sábado, 2 de maio de 2015

hinduismo. Parte II.



O Hinduísmo baseia-se no tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por diferentes pessoas em diferentes tempos. As Escrituras Hindus foram transmitidas oralmente na forma de versos para auxiliar na sua memorização, muitos séculos antes de serem escritos. Ao longo dos séculos diversos sábios refinaram estes ensinamentos e expandiram o cânone. Na crença hindu pós Védica e moderna a maior parte das Escrituras não costuma ser interpretada literalmente; dá-se mais importância aos significados éticos e metafóricos derivados deles. A maior parte dos textos sagrados está em sânscrito, e os textos se dividem em duas classes: Shruti e Smriti. Shruti (aquilo que é ouvido) refere-se primordialmente aos Vedas, que compõem o mais antigo registro das Escrituras Hindus. Enquanto muitos hindus veneram os Vedas como verdades eternas reveladas aos antigos sábios (Rishis), alguns devotos não associam a criação deles com qualquer divindade ou pessoa, acreditando serem leis do mundo espiritual, que existiriam mesmo se não tivessem sido reveladas aos sábios. Os hindus acreditam que, como as verdades espirituais dos Vedas são eternas, elas estão sendo expressas continuamente, de diferentes maneiras. As Vedas são os textos mais antigos do Hinduísmo, e também influenciaram o Budismo, o Jainismo e o Sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia Antiga. Juntamente com o Livro dos Mortos, o Enuma Elish, o I Ching e o Avesta, estão entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia Antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca leram os Vedas, a reverência por mais uma noção abstrata de conhecimento (Veda significa conhecimento em sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem o Veda Dharma. Existem quatro Vedas que são os Rig Veda, Sama Veda, Yajur Veda, Atharva Veda. O Rig Veda é o primeiro e mais importante deles. Cada Veda se divide em quatro partes sendo a primeira o Veda propriamente dito, é o Samhitã, que contém Mantras Sagrados. As outras três partes formam um conjunto em três camadas de comentários, costumeiramente em prosa, tidos como feitos numa data um pouco posterior ao Samhitâ. São os Brahmanas, Aranyakas e os Upanishades. As primeiras duas partes foram chamadas posteriormente de Karmakanda (parte ritualística), enquanto as últimas duas formam a Jinanakanda (parte do conhecimento). Embora os Vedas tenham como foco os rituais, os Upanishades se concentram numa abordagem espiritual e em ensinamentos filosóficos, discutindo Brâman e a reencarnação. Os Upanishades são denominados Vedanta, porque eles contêm uma exposição da essência espiritual dos Vedas. Entretanto é importante observar que os Upanishades são textos e Vedanta é uma filosofia. A palavra Upanishad significa sentar-se próximo ou perto, pois os estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus mestres. Os Upanishades organizaram mais precisamente a doutrina Védica de auto realização, Yoga, e meditação, Karma e reencarnação, que eram veladas no simbolismo da antiga religião de mistérios. Os mais antigos Upanishades são geralmente associados a um Veda em particular, através da exposição de uma Brâmana ou Aranyaka, enquanto os mais recentes não. Formando o coração de Vedanta (final dos Vedas), eles contêm a técnica de adoração aos deuses Védicos e capturam a essência do dito do Rig Veda "A Verdade é Uma". Eles  colocam a filosofia hindu separada e acolhendo uma única e transcendente força imanente e inata na alma de cada ser humano, identificando o micro cosmo e o macro cosmo como Um. Podemos dizer que enquanto o Hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o Hinduísmo Clássico, a Yoga e o Vedanta, e correntes Tântricas do Bhakti foram modelados com base nos Upanishades. Textos hindus além dos Shrutis são chamados coletivamente de Smritis (memória). Os mais célebres dentre os Smritis são os Poemas Épicos, que consistem do Mahabharata e do Ramaiana. O Bhagavad Guita, parte integral do Mahabarata, e um dos mais populares textos sacros do Hinduísmo, contém ensinamentos filosóficos de Krishna, uma encarnação de Vishnu, narradas ao príncipe Arjuna às vésperas de uma grande guerra. O Bhagavad Guita, narrado por Krishna, é descrito como a essência dos Vedas. O Guita, no entanto, por vezes também chamado de Guitopanishade costuma ser categorizado com maior frequência entre os Shrutis, por ter um conteúdo de natureza Upanishádica. Os Smritis também incluem os Puranas, que ilustram ideias hindus através de narrativas vividas. Também existem textos de natureza sectária, como o Devi Mahatmya, os Tantras, os Yoga Sutras, Tirumantiram, Shiva Sutras e Agamas. Um texto mais controverso, o Manusmriti, é o livro de leis que singulariza os códigos sociais do sistema de castas. Os Puranas são considerados Smriti; ensinamentos não escritos passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos Shrutis ou ensinamentos escritos tradicionais. Existem um total de dezoito Purunas maiores, todos escritos em formas de versos. Acredita-se que estes textos foram escritos muito anteriormente ao Ramayana e ao Mahabarata. Acredita-se que o mais antigo Purana provém de cerca de 300 AC, e os mais recentes de 1300-1400 revisados. Tal pode ser notado quando se observa que todos eles comentam que o número de Puranas é dezoito. Os Puranas variam muito: o Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos, enquanto o Brahma Purana e o Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de versos em todos os dezoito Puranas são de 400.000 versos. O Ramayana e o Mahabarata são os livros Épicos Nacionais da Índia. São provavelmente os poemas mais longos escritos em todo o mundo. A obra conta a história de um príncipe, Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é abduzida (raptada) pelo demônio Ravana, rei de Lanka. O Mahabharata é atribuído ao sábio Vyasa, e foi escrito no período entre 540 AC 300. A obra, que conta a lenda dos Bháratas, uma das tribos arianas, discute o Tri Varga ou as três metas da vida humana que são Kama ou desfrute sensorial, Artha ou desenvolvimento econômico e Dharma a religiosidade mundana que se resume em códigos de conduta moral e ritual. O Ramayana é atribuído ao poeta Valmiki, e foi escrito no primeiro século, apesar de ser baseado em tradições orais que datam de seis ou sete séculos Antes de Cristo. A Bhagavad Guita é considerado parte do Mahabárata (escrito 400 AC 300), sendo um texto central do Hinduísmo, um diálogo filosófico entre o deus  Krishna e o guerreiro Arjuna. Este é um dos mais populares e acessíveis textos do Hinduísmo, e é de essencial importância para a religião. O Guita discute altruísmo, dever, devoção, meditação, integrando diferentes partes da filosofia hindu. Manu é o homem lendário, o Adão dos hindus. As leis de Manu, ou Manusmriti, são uma coleção de textos atribuídos a ele. A mais antiga evidência de uma religião pré histórica na índia data do fim do Neolítico, no período harapano inicial (5500 AC 2600). As crenças e práticas do período pré clássico (1500 AC 500), são chamadas coletivamente de religião histórica Védica. O Hinduísmo moderno cresceu a partir dos Vedas, dos quais o mais antigo é o Rig Veda, que data de 1700 AC 1100). Os Vedas centralizam o culto em divindades como Indra, Varuna e Agni, e no ritual do Soma. Sacrifício de fogo eram realizados, chamados de Yagna, e entoavam Mantras Védicos, porém não construíam templos nem ícones. Tradições Védicas mais antigas mostram fortes semelhanças com o Zoroastrismo e outras religiões Indo Europeias. Os principais Épicos em sânscrito, o Ramayana e o Mahabarata, foram compilados durante um período extenso que abrangeu os últimos séculos antes de Cristo, e os primeiros da Era Comum. Contêm histórias mitológicas sobre os governantes e as guerras da antiga Índia, intercaladas com tratados religiosos e filosóficos. Os Puranas posteriores recontam histórias sobre os Devas e Devis (deuses hindus), suas interações com os humanos e suas batalhas contra demônios. Pouco é conhecido sobre a origem do Hinduísmo, já que a sua existência antecede os registros históricos. É dito que o Hinduísmo deriva das crenças dos arianos, que residiam nos continentes sub Indianos (nobres seguidores dos Vedas), Dravidianos e Harapanos. Alguns dizem que o Hinduísmo nasceu com o Budismo e o Jainismo, mas Heinrich Zimmer (1890-1943) e outros orientalistas afirmam que o Jainismo é muito anterior ao Hinduísmo, e que o Budismo deriva deste e do Sankhya que em consequência afetaram o desenvolvimento de sua religião mãe. Diversas são as ideias sobre as origens dos Vedas e a compreensão se os arianos eram ou não nativos ou estrangeiros na Índia. A existência do Hinduísmo data de 4000 AC 6000. Historicamente, a palavra hindu antecede o Hinduísmo como religião; o termo é de origem persa e primeiramente referia-se ao povo que residia no outro lado (do ponto de vista persa) do Sindhu ou rio Indo. Foi utilizado para expressar não somente a etnicidade mas a religião Védica desde o século XV e XVI, por personalidades como Guru Nanak (1469-1539) fundador do Sikhismo. Durante o Império Britânico, a utilização do termo tornou-se comum, e eventualmente, a religião dos hindus Védicos foi denominada hinduísmo. Na verdade, foi meramente uma nova vestimenta para uma cultura que vinha prosperando desde a mais remota Antiguidade. As seis Escolas Filosóficas Ortodoxas Hindus (Astika, que aceitam a autoridade dos Vedas) são Nyaya, Vaisheshika, Sankhya, Yoga, Purva Mimamsa e Uttara Mimamsa. As Escolas não Védicas são denominadas Nastika, ou heterodoxas, e referem-se ao Budismo, Jainismo e Lokayata. As Escolas que continuam a influenciar o Hinduísmo hoje são Purva Mimamsa, Yoga e Vedanta. A Escola Nyaya é de importância ímpar no desenvolvimento da filosofia indiana devido ao seu papel na construção de um sistema lógico e analítico, do qual nasceu todo o resto da filosofia lógica indiana, além de  influenciar o desenvolvimento paralelo em diversas outras áreas do pensamento. O Nyaya foi fundado por Aksapada Gautama, conhecido como Aksapada (o de olhos fixos nos pés), que escreveu o texto de maior importância dessa Escola, o Nyaya Sutra, por volta do século II AC. Inicialmente vista com suspeita pelo clero hindu, passou logo depois a ser promovido por este como ferramenta de debate contra os heterodoxos (Materialistas, Budistas e Jainistas). A Escola teve seu prestígio incrementado, e o seu sistema passou a ser visto como um dos meios para se levar à salvação. A Escola Vaisheshika representa uma linha de pensamento intimamente associada com a da Nyaya, e originalmente proposta pelo sábio Kanda (ou Kana Bhuk, literalmente, comedor de átomos), em torno do século II AC. Basicamente, a Vaisheshika expressa uma forma de atomismo e postula que todos os objetos do universo físico são redutíveis a um número finito de átomos. A filosofia Samkhya é anterior ao Bramamismo, filosofia que deu origem ao Hinduísmo, como coloca o orientalista Heinrich Zimmer (1890-1943) em seu clássico Filosofias da Índia. O monge Patandjali do sul da Índia que viveu entre os anos (200-400), onde até hoje a tradição Tamil preserva elementos das filosofias pré Védicas, tinha formação no sistema Saamkhya Yoga, indissociável. O Samkhya foi compilado bem antes de Patandjali, por Kapila, que viveu pouco tempo antes de Budha Sakyamuni (563 AC 483). Uma diferença importante entre o Samkhya e o Bramanismo é que o primeiro é dualista, e o segundo monista, mas ambos vêm o Espírito, ou Deus, como imanente e transcendente ao mesmo tempo. A diferença mais significante do Samkhya é que a Escola de Yoga não somente incorpora o conceito do Ishvara (Deus Pessoal) numa visão do mundo metafísica mas também sustenta Ishvara como um ideal sobre o qual meditar. A razão é que Ishvara é o único  aspecto de Purusha (do infinito Terreno Divino) que não foi mesclado com Prakrti (forças criativas temporárias). Também utiliza as terminologias Brahman Atman e conceitos profundos dos Upanishades, adotando uma visão Vedântica monista. A realização do objetivo do Yoga é conhecido como Moksha ou Samadhi. E como nos Upanishades, busca o despertar ou a compreensão de Atman como sendo nada mais que o infinito brâmane, através da (mente) ética, (corpo) físico e meditação (alma), o único alvo de suas práticas é a Verdade Suprema. A Escola Purva Mimamsa (investigação anterior) estabeleceu as bases para a formulação de regras de interpretação dos Vedas. O principal questionamento da Purva Mimamsa se refere a natureza das leis naturais (Dharma). Segundo esta linha de pensamento, a natureza do Dharma não é acessível à razão ou observação, e deve ser inferida a partir da autoridade da revelação, contida nos Vedas. Este método empírico e eminentemente sensível de aplicação religiosa é a chave para Sanatana Dharma e foi especialmente desenvolvido por racionalistas como Sankaracharya e Swami Vivekananda. A Purva Mimamsa, sendo fortemente ligada à exegese textual dos Vedas, deu origem ao estudo da filologia (estudo de uma língua através de seu conteúdo escrito, que visa não só a restauração e crítica dos textos para o conhecimento do uso linguístico e sua história, mas também a compreensão da globalidade dos fenômenos culturais, especialmente os de ordem literária, a que ela serve de veículo) ou da filosofia da linguagem na Índia. A introdução da noção de Shabda (discurso) como unidade indivisível de som e significado é devido ao sábio Bhartrhari no século VII. O sistema do Yoga é geralmente considerado como tendo surgido a partir da filosofia Sankhya. Entretanto o Yoga referido aqui, é especialmente o Raja Yoga, ou união através da meditação. E é baseada em um texto que exerceu grande influência de Patandjali intitulado Yoga Sutras, e é essencialmente uma compilação e sistematização da filosofia do Yoga Meditacional. Os Upanishades e o Bhagavad Guita também são textos indispensáveis ao estudo da Yoga. A Escola Uttara Mimamsa (investigação posterior), também conhecida como Vedanta, é talvez a pedra angular dos movimentos do Hinduísmo, e certamente foi responsável por uma nova onda de investigação filosófica e meditativa, renovação da fé, e reformas culturais. A maior parte da atual filosofia hindu está relacionada a mudanças que foram influenciadas pelo pensamento Vedanta, o qual é focalizado na meditação, moralidade e centralização no Eu Uno, ao invés de rituais ou distinções sociais como as castas. Primeiramente associada com os Upanishades e seus comentários por Badarayana, e Vedanta Sutra, o pensamento Vedanta dividiu-se em três grupos, descritos a seguir. Advaita literalmente significa "não dois", isto é o que referimos como monoteísta, ou sistema não dualístico, que enfatiza a unidade. Seu consolidador foi Shankaracharya (788-820). Shankara expôs suas teorias baseadas amplamente nos ensinamentos dos Upanishades e de seu guru Gaudapada. Através  da análise da consciência experimental, ele expôs a natureza relativa do mundo e estabeleceu a realidade não dual ou Brahman no qual Atman (a alma individual) ou Brahman (a realidade última) são absolutamente identificadas. Não é meramente uma filosofia, mas um sistema consciente de éticas aplicadas e meditação, direcionadas a obtenção da paz e compreensão da verdade. Sankaracharya acusou as castas e rituais como tolos, e em sua própria maneira carismática, suplicou aos verdadeiros devotos a meditarem no amor de Deus e alcançarem a verdade. Ramanuja (1040-1137) foi o principal proponente do conceito de Sriman Narayana como Brahma o Supremo. Ele ensinou que a realidade possui três aspectos: Ishvara (depositar diante do Senhor), Vishnu Cit (alma) e Acit (matéria). Vishnu é a única realidade independente, enquanto alma e material são dependentes de Deus para sua existência. Devido a esta qualificação da realidade última, o sistema de Ramanuja é conhecido como não dualístico. Madhva (1199-1278) identificou deus com Vishnu, mas a sua visão da realidade era puramente dualista, pois ele compreendeu uma diferenciação fundamental entre o Deus Supremo e a alma individual, e o sistema consequentemente foi denominado Dvaita (dualismo) Vedanta. As principais Escolas Não Védicas ou Heterodoxas (Nastika) do pensamento hindu são o Budismo, o Jainismo e Lokayata ou (Karvaka). A Escola Devocional Bhakti tem seu nome derivado do termo hindu que evoca a ideia de amor prazeroso, abnegado e indizível de Deus como Pai, Mãe e Filho Amado, ou qualquer outra forma de relacionamento que encontre apelo no coração do devoto. A Filosofia de Bhakti procura usufruto pleno da divindade universal através da forma pessoal, o que explica a proliferação de tantas divindades na Índia, frequentemente refletindo as inclinações particulares de pequenas áreas ou grupos de pessoas. Vista como uma forma de Yoga ou União, ele preconiza a necessidade de se dissolver o Ego em Deus, na medida em que a consciência do corpo e a mente limitada, como individualidade, seriam fatores contrários à realização espiritual. Essencialmente, é Deus que promove toda mudança, que é a fonte de todos os trabalhos advindos da idade através do amor e da luz. Os movimentos Bhakti rejuvenesceram o Hinduísmo ao longo da sua intensa expressão de fé e receptividade às necessidades emocionais e filosóficas da Índia. Pode-se dizer corretamente que influenciaram a maior parte, principalmente as mudança nas orações e rituais hindus desde tempos remotos. A mais popular forma de expressão de amor a Deus na tradição hindus é através do Puja, ou ritual de devoção, frequentemente utilizando o auxílio de Murti (estátua) juntamente com canções ou recitação de orações meditacionais em formas de mantras. Canções devocionais denominadas Bhajan (escritas primeiramente nos séculos XIV-XVII, Kirtan (elogio) e Arti (uma forma filtrada do ritual de fogo Védico) são algumas vezes cantados juntamente com a realização do Puja. Este sistema orgânico de devoção tenta auxiliar o indivíduo a conectar-se com Deus através  de meios simbólicos. Entretanto, é dito que Brahkta, através de uma crescente conexão com Deus, é eventualmente capaz de evitar todas as formas externas e é inteiramente imerso na bênção do indiferenciado amor a Verdade. A palavra Tantra significa tratado ou série contínua, e é aplicada a uma variedade de trabalhos místicos, ocultos, médicos e científicos bem como aqueles que agora nós consideramos como Tântricos. A maioria dos Tantras foram escritos no final da Idade Média e surgiram da cosmologia hindu. É vital uma nota sobre o elemento Ahimsa no Hinduísmo para compreender a sociedade que se formou à volta de alguns dos seus princípios. Enquanto o Jainismo, à medida que era praticado, era certamente uma grande influência sobre a sociedade indiana, que dizer da sua exortação do Veganismo e da não violência como Ahimsa, o termo primeiro apareceu nos Upanishades. Assim, uma influência internamente enraizada e externamente motivada levou ao desenvolvimento de uma grande quantidade de hindus que acabaram por abraçar o Vegetarianismo, numa tentativa de respeitar formas superiores de vida, restringindo a sua dieta a plantas e vegetais. Cerca de 30% da população hindu atual, especialmente em comunidades ortodoxas  no sul da Índia, em alguns Estados do norte como Guzerate e em vários enclaves Brâmanes à volta do Sub Continente, é vegetariana. Portanto, enquanto o Vegetarianismo não é um dogma, é recomendado como sendo um estilo de vida Sátvico (purificador). Os Hindus abstêm-se predominantemente de carne, e alguns até vão tão longe quanto evitar produtos de pele. Isto acontece provavelmente porque o largamente pastoral povo Védico e as subsequentes gerações de hindus ao longo dos séculos dependiam tanto da Vaca para todo o tipo de produtos lácteos, aragem dos campos e combustível para fertilizante, que o seu estatuto de cuidadora espontânea da humanidade cresceu ao ponto de ser identificada como uma figura quase maternal. Assim, enquanto a maioria dos hindus não adora a Vaca, e as instruções escriturais contra o consumo de carne surgiram muito depois dos Vedas terem sido escritos, esta ainda ocupa um lugar de honra na sociedade hindu. Diz-se Krishna é tanto Govinda (pastor de vacas) como Gopala (protetor de vacas), e que o assistente de Shiva é Nandi, o touro. Com a força no Vegetarianismo (que é habitualmente seguido em dias religiosos ou ocasiões especiais até por hindus comedores de carne) e a natureza sagrada da Vaca, não admira que a maior parte das cidades santas e áreas na Índia tenham uma proibição sobre a venda de produtos de carne e haja um movimento entre os Hindus para banir a matança de vacas não só em regiões específicas como em toda a Índia. Contrário a crença popular, o Hinduísmo prático não é Politeísta nem estritamente Monoteísta. A variedade de deuses e avatares que são adorados pelos hindus são compreendidos como diferentes formas da Verdade Única, algumas vezes vistos como mais do que um mero Deus e um último terreno Divino (Brahman), relacionado mas não limitado ao Monismo, ou um princípio Monoteísta como Vishnu ou Shiva. Acreditando na origem única como sem forma (Nirguna Brahman), sem atributos ou com um Deus Pessoal (Saguna Brahma) com atributos, os Hindus compreendem que a verdade única pode ser vista de forma variada por pessoas diferentes. O Hinduísmo encoraja seus devotos a descreverem e desenvolverem um relacionamento pessoal com sua deidade pessoal escolhida (Ishta Devata) na forma de Deus ou Deusa. Enquanto alguns censos sustentam que os adoradores de uma forma ou outra de Vishnu (conhecidos com Vaishnavs) são 80% dos Hindus e aqueles de Shiva (chamados Shaivaites) e Shakti compõem o restante dos 20% tais estatísticas provavelmente são enganadoras. A maioria dos Hindus adora muitos deuses como expressões variadas do mesmo prisma da Verdade. Entre os mais populares estão Vishnu (como Krishna ou Rama), Shiva, Devi (a Mãe de muitas deidades femininas, como Lakshmi, Sarasvati, Kali e Durga), Ganesha, Skanda e Hanuman. A adoração das deidades é geralmente expressa através de fotografias ou imagens (Murti) que são ditas não serem o próprio Deus, mas condutos para a consciência dos devotos; marcas para a alma humana que significam a inefável e ilimitada natureza do amor e grandiosidade de Deus. Eles são símbolos do princípio maior representado, mas nunca presumido ser o conceito da própria entidade. Consequentemente, a maioria dos hindus adoradores de imagens as toma apenas como símbolos da divindade, opostos à idolatria, erroneamente imposta aos hindus. Recitação e Mantras originaram-se no Hinduísmo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. Muitos da chamada Mantra Yoga, é realizada através de Japa (repetições). Dizem que os Mantras, através de seus significados, sons e recitação melódica, auxiliam o Sadhaka (aquele que pratica) na obtenção de concentração durante a meditação. Eles também são utilizados como uma expressão de amor a deidade, uma outra faceta da Bhakti Yoga necessária para a compreensão de Murti. Frequentemente eles oferecem coragem em momentos difíceis e são utilizados para a obtenção de auxílio ou para invocar a força espiritual interior. As últimas palavras de Mahatma Gandhi (1869-1948) enquanto morria foi um Mantra ao Senhor Rama: "Hey Ram!". O mais representativo de todos os Mantras Hindu é o famoso Gayatri Mantra: traduzindo seria: "Om! Terra, Galáxias (invocação aos três mundos). Que nós alcancemos a excelência de Savitr, o Deus. Que Ele estimule os nosso pensamentos (meditações). O Mantra Gayatri é considerado o mais universal, o mais importante (Maha Mantra) de todos os Mantras Hindus, e invoca o Brâhma Universal como um princípio de conhecimento e iluminação do sol primordial, mas somente em seu aspecto feminino. Muitos Hindus até os dias de hoje, segundo uma tradição que permanece viva por pelo menos 5.000 anos, realizam abluções matinais às margens do rio sagrado, especialmente do rio Ganges. Conhecido como um Mantra Sagrado, é reverenciado como sendo a forma mais condensada do Conhecimento Divino (Veda). É governado pelo princípio, Ma (Mãe) Gayatri, também conhecido como Veda Mata (Mãe dos Vedas) sendo intimamente associado a deusa do aprendizado e iluminação, Sarasvati. O maior objetivo da religião Védica (Hinduísmo) é alcançar Moksha, ou liberação, através da constante dedicação a Satya (Verdade) e uma eventual realização de Atman (Alma Universal). Não importa se atingido através de meditação ou puro amor, este objetivo universal é alcançado por todos. Deve ser observado que o Hinduísmo é uma fé prática, e é incorporado em cada aspecto da vida. Acredita igualmente no temporal e no infinito, e somente encoraja perspectivas destes princípios. Os grandes Rishis (sábios, considerados espécies de santos hindus) e também denominados como Samsárico (aquele que vive no Samsara, o plano temporal ou terreste). Aquele que segue um meio honesto e amável (Dhármico) é um Jivanmukta (alma vivente liberta). As verdades fundamentais do Hinduísmo são melhores compreendidas na frase dos Upanishades, Tat Twam Asi (Assim És Tu), e na última aspiração como segue: Aum Asato ma sad gamaya, tamaso ma jyotir gamya, mrityor ma aamritaam gamaya. Aum conduz-me da ignorância para a Verdade, das trevas para a Luz, da morte para a Imortalidade. Fonte wikipédia. Abraço. Davi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário