sexta-feira, 30 de junho de 2017

O GÊNERO.

Filosofia Hermética. Texto atribuído ao filósofo e místico Hermes Trismegisto (1). Três Iniciados – Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Capítulo Treze.  O GÊNERO – “O GÊNERO ESTÁ EM TUDO; TUDO TEM OS PRINCÍPIOS MASCULINO E FEMININO; O GÊNERO SE MANIFESTA EM TODOS OS PLANOS”. O Sétimo Grande Princípio hermético – o Princípio do Gênero – contém a verdade que há Gênero manifestado em tudo, que os Princípios Masculino e Feminino estão sempre presentes e em ação em todas as fases dos fenômenos e todos os planos da vida. Neste ponto achamos bom chamar a vossa atenção para o fato que o Gênero, no seu sentido Hermético, e o Sexo no uso ordinariamente aceitado do termo, não são a mesma coisa. A palavra Gênero é derivada da raiz latina que significa gerar, procriar, produzir. Uma consideração momentânea mostrar-vos-á que a palavra tem um significado mais extenso e mais geral que o termo Sexo, o último referindo-se às distinções físicas ente as coisas viventes machos e fêmeas. O sexo é simplesmente uma manifestação do Gênero em certo plano do Grande Plano Físico: o plano da vida orgânica. Desejamos fixar esta distinção nas vossas mentes, porque certos escritores, que adquiriram uma simples noção da Filosofia hermética, pretenderam identificar este sétimo Princípio hermético com as disparatadas, fantásticas e muitas vezes repreensíveis teorias e ensinos a respeito do Sexo. O ofício do Gênero é somente de criar, produzir, gerar, etc., e as suas manifestações são visíveis em todos os planos de fenômenos. É um tanto difícil dar provas disto nas linhas científicas, pela razão que a ciência ainda não reconheceu este Princípio como de aplicação Universal. Mas ainda assim várias provas têm provindo de fontes científicas. Em primeiro lugar, encontramos uma distinta manifestação do Princípio de Gênero entre os corpúsculos, íons ou elétrons, que constituem a base da Matéria como a ciência conhece por último, e que formando combinações formam o átomo, que até há pouco tempo era considerado como final e indivisível. A última palavra da ciência é que o átomo é composto de uma multidão de corpúsculo, elétrons ou íons (sendo aplicados vários nomes por autoridades diferentes), que giram uns ao redor dos outros e vibram num elevado grau de intensidade. Mas as aplicações que seguem mostram que a formação do átomo é realmente devida ao agrupamento de corpúsculos negativos ao redor de um positivo; parecendo que os corpúsculos negativos, fazendo estes formarem certas combinações e assim cria ou gera um átomo. Isto está em relação com os mais antigos preceitos herméticos que sempre identificaram o princípio masculino de Gênero com o polo positivo, ao feminino como o polo negativo da eletricidade. Agora uma palavra a respeito desta identificação. A mente do público formou uma ideia inteiramente errônea a respeito das qualidades do chamado polo negativo da Matéria magnetizada ou eletrizada. Os termos positivo e negativo são em verdade erroneamente aplicados a este fenômeno pela ciência. A palavra positivo significa tudo o que é real e forte, comparado com a negativa irrealidade e fraqueza. Nada é ulterior aos fatos reais dos fenômenos elétricos. O chamado polo negativo da bateria é realmente o polo no qual e pelo qual se manifesta a geração ou produção de novas formas de energia. Nada há negativo ao redor dele. As maiores autoridades científicas agora usam a palavra catódico (descida ou volta) em lugar de negativo. Do polo catódico procedem a imensidade de elétrons ou corpúsculos, do mesmo polo saem estes maravilhosos raios que revolucionaram as concepções científicas nos últimos dez anos. O polo catódico é a mãe de todos os fenômenos estranhos, que tornaram inúteis os velhos livros, e que fizeram muitas teorias admitidas serem proscritas do programa da especulação científica. O polo catódico ou negativo é o Princípio materno dos fenômenos elétricos, e das formas mais sutis da matéria, já é conhecido pela ciência. Assim vedes que temos razão quando recusamos usar o termo negativo nas nossas considerações sobre o assunto, e insistindo na substituição da palavra feminino pelo antigo termo. Os fatos da condição nos levam a isto, sem mesmo tomarmos em consideração os preceitos herméticos. E assim usaremos a palavra feminismo em lugar de negativo falando deste polo de atividade. Os últimos ensinos científicos são que os corpúsculos criadores ou elétrons são femininos (a ciência diz que eles são compostos de eletricidade negativa, e nós dizemos que são compostos de energia feminina). Um corpúsculo feminino abandona um corpúsculo masculino e toma uma nova direção. Ele ativamente procura uma união com um corpúsculo masculino, sendo incitado a isso pelo impulso natural de criar novas formas de matéria ou energia. Um escritor costuma até empregar a frase “ele a um dado tempo procura, de sua própria volição (vontade), uma união”, etc. Este destacamento e esta união formam a base da maior parte das atividades do mundo químico. Quando o corpúsculo feminino une-se com um corpúsculo masculino, começa um certo processo. As partículas femininas vibram rapidamente sob as influências da energia masculina, e giram ao redor da última. O resultado é o nascimento de um novo átomo. Este novo átomo é realmente composto da união dos elétrons ou corpúsculos Masculinos e Femininos, mas quando a união é formada, o átomo torna-se uma coisa separada, tendo certas propriedades, mas não manifestando muito a propriedade da eletricidade independente. O processo de destacamento ou separação dos elétrons Femininos é chamado ionização. Estes elétrons ou corpúsculos são os mais ativos trabalhadores no campo da Natureza. Provenientes das suas uniões ou combinações, se manifestam os diversos fenômenos da luz, do calor, da eletricidade, do magnetismo, da atração, repulsão, afinidade química e o inverso, e outros fenômenos semelhantes. E tudo isto procede da ação do Princípio de Gênero no plano da Energia. A parte do princípio Masculino parece ser a de dirigir uma certa energia inerente para o princípio Feminino e assim pôr em atividade o processo criativo. Mas o princípio Feminino é sempre o único que faz a ativa obra criadora, e isto é assim em todos os planos. E ainda, cada princípio é incapaz  da energia operativa sem o outro. Em muitas formas da vida, os dois princípios estão combinados em um só organismo. Por esta razão, tudo no mundo orgânico manifesta ambos os gênero: há sempre o Masculino na forma Feminina, e o Feminino na forma Masculina. Os Ensinos herméticos contém muita coisa, a respeito da ação dos dois princípios de Gênero na produção e manifestação das diversas formas de energia, etc., mas não julgamos conveniente entrar em detalhes a respeito dos mesmos neste ponto, porque não podemos sustenta-los com provas científicas, pela razão que a ciência ainda não progrediu o necessário para isso. Mas o exemplo que vos demos dos fenômenos dos elétrons ou corpúsculos vos mostram que a ciência está no caminho reto, e poderia também dar-vos uma ideia geral dos princípios ocultos. Diversos dos principais investigadores científicos declararam a sua opinião que na formação dos cristais foi descoberta alguma coisa que corresponde à atividade sexual, que é uma outra bagatela mostrando a direção em que sopram os ventos científicos. E cada ano traz outros fatos para corroborar a exatidão do Princípio hermético de Gênero. Seria estabelecido que o Gênero está em ação e manifestação constante no campo da matéria inorgânica e no campo da Energia ou Força. A eletricidade é agora geralmente considerada como alguma coisa em que todas as outras formas de energia parecem dissolver. A Teoria Elétrica do Universo é a última doutrina científica, e ela está crescendo rapidamente em popularidade e aceitação geral. E assim segue-se que se pudermos descobrir nos fenômenos da eletricidade – levados ao seu princípio e fonte de manifestações – uma clara e infalível evidência da presença do Gênero e suas atividades, estamos justificados vos fazendo crer que a ciência enfim deu prova da existência em todos os fenômenos universais deste grande Princípio hermético – o Princípio de Gênero. Não é necessário gastar o nosso tempo com o muito conhecido fenômeno da atração e repulsão dos átomos, afinidade química, os amores e ódios das partículas atômicas, as atrações ou coesões entre as moléculas da matéria. Estes fatos são muito bem conhecidos para necessitar extensos comentários nossos. Mas considerastes alguma vez que todas estas coisas são manifestações do Princípio de Gênero? Não vedes que estes fenômenos andam ao par com os dos corpúsculos ou elétrons? E ainda mais que isto, não vedes a racionalidade dos Ensinos herméticos que afirmam que a verdadeira Lei da Gravitação – esta estranha atração pela qual todas as partículas e corpos de matéria no Universo tendem para outras – é simplesmente outra manifestação do Princípio de Gênero, que opera na direção de atração da energia Masculina para a Feminina, e vice-versa? Não poderemos dar-vos provas científicas disto agora; mas amos examinar os fenômenos à luz dos Ensinos herméticos sobre o assunto, e veremos se não tereis uma mais útil hipótese que as oferecidas pela ciência física. Submetei todos os fenômenos físicos ao texto, e vereis sempre em evidência o Princípio de Gênero. Permiti-nos agora passarmos à consideração da ação do Princípio no Plano Mental. Muitas ideias interessantes têm nele a seu exame. Livro Caibalion. Referência (1). Entre as obras atribuídas a Hermes Trismegisto podemos citar as seguintes – A Tábua de Esmeralda, O poimandres, O Asclépios e a Minerva Mundi ou Coré Cosmou, todas conhecidas pelos profanos. Destas obras temos a elegante tradução francesa de Louis Nicolas Ménard (1822-1901). Além destas existem outras obras que são do uso exclusivo dos iniciados. O nome de Hermes foi dado também à universidade do Egito, e é por isso que são atribuídas a Hermes mais de 2.000 obras. Não trataremos aqui da significação hieroglífica da palavra Hermes, porque para isso seria necessário tornar muito extensa esta nota. Supõe-se que Hermes viveu pelo ano de 2.700 antes de Cristo, isto é, quando o Egito já estava sob o domínio dos reis pastores – Iksos ou Irschu. Abraço. Davi. 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

FILME A CABANA.

Editor do Mosaico. Assistindo recentemente ao filme A Cabana do diretor Stuart Hazeldine com lançamento em 7 de abril desse ano, aqui no Brasil, percebi segundo aqueles que leram ao best seller do mesmo nome, que circulou pelo mundo em vários idiomas vendendo mais de 12 milhões de exemplares, que ele é fiel ao livro do autor William P. Yong publicado primeiramente em 2007. O enredo foi muito bem elaborado em estilo drama, usando os recursos que a tecnologia cinematográfica disponibilizada, mas comedido entre o simples e modesto, sendo isto objetivamente com o intuito de introduzir a "fantasia" e imaginação como elementos de interpretação contextual. Como diz Albert Einstein "Ser suficiente artista é ter a capacidade de desenhar a imaginação. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve ao mundo". Para quem não leu o livro, que é o meu caso, o filme é revestido de cenas surpreendentes e muitas vezes comoventes, fazendo a gente ficar ligado no enredo apresentado pelo diretor do início ao fim. A história passasse numa família cristã, que costumava comparecer à missa no fim de semana. A igreja com vitrais coloridos, sugerindo cenas de Jesus e a imagem de Deus estampada nas janelas era avistada pelo pai, que impressionava-se com a figura de Deus com barba longa uma face envelhecida e carrancuda. Entretanto, esta condição de ouvir o sermão do oficial encarregado e cantar com a congregação, não refletiu satisfatoriamente no caráter daquele que era o chefe da família, que era constituída de dois adolescentes, uma menina e a mãe. Ele com caráter possessivo-temperamental tentava resolver seus conflitos existenciais jogando a culpa nos membros familiares, discutindo com a esposa e incriminando o filho mais velho. Sem nenhum diálogo com o mesmo, inflamava sua conversa na brutalidade, tanto que, num desses momentos, à noite no meio da chuva, espancou o filho chicoteando-o, e fazendo com que ele recitasse um versículo bíblico nessa situação de agonia. O filho não aguentando tamanha agressão recorrente, e também, sem nenhuma orientação tanto ética quanto espiritual para compreender e resolver a questão de maneira racional não usando a violência contra seu genitor. Numa missa ouvindo o sermão, é compelido a confessasse, contando baixinho ao pároco sua angústia (conflito com o pai) que o roía por dentro. Mesmo assim o clérigo, não tomou providência para ajudar diretamente o rapaz, nem depois que descarregou sua fúria sutilmente. Como seu pai bebia, ocultamente foi ao porão da casa e misturou veneno a bebida provocando a morte dele. A história "começa" neste ponto, onde o filho parricida torna-se o protagonista, carregando até o final a culpa, o pecado e perversidade desse ato. Em Êxodo 12,13-14 diz: "Honra teu pai e a tua mãe, a fim de que venhas a ter longa vida na terra, que Yhweh, o teu Deus te dá. Não matarás". "O carma negativo é gerado invariavelmente pelas más intenções. Sempre que, proposital ou invariavelmente, prejudiquemos outro ser, somos culpados de agir com más intenções. O Buda nos ensinou os cinco preceitos para nos auxiliar a superar o hábito de lesar os demais e a nós mesmos com as nossas más intenções. Fundamento da moralidade budista e ponto de partida para o verdadeiro crescimento do ser humano, os Cinco Preceitos são: 1. Não matar. 2. Não roubar. 3. Não mentir. 4. Não ter má conduta sexual. 5. Não se entorpecer com álcool ou drogas". O roteiro não destacou o crime praticado pelo garoto em sua questão jurídica criminal, contudo tomando o caminho da crise existência, a mesma da qual seu pai foi acometido. Evidentemente a natureza não deixaria impune este delito, pois o carma é a "lei universal de causa e efeito que governa as ações intencionais. De acordo com ela, todos os atos intencionais produzem resultados, que mais cedo ou mais tarde serão sentidos por quem realizou a ação. Boas ações produzem efeitos cármicos positivos, ao passo que os efeitos cármicos das más ações, são negativos". O rapaz casasse, adquire família tendo dois filhos como seu pai, contudo convivendo com o "fantasma" da culpa, remorso e ressentimento. A família decide passar férias num balneário a beira mar com alguns amigos para descansar e lazer. Ao dormirem eles têm um diálogo interessam onde a criança interroga sobre Deus, quanto a ser uma lenda ou uma verdade. Ela chama Deus de papai. Ele adverte os filhos quanto aos perigos do local, mas situações imprevistas são difíceis de controlar. Tanto que seus filhos passeavam no mar num barco quando esse vira, e o garoto ficando preso quase morre, sendo salvo por seu pai que o vê desesperado afogando e batendo os braços lançasse prontamente ao mar. Após, um estranho fato ocorre, sua filhinha brincando no local afastasse o bastante para perdesse. Todos saem em busca da garotinha, inclusive muitos dos que estavam no balneário. A polícia é chamada e procurando por todos os lados do parque, não a encontra em lugar nenhum. Algumas investigações feitas dão indícios que a menina esteve numa Cabana. A família volta arrasada pra casa, na esperança de encontrar a filha de alguma forma. O carma negativo cobrava do pai sua atitude transgressora no passado. Ele começava a culpar Deus por aquela situação, achando-se injustiçado não se conformando com a perda da criança. Esse é um importante ponto que o diretor soube explorar bem, mostrando como é difícil para nós suportar a perder de entes queridos, seja qual for a ocorrência em que se dar o fato. Nunca pensamos diretamente em nossa finitude, vivendo como se fossemos durar sempre. Nesse ponto o enredo faz um recorte para explicar o que se passava no interior do pai que precisava ser resolvido, e como essa circunstância o afetava ao ponto de fazê-lo revoltar-se contra a divindade, sem que tivesse razão nenhuma para tal. Em sonho o pai vê uma cabana, pressentindo que por lá sua filha teria estado quando na floresta costeira passavam férias. Nesse sonho segue de carro até o local, e virando numa curva bate o veículo. Nesse devaneio idílico ou realidade abstrata está ambientada a dimensão extra sensorial, onde mostra-se a maneira que o diretor imprimia à que demos conta da profundidade do Mistério e a circunstância que envolvia a interioridade do protagonista. Ele vai através duma floresta gelada e encontra a Cabana, da qual recebeu referência no bilhete que sonhara. Entra, e logo percebe sangue no assoalho, também algumas veste que supostamente eram de sua filha. Desespera, chorando amargamente. Neste instante aparece a figura de um jovem que o conduz por uma estrada clara e límpida, onde vê-se cores definidas na vegetação esplendorosa e tranquila. Além de um rio calmo e cristalino. Mais adiante uma casa de madeira toda ornamentada com simplicidade e os utensílio domésticos necessários. A ideia do filme é mostrar que essa "atmosfera" é uma representação do céu ou paraíso cristão. O apóstolo João diz no Apocalipse 21,1 "Então vi, novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra, haviam passado, e o mar já não mais existia". Ele quis mostrar, que podemos ter surpresas quanto a simbologia celeste que necessariamente não corresponde a literalidade vista pela maioria dos cristãos mais dogmáticos. Essa parte é bastante rica em detalhes que não vou especificar, esperando que os leitores possam assistir e perceber como o diálogo entre os personagens introduzidos nas cenas imaginadas na "visão" que o "herói" está se descortinando à sua existência. Deus nesse devaneio é representado por uma mulher negra. Imagina a aceitação da figura feminina como Deus numa sociedade acentuadamente machista, sexista, e em alguns casos homofóbica como a nossa; a visão causa certo estranhamento. Jesus o salvador do mundo está tipificado pelo rapaz, que tornou-se seu amigo ao entrar nesta dimensão celeste. Jesus aqui é um jovem franzino e contextualizado no tempo, mais preocupado com o aqui e agora, que o futuro por acontecer. O Espírito Santo é uma jovem de descendência oriental. Interessante essa mescla de divindades realizada pelo roteirista, trazendo a consciência coletiva que todas as tradições em sua representação pensam Deus de forma e maneira diferentes – o certo ou o errado foge da análise cultural no aspecto de confrontação – devendo ser vista pela assimilação e comparação. Deus mostra-lhe que não havia motivos para sua revolta. Sua atitude era mesquinha e egoísta, necessitando perdoar seu pai, mesmo depois de tudo que ele sofreu, não importando que havia falecido. A situação passada era resultado de seus atos impensados e sem reflexão. Jesus leva-o à ver o mar, andando com ele sobre as águas como no caso do apóstolo Pedro em Mateus 14,25-31. Mostrando que ele, perdera a fé e consequentemente se entulhava de ceticismo e incredulidade. Entretanto havia esperança de que as coisas se normalizariam. O Espírito Santo mostra-lhe as almas daqueles que estavam no céu. Aparentemente contrariando a doutrina onde o pecado é castigado com a disciplina, seu cruel pai estava lá, e se encontraram. A ideia aqui é que nos renascimentos futuros seu pai, já havia passado pela disciplina e sofrimento cármico quitando sua dívida. Ele chorando pediu perdão ao pai se reconciliando dos seus malfeitos com um abraço mútuo. Também sua filha aparece, mas infelizmente ele não pode abraçá-la. Precisará entender o porquê da separação. Jesus o encaminha à uma gruta para encontrar-se com sua consciência, Nesse interessante diálogo ele fica claro de sua situação hipócrita e chorando arrependesse de tudo, compreendendo sua real situação. Saindo da caverna encontra um ancião; junto a esse, ambos vão por um labirinto descobrir onde está o corpo de sua querida filhinha. Chegando ao local reconhece-a envolta em lenções, bem como a roupa que usava quando havia desaparecido. Dolorosamente reconhece que ela foi abusada e deixada sem vida naquela caverna. Ele aos prantos carrega-a, indo pela estrada até a casa onde estava hospedado com a trindade divina. No céu, fazem o sepultamento de sua querida filhinha, e mesmo em meio a muita desolação, agradece a Deus tamanha benção de entender os caminhos pelos quais a vida muitas vezes deve passar, para rompendo a morte entrar no paraíso divino. O protagonista é acordado desse sonho, quando está dirigindo seu carro indo a Cabana, e de repente, o acidente é concretizado pelo desastre em realidade. É hospitalizado, devido aos ferimentos sendo visitado por um amigo, e nessa condição toma consciência do ocorrido. Recebendo a visita dos familiares, agora com uma visão completa das circunstância que passou, explica aos mesmos o êxtase da visão e como deu-se seu encontro com Deus. A SEMENTE DO GRÃO DE MOSTARDA. Recontada por Fábio Lisboa. “Desde criança, Gotmai era a mais magra das crianças e por isso era chamada de Kisa Gomati (Gotami Magricela). Kisa Gotami era pobre, órfã e sofria com as humilhações, no entanto, mantinha o seu coração puro e livre de ódio. Ela, inocentemente, sem saber, ajudou um rico e avarento mercador. E este a fez casar-se com o seu filho. Casada, Gotami achou que iria melhorar de vida, mas aí é que as coisas pioraram. Apesar de não sofrer mais dificuldades financeiras, o marido a tratava como escrava e a humilhava ainda mais. Seu corpo magro até aguentava o sofrimento, mas a sua alma se entristecia cada vez mais com a violência e injustiça do mundo. Quando o seu filho veio ao mundo, finalmente, o mundo de Kisa Gotami mudou completamente. Ela amava aquele bebê mais do que tudo em sua vida! E o amor infantil e inocente que ela recebia em troca era um tesouro inestimável! A mãe ajudou o filho a dar os primeiros passos e logo o menino começou a andar sozinho. Mas o marido continuava exigente e intransigente e naquele dia exigiu tantas coisas que o filho acabou ficando sozinho. O menino ficou andando pelo quintal, até cair, dando um grito. E caído ficou choramingando. A mãe chegou como um raio em socorro ao filho, pegou o menino nos braços e viu uma cobra saindo de perto da criança. O menino foi ficando roxo, chorando cada vez mais baixinho, se acalmou nos braços da mãe, até que o choro parou e ele se foi, empalidecido. Kisa Gotami saiu correndo com o filho no colo, em desespero, pedindo por ajuda: Por favor, me dê um remédio para curar o meu filhinho! Ela tocava nas casas e era humilhada: As pessoas, carrancudas, batiam a porta em sua cara. Depois riam e comentavam: Que mulher louca! A criança está morta! A mulher ouvia, mas não queria acreditar. Por que você não se mexe, filho? Eu quero você de novo andando e brincando – pensava ela.  “Por favor, me dê um remédio para o meu filho, ele não se mexe! Um homem sensato se compadeceu da dor da mãe que não queria aceitar a morte do filho e disse: Eu não tenho esse remédio que você procura mas eu posso indicar quem o tem. E eu te suplico: me diga quem é! Você precisa falar com Sakyamuni, o Buda. A mulher à beira da loucura foi ver o Iluminado e exclamou, chorando: Senhor, meu filho estava brincando entre as flores e tropeçou numa serpente que se enroscou no seu braço. Depois ficou pálido e silencioso. Não posso aceitar que ele deixe o meu colo assim. Senhor, meu mestre, dá-me um remédio que cure o meu filho. O Iluminado respondeu: Sim irmãzinha, há uma coisa que pode curar teu filho e a ti, se puderes consegui-la, porque os que consultam os médicos tomam o que lhes é receitado. Procura uma simples semente de mostarda preta, porém só deves recebê-la de uma casa onde nunca tenha entrado a morte. Aflita, a magra Gotami foi de casa em casa pedindo o grão de mostarda. As pessoas se compadeciam dela e lhe davam a semente, porém, quando ela perguntava se já tinha morrido alguém naquela casa, lhe respondiam: Ah! São muitos as pessoas queridas que já morreram nesta família. Não nos lembre da nossa dor. Agradecida, ela lhes devolvia a semente de mostarda que não serviria para preparar o remédio e dirigia-se a outros que diziam a ela: Aqui está a semente, porém já morreu nosso empregado. Aqui está a semente, porém o semeador morreu entre a estação chuvosa e a colheita. Pode levar esta semente, mas saiba a morte levou a nossa filha antes da hora. E assim foi, o dia todo procurou mas não encontrou nenhuma casa onde a morte já não tivesse passado. Nenhuma semente serviria para trazer o seu filho de volta. No começo, achou que ninguém entendia a sua dor. No decorrer do dia, percebeu que a dor da morte não era só sua. Muitos sofreram com ela e ela sofreu ao ouvir histórias de pessoas que se foram, avôs, avós, pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, empregados, amigos, parentes e até animais queridos. Ela entendeu a mensagem do Iluminado. Enterrou sozinha o seu filho, mas sabia que era como se estivesse ao lado de muitos conhecidos e desconhecidos, dando o último adeus ao menino. Kisa Gotami voltou até Buda, o Desperto, que lhe perguntou: Encontrou a semente? Não, Mestre. Mas procurando o que não poderia encontrar, achaste um amargo bálsamo (...). Enterraste o teu filho? Sim. Sobre o meu seio, o meu menininho dormiu hoje o sono da morte. E eu só pude chorar sozinha (...). De manhã estava sozinha, no fim da tarde, ainda sozinha, percebi que havia uma multidão comigo. Agora sabes que, cedo ou tarde, todo mundo chora uma dor semelhante à tua. Por que, meu Senhor? Nenhum nascido pode evitar a morte. Assim como os frutos maduros caem da árvore, assim os mortais estão expostos à morte desde que nascem. A vida corporal do homem acaba partindo-se como a vasilha de barro do oleiro. Jovens e adultos, ignorantes e sábios, todos estão sujeitos à morte. Porém, o sábio que conhece a Lei não se perturba, porque nem pelo pranto nem pelo desânimo obtém a paz, mas pelo contrário, isso tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte não faz caso de lamentações. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por separar-se de seus amados ao sair deste mundo. Quem deseja a paz da alma, deve arrancar de sua ferida a flecha do desgosto, da queixa, da lamentação. Feliz será aquele que consegue vencer a dor”. www.contarhistoria.com.br. Abraço. Davi.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

TRANSCENDÊNCIA.

Espiritualidade. Texto de Sri Prem Baba (1965-  ). TRANSCENDÊNCIA. Capítulo Seis. DESPERTAR O AMOR – EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, o propósito é um só. O propósito da alma individual é também o propósito de toda a humanidade e de tudo que existe, pois ele se relaciona com a própria essência da criação. Manifestar o propósito significa exalar a fragrância do Ser que nos habita. E essa fragrância é o amor que se encontra adormecido em nós. O propósito só pode se manifestar quando já despertamos pelo menos um tanto desse amor. Ao mesmo tempo em que o amor desperta, o propósito vai se revelando, e ao mesmo tempo em que o propósito se revela, o amor se expande. Quando falo de amor, estou me referindo ao sentido verdadeiro da palavra, e não ao amor, condicionado pelos desejos e caprichos do ego. Refiro-me ao amor real, que é desinteressado e incondicional. O amor real ama, independentemente daquilo que recebe em troca. Ele não depende do amor do outro para existir. Ele não quer recompensas, promessas e garantias, ele simplesmente ama. SERVIR É AMAR – AMAR, EM ÚLTIMA instância, é servir. Existe uma profunda conexão entre o amor e o serviço, pois quem ama, naturalmente, serve, e quem serve, naturalmente, ama. Da mesma forma que não existe amor sem liberdade, não pode haver serviço sem amor. Amar e servir desinteressadamente representam a mais elevada forma de consciência que pode haver neste planeta. Para alguns, isso pode parecer até mesmo um pouco romântico, mas é contrário. Estou me referindo a uma realidade: nós não estamos aqui a passeio. Não viemos para fazer umas compras no shopping, namorar um pouco, casar, deixar alguns filhos no mundo e depois ir embora. Viemos para servir. E enquanto não acordarmos para essa realidade, seguiremos fracassando em nossas tentativas de encontrar a paz e a felicidade. Enquanto acharmos que estamos aqui apenas para satisfazer os desejos do ego, estaremos fadados ao sofrimento. Nós viemos para servir, mas costumo dizer apenas que viemos para amar, pois é uma forma mais fácil de assimilar e compreender. O que ocorre é que, para muitos, serviço é uma palavra que carrega conotações negativas. Normalmente, o servir é associado a um fazer subordinado, a um senso de inferioridade. E o ego se incomoda muito com isso. Inclusive, um dos elementos a serem purificados através da prática do seva (serviço desinteressado) é justamente esse orgulho, essa falta de humildade. O ego é quem se sente inferior. Ele sempre quer estar em posições especiais, fazendo somente coisas legais que julga serem mais importantes. E é exatamente isso que precisa ser transformado. É preciso compreender o significado mais profundo dessa prática tão mal interpretada que é, na verdade, uma das mais elevadas virtudes da alma. Servir de forma desinteressada  representa um alto grau de desenvolvimento espiritual. Entretanto, principalmente no Ocidente, onde a cultura glorifica o ego e alimenta uma postura arrogante diante das coisas, servir é sinônimo de rebaixamento. Já na Índia e em outras culturas em que as principais tradições espirituais se baseiam na relação mestre discípulo, servir está entre as práticas mais avançadas e elevadas. Eu sei que ao falar de serviço desinteressado, de renúncia da autoria e do resultado das ações, entrega espiritual e relação mestre discípulo, estou tocando em temas delicados, justamente por serem de difícil compreensão. Tudo isso é muito misterioso para a mente racional. Para alguns, esses temas geram até mesmo certa aversão. Isso ocorre porque nos lugares onde a cultura foi basicamente influenciada pelo racionalismo, a mente e a razão têm predomínio sobre o coração e a intuição. A mente raciocina e tenta entender, mas não consegue, porque não é possível compreender com a mente o que está além dela. E certos aspectos da entrega espiritual estão muito além da mente. Para aqueles cuja configuração mental foi rigidamente formatada pela razão e que estão condicionados ao hábito de questionar e duvidar, antes de conhecer e confiar, entender o fenômeno da entrega de um discípulo para um mestre é algo extremamente difícil. Mas, independentemente do que a mente consegue entender, é fato que algumas almas vêm com o propósito mais específico de servir a um mestre. Alguns servirão através da sua profissão, dos seus projetos pessoais ou sociais, da sua arte. Outros servirão através da entrega a um mestre, o que significa que colocarão seus dons e talentos diretamente a serviço da missão que vieram realizar. E entre estes, alguns serão levados a estar dentro de uma comunidade espiritual, vivendo uma vida de renúncia, mas estes serão poucos, até porque estamos sendo chamados a integrar a espiritualidade à vida material. A maioria dos buscadores espirituais, mesmo estando sob a direção de um mestre, precisa viver a espiritualidade de uma forma  prática, que permita que estejam na cidade, trabalhando em empresas e sustentando a família. Mas, ao contrário do que muitos acreditam, essa configuração de vida não impede que haja uma relação profunda entre um mestre e um discípulo. Muito pelo contrário. Muitas vezes a conexão é ainda mais forte quando não se está perto do corpo do mestre, porque essa proximidade física, além de gerar purificações muito intensas, também pode causar uma série de projeções que se tornarão obstáculos na jornada. Isso ocorre porque alguns não compreendem a dimensão humana do mestre e acabam se perdendo em idealizações. O importante é saber que a relação mestre discípulo independe da presença física, até porque é uma relação que se dá no plano do espírito. O encontro entre um mestre e um discípulo é um fenômeno extremamente raro e precioso que muitos não poderão ter o privilégio de experimentar, justamente porque envolve elementos que ultrapassam os limites da razão humana. E um desses elementos é a devoção. A devoção é uma esfera do amor incondicional um tanto incompreendida e julgada pela mente cética. É um aspecto mais refinado do amor, que não se pode explicar – só se pode vivenciar. Somente a arte pode tentar expressar o que a devoção representa, pois trata-se de um mistério a ser desvendado pelo coração. Não é possível pensar em devoção, apenas sentir devoção. Não é possível convencer alguém sobre a devoção, pois é algo a ser experienciado. Quando o amor amadurece, a devoção naturalmente floresce. Até um determinado momento, a sua devoção pode ser focada em alguma forma divina, alguma imagem, algum nome ou algum mestre, mas o aspecto mais elevado da devoção é quando o amor vai além da forma ou das questões pessoais e deixa de ter um endereço ao qual corresponder. É, quando isso acontece, o serviço deixa de ser uma purificação, um remédio que você usa para curar doenças. O serviço flui simplesmente porque ele se tornou a razão maior da vida. Muitos, porém, confundem a devoção com o fanatismo, o que é um tremendo engano. Devoção e fanatismo são dimensões radicalmente opostas. A devoção nasce da experiência da verdade e o fanatismo nasce da imaginação. Ele é um produto da mente condicionada, pois se baseia em crenças, aquele que não conhece a verdade acredita na verdade – a verdade criada pela sua própria mente. O fanático acredita ser o dono da verdade sem nem mesmo ter tido um vislumbre dela. No fundo, ele se esconde da Verdade através de uma suposta fé. Qualquer expressão que negue a sua vontade é vista como uma ameaça; qualquer um que não acredite no que ele acredita é visto como inimigo. E isso ocorre justamente porque, no fundo, ele nega a Verdade. Sua fé é baseada em crenças e verdades emprestadas – e uma falsa fé. O fanatismo é, portanto, uma expressão do falso eu. Ele se disfarça atrás de uma máscara de devoto, mas não é nada além de uma distorção do amor. O verdadeiro devoto é aquele que,  tendo passado pelo deserto do ceticismo e pelas provas da dúvida e dos questionamentos que ela traz, teve um vislumbre da Verdade. E através dessa experiência desenvolveu as virtudes da autêntica fé e do serviço desinteressado, o que envolve humildade, e aceitação e gratidão, assim como dedicação, retidão e foco. Aquele que se torna um devoto da vida acorda pela manhã e pergunta ao Mistério: “Como posso servir? Ele se coloca à disposição do amor para servir a divindade na forma de todos os seres vivos, na forma da vida. Esse é o sentido mais profundo de tornar-se um canal puro do amor. E isso é o que podemos chamar de entrega espiritual. PROPÓSITO COMUM – QUANDO A DEVOÇÃO E o serviço desinteressado se encontram, ocorre uma poderosa alquimia. Tenho sido testemunha de muitas belas manifestações que nascem dessa combinação, principalmente quando esse fenômeno ocorre num grupo de pessoas. Quando uma alma se doa para realizar a meta maior através do amor, isso é algo realmente valoroso, mas quando muitas almas se reúnem em torno do mesmo propósito, movidas pela devoção, coisas extraordinárias acontecem. Extraordinário é superar limitações e vencer desafios:: é manifestar a luz em meio à escuridão; é conseguir amar o outro mesmo quando ele está sendo canal do mais profundo ódio e da ignorância; é estar unido ao outro mesmo quando tudo leva à separação. Isso é TRANSCENDÊNCIA, ou seja, é ir além do egoísmo e manifestar o altruísmo. E o que possibilita a manifestação disso que estou chamando de extraordinário é a união. Sem união, não há TRANSCENDÊNCIA. A união é capaz de realizar verdadeiros milagres, porque quando unimos nossas forças (nossos potenciais e virtudes) em torno da mesma meta, nos tornamos verdadeiramente poderosos. E essa é a força que tem um sangha, que é uma comunidade de pessoas unidas em torno de um mestre espiritual para a realização de um propósito comum. O sangha é um organismo vivo que vai expandindo conforme cada indivíduo da comunidade vai se curando e amadurecendo. E na medida em que o sangha expande e se fortalece, ele vai se transformando em refúgio de cura e conexão para todos aqueles que estão em busca da verdade. É por isso que o sangha é visto pelos budistas como uma das joias sagradas do caminho da iluminação. O sangha é o corpo do mestre. E o que permite a saúde do corpo do mestre é a capacidade do sangha de trabalhar em união, amizade e harmonia, pois é através do sangha que o mestre realiza a sua missão no mundo. Um mestre só pode realizar seu propósito por meio da realização do propósito daqueles que o acompanham, pois é parte da sua missão guia-los para essa realização. Um dos aspectos do trabalho de um mestre é justamente acordar a lembrança do propósito e ativar as potencialidades latentes daqueles que escolhem trilhar o caminho com ele, para que possam se colocar a serviço do bem maior. Na medida em que esse trabalho é feito e o discípulo começa a doar seus dons e a entregar os presentes que trouxe para o mundo, o mestre também é presenteado, pois o maior presente para um mestre espiritual  é ver o seu aluno se realizar. Na relação mestre discípulo, apesar de o mestre ter a função de guiar, ambos estão crescendo juntos: um vai expandindo através da expansão do outro. E quando esse movimento ocorre por meio da união de muitas almas, verdadeiros saltos quânticos de expansão da consciência coletiva se tornam possíveis. Consciência é sinônimo de luz, de iluminação. O sangha funciona como uma grande bolha luminosa que, à medida em que cresce, dissipa a escuridão. É um dos mais poderosos instrumentos do caminho da autorrealização. SER O AMOR – AUTORRREALIZAÇÃO OU REALIZAÇÃO de si mesmo significa tomar consciência de quem somos, significa despertar do sonho da separação criado pelo ego e voltar à percepção da Unidade. Em última instância, realizar-se significa retornar à própria essência amorosa: assim como um rio se funde no mar, a consciência humana se funde na consciência divina. A consciência é única, mas por causa da natureza ilusória deste plano, ela parece estar fragmentada. Como já vimos ao encarnarmos na Terra para viver essa experiência material, através de um corpo e de um ego, somos envolvidos por um véu ilusório que nos faz acreditar que estamos separados. Ter um ego implica, necessariamente, na existência de uma ideia de eu. Portanto, faz parte do jogo neste planeta ter esse senso de separação. Faz parte do aprendizado da alma encarnada num corpo acreditar que é uma gotinha de água enquanto é o próprio oceano. E, assim como acreditamos ser uma gota, também nos esquecemos do oceano. Na filosofia hindu, aquele que se liberta da ilusão da separação e toma consciência da sua verdadeira identidade é chamado de jivanmukta (alma livre). Esse é o caminho que estamos percorrendo. O caminho da autorrealização ou da libertação – o caminho do encontro da gota com o oceano. E o que possibilita essa lembrança é o amor desperto. Sem amor, não há expansão da consciência. E sem expansão da consciência, não pode haver lembrança. Lembrar significa iluminar, trazer para o campo de visão. E esquecer significa escurecer, retirar do campo de visão. Quando nos esquecemos de alguma coisa, é como se aquilo não existisse. O amor é a luz que nos habita, é o que nos move neste plano. Todos os males deste mundo existem por causa do amor adormecido em nós. E quando falo adormecido, estou me referindo a um estado inativo. Quer dizer que o amor está presente, porém adormecido ou desativado. Assim como uma semente que não é plantada não pode transformar-se numa árvore e dar frutos, o amor adormecido não pode cumprir sua meta de expansão da consciência. Portanto, chegamos ao final do nosso estudo concluindo que estamos aqui para despertar o amor adormecido. Não somente em nós, mas em todos os seres, até porque o amor desperta em nós quando queremos ver o outro despertar. Acredito que, nesse ponto do nosso estudo, já deve estar claro que só é possível brilhar quando trabalhamos para que o outro também brilhe; só é possível se curar, quando trabalhamos para que todos se curem; só é possível realizar o nosso propósito quando trabalhamos para a realização do propósito do outro. O amor é a semente e ao mesmo tempo o fruto maduro da árvore da consciência. Ele é  a própria seiva da vida, é a nossa essência. Assim como o perfume da rosa é inseparável da rosa, o amor é inseparável do Ser. Quando amamos de verdade, estamos exalando a fragrância do Ser. Assim como o propósito do Sol é iluminar e aquecer, o propósito do ser humano é amar. Por isso eu sempre digo que tudo se resume ao amor. Livro Propósito – A Coragem de Ser Quem Somos. Abraço. Davi.

terça-feira, 27 de junho de 2017

III. O PODER LATENTE DA ALMA.

Cristianismo. Texto de Watchman Nee (1903-1972). A FORÇA CRISTÃ E A PSÍQUICA. JÁ VIMOS COMO Adão foi investido com habilidades extraordinárias e surpreendentes, quando criado por Deus. Esses poderes aparentemente miraculosos caíram com Adão. Pessoas que são ignorantes nesse assunto tendem a pensar que em sua queda Adão perdeu todos estes poderes maravilhosos. Porém, as evidências produzidas pela parapsicologia moderna indicam que ele não perdeu seu poder original, mas que este ficou apenas aprisionado em sua alma. Durante os cinco ou seis mil anos passados houve muitos entre os descrentes que foram capazes de demonstrar esta força da alma. Dentro dos últimos cem anos, mais e mais pessoas foram capazes de manifestar este poder latente da alma. A habilidade original de Adão não foi perdida; ela está apenas escondida em sua carne. Nesta parte da mensagem falarei sobre a relação entre este poder psíquico latente e um cristão. A menos que conheçamos seu perigo, não saberemos como nos prevenir contra ele. Eu convido você a observar principalmente os quatro fatos seguintes: Quatro Fatos (1) Havia em Adão um poder quase ilimitado, uma capacidade quase miraculosa. Nós a chamamos de poder da alma. As pesquisas psíquicas modernas provaram a existência de tal habilidade dentro do homem. Desde a descoberta de Mesmer em 1778, todos os tipos de poder latente têm sido exibidos e manifestos psíquica ou religiosamente. Eles são apenas a liberação da força da alma do homem. Não devemos esquecer que estes poderes da alma estavam no homem antes da sua queda, mas tornou-se latente nele posteriormente. Satanás deseja controlar o poder latente da alma do homem. Ele está bem ciente de que existe tal poder na alma do homem, o qual é capaz de realizar muitas coisas. Por isso, seu desejo é colocá-lo sob seu controle e não sob o controle de Deus. Satanás quer usá-lo para seu próprio propósito e seu alvo ao tentar Adão e Eva no jardim era ganhar e controlar o poder da alma deles. Tenho falado frequentemente sobre o significado espiritual da árvore do conhecimento do bem e do mal e da árvore da vida. O significado da árvore da ciência do bem e do mal é a independência, a aceitação de ações independentes. Porém, a árvore da vida significa dependência ou confiança em Deus. Seu significado diz mais, que a vida original de Adão era apenas uma vida humana e por isso, precisava depender de Deus e receber a vida de Deus a fim de viver. A árvore do conhecimento do bem e do mal revela que o homem não precisa depender de Deus e que pode trabalhar, viver e produzir fruto por si mesmo. Por que levanto tais questões? Simplesmente para mostrar a você a causa da queda de Adão e Eva.  Adão e Eva. Se pudermos liberar o poder latente de Adão, nós também poderemos executar maravilhas. Mas, remos permissão para isso? Satanás sabia que havia tal força que produzia maravilhas no homem e, por isso, tentou o homem levando-o a declarar sua independência de Deus. A queda no jardim do Éden não foi outra coisa senão uma ação independente do homem causando sua separação de Deus. Tomando conhecimento da história da queda no jardim podemos perceber qual foi o propósito de Satanás. Ele pretendia ganhar a alma do homem. Quando este caiu, sua capacidade original e força miraculosa caíram totalmente nas mãos de Satanás. (3) Hoje Satanás deseja liberar e manifestar o poder latente da alma. Logo que o homem caiu, Deus aprisionou os poderes psíquicos do homem em sua carne. Seus muitos poderes ficaram confinados e ocultos na carne como uma força latente - presentes, mas inativos. Depois da queda tudo o que pertence à alma fica sob o controle e escravidão àquilo que pertence à carne. Todas as forças psicológicas são consequentemente governados por forças fisiológicas. O objetivo de Satanás é liberar o poder da alma do homem através do rompimento da casca exterior de sua alma, a fim de libertá-lo do seu cativeiro carnal manifestando, desse modo, seu poder latente. Este é o sentido de Apocalipse 18:13 com respeito a fazer comércio de almas humanas. Na verdade a alma do homem tornou-se um dos muitos artigos das mercadorias do inimigo. Ele deseja, principalmente, ter as capacidades psicológicas do homem como sua mercadoria. No fim dos tempos, particularmente durante o tempo presente, a intenção de Satanás é concluir o que ele começou no jardim do Éden. Embora tenha iniciado o trabalho de controlar a alma do homem no jardim, ele não foi bem sucedido, porque após sua queda, todo o ser do homem, incluindo seu poder da alma, ficou sob o domínio da carne. Em outras palavras, as forças psicológicas do homem caíram sob o domínio de suas forças fisiológicas. O inimigo fracassou em fazer uso do poder da alma do homem; consequentemente seu plano foi frustrado. Durante este milênio, Satanás tem se esforçado em influenciar os homens no sentido de expressarem seu poder latente. De vez em quando ele encontrou aqui e ali, pessoas nas quais alcançou êxito no extrair sua força da alma. Estes se tornaram líderes religiosos operadores de maravilhas dos séculos. Porém, nos últimos cem anos, desde a descoberta de Mesmer na parapsicologia, muitas novas descobertas de fenômenos psíquicos se seguiram. Tudo isso com um só motivo: o inimigo está procurando concluir seu trabalho anteriormente fracassado. Ele planeja liberar todos os poderes latentes dos homens. Este é o seu único propósito, o qual vem cultivando durante milênios. Essa é a razão porque ele comercia com as almas dos homens, além de mercadorias como ouro, prata, pedras preciosas, pérolas, gado e cavalos. De fato ele tem exercitado sua força máxima para obter esta mercadoria especial. (4) Como Satanás faz uso desses poderes latentes? Quais são as muitas vantagens para ele? (a) Ele será capaz de cumprir sua promessa original feita ao homem de que "vós sereis como Deus". Em sua habilidade de operar muitas maravilhas, os homens se considerarão como deuses e adorarão não a Deus, mas a si mesmos. (b) Confundirá os milagres de Deus. Ele deseja levar a humanidade a crer que todos os milagres na Bíblia são apenas psicológicos em sua origem, rebaixando, desse modo, o seu valor. Ele quer que os homens pensem que são capazes de fazer tudo o que o Senhor Jesus fez. Ele confundirá a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo trabalha no homem através do espírito humano, mas agora Satanás forja na alma do homem muitos fenômenos semelhantes às operações do Espírito Santo, levando-os a experimentarem falsos arrependimentos, falsa salvação, falsa regeneração, falso reavivamento, falsa alegria e outras imitações das experiências do Espírito Santo. (d) Ele usará o homem como seu instrumento na oposição final contra o plano de Deus nesta última era. O Espírito Santo é o poder operador dos milagres de Deus, mas a alma do homem é o poder operador de milagres de Satanás. Os últimos três anos e meio (durante a grande tribulação), será um período de grandes maravilhas realizadas pela alma do homem sob a direção de Satanás. Resumindo, vemos que (1) todos estes poderes miraculosos já estão em Adão, (2) o objetivo de Satanás é controlar estes poderes, (3) no tempo do fim Satanás está e continuará a estar envolvido principalmente: manifestar esses poderes, e (4) esta é a sua tentativa para concluir sua tarefa anteriormente fracassada. O PONTO DE DIFERENÇA NAS OPERAÇÕES DE DEUS E NAS DE SATANÁS. COMO DEVEMOS NOS guardar contra o engano? Precisamos discernir o que é a operação de Deus e o que é a operação do inimigo; qual é a obra feita pelo Espírito Santo e qual é a obra realizada pelos espíritos malignos. Todas as obras do Espírito Santo são realizadas através do espírito do homem, mas as obras do inimigo são feitas através da alma do homem. O Espírito Santo move o espírito humano, enquanto que o inimigo move a alma do homem. Este é o ponto básico da diferença entre as operações de Deus e as do inimigo. A obra de Deus é iniciada pelo Espírito Santo, mas a obra do inimigo começa na alma do homem. Por causa da queda nosso espírito humano está morto e não pode, por isso, comunicar com Deus. Quando cremos no Senhor Jesus nós nascemos de novo. Qual é o significado de ser salvo ou nascido de novo? Esta não é apenas uma questão de terminologia; uma mudança orgânica real ocorre em nós. Quando confiamos no Senhor Jesus, Ele põe Sua vida dentro do nosso espírito e o vivifica. Como este espírito do homem é a parte principal, assim também este novo espírito que Deus põe em nós é a parte principal. João 3:6 nos diz o que é o novo nascimento: "Aquele que é nascido do Espírito é espírito". Ezequiel também nos informa: "Um novo espírito eu colocarei dentro de vós" (36:26). Por isso, na regeneração nós recebemos um novo espírito. Em certa ocasião o Senhor Jesus disse: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e vida" (Jo. 6:63). Nossa vida e obra devem, portanto, estar dentro da esfera de ação do espírito. Quando Deus nos usa, Ele sempre opera no espírito e através dele. "Enchei-vos do Espírito" (Ef. 5:18) indica que este novo espírito deve ser cheio do Espírito Santo. Em outras palavras, Deus enche nosso espírito com Seu Espírito Santo. O Espírito Santo onera nosso espírito, mas o espírito maligno opera em nossa alma. Satanás só pode operar na alma e pelo poder da alma. Ele não tem como iniciar sua obra no espírito do homem; sua obra se restringe à alma. O que ele tem feito nos últimos cinco ou seis mil anos passados, ele está fazendo atualmente e continuará a fazer no futuro. Por que ele deseja ser onipotente, onipresente e onisciente como Deus? Por nenhuma outra razão senão pelo que ele pode realizar com o poder da alma do homem. Podemos dizer que enquanto o Espírito Santo é o poder de Deus, a alma do homem parece ser o poder de Satanás. Que tristeza tantas pessoas ignorarem o fato de que muitas práticas ascéticas, respirações e meditações abstratas do budismo e taoísmo, o hipnotismo da Europa ocidental, e os inúmeros prodígios vistos nas pesquisas psíquicas são apenas as manifestações do poder latente da alma do homem. Eles não sabem quão tremendo é o poder da alma. Irmãos e irmãs, não considerem isso como um problema pequeno, nem o rejeitem como sendo pesquisa para os eruditos. Na realidade ele tem efeitos profundos sobre nós. OS DOIS LADOS DO PODER DA ALMA. SEGUNDO A BÍBLIA, o poder latente da alma parece incluir dois tipos. Isso se compara à classificação vista do ponto de vista psicológico. Confessamos não poder dividir nitidamente estes dois tipos; tudo o que podemos dizer é que parece que existem dois tipos diferentes no poder latente da alma: um parece ser o tipo comum, e o outro o tipo miraculoso. Um parece ser natural e o outro sobrenatural; um parece ser humanamente compreensível, o outro parece estar além da compreensão humana. O termo "mente" na psicologia é mais amplo em seu significado do que o usado na Bíblia. O que os psicólogos dão a entender por "mente" ou "coração" inclui duas partes: consciente e subconsciente. O lado do subconsciente é o que chamamos parte miraculosa do poder da alma. Embora os psicólogos façam distinção entre consciente e subconsciente, dificilmente eles podem separá-los. Eles apenas classificam as manifestações psíquicas mais comuns como pertencendo ao primeiro tipo (do consciente), e as manifestações extraordinárias ou miraculosas eles agrupam sob a segunda categoria (do subconsciente). Nós geralmente incluímos apenas aquelas manifestações comuns dentro da esfera da alma, não sabendo que as manifestações extraordinárias e miraculosas são também da alma, ainda que manifestações desse tipo estejam mais na esfera do subconsciente. Devido aos vários graus do poder latente nas almas individuais, alguns homens manifestam os fenômenos mais dentro do primeiro tipo, enquanto que outros mais dentre do segundo tipo. Todos os que servem ao Senhor devem prestar atenção especial a este ponto, senão serão levados pelos poderes miraculosos enquanto tentam ajudar as pessoas. Deixe-me enfatizar a diferença entre alma e espírito: a alma caída de Adão pertence à velha criação, mas o espírito regenerado pertence à nova criação. Deus opera com o espírito do homem, pois esta é a sua vida regenerada, sua nova criação. Satanás, por outro lado, edifica com a alma do homem, isto é, a alma caída em Adão. Ele só pode usar a velha criação porque a vida regenerada na nova criação não peca. O QUE SATANÁS ESTÁ FAZENDO NA IGREJA HOJE. COMO É QUE SATANÁS opera através da alma do homem e trabalha com seu poder latente psíquico? Já demos muitos exemplos no budismo, taoísmo, cristianismo, parapsicologia, assim por diante. Ilustremos agora com alguns exemplos, como Satanás usa a alma do homem nas coisas espirituais. Isto ajudará o cristão a discernir o que é de Deus e o que é do inimigo e também a conhecer como Deus usa o espírito do homem e Satanás a sua alma. ORAÇÃO. AS ORAÇÕES NA BÍBLIA são inteligentes e não tolas. Quando o Senhor Jesus nos ensinou a orar, Suas primeiras palavras foram: "Pai nosso, que estás no céu." Ele nos ensinou a orar ao nosso Pai no céu, mas nós cristãos, frequentemente oramos ao Deus em nosso quarto. Nossa oração deve ser oferecida ao Pai celestial, para que Ele a ouça. Ele quer que enviemos nossas orações ao céu pela fé, não importando se nossos sentimentos são bons ou meus ou até mesmo se não houver em nós sentimento. Se você ora a Deus e espera ser ouvido pelo Deus em seu quarto, tenho receio de que você receba muitos sentimentos estranhos, experiências miraculosas e visões de Deus em seu quarto. Elas lhe são dadas por Satanás e qualquer coisa que você recebe de Satanás pertence ao consciente ou ao subconsciente. Alguém pode não orar ao Deus em seu quarto, mas pode dirigir suas orações à pessoa por quem ora. Isto também é muito perigoso. Suponhamos que você tenha um amigo que esteja há mais de três mil quilômetros de você. Você ora por ele, pedindo a Deus, conforme seja o caso, para reavivá-lo na Palavra ou salvá-lo. Ao invés de dirigir sua oração a Deus, você se concentra no seu pensamento, sua expectativa e seu desejo e os envia a seu amigo como uma força. Sua oração é como um arco que atira seu pensamento, desejo e anseio como flechas em direção ao seu amigo. Ele será tão oprimido por esta força que acabará fazendo exatamente o que você pediu. Você pode pensar que sua oração foi respondida, mas permita-me lhe dizer que não foi Deus quem respondeu sua oração, porque você não orou a Ele. É simplesmente uma resposta a uma oração que você dirigiu a seu amigo. Alguém afirma que sua oração é respondida porque, diz ele, "tenho amontoado orações sobre meu amigo." É verdade, porque você orou em direção a ele e não em direção a Deus. Sua oração é respondida, mas não por Deus. Embora você não conheça a hipnose, o que você fez secretamente satisfaz a lei do hipnotismo. Você liberou sua força psíquica para realizar esta ação. Por que isso é assim? Porque você não orou ao Deus no céu; pelo contrário, suas orações foram projetadas, amontoadas sobre a pessoa por quem você ora. Na aparência você está orando, mas na realidade você está oprimindo a pessoa com seu poder psíquico. Se você usar sua força da alma na oração por certa pessoa - suponhamos que você ore para que ela seja pelo menos disciplinada se não for punida a oração da sua força da alma será arremessada sobre ela, a qual consequentemente ficará doente. Este é um princípio fixo da alma. É tão certo quanto uma pessoa ficar queimada se colocar seu dedo no fogo. Por esta razão, não devemos orar pedindo que uma pessoa seja punida caso não tenha feito o que dela se esperava. Tal oração causará seu sofrimento e fará daquele que fez tal oração o autor dessa aflição. Se oramos, devemos orar a Deus e não ao homem. Eu pessoalmente já experimentei os malefícios de tal oração. Há muitos anos passados eu fiquei doente durante um ano. Isto aconteceu devido às orações de cinco ou seis pessoas que estavam sendo amontoadas sobre mim. Quanto mais elas oravam, mais fraco eu ficava. Finalmente eu descobri a causa. Comecei então a resistir a tais orações, pedindo a Deus para me desprender daquilo pelo que eles haviam orado. Aí eu melhorei. Relacionado com isso deixe-me citar uma carta escrita por um crente: "Passei recentemente por um terrível ataque do inimigo. Hemorragia, doença cardíaca, falta de ar e exaustão. Meu corpo inteiro está num estado de colapso. Repentinamente me veio o pensamento de resistir enquanto orava, todo o poder exercitado sobre mim pela 'oração' (psíquica). Pela fé no poder do Sangue de Cristo me desliguei de tudo aquilo e o resultado foi notável. Imediatamente minha respiração tomou-se normal, a hemorragia parou, o esgotamento desapareceu, todas as dores desapareceram e a vida voltou ao meu corpo. Desde então tenho sido reanimado e revigorado. Deus me permitiu conhecer em confirmação dessa libertação, que minha condição foi o resultado de um grupo de almas enganadas, que estão em oposição a mim e 'orando' sobre mim! Deus me usou para libertação de duas delas, mas o resto está num terrível abismo..." (J. Penn Lewis, Alma e Espírito). PODER PARA O SERVIÇO. SE ALGUÉM QUE É experimentado no Senhor está presente numa reunião de avivamento pode dizer se o pregador está usando o poder da alma ou o poder espiritual. Certa vez um amigo me disse que certo pregador era muito poderoso. Como nunca havia conhecido tal homem, eu disse que não ousava julgar. Porém, escrevi algumas palavras numa caderneta e dei ao meu amigo. Eu escrevi: "Cheio de poder, mas qual poder?" Este amigo não era tão avançado no Senhor quanto sua esposa, e não entendeu o que eu havia escrito. Então perguntou a ela a qual depois de ler a nota admitiu sorrindo: "Este é um verdadeiro problema. Aquele pregador está cheio de qual poder?" Uma vez um irmão entre nós observou que se uma pessoa tinha poder ou não podia ser julgado pela forma com que esmurrava o púlpito. Precisamos discernir numa reunião se o poder de alguém ê psíquico ou espiritual. Podemos julgar este poder de duas direções: a do pregador e a do auditório. Se um pregador confia em sua experiência passada (na qual pessoas se arrependeram por meio de sua pregação), e decide entregar uma mensagem segunda vez na expectativa de alcançar o mesmo resultado, ele está, sem dúvida, operando com seu poder psíquico. Ou se ele procura despertar as pessoas contando estórias de arrependimento, novamente ele estará usando seu poder psíquico. Por outro lado, se a atitude do pregador é semelhante à de Evan Roberts (1878-1951), o vaso de Deus no Reavivamento no País de Gales em 1904-5, então seu poder da alma será recusado, porque este servo do Senhor pediu a Deus para quebrá-lo, para quebrar seu poder da alma, para domar seu ego e bloquear tudo o que viesse dele. Aquele que ministra deve conhecer a diferença entre estas duas forças. Deve ser capaz de discernir o que é feito pelo poder da sua alma e o que é feito pelo poder de Deus. A obra do Espírito Santo é tríplice; (1) nos regenerar, (2) habitar em nós para que possamos produzir o fruto do Espírito, e (3) vir sobre nós para que possamos ter poder para testemunhar. Sempre que a Bíblia menciona o poder do Espírito Santo, invariavelmente ela aponta para a obra de testemunhar. Isto se refere ao Espírito Santo vindo sobre nós e não à Sua operação em nós. Está claro que o poder do Espírito é para a obra e a habitação para fruto. O poder do Espírito Santo sempre é mencionado no texto original da Bíblia como que vindo ou descendo sobre, enquanto que o aspecto de produzir fruto é sempre mencionado no Espírito habitando em nós. Por que o poder capacitador do Espírito Santo é mencionado como vindo sobre? Porque a capacitação que o Espírito Santo dá é fora de você. Você não pode ter certeza dela. Por isso, se numa reunião as pessoas perguntarem se você está confiante de que as pessoas serão salvas, você deve confessar que não tem certeza alguma. Pois tal poder está fora de você. O poder do Espírito Santo está além do seu controle. Mas se for a força da alma você pode ter certeza. Você sabe que sua mensagem pode levar as pessoas a chorar e se arrependerem. O que é chamado de poder dinâmico é simplesmente o poder da alma. Uma ocasião me senti sem poder. Embora outras pessoas dissessem que eu era satisfatório, me sentia fraco. Então fui visitar uma irmã idosa de nome Margaret E. Barber (1866-1929). Eu lhe disse: "Seu poder é grande; por que eu não tenho tal poder?" Nós nos conhecíamos bem e ela frequentemente me ajudava nas questões espirituais. Ela me olhou seriamente e perguntou: "Que poder você quer: o que você pode sentir ou o que você não pode?" Tão logo ouvi tais palavras eu entendi. Por isso respondi: "Quero o que eu não posso sentir." Então ela disse: "Você deve lembrar que não existe necessidade das pessoas sentirem o poder que vem do Espírito Santo. A tarefa do homem é obedecer a Deus, mas o poder do Espírito Santo não é dado para o homem sentir." (Observe que sentir no espírito é outro assunto). Minha obrigação é pedir a Deus para amarrar a força da minha alma, isto é, meu próprio poder. Devo obedecer a Deus absolutamente e o resto eu deixo que Ele faça. Se trabalharmos com a força da alma, podemos senti-lo apenas como fazem os hipnotizadores, os quais sabem que resultados obterão fazendo certas coisas. Ele saberá qual é o primeiro e o último passo. O perigo do púlpito está no fato de que muitos pregadores não sabem que estão usando seu próprio poder psíquico. Eles pensam que têm poder, mas estão apenas empregando o poder psicológico para ganhar as pessoas. Alguns têm sugerido que pregadores se tornaram experts no uso da psicologia na manipulação das pessoas. Mas eu fortemente repudio tal manipulação, pois, embota saibamos como atrair as pessoas pelos meios psíquicos, devemos propositalmente evitar o uso de qualquer força psíquica. Uma vez eu estava trabalhando em Shantung. Um professor disse ao seu colega: "estes pregadores trabalham com as emoções." Aconteceu que quando preguei para os crentes naquela tarde eu disse a eles quão indigna de confiança e inútil era a emoção. O tal professor que ouvira do seu colega que os pregadores usam a emoção estava presente na reunião. Após ouvir minha palavra ele disse que era uma pena que o outro professor que lhe havia falado não estivesse presente. Lembremos que todas as obras que são feitas por meio da emoção são questionáveis e passageiras. Na obra feita por meio do poder do Espírito Santo, o homem não necessita empregar sua própria força nem fazer nada por si mesmo. Se é uma obra feita pela força da alma é necessário que se empregue muita energia e inúmeros métodos tais como choro, grito, pulo, cântico incessante de corinhos ou a narração de muitas estórias comoventes (não quero dizer que os hinos e estórias não devam ser usados, só que tudo deve ser feito dentro dos limites adequados). Pois o emprego de tais métodos tem um só propósito: despertar ou tentar despertar os ouvintes. Sabemos que alguns indivíduos têm uma atração magnética neles. Mesmo não sendo mais belos e eloquentes do que os outros, eles podem atrair pessoas a si mesmos. Tenho ouvido frequentemente das pessoas: "Você tem grande influência sobre fulano, por que você não dá um empurrãozinho nele?" Ao que respondo. "Isto é inútil! Pois isto será simplesmente natural; não é nada espiritual”. Muitos confundem o cristianismo como sendo uma espécie de fenômeno psíquico e como se pertencesse ao campo da psicologia. Realmente não podemos culpá-los, porque nós crentes cometemos o erro primeiro. A menos que o poder de Deus atraia seus pais ou filhos, sua atração natural, por maior que seja, não tem valor algum. Mesmo que você pudesse atraí-los com sua força dinâmica, o que adiantaria se nada fosse realmente conquistado? PAZ E ALEGRIA. QUAL É A MAIOR conquista no cristianismo? Uma união completa com Deus e uma perda total do ego. Na psicologia moderna existe também a assim chamada união do homem com a "mente" invisível, que visa levá-lo à perda da sua identidade. Isto parece ser semelhante ao cristianismo, embora estejam bastante separados. O popular Dr. Frank Buchman (1878-1961), movimento Grupo Oxford, advogava este tipo de psicologia. Um de seus ensinamentos se relacionava com a meditação. Ele reconhecia que a meditação era tudo o que se precisava para a comunicação entre homem e Deus. Ele não pedia que as pessoas lessem a Bíblia pela manhã; ele só pedia que elas meditassem e orassem. O primeiro pensamento que viesse após a oração, ele afirmava, é o pensamento que foi dado a você por Deus. E assim você deve viver o dia todo de acordo com aquele pensamento. Quem jamais pensaria que isto é apenas outro tipo do assentar em silêncio ou meditação abstrata? Qual é o resultado de tal meditação? Você sentirá muita paz e alegria, será a resposta. Se você dirigir seu pensamento tranquilamente sobre qualquer coisa, seja por uma hora, você também alcançará o que é chamado de paz e alegria. Mesmo que você medite de forma abstrata por uma hora, sem pensar em nada, você ainda não falhará em obter esta chamada paz e alegria. As meditações de muitas pessoas são simplesmente um tipo de operação psíquica. Não é assim com a fé cristã. Precisamos meditar em Deus porque já temos Sua vida. Podemos conhecê-la em nossa intuição a despeito de qual seja o nosso sentimento. Temos dentro de nós uma orientação intuitiva para o conhecimento de Deus. Além disso, temos a Palavra de Deus. Cremos em tudo o que Sua palavra diz. Se temos fé podemos desprezar o sentimento. Aqui estão as diferenças entre a fé cristã e a psicologia. PRODÍGIOS. EXAMINEMOS OS PRODÍGIOS. Eu pessoalmente não sou contra eles. Tenho visto com meus próprios olhos casos de cura divina instantânea. Alguns declaram que podem curar enfermidade. Não nos opomos à cura, só questionamos os métodos errados de curar. Alguns me perguntam se eu sou contra as línguas. Certamente que não, embora eu questione as línguas que são obtidas por meios impróprios. Quanto às visões e sonhos, eu também tenho visto grande luz. Reconhecemos que tais coisas existem na Bíblia, mas resisto às visões e sonhos que são obtidos por meio ilegais. A Bíblia fala de impor as mãos e ungir com óleo. Alguns, entretanto, ao impor as mãos sobre a cabeça de outra pessoa, lhe esfregam com força a nuca e ficam perguntando como ela se sente. Naturalmente ao ser massageado, seu pescoço ficará aquecido. Este é um truque baixo que até mesmo os hipnotizadores rejeitam usar. Sabemos que na parte detrás do nosso cérebro existe um nervo enorme que se estende até à vértebra. Aquele que faz a massagem pode não saber que isso é um tipo de hipnotismo. O que recebe a massagem pode sentir uma corrente de calor passando por sua vértebra e ser até mesmo curado. Todavia isso é apenas uma manifestação do poder latente psíquico do homem. A despeito dele ficar bom, eu não posso considerar isso como cura divina. BATISMO NO ESPÍRITO. FALEMOS SOBRE O BATISMO no Espírito Santo, Certa ocasião, quando eu estava em Shantung - Província da República Popular da China, eu também dizia às pessoas para buscá-lo. Entretanto não aprovo as pessoas ficarem fechadas dentro de uma pequena sala jejuando por vários dias, orando e cantando músicas cristãs. Se alguns fizerem isso, não levará muito tempo para que seus cérebros fiquem confusos, sua vontade passiva e seus lábios comecem a produzir sons ou línguas estranhas e incoerentes. E desse modo o poder latente deles será liberado. Numa reunião para busca do batismo do Espírito Santo, as pessoas continuarão gritando aleluia por milhares de vezes. Eventualmente seus cérebros se tornarão embotados, suas mentes paralisadas e começarão a ter visões. Como você pode considerar isso como batismo do Espírito? Isto não é senão batismo da alma. O que eles recebem não é o poderoso batismo do Espírito Santo e sim a força da alma, a manifestação do poder latente da alma. Ele vem por meio do exercício humano e não da capacitação de Deus. Esta não é a maneira correta de se buscar o batismo no Espírito Santo. Entretanto existem aqueles que estão treinando outros desse modo, o que não aprenderam pela instrução de Deus, mas por suas próprias experiências passadas. Alguns podem perguntar, depois de ler isto: "De acordo com o que você diz, é verdade que não existem milagres verdadeiros?" Naturalmente que existem. Damos graças a Deus por todos os milagres que vêm dele. Mas precisamos discernir que, se um milagre não vem de Deus ele é realizado pelo poder latente e psíquico do homem. Quando eu estava em Shantung, ouvi sobre uma mulher paralítica por muitos anos, que fora completamente curada. Se a cura dela veio verdadeiramente de Deus eu dou graças a Ele. CONHECENDO A FORÇA PSÍQUICA. A SENHORA Mary Baker Eddy (1821-1910), fundadora da Igreja Ciência Cristã, negou que havia morte, doença e sofrimento; entretanto ela morreu. Mas a Igreja Ciência Cristã sobreviveu e continua prosperando. Eles ainda acreditam que se uma pessoa doente crê que não está doente, ela não sentirá dor; se uma pessoa moribunda crê que não morrerá, ela viverá. Como resultado muitas pessoas são curadas. Seus propagandistas tentam apenas fortalecer a força psíquica do homem, para alívio da doença física. Através da liberação do poder latente da alma do homem a fraqueza do corpo é vencida. Por causa do desenvolvimento da força latente da alma, os prodígios estão aumentando atualmente. Muitos deles são altamente sobrenaturais, ou miraculosos. Entretanto tudo isso é apenas manifestação do poder latente da alma. Embora eu não seja profeta tenho lido sobre profecia. Aprendi que daqui em diante o poder latente da alma terá maiores manifestações, pois nos últimos dias o inimigo se apoderará da força psíquica do homem para realizar sua obra. Se ele tiver sucesso na conquista desse poder poderá realizar grandes prodígios. Existem duas classes de pessoas que se apegam a dois extremos respectivamente. Uma classe insiste em dizer que não há milagre. Quando ouvem falar de milagres tais como cura divina, eles se recusam a ouvir. Outra classe enfatiza tanto os milagres que não se importa com a fonte de onde procedem tais milagres de Deus ou do inimigo. Devemos ser cuidadosos hoje para não irmos para nenhum dos extremos. Cada vez que vermos ou ouvirmos de um milagre realizado devemos perguntar: Isto é feito por Deus, ou pelo Inimigo? É feito pelo Espírito de Deus ou pela lei da psicologia humana? Devemos usar hoje nossas habilidades tais como as da mente, da vontade e da emoção para fazer coisas, mas não devemos expressar o poder latente que existe em nossa alma. A mente, a emoção e a vontade são órgãos psíquicos do homem que ele não pode deixar de usar. Pois, se ele não faz uso deles o espírito maligno se apossará do seu uso. Todavia se um homem deseja usar o poder latente por detrás dessas habilidades, o espírito maligno começará a lhe dar todos os tipos de milagres falsos. Todas as obras feitas pela alma e sua lei psíquica são imitações. Somente o que é feito pelo poder do Espírito Santo é real. Ele tem Sua própria lei de operação, a qual foi mencionada em Romanos: "A lei do Espírito da Vida" (8:2). Graças a Deus o Espírito é real e Sua lei é concreta. Milagres realizados segundo a lei do Espírito Santo vêm de Deus. É muito difícil para os muçulmanos crerem no Senhor Jesus. Como praticamente são poucos os que se tornam cristãos agora, como é que eles oram? Três vezes todo dia eles oram em suas mesquitas. Eles dizem que se uma coisa precisa ser feita deve-se orar unanimemente com milhares de pessoas. "Considere a multidão de maometanos em oração na grande mesquita Junna de Delhi", escreve a Sra. Jessie Penn Lewis (1861-1927), "onde uma centena de milhares de pessoas seguidoras de Maomé se reúne dentro da Mesquita, com uma multidão ainda maior entregue à oração do lado de fora." Pelo que estavam orando? Em uníssono eles gritavam que queriam a Turquia reavivada e livre da dominação da raça panca. A força psíquica deles ganhou a vitória. "É suficiente,” continua a Sra. Penn Lewis “indicar a revisão do Tratado de Seres, sob o qual tudo o que estava perdido para a Turquia teve que ser restaurado. Triunfo maior de uma nação do Oriente sobre todas as nações do Ocidente colocadas juntas, não pode ser imaginado. A explicação dada e crida por milhões na índia é expressa na palavra 'força da alma'”. (J. Penn Lewis, Alma e Espírito). Infelizmente as orações de muitos cristãos não são respondidas por Deus, mas são alcançadas pela projeção do poder latente da alma. Eles alcançam seus alvos de forma muito semelhante às dos muçulmanos. Vejamos agora os poderes manifestados no hinduísmo. Alguns hindus podem andar no fogo sem serem queimados, e isto não é um truque. Eles andam sobre o fogo e não apenas alguns passos, mas por longo espaço com seus pés pisando sobre o ferro em brasa e não são feridos. Alguns dentre eles podem deitar sobre camas com pregos pontiagudos. (Naturalmente os que eles consideram iniciantes não podem suportar tais coisas e sentirão dor e serão feridos). Isto também é uma questão de desenvolvimento do poder psíquico. Quão desastroso é para os crentes realizarem milagres com o mesmo poder que os hindus usam. Frequentemente nas reuniões os cristãos podem sentir uma espécie de poder apertado sobre eles, orando sobre eles, ou até mesmo nos momentos e leitura Bíblica podem sé sentir oprimidos sem qualquer motivo. Tudo isso vem de Satanás que usa as forças psíquicas para nos deprimir ou atacar. Cristãos experimentados em todo o mundo estão conscientes principalmente dos ataques severos do inimigo no fim dessa era. Visto que a atmosfera inteira do mundo parece estar pesadamente carregada com a força psíquica, precisamos nos esconder sob o sangue precioso do Senhor e sermos protegidos por Ele. Enquanto ouve um sermão numa grande catedral, você pode quase que instantaneamente sentir se o poder da alma está em operação e se existe algo presente que parece estar incitando você. Embora o pregador possa anunciar que algumas pessoas se arrependeram e foram salvas, você precisa considerar as consequências para aqueles que foram dados como salvos. Porque houve uma mistura de poder impróprio no trabalho. Se o poder viesse de Deus, isto é, o poder que vem do Espírito de Deus, você teria sentido luz e claridade. Porém, a força psíquica quando usada pelo inimigo é despertada pela presença de uma grande multidão. Possamos nós termos condições de discernir a diferença a fim de não sermos enganados. O tempo agora é chegado Satanás está agitando todas as suas energias e usando todos os tipos de meios para despertar o poder latente da alma nos religiosos, cientistas intelectuais e até mesmo os cristãos. Esta é a realidade diante de nós. Devemos pedir ao Senhor para nos conceder luz para podermos discernir. Livro O Poder Latente da Alma. Abraço. Davi.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

COMPARAÇÃO BUDISMO: HINAYANA - MAHAYANA.

Budismo. Texto de Alexandre Berzin. Tradução Rosa Frazão. COMPARAÇÃO – HINAYANA E MAHAYANA. Os termos Hinayana (Veículo Menor ou Veículo Modesto) e Mahayana (Veículo Maior ou Veículo Vasto) surgiram com o Sutra Prajnaparamita (O Sutra da Sabedoria Discriminativa de Longo Alcance, O Sutra da Sabedoria da Perfeição). Mas são termos que podem ter uma conotação um tanto depreciativa, engrandecendo o Mahayana e desvalorizando o Hinayana. Entretanto, as alternativas também tem seus problemas, então usarei os termos que são normalmente utilizados, que são mais conhecidos. O Hinayana engloba dezoito escolas. As mais importantes para o nosso objetivo são a Sarvastivada e a Theravada. A Theravada é a escola dominante hoje no Sri Lanka e Sudeste Asiático. A Sarvastivada era amplamente difundida no Norte da Índia quando os tibetanos começaram a viajar para lá e transplantar o budismo para o Tibete. A Sarvastivada possuía dois ramos principais, baseados em diferente filosofias: o Vaibhashika e o Sautrantika. O sistema de ensinamentos Hinayana estudado nas universidades monásticas da Índia, como Nalanda, e mais tarde pelos tibetanos Mahayanistas, provém dessas duas escolas. Já a linhagem de votos monásticos seguida pelos tibetanos vem de outra subdivisão da Sarvastivada, a Mulasarvastivada. Bhudas e Arhats. EXISTE UMA DIFERENÇA bastante significativa entre as apresentações Hinayana e Mahayana no que diz respeito a arhats e budas. Ambas concordam que arhats, ou seres liberados, são mais limitados que os budas, seres iluminados. O Mahayana coloca essa diferença em termos de dois conjuntos de obscurecimentos: os emocionais, que impedem a liberação, e os cognitivos, que impedem a onisciência. Os arhats estão livres apenas do primeiro, enquanto os budas estão livres dos dois. Essa divisão não é encontrada no Hinayana. É uma definição exclusivamente Mahayana. Para obtermos liberação ou iluminação, tanto o Hinayana quanto o Mahayana afirmam que é necessária a cognição não conceitual da ausência de uma “alma” impossível. Essa ausência de “alma”, ou anatma em sânscrito — o idioma principal das escrituras Sarvastivadas e Mahayanas — e anatta em pali — o idioma das escrituras Theravada — é frequentemente traduzida como ausência de um “eu”. As escolas Hinayana afirmam que essa ausência de uma “alma” impossível aplica-se apenas a pessoas e não a fenômenos. Pessoas não possuem uma “alma”, um atman, invulnerável, sólida, que pode ser separada do corpo e da mente e reconhecida. Tal “alma” é impossível. Através apenas da compreensão de que não existe algo que seja a “alma” de uma pessoa, é possível tornar-se um arhat ou um buda. A diferença fica por conta da quantidade de força positiva, ou “mérito”, acumulada. Os budas possuem muito mais força positiva do que os arhats, por terem desenvolvido a aspiração iluminadora de bodhichitta. O Mahayana afirma que budas compreendem a ausência de uma “alma” impossível tanto no que diz respeito à pessoas quanto aos fenômenos. Eles chamam isso de “vacuidade”. As várias escolas indianas Mahayana discordam quanto aos arhats terem ou não a compreensão da vacuidade dos fenômenos. Dentro do Mahayana, a escola Prasangika Madhyamaka afirma que eles têm essa compreensão. Entretanto, as quatro tradições tibetanas apresentam explicações diferentes da Prasangika. Algumas dizem que a compreensão dos arhats sobre a vacuidade dos fenômenos é diferente da compreensão dos budas; outras dizem que as duas vacuidades são a mesma. Algumas dizem que o escopo dos fenômenos aos quais a vacuidade se aplica é mais limitado para os arhats do que para os budas; e algumas dizem que não. Aqui, não precisamos de todos esses detalhe. Questões Adicionais a Respeito a Arhats e Bhudas. NO QUE DIZ respeito a arhats e budas, Hinayana e Mahayana diferem em muitos outros pontos. A escola Theravada, por exemplo, afirma que uma das diferenças entre um shravaka - ou “ouvinte”, que busca a liberação como arhat, e um bodhisattva, que busca a iluminação como um buda, é que shravakas estudam com professores budistas, e bodhisattvas não. O buda histórico, Shakyamuni, por exemplo, não estudou com outro buda. Ele estudou apenas com professores não budistas, cujos métodos acabou rejeitando. A Theravada afirma que a sabedoria de um buda é maior que a de um arhat, porque a compreensão e conquista do buda não foram alcançadas por meio de um professor budista. Além disso, bodhisattvas trabalham para tornarem-se professores budistas universais; shravakas não, apesar de, como arhats, eles certamente terem discípulos. Antes de sua morte, o próprio Buda ordenou a seu discípulo Shariputra, que era um arhat, que continuasse “girando a roda do Dharma.” Entretanto, de acordo com a Theravada, budas sobressaem-se sobre os arhats em razão de seus métodos de liberação serem mais eficientes e abrangentes. Isso se deve a onisciência dos budas. Entretanto, de acordo com essa escola, um buda não saberia o endereço de todo mundo e teria que pedir informação aos outros. De acordo com a escola Vaibhashika do Hinayana, a onisciência de um buda aplicaria-se a essa informação, mas o problema é que eles só saberiam uma coisa de cada vez. Já de acordo com o Mahayana, onisciência significa saber tudo ao mesmo tempo, o que vem da visão de que tudo é interconectado e interdependente; portanto, não poderia haver uma informação que fosse separada, que não estivesse relacionada ao resto. O Hinayana afirma que o buda histórico alcançou a iluminação em vida e, assim como um arhat, seu continuum mental terminou quando ele morreu. Portanto, segundo essa escola, os budas ensinariam apenas até o final da vida na qual eles atingiram a iluminação. Eles não emanariam para infinitos sistemas de mundos e nem seguiriam ensinando para sempre, conforme afirma o Mahayana. O Mahayana é a única escola a afirmar que o buda histórico iluminou-se em uma vida prévia, há muitos eons, estudando com professores budistas. E também afirma que o que ele efetuou embaixo da árvore bodhi foi apenas demonstrar a iluminação, como uma das dozes ações iluminadas de um buda. O relato precursor dessa afirmação é encontrado na escola Mahasanghika do Hinayana, outra das dezoito escolas Hinayana, mas não é encontrado na Sarvastivada ou na Theravada. Outra grande diferença, no que diz respeito aos budas, é que a escola Mahayana é a única a afirmar a existência dos três corpos de um buda — nirmanakaya, sambhogakaya e dharmakaya. O Hinayana não os reconhece. Portanto, o conceito de buda é significativamente diferente entre o Hinayana e o Mahayana. Os Caminhos Mentais Que Levam à Liberação e à Iluminação. TANTO O HINAYANA quanto o MAHAYANA afirmam que temos que desenvolver cinco níveis de caminhos mentais — os assim chamados “cinco caminhos”— nos estágios progressivos até o estado purificado, ou “bodhi”, tanto de um arhat quanto de um buda. Ou seja, temos que desenvolver o caminho mental da construção ou o caminho da acumulação, o caminho mental da diligência ou caminho da preparação, o caminho mental da visão ou o caminho da visão, o caminho mental da habituação ou o caminho da meditação, e o caminho que não requer mais treinamento ou que não requer mais aprendizagem. Shravakas e bodhisattvas que alcançam o caminho mental da visão tornam-se aryas, seres altamente realizados. Ambos têm a cognição não conceitual dos dezesseis aspectos das quatro nobres verdades. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana concordam que o caminho mental da visão livra os arya shravakas e arya bodhisattvas das emoções perturbadoras que surgem baseados em doutrinas, enquanto o caminho mental da habituação os livra das emoções perturbadoras que surgem automaticamente. As primeiras estão baseadas na aprendizagem das teorias de alguma das escolas indianas não-budistas, enquanto as últimas surgem automaticamente em todo mundo, inclusive nos animais. A lista das emoções perturbadoras de que os arya shravakas e bodhisattvas estão livres é parte de uma lista maior de fatores mentais. Cada uma das escolas Hinayana tem sua própria lista de fatores mentais, e o Mahayana tem ainda outra lista. Muitos dos fatores mentais têm definições diferentes nas diferentes listas. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana concordam que o progresso através dos cinco caminhos da mente está ligado à prática dos 37 fatores que levam a um estado purificado. Um “estado purificado” ou “bodhi” refere-se tanto ao estado de arhat quando ao estado de buda. Esses 37 fatores incluem as quatro aplicações da presença mental, os oito ramos do caminho da mente arya (o nobre caminho óctuplo), e assim por diante. Eles são muito importantes. No anuttarayoga tantra, os 37 são representados pelos 34 braços de Yamantaka juntamente com seu corpo, fala e mente, e também pelas dakinis da mandala corporal de Vajrayogini. Esses 37 fatores são um conjunto padrão de práticas. Contudo, as práticas específicas frequentemente diferem no Hinayana e no Mahayana. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana afirmam que o esquema de entrar-no-fluxo, retornar-uma-vez, não-mais-retornar e tornar se um arhat refere-se a estágios do caminho de um arya shravaka, mas não do caminho de um arya bodhisattva. Pessoas que entraram no fluxo tem a cognição não conceitual de todos os dezesseis aspectos das quatro nobres verdades, inclusive da ausência de uma “alma” impossível nas pessoas. Portanto, não devemos pensar que o estágio de entrada no fluxo é para principiantes. Se alguém disser ter atingido esse estágio, suspeite. O Hinayana não fornece uma explicação extensa a respeito dos caminhos mentais do bodhisattva. Mas o Mahayana explica que o caminho de um arya bodhisattva até a iluminação se dá através do progresso pelos dez níveis de mente-bhumi. Esses níveis mentais não pertencem ao caminho shravaka. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana concordam que percorrer o caminho do bodhisattva até a iluminação leva mais tempo do que percorrer o caminho shravaka para tornar-se um arhat. Entretanto, o Mahayana fala em criarmos as duas redes-de-construção-da-iluminação — as duas coleções — por três zilhões de eons. “Zilhão”, normalmente traduzido como “incontável”, significa um número finito, porém tão grande que não conseguimos contar. Shravakas, por outro lado, podem atingir o estado de arhat em apenas três vidas. Na primeira vida entra-se no fluxo, na segunda chega-se ao estágio de retornar-uma-vez e na terceira chega-se ao estágio de não-mais-retornar, atinge-se a liberação e torna-se um arhat. Para muitas pessoas, isso é bastante tentador. A afirmação de que arhats são egoístas é uma propaganda bodhisattva. Sua função é simplesmente indicar um extremo a ser evitado. Os sutras registram que o Buda pediu a sessenta de seus discípulos, que eram arhats, para que ensinassem. Se eles realmente fossem egoístas, não teriam concordado em fazê-lo. No entanto, a ajuda de um arhat é mais limitada que a de um buda. Mesmo assim ambos só conseguem ajudar àqueles que tem o karma para serem ajudados por eles. Bodhisattvas. É IMPORTANTE ENTENDERMOS que as escolas Hinayanas afirmam que para tornar-se um buda é necessário seguir o caminho do bodhisattva. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana têm versões dos contos de Jataka descrevendo vidas anteriores do Buda Shakyamuni como bodhisattva. Desde o século III AC, muitos dos reis do Sri Lanka se intitulavam bodhisattvas, começando pelo Rei Siri Sanghabodh. É claro que é um pouco complicado desenrolar essa história, uma vez que já haviam seguidores do Mahayana no Sri Lanka nessa época. É difícil afirmar que a ideia de reis bodhisattvas já existia antes da influência Mahayana, mas o fato é que ela existiu. Ainda mais surpreendente é que no século V DC, os anciãos da capital do Sri Lanka, Anaradhapura, declararam que Buddhaghosa, um grande mestre Theravada do Abhidharma, era a reincarnação do bodhisattva Maitreya. O Mahayana afirma que surgirão mil budas nesse “eon afortunado” e que eles fundarão religiões universais, e também afirma que já existiram e ainda existirão muitos outros budas em outras eras. O Mahayana também afirma que todos podemos nos tornar budas, porque todos temos os fatores da natureza búdica, que possibilitam isso. O Hinayana não fala sobre a natureza búdica; entretanto a escola Theravada menciona centenas de budas do passado. Um dos sutras Theravada lista 27 nomes. E todos foram bodhisattvas antes de tornarem-se budas. O Theravada também afirma que haverão inúmeros budas no futuro, incluindo Maitreya, o próximo, e que qualquer um pode tornar-se um buda se praticar as dez atitudes de vasto alcance. As Dez Atitudes de Vasto Alcance. O MAHAYANA DIZ que as dez atitudes de vasto alcance são praticadas apenas pelos bodhisattvas e não pelos shravakas. Isso porque o Mahayana define uma atitude de vasto alcance, ou “perfeição”, como aquela que é sustentada pela força do ideal de bodhichitta. Entretanto, de acordo com a Theravada, contanto que as dez atitudes sejam sustentadas pela força da renúncia, a determinação de se liberar, não é necessário bodhichitta para que a prática tenha um vasto alcance e aja como causa para a liberação. Portanto, a Theravada afirma que tanto os bodhisattvas quanto os shravakas praticam as dez atitudes de vasto alcance. Além da motivação, a diferença principal entre a prática das dez atitudes de um bodhisattva e de um shravaka é sua intensidade. Cada uma das dez atitudes de vasto alcance tem três estágios, ou graus: comum, médio e elevado. Por exemplo, uma prática de generosidade mais elevada seria dar seu próprio corpo para alimentar uma tigresa faminta, como o Buda fez em uma de suas vidas anteriores, quando era um bodhisattva. A lista das dez atitudes de vasto alcance também difere ligeiramente entre o THERAVADA e o MAHAYANA. A lista MAHAYANA é:
·         GENEROSIDADE
·         AUTODISCIPLINA ÉTICA
·         PACIÊNCIA
·         PERSEVERANÇA
·         ESTABILIDADE MENTAL (CONCENTRAÇÃO)
·         CONSCIÊNCIA DISCRIMINATIVA (SABEDORIA)
·         MEIOS HÁBEIS
·         PRECES DE ASPIRIÇÃO
·         FORÇA
·         CONSCIÊNCIA PROFUNDA.

A lista THERAVADA omite estabilidade mental, meios hábeis, preces de aspiração, força e consciência profunda, e acrescenta:


·         RENÚNCIA
·         SINCERIDADE
·         DETERMINAÇÃO
·         AMOR
·         EQUANIMIDADE.


As Quatro Atitudes Incomensuráveis. Tanto o HINAYANA quanto o MAHAYANA ensinam a prática das quatro atitudes incomensuráveis do amor, compaixão, alegria e equanimidade. Ambas definem amor como a aspiração de que os outros sejam felizes e encontrem as causas da felicidade, e compaixão como a aspiração de que estejam livres do sofrimento e das causas do sofrimento. O Hinayana, no entanto, não desenvolve essas atitudes incomensuráveis através de uma linha de raciocínio, como a de que todos os seres já foram nossas mães e assim por diante. Nessa escola, começa-se direcionado amor a todos os que já amamos e estendendo esse amor, em etapas, em direção a um número cada vez maior de seres. As definições de alegria e equanimidade incomensuráveis são diferentes no Hinayana e no Mahayana. No Hinayana, alegria incomensurável significa ficarmos felizes com a felicidade alheia, sem sentirmos inveja, e desejar que ela aumente. No Mahayana, alegria incomensurável é desejar que os outros obtenham a felicidade da iluminação sem fim. Equanimidade é o estado mental livre de apego, aversão e indiferença. Na Theravada, significa termos equanimidade em relação ao resultado de nosso amor, compaixão e alegria. O resultado de nosso esforço em ajudar os outros realmente depende do karma e do esforço deles; apesar de, assim como no Mahayana, a escola Theravada aceitar a possibilidade de transferir-se força positiva, “mérito”, para os outros. Desejamos que sejam felizes e que estejam livres do sofrimento, mas vemos o que quer que aconteça de forma equânime. Isso porque sabemos que terão que fazer o trabalho por si mesmos. No Mahayana, equanimidade incomensurável significa aspirar que os outros seres estejam livres de apego, aversão e indiferença porque essas atitude e emoções perturbadores lhes causam sofrimento. Apesar de precisarmos desenvolver amor e compaixão para atingirmos o estado liberto de um arhat, não é necessária uma determinação excepcional ou um ideal de bodhichitta. Determinação excepcional é um estado mental de estar absolutamente determinado a tomar para si a responsabilidade de ajudar a levar todos os seres à liberação ou iluminação. Ideal de bodhichitta é o estado mental de querer atingir a iluminação para conseguir levar adiante o objetivo da determinação excepcional. Como o Hinayana não detalha o caminho do bodhisattva, ele não explica essas duas atitudes. O Mahayana explica detalhadamente as práticas meditativas para desenvolvê-las. O Hinayana, portanto, enfatiza o desenvolvimento das quatro atitudes incomensuráveis como uma forma de superarmos as emoções perturbadoras opostas. Amor é o oposto de animosidade; ele nos libera temporariamente de pensamentos de inimizade, agressão ou indignação e ansiedade ou medo. Compaixão é o oposto de ter-se uma atitude cruel ou nociva. Alegria ou regozijo é o oposto de inveja, e equanimidade é o oposto de expectativa, preocupação ou desapontamento e indiferença. Além disso, na Theravada, desenvolvemos essas quatro atitudes primeiro em relação a nós mesmos, e só depois as direcionamos aos outros. No Mahayana, a ênfase é no que os outros vivenciam, ao invés de na nossa experiência em relação a eles. As Duas Verdades. APESAR DO HINAYANA não afirmar a ausência de uma “alma” impossível nos fenômenos, ou vacuidade, isso não quer dizer que não discuta a natureza dos fenômenos em geral. O Hinayana aborda isso na apresentação das duas verdades em relação aos fenômenos. O que precede a compreensão da vacuidade dos fenômenos é a compreensão das duas verdades. No Mahayana, as duas verdades são dois fatos que dizem respeito ao mesmo fenômeno. No Hinayana, as duas verdades são dois conjuntos diferentes de fenômenos. Existem fenômenos superficialmente, ou convencionalmente verdadeiros e fenômenos profundamente, ou absolutamente, verdadeiros. Na escola Sarvastivada, o ramo Vaibhashika afirma que os fenômenos superficialmente verdadeiros são os objetos físicos e os estados mentais (formas de estar-se consciente). E os fenômenos profundamente verdadeiros são todos os átomos que constituem os objetos físicos e todos os pequenos momentos de cognição. É importante percebermos que aquilo que vemos são os fenômenos superficialmente verdadeiros, e no nível mais profundo tudo é constituído por átomos. Podemos perceber como isso leva ao entendimento de que o nível superficial é uma ilusão. De acordo com a escola Sautrantika, os fenômenos superficialmente verdadeiros são entidades metafísicas, nossas projeções sobre os objetos; enquanto os fenômenos profundamente verdadeiros são as coisas em si. Aqui, começamos a entender que as projeções são como ilusões. Se nos livrarmos das projeções, veremos o que está objetivamente lá fora. Nossas projeções são como ilusões. Segundo a Theravada, os fenômenos superficialmente verdadeiros são fenômenos imputados, e referem-se tanto a pessoas quanto a objetos, estejam eles dentro ou fora do corpo. Os fenômenos profundamente verdadeiros são aqueles sobre os quais os fenômenos superficialmente verdadeiros são imputados. O corpo e os objetos físicos são imputados nos elementos e nos campos sensoriais que percebemos. O que é uma laranja? É a visão, o cheiro, o gosto, a sensação física? Uma laranja é aquilo que é imputado sobre tudo isso. Da mesma forma, uma pessoa é aquilo que pode ser imputado nos fatores agregados do corpo e mente (skandhas). Os fenômenos profundamente verdadeiros são os seis tipos de consciências básicas e os fatores mentais, porque são a base sobre a qual rotulamos ou imputamos uma pessoa. Apesar de nenhuma das escolas Hinayana falarem sobre a vacuidade de todos os fenômenos elas afirmam que, para obtermos a liberação, é importante compreendermos os fenômenos profundamente verdadeiros de forma não conceitual. Portanto, a visão geral é muito semelhante à argumentação Mahayana. O Theravada também tem uma explicação muito particular do karma, que não é encontrada nas escolas Sarvastivada ou no Mahayana, mas não entraremos nisso agora. A partir dessa introdução, podemos começar a apreciar as escolas Theravada e Sarvastivada do Hinayana como elas realmente são, dentro do contexto completo dos ensinamentos budistas. Isso pode nos ajudar a não cometer o equívoco de renunciar ao Dharma alegando que um determinado ensinamento do Buda não é budista. Quando temos uma compreensão apropriada das escolas budistas, a partir de seu próprio ponto de vista, desenvolvemos grande respeito por todos os ensinamentos do Buda. Isso é muito importante. www.studybuddhism.com.br. Abraço. Davi.