sábado, 30 de agosto de 2014

A Verdade é uma Terra Sem Caminhos.

Irmã Sigma desculpe usar suas palavras para embasar meus argumentos, mas fica embaraçoso pra mim atender (exceção relacionada as cartas de pessoas desconhecidas) seu pedido reconhecendo ter sido feito com sinceridade e verdade. Desde que nos conhecemos sua discrição e bom senso manifestam sua maturidade e intimidade com a Divindade Superior. Requisitos primordiais para se ter equilíbrio mental e emocional quando chegam as adversidades, contratempos e surpresas em nossa cotidianidade. Percebeu na carta anterior a complexidade que é hoje eu conseguir me desvencilhar da filosofia esotérica, pois começo falando como cristão e no desenvolver do argumento misturo os conceitos tornando os pressupostos um único raciocínio. Nesse percurso de minha pouca trajetória nos estudos introdutórios da Teosofia tenho acumulado perdas de alguns irmãos sendo isso motivo de tristeza pois infiro que as pessoas têm poucas sensibilidades em relação (não estás incluída) ao misticismo esotérico. Isso porque me restrinjo ao máximo para não compartilhar com aqueles que manifestavam mais dogmatismo e crenças exclusivistas. Mesmo assim a grande maioria prefere ficar envolta em verdades e conceitos absolutos com uma falsa impressão de segurança e cobertura que lhes assegura certa paz e tranquilidade. Entendo a escolha e acho legítima a busca que cada pessoa tem quanto a sua espiritualidade e religiosidade pois daremos contas de nós mesmo a Deus. Também nessa perspectiva de investigação da espiritualidade humana que realizo não existe lugar para proselitismo e discipulado baseado em credo religioso. A Teosofia entende que cada um tem o direito de exercer a crença que melhor lhe convier e praticar seu ensino exotérico segundo exposto em seu (credo) regimento doutrinal. Portanto o ambiente Teosófico é baseado no livre pensamento e todos tem o direito de expressar suas opiniões concordando ou discordando dos argumentos filosóficos, científicos e místicos que ela apresenta. É dito em  II Coríntios 5: 10 que "Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal". Reconheço que tens usado de paciência comigo inúmeras vezes quando lhe escrevi sobre assuntos com elementos da filosofia oculta. Notório está que desejas manter nossa amizade pois a irmandade já adquirimos como cristãos, mas penso, interpretando seus argumentos que deve ser separada do ensinamento hermético sem mencioná-lo em minha fala dirigida à você. Essa é a questão que venho refletindo: como fazer com que meus pensamentos ao lhe escrever se desvinculem dos conceitos (ocultos) que estão impregnados em minha mente? Parece uma incongruência como aquelas questões matemáticas que levam centenas de anos para serem resolvidas e algumas nunca serão. Um exemplo típico é a quadratura do círculo que é um problema proposto pelos antigos geômetras gregos (mais ou menos 500 AC) consistindo em construir um quadrado com a mesma área de um dado círculo servindo-se somente de uma régua e um compasso em um número finito de etapas. Em 1882 o matemático alemão Ferdinand Lindermann (1852-1939) provou que pi (3,14159 ... ao infinito) é um número transcendente, isto é, não existe um polinômio com coeficientes inteiros ou racionais não todos nulos dos quais pi seja uma raiz. Como resultado disso, é impossível exprimir pi com um número finito de números inteiros, de frações racionais ou suas raízes. A transcendência de pi estabelece a impossibilidade de se resolver o problema da quadratura do círculo: é impossível construir, somente com uma régua e um compasso, um quadrado cuja área seja rigorosamente igual à área de um determinado círculo. Resumindo em 1769 o sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) disse que o processo da quadratura do círculo, por requerer um número infinito de etapas poderia ser feito por Deus que é infinito. A analogia Sigma é para mostrar como estou ( ... ) preciso de sua amizade pois me é caríssima mas o preço que tenho que pagar por ela está além do que tenho à oferecer. Assim fica um problema insolúvel com tendência para um esquecimento daquilo que não se consegue esquecer levando para futuras vidas. Estou impregnado dos conceitos ocultos e tudo que falo está misturado ao mesmerismo (um magnetismo descoberto pelo alemão Franz Anton Mesmer (1734-1815) que conceituava um estado particular de vibração um tom de movimento sendo um fluído universal) e têm momentos que sinto não ser eu quem escreve parecendo que sou tomado por uma energia vinda de correntes arquetípicas dos pensamentos dos antigos mestres da Sabedoria Divina (Gnose). Também me preocupo com você e não desejo que faças nada com a intenção de me agradar por causa da nossa amizade (sinto que o que fazes é de coração puro e singelo) apenas, sendo que reiteradamente me admoestastes induzindo a tomar um posicionamento.  Entendo que deves priorizar seus sentimentos e emoções (como tens feito) alinhando-os a sua nobre vontade e experiência com o Cristianismo advindas de sua intimidade e comunhão com o Absoluto e Sempiterno. Dando atenção a sua intuição vinda de sua consciência que funciona como o Tribunal de Cristo em nossa vida produzindo discernimento daquilo que é autentico ou inautêntico em nossa experiência pessoal com Deus.  Não sei o que fazer logicamente ( ... ) pois nessa hora que preciso do Mestre ao meu lado ele parece que me deixou sozinho a resolver essa situação. Talvez você esteja compreendendo pouco do que estou falando pois nesses momentos ficamos pasmados e faltam palavras e raciocínio para externar com clareza o que se pretende. Estou num impasse dum lado quero sua amizade (reconhecendo que não tenho o direito de tê-la irrestritamente) mas do outro desejo viver a filosofia esotérica, pois em suas observações se entendi corretamente não queres que comento temas relacionados ao hermetismo (lacrado, oculto ou enigmático). Assim como não conseguirei desvincular de meus argumentos a filosofia oriental fico impossibilitado de cumprir o requisito "pedido" por você para que nossa amizade (comunicação) continue aberta e acessível. Desse modo se evidencia um inconveniente ( ... ) podendo prejudicar seu desenvolvimento no Cristianismo causando confusão em seus princípios adquiridos ao longo de sua trajetória espiritual. Concordo que nem todos os cristãos têm esse desprendimento de acoplar em seus conceitos históricos realidades que são plausíveis em outras tradições e culturas. Realmente somos ainda muito estreitos e supersticiosos agarrando-nos com toda força que temos a nossos axiomas e filosofias de vida. O Outro (nosso próximo) com seus pressupostos diferentes dos nossos filtramos em nossa consciência intelectiva. Aquilo que é adequado à nosso ponto de vista tendemos a aceitar. Mas o que não pertence (causa estranheza) ao nosso mundo interior e exterior assumimos uma posição de indiferença no sentido ameno do termo, sendo em alguns casos o extremo quando nos opomos ou criticamos velada ou abertamente. Uma atitude natural de nossa constituição pouco evoluída e centrada em nossos interesses e necessidade. Acho que se não tivesse tido uma experiência plasmada em mim da "verdade como uma terra sem caminhos" como disse Jiddu Krishnamurti (1895-1986) seria alguém ultraortodoxo (extremamente radical em tudo). Coisa que não quero e não desejo que aconteça de forma nenhuma pois penso que ao submeter-me a esse "pedido" estarei sendo parcimonioso com minha espiritualidade atual. Comparo hoje a "verdade" com a figura de um arco íris por sua beleza encantadora e sua diversidade de cores que são: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e o violeta. Mais o ultra violeta e o infra vermelho e uma infinidade de tonalidades que os nossos sentidos visuais não conseguem perceber. A "verdade" é alegoricamente uma decoração que se faz pela reunião de pequenas peças coloridas de vidro, de pedra ou de outro material. As peças são assentadas de forma a produzir um desenho sobre alguma superfície que poderíamos inferir como sendo o Universo.  Desagradando o Mestre que tem confiado em mim, mesmo sendo reprovado no primeiro momento como neófito iniciante e recebendo uma nova oportunidade para ser incluído na Comunidade dos Candidatos a Iniciados nos Mistérios Ocultos. Buda (536-463) diz: "Você é seu próprio Mestre. Tudo depende de você". Veja como é difícil pra mim essa questão pois envolve conceitos éticos filosóficos espirituais sendo que para um catecúmeno (aprendiz) é questão de honra, submissão e sujeição a Ordem Egrégia. Deixo claro que não quero sua mudança de "referencial" apenas porque estou tratando desse assunto pois sua decisão é irrevogável e irretratável estando intrínseco ao seu coração como foi proposto. Amiga Sigma precisava lhe falar essas coisas pois estava sentindo (peso) uma grande cobrança interior. Não compreendo porque o Mestre tem insistido em mim pois já dei provas de minha incompetência e inconsistência moral e emocional para ingressar nos estudos esotéricos e mesmo assim ele não cede ao seu objetivo. Percebeu que misturo os conceitos cristãos com os esotéricos e isso não é bom para sua genuína experiência cristã adquirida ao longo dos anos.  Continuamos como irmãos em Cristo. Sua família é (dê um beijo no pequeno Alefe por mim) especial. Lembranças a todos e espero estar presente na inauguração de seu novo ambiente de convivência. Saúde. Um fraternal abraço. Guímel
    

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Encontro Pessoal com O Pai Celestial.

Ontem pela manhã em nossa casa tivemos uma comunhão (Yod, Gama e Zain) apesar de rápida muito gostosa. Lendo o Salmo 1º conhecidíssimo por sinal no meio cristão e quando o leio lembro de minha mãe que desfruta recitá-lo de memória. Nos detemos principalmente no versículo 2 "Antes tem o seu prazer na Lei do Senhor e na sua Lei Medita de dia e de noite". Embora esse texto seja muito falado no meio cristão raramente se enfatiza a palavra Meditar. Em nossa intimidade com Deus recorremos as orações, preces, intercessões e ações de graça para elevar nosso espírito dentro de uma comunhão que traga a energia do Espírito Santo para saturar nossas emoções e pensamentos. Acabamos ficando numa esfera também de pedidos e respostas onde priorizamos nossos interesses e de nossos familiares "desconsiderando" o lado de Deus que deseja uma irmandade "desinteressada" conosco, comprometida com nosso desapego terreno e um olhar mais concentrado num panorama subjetivo (ego humano) focado em nossa interioridade.  Nesse âmbito, desvinculado das transitoriedades mundanas tendo o desejo de servir ao próximo (fraternidade) que é a prática do evangelho pregado pelo Mestre Jesus. Mateus 6: 9 "Portanto orareis assim: Pai nosso que estás no céu santificado seja o Teu Nome. ( ... ). Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal". Essa oração ensinada pelo Mestre é um exemplo de como precisamos aprender a prece que toca o coração de Deus, pois em sua grande parte não há pedidos apenas um que é "o pão nosso de cada dia dar-nos hoje". Nos demais quesitos é mostrado implicitamente a suficiência do Eterno em suprir cada uma de nossas necessidades sem ao menos mencionarmos uma única delas. Como o Cristianismo em grande parte de seus movimentos denominacionais e católicos perdeu de vista a simplicidade e pureza da oração. Em todas as tradições espiritualistas monoteístas antigas antes da reforma protestante ocorrida em 1517 quando Martin Lutero (1483-1546) afixou na Catedral de Wittenberg - Alemanha suas famosas 95 tese. Também a contra reforma católica tendo início efetivamente com a instituição do Tribunal do Santo Ofício em 1545 (Judaísmo, Islamismo e Cristianismo) vivenciavam uma expectativa de contemplação e meditação no relacionamento íntimo numinoso com o Criador. Essa numinosidade segundo o filósofo Rudolf Otto (1869-1937) aplica-se ao ânimo religioso da alma do crente inspirado pelas qualidades transcendentes da Divindade. Nesse período  as orações e preces eram entendidas como o amalgama do discípulo com seu Mestre (sua consciência) para um aprimoramento espiritual. Onde mente e corpo deveriam se ligar pela ponte da evocação trazendo a recordação a presença espiritual do Ser Superior, para através da alma manter uma comunicação mística com Ele e pelo processo do invocar chamando o Espírito Divino para um mesclar interior recebendo pela via mística o insuflar Dele. O argumento da Oração do Pai Nosso mostra em sua essência primitiva que era um momento de contemplação e recolhimento da alma humana com a Alma Divina. Nada e nenhum Ser dos mundos inferiores ou dos superior de hierarquia subordinadas poderia impedir essa união transcendente do perecível com o Eterno.   Essa tradicional oração cristã é fabulosa pois podemos perfeitamente compará-la com uma Meditação. Sendo feita com um procedimento adequado de equilíbrio entre o corpo, pensamento e a emoção (alma) alcançaremos seu propósito transcendente para a elevação da nossa espiritualidade vivenciando uma experiência de harmonia e autocontrole com nosso mundo e o mundo espiritual. Penso que foi esse o objetivo do Mestre Jesus quando a recitou para seus discípulos, despertar neles o interesse pelo encontro pessoal com seu Pai Celestial, mas para isso todo um comportamento deveria ser apreendido desde a sintonia com o eu (ego) interior até a conciliação exterior com os seres da natureza e as manifestações ocultas nos mundos visíveis e invisíveis. As Sagradas Escrituras não relatam esses importantes pormenores mas fazem sentido esses argumentos quando percebemos o Senhor Jesus indo ao Jardim do Getsêmani junto com os discípulos e dizendo: "Minha alma está cheia de tristeza até a morte, ficai aqui e velai comigo". Ele sabia que sua ora estava se aproximando e como homem sentiu medo e temor. Como enfrentar uma situação tão extrema onde seria ridicularizado, envergonhado, vituperado, desconsiderado e tratado como um forasteiro e inimigo do Estado e de seu povo. Uma profunda angústia e expectativa negativa se abateu sobre Ele. Os seres dos mundos inferiores observavam atentamente e nada entendiam sobre aquele momento pois viam o homem Deus numa condição de extrema fraqueza humana totalmente a mercê da misericórdia de seu Pai. Esses seres conversavam entre si a respeito daquela agonia e profunda tristeza do filho de Deus e diziam: quem é Ele afinal será um Deus ou um homem, ou um Deus homem, ou um homem ou Deus. A perplexidade tomou conta desses seres e retirando-se equivocadamente não conseguiram desvendar o mistério.   De outra vez no deserto é dito: "tendo jejuado quarenta dias e quarenta noite, depois teve fome". Em todas as tradições religiosas os Iluminados, Profetas, Hierofantes, Messias passam pela provação antes de iniciarem seu ministério propriamente dito. Foi assim no caso de Buda (583 AC 463), Moisés (1200 AC), Zoroastro (630 AC 553), Confúcio (551 AC 479), Maomé (570-632), Lao Tse (1400 AC) e outros que seriam condutores dos buscadores da verdade. Falo assim para mostra a similaridade entre todos os que desejam ascender a elevação espiritual e desenvolver sua subjetividade divina pelo caminho da evolução e desapego das coisas passageiras e transitórias. Causa estranheza para alguns incluir o Mestre Jesus numa relação de nomes como essa, mas o argumento é consistente quando ele fala: "se você quer ser o maior torne-se o menor" e quando Ele diz: "eu não vim para ser servido mas para servir e dar a vida em favor de muitos". Acho que honramos o Mestre Jesus comparado-o com aqueles que lutaram pela causa da humanidade para o bem e a fraternidade universal pois estando na terra Ele quis ser muito mais homem que Deus.   No monte das Oliveiras ele "orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue que caiam até ao chão". É notório nessas passagens que em nenhum momento o Mestre está preocupado com seus interesses particulares mas lutava interiormente para que a vontade do Pai permanecesse viva e fosse cumprida Nele. Podemos perceber sua resignação e altruísmo qualidades inerente aos que desejam alcançar pela pureza e santidade a elevação espiritual. Nada o demovia de sua missão divina pois era consciente de seu dahma mesmo em situações de dúvidas e incertezas como vimos acima. Como diz o escritor bíblico: "Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu". E hoje nosso Cristianismo rasteiro e superficial (pregado por alguns) proclama em alta e forte voz: Pare de sofrer. Um discurso ante evangelista coisa que o Mestre Jesus nunca ensinou pelo contrário foi dito por Ele: "No mundo tereis aflição mas tendes bom ânimo, eu venci o mundo". Infelizmente apenas tocamos no ensinamento exotérico dos evangelhos não entrando em seus mistérios que parecem foram selados, como os sete selos do Apocalipse. Precisamos urgentemente da chave adequada para abrir os selos dos evangelhos e conhecer seus segredos que são para todos aqueles que tiverem um coração de busca e comprometimento com a causa da fraternidade humana.  O jardim simboliza a vida vegetal (plantas, flores, relva e arbustos) que estavam conectados a sua vida humana. O jardim também representa nossa vida espiritual que deve ser cultivada e lavrada pois há perigos de que ervas daninhas nasçam e sufoquem as plantas rasteiras. Pragas e insetos peçonhentos devem ser controlados do contrário podem destruir o ecossistema onde habitamos. A poda nas árvores com galhos secos e encruados deve ser realizada. Somos uma árvore pois é dito nos evangelhos "Vejo os homens como árvores". Como precisamos ser adubados com material orgânico e não herbicidas que acabam matando nossa ligação com a Consciência Divina. O material orgânico tipificado é tudo aquilo que vem de nossa interioridade revelado no desejo de contemplar o incontemplado e amar a quem não vemos e nem tocamos. Como diz Walter benjamim (1892-1940) "Só conhece realmente uma pessoa quem a ama sem esperança".  O deserto simboliza (areia, terra, pedras, rochas, vento, frio, calor) o reino mineral que também se inseriu no plano de redenção aceitando a oferta vicária para liberta das forças opressoras a vida nesse aspecto da biosfera. A biosfera mineral é vastíssima e como já sabemos desde os primórdios das raça vem evoluindo em seus vários estágios de consciência primitiva. Alguns elementos tendem a fazer esse processo com mais facilidade que outros como é o caso dos quatro elementos químicos básico: carbono, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio. Pois eles tem uma camada de valência (o último eletron do nível spin) mais condensadas e flexíveis à interação para completarem seu (preenchimento do nível energético) ciclo materializado. Assim suas neuroeletroatividade vão formando circuitos nervosos que dimensionam sistemas complexos de esferas e halteres atômicos onde a consciência incipiente transforma-se em poderoso instrumento de ligação com o reino vegetal. As pedras preciosas como diamantes, quartzo, topázio, ametista, ouro, jaspe, ágata além dos cristais com suas mais variadas formas geométricas são portas de entrada de mistérios que serão em futuras geração revelados pela ciência tradicional  e espero que esse conhecimento fique restrito a poucos homens que tenham compromisso específico com a fraternidade humana. No monte que nesse contexto é uma elevação de terra acessível a animais (cabras, bodes, lobos, serpentes, ovelhas) e as pessoas que cuidavam sendo em alguns casos predadores dessas espécies, representam os reinos animal e humano que davam as boas vindas ao Mestre desejosos e seguros de que seu projeto salvífico seria realizado dentro do plano que o Pai havia estabelecido para esse objetivo. Assim fica claro que o Mestre Meditava associando-se a todos os reinos e mundos visíveis e invisíveis. No deserto as hierarquias de Seres Inferiores estavam junto a Ele "Então o diabo o deixou, e eis que chegaram os anjos, e os serviram". Em seu batismo no rio Jordão as hierarquias de Seres Superior estiveram presentes "Saiu logo da água e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele. E eis que uma voz do céu dizia: este é meu Filho amado em quem me comprazo". Essas hierarquia de Seres Inferiores e Superiores também participaram do "Drama" Cósmico cada um tendo que desempenhar seu papel pré estabelecido no roteiro universal. É plausível essa ideia do "Drama" pois para os gregos era uma forma de representação teatral específica. O teatro na Grécia não era um simples divertimento como hoje mas essas representações eram dadas em datas fixas, três vezes por ano, nas festas de Dionísio sendo religiosas e cívicas. As mais importantes eram as Dionísias urbanas em março, numa época onde depois do inverno a navegação podia recomeçar. Vinham embaixadores das cidades aliadas, viajantes estrangeiros. A hegemonia de Atenas davam a essas festas um caráter pan helênico. Eram 6 dias de festas sendo 5 de representações teatrais. Era uma espécie de festival dramático. No primeiro dia havia uma procissão para instalar no teatro a estátua de Dionísio, tirada de seu templo e se fazia uma hecatombe, um sacrifício de 100 touros no altar situado no centro do teatro. No segundo e terceiros dias haviam apresentações de ditirambos dramas líricos espécie de oratório cantado e dançado por 50 executantes sem atores. Os quarto, quinto e sexto dias eram de espetáculo dramáticos. Em cada um desses dias um dos poetas escolhidos deviam apresentar 3 tragédias (uma trilogia) e um drama satírico com meia hora de intervalos entre cada um deles. À tarde se apresentava uma comédia. No sétimo dia havia prêmios. Aparece bem o contexto religioso, ritual ligado a Dionísio ou Bacco, deus da vinha ou da inspiração, acompanhado de um cortejo de sátiros e de mênades ou bacantes o que teria resultado mais tarde nas representações teatrais. Mas essas representações eram também uma instituição cívica bem regulamentada. Foi Psístrato (600-528) que instaurou os concursos trágicos. o que mostra o quanto a tragédia é liga a democracia. É interessante uma investigação e pesquisa das representações Gregas dramáticas tomando como ponto de partida a escatologia bíblia. No fundo perceberemos que existe semelhanças e idiossincrasias verossímeis quanto a tragédia, drama, teatro, cantos, atores, cenários, sacrifícios gregos com os fatos narrados nos textos do Apocalipse e outros correlacionados como Daniel, Ezequiel e epístolas Paulinas. (Aqui não é o âmbito para discutirmos esse assunto).  Nós humanos não somos diferentes pois temos que cumprir nossa parte nesse "teatro" universal, desse modo, como atores protagonistas, dentre muitas coisas que nos cabe, depois de ativado o processo redentor (desenvolvimento de nossa alma) precisamos amar todos os seres, de todos os reinos, no céu, na terra e debaixo da terra. Tudo isso é para enfatizar que quando nos dispomos a Meditação como o Mestre Jesus ensinou entramos em contato com o macro e micro cosmo assimilando seus poderes somos conectados com a Consciência Infinita de Deus. Depois nós três oramos palavras de agradecimento em retribuição a misericórdia divina da qual somos alvos diariamente. Abraço. Davi.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Por que Meditar? Meditação Tradicional.

(C.040) Em sua forma tradicional Meditação significa reflexão, ponderação e pensamento profundo isso dentro da perspectiva da Jnana Yoga que é o caminho do conhecimento ou discernimento intelectual, mais especificamente da sabedoria vivenciada dentro de um Ser. Seu propósito principal é remover a mente e as emoções de uma percepção (errônea) de si mesmo e  da vida para que se possa vivenciar a realidade do Ser ou Espírito. A Meditação é importante na vida espiritual porque somos Seres Divinos mas por sermos carnais e pecadores esquecemos que nossa natureza é primordialmente espiritual. Nosso corpo físico como um veículo, carro ou cavalo deve está sempre sendo animado pois o que fenece (morre) é o veículo assim esse processo tipifica uma troca de "roupa" onde despimos do corpo físico e nos vestimos do corpo astral (alma) imorrível. A Meditação é um mergulho em nosso interior pois as pessoas confundem o corpo com a alma (Atma) e por estarem envolvidas com o corpo, elas colocam toda a atenção nele. A pessoa tem que ir além do corpo para conhecer o Ser e sua verdadeira essência. Nesse sentido além do corpo existe algo muito mais sutil e complicado: a mente. Por causa da falta de entendimento acredita-se que a mente é o Atma. Ser capaz de ir além da mente e seus confusos pensamentos é muito mais difícil. E dentro da mente existe ainda uma camada mais profunda, formada pelo intelecto e pelo ego que cria a ideia de eu e meu. Somente quando esses são transcendidos, chega-se ao âmago da verdadeira essência. A maior parte das pessoas está embebida pelo corpo, mente ou intelecto (ego). Somente quando se penetra e vai além dessas três camadas, a pessoa poderá alcançar a verdadeira casa da felicidade. Nossos problemas e desordem de todos os tipos (moral, ético, espiritual) são resultado de perdermos a consciência do real representada por nossa natureza divina que sendo reconhecida pelo coração mudamos essa trajetória aprofundando na comunhão íntima com a Divindade Eterna nosso reencontro com o Ser Espiritual. Precisamos ter uma atitude positiva do intelecto pra captar as verdades espirituais pela Meditação. A princípio o intelecto é incompetente pra entender as verdades mas direciona pra ela nosso discernimento intuitivo. Nossos sofrimentos e angústias tem origem na desconexão com a Individualidade Divina que é a imortalidade característica de nossa divindade. O desenvolvimento espiritual é cultivar um jardim se não houver os procedimentos de cuidado (adubar, aguar, escorar, retirar as ervas daninhas) o crescimento será mirado correndo-se o risco da morte da planta. O homem é um ser auto consciente e os sofrimentos da vida não vão desaparecer da noite para o dia. Precisamos também reconhecer que eles são inerentes a existência humana. A Meditação é uma maneira de auxiliar a evolução espiritual criando a linha de coerência. Assim devemos retificar nossas ações  pois o ocultista quando faz algo, seu ato tem mais poder que aquele que não acessa o mundo invisível como é dito por Antoine de Saint Exupéri (1900-1944) "Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos". Precisamos alinhar nossos atos ao cosmo, pois fazendo assim nosso carma será reparado dentro de uma esfera de conhecimento onde a pessoa que estuda os poderes da mente e os mistérios da natureza têm mais possibilidades de sintonizar os atos bons rejeitando os ruins pelo bom senso e discernimento espiritual. Numa analogia Meditar é como tocar piano primeiro um aprendizado que envolve a vocação como facilitador, depois anos a fio de trabalho até se chegar a um profissionalismo. Meditar é um processo de instrução lidando com as coisas de um modo eficiente onde a concentração atenta num objeto particularizando-o no aqui e agora traz como recompensa inúmeros ganhos emocionais e espirituais. Isso requer pensamento profundo fazendo foco com a mente, com os olhos, imaginação e intuição. A inteligência é uma faculdade intuicional sendo um grau a mais que a cognição atingindo o centro do Ser. É importante trabalhar mente e emoção alinhando-os no plano de ação usando-os eficientemente. Pra Meditar devemos primeiramente cuidar de nosso corpo de forma adequada (boa alimentação, sono normal, banho, lazer apropriado etc). O que é Divino não deixa de ser Divino. Assim precisamos trabalhar na alma que têm duas instâncias para penetrar a debaixo (terrena) corrupta e perecível e a de cima (celestial) perene e eterna. Nosso trabalho de aperfeiçoamento espiritual deve concentrar-se na sua maior parte em nossos pensamentos e emoções que são áreas incluídas em nossa alma. Eles precisam estar bem desenvolvidos e sobretudo alinhados. Geralmente as asas da alma (pensamento e emoção) estão amarradas aos interesses da terra e com a Meditação as desamarramos alçando voo para o infinito. Nossa mente é como uma lanterna que ilumina os escuros acontecimentos de nossa vida. Os fatos do passado ficam na (aqueles que deixaram marcas boas ou ruins) memória de longo prazo sendo que as coisas aprendidas com capacidade no tempo tendemos a esquecer, mas a habilidade cognitiva acaba ficando. O que aprendemos numa vida morre, mas a capacidade nata fica para continuar se desenvolvendo no futuro renascimento. Karl Gustav Jung (1875-1961) disse: "Nosso cérebro está armazenando cada segundo de nossa experiência de vida", isso é comprovado na técnica  da hipnose que ele usava com a autorização de seus paciente pois no processo de regressão as lembranças inconscientes vinham com o aprendizado cognitivo externado na capacidade da fala. Um exemplo clássico foi de uma paciente que ao adentrar numa emergência inconsciente depois do pós cirúrgico recordou das horas (observou o horário ao ver um relógio na parede do hospital) em que deu entrada para o procedimento. Isso comprova que Jung estava correto pois as habilidades são partes permanentes nas repartições da memória. Tudo nasce no mundo mental e ao ser plasmado (dar forma) se torna realidade. Esse conceito abstraído do pressuposto Junguiano é uma poderosa ferramenta de aperfeiçoamento do caráter (imaginação) que os neurocientistas estão pesquisando para o aprimoramento da cognição humana. As formas objetais nascem no pensamento sendo direcionadas para imaginação assim precisamos pegar a lanterna e iluminar o lugar onde estamos vivendo. Três aspectos devemos particularizar para que a mente possa assumir um estado de equilíbrio e harmonia com todos os seres e a natureza: memória, imaginação e compreensão. Nossa emoção precisa ter o enfoque no amor que é o sangue da vida. Um olhar de amor para cima e para baixo que é a expressão da caridade para com aqueles que estão necessitados de conforto psíquico e ajuda fraterna muitas vezes em bens materiais. Tudo é realizado honestamente quando aprendemos a amar de fato a nós mesmos. Na emoção podemos encontrar três virtudes que com nossa experiência na Meditação saberemos usar nos momentos oportunos: fé, caridade e esperança. A fraternidade humana é um dos focos de interação entre os homens e os Seres Superiores que vivem nos mundos invisíveis, pois esses trabalham para desenvolver em proporções cósmicas esse sentimento de boa vontade e assimilação entre todos os viventes nos mundos tangíveis e naqueles intangíveis. O equilíbrio mente e emocional possibilita que as ideias sejam melhor refletidas e ponderadas abrindo espaço para uma Meditação adequada e produtiva tendo reflexos na vida social e espiritual da pessoa. O alinhamento (emoção e pensamentos) como estágio progressivo precisa ser engolido, mastigado e digerido até se tornar um nutriente incorporado a corrente sanguínea fortalecedor da espiritualidade pessoal. Devemos pensar com a mente e sentir com a coração pois nossas emoções tem um peso grande em nossas vidas. Agora vamos enumerar alguns aspectos práticos quanto a Meditação. 1. A postura é fundamental estando a coluna vertebral ereta para que as energias vitalizadores dos chackras possam circular livremente em cada órgão do corpo físico, etérico e astral. 2. A posição tradicional é importante (pernas cruzadas e mãos abaixo da barriga) mas esse aspecto é visto hoje com flexibilidade (deitado, em pé) sendo essencial o conforto do praticante. 3. A respiração correta deve ser observada (inspirando e expirando lentamente) com atenção pois é um requisito que facilita seu equilíbrio mental e emocional. Nesse aspecto reconhecemos que ao respirar profundamente estamos num estado de sono, quando ofegamos mostramos agitação mas quando relaxamos o corpo entramos em Meditação. 4. Para os iniciantes sugere-se respirar profundamente dez vezes depois estabilizar a respiração no abdominal acalmando pausadamente chegando ao ponto do autocontrole pra Meditação. 5. A periodicidade como máxima deve ser observada para um comprometimento espiritual: 10 minutos, 5 minutos e aos mais experiente 30 minutos por dia. 5. Um banho antes de Meditar é aconselhável havendo condições favoráveis. 6. O incenso (um aroma ou fragrância) traz o sentimento de "purificação" ao lugar onde está sendo praticado a Meditação apenas como suplemento não sendo imprescindível. 7. O estômago cheia não é recomendável em momentos de Meditação inclusive atrapalha o desenvolvimento da conexão mente e emoção. O estômago vazio produz uma sensação de bem estar e preparação para o exercício da espiritualidade tipificando para o discípulo um momento de "jejum" onde a alma está sendo purificada. 8. Melhores horários segundo a experiência de alguns yogues serei as 6 horas, 12 horas e 18 horas sendo que entre as 22 horas e 3 horas não convêm a Meditação. Mas esses horários devem ser recebidos com flexibilidade pois deve-se respeitar a particularidade do discípulo. 9. A música tem a finalidade de produzir relaxamento para se entrar numa posição de alinhamento dos pensamentos com a emoção mas não é necessária. A Meditação podemos comparar a um avião que está em repouso na pista de voo do aeroporto. Seu peso provocado pelas toneladas da fuselagem e tamanho no caso das aeronaves comerciais nos assustam e pensamos como que uma máquina dessa envergadura consegue voar acima das nuvens? Assim o princípio é verdadeiro quando começamos nossa Vida Meditativa pois veremos que as dificuldade se avolumarão e imaginaremos que não conseguiremos uma regularidade nesse indispensável aspecto da vida espiritual, mas a persistência e perseverança mostrarão que é totalmente possível desenvolver satisfatoriamente esse importante quesito da Senda Espiritual. Abraço. Davi.  

sábado, 23 de agosto de 2014

Judas Iscariotes. Parte I.

Amigos leitores. O texto a seguir foi extraído da revista eletrônica www.gnosisonline.org.br. Deixo claro que o conteúdo não é necessariamente o que penso mas em alguns aspectos concordo com o que é apresentado. Evidentemente que se resolvi colocá-lo no blog é porque percebo que há elementos importantes que estão inseridos em nossa proposta de investigação e pesquisa de assuntos relacionados a religiosidade e espiritualidade. A finalidade precípua é embasar os leitores com argumentos variados em relação a assuntos que a grande maioria já vaticinou como verdade inquestionável e portanto bloqueiam seu raciocínio e intuição não deixando margem para possíveis verossimelhanças empregadas em circunstâncias de averiguação científicas. Infelizmente nossos dogmas disfarçam (iludem) pressuposto que poderíamos alcançar dentro de uma perspectiva mais coerente e plausível. Assim demoramos para abrir nossa consciência à janelas intuitivas que já existem e estão fechadas devido nossas crendices abstrusas. Aos cristãos como eu (e todos os leitores) sugiro usarem seu bom senso, comedimento e intuição para julgarem conforme suas experiências psíquicas e seus legados sócio espiritual o tema que estamos abordando. Buda (563-483) "Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos, aceite-o e viva-o". Quase 2 mil anos após ter semeado discórdia entre os primeiros cristãos acerca da verdadeira “missão” de Judas de Kariot (Kerioth, ou Iscariotes, derivado do hebraico Ish Kerioth: Homem de Kerioth, cidade ao sul de Judá), surge à luz do mundo o "sagrado" Evangelho Segundo Judas. Esse manuscrito, encontrado na década de 50, contém 62 folhas de papiro escritas no dialeto Copta, a antiga língua dos cristãos do Egito, devendo ser publicado brevemente em várias línguas, para o bem da Verdade.“Após termos recebido os resultados dos testes de datação com Carbono-14, concluímos que este texto é ainda mais antigo do que se pensava e remonta a um período entre o fim do século 3º e início do século 4º”, explica o diretor da Fundação Mecenas, o suiço Mario Jean Roberty (1945-    ) que se dedica à divulgação de descobertas arqueológicas.
Segundo alguns informes vistos na imprensa, investigadores da Universidade de Genebra, na Suíça, começaram a traduzir esse Evangelho. A existência do Evangelho Segundo Judas (Judas, em hebraico, significa Agradecimento), cujo original é verossímil (suposta verdade) em grego, foi atestada pelo primeiro bispo de Lyon, Irineu (130-202) que no século 2º havia classificado esse texto como “herético” (hoje esse termo tem sido questionado entre os estudiosos de livros sagrados pois foi usado no passado como um instrumento de subordinação arbitrária impondo verdades inquestionável, sendo os opositores queimados na fogueira ou condenados a morrerem no desterro. “É a única fonte que permite saber que tal evangelho existiu”, afirma Roberty, que não quis falar sobre o conteúdo do texto antes da sua publicação. Para o professor suiço Rodolphe Kasser (1927-   ) um dos responsáveis da Universidade de Genebra pela tradução dessa antiquíssima obra gnóstica, o texto foi encontrado no Egito, aparentemente numa escavação clandestina. Mas por que esse Evangelho, além de outros tantos, não foi sequer divulgado para o público? No Concílio de Nicéia, hoje na Turquia, reunido em 325 por iniciativa do primeiro imperador cristão, Constantino I (288-377), a igreja limitou a quatro os evangelhos transmitindo os ensinamentos de Cristo, ou seja, aqueles atribuídos a Marcos, João, Lucas e Mateus. Cerca de 30 textos, alguns deles conhecidos, foram descartados porque não estavam de acordo com o que Constantino I desejava como doutrina política. De acordo com especialistas, o Evangelho de Judas colocaria em questão certos princípios políticos da doutrina cristã e permitiria uma revolucionária reabilitação de Judas, que durante séculos carregou o estigma de traidor e assassino de Jesus.
Ao lado, vemos um dos raríssimos fragmentos de um manuscrito Copta do Evangelho de Judas. Esse Evangelho era o principal escrito de uma seita (lê-se aqui esse termo não com a visão dogmática de contrário a Deus ou a seus propósitos mas são posições diferentes do costumeiro enfatizado pela teologia tradicional da época) gnóstica, chamada de Iscariotes, a qual se baseava na doutrina da Aniquilação do Eu, e disseminou-se muito no Egito, norte da África e em algumas regiões da Europa medieval. Infelizmente, todos os documentos acerca da “Igreja de Judas” e seus membros (os Iscariotes) foram destruídos, restando apenas, em todo o mundo, menos de uma dúzia de pequenos fragmentos que atestam que verdadeiramente essa “seita” gnóstica existiu. Outra prova da existência dessa “Igreja” é o ataque de Irineu de Lyon, um teólogo católico, em sua obra antignóstica Adversus Haereses (180), contra essa seita dos Iscariotes e seu Evangelho Segundo Judas. Esse Evangelho de Judas era a base de outras seitas gnósticas independentes, tais como os cainitas (erroneamente chamados de adoradores de Satã ou mesmo de vampiros) e dos marcionitas (seguidores do Mestre gnóstico Marción). Irineu, nesse seu escrito antignóstico, sustentava que o Evangelho de Judas era una “história fictícia” que a seita dos cainitas (seguidores de Caim) havia escrito “ao estilo dos evangelhos”. Os cainitas (segundo o próprio Irineu) acreditavam que Judas tinha conhecimentos secretos, e que a meta de Judas era “causar confusão nos céus e na terra”. Bem, esperamos que a tradução e publicação do Evangelho de Judas se faça para que os esclarecimento venham a público trazendo luz nesse mistério que persiste encoberto. Abraço. Davi.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Comparecer ante o Tribunal de Cristo. Parte II.

Na parte I de nosso texto ao final  falamos da flor de lótus como um simbolismo da religião Budista de pureza do corpo e santidade da mente estando caminhando no panorama de II Coríntios 5 (uma porção das Sagradas Escrituras Cristãs) para tentarmos uma melhor compreensão esotérica daquilo que o apóstolo São Paulo (5-67) DC quis dizer ao referir-se especificamente sobre o Tribunal de Cristo. Vejamos alguns aspecto da cultura e conhecimento do apóstolo referido em Atos 22: 3 "Quanto a mim sou judeu, nascido em Tarso da Cicília, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme as verdades de nossos pais, zeloso da lei de Deus, como todos vós hoje sois" e em Filipenses 3: 5 "Da linhagem de Israel da tribo de Benjamin, hebreu de hebreu quanto à lei fariseu". Esses textos bíblicos  mostram que ele teve iniciação em fases do ocultismo judaico como a Cabala prática e o esoterismo dos mistérios do Talmud, da Torá e do Zohar pois eram requisitos dos estudantes hebreus nas academias das tradições espiritualistas dos judeus. Como exemplo desse fato podemos citar o educador judeu Gamaliel que viveu aproximadamente no ano 50 DC sendo neto do grande pedagogo judeu Hillel. Como um dos líderes do Sinédrio em sua época reconhecido Mestre e Doutor em Torah. Morrendo vinte anos antes da destruição do Segundo Templo em Jerusalém. No Talmud Gamaliel tinha o título de Rambam somente conferido ao Rabino Chefe Superior do qual ele era o primeiro dentre sete nomeados líderes. No Mishna (uma das principais obras do judaísmo rabínico sendo a primeira redação na forma escrita da tradição oral judaica chamada Torah Oral) ele é considerado como autor de alguns decretos legais relacionados ao bem estar da comunidade regulando certas questões relativas a direitos conjugais. Nesse contexto percebemos que os estudos avançados do apóstolo Paulo o habilitava a discorrer as questões religiosas pertinentes a seu campo de conhecimento aprofundado pelo misticismo e erudição do Mestre Gamaliel. O âmbito do farisaísmo (não o estereótipo do termo) religioso em que viveu o apóstolo trouxe-lhe uma base nas tradições espiritualista judaicas. Pois os Perushin (Fariseus) provavelmente são originários de um sectarismo surgido de um grupo religioso judaico chamado Hassidim os piedosos que apoiaram a Revolta dos Macabeus (168 AC 142) contra Antíoco IV Epifânio (215 AC 162), rei do Império Selêucida que incentivou a eliminação da cultura não grega através da assimilação forçada e da proibição de qualquer fé particular. Uma parte da aristocracia da época e dos círculos dos sacerdotes apoiaram as intenções de Antíoco, mas o povo em geral sob a liderança de Yehuda Makkabi e sua família revoltaram-se. Os Fariseus tornaram-se uma seita de grande influência em Israel devido ao ensino religioso e político (uma inovação à época) pois se envolviam em questões sócio comunitárias e educacionais. Aceitavam a Torah Escrita e as tradições da Torah Oral situações não compartilhadas por muitas seita judaicas em especial os Saduceus. Tinham comunhão na unicidade do Criador, na ressurreição dos mortos, em anjos e demônios, no julgamento futuro e na vinda do Rei Messias. Princípios que os deixamos bem próximos da comunidade mais carente dentre os judeus sendo bem vistos por grande parte da burguesia e o alto rabinato judaico. Desse modo o apóstolo teve total apoio político em seus primeiros anos (euforia da juventude partidária) quando institui uma cruzada em perseguição aos cristãos e minorias religiosas que não professavam a fé judaica com objetivos proselitistas. Ação não compartilhada por muitos rabinos à época. Esses dois aspectos acima que comentamos faz com que possamos inferir o alto grau cultural e intelectual que foi alcançado pelo apóstolo, mas não entendemos porque em seus escrito pós conversão ao cristianismo ele ocultou todo esse conhecimento da Cabala Oral e Prática, do misticismo oculto da Torah e Talmud Orais e Práticos. Conceitos esotéricos aprendidos com o mestre Gamaliel não foram referenciados em suas epístolas no Novo Testamento. Podemos supor de maneira verossímil que ele (o apóstolo Paulo) usou  um código secreto em seu ensino exotérico e esotérico estando os mistérios menores e maiores de sua tradição espiritualista guardados para os iniciados em ocultismo práticos que precisarão decifrar essa escrita hermética, velada com o selo do Espírito Divino. Então como ainda não temos o segredo desse enigma podemos estudá-los em um esoterismo que está ao nosso alcance sem a pretensão de ultrapassar os portais da elevação espiritual como é dito em II Coríntios 12: 2-4 "Conheço um homem em Cristo que a catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu. Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar". Isso parece provar ter sentido uma senha capaz de compreender alguns dos seus mistérios maiores e muitos não serão revelados em milhares de encarnações futuras. Como ainda não estamos no nível dos iniciados no esoterismo continuemos nossa pesquisa e investigação com os versículos antecedentes até que cheguemos no tema que estamos abordando. "Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito". O penhor sendo legitimado por Deus mostra que nossas três partes correlatas corpo, alma e espírito estão em sintonia com a Consciência Universal que repartindo sua porção de vida nessas camadas usa as duas partes internas (psique e pneuma no grego) para se perpetuar numa semente evolutiva ao longo das encarnações posteriores. Na Teosofia costuma-se comparar o homem a uma carruagem puxada por três cavalos um sendo o corpo físico, o outro o corpo astral e por fim o corpo mental se onde o cocheiro (condutor) representa nossa pessoalidade. Assim temos o trabalho de domar esses três animais conduzindo-os para um propósito humanitário coisa que na experiência é possível com disciplina, boa vontade e prudência.  Em outras traduções cristãs é usada a palavra selo nesse versículo algo misterioso que pessoas comuns não agregadas a comunidade fraterna são incapazes de reconhecer pois é a marca invisível do Espírito. Um exemplo nesse aspecto esotérico podemos inferir a mancha colocada nos umbrais das portas das tendas por judeus quando estes estavam no Egito como escravos de Faraó. Pois ao ver o sangue nas portas o anjo da (morte) destruição não entraria na casa dos hebreus para matar o primogênito da família situação ocorrida apenas entre os da casa dos egípcios. O sangue tem todo um simbolismo místico relacionado a purificação, santificação e iniciação a rituais onde o discípulo se compromete com juramentos ocultos e revelados a participar da fraternidade dos escolhidos para aquele objetivo definido na espiritualidade em que está inserido. I João 1: 7 "Temos comunhão uns com os outros e sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado". "Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor". A ausência aqui é eminentemente temporária esperando apenas que a manifestação do corpo incorruptível e transcendente se revele em plenitude na vitalidade energizadora do plano astral, que tem na alma o envoltório permanente de nossa individualidade mesclada a divindade eterna. Este corpo físico com os elementos (carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e outros) densos da atmosfera terrestre após deixarmos essa casca (corpo físico ou soma no grego) reintegrar-se-ão ao seu habitat natural representado pela natureza mineral. Esse é nosso primeiro nascedouro como vida biológica que acoplando os demais elementos químicos vai evoluindo para cultivar uma proto consciência que incipiente tende a manter interações atômicas (protons, neutrons e eletrons) com seus representantes das diversas camadas dos elementos químicos alcalinos, alcalinos terrenos, metais, semi metais, ametais e os gazes nobres. Em outra circunstância a ausência estabelece a presença isso ocultamente podemos fazer uma analogia com o Mestre Jesus quando disse aos seus discípulos João 14: 18,26 "Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome". Assim a ausência é presentificada na forma astral das emoções, vontades e pensamentos interagindo com a Mente Cósmica do Divino, II Coríntios 2: 16 "Mas nós temos a mente de Cristo". "Porque andamos por fé, e não por vistas". Aqui fé é preponderantemente acompanhada por obras pois a fé sem obras é morta. Quando falamos de fé não estamos pensando em crendices e superstições irracionais mas num substrato da experiência que acompanha nossa comunhão e intimidade com o Absoluto e Sempiterno. Uma fé na Criação e no Criador revelada na mente intrínseca daquele que caminha buscando a evolução de sua alma para o completude com o Todo Oniabarcante. Nessa perspectiva até o que não tem fé pode ter fé pois não é posse de algo mas a vivência no processo de interação com a mãe natureza e suas variadas formas de manifestação bem como a consequente busca pelo aprimoramento de nossa espiritualidade cotidiana. II Coríntios 5: 10 "Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um recebe segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal". A ideia de um tribunal aqui mencionada é uma alegoria, penso, pois o próprio enunciado não traz elementos que satisfaçam uma formalidade de ofício inquisitório sendo inclusive temerário cogitarmos num julgamento sumário onde a sentença pronunciada estaria pronta à revelia. A figura do advogado (paracleto em grego) nem é inferida como uma possível defesa para o acusado. Parece claro que este Tribunal é uma instância de aperfeiçoamento espiritual onde o que fizemos de virtude e benemérito para com nosso próximo será recompensado (galardoado) e nossas práticas nocivas e prejudiciais a nossos semelhantes serão punidas (reprimida) na justa medida com que agimos. Surge nas ponderações do apóstolo São Paulo a ideia do carma, um princípio que talvez ele tenha aprendido dos iniciados cabalistas judeus de tendências hindus e brâmanes pois existe fortes indícios que esteve junto também aos Essênios (um movimento separatista místico entre os judeus de sua época) que adotavam os ensinamentos esotéricos do desenvolvimento da alma em fase de involução e evolução até alcançarem a purificação completo do espírito humano. O carma tem esse pressuposto de redimir a alma num processo de refinamento constante na encarnação presente e nas futuras pois como seres mutáveis e em constante transformação estaremos praticando o bem e o mal. Mas em determinado estágio desse progresso cósmico estaremos num nível onde não mais o carma poderá nos sobrepujar pois ultrapassamos o portal da sabedoria, pureza e santidade sendo que nesse período assumimos a forma de um Mestre de Sabedoria ou como diz a bíblia seremos um Homem Perfeito. Immanuel Kant (1724-1804) em sua famosa obra Crítica da Razão Pura (1781) diz que a consciência é o tribunal da razão. Filosoficamente esse pressuposto é lógico e de pouca refutação sendo que Kant desenvolve seu argumento consistente e coerentemente não dando margem a tautologia e nem modalismo mas reconhecendo que a razão humana é a referencial que divisa o bem e o mal. A consciência é a parte divina e a razão a esfera humana onde aqui o raciocínio é desenvolvido debaixo do conceito de conhecimento experimental (sistematização) ou empírico (observação). Para Kant o homem precisa progredir cognitivamente saindo da empiria que é o nível superficial do conhecimento pois para consegui-lo usasse os sentidos físicos que não são reais rigorosamente falando pois fogem as percepções inatas que se formam no pensamento. Assim o estágio experimental é o mais avançado onde o conhecimento é processado em ideias natas e inatas sendo que antes que as sensações e percepções visualizem ou toquem qualquer objeto nos mundos possíveis essas formas já estariam estruturados como projeções de imagens reais no mundo das realidades e irrealidades. Kant trabalha a consciência à uma razão pura e prática dentro de um estado quase chegando a um Theos (Deus) pois se menciona que ele tira a consciência de dentro do homem e a faz vagar em mundo visíveis e invisíveis na transcendência da razão que ultrapassa os limiares do tempo e espaço. Surgindo a ideia de que a consciência é anterior a nossa existência pois esteve presente em encarnações passadas e estará nas encarnações futuras. Mas devemos ter calma pois esse processo será realidade para nós quando nossa alma se transmigrar em uma nova personalidade advinda de um novo nascimento. Assim Kant concebia a consciência como um tribunal capaz de fazer juízo plausível das situações de preceitos moral, ético, espiritual, religioso, político, social e das coisas que dizem respeito a convivência humana. Ele reconhece que cada homem deve ser capaz de se auto avaliar e deliberar um juízo que seja coerente com seu bom senso e determinação intuitiva. Portanto nessa perspectiva concluímos nossa reflexão dizendo que o conhecimento é para todos mas nem todos obterão o conhecimento abstrato e objeto necessário para uma conduta digna e coerente em sua pessoalidade. Compartilho com o Projeto Kantiano de Espiritualidade Moral e Ética onde a consciência estabelece os parâmetros de virtudes e méritos que deverão ser alcançado pelo discípulo em sua busca pela evolução de seu Ser Completo. Portanto os letrados e mais abertos ao conhecimento devem ajudar (contribuir) à fraternidade humana nas questões sócios comunitárias para que esses (iletrados ou espíritos menos evoluídos) possam também serem bem avaliados pelas suas próprias consciências. Abraço. Davi.             

domingo, 17 de agosto de 2014

Geração Canguru.

Amigos já ouviram falar na geração canguru? Pra quem não sabe o Canguru e o nome genérico dado a um mamífero marsupial pertencente a quatro espécies do gênero Macropus da família Macropodidae, que também inclui os wallabees. As características incluem patas traseiras muito desenvolvidas e a presença de uma bolsa (o marsúpio) presente apenas nas fêmeas na qual o filhote completa seu desenvolvimento. O Canguru é o animal símbolo da Austrália. Conhecido por seus pulos sendo bastante encontrado nessa país. Uma característica de seus filhotes é que depois de nascidos continuam na "bolsa" até os oito meses, sendo que após esse tempo eles começam a dar os primeiros passos em seu habitat natural.  Um fenômeno sócio cultural que nas últimas décadas do século XX e início do XXI vem modificando os relacionamentos familiares e segundo psicanalistas e sociólogos como Roberto Girola e Agenor Gasparetto têm causado sensível transformação nas convivências relacionais. O fenômeno consiste em que os jovens hoje estão ficando mais tempo na casa dos pais que antigamente, sendo especialmente  aqueles que têm uma condição financeira razoável bem como estabilidade profissional adquirida pela qualificação acadêmica ou relacionada à legislação trabalhista sobretudo no servido público federal. Isso acaba alterando comportamento tradicionais quanto a moralidade pois nesse processo da demora de sair do convívio dos pais esses jovens acabam criando alternativas de companheirismo desvinculado da instituição oficial do casamento que segundo reza é o único âmbito familiar do prazer sexual e o verdadeiro santuário da família cristã. Por conseguinte um agravante é estabelecido onde na maioria das vezes os jovens trazem as namoradas (pretendentes à núpcias) para a casa dos pais sendo num contexto de não cristão o fato visto com normalidade, mas ao contrário sendo cristão produz uma situação conflituosa e no mínimo incômoda para a consciência dos pais despontando sentimentos de culpa. O pecado do consentimento expresso na omissão do não alertar para o perigo do sexo fora do ambiente sagrado acaba torturando-os (pais) psicologicamente. Entretanto esta é uma realidade enfrentada por muitas famílias que as voltas com as transformações sócios culturais não sabem como lidar com esse novo modus vivendi. Outros jovens na mesma condição são os que passaram por várias experiências de matrimônio sem sucesso nessa instituição que podem também serem incluídos nesse paradigma da geração canguru. Rapazes e moças após o divórcio ou separação voltam à casa paterna pois lá encontram um abrigo para recompor suas vidas emocionais continuando a normalidade vivencial num ambiente sem acusação ou descargas de sentimentalismo masoquista. Assim percebem que podem retomar um novo e duradouro amor agora baseado numa experiência de vida conjugal anterior que trouxe lições e aprendizagem para um aperfeiçoamento no companheirismo e cumplicidade de um futuro matrimônio. O princípio que estamos abordando nos leva a premissa de que o casamento está passando por mudanças radicais e pressupostos milenares dessa instituição ao longo das próximas décadas deverão ser adaptados para os contextos da pós modernidade. Evidentemente aqui destaco a importância dos valores familiares adquiridos ao longo dos tempos. Legados singulares que devem ser preservados e melhorados para que a instituição família alcance sua estabilidade nesse contexto de mudanças continuas em que vivemos. Entendo isso como imprescindível para preservá-lo como relacionamento de base familiar do contrário corre-se um sério risco de sua extinção como contrato civil. Isso seria, penso, algo terrível pois perderíamos a seriedade do acordo bilateral entre os cônjuges nas questões de bens nominais e propriedade privada. Também se criaria um ambiente de insegurança social que poderia surtir um efeito cadenciado negativo atingindo outros comportamentos tradicionais, influenciando inclusive o modo de produção e trabalho.  O modelo do casamento implantado pela religião (em nossa caso) cristã têm demonstrado insuficiência para caminhar junto a tradição e cultura social em que vivemos. Mencionarei alguns aspectos para embasar meu argumento quanto ao que estou pensando. (1). A condição de sagrado (matrimônio) está correta quando pensamos na esfera mística e transcendente onde o homem representa a divindade masculina e a mulher tipifica a divindade feminina. Um mistério que as Sagradas Escrituras fazem questão de mencionar em Efésios 5: 31-33 "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois uma só carne. Grande é esse mistério, digo-o porém a respeito de Cristo e da Igreja. Assim também vós cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido". Concordo nesse quesito da espiritualidade do casamento num âmbito de pureza e santidade de ambos na convivência harmoniosa manifestada nas diferenças e peculiaridades que cada pessoa adquiriu em sua evolução espiritual. Mas discordo com o que percebemos no Cristianismo onde os nubentes são introduzidos na religião cristã ao assumirem o contrato civil do matrimônio. Esse formalismo sócio religioso acaba influenciando na convivência do casal que é obrigado antes de constituir família a se comprometer com fidelidade e estar rotulado de um emblema espiritual forjado erroneamente pela celebração oficial (com um clérigo, padre ou pastor) supostamente introduzindo ambos naquele contexto de crença. (2). Outras tradições espiritualista como o Budismo entendem o casamento diferentes pois não existe a obrigação de uma filiação compulsório antes e pós matrimônio na religião. Assim qualquer pessoa de qualquer religião ou não religiosa pode realizar sua cerimônia de casamento num templo budista não sendo exigido nenhum compromisso de comunhão com esta tradição oriental como requisito para a oficialização. Nessa cerimônia não são exigidos os votos de prometo ser fiel, na alegria e na tristeza ( ... ) até que a morte os separa,  por conseguinte os ensinamento budista reconhecem uma diferenciação na espiritualidade de cada pessoa. Inexiste a ideia de que para ser salvo é indispensável participar de uma comunhão religiosa praticando os dogmas que ela possui como regra de vida. E também a salvação (redenção) é realizada pelo próprio indivíduo em sua busca espiritual, evoluindo em seu estado emocional, mental e uma vontade permeada para a fraternidade humana. (3). Esse desapego religioso no matrimônio humaniza as relações do casal fazendo-os se sentirem agregados a mãe natureza, ao cosmo e aos reinos visível (espiritual, humano, animal, vegetal e mineral) e invisível (Planetários, Elohim, Mahatmas, Mestres de Sabedoria). Tendo uma consciência livre para exercitar por seu próprio arbítrio e escolha os caminhos que levam ao bom senso e sensibilidade intuitiva para trilhar a Senda Espiritual. Desse modo pode-se compreender melhor os percalços e vicissitudes que porventura venham acontecer em nossa passagem nessa encarnação. Situações como separação, divórcio e morte de algum dos cônjuges são melhor digeridas na emotividade e compreendidas num processo de carma (recompensa e reparação) e dahma (missão divina dos seres humanos) e evolução (a fase da vida humana e pós morte que passamos para completar nossa redenção e evolução espiritual até alcançar a estatura de varão perfeito). O efeito da geração canguru é mais sentido em países ocidentais que vociferam um capitalismo selvagem onde se priorizam a individualidade narcisista, consumismo e descartabilidade de bens. A natureza é vista apenas como um meio de produzir e enriquecer alguns grupos econômicos e corporações financeiras sendo desgastada e destruída impiedosamente não se tendo o cuidado com seu descanso, proteção e reposição de florestas e espécies em extinção. Os minerais preciosos e matérias primas são explorados a exaustão e hoje muitos deles são raridades provocando colapso na produção de importantes componentes industriais (automotivos, hospitalares, termelétricos, químicos e outros) em todo mundo. Espécies da fauna e flora em extermínio pelo fato da caça predatória e o desperdício comestível em larga escala. O planeta sente o aquecimento global e pouco fazemos para mudar essa situação (economia de água e energia em casa é uma excelente maneira de contribuir para uma salutar respiração da mãe natureza) que se arrasta desde o início da revolução industrial a partir do século XVIII (1701-1799) na Inglaterra. Os jovens dos países orientais sofrem menos esse fenômeno da geração canguru pois existe por lá uma melhor consciência da interação com a natureza o macro e micro cosmo procurando viver mais a coletividade fraternal e mútua ajuda e interesse corporativo (irmandade). Eles têm um melhor discernimento de causa e efeito preservação de bens duráveis e perecíveis, bom senso em relação ao não desperdício e conservação de fontes de energia (biomassa, biocombustível, eólica, hídrica, solar e geotérmica). Assim são menos propensos a destruir o ecossistema e a biodiversidade se sentindo parte do todo sendo reagente positivo para o perpetuação da Criação em todos os aspectos. Acho que como pais precisamos urgentemente de equilíbrio emocional, mental, espiritual e social para vivermos esses novos tempos que estão fugindo do tradicionalismo religioso e ortodoxo. Hoje não existe lugar para verdades absolutas baseadas em crendices e superstições exclusivista e irracionais desse modo devemos abrir nossa mente, purificar nosso interior e usar a prudência, tolerância e entendimento em todas as situações com nossos filhos. O diálogo é o caminho para compreendermos a geração canguru fazendo-os tomar seu próprio destino para a evolução e crescimento espiritual. Abraço. Davi.         


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Comparecer ante o Tribunal de Cristo. Parte I.

II Coríntios 5:10 "Porque todos devemos comparecer ante o Tribunal de Cristo, para que cada um receba o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal". A cidade litorânea de Corinto nos tempos do apóstolo São Paulo século I era uma importante localidade onde os gregos desenvolviam sua cultura e tradição. Haviam dois porto (Lecaion e Cencreia) que faziam o intercambio entre mercadorias vindas da Ásia setentrional (China, Japão e Coreia) e norte da África. Como os gregos davam prioridades aos conhecimentos filosóficos as comunidades cristãs esotéricas preservavam seus costumes baseados nos ensinamentos antigos dos místicos como Pitágoras (580 AC 490) que fundou uma escola parcialmente secreta com centena de alunos que compunham uma irmandade religiosa e intelectual. Entre os conceitos elaborados destacavam-se práticas de rituais de purificação e crença na doutrina da methempsicose isto é, a transmigração da alma após a morte de um corpo para outro, advogando a reencarnação e a imortalidade da alma. Lealdade entre os membros e distribuição comunitária dos bens materiais. Proibição de comer carne e beber vinho assim é falsa a informação de que seus discípulos mandaram matar 100 bois após a demonstração do Teorema de Pitágoras. Purificação da mente pelo estudo da geometria, aritmética, música e astronomia. Na música uma descoberta notável de que os intervalos musicais se deslocavam de modo que admitem expressões através de proporções aritméticas. Os números eram considerados sagrados havendo todo um processo ritualístico de iniciação a esses mistérios. Proclo (412 AC 485) que em razão da perseguição cristã preservou com seus estudos o conhecimento dessa religião naqueles tempos que estava fadada ao desaparecimento. Ensinou o simbolismo dos mitos gregos analisando-os com muito cuidado e sabedoria. Afirmou por exemplo que nos mitos gregos o casamento é a união indivisível de forças criativas. Platão (482 AC 347) que em linhas gerais desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, sendo realidades dependentes, mutáveis sendo imagens da realidade inteligível. É a chamada teoria das ideias ou das formas. O conhecimento era do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem  não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses. Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das ideias aspirando ao conhecimento e as ideias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das ideias, o Demiugo, tal como Platão descreveu em seu dialogo Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação do nada, como no caso do Deus judaico cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria, nem é a fonte da racionalidade das ideias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material. No mundo das ideias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito. Sócrates (469 AC 399) ouvia frequentemente uma voz que lhe transmitia  mensagens e ensinamentos. Dizem que ele ouviu e obedeceu a voz dessa presença invisível até o momento de sua morte. Sócrates nunca escondeu esse fenômeno de ninguém, com receio de ser chamado de louco. Os estudiosos do espiritualismo, misticismo e esoterismo dirão que Sócrates teve contato com alguma entidade espiritual. Essa entidade era chamada na época de Daemon. Os discípulos de Sócrates, Platão e Xenofonte (430 AC 354), denominaram esse ser de um Daemon, ou seja, um gênio ou inteligência invisível que teria a função de mediar as relações do homem perante o Divino. Essa palavra grega foi equivocadamente traduzida como demônio. O Daemon de Sócrates nada tem a ver com demônio, seres devotados unicamente ao mal, tal como eram concebidos pela Igreja Católica. Sócrates dizia que "Desde que eu era uma criança, uma voz impedia-me de fazer coisas. Contudo, ela nunca me induziu a fazer nada". Isso significa que o seu Daemon nunca teve a intenção de interferir em seu livre arbítrio, não procurou alterar a sua vontade consciente e nunca lhe deu ordens do que se deve ou não fazer. Ele apenas sugeria, orientava ou transmitia ensinamentos sobre o que lhe convinha e o que não lhe convinha. Nesse aspecto reside uma evidência de que o Daemon era, de fato, um espírito depurado, livre de desejos de mando ou de qualquer busca por poder ou submissão dos seres humanos. É provável que se tratasse de uma entidade voltada para o bem e o amor. Por esse motivo, Sócrates lhe seguia as orientações, tornando-se o grande filósofo grego, um amante da sabedoria e da busca pela verdade. Sócrates foi finalmente condenado a morte no ano 399 AC, num julgamento onde foi injustamente acusado de corromper a juventude, não adorar os deuses e violar as leis da sociedade ateniense. Após a condenação, foi obrigado a tomar uma bebida chamada Sicuta, um veneno que o levaria a morte. Sócrates fez uma admirável e digna defesa, mas o Daemon não falou absolutamente nada durante todo o tempo. Sócrates explicou "que considerava o silêncio do Daemon como uma aprovação do que estava dizendo. Os sinais costumeiros, por certo, opor-se-iam a mim, estivesse eu caminhando em direção ao mal, melhor do que ao bem. Meu fim, que se aproxima, não está acontecendo por acaso. Vejo, muito claramente, que morrer e pela morte ser libertado será melhor para mim, e por isso mesmo, o oráculo não me deu nenhum sinal". O aspecto da interação comercial e sócio cultural dos com diversos povos trouxe aos cristãos coríntios uma forma eclética de viveram a religiosidade e espiritualidade. Assim misturavam elementos de suas tradições míticas com o  esoterismo advindo da sabedoria dos antigos mestres filósofos. Deuses e semideuses faziam parte do cotidiano existencial dessas comunidades tendo uma visão ampla da comunhão com o Transcendente incluindo a mãe natureza como uma divindade presente no contexto social e espiritual. O apóstolo por certo reconheceu a maneira sui generis que os coríntios tinham para elevarem sua consciência ao Absoluto e Sempiterno. Tentando implantar algumas modificações na maneira exotérico da ortodoxia acabou cedendo a tradição que vinha de muitas gerações por eles praticada. Desistindo assim da interferência direta que poderia prejudicar a particularidade com que os coríntios desenvolviam sua religiosidade e busca pela verdade.  Foi levado por essas e outras circunstâncias a exercitar a tolerância e prudência com esses cristãos ao visitá-los e percebia que eles eram diferentes das comunidades cristãs de Colosso, Éfeso, Tessalônica, Galácia, Roma e Filipos. Penso que não havia um interesse de colonizar os coríntios com novos ensinos exotéricos já que as tradições helênicas eram um legado bem alicerçado nas consciências dos primitivos cristãos que tinham suas terras banhadas pelo mar Mediterrâneo. Todos esses conceitos filosóficos gregos estavam impregnados nas mentes dos crentes coríntios  sendo praticados em suas convivências. Assim a necessidade de duas epístolas para esclarecer pontos obscuros no entendimento desse amados que misturavam conscientemente a Sabedoria Divina da Gnose com a retórica Paulina dos primeiros séculos da era cristã. Desse modo eles praticavam uma espiritualidade diferenciada da ortodoxia teológica buscando no conhecimento e exercícios mentais de sociedades secretas a exemplo daquela instituída por Pitágoras acessar a Divindade Suprema que viam também nos homens aqueles mais evoluídos espiritualmente aspectos de semideuses. Após essa contextualização dos coríntios deixando claro não está baseada totalmente nos ensinamentos cristãos farei uma tentativa de leituras dos versículos que antecedem o ponto central que iremos comentar. "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus". Evidentemente o tabernáculo referido aqui é nosso corpo físico representado pela personalidade humana que conforme o esoterismo é a cápsula que envolve a verdadeira vida divina imperecível e eterna. Essa casa inexoravelmente se desfará pois para esse propósito ela foi criada sendo efêmera contaminada pelos desejos, vontades e egoísmos humanos que sobrepujam nossa vontade de se elevar a Consciência Divina. O edifício não feito por mão humanas é a partícula divina dentro de nós que a filosofia oculta chama de Monada a centelha (raio) cósmico vertido pela Mente Universal para germinar a primitiva pessoalidade divina em seu proto processo de evolução pela superfície da materialidade e espiritualidade primordial. "E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação que é do céu". Nosso processo de crescimento espiritual está relacionado a contração e expansão de nossa individualidade (parte superior do homem que busca a interação com o Divino) pelas fases da encarnação atual onde evoluímos através das práticas de virtudes e benemérito tendo como alvo o próximo e também aqueles distante de nosso convívio. Entretanto por ainda estarmos presos a nossas ambições e cobiças involuímos quando revelamos nossos vícios e pecados contra todos os seres da natureza manifestando pelas atitudes mesquinhas e impuras nosso centralismo egoísta e tacanho. "Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus". A nudez é simbolizada pela natureza humana impura e amoral desprovida de atividades éticas que possibilitem o equilíbrio do ser com suas funções cognitivas relacionadas a uma consciência intuitiva e sensitiva capaz de detectar pelo bom senso como agir nas variadas maneiras em prol do bem e da busca pela verdade. A vestimenta visualiza no discípulo que caminha pela Senda Espiritual corresponde a sua conduta correta sendo o elemento que o torna atuante dentro do contexto sócio cultural onde está inserido para o bem da comunidade. Ele não é diferente pela veste exterior mas pela roupa interior que o cobre fazendo o dividir sua túnica da moralidade e espiritualidade com aquele que está despido desse manto. É capaz de andar a segunda milha se necessário para saciar a sede espiritual daquele que precisa beber do fluir do Espírito Divino. "Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida", O raciocínio do apóstolo está baseado no Transcendente e Eterno reconhecendo que o mortal é pó e para o pó ira tornar, mas o elemento espiritual constituinte da matéria permanece imutável evoluindo para chegar a maturidade da Perfeição Divina. "Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito". Deus nos preparou para alcançar a completude com a Consciência Universal sendo um processo infalível e irreversível no qual toda vida humana crescerá e florescerá como um broto de lótus. No simbolismo budista a flor de lótus representa a pureza do corpo e da mente. A água lodosa que acolhe a planta é associada ao apego e aos desejos carnais, e a flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz é a promessa de pureza e elevação espiritual. É representativamente associada à figura de Buda e aos seus ensinamentos e, por isso, são flores sagradas para os povos do oriente. Diz a lenda que quando o menino Buda (563 AC 483) deu os primeiros passos, em todos os lugares que pisou, flores de lótus desabrocharam. Nas religiões asiáticas, a maior parte das divindades costumam surgir sentadas sobre uma flor de lótus durante o ato de meditação. Na literatura clássica de muitas culturas asiáticas, a flor de lótus simboliza elegância, beleza, perfeição, pureza e graça, sendo frequentemente associada aos atributos femininos ideais. Ela representa um mistério para a ciência, que não consegue explicar a característica própria que possui de repelir micro organismos e partículas de pó. Concluímos esse tema na parte II. Beijo. Davi.            

terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Budismo.

O Budismo (páli/sânscrito: बौद्ध धर्म Buddha Dharma) é uma religião e filosofia não-teísta que abrange uma variedade de tradições, crenças e práticas, baseadas nos ensinamentos atribuídos a Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda (páli/sânscrito: "O Iluminado"). Buda viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos VI e IV a.C. Ele é reconhecido pelos adeptos como um Mestre Iluminado que compartilhou suas ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento (ou Dukkha), alcançando o Nirvana (páli: Nibbana) e escapando do que é visto como um ciclo de sofrimento do renascimento. Os ensinamentos de Buda Shakyamuni chegaram ao Tibete pela primeira vez no século V. Foi somente a partir do século VII, no entanto, quando o Rei Trisong Deutsen convidou da Índia o monge e erudito Shantarakshita e o Mestre Guru Padmasambava para construírem o Monastério de Samye, que o Budismo firmemente se estabeleceu no país das neves. Durante a primeira fase de propagação do Carma no Tibete, surgiu a Escola mais Antiga do Budismo Tibetano, conhecida como Nyingma, palavra tibetana que significa “antigo”. As quatro escolas; posteriormente, após um período em que um dos reis tentou dizimar o Budismo do país, houve um novo fluxo de Mestres Indianos e novas traduções de textos sagrados. Com isso formaram-se novas linhagens de práticas. Quatro escolas principais foram estabelecidas e são conhecidas até hoje: Nyingma, Kagyu, Sakya, Gelupa. Através dos séculos, os ensinamentos de Buda Shakyamuni foram transmitidos de professor a aluno por meio das diferentes linhagens de práticas existentes nas quatro escolas principais. A pureza dos métodos se manteve porque os detentores dessas linhagens alcançaram realização e maestria das instruções recebidas. Mesmo o Budismo sendo uma prática muito popular na Ásia, os dois ramos são encontrados em todo o mundo. Várias fontes colocam o número de Budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, tornando-o a quinta maior religião do mundo. As Escolas Budistas variam sobre a natureza exata do caminho da libertação, a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas. Entretanto, as bases das tradições e práticas são as Três Joias: O Buda (como seu mestre), o Dharma (ensinamentos baseados nas leis do universo) e a Sangha (a comunidade budista). Encontrar refúgio espiritual nas Três Joias ou Três Tesouros é, em geral, o que distingue um Budista de um não - Budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um monge (sânsc.; pāli: Bhikkhu) ou monja (sânsc.; pāli: Bhikkhuni. De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini (hoje, patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por volta do ano 566 a. C. e cresceu em Capilvasto: ambos, atuais localidades Nepalesas . Logo após o nascimento de Sidarta, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Sidarta iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, porventura, visse a vida fora das paredes do palácio. O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo assim, que ele saísse do palácio. Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Sidarta se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura Budista como "quatro pontos") ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e em paz com o mundo. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida material e ir em busca de uma vida espiritual. Sidarta Gautama fez uma primeira tentativa, experimentando a ascese e quase morreu de fome ao longo do processo. Mas, depois de aceitar leite e arroz de uma menina da vila, ele mudou sua abordagem. Concluiu que as práticas ascéticas extremas, como o jejum prolongado, respiração sem pressa e a exposição à dor trouxeram poucos benefícios espiritualmente falando. Deduziu, então, que as práticas eram prejudiciais aos praticantes. Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de "caminho do meio": um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo.Quando tinha 35 anos de idade, Sidarta sentou-se embaixo de uma figueira dos pagodes (Ficus religiosa) hoje conhecida como árvore de Bodhi, localizada em Bodh Gaya, na Índia e prometeu não sair dali até conseguir atingir a iluminação espiritual. A lenda diz que Sidarta conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências e muitas vezes é representado por uma cobra naja. Ainda segundo a lenda, Mara teria oferecido o nirvana à Sidarta, contudo ele teria percebido que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de transmitir seus ensinamentos adiante. Assim, por volta dos quarenta anos, Sidarta se transformou no Buda, o Iluminado, atraindo um grupo de seguidores e instituiu uma Ordem Monástica. A partir de então, passaria seus dias ensinando o darma, viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacidade de se tornar um Buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos oitenta anos de idade, em 483 a. C., em Kushinagar, na Índia. Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma Ordem Monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esboço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte. Ao escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerada "histórica" ( ... ) mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddharta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos. No budismo, o Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em pali, kamma, "ação") é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (páli: kusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente. Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito". O carma, na filosofia budista, refere-se especificamente a essas ações (do corpo, da fala e da mente) que brotam da intenção mental (páli: cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka). Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os efeitos dela decorrentes. No Budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes. Por exemplo, os textos dos sutras (como o Sutra do Lótus, Sutra de Angulimala e Sutra do Nirvana) afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma negativo. Renascimento se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o Budismo, natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou "mente imutável", eterna, como é chamada no Cristianismo e até mesmo no Hinduísmo, pois, no Budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a inexistência de um "eu" permanente e imutável. De acordo com o Budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança - "originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou transmigrado de uma existência para outra. Cada renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos reinos de desejos, podendo variar de acordo com as escolas.
  1. seres dos infernos: aqueles que vivem em um dos muitos infernos;
  2. preta: o reino de seres que padecem de necessidades sem alívio, sofrimento, remorsos, fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, entre outros;
  3. animais: um espaço de divisão com os humanos, mas considerado como outra vida;
  4. seres humanos: um dos reinos de renascimento, em que é possível atingir o nirvana.
  5. semideuses: variavelmente traduzido como "divindades humildes", titãs e antideuses; não é reconhecido pelas Escolas Teravada e Maaiana, que os consideram como devas de nível mais baixo;
  6. deva: comparado ao paraíso;
O renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por pessoas com enorme realização espiritual, conhecidos como não-regressistas (sânscrito: anāgāmis). Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior objeto de meditação. De acordo com o Budismo praticado no leste asiático e o Budismo Tibetano, há um estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário entre esta vida e a próxima.Samsara é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustração engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O samsara compreende os três mundos superiores (deva, semideuses e seres humanos) e os três inferiores (seres dos infernos, preta e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento. Os Budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico. Assim como os Hindus, os Budistas interpretam o samsara não esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação.Quatro Nobres Verdades. De acordo com o Cânone Páli, As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana . Algumas vezes, são consideradas como a essência dos ensinamentos do Buda e são apresentadas na forma de um diagnóstico médico.a vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar (dukkha), de uma forma ou outra;
  1. o sofrimento é causado pelo desejo (trishna). Isso é, muitas vezes, expressado como um engano agarrado a um certo sentimento de existência, a individualidade, ou para coisas ou fenômenos que consideramos causadores da felicidade e infelicidade. O desejo também tem seu aspecto negativo;
  2. o sofrimento acaba quando termina o desejo. Isso é conseguido através da eliminação da ilusão (maya), assim alcançamos um estado de libertação do iluminado (bodhi);
  3. esse estado é conquistado através dos caminhos ensinados pelo Buda.
Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao BTenudismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o 14º Dalai Lama. Tenzin Gyatso (1935-    ) .De acordo com outras interpretações de mestres Budistas e eruditos, e recentemente reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não Budistas, as "verdades" não representam meras declarações e/ou indicações, entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos
  1. o sofrimento e as causas do sofrimento;
  2. a cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação.
Assim, a Enciclopédia Macmillan de Budismo simplifica As Quatro Nobres Verdades, deixando-as da seguinte maneira:
  1. "A Verdade Nobre Que Está Sofrendo";
  2. "A Verdade Nobre Que É O Surgimento do Sofrimento";
  3. "A Verdade Nobre Que É O Fim do Sofrimento";
  4. "A Verdade Nobre Que Produz o Caminho para o Fim do Sofrimento".
A compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatro Nobres Verdades é que estas são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos". A posição Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não estão prontas para ensinar. No Extremo Oriente, os ensinamentos são pouco conhecidos.
O Nobre Caminho Óctuplo - A Quarta Nobre Verdade do Buda - é o caminho para a o fim do sofrimento (dukkha). Tem oito seções, cada uma começando com a palavra samyak (que em sânscrito significa "corretamente" e "devidamente"), e são apresentadas em três grupos:
  • prajna: é a sabedoria que purifica a mente, permitindo-lhe atingir uma visão espiritual da natureza de todas as coisas. Engloba:
  1. dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser;
  2. saṃkalpa (sankappa): a intenção de renúncia, de liberdade e inocuidade.
  • sila: é a ética ou moral, a abstenção de atos nocivos. Engloba:
  1. vāc vāc (vāca): falando de uma maneira verdadeira e não-ofensiva;
  2. karman (kammanta): agir de uma maneira não-prejudicial;
  3. ājīvana (ājīva): o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente.
  • samadhi: é a disciplina mental necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através de práticas, engloba:
  1. vyāyāma vyāyāma (vāyāma): fazer um esforço para melhorar;
  2. smṛti (sati): ver as coisas como elas estão com a consciência clara da realidade presente dentro de si mesmo, sem desejo ou aversão;
  3. samādhi (samādhi): meditar ou concentrar-se de maneira correta.
A prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento simultâneo dos oito itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro nikāyas principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinados para leigos e são pouco conhecidos no Extremo Oriente[39] .
Os oito itens do caminho normalmente são apresentados em três divisões (ou treinamentos elevados), como mostrado abaixo:
DivisãoItemSânscrito, PaliDescrição
Sabedoria
(Sânscrito: prajna,
Pāli: paññā)
1. Visão corretasamyag dṛṣṭi,
sammā ditthi
Enxergar a realidade como ela é, não como ela parece ser
2. Intenção corretasamyag saṃkalpa,
sammā sankappa
Intenção de renúncia, libertação e inofensividade
Conduta Ética
(Sânscrito: sila,
Pāli: sīla)
3. Fala corretasamyag vāc,
sammā vāca
Falar de forma verdadeira e não agressiva
4. Ação corretasamyag karman,
sammā kammanta
Agir de forma não agressiva
5. Viver corretamentesamyag ājīvana,
sammā ājīva
Viver de forma não agressiva
Concentração
(Sânscrito e Pāli: samadhi)
6. Esforço corretosamyag vyāyāma,
sammā vāyāma
Se esforçar para melhorar
7. Atenção corretasamyag smṛti,
sammā sati
Estar atento para enxergar as coisas com a consciência clara;
estar consciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão
8. Concentração corretasamyag samādhi,
sammā samādhi
Correta meditação e concentração, como os primeiros quatro jhanas
Um importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio tem várias definições:
  1. a prática de não extremismo: um caminho de moderação e distância entre a auto indulgência e a morte;
  2. o meio termo entre determinadas visões metafísicas;
  3. uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias;
  4. outros termos para o sunyata, a última natureza de todos os fenômenos (na escola Maaiana).

Debate entre monges do Sera Monastery, no Tibet.
Estudiosos Budistas têm produzido uma quantidade notável de teorias intelectuais, filosóficas e conceitos de visão do mundo (por exemplo: filosofia budista, abhidharma e a realidade no budismo). Algumas escolas do Budismo desencorajam estudos doutrinários, algumas os consideram como essenciais, pelo menos para algumas pessoas em algumas fases do budismo. Nos primeiros ensinamentos Budistas, de certa forma, compartilhado por todas as escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse. Ao termos conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara). Para esse efeito, o Buda recomendou ver as coisas através das três marcas da existência.Anicca é uma das três marcas da existência. O termo exprime o conceito budista de que todas as coisas são compostas ou fenômenos condicionados, sendo estes, inconstantes, instáveis e impermanentes. Tudo o que podemos experimentar através dos nossos sentidos é composto de peças e sua existência depende de condições externas. Tudo está em fluxo constante e, assim, as condições e coisas em si estão mudando constantemente. As coisas estão vindo constantemente a ser e deixar de ser. Como nada dura, não há nenhuma natureza inerente ou fixada em qualquer objeto ou experiência. Segundo a doutrina da impermanência, a vida humana incorpora esse fluxo no processo de envelhecimento, no ciclo de renascimento e em qualquer existência de perda. A doutrina afirma ainda que, pelo fato de as coisas serem impermanentes, o apego a elas é inútil e leva ao sofrimento (dukkha).Dukkha ou sofrimento (pāli दुक्ख; sanskrit दुःख duḥkha) é um dos conceitos centrais do Budismo. A palavra pode ser traduzida de diversas maneiras, incluindo sofrimento, dor, insatisfação, tristeza, angústia, ansiedade, desconforto, estresse, infelicidade e frustração, por exemplo. Apesar disso, dukkha é traduzido, muitas vezes, como "sofrimento", o seu significado filosófico é mais semelhante a "inquietação", como na condição de ser perturbado. Devido a isso, algumas literaturas preferem não traduzir o verbete, como é o caso do inglês, com o objetivo de englobar em uma palavra todos os significados.Anatta, ou anatman, refere-se à noção da inexistência de um "eu". Após uma análise cuidadosa, verifica-se que nenhum fenômeno é realmente "eu" ou "meu", estes conceitos são, na realidade, construídos pela mente. O nikayas, no anatta, não é entendido como uma afirmação metafísica, mas como uma aproximação para ganhar sofrimento. O Buda rejeitou ambos os conceitos, afirmando que eles nos ligam ao sofrimento. A doutrina do pratītyasamutpāda é uma parte importante da metafísica budista. Ela afirma que os fenômenos surgem juntos em uma teia interdependente de causa e efeito. É variavelmente traduzida como "orientação dependente", "gênese condicionada", "dependente decorrentes" ou "emergência". O conceito mais conhecido e aplicado do pratītyasamutpāda é o regime dos Doze Nidānas (do páli: nidāna, que significa "provocar", "fundação", "fonte" e "origem"), que explicam a continuação do ciclo de sofrimento e renascimento em detalhe. Os Doze Nidānas descrevem uma relação entre as características subsequentes, cada uma dando origem ao nível seguinte:
  1. Avidyā: ignorância (especificamente espiritual)
  2. Saṃskāras: formações.
  3. Vijñāna: consciência.
  4. Nāmarūpa: nome e forma (refere-se à mente e ao corpo)
  5. Ṣaḍāyatana: suas bases dos sentidos (olhos, nariz, ouvidos, língua, corpo e mente)
  6. Sparśa: contato (traduzido, também, como "impressão" ou "estimulo" por um objeto)
  7. Vedanā: sensação, traduzida como algo "desagradável", "agradável" ou neutro
  8. Tṛṣṇā: sede, mas, no budismo, refere-se ao desejo
  9. Upādāna: apego ou apreensão
  10. Bhava: ser (existência) ou se tornar (no Teravada possui dois significados: o carma, que produz uma nova existência, e a existência em si)
  11. Jāti: nascimento (entendido como ponto de partida)
  12. Jarāmaraṇa: velhice e morte, também traduzida, através do śokaparidevaduḥkhadaurmanasyopāyāsa, como tristeza, lamentação, dor e miséria.
O Budismo Maaiana foi fundado baseado nas teorias de Nagarjuna, provavelmente o estudioso mais influente dentro das tradições da escola budista. A principal contribuição do filósofo budista foi a exposição sistemática do conceito de sunyata, ou "vazio", comprovada amplamente nos sutras, Prajnaparamita, importantíssimos na época. O conceito de "vazio" reúne as outras principais doutrinas Budistas, particularmente a anatta e a pratītyasamutpāda (orientação dependente), para refutar a metafísica da Sarvastivada e Sautrāntika (não extintas da escola Maaiana). Para Nagarjuna, não são apenas os seres sencientes que estão vazios de atman; todos os fenômenos (dharmas) são, sem qualquer svabhava (literalmente "própria natureza" ou "autonatureza") e, portanto, sem qualquer essência fundamental, pois eles são vazios de ser independentes, assim, as teorias heterodoxas de Svabhava, circuladas na época, foram desmentidas com base nas demais doutrinas budistas. Os pensamentos de Nagarjuna são conhecidos como Madhyamaka. Alguns dos escritos atribuídos a Nagarjuna fazem referências explícitas aos textos de Maaiana, mas sua filosofia foi argumentada dentro dos "parênteses" estabelecidos pela ágama. Ele pode ter chegado à sua posição a partir de um desejo de alcançar uma exegese coerente da doutrina do Buda, tal como o Canon. Aos olhos de Nagarjuna, o Buda não era apenas um precursor, mas o próprio fundador do sistema Madhyamaka.
Os ensinamentos sarvastivada, que foram criticados por Nagarjuna, foram reescritos por estudiosos como Vasubandhu e Asanga e foram, posteriormente, adaptados para a prática do Yoga (sânscrito: Yogacara). Enquanto a escola Madhyamaka declarou que afirmar a existência ou a inexistência de qualquer coisa, em última análise, era inadequado, contudo, alguns expoentes da Yogacara afirmaram que a mente, e só a mente, é real (doutrina conhecida como consciência). Entretanto, nem todos dentro do Yogacara consideram essa afirmação; Vasubandhu e Asanga, em particular, são um exemplo. Além do vazio, a Escola Maaiana, muitas vezes, dá ênfase nas noções de discernimento espiritual pleno (prajnaparamita) e na natureza búdica (tathagatagarbha, que significa "embrião budista"). De acordo com o sutras de tathagatagarbha, o Buda revelou a realidade da imortal natureza budista, que se diz ser inerente a todos os seres vivos e permite que todos eles, eventualmente, atinjam a iluminação completa, ou seja, tornando-se Budas. A distinção entre o Budismo e outras escolas filosóficas indianas é uma questão da justificação da epistemologia. Apesar de todas as escolas de lógica indiana reconhecerem vários conjuntos das justificativas válidas para o conhecimento (pramana), o budismo, por sua vez, reconhece um conjunto menor do que os outros. Todos aceitam a percepção e a inferência, por exemplo, mas, algumas escolas budistas não. De acordo com as escrituras, durante a sua vida, o Buda permaneceu em silêncio quando questionado sobre as várias questões metafísicas. São perguntas como: se o universo é eterno ou não (ou se é finito ou infinito), se há unidade ou separação do corpo e do atman, a inexistência completa de uma pessoa depois do nirvana, entre outros. Uma explicação para esse silêncio é que tais questões atrapalham a atividade prática para o bodhi e trazem o perigo de substituir a experiência de libertação através da compreensão conceitual da doutrina ou pela fé religiosa. A sangha original, após a realização de um concílio no século IV a.C., dividiu-se em duas escolas de pensamento: Mahasanghika e Sthaviravada. Desses dois troncos, a única escola remanescente é a Theravada. Os três veículos principais são: Escolas Antigas, Escolas Mahayana e Escolas Vajrayana.
  1. É a meta do budismo.
  2. É o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego.
  3. É não necessitar mais reencarnar.
  4. É o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta.
  5. É o que faz do homem comum um Buda.
  6. É a iluminação.
  7. É a extrema paz.

A estátua do Tian Tan Buda, monastério Po Lin na ilha de Lantau, Hong Kong.
O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século V e IV a.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nessa região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacrifício de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.Um desses mestres religiosos, como visto acima com mais detalhes, foi Sidarta Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos acadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563-483 a.C., embora os acadêmicos japoneses considerem mais provável as datas 448 a 368 a.C. Sidarta nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).Várias lendas posteriores afirmam que Sidarta viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contato com os aspectos desagradáveis da vida. Por volta dos 29 anos, o jovem Sidarta decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais e adotando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais) e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.Pouco depois, decidiu retomar a sua vida errante. Chegou a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com quem formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou, então, o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escrito. A cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um. O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno Budista é diferente da concepção Cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o Budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios. Acima do reino dos infernos pelo lado esquerdo, encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies. Acima do reino dos infernos pelo lado direito, encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta). Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome, sem nunca terem essas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes desse reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula. O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses. O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nessa cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica. O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano, vivem seres que, devido à prática de boas acções, levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a renascer como humanos.


Edição do CânonePali.

Buda não deixou nada escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse concílio é alvo de debate: para alguns esse relato não passa de uma forma de legitimação posterior da autenticidade das escrituras.Por volta do século I, os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constituiu o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem, contudo, no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano. O cânone Budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):
  1. Sutra Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;
  2. Vinaya Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;
  3. Abhidharma Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do Buda, incluindo listas de termos técnicos.
Quando se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse pronto para recebê-las; dessa forma a tradição Mahayana inclui outros textos que não se encontram no Theravada.

Porcentagem de budistas por país.
A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador máuria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se. Após ter conquistado a região de Calinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte. A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo. Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes, foram enviados emissários com destino à Síria, Egito e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança. O Império Máuria chegou ao fim em finais do século II a.C.. A Índia foi então dominada pelas dinastia locais dos Sunga (185–173 a.C.) e dos Kanva {{nwrap||c.73|25 a.C., que perseguiram o budismo, embora este conseguisse prevalecer. Perto do início da era actual, o noroeste da Índia foi invadido pelos citas, que formariam o Império Kushana. Um dos mais importantes reis desta dinastia, Kanishka (c. 127-147), foi um grande proselitista do budismo. Durante a era da dinastia Gupta (320-540), os monarcas favorecem o budismo, mas também o hinduísmo. Em meados do século VI, os Hunos Brancos, oriundos da Ásia Central, invadem o noroeste da Índia, provocando a destruição de inúmeros mosteiros budistas. A partir de 750, a dinastia Pala governou no nordeste da Índia até ao século XII, apoiando os grandes centros monásticos budistas, entre os quais o de Nalanda. Contudo, a partir do século XII, o budismo entra num declínio definitivo devido a vários factores. Entre estes, encontravam-se o revivalismo hindu, que se manifestou com figuras como Adi Shankara e pelas invasões dos muçulmanos dos séculos XII e XIII. Embora o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo suscitou desvios, heresias, seitas.

Wat Mahathat, Sukhothai, Tailândia.
A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho deAsoka, que teria chegado à ilha em meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários. Esse grupo teria convertido ao budismo o rei Devanampiya Tissa e grande parte da nobreza local. O rei ordenou a construção do Mahavihara ("Grande Mosteiro" em pali) na então capital do Sri Lanka, Anuradhapura. O Mahavihara foi o grande centro do budismo Theravada na ilha nos séculos seguintes. Foi no Sri Lanka que, por volta do ano 80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que reflectem os ensinamentos do Buda. No século V, chegou à ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali. Na Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no sul, na região de Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII, o povo Tai, que chegou ao território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua religião. A presença do budismo na península Malaia está atestada desde o século IV, assim como nas ilhas de Java e Sumatra. Nessas regiões, verificou-se um sincretismo entre o budismo Mahayana e o xivaísmo, que está ainda hoje presente em locais como a ilha de Bali. Entre o século VII e o IX, a dinastia budista dos Xailendra governou partes da Indonésia e a península Malaia, tendo sido responsável pela construção de Borobudur, uma enorme estupa que é o maior monumento existente no hemisfério sul. O islamismo chegou à Indonésia no século XIV, trazido pelos mercadores, acabando por substituir o budismo como religião dominante. Actualmente o budismo é principalmente praticado pela comunidade chinesa da região.

Pintura nas grutas de Bezeklik, oeste da China, retratando monges budistas.
A tradição atribui a introdução do budismo na China ao imperador Ming de Han (25-220 d.C.), o segundo imperador da dinastia Han do leste. Este imperador teve um sonho no qual viu um ser voador dourado, interpretado por seus conselheiros como uma visão do Buda. O imperador enviou emissários a outros países, a oeste da China, para obter informações sobre a doutrina de Buda.Escrituas budistas teriam sido trazidas à China, nas costas de cavalos brancos, por Dharmarakṣa e Kaśyapa Mātaṅga, dois grandes monges indianos. Então o imperador ordenou a construção do primeiro templo budista da China, o monastério Baima, na atual cidade de Luoyang, província Henan. Os monges levaram para a China 42 sutras, contendo 600 000 palavras em sânscrito.
Independentemente da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas budistas de origemindiana ao mesmo tempo em que se desenvolvem escolas próprias chinesas.

Kanji japonês para "Zen".
O budismo entrou na Coreia no século IV. Nesta altura, a Coreia não era um território unificado, encontrando-se dividida em três reinos rivais: o reino de Koguryo no norte, o reino de Paekche no sudoeste e o reino de Silla no sudeste. Estes três reinos reconheceriam o budismo como uma religião oficial, tendo sido o primeiro a fazê-lo Paekche (384), seguindo-se o Koguryo (392) e Silla (528). Em 668, o reino de Silla unificou a Coreia sob o seu poder e o budismo conheceu uma era de desenvolvimento. Foi nesse período que viveu o monge Wonhyo Daisa (617-686), que tentou promover um budismo do qual fizessem parte elementos de todas as seitas. No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa Chan, denominado son (ou seon)em coreano e que se tornou a escola dominante. O budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo. A partir da Coreia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do século VI. Em 593, o príncipe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte japonesa o budismo como elemento de protecção nacional). Durante a era Nara (710-794)-Héian (794-1185), várias seitas de expressão chinesa começaram a implantar-se no Japão. São deste último período a escola Shingon e Tendai (Tien Tai). Durante a era Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra Pura, Nichiren e Zen (Chan)nas suas principais vertentes chinesas das escolas Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).

Deus lamaísta da fortuna.
No Tibete, o budismo propagou-se em dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo, c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião. Durante o reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às posteriores escolas estabelecidas por outros professores). Contudo, uma reação hostil da religião nativa, o Bön, levaria ao declínio do budismo nos dois séculos seguintes. O budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete. Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O quinto Dalai Lama criou o cargo de Panchen-lama, que reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do Amitabha. Texto retirado da Enciclopédia Livre Wikipédia na língua portuguesa. Abraço. Davi.