável, não confiar meu segredo a ninguém, absolutamente ninguém, nem sequer a meus mais íntimos amigos, nem sequer a minha mulher, pelo menos nos primeiros momentos. Era preferível passar por louco aos olhos dos que me conheciam. A menor indiscrição podia fazer fracassar tudo. Eu jogava uma grande cartada, pois queria ganhar uma grande partida. A hostilidade de alguns, a contrariedade insípida e excitada de outros foram, pelo contrário, meus melhores triunfos, posto que - o que era infalível -fui submetido a rigorosa observação durante os primeiros anos. Sem dúvida alguns pequenos detalhes serão reveladores para meus antigos amigos, se me recordo bem. Assim, após a publicação de minha carta, onde me retratava de todas minhas obras irreligiosas, os grupos parisienses da Liga Anticlerical se reuniram em assembleia geral, para votar minha expulsão. Surpreenderam-se ao ver-me chegar; os membros da Liga ficaram espantados e, na verdade, minha presença era incompreensível, posto que não vinha desafiar aqueles de quem me havia separado e não disse uma só palavra para tentar atraí-los para mim, como teria feito um convertido em seu ardor de neófito. Não! Fui a essa sessão com o pretexto de dizer adeus -fazia já três meses que eu havia apresentado minha demissão-, mas, na realidade, para buscar e encontrar a ocasião de falar quando chegasse o momento. Em sua grande maioria, os membros da Liga Anticlerical eram meus amigos. Havia quem chorava; eu mesmo estava emocionado (...). Asseguro-vos que não me separei deles sem dor. Enfim, aceiteis como queirais. Apesar de emocionado, guardei meu sangue frio em meio a uma verdadeira tempestade; eu vos remeto aos jornais da época. Para encerrar a sessão, o presidente submeteu à ordem do dia a seguinte proposição, que foi votada por unanimidade: Considerando que o chamado Gabriel Jugand Pagés, conhecido como Leo Taxil, um dos fundadores da Liga Anticlerical, renegou todos os princípios que havia defendido, traiu o livre pensamento e a todos seus anti religionários. Os membros presentes na reunião de 27de julho de 1885, sem deter-se nos motivos que ditaram ao supracitado Leo Taxil sua infame conduta, expulsam-no da Liga Anticlerical como traidor e renegado. Então protestei contra uma palavra, uma só palavra, dessa ordem do dia. Sem dúvida há na sala antigos amigos que tomaram parte nessa reunião de julho de 1885. Recordo-lhes os termos de meu protesto. Disse isto com a voz mais tranquila: -Amigos meus, aceito esta ordem do dia, salvo por uma palavra (...). O presidente me interrompeu para gritar. Na verdade, és demasiado audaz! - continuei, sem perturbar-me: Tendes o direito de dizer que sou um renegado, posto que acabo de publicar, faz quatro dias, uma carta onde me retrato e renego expressamente todos meus escritos contra a religião. Mas peço-vos que apaguem a palavra traidor que de modo algum se ajusta ao meu caso; não há sombra de traição no que faço hoje. O que vos digo agora não podeis compreender, mas o compreendereis mais tarde. Eu fiz questão de frisar bem esta última frase, pois não podia deixar que suspeitassem de meu segredo. Mas o disse bem claramente para que pudesse ficar nas memórias, ainda que se prestasse a diversas interpretações. E quando tive a oportunidade de publicar um informe desta sessão, tive muito cuidado em omitir esta declaração; efetivamente, ela poderia despertar suspeitas. Segundo fato. Entre o dia de abril em que fiz a um sacerdote a confidência de minha conversão e o dia da sessão de minha expulsão do livre pensamento, teve lugar em Roma um congresso anticlerical, de que fui um dos organizadores. Nada me teria sido mais fácil que desorganizá-lo e fazê-lo fracassar completamente. Esse congresso teve lugar nos primeiros dias de junho. Todos os livres-pensadores sabem que até o fim me entreguei com todas as minhas forças ao êxito do mesmo; apenas a morte de Victor Hugo, que sobreveio naquele momento, desviou a atenção pública desse congresso. Mais tarde, quando se soube que havia conversado com sacerdotes desde o mês de abril, se disse e se imprimiu que, com a desculpa desse congresso, havia ido a Roma negociar minha traição, que tinha recebido uma grande soma; falou-se que "um milhão" Deixei que dissessem, pois tudo isso pouco me importava e eu ria sozinho. Mas hoje tenho o direito de dizer que tudo aconteceu de outra forma. Entre os convites distribuídos para esta conferência se encontra o de um antigo amigo que efetuou comigo essa viagem, que me acompanhou por todas as partes e que não me deixou um instante. Ele está aqui, e não me desmentirá. Deixou-me um segundo? Acaso me ausentei de sua companhia para fazer qualquer gestão suspeita? Não! E isto não é tudo. Ao longo dessa mesma viagem, ao voltar para a França, detivemo-nos em Gênova. Tinha que fazer uma visita a alguém, com quem estava unido por amizade: o General Canzio Garibaldi, o genro de Garibaldi. Nessa visita fui acompanhado pelo amigo em questão e por outro que ainda vive: o Doutor Baudon, que recentemente foi eleito deputado de Beauvais. Os dois podem certificar isso: que, no transcurso dessa visita, afastei-me um momento com Canzio. E Canzio, por seu turno, poderá certificar que lhe disse: - Meu querido Canzio, tenho que declarar-vos, em segredo, que em breve farei um rompimento completo e público. Não o estranheis nem um pouco. E mantenhais-me fielmente vossa confiança. Tampouco insisti mais e, inclusive, mais tarde, temi ter falado demais. Canzio, durante dois ou três anos, enviou-me seu cartão de ano novo, apesar de nosso rompimento. Depois julgou, sem dúvida que a coisa durava muito; desistiu e não me deu mais sinal de vida. Enfim, um de meus colaboradores, que gostava muito de mim continuou, apesar de tudo, convivendo comigo. Está morto: era A~ed Paulon, que foi conselheiro e homem bom. Sei que o resultado de sua observação perspicaz e constante foi que havia participado da mistificação por minha causa. Paulon, meu antigo colaborador que continuou convivendo comigo, tinha uma maneira de defender-me que, frequentemente, molestava-me. Eis aqui em que termos falava de mim a meus amigos: "Leo é incompreensível. Em primeiro lugar, acreditei que havia enlouquecido, mas quando retomei contato com ele, constatei que, pelo contrário, estava em perfeito juízo. Não compreendo nada; há algo que me diz que ele está, no entanto, de coração e de espírito, conosco (os livres pensadores); eu o sinto. Não lhe falo jamais de questões religiosas, porque vejo bem que não quer se revelar, mas poria a mão no fogo: ele não trabalha a favor dos clericais; um dia ou outro haverá uma grande surpresa. " Alfred Paulon não pode dar o testemunho de suas observações, mas ele as comunicou a numerosos amigos. E, se estão nesta sala, eu lhes pergunto: é verdade que, ao falar de mim, Paulon se expressava assim? (Diversas vozes: É verdade! É verdade!) Agora chegamos à mistificação em si, a essa mistificação ao mesmo tempo divertida e instrutiva. Em primeiro lugar, não tem relação com o bom homem, o vigário, um sacerdote com alma sensível, que teve a primeira confidência do golpe de graça que eu havia recebido, como Saulo a caminho de Damasco. `Isso não me diz nada que valha a pena", pensava-se entre agente da Igreja. Foi então decidido, no dia anterior à minha carta de retratação, que deveria fazer um bom e breve retiro em uma casa dos reverendos padres jesuítas e se escolheu um dos mais espertos na arte de interrogar e perscrutar as almas. A escolha não se fez ao léu. Fizeram-me esperar uma longa semana pelo grande perscrutador que me estava destinado. Um velho capelão militar, que se tornou jesuíta, um maligno entre os malignos! Seu conceito teria um grande peso. Ah, foi uma dura partida a que nós dois jogamos! Tenho, no entanto, dor de cabeça quando penso nele. O querido diretor me fez praticar, entre outras coisas, os Exercícios Espirituais de Santo Início. Pouco me importava com esses exercícios, mas, pelo menos, precisava percorrer as páginas afim de dar a impressão de ter-me submergido nestas extraordinárias meditações. Não era o momento de me deixar apanhar em falta. Era minha confissão geral a que ia me fazer ganhara batalha. Essa confissão geral não durou menos de três dias. Para esse fim havia guardado um golpe fulminante. Disse tudo, isto e aquilo, e mais ainda, mas meu partner compreendia que havia um grande pecado, muito gordo, muito gordo, que era difícil de ser confessado: um pecado mais penoso de dizer que a confissão de mil impiedades. Finalmente, foi preciso decidir-se afazer sair aquele monstruoso pecado. A vós, senhoras e senhores, não vos quero fazer esperar tanto: meu grande pecado era um crime, mas um crime de primeira ordem, um assassinato dos mais bem elaborados. Não tinha degolado a toda uma família, não! Mas, sem ser um Tropmann, nem um Dumolard, a guilhotina me esperava sem remédio se tivesse sido descoberto. Havia tido o cuidado de procurar alguns desaparecimentos noticiados nos jornais três anos antes e, sobre um, deles construí uma pequena novela; mas meu reverendo padre não quis deixar-me expor todos os seus detalhes. Havia-me julgado capaz dos mais horríveis sacrilégios e, além do mais, eu lhe havia causado agradáveis surpresas; quanto a ter um assassino ajoelhado diante dele, não o esperava deforma alguma. Quando as primeiras palavras da confissão saíram de meus lábios, o reverendo padre teve um sobressalto muito significativo. Ah, agora compreendia minha indecisão, minhas dificuldades, minha forma de privilegiar certos pecados menos embaraçosos!. Era que eu tinha vergonha de confessar meu crime! Não somente tinha vergonha, mas estava alterado, espantado. Havia uma viúva neste assunto; o reverendo padre me fez prometer que entregaria à viúva de minha vítima uma renda indireta, muito engenhoso, a meu critério. Não quis conhecer nenhum nome, mas o que lhe interessava era saber se havia sido assassinado com ou sem premeditação. Após longas dúvidas, oprimido pelo peso da vergonha, confessava a premeditação, uma verdadeira insídia. Tenho o dever de render homenagem a esse reverendo padre jesuíta. jamais fui incomodado pelos magistrados. Minha fraude mepermitiu, pois, pôr a prova o segredo da confissão. Se conto um dia com detalhes a história desses doze anos, o farei, como hoje, com a mais estrita imparcialidade, e com calma, senhor Abade Granier! O que no momento retardo é o fato de minha primeira vitória, como entrei em batalha. Se alguém tivesse ousado dizer ao reverendo padre que eu não era o mais sério dos convertidos, seria admoestado. Não entrava em meu plano precipitar minha visita ao Soberano Pontífice. Certamente, minha confissão de assassino tivera um magnífico êxito; mas o diretor de meu retiro em Clamartguardava o segredo para ele. Evidentemente não pode ao menos dizer ao seu superior hierárquico que lhe havia confiado o mandato de investigar as profundezas de minha alma: Leo Taxil? (...). Eu respondo por ele! As desconfianças do Vaticano ficavam descartadas; como fazer-me agradável? Pois para levar a mistificação ao máximo que eu sonhava e que tinha a indizível alegria de alcançar, necessitava realizar alguns dos pontos do programa da Igreja mais queridos pela Santa Sé. Esta parte de meu plano havia sido estudada desde o princípio, desde minha primeira resolução de captar exatamente o conteúdo do catolicismo. O Soberano Pontífice havia se caracterizado, um ano antes, pela Encíclica Humanum Genus e está encíclica respondia a uma ideia muito fixa nos católicos militantes. Gambetta havia dito: "O Clericalismo, aí está o inimigo!" A Igreja, de sua parte, dizia: "O inimigo é a Franco Maçonaria!" Mexer com os Maçons era, pois, o melhor meio de preparar o caminho para a colossal farsa, da qual saboreava de antemão toda sua agradável sorte. No princípio os Maçons se indignaram; não previam que a conclusão, pacientemente preparada, seria uma universal gargalhada. Acreditavam-me verdadeiramente disposto. Dizia-se, repetia-se, que era um dos meios de vingar-me da expulsão que datava de 1881, cuja história, que de modo algum me desonra, é bem conhecida: pequena querela levantada por dois homens, hoje em dia desaparecidos e desaparecidos em condições lamentáveis. Não, não me vingava; divertia-me e se se examina hoje o que sobrou dessa campanha, reconhecer-se-á, inclusive entre os Maçons que me foram mais hostis, que não prejudiquei ninguém. Diria, inclusive, que fiz um serviço à Maçonaria francesa. Quero dizer que minha publicação dos rituais não foi alheia, certamente, às reformas que suprimiram práticas anacrônicas e ridículas aos olhos dos maçons amigos do progresso. Mas deixemos isso e resumamos os fatos. Minha finalidade era criar todas as peças da diabrura contemporânea - o que é muito mais forte que a vila sublacustre de Leman; era preciso proceder ordenadamente; era preciso estabelecer os limites; era preciso pôr e incubar o ovo de onde nasceria o Paladismo. Uma fraude desta categoria não se fabrica em um dia. Havia constatado, desde os primeiros tempos de minha conversão, que um certo número de católicos estava convencido de que o nome de "Grande Arquiteto do Universo", adotado pela Maçonaria para designar o Ser Supremo sem pronunciar-se no sentido particular de nenhuma religião; estavam convencidos – digo de que este nome servia na realidade para ocultar habilmente ao senhor Lúcifer ou Satã, o diabo! Aqui e ali citam-se algumas anedotas, segundo as quais o diabo faz, de repente, sua aparição em lojas maçônicas e preside a sessão. Isto é admitido pelos católicos. Embora não se acredite, há gente honrada que imagina que as leis da natureza são às vezes contrariadas por espíritos bons ou maus e, inclusive, por simples mortais. Eu mesmo ouvi com estupor que se me pedissem, faria um milagre. Um bom cônego de Friburgo, caindo em minha presença como uma bomba, me disse textualmente: Ah, Senhor Taxil, sois um santo! Para que Deus o tenha afastado de um abismo tão profundo, é preciso que tenhais uma montanha de graças sobre a cabeça! Quando soube de vossa conversão, tomei o trem e eis-me aqui. É preciso que ao meu regresso possa dizer não somente que vos vi, mas que haveis realizado um milagre diante de mim. Não esperava semelhante pedido. O Livro Secreto da Maçonaria. Abraço. Davi.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

RAMADAN - MÉRITO E BENEFÍCIO

Islamismo. OS CINCO PILARES DO ISLÃ. PRIMEIRO. RAMADAN – MÉRITO E BENEFÍCIO. Louvado seja Allah que ordenou os Seus servos a jejuarem. Invoco a paz e a graça de Allah para quem melhor praticou a oração e jejuou, nosso Profeta, Mohammad, para os seus familiares e para seus nobres companheiros. Estamos recebendo um hóspede caro, generoso; um hóspede diferente dos outros hóspedes, pois inclui em suas dobras a misericórdia e a indulgência, a libertação do Fogo do Inferno; um hóspede quando visita é bem-vindo pelos visitados, quando parte, os corações lamentam a sua partida antes do lamento dos olhos. É o mês abençoado de Ramadan. Ó Allah, faça-nos alcançar Ramadan e que se repita por muitos anos e por muito tempo. Bem-vindo seja o mês da satisfação, o mês do Alcorão, o mês de Ramadan. Allah, Ta’ála ordenou os Seus servos crentes jejuarem durante o mês sagrado de Ramadan. Disse, glorificado seja: Ó crentes, está-vos preceituado o jejum como foi prescrito aos vossos antepassados, para que temais (a Allah).” (2:183). O Rassulullah (S) disse: “Quem jejuar durante o mês de Ramadan, obedecendo as suas limitações e se guardando contra o que é proibido todos os seus pecados anteriores serão perdoados.” (Tradição narrada por Bukhári e Musslim). O Jejum possui inumeráveis méritos e benefícios espirituais, físicas e sociais. Vamos citar algo disso em seguida: Alguns Méritos do Ramadan 1. Dentre os méritos do jejum é que Allah acrescentou a recompensa pelo jejum pela sua excelência. O Altíssimo disse no hadice Cudsi: “Todo ato do filho de Adão é dele, menos o jejum, ele pertence a Mim e eu recompenso por ele.” (hadice de consenso). Isso prova que a recompensa pelo jejum é enorme, sem prestação de contas, porque o jejum denota a sinceridade para com Allah, Ta’ála. O jejuador poderia quebrar o jejum ocultamente. Porém, o seu temor e a sinceridade para com Allah o veda fazê-lo. Por isso, merece a excelente recompensa. Allah, Ta’ála, disse no fidedigno hadice cudsi: “A pessoa abandona os desejos, o alimento e a bebida por Minha causa.” Esse é o motivo pelo qual Allah designou o jejum para Ele. 2. Dentre os méritos do jejum é que ele é um escudo. O jejum protege o jejuador, com a anuência de Allah, o Altíssimo, dos pecados e do cometimento do ilícito. O Profeta (S) disse: “O jejum constitui em escudo. Se a pessoa estiver jejuando, não deve censurar nem disputar com ninguém. Se alguém provocá-lo, que diga: estou em jejum.” (Narrado por Ahmad, Musslim e Nassá-i). 3. Dentre os méritos de Ramadan é ser uma das causas do atendimento da súplica. O Rassulullah (S) disse: “O jejuador, quando quebra o seu jejum, faz uma prece irrecusável. (narrada por Ibn Mája e Hákim). Allah, glorificado seja, disse: Quando Meus servos te perguntarem por Mim, dize-lhes que estou próximo e ouvirei o rogo do suplicante quando a Mim se dirigir.” (2:186). 4. Entre os méritos do jejum é que é motivo de penitência dos pecados. No Sahih de Musslim lemos que Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: “As cinco orações diárias, a oração da sexta-feira, até à seguinte, e o jejum do mês de Ramadan, até ao mês seguinte de Ramadan, são penitências das faltas cometidas durante o transcurso desse tempo, conquanto se evitem os pecados maiores.” (Musslim) Quando o Rassulullah (S) foi perguntado a respeito do jejum durante o dia de ‘Arafa, disse: “Expia o ano anterior e o resto do ano corrente.” Quando foi perguntado a respeito do jejum durante o dia de ‘Achurá (dia dez do mês de Muharram), disse: “Expia as faltas do ano anterior.” (Musslim). 5. Entre os méritos do jejum é que intercederá pelo jejuador no Dia da Ressurreição. O Imam Ahmad compilou o seguinte hadice em seu musnad atestado por Ahmad Chaker, e narrado por Abdullah Ibn Omar (R) de que o Profeta (S) disse: “O jejuum e o Alcorão intercederão. O jejum dirá: “Ó Senhor, vedaste-o de dormir. Por isso, permite que eu interceda por ele.” Disse: “ Irá permitir a intercessão.” 6. Dentre os méritos do jejum de que o jejuador tem duas satisfações. Ele fica satisfeito quando quebra o jejum pela satisfação de Allah, e fica satisfeito pela generosidade e misericórdia de Allah quando O encontra, estando satisfeito com ele. Ele encontra excelente recompensa junto a Allah, exaltado seja. O Profeta (S) disse: “O jejuador tem duas alegrias, ao quebrar o jejum e ao encontrar-se com Allah, jejuando.” 7. Entre os méritos do jejum é que designou uma porta dentre as portas do Paraíso que só a adentrarão os jejuadores. Os dois compêndios fidedignos citam que Sahl Ibn saad (R) que o Profeta (S) disse: “No Paraíso há uma porta chamada de Rayan. No Dia da Ressurreição será anunciado: ‘Onde estão os jejuadores?’ Quando o último entrar, ela será fechada e ninguém mais entrará por ela.”8. Entre as virtudes do jejum é o fato de que o cheiro da boca do jejuador para Allah no Dia da Ressurreição é mais agradável do que o cheiro do almíscar, porque é o resultado da obediência a Allah. A coisa desagradável para as pessoas é agradável para Allah, o Altíssimo, e vice-versa. O Profeta (S) disse: “Por Aquele em Cujas Mãos está a alma de Mohammad, o cheiro da boca do jejuador, no Dia da Ressurreição para Allah é mais agradável do que o cheiro do almíscar.” (Musslim). 9. Entre os méritos do jejum é que protege o jejuador do Fogo do Inferno no Dia da Ressurreição. Isso acontece se ele comparecer e tiver feito o jejum completo juntamente com os outros rituais, se praticar o que Allah e o Profeta ordenaram fazer, evitar o que Allah e o Profeta proibiram. O Rassulullah (S) disse: “Quando a pessoa jejua por um dia, em prol de Deus, Ele transporta o Inferno para uma distância de setenta anos de viagem (da pessoa).” (narrado por todos os tradicionalistas menos por Abu Karim Daoud). 10. Entre os méritos do jejum é o fato de os jejuadores serem recompensados sem prestarem contas. Os bons atos serão recompensados em dobro, e Allah recompensa a quem deseja, pois Ele é Munificente, Onisciente. Quem tiver paciência quanto as dificuldades do jejum será recompensado completamente. Allah, Ta’ála, disse: “Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente as suas recompensas!” (39:10). Esses méritos serão dos que jejuam sinceramente a Allah, abstendo-se da comida, da bebida, da relação sexual e dos desejos. Que se abstém de ouvir o ilícito, de olhar para o ilícito, de lucrar o ilícito. Esses méritos serão de quem cuja mão se absteve do ilícito, seus pés se abstiveram do ilícito, seus ouvidos e seus olhos se absterem de ouvir e ver o ilícito. Esses méritos serão de quem cujos órgãos se abstiverem dos pecados, sua língua de mentir e caluniar e pronunciar palavras obscenas, de prestar falso testemunho. Esse é o jejum preceituado que merece ser recompensado de forma extraordinária. O Rassulullah (S) disse: “Quem não abandonar o falso testemunho e o agir de acordo com ele, Allah não necessita que abandone a comida e a bebida.” E disse: “Ai do jejuador cujo jejum não passa de abstinência da comida e da bebida. Ai do praticante da oração voluntária da noite cujo ato não passa de vigília” (Narrado por Ahmad e Ibn Mája) Alguns benefícios do Jejum. 1. Ensina o autodomínio e amaina os desejos, pois se todos os desejos da pessoa forem satisfeitos ela irá cometer excessos para satisfazê-los. Quando a pessoa sente fome, ela se acalma, se aquieta, submete-se e se abstém dos desejos. Abdullah Ibn Mass’ud (R) relatou que o Rassulullah (S) disse: “Ó jovens, quem de vocês tiver meios, que case. Quem não tiver, que jejue, que lhe será proteção (contra a prática do ilícito). ”(hadice de consenso). Isso, porque o jejum estimula no indivíduo os méritos e a sinceridade, a confiança e a paciência quanto às dificuldades e as calamidades. Se o jejuador for encaminhado para se proteger contra o ilícito, contra o que quebra o jejum, essa situação é a causa de se abster do ilícito. O jejum estimula o agradecimento das dádivas de Allah para com o Seu servo, porque ele se abstêm da comida, da bebida e das relações sexuais, e isso é segredo entre o servo e seu Senhor. 2. Entre os benefícios do jejum é que insufla na alma do ser humano a misericórdia e a benevolência para com os pobres, e a bondade para com os necessitados. O ser humano, ao sentir a dor da fome e da sede, lembra-se dos pobres famintos e se apressa em ajudá-los, auxiliando-os no necessário. Essa é a verdadeira situação do muçulmano para com o seu irmão muçulmano. 3. O jejum educa a pessoa na indulgência, na calma, na capacidade de suportar as coisas e não se irritar. Ele educa a pessoa também na paciência e a boa conduta. Isso porque ele ensina o comedimento e o afastamento da irritação e do que causa a irritação na pessoa. Quem conhecer a realidade do jejum se abstêm da cólera e do que a causa. Se alguém o insultar lhe diz que está jejuando, como foi-nos ensinado pelo nosso Profeta (S). 4. Dentre os benefícios do jejum há a auto-educação e a sua purificação da má conduta, acostumando-se à obediência, na prática do bem, pois o jejum é um escudo.5. Dentre os benefícios do jejum é que ele limpa o coração e a mente, afina o coração ao ouvir a recitação do Alcorão, ao ouvir as admoestações. Por meio desse comportamento, consegue decorar o que puder, com a anuência de Allah, do Livro de Allah e da Sunna de Seu Profeta, Mohammad (S).6. Dentre os benefícios do jejum é que ele estreita as vias sanguíneas, que são as vias de Satanás para o filho de Adão. Com o jejum aquietam as tentações de Satanás.7. Dentre os benefícios do jejum é o temor a Allah, exaltado seja. Ele diz: “Ó crentes, está vos preceituado o jejum como foi prescrito aos vossos antepassados, para que temais (a Allah).” Ele não disse, para que se recordem, ou para raciocinais. Portanto, o jejum é um meio para se temer a Allah, exaltado seja. O jejum restringe a alma, freia a sua obstinação pelo ilícito. Por isso, o Rassulullah (S) orientou aqueles jovens que não tem meios para se casar que jejuem pelo que abrange de autodomínio e o estímulo de se afastar do ilícito. 8. Dentre os benefícios do jejum é o ser humano reduzir o consumo da comida e da bebida para que tenha o preparo para praticar as orações voluntárias noturnas, recitar o que puder do Alcorão.9. Dentre os benefícios sociais do jejum é que concilia entre os muçulmanos e os acostuma à organização, reduzindo as controvérsias entre eles e estimulando a misericórdia para que o jejum do servo seja aceito. Os Benefícios Físicos do Jejum Allah, Ta’ála, diz:“Ó crentes, está-vos preceituado o jejum como foi prescrito aos vossos antepassados, para que temais (a Allah).” (2:183). E diz: “Se jejuardes será melhor para vós.” (2:184). Será que a ciência moderna descobriu o segredo das palavras: “Se jejuardes será melhor para vós”? A medicina moderna não considera mais o jejum como mera questão de desejo que o ser humano pode adotá-lo ou não. Depois de estudos e pesquisas precisas a respeito do corpo humano e suas funções fisiológicas comprovou-se que o jejum é um fenômeno natural que o corpo deve praticar para que possa exercer as funções vitais com eficácia. Que o jejum é extremamente necessário para a saúde do ser humano exatamente como o alimento, a respiração, o movimento e o sono. A pessoa sofre e adoce se não dormir ou não se alimentar por longo período. Da mesma forma, será acometido por danos no corpo se deixar de jejuar.Em um hadice narrado pelo Nassá-i, baseado em Abu Umáma que pediu ao Rassulullah (S) que o ordenasse a praticar algo que lhe seria benéfico. O Rassulullah (S) lhe disse: “Deve jejuar, porque nada é igual a ele.” Ele também disse: “Jejum que irão sarar.” A causa da importância do jejum para o corpo é que o ajuda a exercer a sua função de digestão, livrando-se das células antigas bem como das excedentes. O sistema de jejum utilizado pelo Islam que abrange quatorze horas, ao menos de fome e sede, com algumas horas apenas para se alimentar, é o sistema exemplar para fortalecer a função de destruir e construir. Isso é o contrário do que as pessoas imaginavam de que o jejum causa enfraquecimento e emagrecimento, com a condição que o jejum seja na proporção razoável, como é o caso no Islam, Os muçulmanos jejuam durante um mês inteiro por ano. É estabelecido para eles o jejum voluntário de três dias por mês, como vemos na Sunna do Profeta (S), no hadice narrado por Ahmad e Nassá-i, baseados em Abu Zar (R): “Quem jejuar três dias de cada mês é como se jejuasse por toda a vida. Allah corroborou isso no Seu Livro Sagrado: ‘Quem tiver praticado o bem receberá o décuplo pelo mesmo’ (6:160). Cada dia por dez.”Tom Branz, da Escola de Jornalismo de Colômbia, disse: “Considero o jejum uma profunda experiência espiritual, mais do que física. Apesar de ter começado a jejuar por motivos físicos, para perder alguns quilos de peso, porém percebi que o jejum é muito útil para queimar gorduras. Ele ajuda a ver com mais clareza, isso na formação de novos pensamentos e a concentração dos sentidos. Alguns dias depois de começar a jejuar na clínica de saúde de “Polang” comecei a sentir que estava passando por uma intensa experiência espiritual. ”Jejuei até agora várias vezes, por períodos entre um a seis dias. O estímulo no início era o desejo de purificar o meu corpo dos vestígios dos alimentos. Agora, porém, jejuo com a intenção de purificar a alma de tudo que a poluiu durante toda a minha vida, principalmente depois de viajar ao redor do mundo por vários meses e vi a injustiça assustadora em que muitos seres humanos vivem. Sinto que sou responsável de uma forma ou de outra pelo que acontece com aquelas pessoas. Por isso, jejuo para expiar isso. ”Quando jejuo, perco completamente a ansiedade pelo alimento e o meu corpo sente uma tranquilidade enorme, sinto me livrar dos sentimentos negativos como a inveja, a cobiça, do domínio, como me livro de sentimentos medo, preocupação, aborrecimento. Não sento nenhum vestígio disso com o jejum. Sinto uma extraordinária interação com as outras pessoas durante o jejum. Talvez tudo que disse é o que faz os muçulmanos, como observei na Turquia, na Síria e na Terra Santa comemorarem o seu jejum durante um mês inteiro por ano, comemoração atrativa espiritual que não vi igual em qualquer outro lugar no Mundo. ”Prevenção Contra os Tumores: O jejum exerce a função do bisturi cirúrgico que remove as células estropiadas e fracas do corpo. A fome que o jejum impõe ao ser humano move os órgãos internos do corpo para consumirem as células fracas para enfrentar a fome, proporcionando ao corpo a oportunidade de ouro de recuperar a sua vitalidade e vigor. Ele consome, também, os órgãos enfermos e renova as suas células. Dessa forma, o jejum constitui prevenção do corpo contra muitos excessos nocivos como a cólica, os resíduos calcários, os excessos carnais, as bolsas de gordura e também os tumores no início de sua constituição. Previne contra a Diabete. Certamente, é melhor oportunidade para reduzir o teor de açúcar no sangue ao nível mais baixo. Por isso, o jejum fornece ao pâncreas uma excelente oportunidade de descanso. O pâncreas expele a insulina que transforma o açúcar em produto feculento e gorduroso que é armazenado nos tecidos. Se houver excesso de alimento sobre a quantidade de insulina secretada, o pâncreas é acometido de sobrecarga e impotência para, finalmente se tornar incapaz de exercer a sua função, acumulando o açúcar no sangue e aumenta gradativamente a sua medida até aparecer a diabete. Foram criadas várias clínicas em várias partes do mundo para tratar da diabete seguindo o sistema dieta por um período de mais de dez horas e menos de vinte, de acordo com a situação de cada um. Então, o enfermo toma refeições leves por um período não menor de três semanas. Esse método apresentou resultados deslumbrantes no tratamento da diabete sem o uso de quaisquer drogas químicas. Médico de Emagrecimento: Sem exagero, é o melhor médico para emagrecimento e o mais barato. O jejum causa certamente emagrecimento, contanto que o jejuador seja comedido nos alimentos na hora de quebrar o jejum. Do contrário, pode ter indigestão com o excesso de comida e bebida após o jejum. O Rassulullah (S) costumava quebrar o jejum com apenas algumas tâmaras, ou com um pouco de água, então praticava a oração. Esse conselho é o melhor para quem jejua durante várias horas. O açúcar existente na tâmara faz a pessoa sentir satisfação porque é absorvido rapidamente pelo sangue. Ao mesmo tempo, fornece ao corpo a energia necessária para conservar a sua costumeira vitalidade.Se você começar a comer, depois de passar fome, carne, legumes e pães, esses produtos demoram para serem digeridos e uma parte deles se transformar em açúcar que faz a pessoa sentir que está satisfeita, e continua comendo e se empanturrando imaginando que ainda está com fome. Assim, o jejum perde a sua admirável função de recuperar a saúde, o bem-estar e a agilidade, tornando-se maléfico para o ser humano uma vez que aumenta a obesidade e a gordura. Allah, Ta’ála, não deseja isso para os seus servos instituindo o jejum a eles. O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão – orientação para a humanidade e evidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade.” (2:185). As Enfermidades de Pele. O jejum ajuda no tratamento das enfermidades de pele. A causa disso é que ele reduz a proporção da água no sangue, e, consequentemente reduz na pele, o que causa: aumento da imunidade da pele e o combate aos micróbios e as doenças gástricas bacteriológicas. Redução da agudeza das doenças de pele que se espalham em vastas superfícies do corpo como a psoríase. Redução das doenças alérgicas e agudeza dos problemas da epiderme. Com o jejum reduzem as secreções dos intestinos das toxinas e reduz a proporção da fermentação que causam abcessos e frequentes pústulas. A senhora Ilham Hussein, uma dona de casa egípcia: “Quando tinha dez anos de idade, fui acometida por psoríase, aquela doença que aparece com machas vermelhas cobertas por uma casca. Não tinha nenhuma esperança, naquele temo de sarar, depois que vários médicos dermatologistas famosos no Egito dizerem aos meus pais: Vocês devem se acostumar com isso e conviverem e a sua filha com a psoríase, porque é um hóspede pesado e de longa permanência. ”Ao atingir os vinte anos de idade, e aproximando-me da idade de casar, comecei a sentir tristeza e isolamento da sociedade, apertando-me o peito de forma insuportável. Um dia, um amigo religioso de meu pai, acostumado a jejuar, disse-me: Tente jejuar um dia sim um dia não. O jejum tratou de muitas doenças da minha esposa que os médicos desconheciam tratamento para elas. Fique sabendo que Allah é Quem cura, que todas as causas da cura estão em suas Mãos. Pede a Ele a cura de sua doença e então jejue depois disso. ”De fato comecei a jejuar, pois estava à procura de qualquer esperança que me tirasse do inferno que me cercava. Com o passar do tempo, acostumei-me a quebrar o jejum com legumes e frutas apenas. Três horas depois, eu me tomava a minha refeição, deixando de jejuar no dia seguinte. A surpresa assombrosa para todos foi que a doença começou a ceder após dois meses de ter iniciado o jejum. Não acreditava em mim mesmo. Via a doença enfraquecendo dia após dia até no final a minha pele parecia não ter sido acometida por aquela doença em toda minha vida.” Prevenção Contra a Gota. Gota é uma doença originária na reumatologia, inflamatória e metabólica, que cursa com hiperuricemia (elevação dos níveis de ácido úrico no sangue) e é resultante da deposição de cristais de ácido úrico nos tecidos e articulações. É causada pelo consumo excessivo da carne. Isso causa alterações na quantidade das proteínas abundantes nas carnes, principalmente na carne vermelha, no interior do corpo. Isso causa o aumento da formação de ácido úrico nas articulações, principalmente primeira metatarso falangeana “dedão” do pé. Quando a articulação é atingida pela gota ela incha e fica vermelha, com dores extremos. O sal da urina aumenta no sangue e passa para os rins, causando cálculo. A diminuição da quantidade do alimento é o tratamento principal dessa doença que esta proliferando rapidamente. Trombose do Coração e do Cérebro. Muitos professores da pesquisa científica e médica – na maioria não muçulmanos – confirmam que o jejum reduz o nível de gordura no corpo. Assim, reduz o colesterol, que se forma nas paredes das artérias. Com o aumento do colesterol com o aumento da gordura do corpo causa o endurecimento das artérias, como causa trombose nas veias do coração e do cérebro. Por isso, não devemos ficar surpresos quando ouvimos as palavras de Allah, glorificado e exaltado seja:  ) “Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabê-lo.” (2:184). Milhares de pessoas cujos desejos constantes por comida e bebida, causaram-lhes, inadvertidamente, tanto mal. Se tivessem seguido o método de Allah e da Sunna do Profeta Mohammad, sem exagero na comida e na bebida, jejuando durante três dias a cada mês, teriam eliminado suas dores e doenças, reduzindo o seu peso em dezenas de quilogramas. As dores das articulações (artrites)As dores das articulações é uma doença que se agrava com o passar do tempo. As partes atingidas incham causando dores extremos. As mãos e os pés ficam sujeitos a muitas deformações. Essa doença atinge o ser humano a qualquer época da vida. Porém acontece principalmente entre trinta e cinquenta anos. O problema verdadeiro que a medicina moderna não encontrou um tratamento até agora. Porém, foi confirmado pelos testes científica na Rússia que é possível que o jejum poderia ser um tratamento decisivo para a doença. Concluíram que o jejum livra o corpo das toxinas, com um jejum ininterrupto durante três semanas. Nessa situação, os micróbios que causam a doença farão parte do que o corpo irá se livrar durante o jejum. Experiências feitas com vários pacientes confirmaram resultados extraordinários nesse comenos. Sulaiman Rogers, de Nova Iorque, disse: “Fui acometido, três anos atrás, com graves inflamações articulares. Apesar de ser uma inflamação recente, mas era suficiente para me impedir de fazer longas caminhadas e correr (..). Não conseguia sentar mais de meia hora sem sentir adormecimento das pernas. Tentei tratamento por meios diferentes que foram todos em vão. Foi da vontade de Allah que eu conhecesse um amigo negro que me mostrou o caminho da mesquita e me convocou para o Islam. Eram os dias de Ramadan abençoado. Fiquei maravilhado com a ideia do jejum, mas demorei resolver me converter, apesar de ter-me convencido que o Islam estava mais próximo de meu coração por abranger princípios sublimes e justos, que rejeitam a opressão e a descriminação, os problemas mais perigosos que enfrentamos hoje em dia em nossa vida em Nova Iorque. ”Comecei a jejuar antes de me converter. Costumava quebrar o jejum apenas com verduras, frutas frescas e tâmaras. Só tinha uma refeição principal na hora da suhur (consoada). Agora consigo correr, graças a Allah, com velocidade. Todas as minhas dores desapareceram. O método único que encontrei para agradecer a Allah pelas Suas dádivas, foi ingressar no Islam depois de um convencimento total.”Sulaiman termina dizendo: “Devo muito ao jejum. Se vocês verem como recebo todo ano o mês abençoado de Ramadan a todo ano diriam que sou um jovem otimista e alegre e não um homem com mais de quarenta e cinco anos. ”Será que se pode jejuar por benefícios saudáveis apenas? Apesar dos vários benefícios saudáveis que os cientistas descobriram e dos que não foram descobertos ainda, não é permitido ao muçulmano jejuar apenas com a intenção de auferir benefícios saudáveis. A intenção deve ser para a adoração a Allah, com o desejo de se aproximar d’Ele e de obedecê-Lo, glorificado e exaltado seja, porque Ele é Quem nos criou e sabe o que é benéfico para os nossos espíritos, nossos corpo, nossa religião e nosso mundo. www.islaemlinha.com.br. Abraço. Davi.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

COMO LEVAR UMA VIDA ÉTICA.

Budismo. Texto de Tenzin Gyatso (o 14º Dalai Lama). Valores Universais – COMO LEVAR UMA VIDA ÉTICA. Interesse próprio versus o Interesse do Outro como Base para um Vida Ética. A essência do Budismo é: Se podemos ajudar os outros devemos ajudar; senão, devemos pelo menos não prejudicá-los. Budismo. Texto de Tenzin Gyatso (O 14º Dalai Lama). VALORES UNIVERSAIS – Toda ação vem de uma motivação. Se prejudicamos os outros, isso vem de uma motivação, e se ajudamos, isso também vem de uma motivação. Então, para ajudar os outros, para servir os outros, precisamos de certa motivação. Para isso, precisamos de certos conceitos. Porque ajudamos e porque não prejudicamos? Por exemplo, quando estamos para prejudicar alguém, podemos ter algum tipo de consciência que nos segura. Isso significa que temos algum tipo de determinação [não causar mal]. Um lado da nossa mente quer fazer mal, mas por causa de um determinado estado mental, já uma outra parte da mente diz que isso é errado, isso não é certo. Porque conseguimos enxergar que é errado, desenvolvemos força de vontade e nos abstemos. Em termos das duas alternativas [prejudicar e nos abstermos de prejudicar], precisamos ter a consciência de que certas ações terão consequências de longo prazo. Então, quando as vemos, conseguimos de imediato, nos abstermos. Podemos abordar isso de duas maneiras diferentes. Na primeira, pensamos em termos do interesse próprio, e então se podemos ajudar, o fazemos; e se não podemos ajudar, nos abstemos [de prejudicar]. Em termos de nos abstermos de prejudicar outros, podemos pensar: “Se eu fizer isso, terei conseqüências negativas inclusive de ordem legal”. Abstermo-nos por essa razão é abstermo-nos por interesse próprio. Agora, em termos de pensar nos outros como nossa razão, pensaríamos: “Os outros são como eu. Eles não querem sofrimento e dor; portanto eu vou me abster de prejudicá-los.” Quando treinamos [nossas mentes], primeiro pensamos em nós mesmos, em nossos próprios interesses, e então pensamos fortemente nos outros. Em termos de eficácia, pensarmos fortemente nos outros é mais poderoso. Em termos de pratimoksha – os votos de liberação individual, a tradição vinaya de treinamento monástico – o nível básico é pensarmos em nossos próprios interesses e, por causa disso, nos abstermos de fazermos mal. Isso porque estamos visando a liberação. No nível de prática de bodisattva, a principal razão de nos abstermos de prejudicar os outros é a consideração pelo outro. Talvez o segundo, nos abstermos de prejudicar, e ajudar os outros com base no altruísmo, tenha uma conexão com a responsabilidade universal da qual eu frequentemente falo. Nossa Natureza Básica como Seres Humanos. Geralmente, nós humanos somos animais sociais. Não importa quem seja, sua sobrevivência depende do resto da humanidade. Uma vez que a sobrevivência e bem estar individual depende de toda a sociedade, a necessidade de pensarmos e nos preocuparmos com o bem estar dos outros deriva de nossa própria natureza fundamental. Se olharmos para os babuínos, por exemplo, o mais velho é totalmente responsável por todo o bando. Enquanto os outros estão se alimentando, um macho babuíno mais velho está sempre ao lado, vigiando. O mais forte ajuda a cuidar do resto do grupo para o bem de toda a sociedade. Em tempos pré-históricos, nós seres humanos não tínhamos educação ou tecnologia. A sociedade humana básica era simples: todos trabalhavam juntos e compartilhavam juntos. Os comunistas dizem que isso era o comunismo original: todos trabalhando e desfrutando juntos. Então, eventualmente, a educação se desenvolveu e ficamos civilizados. A mente [humana]se tornou mais sofisticada e então a ganância aumentou. Isso trouxe inveja e ódio que, com o tempo, ficaram mais fortes. Hoje, no século vinte e um, tantas mudanças ocorreram [na sociedade humana. As diferenças entre nós se cresceram – diferenças em] educação, trabalho e nível social. Mas até diferenças de idade e raça – todas são secundárias. Num nível fundamental, ainda somos seres humanos e somos todos iguais. Isto é, no nível de várias centenas de milhares de anos atrás. A atitude das crianças pequenas é assim. Elas não se importam com nível social, religião, raça, cor ou riqueza das outras crianças. Elas brincam juntas, são colegas de verdade, desde que sejam amigáveis umas com as outras. Agora, nós adultos somos supostamente mais inteligentes e altamente desenvolvidos, mas julgamos os outros baseados no seu nível social. Calculamos, “Sera que se eu sorrir, ganharei o que quero; mas se fizer cara feia perderei alguma coisa?”. Responsabilidade Universal. O sentido de responsabilidade universal ou global funciona em um nível humano. Preocupamo-nos com outros seres humanos porque: “Sou um deles; meu bem estar depende deles, não importa quais são as diferenças”. Diferenças sempre existirão; mas isso pode ajudar. Por diversos séculos, a população do planeta era de apenas um bilhão de pessoas; agora temos mais de seis bilhões. Por causa da superpopulação, um país já não consegue prover toda comida e recursos para sua própria população. Então temos a economia global. Portanto, de acordo com a realidade atual, o mundo é menor e fortemente interdependente. Isso é a realidade. Além disso, existe uma questão ecológica: o aquecimento global. Isso é uma preocupação para todos os seis bilhões de habitantes desse planeta, não só para uma ou duas nações. A nova realidade precisa de um senso de responsabilidade global. Por exemplo, antigamente, os ingleses pensavam somente em si próprios e algumas vezes exploraram outras áreas do globo. Eles não se importavam com as preocupações ou sentimentos dessas outras pessoas. Ok, isso é passado. Mas agora as coisas são diferentes; as coisas mudaram. Agora, precisamos cuidar dos outros países. Na realidade, os imperialistas britânicos fizeram coisas boas, de fato. Eles trouxeram boa educação na língua inglesa para a Índia. A Índia tem que reconhecer isso. A Inglaterra também trouxe tecnologia, o sistema ferroviário. Essas são algumas de suas qualidades resgatadas. Quando eu vim para a Índia, alguns seguidores de Gandhi ainda eram vivos e eles me informaram dos métodos não violentos de Gandhi. Naquela época, eu achava que os imperialistas Britânicos eram muito maus. Mas então eu vi que existia uma magistratura indiana independente, liberdade de imprensa, liberdade de expressão e coisas do tipo. Então quando eu refleti mais profundamente, vi que essas coisas eram muito boas. Hoje, nação a nação e continente a continente, existe uma forte interdependência. De acordo com essa realidade, nós realmente precisamos de responsabilidade global. Seus interesses próprios dependem do desenvolvimento e interesse dos outros. Então para seu próprio interesse, você tem que cuidar dos outros. No campo econômico, essa situação já existe. Mesmo havendo diferentes ideologias e mesmo que não confiemos uns nos outros, temos que interagir em nossa economia global interdependente. Portanto, responsabilidade global baseada no respeito aos interesses dos outros é muito importante. Precisamos considerar os outros como irmãos e irmãs e termos um sentimento de proximidade. Isso não tem nada a ver com religião. Nós realmente precisamos disso. O próprio conceito de “nós e outros” – em certo nível, claro que podemos dizer isso – mas o mundo todo precisa se considerar parte de “nós”. Os interesses de nossos vizinhos são nossos próprios interesses. Contentamento. Levar uma vida ética como um indivíduo quer dizer não prejudicar os outros e, se possível, ajudá-los. [Fazendo isso], se tomarmos o bem estar dos outros como base para nossa própria ética – isso se torna um escopo mais amplo de ética. Nosso próprio estilo de vida deve tomar esses fatores em consideração. Existe uma grande lacuna entre ricos e pobres, até mesmo nos Estados Unidos. Se olharmos para os Estados Unidos, o país mais rico, ainda há bolsões de pobreza lá. Uma vez quando fui a Washington DC, a capital do país mais rico, eu vi que haviam muitas áreas pobres. As necessidades básicas dessas pessoas não eram adequadamente atendidas. [Similarmente,] em um nível global, o norte industrializado é muito mais desenvolvido e rico [que o restante do planeta]; enquanto muitos países na metade sul do globo enfrentam até fome. Isso não é apenas moralmente errado; é uma fonte de grandes problemas. Então, certos países ricos têm que olhar e examinar seu estilo de vida; eles precisam praticar o contentamento. Certa vez, no Japão, há quinze anos, eu expressei para as pessoas que a suposição de que a economia tem que crescer todo o ano e de que todo o ano deve haver progresso material é um grande engano. Um dia, você poderá ver sua economia se tornando limitada. Vocês devem estar preparados para, quando isso acontecer, não ser um desastre nas suas mentes. Há alguns anos, essa situação realmente aconteceu lá no Japão. O estilo de vida de algumas pessoas é muito luxuoso. Sem roubar, sem explorar, sem trapacear, elas têm uma grande quantidade de dinheiro. Do ponto de vista de seu próprio interesse, não há nada de errado enquanto ganharem o dinheiro de maneira etica. Mas, do ponto de vista do interesse dos outros, apesar de não haver nada de errado com relação a si mesmos, ainda assim, eticamente, não é bom quando os outros enfrentam fome. Se todos tivessem o mesmo estilo de vida luxuoso, OK; mas até que isso seja alcançado, um estilo de vida melhor seria ter mais contentamento. Como eu expliquei no Japão, nos Estados Unidos e em outras sociedades ricas, algumas modificações no estilo de vida são necessárias. Em muitos países, cada família tem dois ou até três carros. Imagina Índia e China, essas duas nações que juntas tem uma população de mais de dois bilhões de pessoas. Se dois bilhões de pessoas adquirissem dois bilhões de carros ou mais, seria muito difícil. Haveria um grande problema e grandes complicações com combustível, recursos materiais, naturais e assim por diante. Ficaria muito complicado. Consideração com o Meio Ambiente. Um aspecto adicional de uma vida ética é, portanto, a consideração com o meio ambiente, por exemplo, com o uso da água. Minha própria contribuição pode ser boba, mas há muitos anos que não tomo banho de banheira; eu só tomo banho de chuveiro. Uma banheira usa muita água. Talvez eu esteja sendo bobo, já que tomando dois banhos de chuveiro por dia, a quantidade de água que gasto é a mesma. Mas não obstante, no que diz respeito a luz elétrica, por exemplo, quando eu saio de um cômodo, eu sempre desligo as luzes. Assim, dou uma pequena contribuição à ecologia. Então, uma vida ética vem de um senso de responsabilidade global. Como Ajudar os Outros. Quanto à como ajudar os outros, existem várias maneiras; muitas dependem das circunstancias. Quando eu era pequeno, sete ou oito anos, e estudava, meu tutor Ling Rinpoche sempre tinha um chicote. Naquela época meu irmão imediatamente mais velho e eu estudávamos juntos. Na verdade, eram dois chicotes. Um deles era amarelo – um chicote sagrado, um chicote para o sagrado Dalai Lama. Se o chicote sagrado fosse usado, no entanto, não acho que não teria nada de sagrado na dor! Parece um método severo, mas na realidade era muito útil. Em última análise, se uma ação é útil ou prejudicial, depende da motivação. Com a preocupação sincera com o bem estar a longo prazo dos outros, métodos podem ser algumas vezes severos, algumas vezes delicados. Algumas vezes até uma mentirinha pode ajudar. Por exemplo, um amigo querido ou pai ou mãe em um país distante pode estar seriamente doente ou quase morrendo e você sabe. Mas você também sabe que se falar para uma pessoa que seu pai ou mãe estão pra morrer, aquela pessoa pode ficar muito triste e preocupada e pode até desmaiar. Então você fala, “ Eles estão OK”. Se você está cem por cento preocupado em não deixar a outra pessoa triste, nesse caso, apesar de uma mentira ser antiética do ponto de vista do interesse próprio, do ponto de vista do outro, pode ser adequada. Métodos Violentos versus Não Violentos. Então, como melhor ajudar os outros? Isso é difícil. Precisamos sabedoria; precisamos ter uma consciência clara das circunstancias; e precisamos flexibilidade para usar métodos diferentes de acordo as circunstâncias. E o mais importante, nossa motivação: precisamos ter um sentimento sincero de preocupação com os outros. Por exemplo, se um método é violento ou não violento, depende da motivação. Contar uma mentira é, em si, violento, mas conforme a motivação pode ser um método para ajudar os outros. Então, desse ponto de vista, é um método não violento. Por outro lado, se queremos explorar os outros, e por isso lhes damos um presente, aparentemente não é violento, mas em última análise, uma vez que queremos enganar a outra pessoa e explorá-la, é um método violento. Então, ser violento ou não violento também depende da motivação. Todas as ações humanas dependem da motivação. Também depende um pouco do objetivo; mas se visamos apenas o objetivo e nossa motivação é raiva, fica difícil. Então, em última análise, a motivação é mais importante. Harmonia Inter- religiosa. Quanto ao que você leva pra casa de nossas discussões aqui, o importante é tentar desenvolver paz interior. Precisamos pensar e desenvolver isto dentro de nós mesmos. Além disso, se tem algumas pessoas na plateia que seguem uma religião ou são crentes, uma das minhas ênfases é sempre na harmonia religiosa. Acho que todas as maiores religiões, nem tanto as menores que idolatram o sol e a lua- essas não tem muita filosofia – mas a maioria das maiores religiões tem alguma filosofia ou teologia. E porque essas religiões são baseadas numa certa filosofia, tem se mantido por milhares de anos. Mas apesar das diferentes filosofias, todas as religiões consideram a maior prática como sendo a prática do amor e da compaixão. Com compaixão, um sentido de perdão vem imediatamente, seguidos de tolerância e contentamento. Com esses três fatores, vem a satisfação. Isso é comum a todas as religiões. Isso também é importante para estender os valores humanos básicos dos quais temos falado. Então, no que diz respeito a isso, todas as religiões ajudam, no sentido de que promovem o que é básico para nossa felicidade, isto é, levar uma vida ética. Portanto, como todas as religiões carregam a mesma mensagem, todas tem o mesmo potencial para ajudar a humanidade. Em épocas diferentes e locais diferentes, ensinamentos diferentes sugiram. Isso é necessário. Esses tempos e locais diferentes e estilos de vida diferentes se desenvolveram por causa das diferenças do meio ambiente, e por causa disso, diferenças nas religiões se desenvolveram. Para cada uma dessas épocas, certas idéias religiosas eram adequadas [e, portanto, foram adotadas]. Por isso, cada uma das religiões milenares tem suas próprias tradições. Precisamos dessa variedade de tradições ricas: elas servem aos diferentes tipos de pessoas. Uma única religião não consegue servir e ser adequada a todos. Na época do Buda, já havia muitas tradições não budistas na Índia. O Buda não tentou converter todos os indianos ao Budismo. As outras religiões eram OK. Ocasionalmente, elas discutiam entre si. Especialmente após o Buda, mestres discutiram uns com os outros por muitos séculos. Essas discussões, esses debates, ajudaram muito, principalmente no campo da epistemologia. Um erudito de uma tradição examina criticamente a filosofia e visões de outra religião e isso faz com que todos pensem sobre suas próprias religiões e suas próprias tradições e discussões. Então, naturalmente isso gera um progresso. Em alguns casos, talvez houvesse um pouco de violência envolvida nesses debates e discussões e isso é lamentável; mas em geral, era um desenvolvimento saudável. A Índia, então, é um exemplo muito bom de verdadeira tolerância religiosa que vem durando séculos com uma tradição em si própria; e essa tradição ainda é viva na Índia. Esse é um bom modelo para o resto do mundo. Na antiguidade, pessoas eram isoladas, então, tudo bem. Mas agora as circunstâncias são outras. Por exemplo, Londres – é quase uma sociedade multi religiosa. A tolerância religiosa é, então, muito importante. Então para aqueles de vocês que tem fé em uma religião: harmonia e tolerância sao muito importantes. Quando surgira oportunidade, contribua nesse sentido. Sua Santidade o XIV Dalai Lama Nottingham, Inglaterra, 25 de Maio de 2008 Transcrito, traduzido em partes e ligeiramente revisado por Alexander Berzin. www.studybuddhism.com.br. Abraço. Davi.