O
Hinduísmo baseia-se no tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por
diferentes pessoas em diferentes tempos. As Escrituras Hindus foram
transmitidas oralmente na forma de versos para auxiliar na sua memorização, muitos séculos antes de serem escritos. Ao longo dos séculos diversos sábios
refinaram estes ensinamentos e expandiram o cânone. Na crença hindu pós Védica
e moderna a maior parte das Escrituras não costuma ser interpretada
literalmente; dá-se mais importância aos significados éticos e metafóricos
derivados deles. A maior parte dos textos sagrados está em sânscrito, e os
textos se dividem em duas classes: Shruti e Smriti. Shruti (aquilo que é
ouvido) refere-se primordialmente aos Vedas, que compõem o mais antigo registro
das Escrituras Hindus. Enquanto muitos hindus veneram os Vedas como verdades
eternas reveladas aos antigos sábios (Rishis), alguns devotos não associam a
criação deles com qualquer divindade ou pessoa, acreditando serem leis do mundo
espiritual, que existiriam mesmo se não tivessem sido reveladas aos sábios. Os
hindus acreditam que, como as verdades espirituais dos Vedas são eternas, elas
estão sendo expressas continuamente, de diferentes maneiras. As Vedas são os
textos mais antigos do Hinduísmo, e também influenciaram o Budismo, o Jainismo
e o Sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia Antiga.
Juntamente com o Livro dos Mortos, o Enuma Elish, o I Ching e o Avesta, estão
entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor
espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida cotidiana na Índia
Antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca leram os Vedas, a
reverência por mais uma noção abstrata de conhecimento (Veda significa
conhecimento em sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles
que seguem o Veda Dharma. Existem quatro Vedas que são os Rig Veda, Sama Veda,
Yajur Veda, Atharva Veda. O Rig Veda é o primeiro e mais importante deles. Cada
Veda se divide em quatro partes sendo a primeira o Veda propriamente dito, é o
Samhitã, que contém Mantras Sagrados. As outras três partes formam um conjunto
em três camadas de comentários, costumeiramente em prosa, tidos como feitos
numa data um pouco posterior ao Samhitâ. São os Brahmanas, Aranyakas e os
Upanishades. As primeiras duas partes foram chamadas posteriormente de
Karmakanda (parte ritualística), enquanto as últimas duas formam a Jinanakanda
(parte do conhecimento). Embora os Vedas tenham como foco os rituais, os
Upanishades se concentram numa abordagem espiritual e em ensinamentos
filosóficos, discutindo Brâman e a reencarnação. Os Upanishades são denominados
Vedanta, porque eles contêm uma exposição da essência espiritual dos Vedas.
Entretanto é importante observar que os Upanishades são textos e Vedanta é uma
filosofia. A palavra Upanishad significa sentar-se próximo ou perto, pois os
estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus mestres. Os Upanishades
organizaram mais precisamente a doutrina Védica de auto realização, Yoga, e meditação,
Karma e reencarnação, que eram veladas no simbolismo da antiga religião de
mistérios. Os mais antigos Upanishades são geralmente associados a um Veda em
particular, através da exposição de uma Brâmana ou Aranyaka, enquanto os mais
recentes não. Formando o coração de Vedanta (final dos Vedas), eles contêm a
técnica de adoração aos deuses Védicos e capturam a essência do dito do Rig
Veda "A Verdade é Uma". Eles colocam a filosofia hindu separada
e acolhendo uma única e transcendente força imanente e inata na alma de cada
ser humano, identificando o micro cosmo e o macro cosmo como Um. Podemos dizer
que enquanto o Hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o Hinduísmo
Clássico, a Yoga e o Vedanta, e correntes Tântricas do Bhakti foram modelados com
base nos Upanishades. Textos hindus além dos Shrutis são chamados coletivamente
de Smritis (memória). Os mais célebres dentre os Smritis são os Poemas Épicos,
que consistem do Mahabharata e do Ramaiana. O Bhagavad Guita, parte integral do
Mahabarata, e um dos mais populares textos sacros do Hinduísmo, contém
ensinamentos filosóficos de Krishna, uma encarnação de Vishnu, narradas ao
príncipe Arjuna às vésperas de uma grande guerra. O Bhagavad Guita, narrado por
Krishna, é descrito como a essência dos Vedas. O Guita, no entanto, por vezes
também chamado de Guitopanishade costuma ser categorizado com maior frequência
entre os Shrutis, por ter um conteúdo de natureza Upanishádica. Os Smritis
também incluem os Puranas, que ilustram ideias hindus através de narrativas
vividas. Também existem textos de natureza sectária, como o Devi Mahatmya, os
Tantras, os Yoga Sutras, Tirumantiram, Shiva Sutras e Agamas. Um texto mais
controverso, o Manusmriti, é o livro de leis que singulariza os códigos sociais
do sistema de castas. Os Puranas são considerados Smriti; ensinamentos não
escritos passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos
Shrutis ou ensinamentos escritos tradicionais. Existem um total de dezoito
Purunas maiores, todos escritos em formas de versos. Acredita-se que estes
textos foram escritos muito anteriormente ao Ramayana e ao Mahabarata.
Acredita-se que o mais antigo Purana provém de cerca de 300 AC, e os mais
recentes de 1300-1400 revisados. Tal pode ser notado quando se observa que
todos eles comentam que o número de Puranas é dezoito. Os Puranas variam muito:
o Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos, enquanto o Brahma Purana e o
Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de
versos em todos os dezoito Puranas são de 400.000 versos. O Ramayana e o
Mahabarata são os livros Épicos Nacionais da Índia. São provavelmente os poemas
mais longos escritos em todo o mundo. A obra conta a história de um príncipe,
Rama de Ayodhya, cuja esposa Sita é abduzida (raptada) pelo demônio Ravana, rei de Lanka.
O Mahabharata é atribuído ao sábio Vyasa, e foi escrito no período entre 540 AC
300. A obra, que conta a lenda dos Bháratas, uma das tribos arianas, discute o
Tri Varga ou as três metas da vida humana que são Kama ou desfrute sensorial,
Artha ou desenvolvimento econômico e Dharma a religiosidade mundana que se
resume em códigos de conduta moral e ritual. O Ramayana é atribuído ao poeta
Valmiki, e foi escrito no primeiro século, apesar de ser baseado em tradições
orais que datam de seis ou sete séculos Antes de Cristo. A Bhagavad Guita é
considerado parte do Mahabárata (escrito 400 AC 300), sendo um texto central do
Hinduísmo, um diálogo filosófico entre o deus Krishna e o guerreiro
Arjuna. Este é um dos mais populares e acessíveis textos do Hinduísmo, e é de
essencial importância para a religião. O Guita discute altruísmo, dever,
devoção, meditação, integrando diferentes partes da filosofia hindu. Manu é o
homem lendário, o Adão dos hindus. As leis de Manu, ou Manusmriti, são uma coleção
de textos atribuídos a ele. A mais antiga evidência de uma religião pré
histórica na índia data do fim do Neolítico, no período harapano inicial (5500
AC 2600). As crenças e práticas do período pré clássico (1500 AC 500), são
chamadas coletivamente de religião histórica Védica. O Hinduísmo moderno
cresceu a partir dos Vedas, dos quais o mais antigo é o Rig Veda, que data de
1700 AC 1100). Os Vedas centralizam o culto em divindades como Indra, Varuna e
Agni, e no ritual do Soma. Sacrifício de fogo eram realizados, chamados de
Yagna, e entoavam Mantras Védicos, porém não construíam templos nem ícones.
Tradições Védicas mais antigas mostram fortes semelhanças com o Zoroastrismo e
outras religiões Indo Europeias. Os principais Épicos em sânscrito, o Ramayana
e o Mahabarata, foram compilados durante um período extenso que abrangeu os
últimos séculos antes de Cristo, e os primeiros da Era Comum. Contêm histórias
mitológicas sobre os governantes e as guerras da antiga Índia, intercaladas com
tratados religiosos e filosóficos. Os Puranas posteriores recontam histórias
sobre os Devas e Devis (deuses hindus), suas interações com os humanos e suas batalhas contra
demônios. Pouco é conhecido sobre a origem do Hinduísmo, já que a sua
existência antecede os registros históricos. É dito que o Hinduísmo deriva das
crenças dos arianos, que residiam nos continentes sub Indianos (nobres
seguidores dos Vedas), Dravidianos e Harapanos. Alguns dizem que o Hinduísmo
nasceu com o Budismo e o Jainismo, mas Heinrich Zimmer (1890-1943) e outros orientalistas
afirmam que o Jainismo é muito anterior ao Hinduísmo, e que o Budismo deriva
deste e do Sankhya que em consequência afetaram o desenvolvimento de sua
religião mãe. Diversas são as ideias sobre as origens dos Vedas e a compreensão
se os arianos eram ou não nativos ou estrangeiros na Índia. A existência do
Hinduísmo data de 4000 AC 6000. Historicamente, a palavra hindu antecede o
Hinduísmo como religião; o termo é de origem persa e primeiramente referia-se
ao povo que residia no outro lado (do ponto de vista persa) do Sindhu ou rio
Indo. Foi utilizado para expressar não somente a etnicidade mas a religião
Védica desde o século XV e XVI, por personalidades como Guru Nanak (1469-1539)
fundador do Sikhismo. Durante o Império Britânico, a utilização do termo
tornou-se comum, e eventualmente, a religião dos hindus Védicos foi denominada
hinduísmo. Na verdade, foi meramente uma nova vestimenta para uma cultura que
vinha prosperando desde a mais remota Antiguidade. As seis Escolas Filosóficas
Ortodoxas Hindus (Astika, que aceitam a autoridade dos Vedas) são Nyaya,
Vaisheshika, Sankhya, Yoga, Purva Mimamsa e Uttara Mimamsa. As Escolas não
Védicas são denominadas Nastika, ou heterodoxas, e referem-se ao Budismo,
Jainismo e Lokayata. As Escolas que continuam a influenciar o Hinduísmo hoje
são Purva Mimamsa, Yoga e Vedanta. A Escola Nyaya é de importância ímpar no
desenvolvimento da filosofia indiana devido ao seu papel na construção de um
sistema lógico e analítico, do qual nasceu todo o resto da filosofia lógica indiana,
além de influenciar o desenvolvimento paralelo em diversas outras áreas
do pensamento. O Nyaya foi fundado por Aksapada Gautama, conhecido como
Aksapada (o de olhos fixos nos pés), que escreveu o texto de maior importância
dessa Escola, o Nyaya Sutra, por volta do século II AC. Inicialmente vista com
suspeita pelo clero hindu, passou logo depois a ser promovido por este como
ferramenta de debate contra os heterodoxos (Materialistas, Budistas e
Jainistas). A Escola teve seu prestígio incrementado, e o seu sistema passou a
ser visto como um dos meios para se levar à salvação. A Escola Vaisheshika
representa uma linha de pensamento intimamente associada com a da Nyaya, e
originalmente proposta pelo sábio Kanda (ou Kana Bhuk, literalmente, comedor de
átomos), em torno do século II AC. Basicamente, a Vaisheshika expressa uma
forma de atomismo e postula que todos os objetos do universo físico são
redutíveis a um número finito de átomos. A filosofia Samkhya é anterior ao
Bramamismo, filosofia que deu origem ao Hinduísmo, como coloca o orientalista
Heinrich Zimmer (1890-1943) em seu clássico Filosofias da Índia. O monge
Patandjali do sul da Índia que viveu entre os anos (200-400), onde até hoje a
tradição Tamil preserva elementos das filosofias pré Védicas, tinha formação no
sistema Saamkhya Yoga, indissociável. O Samkhya foi compilado bem antes de
Patandjali, por Kapila, que viveu pouco tempo antes de Budha Sakyamuni (563 AC 483). Uma
diferença importante entre o Samkhya e o Bramanismo é que o primeiro é
dualista, e o segundo monista, mas ambos vêm o Espírito, ou Deus, como imanente
e transcendente ao mesmo tempo. A diferença mais significante do Samkhya é que
a Escola de Yoga não somente incorpora o conceito do Ishvara (Deus Pessoal)
numa visão do mundo metafísica mas também sustenta Ishvara como um ideal sobre
o qual meditar. A razão é que Ishvara é o único aspecto de Purusha (do
infinito Terreno Divino) que não foi mesclado com Prakrti (forças criativas
temporárias). Também utiliza as terminologias Brahman Atman e conceitos
profundos dos Upanishades, adotando uma visão Vedântica monista. A realização do
objetivo do Yoga é conhecido como Moksha ou Samadhi. E como nos Upanishades,
busca o despertar ou a compreensão de Atman como sendo nada mais que o infinito
brâmane, através da (mente) ética, (corpo) físico e meditação (alma), o único
alvo de suas práticas é a Verdade Suprema. A Escola Purva Mimamsa (investigação
anterior) estabeleceu as bases para a formulação de regras de interpretação dos
Vedas. O principal questionamento da Purva Mimamsa se refere a natureza das
leis naturais (Dharma). Segundo esta linha de pensamento, a natureza do Dharma
não é acessível à razão ou observação, e deve ser inferida a partir da
autoridade da revelação, contida nos Vedas. Este método empírico e
eminentemente sensível de aplicação religiosa é a chave para Sanatana Dharma e
foi especialmente desenvolvido por racionalistas como Sankaracharya e Swami
Vivekananda. A Purva Mimamsa, sendo fortemente ligada à exegese textual dos
Vedas, deu origem ao estudo da filologia (estudo de uma língua através de seu conteúdo escrito, que visa não só a restauração e crítica dos textos para o conhecimento do uso linguístico e sua história, mas também a compreensão da globalidade dos fenômenos culturais, especialmente os de ordem literária, a que ela serve de veículo) ou da filosofia da linguagem na
Índia. A introdução da noção de Shabda (discurso) como unidade indivisível de
som e significado é devido ao sábio Bhartrhari no século VII. O sistema do Yoga
é geralmente considerado como tendo surgido a partir da filosofia Sankhya.
Entretanto o Yoga referido aqui, é especialmente o Raja Yoga, ou união através
da meditação. E é baseada em um texto que exerceu grande influência de
Patandjali intitulado Yoga Sutras, e é essencialmente uma compilação e sistematização
da filosofia do Yoga Meditacional. Os Upanishades e o Bhagavad Guita também são
textos indispensáveis ao estudo da Yoga. A Escola Uttara Mimamsa (investigação
posterior), também conhecida como Vedanta, é talvez a pedra angular dos
movimentos do Hinduísmo, e certamente foi responsável por uma nova onda de
investigação filosófica e meditativa, renovação da fé, e reformas culturais. A
maior parte da atual filosofia hindu está relacionada a mudanças que foram
influenciadas pelo pensamento Vedanta, o qual é focalizado na meditação,
moralidade e centralização no Eu Uno, ao invés de rituais ou distinções sociais
como as castas. Primeiramente associada com os Upanishades e seus comentários
por Badarayana, e Vedanta Sutra, o pensamento Vedanta dividiu-se em três
grupos, descritos a seguir. Advaita literalmente significa "não
dois", isto é o que referimos como monoteísta, ou sistema não
dualístico, que enfatiza a unidade. Seu consolidador foi Shankaracharya
(788-820). Shankara expôs suas teorias baseadas amplamente nos ensinamentos dos
Upanishades e de seu guru Gaudapada. Através da análise da consciência
experimental, ele expôs a natureza relativa do mundo e estabeleceu a realidade
não dual ou Brahman no qual Atman (a alma individual) ou Brahman (a realidade
última) são absolutamente identificadas. Não é meramente uma filosofia, mas um
sistema consciente de éticas aplicadas e meditação, direcionadas a obtenção da
paz e compreensão da verdade. Sankaracharya acusou as castas e rituais como
tolos, e em sua própria maneira carismática, suplicou aos verdadeiros devotos a
meditarem no amor de Deus e alcançarem a verdade. Ramanuja (1040-1137) foi o
principal proponente do conceito de Sriman Narayana como Brahma o Supremo. Ele
ensinou que a realidade possui três aspectos: Ishvara (depositar diante do Senhor), Vishnu Cit (alma) e Acit
(matéria). Vishnu é a única realidade independente, enquanto alma e material
são dependentes de Deus para sua existência. Devido a esta qualificação da
realidade última, o sistema de Ramanuja é conhecido como não dualístico. Madhva
(1199-1278) identificou deus com Vishnu, mas a sua visão da realidade era
puramente dualista, pois ele compreendeu uma diferenciação fundamental entre o
Deus Supremo e a alma individual, e o sistema consequentemente foi denominado
Dvaita (dualismo) Vedanta. As principais Escolas Não Védicas ou Heterodoxas
(Nastika) do pensamento hindu são o Budismo, o Jainismo e Lokayata ou
(Karvaka). A Escola Devocional Bhakti tem seu nome derivado do termo hindu que
evoca a ideia de amor prazeroso, abnegado e indizível de Deus como Pai, Mãe e
Filho Amado, ou qualquer outra forma de relacionamento que encontre apelo no
coração do devoto. A Filosofia de Bhakti procura usufruto pleno da divindade
universal através da forma pessoal, o que explica a proliferação de tantas
divindades na Índia, frequentemente refletindo as inclinações particulares de
pequenas áreas ou grupos de pessoas. Vista como uma forma de Yoga ou União, ele
preconiza a necessidade de se dissolver o Ego em Deus, na medida em que a
consciência do corpo e a mente limitada, como individualidade, seriam fatores
contrários à realização espiritual. Essencialmente, é Deus que promove toda
mudança, que é a fonte de todos os trabalhos advindos da idade através do amor e da
luz. Os movimentos Bhakti rejuvenesceram o Hinduísmo ao longo da sua intensa
expressão de fé e receptividade às necessidades emocionais e filosóficas da
Índia. Pode-se dizer corretamente que influenciaram a maior parte, principalmente as mudança nas
orações e rituais hindus desde tempos remotos. A mais popular forma de
expressão de amor a Deus na tradição hindus é através do Puja, ou ritual de
devoção, frequentemente utilizando o auxílio de Murti (estátua) juntamente com
canções ou recitação de orações meditacionais em formas de mantras. Canções
devocionais denominadas Bhajan (escritas primeiramente nos séculos XIV-XVII,
Kirtan (elogio) e Arti (uma forma filtrada do ritual de fogo Védico) são
algumas vezes cantados juntamente com a realização do Puja. Este sistema
orgânico de devoção tenta auxiliar o indivíduo a conectar-se com Deus
através de meios simbólicos. Entretanto, é dito que Brahkta, através de
uma crescente conexão com Deus, é eventualmente capaz de evitar todas as formas
externas e é inteiramente imerso na bênção do indiferenciado amor a Verdade. A
palavra Tantra significa tratado ou série contínua, e é aplicada a uma
variedade de trabalhos místicos, ocultos, médicos e científicos bem como
aqueles que agora nós consideramos como Tântricos. A maioria dos Tantras foram
escritos no final da Idade Média e surgiram da cosmologia hindu. É vital uma
nota sobre o elemento Ahimsa no Hinduísmo para compreender a sociedade que se
formou à volta de alguns dos seus princípios. Enquanto o Jainismo, à medida que
era praticado, era certamente uma grande influência sobre a sociedade indiana,
que dizer da sua exortação do Veganismo e da não violência como Ahimsa, o termo
primeiro apareceu nos Upanishades. Assim, uma influência internamente enraizada
e externamente motivada levou ao desenvolvimento de uma grande quantidade de
hindus que acabaram por abraçar o Vegetarianismo, numa tentativa de respeitar
formas superiores de vida, restringindo a sua dieta a plantas e vegetais. Cerca
de 30% da população hindu atual, especialmente em comunidades ortodoxas
no sul da Índia, em alguns Estados do norte como Guzerate e em vários enclaves
Brâmanes à volta do Sub Continente, é vegetariana. Portanto, enquanto o
Vegetarianismo não é um dogma, é recomendado como sendo um estilo de vida
Sátvico (purificador). Os Hindus abstêm-se predominantemente de carne, e alguns
até vão tão longe quanto evitar produtos de pele. Isto acontece provavelmente
porque o largamente pastoral povo Védico e as subsequentes gerações de hindus
ao longo dos séculos dependiam tanto da Vaca para todo o tipo de produtos lácteos,
aragem dos campos e combustível para fertilizante, que o seu estatuto de
cuidadora espontânea da humanidade cresceu ao ponto de ser identificada como
uma figura quase maternal. Assim, enquanto a maioria dos hindus não adora a
Vaca, e as instruções escriturais contra o consumo de carne surgiram muito
depois dos Vedas terem sido escritos, esta ainda ocupa um lugar de honra na
sociedade hindu. Diz-se Krishna é tanto Govinda (pastor de vacas) como Gopala
(protetor de vacas), e que o assistente de Shiva é Nandi, o touro. Com a força
no Vegetarianismo (que é habitualmente seguido em dias religiosos ou ocasiões
especiais até por hindus comedores de carne) e a natureza sagrada da Vaca, não
admira que a maior parte das cidades santas e áreas na Índia tenham uma
proibição sobre a venda de produtos de carne e haja um movimento entre os
Hindus para banir a matança de vacas não só em regiões específicas como em toda
a Índia. Contrário a crença popular, o Hinduísmo prático não é Politeísta nem
estritamente Monoteísta. A variedade de deuses e avatares que são adorados
pelos hindus são compreendidos como diferentes formas da Verdade Única, algumas
vezes vistos como mais do que um mero Deus e um último terreno Divino
(Brahman), relacionado mas não limitado ao Monismo, ou um princípio Monoteísta
como Vishnu ou Shiva. Acreditando na origem única como sem forma (Nirguna
Brahman), sem atributos ou com um Deus Pessoal (Saguna Brahma) com atributos,
os Hindus compreendem que a verdade única pode ser vista de forma variada por
pessoas diferentes. O Hinduísmo encoraja seus devotos a descreverem e
desenvolverem um relacionamento pessoal com sua deidade pessoal escolhida
(Ishta Devata) na forma de Deus ou Deusa. Enquanto alguns censos sustentam que
os adoradores de uma forma ou outra de Vishnu (conhecidos com Vaishnavs) são
80% dos Hindus e aqueles de Shiva (chamados Shaivaites) e Shakti compõem o
restante dos 20% tais estatísticas provavelmente são enganadoras. A maioria dos
Hindus adora muitos deuses como expressões variadas do mesmo prisma da Verdade.
Entre os mais populares estão Vishnu (como Krishna ou Rama), Shiva, Devi (a Mãe
de muitas deidades femininas, como Lakshmi, Sarasvati, Kali e Durga), Ganesha,
Skanda e Hanuman. A adoração das deidades é geralmente expressa através de
fotografias ou imagens (Murti) que são ditas não serem o próprio Deus, mas
condutos para a consciência dos devotos; marcas para a alma humana que
significam a inefável e ilimitada natureza do amor e grandiosidade de Deus.
Eles são símbolos do princípio maior representado, mas nunca presumido ser o
conceito da própria entidade. Consequentemente, a maioria dos hindus adoradores de
imagens as toma apenas como símbolos da divindade, opostos à idolatria, erroneamente imposta aos hindus. Recitação e Mantras originaram-se
no Hinduísmo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. Muitos
da chamada Mantra Yoga, é realizada através de Japa (repetições). Dizem que os
Mantras, através de seus significados, sons e recitação melódica, auxiliam o Sadhaka
(aquele que pratica) na obtenção de concentração durante a meditação. Eles
também são utilizados como uma expressão de amor a deidade, uma outra faceta da
Bhakti Yoga necessária para a compreensão de Murti. Frequentemente eles
oferecem coragem em momentos difíceis e são utilizados para a obtenção de
auxílio ou para invocar a força espiritual interior. As últimas palavras de
Mahatma Gandhi (1869-1948) enquanto morria foi um Mantra ao Senhor Rama:
"Hey Ram!". O mais representativo de todos os Mantras Hindu é o
famoso Gayatri Mantra: traduzindo seria: "Om! Terra, Galáxias (invocação
aos três mundos). Que nós alcancemos a excelência de Savitr, o Deus. Que Ele
estimule os nosso pensamentos (meditações). O Mantra Gayatri é
considerado o mais universal, o mais importante (Maha Mantra) de todos os
Mantras Hindus, e invoca o Brâhma Universal como um princípio de conhecimento e
iluminação do sol primordial, mas somente em seu aspecto feminino. Muitos
Hindus até os dias de hoje, segundo uma tradição que permanece viva por pelo
menos 5.000 anos, realizam abluções matinais às margens do rio sagrado, especialmente do rio Ganges. Conhecido como um Mantra Sagrado, é reverenciado
como sendo a forma mais condensada do Conhecimento Divino (Veda). É governado
pelo princípio, Ma (Mãe) Gayatri, também conhecido como Veda Mata (Mãe dos
Vedas) sendo intimamente associado a deusa do aprendizado e iluminação,
Sarasvati. O maior objetivo da religião Védica (Hinduísmo) é alcançar Moksha,
ou liberação, através da constante dedicação a Satya (Verdade) e uma eventual
realização de Atman (Alma Universal). Não importa se atingido através de
meditação ou puro amor, este objetivo universal é alcançado por todos. Deve ser
observado que o Hinduísmo é uma fé prática, e é incorporado em cada aspecto da
vida. Acredita igualmente no temporal e no infinito, e somente encoraja
perspectivas destes princípios. Os grandes Rishis (sábios, considerados
espécies de santos hindus) e também denominados como Samsárico (aquele que vive
no Samsara, o plano temporal ou terreste). Aquele que segue um meio honesto e
amável (Dhármico) é um Jivanmukta (alma vivente liberta). As verdades
fundamentais do Hinduísmo são melhores compreendidas na frase dos Upanishades,
Tat Twam Asi (Assim És Tu), e na última aspiração como segue: Aum Asato ma sad
gamaya, tamaso ma jyotir gamya, mrityor ma aamritaam gamaya. Aum conduz-me da
ignorância para a Verdade, das trevas para a Luz, da morte para a Imortalidade. Fonte wikipédia.
Abraço. Davi.
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