Espiritualidade.
www.oshobrasil.com.br. Texto de
Rajneesh Chandra Mohan Jain – O Mestre Osho. EGO - O FALSO CENTRO. O primeiro ponto a ser
compreendido é o ego. Uma criança nasce sem qualquer
conhecimento, sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança
nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma; a
primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro. Isso é natural,
porque os olhos se abrem para fora, as mãos tocam os outros, os ouvidos escutam
os outros, a língua saboreia a comida e o nariz cheira o exterior. Todos esses
sentidos abrem-se para fora. O nascimento é isso. Nascimento significa vir a
esse mundo: o mundo exterior. Assim, quando uma criança nasce, ela nasce nesse
mundo. Ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o tu.
Ela primeiro se torna consciente da mãe.
Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também
é o 'outro', também pertence ao mundo. Ela está com fome e passa a sentir o
corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa
maneira que a criança cresce. Primeiro
ela se torna consciente do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando
com você, com tu, ela se torna consciente de si mesma. Essa consciência é uma consciência refletida. Ela
não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do
que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se
diz 'você é bonita', se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a
respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer. Através da
apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem
valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas esse centro
é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela
é; ela simplesmente sabe o que os outros pensa a seu respeito. E esse é o ego:
o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma
utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego
nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se
inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo. Primeiro
a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe,
e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se
torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas. O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do
viver com os outros. Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará
a desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal.
Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro eu, não. O
verdadeiro só pode ser conhecido através do falso, portanto, o ego é uma
necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina. O verdadeiro só
pode ser conhecido através da ilusão. Você não pode conhecer a verdade
diretamente. Primeiro você tem que conhecer aquilo que não é verdadeiro.
Primeiro você tem que encontrar o falso. Através desse encontro, você se torna
capaz de conhecer a verdade. Se você conhece o falso como falso, a verdade
nascerá em você. O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um
subproduto social. A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não
você, mas tudo aquilo que o rodeia. Tudo, menos você, é a sociedade. E todos
refletem. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará
amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco,
todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando
modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a
sociedade. Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na
sociedade. A sociedade está interessada nela mesma, e é assim que deveria ser.
Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor
de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo
da sociedade. Você deveria ajustar-se ao padrão. Assim, estão interessados
em dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade.
Moralidade significa dar-lhe um ego que se ajuste à sociedade. Se você for
imoral, você será sempre um desajustado em um lugar ou outro (...). Moralidade
significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade. Se a sociedade
estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma
moralidade diferente. A moralidade é uma política social. É diplomacia. E toda
criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade; e isso é
tudo, porque a sociedade está interessada em membros eficientes. A sociedade
não está interessada no fato de que você deveria chegar ao autoconhecimento.
A sociedade cria um ego porque o ego pode ser
controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado. Nunca se
ouviu dizer que a sociedade estivesse controlando o eu - não é possível.
E a criança necessita de um centro; a criança
está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um
centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o
ego dado pela sociedade. Uma criança volta para casa. Se ela foi o
primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e
beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz 'que linda
criança! você é um motivo de orgulho para nós.' Você está dando um ego para
ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um
fiasco na sala - ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a
aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima
vez, porque o centro se sente abalado. O ego está sempre abalado, sempre à
procura de alimento, de alguém que o aprecie. E é por isso que você está
continuamente pedindo atenção. Você
obtém dos outros a ideia de quem você é. Não é uma experiência
direta. É dos outros que você obtém a ideia de quem você é. Eles modelam o
seu centro. Mas esse centro é falso, enquanto que o centro verdadeiro está
dentro de você. O centro verdadeiro não é da conta de ninguém. Ninguém o
modela. Você vem com ele. Você nasce com ele. Assim, você tem dois
centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência.
Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo
falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade está controlando
você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque somente assim a
sociedade irá apreciá-lo. Você tem que caminhar de uma certa maneira; você tem
que rir de uma certa maneira; você tem que seguir determinadas condutas, uma
moralidade, um código. Somente assim a sociedade o apreciará, e se ela não o
fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe
onde está, você já não sabe quem você é. Os outros deram-lhe a ideia. E
essa ideia é o ego. Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele
tem que ser jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de
alcançar o eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e
você não pode olhar para o eu. E lembre-se: vai haver um período intermediário,
um intervalo, quando o ego estará se despedaçando, quando você não saberá quem
você é, quando você não saberá para onde está indo; quando todos os limites se
dissolverão. Você estará simplesmente confuso, um caos. Devido a esse
caos, você tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar
através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o
período será curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente
começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas
podem ser desperdiçadas (...). Até mesmo o fato de ser infeliz lhe dá a
sensação de "eu sou". Afastando-se do que é conhecido, o medo toma
conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos - porque a sociedade
conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser (...). É o mesmo que penetrar
numa floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra,
você faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim,
um gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas
aqui dentro tudo está bem: você planejou tudo. Foi assim que aconteceu. A
sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma
pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas
universidades estão fazendo isso. Toda a cultura e todo o condicionamento visam
apenas limpar uma parte, para que ali você possa se sentir em casa. E
então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo. Além da cerca
você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é apenas
uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no
escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro
está oculto. Precisamos ser ousados, corajosos. Precisamos dar um passo
para o desconhecido. Por um certo tempo, todos os limite ficarão perdidos.
Por um certo tempo, você vai se sentir atordoado. Por um certo tempo, você vai
se sentir muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um
terremoto. Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não
voltar a cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro
de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua
alma, o eu. Uma vez que você se
aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar novamente. Mas agora esse
assentamento não é feito pela sociedade. Agora, tudo se torna um cosmos e não
um caos, nasce uma nova ordem. Mas essa não é a ordem da sociedade - essa é a
própria ordem da existência. É o que BUDA chama de Dhamma, LAO
TZE chama de Tao, Heráclito chama de Logos. Não é feita
pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente tudo volta a
ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque as coisas feitas pelo
homem não podem ser belas. No máximo você pode esconder a feiura delas, isso é
tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas nunca podem ser belas (...). O ego tem
uma certa qualidade: a de que ele está morto. Ele é de plástico. E é muito
fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você. Você não precisa procurar por
ele; a busca não é necessária. Por isso, a menos que você se torne um buscador
à procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo. Você é
simplesmente mais um na multidão. Você é apenas uma turba. Se você não tem um
centro autêntico, como pode ser um indivíduo? O ego não é individual. O ego é um fenômeno social - ele é a
sociedade, não é você. Mas ele lhe dá um papel na sociedade, uma posição na
sociedade. E se você ficar satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade
de encontrar o eu. E por isso você é tão infeliz. Como você pode ser feliz com
uma vida de plástico? Como você pode estar em êxtase ser bem-aventurado com uma
vida falsa? E esse ego cria muitos tormentos. O ego é o inferno. Sempre
que você estiver sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você
descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego segue
encontrando motivos para sofrer (...). E assim as pessoas se tornam
dependentes, umas das outras. É uma profunda escravidão. O ego tem que ser um
escravo. Ele depende dos outros. E somente uma pessoa que não tenha ego é, pela
primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um escravo. Tente entender isso. E comece a procurar o ego - não
nos outros, isso não é da sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir
infeliz, imediatamente feche os olhos e tente descobrir de onde a infelicidade
está vindo, e você sempre descobrirá que o falso centro entrou em choque com
alguém. Você esperava algo e isso não
aconteceu. Você espera algo e justamente o contrário aconteceu - seu ego fica
estremecido, você fica infeliz. Simplesmente olhe, sempre que estiver infeliz,
tente descobrir a razão. As causas não
estão fora de você. A causa básica está
dentro de você - mas você sempre olha para fora, você sempre pergunta: 'Quem
está me tornando infeliz?' 'Quem está causando a minha raiva?' 'Quem está
causando a minha angústia?' Se você
olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e sempre olhe
para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da angústia, está
oculta dentro de você, é o seu ego. E se você encontrar a origem, será
fácil ir além dela. Se você puder ver que é o seu próprio ego que lhe causa
problemas, você vai preferir abandoná-lo - porque ninguém é capaz de carregar a
origem da infelicidade, uma vez que a tenha entendido. Mas lembre-se, não
há necessidade de abandonar o ego. Você não o pode abandonar. E se você tentar
abandoná-lo, simplesmente estará conseguindo um outro ego mais sutil, que diz:
'tornei-me humilde' (...). Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem
que passar através desse território do ego. O falso tem que ser entendido como
falso. A origem da miséria tem que ser entendida como a origem da miséria -
então ela simplesmente desaparece. Quando você sabe que ele é o veneno, ele
desaparece. Quando você sabe que ele é o fogo, ele desaparece. Quando você sabe
que esse é o inferno, ele desaparece. E então você nunca diz: 'eu
abandonei o ego'. Você simplesmente irá rir de toda essa história, dessa piada,
pois você era o criador de toda essa infelicidade (...). É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego
nos outros. Mas esse não é o ponto, você não os pode ajudar. Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente
o observe. Quanto mais você observa, mais capaz você se torna. De repente, um
dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por
si mesmo, somente então ele realmente desaparece. Porque não existe outra
maneira. Você não pode abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma
folha seca. Quando você tiver amadurecido
através da compreensão, da consciência, e tiver sentido com totalidade que o
ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia você simplesmente vê a folha
seca caindo (...) e então o verdadeiro centro surge. E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a
verdade, ou como quiser chamá-lo. Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que
preferir." www.oshobrasil.com.br.
Abraço. Davi
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
RENDA-SE A MIM: O AMÁVEL CONVITE DE KRISHNA
Hare
Krishna. Texto de Archana Siddhi Devi Dasi. RENDA-SE A MIM: O CONVITE DE KRISHNA.
As instruções de Bhaktivinoda Thakura vêm em auxílio daqueles que estremecem
diante da menção da palavra rendição. Conforme crescíamos, eu e
meu irmão mais velho costumávamos brigar fisicamente. Não lembro a razão de
nossas brigas, mas, algumas vezes ao longo do mês, quando nossos pais não
estavam em casa, acabávamos nos engalfinhando. Ele frequentemente torcia meu
braço para trás, dizendo que era para eu me render enquanto me chamava de
“cobaia”. Eu gritava, puxava meu braço e batia o pé contra o chão até a dor se
tornar insuportável. Nesse momento, eu gritava: “Sou uma cobaia! Eu me rendo!”
Com o peito estufado pelo triunfo, ele soltava meu braço e ficava se gabando de
sua vitória. Lembro-me dos sentimentos de raiva e desejo de vingança que me
tomavam. Até mesmo decidi parar de roer minhas unhas para que eu pudesse
utilizá-las como armas para me defender. Eu odiava ter que me render a ele. Com
esse histórico, quando ouvi pela primeira vez as palavras de KRISHNA na Bhagavad-gita dizendo
que eu abandonasse tudo e me rendesse a Ele, eu fiquei assustada. A palavra
“rendição” tinha uma carga emocional para mim. Uma vez passada minha resposta
negativa inicial à palavra, desejei saber mais sobre o que KRISHNA queria dizer
quando utilizava a palavra rendição, ou sharana,
em sânscrito. Descobri que sharana é, com frequência, traduzida como “refúgio”. Assim, a
rendição sobre a qual KRISHNA fala difere da rendição que meu irmão exigia de
mim. O convite de rendição feito por KRISHNA é sua amável sugestão de que busquemos
por seu completo refúgio. Embora a Bhagavad-gita, aparentemente, seja uma conversa
privada entre KRISHNA e Arjuna, KRISHNA tinha a intenção de que seus
ensinamentos a Arjuna nos fossem disponibilizados. Ele está fornecendo um
conhecimento acerca de Si que nos ajudará a entendermos por que, ao fim de Sua
conversa, Ele pode nos pedir que abandonemos todos os outros caminhos de
progresso na vida e simplesmente nos rendamos a Ele. Qualquer um que tenha fé
em todas as coisas que KRISHNA falou sobre Si mesmo na Bhagavad-gita ficará
convencido de que Ele é digno de nossa rendição e do nosso amor. Na nossa
tradição gaudiya (a linha de mestres e discípulos que começa com Sri
Chaitanya Mahaprabhu), Bhaktivinoda Thakura faz um excelente desdobramento
de sharana. Em sua coletânea de canções intitulada Sharanagati, “A Meta da Rendição”,
ele nos fornece uma orientação conceitual de como é a rendição pura e como
podemos praticar para conseguirmos o status de
um sharanagata, um devoto completamente rendido. Ele
descreve as seis práticas daqueles sérios quanto a dedicarem a vida a KRISHNA:
aceitar o que é favorável ao serviço devocional, rejeitar o que é desfavorável
ao serviço devocional, aceitar que KRISHNA é o nosso único mantenedor, aceitar
que KRISHNA é o nosso único protetor, desenvolver uma noção profunda de
humildade e nos entregarmos completamente ao propósito do guru e
de KRISHNA. FAVORÁVEIS
E DESFAVORÁVEIS. No começo da nossa vida devocional, é
fundamental aprender a distinguir entre o que nutre e o que mingua nosso avanço
espiritual. No começo do meu envolvimento na vida devocional, eu trouxe comigo
muitas concepções equivocadas acerca do que seria favorável ao progresso
espiritual. Antes de me encontrar com os devotos, eu andava descalça por todo
lugar, considerando que isso era uma prática espiritual. Fiquei chocada ao
aprender que os devotos usam calçados quando estão fora de uma edificação e
que, com exceção de quando se caminha num lugar sagrado, dessincentiva-se estar
descalço. Eu também pensava que vida espiritual era sinônimo de praticamente
não comer ou dormir. Por algum tempo, tentei reduzir essas duas atividades mais
do que era saudável para o meu corpo. Logo aprendi que vida espiritual envolve
ter equilíbrio em nossas necessidades materiais, evitando excesso e escassez.
Srila Prabhupada já traduzira um considerável número de livros na época em que
me juntei ao seu movimento, em 1976. Estudar esses livros, especialmente O Néctar da Devoção e O Néctar da Instrução,
ao mesmo tempo em que me mantinha na companhia dos devotos, ajudou-me a
entender o que era favorável e o que não era. Uma vez que temos o entendimento
básico e fundamental, cabe a nós fazer escolhas que nos ajudarão a avançar.
Prabhupada nos disse que o prazer dos sentidos é como o sal: precisamos de um
pouco, mas muito estragará tudo. Similarmente, um pouco de renúncia e desapego
pode nos ajudar a avançar, especialmente no começo de nossa jornada espiritual,
mas renúncia e desapego em excesso podem endurecer o nosso coração. É
importante que pessoas no começo do caminho de bhakti tenham
uma boa orientação de devotos em quem confiem para serem ajudados a fazer boas
escolhas com base em sua natureza individual. O que talvez seja demais para uma
pessoa, pode ser pouco demais para outra. Encontrar um devoto mais avançado e
que entenda a nossa psicologia é realmente muito auxiliador em nossa jornada. KRISHNA COMO NOSSO MANTENEDOR. Aqueles
absortos no humor de rendição verão KRISHNA como seu único mantenedor. Eles não
ficarão ansiosos em relação à sua manutenção e terão completa confiança de que
KRISHNA proverá todas as suas necessidades. Eles fazem sua parte, mas sabem
que, em última instância, o Senhor é a fonte de sua providência. Esta é uma
parte central da rendição, e aqueles que desenvolveram uma fé profunda nesse
princípio se libertam de muita ansiedade. Nos primeiros estágios de bhakti,
desenvolvemos nossa fé em KRISHNA como o nosso mantenedor por lermos histórias
sobre como Ele mantêm seus devotos. Muitas histórias nas escrituras demonstram
o compromisso de KRISHNA de prover todas as necessidades de seus devotos. Por
exemplo, quando Narada Muni se aproximou do sábio Mrigari, Narada pediu a ele
que abandonasse seu hábito pecaminoso de deixar animais semimortos para
morrerem demoradamente. Ele esclareceu o caçador acerca do karma,
dizendo-lhe como, em sua próxima vida, ele teria que experimentar um sofrimento
similar àquele das pobres criaturas que ele torturava. Depois que o caçador
desenvolvera um pouco de fé em Narada Muni como seu guia espiritual, Narada lhe
pediu que quebrasse seu arco. Mrigari hesitou, perguntando-se como ele e sua
família sobreviveriam caso ele abandonasse seu meio de vida. Narada
garantiu-lhe que, se ele adotasse o caminho devocional, KRISHNA providenciaria
todas as necessidades dele. O caçador cedeu ao pedido de Narada, quebrando seu
arco e adotando a prática espiritual do cantar dos santos nomes de KRISHNA.
Muitos dos vizinhos de Mrigari tomaram ciência de sua transformação e começaram
a honrá-lo como um grande santo. Todos os dias, levavam comida para ele e sua
família. Na verdade, a quantidade de alimento que levavam excedia muito o que
ele precisava, e ele teve de pedir que passassem a pedir menos. Ouvir tais
narrações nos ajuda a ter fé no princípio de ver KRISHNA como o nosso
mantenedor. E essa fé amplia nossa capacidade de perceber a providência de KRISHNA
em ação. Na minha vida pessoal, depois de eu ter trabalhado em período integral
em uma clínica de saúde mental por mais de dez anos, eu e meu esposo aceitamos
o risco de criar uma vida que nos daria mais tempo para nossas práticas
espirituais. Nós nos mudamos para uma comunidade rural Hare KRISHNA, e eu
trabalho como autônoma na área de terapia basicamente por telefone e internet.
Eu sinto que KRISHNA reciprocou o nosso desejo – hoje, temos o bastante para
viver com conforto, e com mais tempo para nossa vida espiritual. KRISHNA COMO NOSSO PROTETOR. O
próximo princípio de sharanagati é termos completa fé de que KRISHNA
nos protegerá em todas as situações. Quando eu estava começando a me tornar
devota, li KRISHNA, a Suprema Personalidade de Deus, o
estudo resumido do décimo canto do Srimad-Bhagavatam, escrito por Srila
Prabhupada. O livro conta a vida de KRISHNA na Terra cinco mil anos atrás. Ele
passou Sua infância em Vrindavana, uma comunidade rural idílica, rodeado por
Seus amáveis devotos. O que mais me causava estranhamento no livro era a
sequência ininterrupta de situações ameaçadoras que assaltava Vrindavana, uma
réplica de Sua morada no mundo espiritual. Por que a morada de KRISHNA era
visitada por perigos? Descobri que a razão para os sucessivos ataques de
demônios ou de semideuses desorientados era ampliar o amor e a dependência que
os habitantes de Vrindavana sentiam em relação a KRISHNA. No mundo material, há
perigo a cada passo, e as pessoas estão sempre ansiosas quanto a como
sobreviverão a tantas situações estressantes. Sem conhecimento e fé em KRISHNA,
não existe refúgio contra o sofrimento. Com conhecimento e fé em KRISHNA,
podemos caminhar para dentro da boca do demônio Aghasura dizendo, como fizeram
os vaqueirinhos: “Mesmo se isto for um demônio, KRISHNA nos salvará.” O exemplo
dos vaqueirinhos amigos de KRISHNA é o epítome do princípio de ter fé na
proteção de KRISHNA. É claro que não nos colocaremos em perigo voluntariamente.
Agiremos com inteligência, mas, se acontecer de confrontarmos uma situação
perigosa durante uma vida dedicada a fazer progresso espiritual, praticaremos a
busca de refúgio em KRISHNA. Mais uma vez, ouvindo narrativas das escrituras
sobre como KRISHNA protege Seus devotos e ouvindo as experiências de devotos
contemporâneos (como o diário de Indradyumna Swami), desenvolvemos fé neste
princípio. Também é importante entendermos que proteção nem sempre significa
proteção para o corpo, senão que nós, a alma, somos sempre protegidos, e se KRISHNA
deseja que abandonemos nossa circunstância atual, Ele nos protegerá – nós, a
alma –, e jamais perderemos qualquer conquista espiritual que tenhamos. HUMILDADE. O próximo princípio
de rendição é a humildade. A postura de humildade é um fator crítico para o
progresso espiritual. Verdadeira rendição vem de entendermos que não nos é
possível fazer nada sem a misericórdia e a ajuda do Senhor. A humildade nos
permite deixar que KRISHNA assuma a frente em nossa vida. Isso permite que
abramos nosso coração para suas instruções e O sirvamos através de Seus
representantes no mundo material. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura disse que o
começo da humildade é a ausência da mentalidade de desfrute. Nossa natureza
espiritual é de buscar por prazer, mas, quando procuramos desfrute na matéria,
em coisas que não perduram, nos tornamos exploradores, ladrões. Para
restabelecermos nossa consciência espiritual, precisamos praticar o dar e o
servir. DANDO-NOS COMPLETAMENTE. O
último princípio de sharanagati é nos darmos por completo –
corpo, mente e coração – a serviço do Senhor. Isso significa não ter mais
nenhum interesse separado dos interesses de KRISHNA. Para praticarmos esse
princípio, servimos os devotos avançados e compartilhamos a consciência de KRISHNA
com outros; observamos em que ponto não estamos nos entregando e que apegos
materiais nos ancoram; e nos esforçamos por ir adiante, com a esperança de
atrair a atenção de personalidades dedicadas à vida espiritual que possam nos
ajudar a progredir. Sharanagati estabelece o cenário para que
nossos sentimentos amorosos se desenvolvam por completo. Praticar esses seis
princípios é a essência de abhideya, ou o método e o meio para desenvolvermos
amor por KRISHNA. KRISHNA nos diz na Bhagavad-gita 4,11
que ele retribui nossos esforços de rendição. O que é essa reciprocidade? Ele
nos ilumina com o conhecimento de quem realmente somos: um ser espiritual
eterno, possuidor de um relacionamento amoroso com KRISHNA e com todos os Seus
associados. Também ficamos felizes e experimentamos uma realidade transcendente
que se torna cada vez mais desfrutável conforme avançamos no caminho.
Atualmente, tenho uma relação diferente com a palavra “rendição”, mas ainda
acho de boa utilidade usar outras palavras, como refúgio ou abrigo, para ajudar
aqueles que possam ter tido um irmão parecido com o meu. www.voltaaosupremo.com.br. Abraço.
Davi.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
O SIGNIFICADO DE CADA MOMENTO PRESENTE.
Espiritualidade.
Texto de N. Sri Ram (1889-1973). Tradução de Cássia Mesquita. O SIGNIFICADO DE
CADA MOMENTO PRESENTE. Todo objeto que existe possui uma extensão. Essa
extensão pode ser infinitesimal ou vasta e imensurável. Mas se não houver
nenhuma extensão, o mesmo se tornará um ponto sem dimensão. Similarmente, se
algo simplesmente existe, o faz por um período de tempo. Mesmo que seja uma
partícula elementar que faz uma aparição por apenas um bilionésimo de segundo,
esse período constitui sua duração. Grande ou pequena são termos relativos de
medição na escala de nossa experiência. Nada é grande ou pequeno em si mesmo. É
apenas o que é. Nosso pensamento tem com base nossa experiência das coisas.
Somos conhecedores do munda acerca de nós. Das coisas que são sentidas e
percebidas por nós de determinadas maneiras. Também as vemos relacionadas entre
si. Mas isso só tem alguma validade quando nosso pensamento está de acordo com
tudo isso. Se pensarmos de uma maneira que contraria os fatos de nossa
experiência e do mundo em que vivemos, ao qual estamos relacionados, seremos
então como a Alice no País das Maravilhas. Pois assim como as COISAS que nos
circundam estão no espaço e no tempo, estão também em nosso pensamento. Uma
imagem em nossa mente possui uma extensão como qualquer objeto no mundo exterior,
e ela existe por um período de tempo, mesmo que esse período seja uma fração de
segundo. Não é possível efetivamente imaginar um ponto sem dimensão, mesmo se
falarmos sobre ele. Quando quisermos imaginar tal ponto, temos que começar com
uma linha ou um círculo, diminuindo-o progressivamente. O processo de
aproximação torna-se um substituto para o ponto. Também não podemos formar uma
imagem do nada, apesar de acharmos que podemos. Esta é uma das ilusões de nossa
mente. Digo isso porque o MOMENTO que descrevemos como o MOMENTO PRESENTE é
este ponto que existe impalpável na linha que represente o PASSADO, o PRESENTE
e o FUTURO. Também podemos pensar no PRESENTE como uma linha que divide o
PASSADO do FUTURO, mas uma linha tão fina que quase não existe. Podemos
imaginar o FUTURO como um FLUXO ESCOANDO DO PASSADO, embora o FUTURO não possa
ser considerado como existente exceto em pensamento. O PASSADO também existe
somente em nossa consciência, pois está concluído e já PASSOU. Na verdade,
somente o PRESENTE existe, mas quando pensamos em algo no PRESENTE, a imagem
mental já está no campo da memória, tendo-se tornado uma impressão do PASSADO.
O PRESENTE, em constante avanço para frente, arrasta atrás de si o PASSADO
associado a ele na forma de memória. A natureza essencial da consciência é
refletir sobre o que é, perceber e registrar, um simples ato que, se abrangente
e profundo o bastante para penetrar todas as camadas do que existe, somaria em
si toda a verdade possível de ser produzida em pensamento. O pensar segue
caminhos limitados, todavia muito mais complexos. Se observarmos qualquer COISA
e passar adiante para outras, de modo que a consciência da percepção é como uma
onda que se move continuamente para frente. Uma onda possui uma fachada na qual
existem muitos pontos. Temos percepção da presença de muitas COISAS
simultaneamente. Ela pode iluminar um campo inteiro de objetos. É realmente
semelhante ao espaço que inclui todos os objetos. O que faz do homem um
pensador, uma característica que o destaca de todos os outros seres vivos, é
sua memória e o uso que é capaz de fazer dela. A VIDA ESTÁ sempre contida
naquele INSTANTE INTANGÍVEL que chamamos de PRESENTE, contudo a consciência,
que é inseparável dela, possui como seu domínio não apenas o que percebe no INSTANTE
PRESENTE, mas a região que já percorreu e incluiu em suas memórias, sobre a
qual projeta uma estranha luz colorida pelo PRESENTE. A memória constitui o
terreno sobre o qual o pensamento se movimenta e constrói seus edifícios. Sem
lembrança do que foi registrado cronologicamente no PASSADO, o homem não pode
pensar. Assim como sua vida perderia sua coerência, e seus atos no PRESENTE,
sua relevância. Ele estaria se
movimentando como um veleiro ao sabor do vento, que sopra a todo momento
daquele movimento, mas incapaz de direcionar seu curso em qualquer direção.
Nesse caso, a própria palavra direção envolve dois pontos, o momento PRESENTE,
com relação ao qual não há nenhuma opção de escolha, e um MOMENTO PRESENTE que,
através do PRESENTE, faz sua ligação com o FUTURO. Quando se fala em evolução,
existe uma contínua e crescente capacidade de lembrança. Nossa memória é muito
mais sutil e inclusiva do que a de qualquer animal. Um animal desenvolvido como
o elefante pode lembrar-se de determinados eventos por um longo tempo. Contudo
a nossa memória possui uma extensão mais ampla; ela inclui ideias e
experiências pertencentes exclusivamente ao estágio humano. Se apenas
lembrássemos do PASSADO, essa memória factual não prejudicaria ou modificaria a
ação da consciência NO PRESENTE. Pensamos, sentimos e reagimos aos eventos
somente NO PRESENTE e esta ação pode ser nova e desvinculada de qualquer reação
DO PASSADO que possamos recordar. De forma geral, esta ação pode ser
desvinculada, mas infelizmente não é. A existência de um registro DO PASSADO
não precisa interferir em uma ação NO PRESENTE. Então por que ela interfere
desse modo e predetermina a ação da mente, privando-a de sua liberdade? A
predeterminação nasce de uma ligação de causação entre o registro e a consciência
PRESENTE. A menos que exista essa relação de causa e efeito, O PASSADO é
finalizado. Ele na verdade não existe e não precisa afetar O PRESENTE de forma
nenhuma. Porém, em nossa ignorância, CADA MOMENTO gera seu subsequente,
transmitindo sua natureza de alguma maneira. Num PRIMEIRO MOMENTO existe um
determinado estado de consciência. NO MOMENTO SEGUINTE, há o mesmo estado
modificado por novos impactos e reações vindas do estado que existiu primeiro.
A ligação entre os DOIS MOMENTOS não é uma mera cronologia do tempo, mas é
psicologicamente criada pelas forças que surgem DO PASSADO e invadem O PRESENTE
ESTADO de consciência. São forças de atração e repulsão, preferências e
aversões, esperanças e medos. Somente aparentemente essas forças surgem DO PASSADO
que carregam. Mas podemos falar delas como decorrentes DO PASSADO assim como
dizemos que o Sol nasce do Leste. Algo aconteceu ontem. Fui insultado, ou
pensei ter sido, o que muitas vezes é o caso, mesmo quando não há nenhuma
intenção de insulto. A mágoa permanece. Ela afeta meu pensamento e
comportamento agora. Vemos aqui que há uma determinada força surgindo da
memória de um evento, que ocorreu NO PASSADO e está operando NO PRESENTE. Para
dar outro exemplo. Tive uma agradável experiência ontem. O fato está registrado
em minha consciência. Mas quando me recordo da experiência, há uma força que
surge do registro em minha memória, que é o desejo por aquela experiência. Esta
força dirige meu pensamento AO MOMENTO PRESENTE pelo apego àquela experiência.
Se decidir repeti-la, o desejo será assim fortalecido, provocando em mim o
desejo pela repetição frequente daquela experiência. Todos os desejos provêm da
memória de EXPERIÊNCIAS PASSADAS, porém operam e modificam o pensamento e a
ação NO PRESENTE. Não é possível desejar algo que jamais tenhamos conhecido. O
desejo não pode existir sem uma base. Podemos experimentar uma nova sensação,
ela pode vir a nós, todavia quando pensamos que desejamos algo novo em nós em
função do estímulo de novas associações. Dentre as forças baseadas NO PASSADO
estão os nossos medos que inibem o fluxo, a ação natural, das energias dentro
de nós. Podemos facilmente encontrar inúmeros exemplos de nossa experiência de
como os eventos DO PASSADO assombram O PRESENTE. Mesmo quando a consciência é
apenas um minúsculo germe, ela pode se apegar, pois esta é sua natureza. Um
inseto rasteja pela flor até o lugar onde o mel pode ser encontrado. Ele esteve
lá antes e apreciou o sabor do mel ou é levado a ele pelo cheiro. Mesmo que sua
consciência seja nada mais do que uma coisa minúscula, ela se apega à sensação
de apreciação, sendo atraída por ela mecanicamente. Existe nela uma memória
incipiente. O processo de formação de apegos é contínuo a partir da infância. A
vida significa contatos de diversos tipos, e quando um contato é agradável, ele
causa uma sensação gratificante, e a mente rapidamente se apega a essa
sensação. Isso acontece pela forma da inércia psicológica, quando não se está
atento ao processo. Tudo que é construído perde sua força no decorrer do tempo,
e o cérebro também perde sua vitalidade e coerência com a idade. Contudo há
mudanças que surgem não devido a qualquer causa física, mas exatamente em
virtude da maneira pela qual a mente trabalha em estado de inconsciência.
Estamos fazendo aqui uma distinção entre cérebro e mente, atribuindo a esta
última uma condição independente. Se a vida fosse um produto da matéria, então
a vida deveria secar com a deterioração do corpo, e quando o corpo morre, a
vida e a consciência deveriam partir para sempre, como a chama de um pavio que
foi consumido. Todavia, em uma visão profunda da matéria, a vida e a
consciência podem ser manifestações de uma energia que é a base do Universo.
Porém que de assumir uma forma, uma organização material, para a expressão de
significado. De qualquer maneira, podemos ver como a consciência limita a si
própria. Ela forma ideias em diversas matérias. Essas ideias não são meramente
formas de suas ações, mas tendem a se tornar cristalizações que permanecem na
mente. A mente se apega a elas, pelo prazer que fornecem ou pelo medo da dor, e
então, todo o processo de pensamento realiza-se em relação a elas, gira em
torno delas. O homem é um pensador, como a derivação da palavras – homem –
indica. Ele está constantemente envolvido na ideação de diferentes tipos. Não
pode haver nada de errado com a formação de ideias ou em desfrutar algo
agradável, isto é, em registrar uma sensação agradável. No entanto complicações
apresentam-se quando nos tornamos apegados às sensações ou a ideias e buscamos
permanência. Todo apego é um limitador. Mentalmente e emocionalmente levantamos
muros ao nosso redor que constituem uma prisão dentro da qual as atividades da
mente estão confinadas. Ela permanece enclausurada em seu interior e projeta
diversas ideias de lá. Todas essas ideias brotam no solo de seus
condicionamentos, isto é, o terreno das experiências vividas e de suas reações
a elas. O homem ambiciosos projeta uma imagem de sua própria importância diante
de si, a qual busca realizar. Da mesma forma, aquele que tem medo projeta
sombras do que pode acontecer a ele a cada muro que lhe aparece. Se a
consciência presente abandona seus apegos, que na verdade, são suas próprias
memórias, imediatamente ocorre uma mudança de grande proporção. As memórias não
deixam de existir, todavia irão retroceder, provocando NO PRESENTE um estado de
completa liberdade e naturalidade. O PASSADO se transformará em mera paisagem.
Diz-se que o BUDHA PODIA-SE LEMBRAR DE
TODOS OS EVENTOS de suas encarnações PASSADAS. Certamente tais
lembranças não afetava de forma alguma sua serenidade, a liberdade que
alcançou, e sua atitude benigna para com todos os seres e todas as COISAS. O
PASSADO ERA APENAS UM MAPA estendido à sua frente. Quando a mente está se
exercitando ENTRE PASSADO E FUTURO, preocupada com O PASSADO E PROJETANDO O
FUTURO, ela tem pouca raiz ou interesse NO PRESENTE. Suas energias não estão
ALI PRESENTES, exceto por um pequeno instante. Dividida e puxada em diferentes
direções, a mente não está em seu ESTADO NATURAL, contudo em um estado de
fragmentação e tensão. Seu ESTADO NATURAL é o espontâneo, enquanto que o estado
modelado é aquele no qual a substância da consciência passou por MUDANÇAS e
está modelada em fragmentos de diversos
tipos. Trata-se de uma condição em que a sensibilidade e a liberdade, inerente
à sua natureza e ação consciente no estado não modificado, são quase que
completamente perdidas. Somente a consciência, que é pura totalidade
indivisível, pode refletir a verdade de tudo aquilo que toca, e é nesta verdade
que reside a significância da coisa ou do evento. Não podemos dizer que todo
momento vivenciado é significativo. Em alguns POUCOS MOMENTOS DE NOSSAS VIDAS ,
eles o são, porém são muito poucos. SÃO MOMENTOS de BELEZA, de AMOR e
FELICIDADE, de ILUMINAÇÃO, de REVELAÇÃO DE COISAS que não tínhamos conhecimento. O restante de
nossa vida é lugar comum, muitas vezes uma prolongada monotonia desprovida de
qualquer significado real. SE UM MOMENTO É SIGNIFICATIVO ou não, vai depender
do estado da mente e do coração, bem como da reação NO MOMENTO.
Independentemente das condições externas, todo MOMENTO PODE SER SIGNIFICATIVO.
Se eu estou sofrendo da monotonia DO PRESENTE NA ESPERANÇA de atingir um ponto
em que vou experimentar a sensação que pretendo, cuja sensação é um reflexo de
experiência que tive NO PASSADO. Estarei na verdade projetando uma imagem DO
PASSADO que me parece significativa, e tudo o que eu estou fazendo NO PRESENTE
é viajar vagarosamente ou impacientemente na direção daquela imagem que no
final pode se tornar uma miragem. A VIDA É AÇÃO EXTERIOR, mas também envolve o
campo do pensamento e dos sentimentos. Pode-se experimentar significância em
qualquer MOMENTO, independente do que acontece do lado de fora. Porém
dependente da ação que brota no interior. Em outras palavras, a importância
surge de toda a condição do indivíduo NAQUELE MOMENTO. Se isso for verdade,
está verdade revela uma perspectiva integral do que a vida pode significar. A
consciência do homem, em seu estado composto, isto é, fatiada em vários
segmentos e mantidos unidos por meio de diversos ajustes como uma aparente
totalidade, participa da natureza da matéria e funciona mecanicamente. Ela
assume tal condição quando não está desperta. Por estar meio dormindo ou
sonhando, ela não reage plenamente nem enxerga claramente; sendo então tomada,
em grande parte, pela operação do hábito ou do instinto cego. Os eventos
ocorrem por si próprios no campo do pensamento e dos relacionamentos
exteriores. Existe algum tipo de consciência durante o sonho, contudo pela
ausência de uma inteligência alerta, o sonho torna-se sem coerência e
racionalidade. Quando estamos agindo mecanicamente, somente roçamos a
superfície das COISAS E AGIMOS, com uma fração ou com toda nossa capacidade.
Olhamos para algo belo, mas não somos tocados na essência de nosso ser.
Comentamos sobre a beleza talvez vagamente ou convencionalmente e passamos para
outra coisa. Trata-se apenas de uma resposta superficial. E é assim que nossa
vida é vivida em sua maior parte, e é o motivo pelo qual é tão pouco
satisfatória. Para ser perfeita e completa, uma ação ou reação deve envolver a
totalidade do ser. Não pode haver atividades mentais de qualquer nível e
profundidade, em termos de palavras e símbolos. Pode parecer que a profundidade
individual exista somente na memória individual. No entanto pode haver
profundidade individual totalmente diferente, na pura reação que surge a margem
DO MOMENTO PRESENTE. A profundidade na memória é como a espessura nos estratos
geológicos, matéria solidificada e sedimentada. A profundidade que não estiver
fincada NO TEMPO pode ser chamada de profundidade no absoluto ou no Espírito,
contendo em si toda a vibração, o impulso, a vitalidade e frescor que pertence
à vida. A profundidade está no ser, em SUA ALMA. A ALMA é aquela natureza
dentro de nós que reage a tudo aquilo que existe. É a sensibilidade que reside
ali e sua totalidade que pode tornar CADA MOMENTO UM MOMENTO PERFEITO, PERFEITO
no sentido de completo, sem depender DO PASSADO ou DO FUTURO. Para permitir a
ação desta natureza, deve haver uma MUDANÇA FUNDAMENTAL para nos desnudar das
camadas ou dos estratos acumulados que aderem ao nosso verdadeiro ser, mas que
são estranhos e contrários a ele. A natureza essencial ou nós mesmos, que é a
natureza subjacente da consciência, é como um espelho que reflete não apenas os
aspectos superficiais das COISAS, mas também as linhas ocultas de sua BELEZA,
os movimentos de SUA ALMA, aquilo que os poetas percebem talvez vagamente. Da
mesma forma que um enamorado pode ser imaginado como capaz de entrar NA ALMA DE
SEU AMADO, também pode ser possível entrar NA ALMA DO UNIVERSO. Assim como NA
ALMA de todas as coisas dentro dele, vendo-o em todo seu esplendor, em sua
perfeição arquetípica. SRI KRISHNA FALA DE SI MESMO COMO A ESSÊNCIA MANIFESTADA
na perfeição de CADA COISA eminente que existe. A natureza divina está em todas
as coisas, de forma singular em cada uma delas. Somente quando percebemos e
reagimos à divindade PRESENTE que conhecemos a sua verdade, o significado que
reside em sua própria existência e sua relação íntima com todas as OUTRAS
COISAS. A BELEZA de qualquer objeto não obtém seu significado de algo exterior
a si mesma. A única reação verdadeira diante dela é a que nasce do coração, uma
sensação que acontece quando não há nenhum obstáculo a ela. Ao mesmo tempo,
como tudo está relacionado a tudo mais, também existe significância em cada
relacionamento. Apesar da negação de nossa consciência tornar-se opressiva e
manipuladora, causando assim a perda de sua capacidade de refletir a verdadeira
natureza DAS COISAS, EXISTE A EXCEPCIONAL possibilidade dela se autorregular,
desprendendo-se de suas camadas de opressão e chegando a um EXTRAORDINÁRIO
ESTADO IMACULADO. Isso só pode ser feito através de uma conscientização das
MUDANÇAS e pela percepção da possibilidade e da vontade de se libertar das
condições que se desenvolveram na inconsciência, a verdadeira ignorância.
Quando está de volta em seu próprio estado de pureza e de despertar, então tudo
que toca comunica-lhe seu pleno e profundo significado. Cada evento que
acontece se torna uma chave que TRANSFORMA A CONSCIÊNCIA e destrava uma faceta
do MISTÉRIO que lá reside. Portanto, CADA MOMENTO POSSUI SUA PRÓPRIA
SINGULARIDADE e beleza. Tudo o que é visto neste estado é novo, pois a inovação
está na própria consciência. Extraído de The Theosophist. Abraço. Davi.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
II. A REENCARNAÇÃO SEGUNDO ORÍGENES DE ALEXANDRIA NO CRISTIANISMO PRIMITIVO.
Cristianismo
Primitivo. Texto de Ricardo Lindemann. www.ricardo
lindemann@uol.com.br. Mestre em Filosofia pela Universidade
de Brasília (UnB) Brasil, aluno cursando o Doutorado em Ciência da Religião na
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Licenciado em Filosofia pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Engenheiro Civil (UFRGS).
Atua em Projetos de Pesquisa de História da Filosofia da Religião no Grupo de
Filosofia da Religião da UnB, e de As Tradições Soteriológicas dos Upanishads
do Núcleo de Estudos em Religiões e Filosofias da Índia da UFJF. II. A REENCARNAÇÃO SEGUNDO ORÍGENES DE ALEXANDRIA NO
CRISTIANISMO PRIMITIVO. O FATO HISTÓRICO. A PERSEGUIÇÃO SISTEMÁTICA (44) do
Imperador Justiniano I (482-565) à obra é a causa do problema maior para seu
estudo: O fato de que foi perdido o original grego do livro Peri Archon em que
há evidências do tratamento deste tema da QUEDA E TRANSMIGRAÇÃO das ALMAS até a
APOCATÁSTASE, tendo sido apenas parcialmente reconstituído pelo magistral
trabalho de Paul Koetschau a partir de diversas fontes e fragmentos, e que a
controvertida tradução remanescente feita ao latim por Rufino de Aquileia
(340-410), intitulada De Principiis, ser comprovadamente imprecisa por ter sido
teologicamente censurada (46), ou seja, foi até intencionalmente alterada em
alguns pontos por motivos religiosos, a fim de se contornar o problema das
condenações da Igreja. Talvez a posição sensata tenha sido a de Butterworth,
quando compara e sistematicamente em sua tradução as versões grega
reconstituída e latina em toda sua extensão, de modo a possibilitar ao leitor à
sua própria opinião, mas ponderando que: “Então, qualquer leitor de Primeiros
Princípios (De Principiis), se tomar em consideração, como deve fazer, a
irrefutável evidência de São Jerônimo (347-420) e do Imperador Justiniano, será
forçado a admitir que Orígenes pelo menos concedeu a possibilidade da
TRANSMIGRAÇÃO. Isto para pôr o caso pelo seu mínimo”. Nesta direção,
Butterworth ainda considera que se deve lembrar que Orígenes apresentava suas
“opiniões não como dogmas estabelecidos, mas como especulações delineadas para
responder a problemas do pensamento humano”, apoiando-se em declarações de
Orígenes citadas por São Jerônimo. O FATO HISTÓRICO é que até a resolução do
Concílio Constantinopla II em 553 DC, ainda havia espaço oficial no
Cristianismo para a DOUTRINA DA REENCARNAÇÃO e que Orígenes ou seu grande
número de seguidores (50) em seu nome sustentaram a TRANSMIGRAÇÃO das ALMAS
pelo menos por três séculos ocupando tal espaço. Foi o Imperador Justiniano I
(482-565) quem não mediu esforços e usou todos os meios, inclusive destituindo
e exilando o Papa anterior, O Papa Silvério (480-537) que assim morreu de
subnutrição, e nomeando seu sucessor. O Papa Vigílio que recusou a comparecer
ao supramencionado Concílio, para condenar os três capítulos que acabaram por
atingir a doutrina da PREEXISTÊNCIA DA ALMA de Orígenes, condição sine qua non para
a TRANSMIGRAÇÃO DAS ALMAS, conforme considera Butterworth: “O fato de que havia
muitos seguidores de Orígenes mesmo no século VI – foi a sua existência e
influência que fez Justiniano tão ávido de assegurar a condenação de Orígenes –
teria tornado necessário ser cauteloso. Havia abundante material para
condenação, de acordo com as ideias de Justiniano, sem a necessidade de
perverte-lo ou exagerá-lo. A supramencionada alegação das supostas
interpolações heréticas que teriam sido feitas ainda em grego no texto do Peri
Archon de Orígenes foi negada pelo próprio São Jerônimo, conforme comenta
Butterworth: “Jeronimo nega a afirmação de que as obras de Orígenes tenham
sidas corrompidas por heréticos: tanto Eusébio quanto Dídimo admitiram como
certo que Orígenes sustentou os pontos de vista incriminados. Portanto, não há
evidências de interposições de heréticos, senão muito pelo contrário o que de
fato há são evidências de interpolações e omissões de Rufinus de aquileia
(340-410) na sua tradução do Peri Archon para a versão latina ou De Principiis,
a que Butterworth escolhe como exemplo a contradição entre o texto da obra
Defesa de Orígenes, escrito por Pânfilo de Cesareia (240-309) e Eusébio de
Cesareia (263-339). Onde Pânfilo cita em grego passagens do Peri Archon que
foram deliberadamente omitidas por Rufinus na sua tradução para o latim do De
Principiis. Butter Worth comenta que tal ponto “enfraquece consideravelmente a
alegação de Rufinus de que o texto de Orígenes teria sido corrompido por
heréticos; se alguma coisa sofreu alteração foi a teologoa autorizada pela
Igreja. Conforme Butterworth também comenta, Rufinus não podia acreditar que o
texto grego do Peri Archon fosse autêntico, pois seria impossível que um
erudito como Orígenes pudesse divergir da teologia aceita no século IV, de modo
que se autorizou subjetivamente a corrigir o texto onde ele acreditava que os
heréticos haviam introduzido interpolações, “sem qualquer dúvida em total
honestidade”, como justifica a si mesmo no texto de sua autoria A Corrupção das
Obras de Orígenes, o qual anexou a sua tradução para o latim do De Principiis
de Orígenes. TRÊS DOUTRINAS INTERDEPENTES. EM RESUMO, TUDO PARECE indicar que
pelo menos três das criativas doutrinas de Orígenes são interdependentes, a
saber a PREEXISTÊNCIA DA ALMA e sua eventual queda da condição angelical
original, a sua TRANSMIGRAÇÃO que possibilita a expiação ou purificação
progressiva, e finalmente o retorno à condição primordial chamada APOCATÁSTASE
ou SALVAÇÃO UNIVERSAL. O fato é que entre os autores e Dicionários citados há
consenso somente quanto a PREEXISTÊNCIA e APOCATÁSTASE, não havendo consenso
quanto a TRANSMIGRAÇÃO. Poder-se-ia ver, mas para tanto se necessitaria muito
mais espaço do este trabalho se propõe, que aceitar a PREEXISTÊNCIA da ALMA e a
APOCATÁSTASE, sem aceitar a TRANSMIGRAÇÃO enquanto necessário processo
intermediário. Criaria uma inconsistência lógica, porém Reale e Antiseri
resumem magistralmente o essencial de Origens sobre a TRANSMIGRAÇÃO DA ALMA,
como segue: Tal visão relaciona-se estreitamente com a concepção origeniana
segundo a qual, no fim, todos os espíritos se purificarão, resgatando suas
culpas, mas para se purificarem inteiramente é necessário que sofram longa,
gradual e progressiva expiação e correção, passando, portanto, por muitas
reencarnações em mundos sucessivos”. Tudo, parece, pois indicar que a doutrina
da TRANSMIGRAÇÃO DAS ALMAS sustentada por Orígenes é algo distinta da doutrina
pitagórica particularmente na ideia dos mundo sucessivos, mencionada acima por
Reale e Antiseri. Pois quando argumenta em seu Comentário Sobre Mateus
contrariamente à doutrina pitagórica parece mais preocupado em evitar
argumentos contrários à sua doutrina da APOCATÁSTASE, mas que ele parece melhor
conciliar com a TRANSMIGRAÇÃO em mundos sucessivos levando à APOCATÁSTASE no De
Principiis, publicado aproximadamente “entre 219 e 230 DC. Quando ele ainda era
mais jovem e talvez mais ousado como também argumenta Butterworth: É possível
que a opinião de Orígenes tenha mudado ao longo dos anos intermediários. Ou ele
pode ter sentido que mais cautela fosse necessária num comentário que
circularia amplamente entre todas as classes de cristãos, do que num tratado
(De Principiis) que refletia na maior parte as discussões entre ele e seus alunos
na Escola Catequética. Assim Butterworth estaria justificando por que as
alusões de Orígenes favoráveis à TRANSMIGRAÇÃO encontram-se no De Principiis. É
sempre importante ter também em mente que a maioria das Homilias e Comentários
remanescentes de Orígenes chegou a nossa época por meio das duvidosas traduções
de Rufinus. Além disso, quando Butterworth considera que “de um caráter
diferente são os oito livros de Contra Celso, obra publicada aproximadamente em
248 DC, quando Orígenes já tinha 63 anos. Tais possibilidades acima sugeridas
por Butterworth parecem também aplicáveis à uma rápida passagem de Contra Celso
onde Orígenes critica a fundamentação da METEMPSICOSE na dieta pitagórica e
parece não asseverar “qualquer queda da alma ao nível de criaturas irracionais.
Concordando mais nesse ponto com a teosofia neoplatônica de Jâmblico (245-325)
e Proclo (412-485), pois naquela idade ele já havia sido condenado pelo menos
duas vezes. Parece, pois, muito plausível a hipótese acima sugerida por
Butterworth de que Orígenes, que, como foi visto acima, sustentava os distintos
níveis históricos, alegóricos e esotéricos para a interpretação da Escritura
Sagrada, tenha adotado um certo tipo de ensinamento interno para seus
discípulos intencionalmente distinto do que ele divulgava ao público. Como
Butterworth sugere acima particularmente em relação ao caso do Peri Archon ou
De Principiis de Orígenes para seus discípulos da Escola Catequética de
Alexandria. O que também era próprio de uma época em que o exercício da liberdade
de pensamento podia acabar em martírio, como aliás foi o seu caso. Dessa forma,
poderia se explicar a natureza declaradamente velada de sua linguagem quando no
Contra Celso parece declarar-se contrário à METEMPSICOSE. Mas simultaneamente
vela a sua opinião a respeito afirmando que “não devemos expor aos ouvidos
profanos a doutrina sobre a entrada das ALMAS NO CORPO, citando inclusive a
Escritura: “É bom manter oculto o segredo do rei”, Tobias 12,7; e também que
“não se deve dar aos cães o que é santo, nem pérolas aos porcos”, Mateus 7,6.
Concluindo o mesmo parágrafo com a utilidade da divisão dos níveis de
interpretação da Escritura Sagrada, e, nesse caso, da linguagem histórica ou
nível literal da Escritura para encobrir intencionalmente um significado mais
interno: “Basta haver exposto, em forma história, o que, ao estilo de história,
foi ocultamente dito, para que aqueles que sejam capazes elaborem para si
mesmos o que o tema encerra”. REFERÊNCIAS: (44). Conforme considera Roque
Frangiotti no prefácio da obra Contra Celso: “Orígenes permanece, sem dúvida, o
gênio maior que a Igreja cristã de língua grega produziu (...). Por causa de
sua exegese alegórica e pela influência da filosofia platônica, sua ortodoxia
foi questionada e pelos anos 400, as disputas se acirraram violentamente. As
discussões e os ataques se acalmaram só a partir do edito do Imperador
Justiniano I, de 543, e do II Concílio de Constantinopla, em 553, que condenou
nove proposições de Orígenes, o que provocou o desaparecimento sistemático de
sua imensa obra (...) 2 mil “livros”, conforme informa Jerônimo”. (46).
Bettenson chega a se referir sobre tais traduções como “as livres, e com
frequência teologicamente censuradas, versões de Rufinus de Aquilea.
Butterworth dedica várias páginas para analisar a censura teológica de Rufinus:
“Somente em poucos casos nós possuímos o (original) grego que nos capacita a
checa-lo (checar a tradução de Rufinus), e quando podemos fazê-lo o resultado
não é satisfatório. Butterworth também cita São Jeronimo clamando a Rufinus:
“Quem te deu licença, clama Jeronimo, para omitir tanto em tua tradução”? (50).
Deve ficar claro que nem todos os cristãos seguiam as doutrinas da
PREEXISTÊNCIA DA ALMA, sua possível TRANSMIGRAÇÃO até a SALVAÇÃO UNIVERSAL –
APOCATÁSTASE – no juízo final que eram sustentadas pelo padre Orígenes de
Alexandria (185-253). Mas sim que seus inúmeros seguidores tiveram a liberdade
de sustentar por três séculos uma linhagem dentro do cristianismo, o
origenismo. Esse foi oficialmente aceitável até 553, data da condenação dessas
doutrinas de Orígenes no Concílio Constantinopla II, convocado arbitrariamente
pelo Imperador Justiniano I, que destituiu e exilou o Papa Silvério, morto
nesse exílio “poucos meses depois de subnutrição”. Esse tornou-se um dos casos
mais controversos e polêmicos de cesaropapismo, ou seja, de interferência do
Estado na história da Igreja. O Papa Vigilio, indicado pelo Imperador, nem
compareceu ao referido Concílio, inicialmente alegando estar doente. Mesmo na
insistência do Imperador e dos Bispos, Vigilio não compareceu ao Concílio. www.ricardo lindemann.@uol.com.br.
Abraço. Davi
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
O CAMINHO PARA A DIVINDADE SUPREMA.
Bhagavad
Gita. AKSHARA PARABRAHMA YOGA. Capítulo Oito. O CAMINHO PARA A DIVINDADE
SUPREMA. Deus está sempre presente em tudo, vivificando e iluminando todos os
seres. Quem se deixa iluminar pelos raios da Sabedoria, torna-se sábio. A
Sabedoria Divina nele é uma força viva que o conduz ao conhecimento da
Imortalidade.
Então
dirigiu Arjuna ao MESTRE DIVINO as seguintes perguntas: Dize-me, ó Imortal: Que
é BRAHMA? Que é ADHYATMAN? Que é KARMA? Que é ADHIBHUTA E ADHIDAIVA?
Como
pode, ó Fortíssimo Herói! Adhyajna – o SUPREMO SACRIFÍCIO – estar neste corpo,
e como podem conhecer-te na hora da MORTE aquels que a ti se dedicaram?
Explica
o VERBO DIVINO: BRAHMA, o CRIADOR, é o SER SUPREMO, o SER INDIVISO, simples e
eterno. A sua essência chama Adhyatman, ALMA DAS ALMAS. EU mesmo sou BRAHMA. De
MIM emana a ALMA DAS ALMAS, a VIDA UNIVERSAL, a VIDA UMA DOS UNIVERSO. KARMA, A
LEI DA CAUSALIDADE, e que chamam também ESSÊNCIA DA AÇÃO, é aquele PRINCÍPIO da
minha EMANAÇÃO que faz com que os seres vivos nasçam, se movam e ajam.
Adhibhuta,
o PRINCÍPIO UNIVERSAL DA VIDA, não é senão a minha VONTADE manifestada nas leis
naturais do UNIVERSO. Adhidaiva, a SUPREMA DEIDADE, é o ESPÍRITO, cuja
atividade perpétua produz a geração dos SERES e das FORMAS. Adhiyajna, o SUPEMO
SACRIFÍCIO, é o meu aparecimento, em corpo. Este mistério torna-se claro só
àqueles que são capazes de compreender os ENSINOS SUPERIORES (1). (1). Deus
que, em sua essência, é imanifesto, invisível, imaterial, assume forma humana.
Como a luz penetra as trevas e as transmuta em luz, assim a Divindade penetra a
humanidade, para torna-la divina. Este é o Supremo Sacrifício.
Quem,
na HORA DA MORTE, em MIM FIXA o pensamento, entra, depois de ter deixado o
corpo, diretamente em minha DIVINA ESSÊNCIA.
Aquele,
porém, que, na HORA DA MORTE, não pensou em MIM, mas dirigiu tosos os
pensamentos a um outro ser (2), depois DA MORTE, a este ser se une. Porque cada
um chega a ser o que desejou ser. O semelhante ATRAI O SEMELHANTE. (2). Há
seres de natureza espiritual – devas ou deuses – que, para nós, são invisíveis.
O espírito humano pode entrar em relação com eles, se a eles dirige firmemente
a sua vontade e o seu pensar.
Dirige,
pois, a MIM todos os teus pensamentos e luta. Se a tua MENTE e o teu CORAÇÃO EM
MIM firmemente fixares, com certeza, enfim, A MIM chegarás.
Quem,
abandonando todos os desejos pessoais, não tem a MENTE CONCENTRADA em nenhum
outro ser, mas no ESPÍRITO ETERNO, praticando o RETO PENSAR e a RETA AÇÃO, ao
ESPÍRITO ETERNO virá.
Quem,
com a MENTE ELEVADA e cheia de FÉ e AMOR, pensa em MIM, o ETERNO, o
ONIPRESENTE, ONISCIENTE e TODO PODEROSO. Quem sabe que EU SOU, ao mesmo tempo,
infinitamente pequeno e infinitamente grande, IMPALPÁVEL, o SENHOR e
SUSTENTADOR de tudo. Quem, com a VISÃO ESPIRITUAL, percebeu a majestade da
minha face, eternamente velada ao OLHO MATERIAL, e mais resplandecente do que o
Sol ao meio-dia.
Esse
participa da VIDA VERDADEIRA e, na morte, se torna IMORTAL; porque o seu
ESPÍRITO, tendo rompido todos os vínculos, entra em minha VIDA, em minha PAZ e
em minha ESSÊNCIA.
Quer
descrever-te, em poucas palavras, o caminho do ESPÍRITO ETERNO, a que as
Escrituras Sagradas chamam o CAMINHO PARA A IMORTALIDADE. Este caminho é
seguido por todos os que dominaram a si mesmos e se libertaram das paixões, e é
escolhido por aqueles que se dedicam a uma VIDA SANTA, de CONTINÊNCIA,
ASCETISMO, estudo das VERDADES DIVINAS e MEDITAÇÃO.
Ouve
as instruções: Fecha bem as portas dos teus SENTIDOS CORPORAIS. Domina o teu
CORAÇÃO, concentra a tua MENTE sobre o teu EU INTERIOR, e não a deixes vaguear
no EXTERIOR, nem ocupar com os PENSAMENTOS ESTRANHOS.
Sê
constante e firme em teu PROPÓSITO, e repete silenciosamente a MÍSTICA palavra
AUM, cujos três sons ou letras são símbolos do SER SUPREMO, como CRIADOR,
CONSERVAODR e DESTRUIDOR. Se assim te comportares, quando chegar a hora de
DEIXARES o teu INVÓLUCRO CORPÓREO, entrarás no caminho da SUPREMA VENTURA.
O
yogi que pensa em MIM INCESSANTE e FIXAMENTE, ó príncipe, e nunca se apega com
os seus pensamentos a qualquer outro objeto, com facilidade me achará (3).
(3). Isto não quer dizer que não devamos
ocupar-nos com os negócios e objetos exteriores, mas que devemos, qualquer que
seja a nossa ocupação, fazer tudo com boas intenções. E sem nunca nos esquecermos
da divina origem e do divino alvo de nossa vida.
Todos
os mundos e universos (4), mesmo o MUNDO DE BRAHMA, onde um dia é igual a mil
yugas (5), e a noite da mesma extensão, todos hão de passar. Mas, ainda que
passem e se renovem e de novo passam, não há necessidade de volta pra a ALMA do
sábio que se uniu a MIM. (4). Os hindus distinguem sete mundos (lokas) ou
planos espirituais, a saber: 1. Bhurloka – o mundo físico. 2. Antariskshaloka –
o mundo astral. 3. Svarloka ou Devakhan – o céu. 4. Moharloka – o mundo das
almas elevadas. 5. Janalaba. Topasloka. 7. Satyaloka. Estes três últimos
chamam-se Brahmalokas, mundos Divinos. O sétimo é o mundo da Realidade, Verdade
Absoluta. Satya – Verdade. (5). Um Maha-yuga dura 4.320.000 anos solares.
Aos
dias de Brahma sucedem as noites de Brahma; a sua duração é enorme, pois
conta-se em milhares de séculos.
No
princípio de cada DIA BRAMÂMICO, emergem todas as coisas de invisibilidade e
fazem-se visíveis; quando, porém, começa a noite bramâmica, todas COISAS VISÍVEIS
dissolvem-se e tornam a SER INVISÍVEIS.
Esta
multidão de seres, tendo existido antes, MANIFESTAM-SE com o DESPONTAR do novo
dia, e desaparece necessariamente ao chegar a noite, para ressurgir com o
ALVORECER DO NOVO DIA seguinte.
Pois
acima desta NATUREZA VISÍVEL e INVISÍVEL existe o que se chama o IMANIFESTO, o
IMPERECÍVEL.
Neste
SUPREMO CAMINHO, ó príncipe! Chegará ao BRAHMA, que é o IMANIFESTO e
INDESTRUTÍVEL. E quem o atingiu, não perderá nunca mais; esta é a minha MORADA
SUPREMA.
A
SUPREMA ESSÊNCIA, em que todas as coisas têm o seu ser, e pela qual todo este
universo foi criado, pode ser encontrada só pelo ESPÍRITO PURIFICADO, submisso
à VONTADE SUPREMA, desapegado de tudo o que não é DIVINO.
Agora
vou esclarecer-te sobre as condições que determinam se os que passaram pela
PORTA DA MORTE hão de RENASCER, ou se não voltam mais à TERRA.
Aqueles
que DESENCARNAM quando neles arde o FOGO DO AMOR DIVINO, ILUMINADOS pela luz do
VERDADEIRO CONHECIMENTO que distribui o SOL DA SABEDORIA. Conhecem o ESPIRITO
SUPREMO e com ele se unem, esses não são obrigados a RENASCER.
Aqueles,
porém, que DESENCARNAM no meio da FUMAÇA DOS ERROS, na noite da IGNORÂNCIA, não
podem ultrapassar a REGIÃO DA LUA (6). E hão de VOLTAR A ESFERA da MORTALIDADE
e ir RENASCENDO até que adquiram o GRAU NECESSÁRIO de AMOR e de saber. (6).
Isto é, a região astro-mental ou de Kama-Manas.
Estes
dois CAMINHOS são denominados os CAMINHOS ETERNOS DO MUNDO: um é claro, o outro
é escuro. Pelo primeiro chega-se à esfera donde NÃO VOLTA MAIS. O segundo vai
até a certa altura e VOLTA PARA TRÁS.
O
verdadeiro yogi, o homem que se dedica todo à DIVINDADE, sabe isto e não tem
medo. Aperfeiçoa-te, pois, em yoga, e esforça-te por atingir o SABER PERFEITO.
Os
FRUTOS deste SABER, Ó Arjuna! são superiores a tudo o que se pode alcançar pelo
estudo das Escrituras Sagradas, pelos ritos e sacrifícios. Pela AUSTERIADADE e
pela DISTRIBUIÇÃO DE ESMOLAS. O yogi que possui o SABER PERFEITO alcançou o
ALVO SUPREMO. Livro Bhagavad Gita. A Mensagem do Mestre. Abraço. Davi.
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
I. PILARES DA FÉ ISLÂMICA.
Islamismo.
www.ccib.org.br. I. PILARES DA FÉ
ISLÂMICA. São Seis os Pilares da Fé. 1. CRENÇA EM DEUS ÚNICO (TAUHID): Tauhid
Rububiia (UNICIDADE DO SENHORIO DE DEUS). Tauhid Uluhila (UNICIDADE NA
ADORAÇÃO). Tauhid Assifat (UNICIDADE DOS ATRIBUTOS DE DEUS). 2. CRENÇA NOS
ANJOS: Conceito de Anjos no Islam. 3. CRENÇA NOS LIVROS SAGRADOS: Torah.
Evangelho. Páginas Apócrifas. Alcorão Sagrado. 4. CRENÇA NOS MENSAGEIROS E
PROFETAS: Mensageiros. Profetas. 5. CRENÇA NA RESSURREIÇÃO E NO JUÍZO FINAL:
Conceito de Morte no Islam. Al Berzakh (A Espera entre a Morte e o Julgamento).
Al Ba’th (A Ressurreição). 6. CRENÇA NA PREDESTINAÇÃO: Al Qadr (A
Predestinação). A CRENÇA ISLÂMICA. A crença islâmica é clara, simples,
indo ao encontro da Fitra (significa o conhecimento e o estado que é inato ao
ser humano); é uma crença intermediária entre o exagero daqueles que acabam
criando outras divindades que os aproximem de Allah e aqueles que negam a
existência de Allah; é uma crença que não aceita acréscimos e nem que se retire
algo dela; ela não aceita ser imposta, devendo ser fruto de análise e da
observação, daí Allah em várias passagens do Alcorão se dirigir às pessoas
dizendo: "Acaso não raciocinam." "Acaso não meditam." A
crença no Islam se resume em seis pilares que se complementam, o que significa
que aquele que nega um desses pilares não é muçulmano. 1 - A
CRENÇA EM DEUS: O TAUHID (A UNICIDADE DE
ALLAH). A crença no tauhid é a coluna mestre da Fé islâmica. Ela se divide
em três partes, a primeira é o tauhid ar-rububia (unicidade do Criador) que
significa acreditar que Deus criou, mantém e é o Senhor de tudo e de todos; a
segunda é o tauhid al-Uluhia (unicidade da divindade), que expressa que Allah é
o Único a quem devemos adorar e a quem devemos dirigir nossas súplicas, sem que
haja intermediários entre os homens e Ele; e a terceira é o tauhid al-Asmá ua
Sifát(unicidade dos nomes e atributos de Allah), que quer dizer que a Allah
pertencem todos os nomes e atributos da perfeição, por isso devemos nos
submeter totalmente a Ele. Diz Allah, o Altíssimo "Dize: Ele é Allah, o
Único! Allah! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E nada é comparável a
Ele!" (sura 112). Esta crença representa a carta de alforria do homem em
relação a toda a sorte de humilhação, pois ele entende que a única
superioridade que existe é a Allah e que consequentemente todas as criaturas
são iguais, por isso ele não deixará humilhar por ninguém e não abaixará a
cabeça para ninguém, exceto para o Criador. Foi essa consciência que fez com
que um beduíno enviado como um mensageiro ao imperador Pérsia dissesse ao ser
interrogado acerca do seu envio: "Eu vim para retirar as pessoas da
adoração às criaturas para a adoração ao Senhor das criaturas." a) Tauhid
Rububiia - A crença na soberania divina. Crer que Deus é o Criador, o
Sustentor e o Soberano de tudo o que se refere à criação, bem como o Único que
decide seu destino. b) Tauhid Uluhiia - A crença na
divindade de Deus; ou seja, crer que Deus é o Único a ser adorado, e tudo o que
se adora além d'Ele, é falso. c) Tauhid Assifat - A
crença nos nomes e atributos de Deus, e que eles são completos e perfeitos, e
tais nomes devem ser corroborados pelo Alcorão, ou pelas tradições do profeta
Muhammad (que a paz e as benções de Deus estejam com ele). 2 - A
CRENÇA NOS ANJOS: A crença nos anjos é fruto da crença em Allah.
Os anjos são criaturas que executam as ordens de Allah. São feitos de luz,
possuem mãos, pés, asas; eles não se cansam, não agridem, possuem poderes e
podem assumir a forma humana; eles nunca desobedecem a Allah e são criaturas
extremamente virtuosos; possuem ocupações, e somente Allah sabe quantos
existem. Os anjos foram criados por Deus, O adoram e O obedecem. Deus os
encarregou com diferentes tarefas, como por exemplo: Jibraïl (Gabriel) que é
responsável por levar as mensagens de Deus aos profetas, Mikaïl (Miguel)
responsável pelas chuvas e crescimento das plantas e Israfil que será o
responsável por soprar a trombeta no Dia da Ressurreição. Também há o anjo da
morte (Izraïl (Rafael), que é o encarregado de tirar a vida das criaturas há um
tempo infalível, fixo e determinado por Deus. Rafael também tem muitos anjos a
trabalharem sob sua supervisão, uns que tiram a alma dos bons e outros que
tiram alma dos maus. 3 - A CRENÇA NOS LIVROS: As
mensagens divinas, reveladas por Allah aos mensageiros, estão contidas em
Livros. À medida que essas mensagens iam sendo esquecidas ou deturpadas, Allah
enviava novas mensagens. Dentre estas encontramos o Toráh de Moisés, os Salmos
de Davi e o Evangelho de Jesus. O último desses Livros é o Alcorão, que, ao
contrário dos outros, permanece inalterado, ou seja, continua da mesma forma em
que foi revelado ao Profeta Muhammad (SWAS). Veja o que o pesquisador Maurice
Bucaille (1920-1998) diz a esse respeito: "Uma autenticidade indiscutível
dá ao texto alcoránico um lugar à parte entre os Livros de revelação, lugar que
ele não divide nem com o antigo, nem com o novo Testamento." Somente Allah
conhece o número exato de Livros revelados. a) A Torá; revelada ao profeta
Moisés, e é o principal livro revelado ao povo de Israel. b) O Evangelho;
revelado a Jesus. c) Os Salmos, dados a Davi. d) O Nobre Alcorão; revelado ao
profeta Muhammad (SWAS), último dos profetas. Com ele, o Alcorão, Deus abrogou
todas as revelações anteriores, e se responsabilizou pela preservação do mesmo,
uma vez que servirá também como prova irrefutável contra aqueles que não creram
n'Ele nem no Dia do Juízo Final. 4 - A CRENÇA NOS MENSAGEIROS: Allah
elegeu os humanos alguns a quem o anjo Gabriel deveria revelar as mensagens,
esses são os mensageiros. Somente Allah conhece o seu número, mas no Alcorão
são mencionados vinte e cinco, dentre eles Abraão, Moisés, Jesus e Muhammad
(que a paz e a misericórdia de Allah estejam com todos eles). Eles sentiam o
que nós sentimos, ficavam doentes como nós ficamos e morreram como nós também
iremos morrer um dia, enfim, eram de carne e osso. Nós devemos acreditar em
todos eles e nas suas missões. Devemos dar testemunho que cumpriram e
transmitiram tudo corretamente. Eles eram pessoas de grande sabedoria. Diz Allah,
o Altíssimo: "Dizei: cremos em Allah, no que nos tem sido revelado, no que
foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob e às (doze) tribos; no que
foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos profetas por seu Senhor;
não fazemos distinção alguma entre eles, porque somos, para Ele,
muçulmanos." (2: 136) 5 - A CRENÇA NO DIA DO JUÍZO
FINAL: Crer no dia do juízo final é crer que após a morte seremos
ressuscitados, e todos os nossos atos serão julgados por aquele que nos criou.
A justiça será feita, e quem tiver seguido o caminho revelado por Allah terá o
paraíso como morada eterna, enquanto aquele que tiver preferido seguir os seus
desejos e caprichos terá o inferno como morada eterna. Agora imaginemos o
seguinte: Suponhamos um feto no ventre materno. O único mundo que ele conhece é
aquele apertado, escuro e cheio de água. Suponhamos ainda que ele possa ouvir e
entender tudo o que a sua mãe fala. Ela lhe explica que ele se encontra ali
temporariamente, e que passado um tempo ele sairá para um mundo enorme, cheio
de luz, cores, animais e pessoas adultas e idosas. Ele não será capaz de
imaginar o mundo fora do útero como descrito por sua mãe, visto essas imagens
não fazerem parte da sua realidade. Mas isso não significa que ele não deva
acreditar que esse mundo exista, onde a fonte dessa notícia é uma pessoa de sua
total confiança, sua mãe. O mesmo acontece conosco. Não é pelo fato de os
nossos sentidos serem incapazes de assimilar essa realidade (que é a existência
de uma outra vida após a morte) e de ela não pode ser vivenciada, que nós
devemos negar a sua existência, pois ela nos foi revelada pelo nosso Criador e
transmitida pelas pessoas mais sábias e verdadeiras que Allah ja criou. Como
disse Omar ibn abdel Aziz (Omar bin Abdel-Aziz governou no período de 99 a 101
depois da Hégira, na cidade de Medina.): "Nós fomos criados para a
eternidade e em verdade estamos nos mudando de um lar para outro." Mas há
pessoas que, além de não acreditarem nessa verdade transcendental, criam
teorias a fim de ter algo a que se apegar, pois a filtra e a razão se recusam a
crer que a existência acaba com a morte, como é o caso da teoria da
reencarnação. Dizem que o homem morre e o seu espírito torna a viver em um
outro corpo para alcançar o grau máximo de desenvolvimento (o que acaba gerando
um ciclo interminável). Dependendo de
como a pessoa tenha se comportado na vida anterior, ela reencarnará numa vida
de sofrimento (se tiver se comportado mal) ou numa vida feliz (se tiver se
comportado bem). Para essas pessoas, levanto as seguintes questões: a) como
Allah, que tem como um dos seus atributos a justiça, pode permitir que um corpo
pague pelos pecados de um outro corpo, e o que é pior, sem ter consciência
disso? b) Em que Livros revelados por Allah se encontram fundamentos para essa
teoria? c) Se o quanto nós sofremos nessa vida está diretamente relacionado ao
quanto aprontamos na vida passada, então como é que podemos seguir os
mensageiros que foram as pessoas que mais sofreram durante as suas vidas de
pregação? Afinal de contas, segundo essa teoria, eles foram as piores pessoas
na vida anterior, ou nas vidas anteriores. Será que uma só reencarnação é
suficiente para transformar esses espíritos inferiores em espíritos elevados
como eram os espíritos dos mensageiros? d) A teoria da reencarnação pressupõe o
seguinte: existem cinco pessoas; elas morrem e reencarnam em outras cinco
pessoas. Isso denota uma estagnação, ou na pior das hipóteses uma diminuição na
população do planeta. Então como explica o fato de a população mundial estar
crescendo numa proporção acelerada? e) frequentemente se afirmam que a
reencarnação é a solução para as questões de desigualdade que assolam o homem.
Tentam através dela explicar o motivo pelo qual pessoas nascem deformadas, ou
com algum tipo de deficiência, ou com alguma doença, ou o motivo que teria
feito com que pessoas normais se tornassem deficientes e ou adquirissem doenças
incuráveis. Mas o que explicará, então, as deformações, as deficiências e as
doenças incuráveis que atingem também as plantas e os animais? f) Porque as
pessoas sempre dizem reencarnar pessoas nobres, ou personagens da história com
Napoleão Bonaparte (1769-1821), Cleópatra (69 AC 30) e Júlio César (100 AC 44)
e nunca dizem reencarnar um mendigo leproso, escorraçado por todos? Aliás,
vocês já reparam quantas pessoas no mundo dizem reencarnar esses personagens ao
mesmo tempo? Quantos corpos para um único espírito, hein?! 6 - A
CRENÇA NA PREDESTINAÇÃO (DESTINO): Crer na predestinação é aceitar com
convicção que Allah é o Senhor de tudo e de todos e que Ele colocou tudo no seu
devido lugar, criando a felicidade e o sofrimento. O tempo de vida de cada ser
humano está nas mãos de Allah. O homem possui o livre-arbítrio. Ele tem o poder
de escolha, porém este poder não sai do círculo permitido por Allah. O homem
deve se esforçar ao máximo para conseguir o que deseja(de maneira lícita claro)
e para mudar uma situação, e não se acomodar e culpar o destino por tudo.
Algumas pessoas dizem que o livre-arbítrio não combina com a crença no destino;
para elas eu pergunto: a) Foi você quem escolheu quando nascer, a que família
pertencer e as suas características físicas e psicológicas? Certamente a
resposta será um sonoro não. b) Acaso é você que escolhe quando adoecer, quando
se curar e quando morrer? Novamente a resposta será não. Viu, olha só o destino
tomando parte da sua vida. c) Quando você decide se casar, pode escolher a
pessoa com a qual deseja dividir a sua vida? Ou quando você necessita de
dinheiro pode optar por trabalhar em vez de roubar? Ou quando você quer passar
de ano na escola, pode escolher entre estudar ou colar? A resposta é sim. Olha
o livre-arbítrio aí! A predestinação, é crer que Deus criou Suas criaturas, de
acordo com Sua Sabedoria prévia e absoluta antes de tudo acontecer. Tudo o que
aqui está, já estava em Sua Sabedoria antes de sê-lo, e escrita em Sua Tábua
Guardada. Logo, nada existiu, ou aconteceu sem Sua vontade. O
CONCEITO ISLÂMICO DE FÉ. A base de qualquer religião é a fé,
sem ela o homem é como um carro sem volante, andando cegamente sem objetivo,
sobre o mar de dúvidas e confusões. Ter fé no Islam é acreditar com
convicção na unicidade de Deus, Tauhid: ‘’La Ilaha Illal Lahu Muhammad
Rassulullah’’. ‘’Não a divindade além de Deus e Muhammad é seu Mensageiro.’’ A
aceitação ou a recusa desta expressão produz um mundo de diferença entro um
homem e o outro; o crente encontra o caminho reto, descobre a verdade, o
sossego íntimo e analisa tudo à luz da realidade Divina. O incrédulo vagueia
consecutivamente de uma ilusão para outra e afoga-se nas trevas. Para o
crente está reservado o sucesso neste e no outro Mundo e para o descrente a
condenação; porém, a força real deste Kalimah está na sua aceitação consciente
e completa aplicação na vida prática. Enquanto não se souber o verdadeiro
significado da Kalimah e sua essência não for alcançada, não se pode chegar à
importância real e efetiva desta doutrina. Por exemplo, se um esfomeado
ficar a repetir a palavra comida, não lhe encherá o estômago e nem o doente
poderá adquirir a saúde só por ficar a repetir a palavra remédio (...). Terá
que fazer algo na prática, da mesma forma a Kalimah não pode criar nenhuma
mudança na vida de alguém se apenas for meramente repetido sem convicção e sem
ser percebido o seu significado e sem ser praticado na letra e no
espírito. Desde os tempos antigos e desde que é conhecida a história do
homem nota-se que em todas as eras o Homem tem reconhecido uma deidade ou
deidades e adorou-as; mesmo agora, cada nação sobre a terra desde a mais primitiva
a mais civilizada acredita nisso e adora uma deidade. Isso demonstra que a
ideia de haver uma deidade e de adorá-la está no instinto humano, há algo
dentro do espírito humano que lhe força a proceder assim. Aceitar a
unicidade de Deus é chamada; Fé no Islam; a Fé no Islam é a base moral para
todas as ações e não é uma simples afirmação dogmática, da salvação como é no
Cristianismo. O bem-estar do homem depende da fé acompanhada de boas
ações. Assim, a fé é a crença firme, resultante do conhecimento e convicção
inabalável da unicidade de Deus e Seus Atributos, quem assim acredita é chamado
de Mumin. Esta fé guia o homem (é o volante) invariavelmente à vida de
obediência e submissão voluntária perante as ordens de Deus. E quem vive a vida
de submissão é conhecido por Muslim ''muçulmano''. DEUS E
SUA EXISTÊNCIA. É verdade que historicamente, o ser humano sempre pensou num poder
sobrenatural existente além deste nosso mundo das mudanças. Ele está
constantemente a tentar não só encontrar a origem de todo o Universo, mas,
também um objeto para a sua adoração. A história da Humanidade é apenas
uma série desses esforços, algumas pessoas pensaram que este poder podia ser
encarnado em certos tipos de arvores, pedras, ouro, ou no homem. Houve
pessoas que, pensavam que era o sol outras achavam que era a lua ou outros
astros, e ainda outras pensaram que eram os rios, etc. Há ainda outros que
dizem não haver Deus, mas a natureza em si é o seu Deus. Outros pensam que
Deus deve ser um poder sobrenatural, que não tem forma, nem semelhante, não é
afetado pelas mudanças, que é imortal e eterno. Está posição é semelhante a do
Islam. Tudo isto é o resultado da posição a que chegaram os psicólogos de
que o ser humano tem um instinto religioso. Por natureza ele acredita na existência
de um poder forte e grande que controla o Universo e sente que ele e o resto da
humanidade são dependentes d'Ele e sujeitos a esse poder. O Professor Max
Fuller no seu ‘’Hibbert Lectures’’ diz: ‘’A religião não é uma invenção
nova. Se não é antiga como o mundo pelo menos é antigo como o mundo que
conhecemos. Nunca houve falso Deus nem religião falsa a não ser que chames à
criança um homem falso. Daquilo que eu sei das religiões, todas elas tinham o
mesmo objetivo. Todas estavam ligadas a uma corrente que liga o céu a terra e
que, estava e continua, a ser assegurada pela mesma mão. O próprio Platão
(428-347) afirmou que: o conhecimento do verdadeiro Deus está implantado por
natureza em todas as almas e, o trabalho dos professores neste campo não é
ensinar o homem o que ele não sabe, mas é remover os obstáculos e as sombras
que ocultam a verdade e o impedem de chegar até lá e para lhe recordar do
conhecimento que ele já tem.’’ Assim o homem por natureza pensa em
Deus. Alguns deles conseguem descobri-lo e outros não, daí a tarefa dos
Profetas foi de recordá-los, da Existência de Deus; o Alcorão Sagrado menciona
vários sinais e de várias formas, chama a atenção do homem, recordando-o a
existência do verdadeiro Deus. Todos nós sentimos a sua existência, porém
há quem o recusa alegando que não o vê, o que não tem lógica, pois há coisas
que nós não vemos e estamos certos da sua existência como é o caso da nossa
própria alma, o juízo, a energia, etc. Estas e outras coisas semelhantes não
são vistas, mas a sua existência é aceita unanimemente. Realmente, nem
tudo se conhece diretamente; há coisas que conhecemo-las indiretamente, pois,
os seus efeitos são sentidos e conclui-se que existem. Por exemplo, se
carrego o peso que nenhum dos meus amigos o consegue, então eu deduzo que só o
faço por ser mais forte que eles. Sente-se os raios do sol aqui na terra, então
deduzimos que deve existir algo que permite a chegada dos seus raios aqui na
terra, etc. O nosso conhecimento acerca de Deus também não é diferente
disso, pois Ele é conhecido pelos Seus sinais e efeitos. Porque Ele é sutil,
conhecemo-lo não pelo nosso juízo diretamente, mais indiretamente, através das
Suas criações e efeitos. Razão pela qual não podemos conhecê-Lo inteiramente,
pois só conhecemos os Seus atributos através da revelação, é por isso que o ser
humano precisa da revelação. Nós podemos estabelecer através do argumento
racional a existência de Deus, mas a informação completa e total sobre Deus,
está fora do alcance humano, Deus não pode ser descrito exceto mencionando
algum dos seus atributos. Francis Bacon (1561-1626) diz: ‘’Quando as
ciências naturais são separadas pouco a pouco elas dão a entender inicialmente
que estão remotas de Deus. Mas, quando são estudadas em pormenores e examinadas
profundamente, elas forçam-nos chegar ao conhecimento da existência de Deus e
na sua crença.’’ (Christian Belief and Scince). A existência de Deus também
pode ser provada por intuição. O filósofo Francês René Descartes (1596-1650),
na sua demonstração da existência de Deus diz que: ‘’A existência de Deus
é conhecida intuitivamente e por depender da explicação intuitiva não precisa
de prova, nem de demonstração, basta só revelá-la e desenrolá-la.’’ Ele
diz ainda: ‘’Eu existo agora e sei que sou algo mudável, eu não sou a
causa da minha existência, senão teria existido antes, eu não sou a causa das
mudanças que caiem sobre mim, se fosse assim, ter-me-ia mudado para a melhor
posição, eu não sustento a minha própria existência, se fosse assim, poderia
subsistir (durar) para sempre. Os meus pais e os antepassados não causaram
todos estes acontecimentos em mim, porque eles ocupavam a mesma posição que eu
ocupo. Eu iniciei a minha vida na forma de uma criança desamparada, cresci
chegando à juventude e tornei-me homem e depois ao declínio na forma de um
velho. Não são todos estes sentimentos e mudanças a caírem sobre, um sinal de
que sou um ser mortal cuja origem, deve ser imortal e a alma eterna?’’
(Evolution theory and christian belief - the unresolved conflict). Will Herberg
(1901-1977) explica a existência de Deus de uma outra forma, ele diz: ‘’Se
a palavra a DEUS tem de ter alguma relação aos nossos problemas temos que
reconhecer que Deus não é algo cuja existência pode ser estabelecida por um
simples expediente ao empurrar uma investigação científica ou avançando um
bocadinho mais com especulação metafísica. A própria tentativa de fazer isso é
um erro e uma iniciativa ilusória, pois no fundo isso trata de Deus como
qualquer outro objeto do mundo, não corno um objeto transcendente que não pode
ser encerrado no material de experiência; a mesma coisa pode ser dita sobre a
tentativa de deduzir Deus da história ou de dentro dos fundos da consciência
humana onde afinal refletem as nossas próprias confusões e limitações. Deus
cria e sustenta toda a natureza.’’ (Will Herberg: Four Existentialist
Thinker's). Não há dúvida que Deus existe, sentimos a Sua existência, mas uma
vez que está fora do nosso alcance mental, descrevê-Lo, temos que nos basear
nas revelações Divinas onde o próprio Deus nos diz quais são as Suas qualidades
e atributos. O Alcorão Sagrado por sua parte dá-nos provas da existência
de Deus, concentrado a maior parte dos seus argumentos em 5 tópicos: 1º.
EVIDÊNCIA (prova) DA EXPERIÊNCIA ÍNTIMA DA HUMANIDADE; 2º. REVELAÇÃO
DIVINA AO HOMEM; 3º. MODELO UNIVERSAL DA MORAL HUMANA; 4º. DOUTRINA
DA CRIAÇÃO DO UNIVERSO; 5º. ARGUMENTO COSMOLÓGICO. Colocando
juntas todas essas evidências, o homem por mais ateu que seja chegará à
conclusão de que existem bases razoáveis para se acreditar que há uma
personalidade e força através do Universo que controla tudo isto, e essa
personalidade é denominada Deus pelos muçulmanos. Assim, o muçulmano em
primeiro lugar deduz a existência de Deus de dentro de si próprio e da natureza
em geral, porque, Deus diz no Alcorão Sagrado: ‘’Na criação dos céus e da
terra e na alternância do dia e da noite há sinais para os sensatos.’’ (Alcorão
Sagrado 3:190). E diz: ‘’E também (os há) em vós mesmos. Não vedes,
acaso?’’ (Alcorão Sagrado 51:21). Não há dúvida que Deus existe, e é
Único, não há nada nem ninguém igual a Ele nos seus Atributos e na sua
Essência. O Islam não lança, a mentalidade humana para aquilo que ela não tem
capacidade de perceber, o Islam está apenas a dirigir a atenção do homem para
os fatos, que ele próprio pode descobrir se estiver seriamente interessado no
uso do seu poder de pensar. Há muitos versículos no Alcorão Sagrado que nos dão
provas positivas da existência de Deus, o Único. Diz Deus no Alcorão
Sagrado: ‘’Porventura, não foram eles criados do nada, ou são eles os
criadores? Ou criaram, acaso, os céus e a terra? Qual! Não se persuadirão!’’
(Alcorão Sagrado 52:35 e 36). O Alcorão Sagrado explica que para todas as
coisas assim como para o Homem, que tem início no tempo, só há três possibilidades
para a sua existência. Três maneiras de explicar como isso
apareceu: 1º Aparecer a partir do nada; 2º Ser criador de si
próprio; 3º Ter um criador fora de si próprio. A terceira
possibilidade não está mencionada no versículo acima citado, mas deduz-se, uma
vez que o versículo foi dirigido, às pessoas que recusavam, a existência do
Criador, e diz-lhes que se não, existe um Criador então só restam aquelas duas
possibilidades. 1º Ter sido criado do nada, isto é, ter aparecido sozinho
ou ser criador de si próprio (...). É inconcebível algo aparecer a partir do
nada. Achamos oportuno mencionar aqui um debate ocorrido entre o Imam Abu
Hanifa (699-767) o um ateu que dizia que tudo apareceu sozinho. O tópico
do debate era ‘’provar a existência do Criador’’. Marcada a hora é o
local, muita gente se juntou para assistir o debate. O ateu apareceu à hora
marcada, porém o Imam atrasou-se. O ateu furioso com a demora do Imam quis
saber qual tinha sido o motivo do atraso. O Imam justificou-se dizendo: Eu vivo
na outra margem do rio. Estava lá a espera do transporte a fim de aqui chegar,
contudo não apareceu nenhum. Entretanto para o meu espanto, vi árvores da
margem do rio a cortarem-se sozinhas e a transformarem-se em barrotes que se
juntaram sozinhos e pregos apareceram a pregarem-se sozinhos nos barrotes
transformando-se num barco. Em tão pouco tempo o barco estava pronto e
sozinho começou a movimentar-se na minha direção, tendo parado à minha frente.
Entrei nele, sem ninguém o pilotar começou a andar, até que cheguei a este lado
do rio e só assim foi possível eu chegar até aqui. O ateu, furioso disse:
Vens atrasado e ainda, contas histórias que nem urna criança aceita, como é que
os barrotes sozinhos transformaram-se em barco? Isso é uma loucura, é impossível! O
Imam retorquiu: Ora se isso é impossível como é que este Universo tão grande,
com toda a sua perfeição, sozinhos, sem que ninguém o causasse, tornou-se num
Universo? Assim, o nosso debate já terminou. Tijolos, cimento e água não
podem juntar-se sozinhos transformando-se em casa e nenhuma outra coisa no
mundo pode transformar-se naquilo que ela é sozinha. Tem de haver alguém para o
fazer. Como é que este mundo e nós todos aparecemos sozinhos? Isto não tem
lógica. 2º É ainda mais inconcebível que seja criador de si próprio. Se a
pessoa fosse criadora de si própria, teria opção na escolha do seu sexo, cor,
estatura, etc (...). Mas é sabido que isso não está no seu poder e mesmo agora,
depois de criado não tem poder criativo sobre si próprio, por exemplo: A função
do seu sistema digestivo, coração os órgãos todos, não estão no seu poder, não
pode evitar a queda dos cabelos, dentes, velhice, fraqueza e a morte, etc
(...). Portanto a única conclusão é que deve haver um Criador. E, esse
Criador é Deus, que cria e controla tudo. Uma vez provado que tudo foi
criado por Deus, a Ele temos que adorar exclusivamente e somente a Ele servir e
é isso que se chama Tauhid. At -Tauhid: CRENÇA NA UNICIDADE DE DEUS.
“Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi
gerado! E ninguém é comparável a Ele!’’ (Alcorão Sagrado 112: 1 ao 4). Nos
termos da Chari'ah, Tauhid significa crer no seu íntimo na unicidade de Deus,
na Sua pessoa (Zát) e nos Seus Atributos (Sifa'ts) sendo necessário declarar
verbalmente o Kalimah de Tauhid. A crença no Tauhid é lógica e natural, pois se
houvesse outros deuses, ou parceiros de Deus nos Seus Atributos, haveria então
uma grande confusão e desordem no universo. Pois, dois reis não podem governar
simultaneamente no mesmo reino, Deus diz no Alcorão Sagrado: ‘’Se houvesse
nos céus e na terra outras divindades além de Deus, (ambos) já se teriam
desordenado. Glorificado seja Deus, Senhor do Trono, de tudo quanto Lhe
atribuem!’’ (Alcorão Sagrado 21:22). Se existissem dois deuses, as, confusões,
diferenças e conflitos seriam, inevitáveis, isto é, um poderia desejar manter
uma pessoa viva e o outro desejasse matá-lo e obviamente a pessoa não poderia
estar ao mesmo tempo viva e morta. Assim sendo, se a pessoa morresse, o deus
que lhe queria dar vida perderia, se ela vivesse, o deus que lhe quer matar
perderia, e perder é sinal de impotência, e um impotente não pode ser
Deus. Deus está livre de todas as fraquezas e defeitos. A Sociedade
(associação) é uma grande fraqueza especialmente nos assuntos relacionados com
governo. Deus é o Criador e tem o total controle e poder acima da
criatura. Portanto, para ser Muçulmano é necessário acreditar na unicidade
de Deus, sendo Ele o Único, o Criador, o Sustentador e o Nutridor, isso se
chama; Tauhid Ar-Rubu-Bíyah. Contudo, isso não é suficiente para fazer de
alguém muçulmano, porque no tempo do Profeta Muhammad (SWAS), embora a maioria
fosse ateu, havia pessoas que acreditavam em Deus como Único Criador e
Nutridor, mas, isto não fez com que eles fossem considerados
Muçulmanos. Por isso, que como no, Tauhid Ar-Rubu-Biyah, deve também se
acreditar no; Tauhid-Al-Uluhiya, isto é, aceitar o fato de que só Deus merece
ser adorado, e evitar sob qualquer forma associar a Ele, outros na
adoração. No Alcorão Sagrado o argumento de Tauhid-AI-Uluhiya está baseado
no Tauhid-Ar-Rubu-Biyah. Portanto se é Deus que cria e controla tudo,
então porque é que os humanos adoram outros fora Dele? Diz Deus no Alcorão
Sagrado: ‘’Ó humanos, adorai o vosso Senhor, Que vos criou, bem como aos
vossos antepassados, quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos. Ele fez-vos da
terra um leito, e do céu um teto, e envia do céu a água, com a qual faz brotar
os frutos para o vosso sustento. Não atribuais rivais a Deus,
conscientemente.’’ (Alcorão Sagrado 2:21 e 22). Allah é o nome próprio e o mais
correto do único ser Divino. Não tem nem plural nem feminino. Enquanto a
palavra Deus tem plural e feminino. Allah é o nome semítico para Divino, assim
como em qualquer língua existe um nome especifico para denominar esse Único ser
que reside dentro de todos nós cuja presença sentimos. Em Latim é Deus, em
Inglês é God, em Persa é Khuda, em Hindi é Deva, em Grego Odeos, e assim
sucessivamente, mas isto não significa que God é o Deus dos Ingleses, nem que
Dieu é o Deus dos Franceses. Deus no Alcorão Sagrado ordena aos muçulmanos para
dizerem aos outros: ‘’Cremos no que nos foi revelado, assim como no que
vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.’’
(Alcorão Sagrado 29:46). A crença na unicidade e soberania de Deus liberta a
pessoa de todos os medos e superstições ao tomá-la consciente da presença de
Deus e das obrigações para com Ele. A crença num Deus exige que olhemos para
toda a humanidade como uma única família, independentemente da sua cor, classe,
raça ou território, sendo todos nós criaturas do mesmo Deus. O Islam rejeita a
ideia da existência do Povo Escolhido, à base de raça, cor, classe ou
território, fazendo da fé em Deus e as boas ações, o único caminho ao paraíso,
estabelecendo assim uma relação direta com Deus, aberta a todos sem
intermediários. Para ser muçulmano basta confessar com sinceridade e
convicção, o Kalimah: Lá iláha illa-lah Muhammadu Rassulullah. Não se
deve dizer ‘’converteu-se’’ a respeito da pessoa que entrou no Islam, mas sim,
reverteu-se, isto é, voltou às origens (à religião universal) porque o Profeta
Muhammad (SWAS), disse: ’Toda a criança nasce muçulmana (submissa a Deus),
porém os seus pais arrastam-na para a sua religião, fora do Islam.'' O
Alcorão Sagrado também confirma isso. Mas quem deixa o Islam e entra em outra
religião, esse sim pode-se dizer a seu respeito que se converteu, para tal
religião, porque mudou a sua origem. O Alcorão Sagrado denominou de
Muçulmanos; os que se submeteram voluntariamente perante as ordens de Deus, por
conseguinte devemos recusar sermos chamados por Maometanos ou Muhammadismo; um
nome inventado pelos ocidentais para dar a entender aos menos esclarecidos que
adoramos a Muhammad; ‘’Maomé’’ em semelhança a outras religiões as quais
adotaram o nome de seus fundadores. Os muçulmanos acreditam na unidade de
Deus e consideram a divindade de Jesus (que a Paz esteja sobre ele), por parte
de algumas pessoas uma reversão ao Politeísmo. O Alcorão Sagrado diz que Jesus
(que a Paz esteja sobre ele), não era uma encarnação de Deus, mas sim seu
Mensageiro e em semelhança a outros Profetas, um ser humano. O Islam
também rejeita a doutrina de que Jesus é filho de Deus, todos somos criaturas
de Deus, A expressão Filho de Deus foi utilizada na Bíblia para outros Profetas
e também para os crentes em geral, contudo não sabemos porque os cristãos
aplicam este termo na forma literal e, exclusiva somente para Jesus (que a Paz
esteja sobre ele). Talvez porque o seu nascimento foi milagroso, sem um pai, se
é esse o motivo, então Adão (que a Paz esteja sobre ele) também deveria ser
considerado filho Deus, pois nasceu sem um pai e sem mãe. Por exemplo, o
Profeta Daud (David) (que a Paz esteja sobre ele), recebeu este título muito
antes de Jesus(que a Paz esteja sobre ele): ‘’Divulgarei o decreto do
Senhor. Ele disse-me: Tu és meu Filho, hoje mesmo te gerei.’’ (Salmos 2:7). Da
mesma forma, Israel e Salomão (que a Paz esteja sobre eles); foram chamados de
Filho de Deus: ‘’Assim fala o Senhor: Meu filho primogênito é Israel’’
(Êxodo 4:22). ’’Será ele a construir uma Casa a meu nome. Ele será para mim um
filho, e serei para ele um pai e firmarei para sempre o trono de sua realeza
sobre Israel’’ (I Crônicas 22:10). Jesus (que a Paz esteja sobre ele) disse que
todo o Homem piedoso era Filho de Deus. ’Eu porém digo-vos. Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis Filhos
do Vosso Pai que está nos céus.’’(Mateus 5:44 e 45). E disse: ‘’Bem
aventurados os pacificadores, porque serão chamados Filhos de Deus.’’ (Mateus
5:9). O Islam rejeita o dogma do pecado original e da expiação que faz parte de
algumas doutrinas para a salvação e considera toda a criança que nasce, pura
sem pecados e inocente. O Islam diz que o pecado não é herdado, é algo que
cada ser humano adquire para si próprio ao praticar o que não devia.
Raciocinando bem, seria de fato uma grande injustiça condenar toda a raça
humana pelos pecados cometidos a milhares de anos, pelos primeiros Pais. O
Pecado é uma transgressão voluntária e consciente das leis de Deus ou das leis
do bem e do mal. A sua responsabilidade recai somente sobre a pessoa que
cometeu e, não sobre os seus filhos. Jesus (que a Paz esteja sobre ele) disse
que o único caminho para a salvação era cumprir os mandamentos, como consta em
Marcos: ‘’E Pondo-se a caminho, correu para elo, um homem o qual se
ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna? E Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? Não há bom senão um só, que é
Deus. Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
dirás falsos testemunhos, não defraudarás alguém; Honra a teu pai e a, tua
mãe.’’ (Marcos 10:17 ao 19). Portanto para entrar na vida eterna deve-se
guardar os mandamentos. Os Muçulmanos também não acreditam na trindade,
isto é, três pessoas na divindade: Pai, Filho (Jesus) e Espírito Santo. Pois
Jesus (que a Paz esteja sobre ele) nasceu de Maria, e a sua necessidade pela
comida e bebida são indicações claras de que era humano e não Deus e nem filho
de Deus. Ele era sim, um dos grandes mensageiros de Deus, os que acreditam na
sua divindade são mushrik's porque atribuem parceiros a Deus, diz Deus no
Alcorão Sagrado: ‘’São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade!,
portanto não existe divindade alguma além do Deus Único.’’ Alcorão Sagrado
5:73). Existem na Índia, no Iran, os Zoroastras (adoradores do fogo)
(Majuss). A crença deles está em conflito direto com Tauhid, eles acreditam em
um duplo poder, sendo um o Iazdan, o criador do bem e outro Ahraman, criador do
mal. Eles acreditam que o trabalho de Iazdan é criar e o de Ahraman é destruir,
o Alcorão Sagrado repudia esse tipo de crença e diz: ‘’Deus disse: Não
adoreis a dois deuses - mas sim, há um Único Deus! – Temei, pois, a Mim
somente! Seu é tudo quanto existe nos céus e na terra. Somente a Ele devemos
obediência permanente. Temeríeis, acaso, alguém além de Deus?’’ (Alcorão
Sagrado 16:51 ao 53). Além destes há os Hindus, que não têm uma religião fixa,
estão divididos em várias castas e milhares de seitas e não têm uma divindade
fixa. Cada seita tem o seu deus, e algumas delas têm três deusas e outras ainda
vários deuses e com formas diversificadas. Islam advoga a doutrina do
Monoteísmo puro propagado por todos os Profetas, inclusive por Jesus (que a Paz
esteja sobre ele), assim como consta na Bíblia. ‘’E Jesus respondeu-lhe: O
primeiro de todos os mandamentos é, ouve, Israel, o senhor, nosso Deus, é o
Único Senhor’’(Marcos 12:21). E consta: ‘’E Jesus lhe disse: Porque
me chama Bom? Ninguém é Bom senão um que é Deus.’’ (Marcos 10:18). E
disse: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás.’’ (Mateus
4:10). A doutrina da Trindade foi inventada pelos cristãos por volta de
300 anos após Jesus (que a Paz esteja sobre ele). Os quatro evangelhos
canônicos não contêm nenhuma referência sobre isso, consta no ‘’The New
Catholic Encyclopaedia (1967)’’. A formulação de um Deus em três pessoas não
tinha sido solidamente estabelecida na vida Cristã e na sua profissão de fé, anterior
ao fim do século quatro. Mas foi precisamente esta formulação que reclamou
primeiro o título de ‘’O dogma Trinitário’’. Entre os padres apostólicos não
havia nada, mesmo remotamente próximo, a tal mentalidade ou perspectivas. (Vol.
14 Pag. 295 Art. The Holy Trinity). O Profeta Muhammad (SWAS), restabeleceu,
purificou e propagou o Monoteísmo puro e natural. Os muçulmanos não acreditam,
que qualquer Profeta em qualquer era; tivesse se auto proclamado Deus,
filho de Deus ou parceiro na divindade. A doutrina básica no Islam é o conceito
da unicidade de Deus e é essa a característica distinta do Islam sendo esta a
mais pura forma do Monoteísmo. Ash Shirk (Politeísmo). Shirk,
literalmente significa atribuir parceiro, Shirk é oposto ao Tauhid, e nos
termos de Chari'ah quer dizer atribuir as qualidades exclusivas de Deus, a
outros seres, mesmo se essa atribuição for feita a Profetas, Anjos, Santos,
etc. Assim o que pratica o Shirk é chamado Mushrik, Deus nunca vai perdoar
o Mushrik. Ele diz no Alcorão Sagrado: ‘’Deus jamais perdoará a quem Lhe
atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem atribuir
parceiros a Deus cometerá um pecado ignominioso.’’ (Alcorão sagrado 4:48). O
Shirk é algo tão repudiável que o ser humano e nem qualquer outro animal
consente para si próprio; por exemplo, um homem está pronto a perdoar todos os
erros cometidos por sua mulher no que lhe diz respeito, porém, se
ela arranjar um outro homem e tratá-lo como marido, isto é, associando-o,
de certo que ele (o marido) considerará aquilo, uma traição imperdoável,
enquanto a relação entre marido e mulher é apenas de companheiros de
vida. Como pode Deus, cuja relação conosco é a de Criador para criatura, e
de Senhor para servo, que nos dá a vida, a saúde, o sustento e tudo que temos,
tolerar que seja associado a outros seres? Temos que lhe ser fiéis e adorar
somente a Ele. Algumas características de Shirk (politeísmo): 1º Shirk no
ser (na pessoa) (Shirk fiz-zát). 2º Shirk nos atributos, (Shirk
fis-sifát). Atribuir as qualidades exclusivas de Deus a alguém, por
exemplo, aos Profetas, Santos, Imam, Anjos, Imagens, etc (...). Acreditar por
exemplo que tais personagens detêm conhecimentos do oculto, sobre o passado,
presente e futuro, ou o conhecimento deles é igual ao de Deus; ou ainda
acreditar que o Profeta, imagem ou santo têm poder igual ao de Deus, ou que
eles também podem dar a vida, a morte, realizar nossos desejos, satisfazerem às
nossas necessidades e dar o sustento. Pois se eles fossem poderosos,
nenhum mal lhes teria atingido, porém sabemos que eles também sofreram, foram
perseguidos, torturados, massacrados e finalmente tiveram que, deixar este
mundo. Ou acreditar que assim como Deus ouve tudo e vê tudo, eles também
ouvem tudo e vêm todas as nossas ações, independentemente da distância a que se
encontram. Deus é único Ser que merece ser adorado e não há ninguém como
Ele. Ele está muito próximo da sua, criatura, e não precisa de
intermediários, Ele cuida de todos, é Onipotente. Atribuir qualidades
exclusivas de Deus, a qualquer pessoa é Shirk, portanto prestar cultos a
imagens, a santos, nas campas, beijar as campas como sinal de adoração, colocar
comidas nas campas, sacrificar animais em dedicação a santos, organizar
festivais, peregrinações periódicas a feiras de santos, excursões anuais
(aniversários dos santos) junto das campas, fazer promessas ou pedidos junto às
campas dos santos e Profetas, pedir apoio a outros fora de Deus e acreditar
que, essa pessoa por mais longe que esteja, tem o poder de socorrer, beneficiar
ou prejudicar, jurar em nome de outros que não seja Deus, praticar, consultar e
acreditar na bruxaria e curandeirismo, estes e mais outros atos semelhantes são
considerados shirk. O Profeta Muhammad (SWAS), disse: ‘’Não associe
nada a Deus (não cometa Shirk) mesmo se, fores morto ou queimado.’’ E diz
em um longo Hadith: ‘’Se pedires, peça a Deus, se, procurares ajuda,
procure ajuda de Deus.’’ Al Kufr (Incredulidade). Literalmente o Kufr
significa cobrir, tapar, nos termos da Chari’ah o Kufr é oposto ao Imam, isto
é: Não acreditar na existência de Deus ou nos Seus atributos ou rejeitar algo
transmitido pelo Profeta Muhammad (SWAS), à humanidade. Desrespeitar o
Alcorão Sagrado e o Hadith, utilizar os símbolos distintos dos Káfir's como o
uso de amuletos ou de brincos com cruz, prestar cultos a outro ser, fora Deus,
desonrar o Profeta Muhammad (SWAS), rejeitar qualquer um dos livros Divinos,
duvidar de algum dos artigos da fé, ou de algum dos Profetas, recusar o dia do
Juízo Final, rejeitar algum dos ensinamentos autênticos indiscutíveis do Islam,
rejeitar os hadith do Profeta Muhammad (SWAS),), não aceitar que o Profeta
Muhammad (SWAS), é o último Profeta, tudo isso é Kufr. Desrespeitar, rir e
fazer piadas dos ensinamentos da religião do Islam, tecer também é Kufr, perder
a esperança da Misericórdia de Deus mesmo se estiver, submerso nos pecados,
também é Kufr, o que prática o Kufr chama-se Káfir. Não há Salatul Janaza
(oração fúnebre) para os que renunciam o Din (religião do Islam) quando eles
morrem. www.ccib.org.br. Abraço. Davi
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