Este
texto foi traduzido por Swami Vijoyananda (1898-1973), monge da Ordem
Ramakrishna. Foi discípulo de Swami Ramakrishna (1863-1922), sendo o pioneiro
da Vedanta na América do Sul e líder espiritual da Rama Krishna. O
Bhagavad Gita, ou Canto do Senhor, pertence à Grande Epopeia Mahabharata dos
Hindus. Este texto sagrado tem dezoito capítulos (25 a 42) do Bhisma Parva
desta Epopeia. O livro completo tem 250.000 versos. Também o chamam Gita ou
Canto porque é um diálogo em verso entre Krishna, a Encarnação Divina e Arjuna.
O Gita é um dos mais importantes textos espirituais do mundo. O hindu
instruído, culto e de temperamento espiritual lê este texto com profunda
reverência e encontra através de seus versos sua pergunta respondida, sua
dúvida dissipada, recobrado o seu ânimo e claro é iluminado o seu caminho; e
assim prossegue com passos seguros sua marcha ao seu Ideal de vida. Krishna, o
instrutor do Gita, é o amigo ideal, o sábio preceptor, o grande yogui, o
guerreiro invencível, o conhecedor perfeito, o estadista consumado da época; em
sua pessoa todas as belas qualidades humanas estão harmonizadas. O fato de que
este texto muito sagrado tenha como marco o campo de batalha, chama a atenção
de muitos leitores, especialmente ocidentais, que sincera, mas desfavoravelmente,
criticam a personalidade de Krishna como Encarnação Divina. Dizem: Como é
possível que a Encarnação de Deus instigue a seu melhor amigo a levantar seu
arco e matar as pessoas? Como Deus, o misericordioso, pode ser a causa direta
ou instrumental da matança? Isto necessita certo esclarecimento. Antes de tudo
compreendamos uma coisa com toda clareza: Krishna jamais disse à Arjuna que
matasse a todos inimigos por algum fim pessoal; Ele o fez recordar seu dever de
kshatriya, o guerreiro que protege a causa da retidão e justiça. Os adversários
de Arjuna eram adictos (afeiçoado, dependente) de seu primo, que havia usurpado
o trono de seu irmão mais velho. Esse primo havia tentado matá-los e lhes havia
dito que teriam que reconquistar o trono no campo de batalha. Assim que não era
o momento de demonstrar sua compaixão a estes injustos e ser morto por eles,
dando-lhes a oportunidade de propagar a injustiça e a irreligiosidade. Muito
diferentemente do que professam os crentes ocidentais, especialmente os
cristãos, o hindu acha muito razoável a ideia de que Deus se encarne no corpo
humano tantas vezes como sinta ser necessário. No Gita lemos: “Toda vez que
declina a religião e prevalece a irreligião, Me encarno de novo.” Sem nos
perdermos nas infrutíferas discussões dogmáticas das diferentes escolas de
teologia, nas quais a lógica e o bom senso estão subordinados às opiniões
sectárias, vamos ouvir o que diz o hindu em apoio de seu conceito sobre a
Encarnação. Diz: Deus impessoal e sem qualidades é um conceito tão sumamente
elevado que a maioria dos seres humanos não podem nem compreender nem sentir.
Só pouquíssimos seres, que se liberaram de todo tipo de desejos e necessidades,
que superaram a vida objetiva, que pela absoluta pureza de coração e pela devoção,
dedicando seu corpo, mente e alma a Deus, puderam apagar completamente a
diferença entre eles e seu Bem Amado Deus e assim gozar da Suprema Bem
Aventurança do estado da Beatitude, Só eles podem dizer, por sua realização,
que Deus é Impessoal; porque neste estado já não existe o conceito de
personalidade, nem subjetiva nem objetivamente. Mesmo estes Bem Aventurados
Seres, ao baixar de seu elevado estado de supra consciência, aceitam que o Deus
Impessoal é também Pessoal como Ser Universal. Ele é tudo, o que existe
objetivamente é Sua manifestação; Ele está em todos os seres animados e
inanimados. O resto da humanidade, os que vivem a vida de necessidades e sua
satisfação, para quem a individualidade é a realidade, necessitam de um exemplo
objetivo, um ser humano que com sua vida pura e absolutamente abnegada e por
sua realização espiritual se una definitivamente com o Princípio Divino e viva
como a própria figura da misericórdia e declare, com sua autoridade, a
existência de Deus. Essa personificação humana da Divindade é a Encarnação, que
vive de época em época “para proteger aos bons, destruir aos maus e
restabelecer a Eterna Religião". Ninguém sabe a data exata da criação
deste mundo ou de sua aparição como um processo evolutivo da natureza, a qual nada
faz mecanicamente. A natureza é inteligente e todas as suas modificações levam
a marca desta inteligência. O hindu diz que a natureza, individual e coletiva,
é Deus em Manifestação; a natureza é parte do Onipresente. Tampouco conhecemos
exatamente quando apareceu pela primeira vez o homem sobre esta terra. Todas as
datas que propõem os antropólogos e outros homens de ciência são aproximadas,
são conjecturas. Hoje é muito arriscado opinar que nossos irmãos de sete ou
oito mil anos atrás eram menos avançados que nós em conceitos morais e
espirituais. Os Upanishades, os textos de Yoga, o sistema do Samkhya,
demonstram que os seres humanos daquela época, ainda que vivessem com menos
artigos de luxo, tinham conceitos espirituais muito elevados. Alguns deles já
sabiam que Deus é Universal, que Deus é Existência Conhecimento Bem Aventurança
Absoluta, que Deus é Pessoal e Impessoal; sabiam que o homem, pelo caminho do
controle interno e externo pode gozar da Bem Aventurança Eterna pela
Misericórdia Divina; sabiam que todo o sofrimento humano é devido a que o homem
ignora sua própria natureza divina. De maneira que não podemos dizer que o
homem, antes da era cristã, não necessitou nem teve a bênção da presença das
Encarnações. É ilógico, insensato e dogmático dizer que antes da aparição de
Jesus Cristo a raça humana não recebia a graça divina e que com a Encarnação de
Deus no corpo de Jesus se abriu, pela primeira vez, a porta da salvação.
Salvação é ser consciente da eterna presença de Deus. Além disso, o hindu diz
que, como todas as ideias e normas, as da Religião prosperam também, durante
certo tempo e depois decaem, as pessoas afastadas dos seres humanos não podem
nem compreender nem sentir. Só pouquíssimos seres, que se liberaram de todo
tipo de desejos e necessidades, que superaram a vida objetiva, que pela
absoluta pureza de coração e pela devoção, dedicando seu corpo, mente e alma a
Deus, puderam apagar completamente a diferença entre eles e seu Bem Amado Deus
e assim gozar da Suprema Bem Aventurança do Estado da Beatitude, só eles podem
dizer, por sua realização, que Deus é Impessoal; porque neste estado já não
existe o conceito de personalidade, nem subjetiva nem objetivamente. Mesmo
estes Bem Aventurados Seres, ao baixar de seu elevado estado de supra
consciência, aceitam que Deus Impessoal é também Pessoal como Ser Universal.
Ele é tudo, o que existe objetivamente é Sua manifestação; Ele está em todos os
seres animados e inanimados. O resto da humanidade, os que vivem a vida de
necessidades e sua satisfação, para quem a individualidade é a realidade,
necessitam de um exemplo objetivo, um ser humano que com sua vida pura e
absolutamente abnegada e por sua realização espiritual se una definitivamente
com o Princípio Divino e viva como a própria figura da misericórdia e declare,
com sua autoridade, a existência de Deus. Essa personificação humana da
Divindade é a Encarnação, que vive de época em época "para proteger aos
bons, destruir aos maus e restabelecer a Eterna Religião". Ninguém sabe a
data exata da criação deste mundo ou de sua aparição como um processo evolutivo
da natureza, a qual nada faz mecanicamente. A natureza é inteligente e todas as
suas modificações levam a marca desta inteligência. O hindu diz que a natureza,
individual e coletiva, é Deus em Manifestação; a natureza é parte do
Onipresente. Tampouco conhecemos exatamente quando apareceu pela primeira vez o
homem sobre esta terra. Alguns deles já sabiam que Deus é Universal, que Deus é
Existência Conhecimento Bem aventurança Absoluta, que Deus é Pessoal e
Impessoal; sabiam que o homem, pelo caminho do controle interno e externo pode
gozar da Bem Aventurança eterna pela misericórdia divina; sabiam que todo o
sofrimento humano é devido a que o homem ignora sua própria natureza divina.
Além disso, o hindu diz que, como todas as ideias e normas, as da Religião
prosperam também, durante certo tempo e depois decaem, as pessoas afastadas de
seu Ideal, se tornam egoístas e mesquinhas, se esquecem de amar à Deus e à seu
próximo, vivem a vida puramente sensual, de luta e competição. Quando se
generaliza este estado, certos amantes da Divindade rogam fervorosamente pela
salvação de seus irmãos ignorantes e a misericórdia se condensa em uma forma
humana. Este fato místico, esta manifestação de Puro Amor, ocorreu antes e
ocorrerá no futuro. Em qualquer parte do mundo, para o homem comum, a religião
consiste só em cumprir alguns deveres morais. O dever varia segundo o ambiente
e posição social da pessoa. Aparentemente o dever do pai é bem diferente do
dever do filho. O dever de um rei ou governante de um povo é velar com zelo
pelo bem estar físico, moral e espiritual de cada pessoa do povo. Esta magna
tarefa se cumpre com êxito quando o governante leva uma vida abnegada e
dedicada. Se seu povo é atacado por inimigos, ele tem que derrotá-los sem
considerações e se for necessário, oferecer sua própria vida no campo de
batalha. Este é seu dever primordial, esta é sua religião. Por esta ação
abnegada, o rei ou governante se purifica de suas limitações e se aproxima de
Deus. Através do cumprimento do dever o homem consciente, o homem que não vive
uma vida egoísta e puramente sensual, descobre que a felicidade é mais
apreciável que o momentâneo prazer, que se goza mais fazendo felizes aos
demais, que jamais esteve separado do resto da humanidade, que a felicidade
moral é muito mais duradoura que a alegria corpórea e que o homem como Ser é
sempre universal. A individualidade é um conceito puramente objetivo. Mesmo o
homem comum, de mentalidade limitada, quando pensa em si mesmo, o faz em
relação com seus familiares ou parentes imediatos, o que demonstra que,
subjetivamente, ele jamais pode limitar-se nesta forma que é vista pelos
outros; o homem subjetivamente é sempre o reflexo do Universal, é um aspecto
indivisível da Divindade. As pessoas comuns têm muitas ideias confusas sobre o
conceito do dever; estas confusões não se aclaram enquanto o homem leva uma
vida objetiva; enquanto a opinião alheia, o anelo de ganhar méritos, de receber
o elogio das pessoas, a ostentação, o logro do prazer sensório e o medo,
constituírem o motivo ou motivos de suas ações e pensamentos. Este medo, ainda
que pareça um paradoxo para muitos, é o principal impulso na vida. Este medo
nos persegue de diversas maneiras: medo da opinião pública, medo de perder os
bens, a reputação, a posição social, os familiares e o medo da morte. Este medo
fabricou a ilusória individualidade, nos tem amarrados a ela e nos obriga a
crer que somos criaturas de nascimento, juventude, velhice e morte.
Frequentemente vemos que o homem, confundido e assustado, fala demasiado de
valor, compaixão e desapego que ele realmente não sente nem demonstra nos
fatos. Algo muito parecido aconteceu à Arjuna no campo de batalha e, justamente
por isso, Krishna lhe deu conselhos apropriados sobre o dever, o yoga, a
renúncia, os diversos caminhos espirituais e a liberação. O Bhagavad Gita não é
um tratado de teologia, nem um livro de orações devocionais e nem um texto de
um sistema filosófico. Este sagrado texto, de forma sintética, ilumina a consciência
humana, aclara os complexos problemas sobre o dever, o propósito da vida, a
diferença entre o amor e o apego, a ciência do yoga, a prática da devoção e do
difícil caminho do discernimento pelo qual, o homem de renúncia, logra o
conhecimento direto do UM sem segundo, a Existência Conhecimento Bem
Aventurança Absoluta. Lendo este livro, aquele que realmente tenha inquietude
espiritual, descobre com assombro e certa alegria que muitas, senão todas, as
perguntas de Arjuna, são ou poderiam ser as suas e que certas respostas de
Krishna retiram todas suas dúvidas, lhe dão ânimo e convicção, lhe preparam
para seguir firmemente o caminho espiritual e fazem eco ao dito final de
Arjuna: “Me sinto firme, minhas dúvidas desapareceram. Cumprirei Tua
ordem". Temos que advertir ao nosso leitor, se é um aspirante espiritual,
sobre algo muito importante. Será muito difícil compreender o verdadeiro
significado deste texto se não possui de antemão os imprescindíveis requisitos
da vida espiritual. Antes de tudo, deve ter a capacidade de discernir entre o
Real e o irreal; depois deve ter a firme determinação de renunciar à
irrealidade; deve possuir as seis virtudes seguintes: controle dos sentidos,
controle da mente, fortaleza para suportar as aflições, saber retirar-se dos objetos
e conceitos que o perturbam no caminho espiritual, fé inquebrantável na própria
capacidade e na Existência Divina, concentração e por último, o anelo de
liberar-se desta irreal existência objetiva, deste conjunto de ideias e formas
transitórias. Sem tais requisitos, a leitura deste texto espiritual não servirá
muito ao nosso leitor. Talvez lhe ajude algo em sua carreira de erudição,
agregando outra flor em sua cesta de ecletismo. O leitor deve saber muito bem
que a vida de “parecer” é absolutamente distinta e contrária à vida de “ser” e
que unicamente pelo caminho de “ser”, da sinceridade e retidão, se compreende a
grande importância da vida espiritual. A espiritualidade ou religião transforma
totalmente a vida; a leitura dos tratados espirituais não é para satisfazer uma
mera curiosidade intelectual, seu propósito é levantar o homem de seu
equivocado e pernicioso estado animal e fazê-lo recordar constantemente sua
natureza divina, prepará-lo para viver uma vida de plenitude e ao final
conduzi-lo à união completa com Deus, seu verdadeiro Ser. Os caminhos a este
magno e único ideal são vários. Os hindus os chamam de “yogas”. Os principais
yogas são quatro: Karma yoga ou yoga da ação, Raja yoga ou yoga do controle
interno e externo, Bhakti yoga, ou yoga da devoção e Jnana yoga ou yoga do
conhecimento do Supremo. Yoga também significa “união”, o que nos une com Deus.
De maneira que yoga é ao mesmo tempo a base e o grande Ideal de todas as
religiões. Os grandes sábios, santos e profetas de todas as religiões foram,
são e serão yoguis; em suas vidas notamos a maravilhosa fusão das belas
qualidades humanas com a Divindade Universal. Um verdadeiro yogui transcendeu
as limitações individuais, personifica ao Conhecimento e seus sentimentos são
Universais; através de sua personalidade transparente a Divindade chega a nós
diretamente. Por natureza um yogui é equânime (em que há constância,
tranquilidade e justiça), desapegado, misericordioso, sempre ativo e vive
fazendo o bem à todos. Conhecedor do segredo da vida e da morte, unido
definitivamente com Deus, sua presença santifica tudo. Só o verdadeiro yogui
sabe que a vida e a morte são como borbulhas, flutuando no eterno oceano da
imortalidade. O Gita é conhecido também como Brahma Vidhia, o conhecimento do
Supremo e como Moksha Shastra, o tratado sobre a emancipação final. Ainda que o
texto comece com a persuasão de Arjuna, para que cumpra com seu dever de
liderar a causa da retidão, vemos em seguida que a mensagem de Krishna é a
Suprema Verdade. Os problemas tratados neste sagrado texto são essencialmente
espirituais e as soluções dadas pelo Senhor nos preparam para a Verdade, só
pela qual poderemos liberar-nos de nossa errônea identificação com o mundo
relativo e transitório e recuperar nossa esquecida Divindade. Krishna responde
claramente as perguntas de Arjuna sobre Deus, o ser individual, a vida ou a
existência após a morte, a evolução, a matéria, a alma, o dever, etc. Aqui o
homem foi tratado como uma entidade integral; suas ações e seus pensamentos não
podem ser separados de sua existência. Seu pensamento fugaz ou sua ação trivial
não podem ser avaliados se não conhecemos a base de sua existência. Como
qualquer ação sua, seu pensamento, expressado ou não, produz o efeito
correspondente e se é egoísta o ata ainda mais a esta roda de nascimento
(reencarnações), sofrimento e morte; o contrário o conduz à liberação. O
propósito dos ensinamentos de Krishna é eliminar as dúvidas e ideias ilusórias
que oprimem ao homem em sua vida diária. Estas dúvidas, estas ilusões, irão só
pela realização da Verdade; então o homem sentindo intimamente a presença de
Deus em seu coração enfrentará todos os problemas relacionados ao dever. O Gita
declara que Deus é universal, que o universo é Sua manifestação. Disse Krishna:
“Suas mãos e pernas estão em toda parte; Seus olhos, cabeças e rostos estão em
toda parte; Seus ouvidos estão em todos os pontos; Sua existência interpenetra
e cobre tudo o que existe”. Ao mesmo tempo, para o necessitado que pede
socorro, Deus é a misericórdia, a meta e o suporte; Ele é o Senhor e a Eterna
Testemunha de Sua própria manifestação; Ele é a morada de todos, o refúgio
acolhedor e o Amigo. Disse Krishna: “Sou a Origem e o Fim”. (Impressionante
esta fala de Krishna dita a 8000 anos atrás, pois o apóstolo João no século I
de nossa era diz no Apocalipse 22:3 "Eu sou o Alfa e o Ômega o Princípio e
o Fim". Krishna e Christo são identificáveis e semelhantes em vários
aspectos). Deus é a força impessoal por trás do universo; Ele é a luz das
luzes; é Sua a luz que está no sol, na lua e no fogo; é Ele o que ilumina o
universo. Ele está no coração do homem como Conhecedor e como o Conhecimento;
só Ele conhece o homem em diversas formas e idéias. Ele suporta (perscruta) ao
macrocosmo e ao microcosmo. Mas Sua verdadeira natureza é Transcendental e está
além da compreensão humana; só uma fração Sua está manifestada como o Universo.
Esta Suprema Consciência, esta existência transcendental, por Sua própria
vontade aparece diante do homem e lhe diz: “Ó Kounteya, declara ao mundo que
Meu devoto jamais perece”. Ele diz ao Seu devoto: “Aceito tudo o que Me
ofereces com devoção, seja uma folha, uma flor, uma fruta ou ainda uma gota de
água”. É a pura devoção que leva ao homem primeiro à Deus Pessoal e em seguida,
purificando-o de toda limitação individual, o une com Deus Impessoal e o libera
definitivamente da ignorância, do medo e da morte. Existem intelectuais que
opinam que a religião atua como ópio (frase dita por Karl Marx (1818-1883):
"A religião é o ópio do povo"), que adormece ao homem e o faz
esquecer a realidade da vida. À eles aconselhamos cuidadosa leitura do Bhagavad
Gita sem ideias preconcebidas. Aqui o instruído encontrará que o Senhor
recomenda ao iniciante espiritual a ação abnegada, contínua e incessantemente;
esta ação é que purifica o coração de um homem e ao mesmo tempo o salva de mais
apegos. Somente as ações abnegadas e altruístas produzem resultados bons e
duradouros. A advertência de Krishna
para aqueles que confundem a vida espiritual com a inércia (apatia, frieza,
indiferença) é: “Teu motivo para trabalhar não deve ser a ansiedade de obter o
fruto da ação, nem deve aderir-te à inação (falta de ação, indecisão)”. A vida
religiosa separada da vida diária é uma coisa estéril, algo sem sentido, talvez
um adorno vistoso, uma ação sobreposta, um gesto de ostentação. Se o
significado de "ser religioso" é pertencer nominalmente a uma
instituição religiosa, sem fazer o esforço de sentir a viva presença de Deus no
coração, então toda sua ida aos templos foi em vão, toda sua leitura das
Escrituras Sagradas foi inútil e sua vida de “parecer” teve muitas
complicações. Frequentemente estes religiosos, em seu afã de apresentar sua
doutrina particular, se tornam fanáticos e inconscientemente causam a ruína e
fazem sofrer aos demais. Apesar de tanta prédica religiosa, a maioria dos
religiosos, vivendo uma vida afastada de Deus, não sentem a fraternidade humana
porque não compreendem nem aceitam que Deus Pessoal ou Impessoal é Sempre
Universal e que todos os seres humanos e não humanos (sencientes) são Sua
Manifestação. A inércia, a indolência (indiferença) e a inadvertência são os
três inimigos mais poderosos do ser humano. São mais daninhos que a maioria dos
atos pecaminosos. Krishna queria salvar à Arjuna de seu desejo encoberto de
escapar de seus deveres, com o pretexto de levar a vida pacifica de um ermitão
(indivíduo que, através da penitência, habita lugares despovoados ou isolados;
evitando o contato social e tendendo a viver sozinho). Como todos os homens
estão convencidos da limitada ideia de individualidade, também o grande Arjuna
pensava que não lutando poderia transformar imediatamente seu caráter de
guerreiro e apagar de sua mente todas as impressões passadas. Com paciência
Krishna convenceu à Arjuna de que cumprindo desapegadamente com seu dever
imediato de destruir aos inimigos que representavam a injustiça, entenderia
melhor o ideal humano e para isso era melhor enfrentar a crua e desapiedada
realidade. Ensinando à Arjuna o poder das ações passadas, Krishna lhe diz: “Ó
Kounteya, alucinado, o que não queres fazer agora, depois o farás mesmo assim,
pois estás atado ao teu karma (impulso da vida passada), nascido de tua
natureza”. Atuar ou cumprir desapegadamente o dever de cada um, segundo o
ambiente em que nasceu, não é contraproducente na vida espiritual. Se o
instrutor espiritual, cumprindo desapegadamente seu dever de ensinar se
emancipa, o açougueiro que serve ao povo matando animais, cumprindo com seu
dever sem apego, logrará idêntica emancipação. O verdadeiro inimigo da vida
espiritual é a ignorância (falta de conhecimento) que nos faz esquecer que
somos seres sempre livres e nos faz acreditar que somos limitados e mortal.
Essa ignorância é a mãe do apego, do medo, da ilusão, da debilidade, da
dependência e de todos os tipos de limitações. O dilema principal de Arjuna se
apresentou com respeito ao dever. Quando no campo de batalha viu com seus
próprios olhos, que entre os inimigos estavam seus parentes e amigos, até seu
próprio instrutor; (Jesus disse Mateus 10:36 que os inimigos do homem
serão os de sua própria família) lhe surgiram as seguintes ideias: É necessário
e benéfico cumprir com os deveres mundanos, quando produzem pesar e sofrimento
à si mesmo e aos demais? Não seria melhor abandonar estes deveres e seguir o
caminho da renúncia? Um momento antes, decidido, Arjuna havia ido disposto a
lutar; um momento antes ele sabia muito bem quem eram seus adversários que,
segundo ele, eram representantes da injustiça e colaboradores de seu primo que
havia usurpado o trono de seu irmão mais velho. Mas quando os viu frente a
frente, Arjuna esqueceu seu dever, seu coração se encheu de medo e falsa
compaixão e muito deprimido começou a falar com muita emoção, sentimento e
raciocínio adequado. Através de suas palavras, aparentemente sábias, mas
realmente egoístas, demonstrando seu grande apego, confusão e ilusão, Arjuna
queria convencer Krishna de que ele
preferia a morte a matar aos seus inimigos. Mas o onisciente Krishna viu a
momentânea debilidade de Arjuna e por isso, quando este se sentou no carro de
guerra e soluçando disse: “Ó Govinda, não vou lutar”, Krishna lhe respondeu com
firmeza: “De onde vem esta tua indigna debilidade, não ariana, baixa e
contrária ao logro da vida celestial? Você está lamentando-se pelos que não o
merecem, no entanto falas como um sábio. Os verdadeiros sábios não se lamentam
nem pelos vivos nem pelos mortos". Krishna não predicou à Arjuna o ideal
dos estóicos, cumprir o dever só pelo dever; porém predicou que o cumprimento
do dever tem um só propósito: purificar o coração para desfrutar da infinita
Bem Aventurança da Presença Divina. Deus é imanente no Universo, como a alma de
todos os seres e objetos. Cumprir o dever equivale à adoração de Deus. Ao que
considera o dever desta forma, pouco lhe molestam as ideias de êxito ou
fracasso, ele desfruta como um instrumento vivente nas mãos de Deus e não sofre
nem se desespera pensando de antemão em sua própria morte e na dos demais; seu
conhecimento por estar em contato com Deus é uma ditosa percepção permanente.
Ainda que o Gita seja um compendio de todas os yogas, no entanto Krishna
recomenda como disciplina espiritual o Karma yoga, o caminho da ação. Para o
aspirante espiritual a ação deve ser abnegada, desapegada e sem esperar os
frutos. Este tipo de ação destrói radicalmente todas as limitações do Ser.
Viver significa atuar, pensar é atuar; pela ação o homem expressa a si mesmo.
Krishna disse: “Ó Partha, Eu não tenho nenhum dever que cumprir, não há nada
nos três mundos que não haja logrado ou que Me falte lograr, no entanto, atuo
constantemente”. Talvez seja possível para o egoísta retirar-se da ação,
cobiçando o estado de inércia, mas para aquele que ama a humanidade não há
descanso possível e por isso vemos que as Encarnações jamais deixam de atuar.
Como não têm nenhum motivo pessoal, a ação para as Encarnações é dar curso à
misericórdia que às vezes nos alenta e outras vezes nos corrige com severidade.
Em troca o homem comum tem diferentes motivos. Segundo o motivo progride ou
retrocede; quando trabalha para sua auto satisfação, robustece seu egoísmo e
inconscientemente retrocede, de modo gradual, à animalidade. Em troca, quando
atua de forma abnegada, como instrumento de Deus, sabendo muito bem que o único
ator é Deus, então todo sua ação é para agradar à Deus, Seu Bem Amado. Toda
ação ou pensamento egoísta forja um novo elo na grande corrente com que estamos
atados à dolorosa existência deste mundo de nascimento e morte e todo ação ou
pensamento dedicado a Deus, como uma ininterrupta adoração, rompe esta
corrente, nos conduz à emancipação final, à ditosa união com Deus. O Karma
yogui conhece o segredo da ação, é equânime, desapegado, não espera, nem
aceita, nem rechaça o fruto da ação. Krishna ensinou à Arjuna que qualquer ação
pode ser feita como yoga, mesmo a ação de “matar” que objetivamente parece
cruel, violenta e desapiedada, sempre que se faça como uma prática de yoga,
sentindo-se como um instrumento de Deus, sem temor, sem esperar a vitória para
si mesmo ou para uma comunidade particular e atuando só para estabelecer a
Verdade, a retidão; estão, esta ação, em lugar de produzir demérito, purifica
ao homem e o conduz à emancipação. (Nós como cristãos não devemos estranhar
essa fala de Khrisna, pois a Bíblia está repleta de relatos onde Deus ordena
que se mate mulheres e crianças; como em Números 31:17,18 "Agora, pois,
matai todo homem entre as crianças, e matai toda a mulher que conheceu algum
homem, deitando-se com ele". Este mundo transitório de aparência, nome e
forma está constituído de pares de opostos: bem e mal, prazer e dor, virtude e
vício, calor e frio, vida e morte. Como a frente e o verso de uma mesma
medalha, cada parte depende de sua contra parte. Nosso conhecimento ou
percepção de qualquer ideia ou objeto deste mundo é indireto e comparativo;
conhecemos ao homem comparando-o aos outros seres não humanos, sentimos o frio
comparando-o com o calor. Não há dúvida de que o mundo é imperfeito. O muito
desejado mundo perfeito é ilógico porque chegando à perfeição, o mundo se
diluirá em sua origem: Deus. Tudo que é objetivo é imperfeito, só Deus, o
Eterno Sujeito, é Perfeito. Progresso significa a transformação do objeto no
sujeito. Deus, o eterno imã, está nos atraindo continuamente, nosso dever é
purificar-nos. O sábio hindu diz que nossa origem é Deus e que existimos em
Deus. Deus, em seu estado manifestado, não perde Sua Divindade. No Bhagavad
Gita, Krishna reforça a ideia do Swa Dharma, o Dharma de cada um. A palavra
Dharma é difícil de traduzir. A religião, a retidão e o dever, nos dão certa
ideia aproximada de seu significado. Dharma é o que suporta ao homem na vida e
ao mesmo tempo o ajuda a realizar sua verdadeira natureza: a Divindade. O
grande erro do homem é continuar considerando-se como um objeto composto de
aspectos ou entes biológicos, fisiológicos e psicológicos. Para corrigir este
grande erro, o homem necessita praticar o Swa Dharma. As tendências atuais de
cada homem são o resultado de seus próprios pensamentos e ações em vidas
passadas. Cada pensamento ou ação produz uma impressão que forma parte da
natureza subconsciente do homem. Este estado subconsciente não se destrói com a
morte física, este estado é o Eu do homem. A atual encarnação do homem foi
causada pelo impulso dessas impressões; são elas que determinam seu caráter, seu
dever, sua ideia de religião, seu critério de bom e de mal, do correto e do
injusto. Nenhum homem nasce com a mente absolutamente pura, mesmo o nascimento
das encarnações demonstra que Elas, voluntariamente aceitam certa impureza. A
diferença entre a individualidade da Encarnação e a de qualquer homem é que a
Encarnação é sempre consciente de Seu estado universal e de Seu voluntário e
momentâneo estado individual. Em troca, o homem comum é inconsciente de ambos
estados. Terminada a missão com que vem ao mundo, a encarnação deixa Sua
individualidade. Ao homem comum, ao princípio, custa muito desfazer-se de sua
individualidade, mas logo o faz pela misericórdia Divina, que age como o grande
destruidor da ignorância. A educação ou o impacto do ambiente ajuda ao homem a
desenvolver as qualidades que ele mesmo fabricou e com as quais veio ao mundo.
Seus pais são causas instrumentais, que lhe proporcionam o meio físico para dar
curso ao seu Dharma. Eles são como os ceramistas e a roda que dá forma ao vaso.
Assim o Dharma de cada ser humano é a base de seu pensamento e ação; ele não
pode desfazê-lo. Ir contra este Dharma é criar confusão. Arjuna ficou
confundido quando quis deixar o Swa Dharma do kshatriya, cujo dever é proteger
aos corretos e destruir aos injustos. Sua confusão surgiu, quando esquecendo
seu Dharma, quis levar vida de ermitão. Tampouco devemos esquecer o outro
aspecto do Dharma, o que nos ajuda a realizar nossa Divindade, senão Dharma
significaria desapiedada fatalidade. A lição de Krishna é que ninguém deve agir
contra o Swa Dharma, o dever do ambiente em que nasceu. Cumprindo abnegadamente
com o dever, o homem gasta o impulso com que nasceu e dedicando toda sua ação a
Deus, não cria novos impulsos. Então compreende que o supremo dever é adorar a
Deus. Diz Krishna: “Renunciando a todos os deveres, refugie-se em Mim
unicamente. Não te aflijas, Eu o salvarei de todos os pecado”. http://www.vedantacuritiba.org.br.
Abraço. Davi.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Enma Sam. As Oito Grandes Categorias do Inferno.
Este
texto foi escrito por Shami Guilherme Chiamulera, sendo da tradição japonesa
chamada de Budismo Nichiren. O Budismo é um ensinamento sobre compaixão. Assim,
existem muitos Budhas, Bodhissatvas e divindades benevolentes. No entanto, há
algumas pessoas que pensam, “Budismo é um ensinamento compassivo ainda que nós
violemos os preceitos budistas não existe alguém para nos castigar”. O que você
acha? Vamos pensar nisto em conjunto. Existe o ensino do Karma no budismo,
muito embora não exista qualquer um que aplique punições. Como você sabe, Karma
é a Lei de Causa e Efeito. Se você faz coisas boas, a virtude irá voltar para
você e sua família através de bons efeitos. Se você faz coisas ruins, o castigo
não vai retornar apenas para você, mas também para sua família. As rodas do
Karma giram permanentemente você sabendo ou não. Às vezes, a retribuição não é
causada apenas pelo seu Karma, mas também de seus familiares, parentes ou
ancestrais. Você herda tudo, coisas boas e coisas más. Se a herança é má, ela
vai trazer um monte de problemas. Assim, embora Budha não aplique um castigo
sobre você, o nosso próprio mau Karma irá nós castigar durante muito tempo.
Portanto, o budismo é o ensino para retirar o nosso mau Karma e transformar a
nossa vida em uma vida feliz. Nichiren Shonin (1222-1282) disse: Nossos vícios
ou virtudes do passado podem ser vistos no presente; nosso futuro pode ser
visto nas nossas ações presentes. Na verdade, a maioria dos Budhas, deidades e
Bodhissatvas no budismo são compassivos mas há um deus que é muito temeroso. As
pessoas que conhecem, sabem do “Enma, o Grande”, o Rei do Inferno. Ele é
comumente chamado de Enma-san. Ele é quem determina severamente a sentença
sobre o falecido que cometeu erros ou deu problemas para os outros e então os
manda para o inferno. Enma-san é muito popular como um temeroso deus. No Japão,
houve um costume de dar broncas perversas em crianças. Quando uma criança
mentia, os seus pais lhe davam uma bronca e diziam, Sua língua mentirosa será
puxada para fora por Enma-san!, Ou quando uma criança foi malvada, Enma-san vai
pegar você e te levar para o inferno. Lembro-me que na minha infância, eu temia
muito a história de Enma-san. Enma-san é um símbolo de um deus não apenas muito
assustador para as crianças, mas também para os adultos. Nichiren Shonin disse:
Em sua vida fugaz, você se apega aos prazeres efêmeros dia e noite e gasta
todos os seus dias em vão. Você não se importa em reverenciar o Budha, os
ensinamentos e com as orações por seus pais e avós. Você gasta todos os dias
inutilmente no trabalho rotineiro, sem qualquer fé. Após a morte como você irá
se desculpar pela sua vida diante de Enma, o Rei do Inferno? Como você vai
chegar ao pacífico mundo de Budha através da travessia pelo mar profundo dos
sofrimentos? Enma San é original da Índia e em sânscrito chama-se Yama Raja.
Ele é o rei do Inferno e é como o Gerente Geral no submundo, julgando o
comportamento dos falecidos quando eles estavam vivos, e julgando para que
mundo deverá ir o falecido, Inferno, Gaki, Mundo Real ou a Terra Pura do Monte
Sagrado da Águia. Sua aparência é de tem uma cara irada vermelha, seus olhos
são grandes e brilham severamente, o nariz dele é grande e tem uma barba negra
espessa. Seu corpo é grande e forte. Ele veste uma túnica vermelha e uma coroa
sobre sua cabeça. Ele tem um espesso cetro na mão direita e julga o falecido
com esse cetro em seu tribunal. No tribunal, há dois assustadores demônios que
são seus assistentes, vermelho e azul, atrás dele como guardas do inferno. Eles
que trazem o falecido até o tribunal de Enma para o julgamento e após o
julgamento amarram o falecido com uma corda, arrastando os presos condenados ao
inferno. Enma San julga os falecidos rigorosamente e com igualdade utilizando
um espelho de cristal e em suas anotações está escrito muito detalhadamente o
comportamento do falecido desde o nascimento. Ele julga seu comportamento parte
por parte, de acordo com as suas anotações. Se a pessoa falecida diz uma
mentira ou dá uma desculpa à Enma San, em seguida o espelho de cristal ao lado
dele mostra a verdade, exatamente como a pessoa fez durante toda a sua vida,
como em um vídeo. Depois, como castigo, os demônios abrem a boca do pecador e
puxam sua língua de forma categórica. Portanto, Enma San um símbolo de medo
para crianças assim como para adultos. Há oito grandes categorias de inferno e
as torturas que Enma San escolhe adequada para o falecido determinam para qual
inferno que ele irá. As penas dos falecidos, mesmo os que cometeram a mesma
infração, baseia-se na forma como eles foram cruéis ou ruins para os outros
seres. 1 Inferno Tokatsu (Inferno de Regeneração). O primeiro dos oito
principais infernos é chamado de Inferno Tokatsu e está localizado 1000
yojanas (um yojanas: 7 milhas) abaixo deste mundo. Os pecadores que se
enquadram nesse inferno odeiam uns aos outros e lutam como cães contra macacos
não importando quando eles se encontram. Com unhas de ferro, brigam uns com os
outros causando sangramento e lesões na pele, até que nada além de esqueletos
permaneçam. Ou, eles são espancados até o inferno por guardas com barras de
ferro até que seu corpo inteiro da cabeça aos pés seja triturado em partículas
de areia, ou cortado por uma espada afiada em pedaços pequenos. Após estarem
moribundos de tais sofrimentos insuportáveis como esses, eles serão regenerados
e submetidos a estes tratamentos cruéis novamente. Como a causa cármica da
queda para este inferno está quem abusou uma mulher, filhos, esposo e ou animal
ou matou um ser vivo. Se ele matou mesmo uma pequena criatura, como uma
toupeira, formiga, mosquito ou mutuca; ele vai cair nesse inferno sem falhar a
menos que se arrependa. Depois de ele se arrepender de cometer este crime, se
cometer o mesmo crime novamente, nunca será perdoado, mesmo que se arrependa
novamente. 2 Inferno Kokujo (Inferno de Cordas Negras). O segundo dos
oito principais infernos, Inferno Kokujo, está localizado abaixo do inferno
Tokatsu. Neste inferno, os guardas do inferno agarram o falecido, empurra-o no
chão quente de ferro, fazem uma linha sobre o corpo do pecador com uma corda de
ferro quente, e cortam e raspam o corpo quente com portinholas de ferro ou
serram os seus membros ao longo da linha. Além disso, há enormes montanhas de
ferro de ambos os lados do inferno. Eles erguer bandeiras de ferro no topo de
cada montanha, esticam uma corda de ferro entre os dois pavilhões e forçam o
pecador a caminhar na corda transportando peso ou ferro. Se cair da corda, o
corpo do pecador é quebrado em pedaços. Caso contrário eles são cozidos em
panelas de ferro. O sofrimento dessas torturas é dez vezes mais severo do que o
inferno Tokatsu. Aqueles que cometeram o crime de homicídio, bem como roubo, o
adultério e o suicídio vão cair nessa fogueira. 3 Inferno Shugo (Inferno do
esmagamento). O terceiro dos oito principais infernos é o Inferno Shugo,
que está localizado sob o Kokujo. Aqui muitos pares de Montanhas de Ferro estão
viradas umas para as outras. Guardas do inferno com cabeças de vaca e cabeças
de cavalo, armados com paus perseguem o pecador entre as montanhas. Em seguida,
os pares de Montanhas Ferro aproximam-se, esmagando o pecador e inundando a
Terra com sangue. A causa cármicas da queda neste inferno é cometer o crime de
adultério, ou seja, ter relações sexuais com a esposa (ou marido) de outra
pessoa. Existe uma floresta de espadas: uma linda mulher nua (ou homem) está em
cima das árvores de espadas, assim quando os pecadores vêem a mulher, eles se
apressam para subir ao topo, mas as folhas são como facas finas, e sua pele e
carne é cortada e rasgada. Apesar de chegarem ao topo sangrando a mulher está
agora em embaixo no pé das árvores e os seduz dizendo-lhes: Por que você não
vai vir pra mim? Eles não podem interromper a rotina e não podem despertar para
o fato de que o seu desejo sexual só gera mais tortura. Eles continuam se
atormentando pela rotina de subidas e descidas até que nada além de seu
esqueleto reste. 4 Inferno Kyokan (Inferno de lamentações). Este inferno
é o quarto, chamado Inferno Kyokan, localizado sob o inferno Shugo. Os Guardas
do inferno gritam em terríveis vozes, disparando flechas contra os pecadores.
Eles também atacam as cabeças dos pecadores com barras de ferro, forçando-os a
correr no chão quente de ferro ou os queima em uma grelha quente de ferro,
transformando-os ao longo de muitas vezes. Ou eles compulsivamente derramam
cobre líquido em ebulição na boca dos pecadores, para que o intestino ardente
pingue para baixo instantaneamente. Desta forma, os Guardas atormentam os
pecadores até os seus corpos derreterem e desaparecem, mas eles logo renascem
outra vez para continuar o interminável tormento. Aqueles que cometem o crime
de ingerir produtos tóxicos, o crime de homicídio, roubo, mentira e adultério
vão cair nesse inferno. 5 Inferno Dai-Kyokan (Inferno de Grandes
Lamentações). O quinto inferno é o Inferno Dai-Kyokan, localizado abaixo do
inferno Kyokan. O tormento neste inferno é semelhante ao inferno Kyokan, mas
dez vezes mais severo do que o inferno acima. Aqueles que cometem o crime de
dizer mentiras ao lado da sepultura, bem como crimes de homicídio, roubo,
adultério e ingerir tóxicos vão cair nesse inferno. A língua dos pecadores é
furada através da sua mandíbula com espetos de ferro quente, mas eles não
conseguem falar qualquer palavra ou até mesmo gritar. O mesmo processo é feito
para os seus olhos, enquanto os Guardas do inferno estão cantarolando: Você
causou tormento por suas mentiras. 6 Inferno Shonetsu (Inferno das paixões
ardentes). O sexto dos oito principais infernos é o Inferno Shonetsu, que
está localizado abaixo do inferno Dai-Kyokan. Existem vários tipos de
sofrimento nesse inferno. Colocado em Jambudvipa (o mundo), uma pequena chama
de fogo deste inferno iria queimar tudo completamente instantaneamente, isso
para não falar dos corpos dos pecadores, que são tão suaves como o algodão. A
intensidade dos incêndios nos cinco infernos acima mencionados é parecida com
neve. Os Guardas do inferno lançam os pecadores sobre uma grande placa de ferro
aquecida, torra e sacode os corpos dos pecadores, ou coloca uma espada no
pecador através do ânus até que saia através de sua cabeça e do corpo. Por fim,
põem os pecadores em um caldeirão e os deixa ferver até que o corpo se derreta.
Os pecadores que se enquadram neste inferno são os do falso ponto de vista,
aqueles que não acreditam no princípio da causalidade e que insistem, por
exemplo, que as pessoas que morrem de fome renascerão no céu. Também caem nesse
inferno aqueles que cometeram os erros do matar, roubar, cometer adultério,
ingerir tóxicos e mentir. 7 Inferno Dai-Shonetsu (Grande Inferno das Paixões
Ardentes). Inferno Dai-Shonetsu, o sétimo dos oito principais infernos,
está localizado abaixo do inferno Shonetsu. No entanto, o tormento neste
inferno é dez vezes mais grave do que todos os tormentos dos seis infernos que
foram mencionados acima combinados. Os pecadores são forçados a assistir às
cenas horríveis deste inferno antes de serem mandados para lá. Os Guardas do
inferno agarram os pecadores pelo pescoço enquanto estão chorando, gritando e
em pânico, e os arrastam para o inferno. Eles chegam a um vale em chamas, e os
Guardas do inferno tiram a pele dos pecadores com cuidado e com uma boa espada
e espalham as peles e corpos, em conjunto, no solo ardente e despejam ferro fundido
fervente sobre eles. Os Guardas do inferno continuam a repreender os pecadores,
empurram-os para o vale e, em seguida, as chamas irrompem juntamente com o eco
dos gritos dos pecadores. Aqueles que cometem o carma de violar uma monja que
observa o preceito da pureza, em adição ao grave carma de matar, roubar,
cometer adultério; ingerir tóxicos, mentir, manter uma visão falsa e ferir
fiéis budistas vão cair nesse inferno. 8 Inferno Dai-Avici (Grande Inferno
Avici). O último dos oito principais infernos, Inferno Dai-Avici, também é
chamado de Inferno dos Incessantes Sofrimentos, porque o falecido neste inferno
sofre de dores intermináveis. O extremo tormento deste inferno está longe de
descrição exceto de que é 1000 vezes mais duro do que o sofrimento dos sete
maiores infernos ou pior que todos os sofrimentos de qualquer lugar combinados.
O sofrimento é tal que os pecadores no Inferno Dai-Shonetsu (7º Inferno)
parecem como se fossem seres celestiais brincando no céu. O tormento desse
inferno é demasiadamente horrível para descrever em detalhes, você pode ficar
doente e vomitar. Falando das causas cármicas, aqueles que cometem as cinco
depravações caem nesse inferno. As depravações são (1) assassinar um pai, (2)
Assassinar uma mãe, (3) Matar um sacerdote (4) Fazer o corpo de Budha sangrar,
e (5) causar a desunião ou a destruição da Sangha, ou da Ordem Budista.
Difamadores do Verdadeiro Darma também irão cair nesse “Hobo”. Nichiren Shonin
(1222-1282) disse: Ninguém no mundo, incluindo eu próprio, pensa em si mesmo
caindo em um dois oito principais infernos. Enquanto alguém fala de ir para o
inferno, não acredita em seu coração que ele mesmo irá para o inferno. Mesmo
budistas, se clérigos ou leigos, homens ou mulheres, que cometem crimes graves,
serão enviados ao inferno, embora eles não tenham medo do castigo. Alguns põem
fé em tais Bodissatvas como “Jizo”: Bodhisattva Repositório da Terra; invocam
tais Budas como “Amitabha”: o Buda da Vida Infinita. Essem budistas acreditam
com confiança: “Tenho tanto mérito acumulado que eu nunca vou cair no inferno”.
Estudiosos de várias escolas do budismo acreditam firmemente na sua própria
compreensão intelectual, e eles não estão com medo de cometer os erros que irão
enviá-los para o inferno. Aqueles que crêem em Budhas e Bodissatvas, porém,
realmente não põem fé em si. Existe um mundo de diferenças entre a sua fé em
Budhas e Bodissatvas e seu amor pelos seus próprios filhos ou cônjuges e
respeito por seus pais ou pelo seu Lorde. Portanto, é uma falsa visão da gente
de hoje que crêem que eles nunca vão para o inferno se eles imploram aos Budhas
e Bodissatvas por ajuda ou se estudam o ensino de cada escola budista. As
pessoas deveriam levar isso em consideração e contemplar sobre o assunto.
Após a morte, nós, os seres humanos temos de comparecer perante o tribunal Enma
San, disse certa vez um famoso médico idoso. Quando morrermos, seremos levados
para o tribunal de Enma. Em nossa frente, há uma balança. Coloque em um lado
(da balança) tudo que você tenha recebido de outras pessoas quando estava vivo,
afirma Enma San em uma voz profunda. Coloque do outro lado todas as coisas que
deu a outras pessoas quando estava vivo. Se as coisas que recebeu são mais
pesadas que as que você deu, Enma-san vai julgar; você tem tirado partido da
bondade das pessoas, sem dar aos outros. Como tal, tem de ir para o inferno.
Pelo contrário, se deu mais do que você recebeu, Enma San irá lhe avisar de que
pode entrar num mundo melhor ou no mundo pacífico de Budha. Assim, o médico
mencionou sobre o tribunal de Enma e disse: Eu acho que a minha contribuição
não foi suficiente, gostaria de trabalhar mais para que o tratamento médico
seja mais útil para os outros durante tanto tempo quanto eu puder, para o resto
da minha vida. Este médico salvou muitas vidas e executou uma reforma médica
para melhorar constantemente o sistema médico, mas mesmo assim ele disse: Ainda
não é o suficiente. Tais palavras nunca sairiam de uma mente egoísta ou
arrogante. Enma San é um deus muito assustador, mas ele não é assustador sem
uma razão. Ele disciplina nossa mente egoísta e arrogante para ser humilde e
compassiva, em outras palavras, Enma San nos faz despertar a nossa natureza de
Budha. Enma San é não só um juiz, mas ele é como um treinador de seres humanos
gananciosos e selvagens. Seja humilde! Seja caridoso! Nós seres humanos
estamos vivos, ajudando uns aos outros ou sendo ajudados por outras pessoas.
Isso mostra que os estilos de vida que são úteis para nós, assim como para
outros, são um trabalho humano natural e uma vida absolutamente feliz. A fim de
ter uma vida assim, temos de ser humildes e benevolentes a exemplo do médico
idoso, e naturalmente, vamos perceber que o sentimento alegre aumenta quando
damos mais do que recebemos. É uma maneira de viver para atingir a iluminação e
é a via de Bodhisattva que o Sutra do Lótus prega para nós. Por favor, vamos
tentar ser mais compreensivos com os outros na nossa vida cotidiana, de modo
que possamos evitar ser culpados por Enma San. http://www.nichiren-shu.org.uk.
Amigos eleitores do Mosaico, segundo a cosmologia budista o reino dos infernos
situa-se na parte inferior da terra. A concepção do inferno budista é diferente
da cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna, nem
o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino: os seres que
habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau carma que os conduziu ali
se esgotar. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos
quentes, mas também frios, e que em outras tradições budistas, pois a que
abordamos agora é de tradição japonesa chamada Nichiren; o inferno é comparado
a um estado de mente ou consciência, não sendo estritamente um lugar definido
ou fixo. O texto acima é claro quanto a não infinitude deste “lugar”, pois em
nenhum dos 8 estágio do inferno, ele traz a denotação de perpétuo. A palavra
“interminável” nessa narrativa tema, é obviamente uma conotação pertinente ao extremo sofrimento pelo qual
aquele que se encontra ali está sendo submetido. Desse modo, esse “lugar” por
mais medonho, aterrador e terrível que possa ser, ainda é um lugar de
disciplina pedagógica para que o mal carma seja extirpado. Mas nossa
responsabilidade é praticar atos virtuosos e realizações meritórias. Diminuindo
o sofrimento de todos os seres;
preservando suas vidas como se fossem as nossas vidas. Cooperando para que
todos alcancem a evolução espiritual em seu referido tempo. Assim procedendo,
iremos para o gozo no Devachan. O Budha disse sobre o Dechavan esse maravilhoso e
enternecedor lugar: “entre os muitos milhares de miríades de sistemas de mundos
além destes existe uma região gloriosa chamada Sudhavati. A região é cercada
por sete linhas de muralhas, sete linhas de torres e sete linhas de árvores batidas
pelo vento. Essa é a morada santa dos Arhats, governada pelos Tathagatas,
domínio dos Bodhisattvas (corpos de sabedoria). Também existem ali sete lagos
preciosos cujas águas cristalinas possuem, em cada lago, diferentes
propriedades. Isso Oh! Sariputra, isso é Devachan, flor divina cujo aroma se
espalha nas sombras de todo o mundo. Quem nasce nessa região abençoada, quem
atravessou a ponte dourada e alcançou as sete montanhas douradas, esses, são
realmente afortunados; para esses, não mais haverá dor ou tristeza”. Budha usou
a alegoria para explicar o Devachan; razoável para a compreensão exotérica que
devemos ter de atingir esse objetivo tão sublime e recompensador. Mas entender
a doutrina esotérica sobre o Devachan, que era o que o Budha realmente queria
mostrar-nos, merece dedicação contemplativa e meditativa sobre tão importante
aspecto do misticismo budista. A contemplação, meditação e o sofrimento
diminuem os resultados de nosso carma negativo, assim, temos mais condições de
entrar nesse gozo indescritível. Abraço. Davi.
terça-feira, 28 de abril de 2015
Terremoto no Nepal 25/04/2015.
No mundo globalizado em que vivemos, é impossível não sermos consternados com fatos como esse acontecido do Nepal. Toda essa situação nos enterneceu profundamente e não poderíamos deixar de refletir com muito respeito e sentimento esse fato tão doloroso para esse tão nobre e digno povo nepalês. "O
número de mortos após o terremoto que atingiu o Nepal no sábado (25) passou de
4 mil nesta segunda-feira (27), segundo balanço do Centro Nacional de Operações
de Emergência do país. Agências e governos internacionais corriam para enviar
equipes de busca e resgate, médicos e remédios ao país. Dezenas de milhares de
pessoas ficaram sem comida, água ou abrigo. O terremoto de magnitude 7,8, o
mais violento dos últimos 80 anos no país, provocou vários tremores secundários
e diversos deslizamentos no monte Everest, onde 18 pessoas morreram no início
da temporada de alpinismo. As agências humanitárias ainda têm
dificuldades para avaliar o alcance da devastação e as necessidades da
população. Também morreram 67 pessoas na Índia em decorrência do terremoto.
Quase um milhão de crianças precisam de ajuda urgente, segundo o Fundo para
Crianças das Nações Unidas (Unicef). O Itamaraty anunciou que recebeu informações sobre 96
brasileiros que estavam no Nepal durante o terremoto. Nenhum dos
localizados sofreu ferimentos, segundo as informações mais recentes do governo
federal. A Embaixada do Brasil em Katmandu, segue mobilizada para prestar o
apoio necessário aos cidadãos brasileiros que se encontram no país, informou o
Ministério das Relações Exteriores. Equipes enviadas por Índia, Paquistão,
Estados Unidos, China e Israel estão no Nepal para ajudar, disseram as Nações
Unidas, escavando toneladas de escombros em busca de milhares de pessoas ainda
desaparecidas. Grupos internacionais de busca chegaram ou devem chegar à
capital Katmandu, com unidades do Japão, EUA e Inglaterra equipadas com cães
farejadores e equipamentos pesados para retirada de escombros. Os Estados
Unidos anunciaram que repassarão US$ 10 milhões em ajuda ao Nepal, segundo o
secretário de Estado John Kerry. As autoridades que coordenam as tarefas de
socorro no Nepal se reuniram nesta segunda-feira para tentar reabrir os
mercados e distribuir pacotes de ajuda aos desabrigados pelo terremoto no país
asiático, informou a imprensa local. O Comitê de Coordenação de Resgate em
Desastres Naturais, reunido na sede do governo nepalês em Katmandu, pediu aos
chefes de distrito que trabalhem para abrir as lojas nas zonas afetadas. O
objetivo é facilitar a provisão de produtos à população em geral. Pelo menos
7,5 mil pessoas ficaram feridas, segundo o governo nepalês, e o tratamento
delas e de outros sobreviventes retirados dos escombros de edifícios destruídos
continua sendo uma tarefa bastante desafiadora. A prioridade continua sendo
salvar vidas e buscar e resgatar sobreviventes", afirma relatório da
equipe local das Nações Unidas no Nepal. O tremor destruiu edifícios, monumentos, estradas e outras infraestruturas.
Mais de 60 terremotos secundários, incluindo um sismo de magnitude 6,7, já
foram sentidos. Segundo a agência EFE, pacotes com remédios e equipamentos
sanitários foram entregues neste domingo pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) a hospitais no Nepal. Os artigos sanitários servirão para atender 40 mil
Além disso, a OMS desembolsou US$ 175 mil como uma primeira doação de
emergência para que se atendam as necessidades de saúde mais urgentes dos
afetados pelo terremoto. Muitos habitantes de Katmandu iniciaram nesta segunda
um êxodo após o violento terremoto. Famílias inteiras se amontoavam em ônibus e
algumas pessoas inclusive viajavam no teto dos veículos. Muitos habitantes
também se deslocaram as suas cidades natais para determinar a magnitude do
desastre ali. Este êxodo começa num momento em que as equipes internacionais
com cães treinados, equipamentos pesados para remover os escombros e provisões
conseguiram aterrissar no país. "Agora é importante prevenir outro
desastre tomando as precauções adequadas contra as epidemias", disse à
imprensa o porta-voz do Exército, Arun Neupane. Diante do medo da falta de
provisões, as pessoas também se amontoavam nas lojas e nos postos de
combustível. No vale de Katmandu, hospitais estão lotados e ficando sem espaço
para corpos, afirmaram socorristas. Os centros médicos também estão ficando sem
suprimentos de emergência. Alguns deles estão tendo que tratar os feridos nas
ruas. Neste domingo, doentes e feridos deitavam-se em uma empoeirada rodovia
fora do Kathmandu Medical College, enquanto funcionários do hospital carregavam
pacientes para fora do prédio em macas e sacos. Os médicos montaram uma sala de
operações dentro de uma tenda para onde levavam os mais críticos, após um
tremor particularmente grande forçar as pessoas a correrem aterrorizadas para
as ruas. No lado externo do Centro Nacional de Trauma em Katmandu, pacientes em
cadeiras de rodas que estavam em tratamento antes do terremoto juntaram-se a
centenas de feridos com membros fraturados e sujos de sangue, deitados dentro
de barracas feitas com lençóis do hospital. O Unicef estima que pelo menos 940
mil crianças foram gravemente atingidas na região que inclui os distritos de
Dhading, Gorkha, Rasuwa, Sindhupalchowk e Katmandu. Enquanto isso, campos de
desabrigados deverão estar prontos nos próximos dias. "Centenas de
milhares de pessoas estão dormindo ao relento, pois estão muito assustadas para
voltarem para suas casas por causa de todos os tremores secundários",
disse Zubin Zaman, gerente da agência humanitária Oxfam, na Índia". http://www.g1.globo.com.br. Assistindo
ontem a noite os noticiários televisivos sobre esse assunto, uma emissora fez
uma tomada aérea de Katmandu, capital do Nepal, e percebemos a vastidão da
destruição. Grande parte dos edifícios estão em ruínas, fendas se abriram nas
ruas e algumas vias de transporte na cidade estão intransitáveis. Os principais
templos budistas e hinduístas do país, de algumas forma tiveram estragos
consideráveis com os abalos sísmicos, quando não destruídos. e dentre eles se
encontram os patrimônios da humanidade como: Boudhanath, Mosteiro de Ani
Lhakang, Templo de Muktinah e Swayambhunth. Muitas referências turísticas na
capital foram também danificadas e outras estão em ruínas. Como vimos na
reportagem acima o cenário é parecido com um grande e terrível pós bombeio
aéreo da 2ª Guerra Mundial. Uma cena chamou-me atenção, quando vi, em um dos
escombros parte de uma gigantesca estátua do Budha partida ao meio. Outra, um
homem desolado, sentado em cima das ruínas do que antes era sua casa. Esse
mesmo jornal também mostrou através de imagens gravadas por celular de um
alpinista alemão, que descansava com mais 17 pessoas em uma das bases de movimentação
para escalar a montanha do Everest; quando ocorreu uma terrível avalanche de
neve que varreu o acampamento onde estavam. Milagrosamente esse alemão e um
nepalês sobreviveram, os demais, 9 morreram e 6 estão desaparecidos. Chocante e
profundamente tristíssimo o que ocorreu no Nepal. Os ocidentais vão aos
milhares todos os anos ao Nepal, uma região lindíssima em sua beleza natural,
preservada há milênios, por ser de difícil acesso em diversas lugares, e também
influenciado pela tradição espiritual desse povo, pelo cuidado e amor com que
tratam todos os seres sencientes e não humanos; não os incomodando ou os
fazendo sofrer voluntária ou involuntáriamente. A população do Nepal é de quase
30 milhões, censo de 2012, sendo que apenas 10% desse total segue o Budismo
tibetano e theravada, os demais são Hinduístas, mas tradicionalmente este
país tem forte ligação com o Budismo. O próprio Budha Sakyamuni nasceu em
Lumbini, hoje localizada no Nepal. O país tem um forte histórico budista e tem
desempenhado o papel de espalhar o Budismo pelo Tibete, China, Índia e Butão. A
princesa nepalesa Bhrikuti influenciou significativamente esta conversão tanto
no Tibete como no extremo ocidente. A arquitetura Tibetano Budista tem sido
influenciada há muito tempo pelos artistas nepaleses e escultores como Araniko
(1245-1306). Os textos sagrados do Budismo Mahayana são escritos principalmente
no alfabeto Ranjana. No Budismo nepalês tradicional há nove textos especiais,
sendo que um deles é conhecido no ocidente chamado Saddharma Pundarika Sutra.
Esse é o famoso Sutra do Lótus, sendo um dos mais importantes textos do Budismo
Mahayana, utilizado amplamente na China, Coreia, Japão e outras regiões do
Leste Asiático. Na China ele é chamado Fa Hua Ching e no Japão Hokekyo. O termo
sanscrito do título Saddharma, é traduzido usualmente como boa lei, mas essa
tradução não expressa totalmente seu conteúdo. O termo Sad, significa existir e
também algo como verdadeiro, real, genuíno. O termo Dharma pode ser traduzido
como ensino, mas também como essência real dos fenômenos. Pundarika significa
lótus branco ou flores de lótus de diferentes cores. Assim o título poderia ser
Lótus Branco da Verdade Absoluta. Esse título remete à ideia de que, embora o
lótus cresça no pântano, as pétalas de suas flores são puras e imaculadas.
Desse modo, a flor de lótus é um símbolo de pureza em meio a impureza, ou da
iluminação em meio às questões seculares. Em meio a toda esta destruição
advinda do terremoto, que não temos condições de especular os motivos pelos
quais a natureza precipitou esta investida, se bem que nada é casual, como
temos compreendido a partir das considerações estudadas no budismo esotérico e
a ciência oculta. Nesse sentido hermético há correspondência do mundo
espiritual com o mundo físico, processo velado que não podemos explorar por não
termos autorização e nem capacidade para tais procedimentos. Do que podemos
falar, lendo alguns aspectos diríamos que essa região do Tibete, Nepal, Índia,
China e Butão próximos a Cordilheira do Himalaia, belíssima por suas paisagens
naturais, é também palco de "guerras" espirituais. Seres do bem (Mahatmans,
Avatares, Mestres de Sabedoria) lutam com Seres do mal das regiões inferiores
que tentam sufocar as beatitudes e meritoriedade que os humanos desenvolvem
nesse encantador cenário com reflexos e experiências que transcendem as
fronteiras circunscrita nessa região alcançando o mundo inteiro. Dessa forma
quando praticamos atos virtuosos, tendo compaixão de todos os seres cooperamos
para que a fraternidade universal se estabeleça na terra, a despeito daqueles
que se opõem ao bem da humanidade, seja no mundo visível ou invisível. Mesmo em
sua necessidade premente devido a essa tragédia; sendo um dos mais pobres países do mundo, o Nepal continuará sendo a Flor de Lótus da região do Himalaia, por seu encanto, magia, misticismo e mistério. Nos solidarizamos com
todos os nepaleses por causa dessa catástrofe, e pedimos o conforto e o consolo
dos seres iluminados (Budha, Christo e Khrisna) às famílias daqueles que
sofreram perdas irreparáveis de parentes, amigos e bens materiais. Também os
turistas estrangeiros que perderam suas vidas, juntamente com seus familiares
que estão desconsolados, enviamos nossa energia positiva em forma de meditação
e prece à Providência Divina e a Consciência Universal que os cubra com seu
manto de amor e paz, fortalecendo o espírito, dando um bom ânimo para encarar
esse insuportável sofrimento. Um abraço afetuoso e demorado, à todas as
famílias dessas pessoas tão queridas e amadas. Davi.
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