Filosofia
Hermética. Texto atribuído ao filósofo e místico Hermes Trismegisto (1). Três
Iniciados – Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia. Capítulo
Treze. O GÊNERO – “O GÊNERO ESTÁ EM
TUDO; TUDO TEM OS PRINCÍPIOS MASCULINO E FEMININO; O GÊNERO SE MANIFESTA EM
TODOS OS PLANOS”. O Sétimo Grande Princípio hermético – o Princípio do Gênero –
contém a verdade que há Gênero manifestado em tudo, que os Princípios Masculino
e Feminino estão sempre presentes e em ação em todas as fases dos fenômenos e
todos os planos da vida. Neste ponto achamos bom chamar a vossa atenção para o
fato que o Gênero, no seu sentido Hermético, e o Sexo no uso ordinariamente
aceitado do termo, não são a mesma coisa. A palavra Gênero é derivada da raiz
latina que significa gerar, procriar, produzir. Uma consideração momentânea
mostrar-vos-á que a palavra tem um significado mais extenso e mais geral que o
termo Sexo, o último referindo-se às distinções físicas ente as coisas viventes
machos e fêmeas. O sexo é simplesmente uma manifestação do Gênero em certo
plano do Grande Plano Físico: o plano da vida orgânica. Desejamos fixar esta
distinção nas vossas mentes, porque certos escritores, que adquiriram uma
simples noção da Filosofia hermética, pretenderam identificar este sétimo
Princípio hermético com as disparatadas, fantásticas e muitas vezes
repreensíveis teorias e ensinos a respeito do Sexo. O ofício do Gênero é
somente de criar, produzir, gerar, etc., e as suas manifestações são visíveis
em todos os planos de fenômenos. É um tanto difícil dar provas disto nas linhas
científicas, pela razão que a ciência ainda não reconheceu este Princípio como
de aplicação Universal. Mas ainda assim várias provas têm provindo de fontes
científicas. Em primeiro lugar, encontramos uma distinta manifestação do
Princípio de Gênero entre os corpúsculos, íons ou elétrons, que constituem a
base da Matéria como a ciência conhece por último, e que formando combinações
formam o átomo, que até há pouco tempo era considerado como final e
indivisível. A última palavra da ciência é que o átomo é composto de uma
multidão de corpúsculo, elétrons ou íons (sendo aplicados vários nomes por
autoridades diferentes), que giram uns ao redor dos outros e vibram num elevado
grau de intensidade. Mas as aplicações que seguem mostram que a formação do
átomo é realmente devida ao agrupamento de corpúsculos negativos ao redor de um
positivo; parecendo que os corpúsculos negativos, fazendo estes formarem certas
combinações e assim cria ou gera um átomo. Isto está em relação com os mais
antigos preceitos herméticos que sempre identificaram o princípio masculino de
Gênero com o polo positivo, ao feminino como o polo negativo da eletricidade.
Agora uma palavra a respeito desta identificação. A mente do público formou uma
ideia inteiramente errônea a respeito das qualidades do chamado polo negativo
da Matéria magnetizada ou eletrizada. Os termos positivo e negativo são em
verdade erroneamente aplicados a este fenômeno pela ciência. A palavra positivo
significa tudo o que é real e forte, comparado com a negativa irrealidade e
fraqueza. Nada é ulterior aos fatos reais dos fenômenos elétricos. O chamado
polo negativo da bateria é realmente o polo no qual e pelo qual se manifesta a
geração ou produção de novas formas de energia. Nada há negativo ao redor dele.
As maiores autoridades científicas agora usam a palavra catódico (descida ou
volta) em lugar de negativo. Do polo catódico procedem a imensidade de elétrons
ou corpúsculos, do mesmo polo saem estes maravilhosos raios que revolucionaram
as concepções científicas nos últimos dez anos. O polo catódico é a mãe de
todos os fenômenos estranhos, que tornaram inúteis os velhos livros, e que
fizeram muitas teorias admitidas serem proscritas do programa da especulação
científica. O polo catódico ou negativo é o Princípio materno dos fenômenos
elétricos, e das formas mais sutis da matéria, já é conhecido pela ciência.
Assim vedes que temos razão quando recusamos usar o termo negativo nas nossas
considerações sobre o assunto, e insistindo na substituição da palavra feminino
pelo antigo termo. Os fatos da condição nos levam a isto, sem mesmo tomarmos em
consideração os preceitos herméticos. E assim usaremos a palavra feminismo em
lugar de negativo falando deste polo de atividade. Os últimos ensinos
científicos são que os corpúsculos criadores ou elétrons são femininos (a
ciência diz que eles são compostos de eletricidade negativa, e nós dizemos que
são compostos de energia feminina). Um corpúsculo feminino abandona um
corpúsculo masculino e toma uma nova direção. Ele ativamente procura uma união
com um corpúsculo masculino, sendo incitado a isso pelo impulso natural de
criar novas formas de matéria ou energia. Um escritor costuma até empregar a
frase “ele a um dado tempo procura, de sua própria volição (vontade), uma
união”, etc. Este destacamento e esta união formam a base da maior parte das
atividades do mundo químico. Quando o corpúsculo feminino une-se com um
corpúsculo masculino, começa um certo processo. As partículas femininas vibram
rapidamente sob as influências da energia masculina, e giram ao redor da
última. O resultado é o nascimento de um novo átomo. Este novo átomo é
realmente composto da união dos elétrons ou corpúsculos Masculinos e Femininos,
mas quando a união é formada, o átomo torna-se uma coisa separada, tendo certas
propriedades, mas não manifestando muito a propriedade da eletricidade
independente. O processo de destacamento ou separação dos elétrons Femininos é
chamado ionização. Estes elétrons ou corpúsculos são os mais ativos
trabalhadores no campo da Natureza. Provenientes das suas uniões ou
combinações, se manifestam os diversos fenômenos da luz, do calor, da
eletricidade, do magnetismo, da atração, repulsão, afinidade química e o
inverso, e outros fenômenos semelhantes. E tudo isto procede da ação do
Princípio de Gênero no plano da Energia. A parte do princípio Masculino parece
ser a de dirigir uma certa energia inerente para o princípio Feminino e assim
pôr em atividade o processo criativo. Mas o princípio Feminino é sempre o único
que faz a ativa obra criadora, e isto é assim em todos os planos. E ainda, cada
princípio é incapaz da energia operativa
sem o outro. Em muitas formas da vida, os dois princípios estão combinados em
um só organismo. Por esta razão, tudo no mundo orgânico manifesta ambos os
gênero: há sempre o Masculino na forma Feminina, e o Feminino na forma
Masculina. Os Ensinos herméticos contém muita coisa, a respeito da ação dos
dois princípios de Gênero na produção e manifestação das diversas formas de energia,
etc., mas não julgamos conveniente entrar em detalhes a respeito dos mesmos
neste ponto, porque não podemos sustenta-los com provas científicas, pela razão
que a ciência ainda não progrediu o necessário para isso. Mas o exemplo que vos
demos dos fenômenos dos elétrons ou corpúsculos vos mostram que a ciência está
no caminho reto, e poderia também dar-vos uma ideia geral dos princípios
ocultos. Diversos dos principais investigadores científicos declararam a sua
opinião que na formação dos cristais foi descoberta alguma coisa que
corresponde à atividade sexual, que é uma outra bagatela mostrando a direção em
que sopram os ventos científicos. E cada ano traz outros fatos para corroborar
a exatidão do Princípio hermético de Gênero. Seria estabelecido que o Gênero
está em ação e manifestação constante no campo da matéria inorgânica e no campo
da Energia ou Força. A eletricidade é agora geralmente considerada como alguma
coisa em que todas as outras formas de energia parecem dissolver. A Teoria
Elétrica do Universo é a última doutrina científica, e ela está crescendo
rapidamente em popularidade e aceitação geral. E assim segue-se que se pudermos
descobrir nos fenômenos da eletricidade – levados ao seu princípio e fonte de
manifestações – uma clara e infalível evidência da presença do Gênero e suas
atividades, estamos justificados vos fazendo crer que a ciência enfim deu prova
da existência em todos os fenômenos universais deste grande Princípio hermético
– o Princípio de Gênero. Não é necessário gastar o nosso tempo com o muito
conhecido fenômeno da atração e repulsão dos átomos, afinidade química, os
amores e ódios das partículas atômicas, as atrações ou coesões entre as
moléculas da matéria. Estes fatos são muito bem conhecidos para necessitar
extensos comentários nossos. Mas considerastes alguma vez que todas estas
coisas são manifestações do Princípio de Gênero? Não vedes que estes fenômenos
andam ao par com os dos corpúsculos ou elétrons? E ainda mais que isto, não
vedes a racionalidade dos Ensinos herméticos que afirmam que a verdadeira Lei
da Gravitação – esta estranha atração pela qual todas as partículas e corpos de
matéria no Universo tendem para outras – é simplesmente outra manifestação do
Princípio de Gênero, que opera na direção de atração da energia Masculina para
a Feminina, e vice-versa? Não poderemos dar-vos provas científicas disto agora;
mas amos examinar os fenômenos à luz dos Ensinos herméticos sobre o assunto, e
veremos se não tereis uma mais útil hipótese que as oferecidas pela ciência física.
Submetei todos os fenômenos físicos ao texto, e vereis sempre em evidência o
Princípio de Gênero. Permiti-nos agora passarmos à consideração da ação do
Princípio no Plano Mental. Muitas ideias interessantes têm nele a seu exame.
Livro Caibalion. Referência (1). Entre as obras atribuídas a Hermes Trismegisto
podemos citar as seguintes – A Tábua de Esmeralda, O poimandres, O Asclépios e
a Minerva Mundi ou Coré Cosmou, todas conhecidas pelos profanos. Destas obras
temos a elegante tradução francesa de Louis Nicolas Ménard (1822-1901). Além
destas existem outras obras que são do uso exclusivo dos iniciados. O nome de
Hermes foi dado também à universidade do Egito, e é por isso que são atribuídas
a Hermes mais de 2.000 obras. Não trataremos aqui da significação hieroglífica
da palavra Hermes, porque para isso seria necessário tornar muito extensa esta
nota. Supõe-se que Hermes viveu pelo ano de 2.700 antes de Cristo, isto é,
quando o Egito já estava sob o domínio dos reis pastores – Iksos ou Irschu.
Abraço. Davi.
sexta-feira, 30 de junho de 2017
quinta-feira, 29 de junho de 2017
FILME A CABANA.
Editor do Mosaico. Assistindo
recentemente ao filme A Cabana do diretor Stuart Hazeldine com lançamento em 7
de abril desse ano, aqui no Brasil, percebi segundo aqueles que leram ao best
seller do mesmo nome, que circulou pelo mundo em vários idiomas vendendo mais
de 12 milhões de exemplares, que ele é fiel ao livro do autor William P. Yong
publicado primeiramente em 2007. O enredo foi muito bem elaborado em estilo
drama, usando os recursos que a tecnologia cinematográfica disponibilizada, mas
comedido entre o simples e modesto, sendo isto objetivamente com o intuito de
introduzir a "fantasia" e imaginação como elementos de interpretação
contextual. Como diz Albert Einstein "Ser suficiente artista é ter a
capacidade de desenhar a imaginação. A imaginação é mais importante que o
conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve ao mundo".
Para quem não leu o livro, que é o meu caso, o filme é revestido de cenas
surpreendentes e muitas vezes comoventes, fazendo a gente ficar ligado no
enredo apresentado pelo diretor do início ao fim. A história passasse numa
família cristã, que costumava comparecer à missa no fim de semana. A igreja com
vitrais coloridos, sugerindo cenas de Jesus e a imagem de Deus estampada nas
janelas era avistada pelo pai, que impressionava-se com a figura de Deus com
barba longa uma face envelhecida e carrancuda. Entretanto, esta condição de
ouvir o sermão do oficial encarregado e cantar com a congregação, não refletiu
satisfatoriamente no caráter daquele que era o chefe da família, que era
constituída de dois adolescentes, uma menina e a mãe. Ele com caráter
possessivo-temperamental tentava resolver seus conflitos existenciais jogando a
culpa nos membros familiares, discutindo com a esposa e incriminando o filho
mais velho. Sem nenhum diálogo com o mesmo, inflamava sua conversa na
brutalidade, tanto que, num desses momentos, à noite no meio da chuva, espancou
o filho chicoteando-o, e fazendo com que ele recitasse um versículo bíblico
nessa situação de agonia. O filho não aguentando tamanha agressão recorrente, e
também, sem nenhuma orientação tanto ética quanto espiritual para compreender e
resolver a questão de maneira racional não usando a violência contra seu
genitor. Numa missa ouvindo o sermão, é compelido a confessasse, contando
baixinho ao pároco sua angústia (conflito com o pai) que o roía por dentro.
Mesmo assim o clérigo, não tomou providência para ajudar diretamente o rapaz,
nem depois que descarregou sua fúria sutilmente. Como seu pai bebia,
ocultamente foi ao porão da casa e misturou veneno a bebida provocando a morte
dele. A história "começa" neste ponto, onde o filho parricida
torna-se o protagonista, carregando até o final a culpa, o pecado e
perversidade desse ato. Em Êxodo 12,13-14 diz: "Honra teu pai e a tua mãe,
a fim de que venhas a ter longa vida na terra, que Yhweh, o teu Deus te dá. Não
matarás". "O carma negativo é gerado invariavelmente pelas más
intenções. Sempre que, proposital ou invariavelmente, prejudiquemos outro ser,
somos culpados de agir com más intenções. O Buda nos ensinou os cinco preceitos
para nos auxiliar a superar o hábito de lesar os demais e a nós mesmos com as
nossas más intenções. Fundamento da moralidade budista e ponto de partida para
o verdadeiro crescimento do ser humano, os Cinco Preceitos são: 1. Não matar.
2. Não roubar. 3. Não mentir. 4. Não ter má conduta sexual. 5. Não se
entorpecer com álcool ou drogas". O roteiro não destacou o crime praticado
pelo garoto em sua questão jurídica criminal, contudo tomando o caminho da
crise existência, a mesma da qual seu pai foi acometido. Evidentemente a
natureza não deixaria impune este delito, pois o carma é a "lei universal
de causa e efeito que governa as ações intencionais. De acordo com ela, todos
os atos intencionais produzem resultados, que mais cedo ou mais tarde serão
sentidos por quem realizou a ação. Boas ações produzem efeitos cármicos
positivos, ao passo que os efeitos cármicos das más ações, são negativos".
O rapaz casasse, adquire família tendo dois filhos como seu pai, contudo convivendo
com o "fantasma" da culpa, remorso e ressentimento. A família decide
passar férias num balneário a beira mar com alguns amigos para descansar e
lazer. Ao dormirem eles têm um diálogo interessam onde a criança interroga
sobre Deus, quanto a ser uma lenda ou uma verdade. Ela chama Deus de papai. Ele
adverte os filhos quanto aos perigos do local, mas situações imprevistas são
difíceis de controlar. Tanto que seus filhos passeavam no mar num barco quando
esse vira, e o garoto ficando preso quase morre, sendo salvo por seu pai que o
vê desesperado afogando e batendo os braços lançasse prontamente ao mar. Após,
um estranho fato ocorre, sua filhinha brincando no local afastasse o bastante
para perdesse. Todos saem em busca da garotinha, inclusive muitos dos que
estavam no balneário. A polícia é chamada e procurando por todos os lados do
parque, não a encontra em lugar nenhum. Algumas investigações feitas dão
indícios que a menina esteve numa Cabana. A família volta arrasada pra casa, na
esperança de encontrar a filha de alguma forma. O carma negativo cobrava do pai
sua atitude transgressora no passado. Ele começava a culpar Deus por aquela
situação, achando-se injustiçado não se conformando com a perda da criança.
Esse é um importante ponto que o diretor soube explorar bem, mostrando como é
difícil para nós suportar a perder de entes queridos, seja qual for a
ocorrência em que se dar o fato. Nunca pensamos diretamente em nossa finitude,
vivendo como se fossemos durar sempre. Nesse ponto o enredo faz um recorte para
explicar o que se passava no interior do pai que precisava ser resolvido, e
como essa circunstância o afetava ao ponto de fazê-lo revoltar-se contra a
divindade, sem que tivesse razão nenhuma para tal. Em sonho o pai vê uma
cabana, pressentindo que por lá sua filha teria estado quando na floresta
costeira passavam férias. Nesse sonho segue de carro até o local, e virando
numa curva bate o veículo. Nesse devaneio idílico ou realidade abstrata está
ambientada a dimensão extra sensorial, onde mostra-se a maneira que o diretor
imprimia à que demos conta da profundidade do Mistério e a circunstância que
envolvia a interioridade do protagonista. Ele vai através duma floresta gelada
e encontra a Cabana, da qual recebeu referência no bilhete que sonhara. Entra,
e logo percebe sangue no assoalho, também algumas veste que supostamente eram
de sua filha. Desespera, chorando amargamente. Neste instante aparece a figura
de um jovem que o conduz por uma estrada clara e límpida, onde vê-se cores
definidas na vegetação esplendorosa e tranquila. Além de um rio calmo e
cristalino. Mais adiante uma casa de madeira toda ornamentada com simplicidade
e os utensílio domésticos necessários. A ideia do filme é mostrar que essa
"atmosfera" é uma representação do céu ou paraíso cristão. O apóstolo
João diz no Apocalipse 21,1 "Então vi, novo céu e nova Terra, pois o
primeiro céu e a primeira Terra, haviam passado, e o mar já não mais
existia". Ele quis mostrar, que podemos ter surpresas quanto a simbologia
celeste que necessariamente não corresponde a literalidade vista pela maioria
dos cristãos mais dogmáticos. Essa parte é bastante rica em detalhes que não
vou especificar, esperando que os leitores possam assistir e perceber como o
diálogo entre os personagens introduzidos nas cenas imaginadas na
"visão" que o "herói" está se descortinando à sua
existência. Deus nesse devaneio é representado por uma mulher negra. Imagina a
aceitação da figura feminina como Deus numa sociedade acentuadamente machista,
sexista, e em alguns casos homofóbica como a nossa; a visão causa certo
estranhamento. Jesus o salvador do mundo está tipificado pelo rapaz, que
tornou-se seu amigo ao entrar nesta dimensão celeste. Jesus aqui é um jovem
franzino e contextualizado no tempo, mais preocupado com o aqui e agora, que o
futuro por acontecer. O Espírito Santo é uma jovem de descendência oriental.
Interessante essa mescla de divindades realizada pelo roteirista, trazendo a
consciência coletiva que todas as tradições em sua representação pensam Deus de
forma e maneira diferentes – o certo ou o errado foge da análise cultural no
aspecto de confrontação – devendo ser vista pela assimilação e comparação. Deus
mostra-lhe que não havia motivos para sua revolta. Sua atitude era mesquinha e
egoísta, necessitando perdoar seu pai, mesmo depois de tudo que ele sofreu, não
importando que havia falecido. A situação passada era resultado de seus atos
impensados e sem reflexão. Jesus leva-o à ver o mar, andando com ele sobre as
águas como no caso do apóstolo Pedro em Mateus 14,25-31. Mostrando que ele,
perdera a fé e consequentemente se entulhava de ceticismo e incredulidade.
Entretanto havia esperança de que as coisas se normalizariam. O Espírito Santo
mostra-lhe as almas daqueles que estavam no céu. Aparentemente contrariando a doutrina
onde o pecado é castigado com a disciplina, seu cruel pai estava lá, e se
encontraram. A ideia aqui é que nos renascimentos futuros seu pai, já havia
passado pela disciplina e sofrimento cármico quitando sua dívida. Ele chorando
pediu perdão ao pai se reconciliando dos seus malfeitos com um abraço mútuo.
Também sua filha aparece, mas infelizmente ele não pode abraçá-la. Precisará
entender o porquê da separação. Jesus o encaminha à uma gruta para encontrar-se
com sua consciência, Nesse interessante diálogo ele fica claro de sua situação
hipócrita e chorando arrependesse de tudo, compreendendo sua real situação.
Saindo da caverna encontra um ancião; junto a esse, ambos vão por um labirinto
descobrir onde está o corpo de sua querida filhinha. Chegando ao local
reconhece-a envolta em lenções, bem como a roupa que usava quando havia
desaparecido. Dolorosamente reconhece que ela foi abusada e deixada sem vida
naquela caverna. Ele aos prantos carrega-a, indo pela estrada até a casa onde
estava hospedado com a trindade divina. No céu, fazem o sepultamento de sua
querida filhinha, e mesmo em meio a muita desolação, agradece a Deus tamanha
benção de entender os caminhos pelos quais a vida muitas vezes deve passar,
para rompendo a morte entrar no paraíso divino. O protagonista é acordado desse
sonho, quando está dirigindo seu carro indo a Cabana, e de repente, o acidente
é concretizado pelo desastre em realidade. É hospitalizado, devido aos
ferimentos sendo visitado por um amigo, e nessa condição toma consciência do
ocorrido. Recebendo a visita dos familiares, agora com uma visão completa das
circunstância que passou, explica aos mesmos o êxtase da visão e como deu-se
seu encontro com Deus. A SEMENTE DO GRÃO DE MOSTARDA. Recontada por Fábio
Lisboa. “Desde criança, Gotmai era a mais magra das crianças e por isso era
chamada de Kisa Gomati (Gotami Magricela). Kisa Gotami era pobre, órfã e sofria
com as humilhações, no entanto, mantinha o seu coração puro e livre de ódio.
Ela, inocentemente, sem saber, ajudou um rico e avarento mercador. E este a fez
casar-se com o seu filho. Casada, Gotami achou que iria melhorar de vida, mas
aí é que as coisas pioraram. Apesar de não sofrer mais dificuldades
financeiras, o marido a tratava como escrava e a humilhava ainda mais. Seu corpo
magro até aguentava o sofrimento, mas a sua alma se entristecia cada vez mais
com a violência e injustiça do mundo. Quando o seu filho veio ao mundo,
finalmente, o mundo de Kisa Gotami mudou completamente. Ela
amava aquele bebê mais do que tudo em sua vida! E o amor infantil e inocente
que ela recebia em troca era um tesouro inestimável! A mãe ajudou o filho a dar
os primeiros passos e logo o menino começou a andar sozinho. Mas o marido
continuava exigente e intransigente e naquele dia exigiu tantas coisas que o
filho acabou ficando sozinho. O menino ficou andando pelo quintal, até cair,
dando um grito. E caído ficou choramingando. A mãe chegou como um raio em
socorro ao filho, pegou o menino nos braços e viu uma cobra saindo de perto da
criança. O menino foi ficando roxo, chorando cada vez mais baixinho, se acalmou
nos braços da mãe, até que o choro parou e ele se foi, empalidecido. Kisa
Gotami saiu correndo com o filho no colo, em desespero, pedindo por ajuda: Por
favor, me dê um remédio para curar o meu filhinho! Ela tocava nas casas e era
humilhada: As pessoas, carrancudas, batiam a porta em sua cara. Depois riam e
comentavam: Que mulher louca! A criança está morta! A mulher ouvia, mas não
queria acreditar. Por que você não se mexe, filho? Eu quero você de novo
andando e brincando – pensava ela. “Por favor, me dê um remédio para o
meu filho, ele não se mexe! Um homem sensato se compadeceu da dor da mãe que
não queria aceitar a morte do filho e disse: Eu não tenho esse remédio que você
procura mas eu posso indicar quem o tem. E eu te suplico: me diga quem é! Você
precisa falar com Sakyamuni, o Buda. A mulher à beira da loucura foi ver o
Iluminado e exclamou, chorando: Senhor, meu filho estava brincando entre as
flores e tropeçou numa serpente que se enroscou no seu braço. Depois ficou
pálido e silencioso. Não posso aceitar que ele deixe o meu colo assim. Senhor,
meu mestre, dá-me um remédio que cure o meu filho. O Iluminado respondeu: Sim
irmãzinha, há uma coisa que pode curar teu filho e a ti, se puderes
consegui-la, porque os que consultam os médicos tomam o que lhes é receitado.
Procura uma simples semente de mostarda preta, porém só deves recebê-la de uma
casa onde nunca tenha entrado a morte. Aflita, a magra Gotami foi de casa em
casa pedindo o grão de mostarda. As pessoas se compadeciam dela e lhe davam a
semente, porém, quando ela perguntava se já tinha morrido alguém naquela casa,
lhe respondiam: Ah! São muitos as pessoas queridas que já morreram nesta
família. Não nos lembre da nossa dor. Agradecida, ela lhes devolvia a semente
de mostarda que não serviria para preparar o remédio e dirigia-se a outros que
diziam a ela: Aqui está a semente, porém já morreu nosso empregado. Aqui está a
semente, porém o semeador morreu entre a estação chuvosa e a colheita. Pode
levar esta semente, mas saiba a morte levou a nossa filha antes da hora. E
assim foi, o dia todo procurou mas não encontrou nenhuma casa onde a morte já
não tivesse passado. Nenhuma semente serviria para trazer o seu filho de volta.
No começo, achou que ninguém entendia a sua dor. No decorrer do dia, percebeu
que a dor da morte não era só sua. Muitos sofreram com ela e ela sofreu ao
ouvir histórias de pessoas que se foram, avôs, avós, pais, mães, filhos,
filhas, irmãos, irmãs, empregados, amigos, parentes e até animais queridos. Ela
entendeu a mensagem do Iluminado. Enterrou sozinha o seu filho, mas sabia que
era como se estivesse ao lado de muitos conhecidos e desconhecidos, dando o
último adeus ao menino. Kisa Gotami voltou até Buda, o Desperto, que lhe
perguntou: Encontrou a semente? Não, Mestre. Mas procurando o que não poderia
encontrar, achaste um amargo bálsamo (...). Enterraste o teu filho? Sim. Sobre
o meu seio, o meu menininho dormiu hoje o sono da morte. E eu só pude chorar
sozinha (...). De manhã estava sozinha, no fim da tarde, ainda sozinha, percebi
que havia uma multidão comigo. Agora sabes que, cedo ou tarde, todo mundo chora
uma dor semelhante à tua. Por que, meu Senhor? Nenhum nascido pode evitar a
morte. Assim como os frutos maduros caem da árvore, assim os mortais estão
expostos à morte desde que nascem. A vida corporal do homem acaba partindo-se
como a vasilha de barro do oleiro. Jovens e adultos, ignorantes e sábios, todos
estão sujeitos à morte. Porém, o sábio que conhece a Lei não se perturba,
porque nem pelo pranto nem pelo desânimo obtém a paz, mas pelo contrário, isso
tudo aviva as dores e os sofrimentos do corpo. A morte não faz caso de
lamentações. Embora viva dez ou cem anos, acaba o homem por separar-se de seus
amados ao sair deste mundo. Quem deseja a paz da alma, deve arrancar de sua
ferida a flecha do desgosto, da queixa, da lamentação. Feliz será aquele que
consegue vencer a dor”. www.contarhistoria.com.br.
Abraço. Davi.
quarta-feira, 28 de junho de 2017
TRANSCENDÊNCIA.
Espiritualidade.
Texto de Sri Prem Baba (1965- ).
TRANSCENDÊNCIA. Capítulo Seis. DESPERTAR O AMOR – EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, o
propósito é um só. O propósito da alma individual é também o propósito de toda
a humanidade e de tudo que existe, pois ele se relaciona com a própria essência
da criação. Manifestar o propósito significa exalar a fragrância do Ser que nos
habita. E essa fragrância é o amor que se encontra adormecido em nós. O propósito só pode se
manifestar quando já despertamos pelo menos um tanto desse amor. Ao mesmo tempo
em que o amor desperta, o propósito vai se revelando, e ao mesmo tempo em que o
propósito se revela, o amor se expande. Quando falo de amor, estou me referindo
ao sentido verdadeiro da palavra, e não ao amor, condicionado pelos desejos e
caprichos do ego. Refiro-me ao amor real, que é desinteressado e incondicional.
O amor real ama, independentemente daquilo que recebe em troca. Ele não depende
do amor do outro para existir. Ele não quer recompensas, promessas e garantias,
ele simplesmente ama. SERVIR É AMAR – AMAR, EM ÚLTIMA instância, é servir.
Existe uma profunda conexão entre o amor e o serviço, pois quem ama,
naturalmente, serve, e quem serve, naturalmente, ama. Da mesma forma que não existe amor sem liberdade, não pode haver serviço sem amor. Amar e servir
desinteressadamente representam a mais elevada forma de consciência que pode
haver neste planeta. Para alguns, isso pode parecer até mesmo um pouco
romântico, mas é contrário. Estou me referindo a uma realidade: nós não estamos
aqui a passeio. Não viemos para fazer umas compras no shopping, namorar um
pouco, casar, deixar alguns filhos no mundo e depois ir embora. Viemos para
servir. E enquanto não acordarmos para essa realidade, seguiremos fracassando
em nossas tentativas de encontrar a paz e a felicidade. Enquanto acharmos que
estamos aqui apenas para satisfazer os desejos do ego, estaremos fadados ao
sofrimento. Nós viemos para servir, mas costumo dizer apenas que viemos para
amar, pois é uma forma mais fácil de assimilar e compreender. O que ocorre é
que, para muitos, serviço é uma palavra que carrega conotações negativas.
Normalmente, o servir é associado a um fazer subordinado, a um senso de
inferioridade. E o ego se incomoda muito com isso. Inclusive, um dos elementos
a serem purificados através da prática do seva (serviço desinteressado) é
justamente esse orgulho, essa falta de humildade. O ego é quem se sente
inferior. Ele sempre quer estar em posições especiais, fazendo somente coisas
legais que julga serem mais importantes. E é exatamente isso que precisa ser
transformado. É preciso compreender o significado mais profundo dessa prática
tão mal interpretada que é, na verdade, uma das mais elevadas virtudes da alma.
Servir de forma desinteressada
representa um alto grau de desenvolvimento espiritual. Entretanto,
principalmente no Ocidente, onde a cultura glorifica o ego e alimenta uma
postura arrogante diante das coisas, servir é sinônimo de rebaixamento. Já na
Índia e em outras culturas em que as principais tradições espirituais se
baseiam na relação mestre discípulo, servir está entre as práticas mais
avançadas e elevadas. Eu sei que ao falar de serviço desinteressado, de
renúncia da autoria e do resultado das ações, entrega espiritual e relação
mestre discípulo, estou tocando em temas delicados, justamente por serem de
difícil compreensão. Tudo isso é muito misterioso para a mente racional. Para
alguns, esses temas geram até mesmo certa aversão. Isso ocorre porque nos
lugares onde a cultura foi basicamente influenciada pelo racionalismo, a mente
e a razão têm predomínio sobre o coração e a intuição. A mente raciocina e
tenta entender, mas não consegue, porque não é possível compreender com a mente
o que está além dela. E certos aspectos da entrega espiritual estão muito além
da mente. Para aqueles cuja configuração mental foi rigidamente formatada pela
razão e que estão condicionados ao hábito de questionar e duvidar, antes de
conhecer e confiar, entender o fenômeno da entrega de um discípulo para um
mestre é algo extremamente difícil. Mas, independentemente do que a mente
consegue entender, é fato que algumas almas vêm com o propósito mais específico
de servir a um mestre. Alguns servirão através da sua profissão, dos seus
projetos pessoais ou sociais, da sua arte. Outros servirão através da entrega a
um mestre, o que significa que colocarão seus dons e talentos diretamente a
serviço da missão que vieram realizar. E entre estes, alguns serão levados a
estar dentro de uma comunidade espiritual, vivendo uma vida de renúncia, mas
estes serão poucos, até porque estamos sendo chamados a integrar a
espiritualidade à vida material. A maioria dos buscadores espirituais, mesmo
estando sob a direção de um mestre, precisa viver a espiritualidade de uma
forma prática, que permita que estejam
na cidade, trabalhando em empresas e sustentando a família. Mas, ao contrário
do que muitos acreditam, essa configuração de vida não impede que haja uma
relação profunda entre um mestre e um discípulo. Muito pelo contrário. Muitas
vezes a conexão é ainda mais forte quando não se está perto do corpo do mestre,
porque essa proximidade física, além de gerar purificações muito intensas,
também pode causar uma série de projeções que se tornarão obstáculos na jornada.
Isso ocorre porque alguns não compreendem a dimensão humana do mestre e acabam
se perdendo em idealizações. O importante é saber que a relação mestre
discípulo independe da presença física, até porque é uma relação que se dá no
plano do espírito. O encontro entre um mestre e um discípulo é um fenômeno
extremamente raro e precioso que muitos não poderão ter o privilégio de
experimentar, justamente porque envolve elementos que ultrapassam os limites da
razão humana. E um desses elementos é a devoção. A devoção é uma esfera do amor
incondicional um tanto incompreendida e julgada pela mente cética. É um aspecto
mais refinado do amor, que não se pode explicar – só se pode vivenciar. Somente
a arte pode tentar expressar o que a devoção representa, pois trata-se de um
mistério a ser desvendado pelo coração. Não é possível pensar em devoção,
apenas sentir devoção. Não é possível convencer alguém sobre a devoção, pois é
algo a ser experienciado. Quando o amor amadurece, a devoção naturalmente
floresce. Até um determinado momento, a sua devoção pode ser focada em alguma
forma divina, alguma imagem, algum nome ou algum mestre, mas o aspecto mais
elevado da devoção é quando o amor vai além da forma ou das questões pessoais e
deixa de ter um endereço ao qual corresponder. É, quando isso acontece, o
serviço deixa de ser uma purificação, um remédio que você usa para curar
doenças. O serviço flui simplesmente porque ele se tornou a razão maior da
vida. Muitos, porém, confundem a devoção com o fanatismo, o que é um tremendo engano.
Devoção e fanatismo são dimensões radicalmente opostas. A devoção nasce da
experiência da verdade e o fanatismo nasce da imaginação. Ele é um produto da
mente condicionada, pois se baseia em crenças, aquele que não conhece a verdade
acredita na verdade – a verdade criada pela sua própria mente. O fanático
acredita ser o dono da verdade sem nem mesmo ter tido um vislumbre dela. No
fundo, ele se esconde da Verdade através de uma suposta fé. Qualquer expressão
que negue a sua vontade é vista como uma ameaça; qualquer um que não acredite
no que ele acredita é visto como inimigo. E isso ocorre justamente porque, no
fundo, ele nega a Verdade. Sua fé é baseada em crenças e verdades emprestadas –
e uma falsa fé. O fanatismo é, portanto, uma expressão do falso eu. Ele se
disfarça atrás de uma máscara de devoto, mas não é nada além de uma distorção
do amor. O verdadeiro devoto é aquele que,
tendo passado pelo deserto do ceticismo e pelas provas da dúvida e dos
questionamentos que ela traz, teve um vislumbre da Verdade. E através dessa
experiência desenvolveu as virtudes da autêntica fé e do serviço
desinteressado, o que envolve humildade, e aceitação e gratidão, assim como
dedicação, retidão e foco. Aquele que se torna um devoto da vida acorda pela
manhã e pergunta ao Mistério: “Como posso servir? Ele se coloca à disposição do
amor para servir a divindade na forma de todos os seres vivos, na forma da
vida. Esse é o sentido mais profundo de tornar-se um canal puro do amor. E isso
é o que podemos chamar de entrega espiritual. PROPÓSITO COMUM – QUANDO A
DEVOÇÃO E o serviço desinteressado se encontram, ocorre uma poderosa alquimia.
Tenho sido testemunha de muitas belas manifestações que nascem dessa
combinação, principalmente quando esse fenômeno ocorre num grupo de pessoas.
Quando uma alma se doa para realizar a meta maior através do amor, isso é algo
realmente valoroso, mas quando muitas almas se reúnem em torno do mesmo
propósito, movidas pela devoção, coisas extraordinárias acontecem.
Extraordinário é superar limitações e vencer desafios:: é manifestar a luz em
meio à escuridão; é conseguir amar o outro mesmo quando ele está sendo canal do
mais profundo ódio e da ignorância; é estar unido ao outro mesmo quando tudo
leva à separação. Isso é TRANSCENDÊNCIA, ou seja, é ir além do egoísmo e
manifestar o altruísmo. E o que possibilita a manifestação disso que estou
chamando de extraordinário é a união. Sem união, não há TRANSCENDÊNCIA. A união
é capaz de realizar verdadeiros milagres, porque quando unimos nossas forças (nossos
potenciais e virtudes) em torno da mesma meta, nos tornamos verdadeiramente
poderosos. E essa é a força que tem um sangha, que é uma comunidade de pessoas
unidas em torno de um mestre espiritual para a realização de um propósito
comum. O sangha é um organismo vivo que vai expandindo conforme cada indivíduo
da comunidade vai se curando e amadurecendo. E na medida em que o sangha
expande e se fortalece, ele vai se transformando em refúgio de cura e conexão
para todos aqueles que estão em busca da verdade. É por isso que o sangha é
visto pelos budistas como uma das joias sagradas do caminho da iluminação. O
sangha é o corpo do mestre. E o que permite a saúde do corpo do mestre é a
capacidade do sangha de trabalhar em união, amizade e harmonia, pois é através
do sangha que o mestre realiza a sua missão no mundo. Um mestre só pode
realizar seu propósito por meio da realização do propósito daqueles que o
acompanham, pois é parte da sua missão guia-los para essa realização. Um dos
aspectos do trabalho de um mestre é justamente acordar a lembrança do propósito
e ativar as potencialidades latentes daqueles que escolhem trilhar o caminho
com ele, para que possam se colocar a serviço do bem maior. Na medida em que
esse trabalho é feito e o discípulo começa a doar seus dons e a entregar os
presentes que trouxe para o mundo, o mestre também é presenteado, pois o maior
presente para um mestre espiritual é ver
o seu aluno se realizar. Na relação mestre discípulo, apesar de o mestre ter a
função de guiar, ambos estão crescendo juntos: um vai expandindo através da
expansão do outro. E quando esse movimento ocorre por meio da união de muitas
almas, verdadeiros saltos quânticos de expansão da consciência coletiva se
tornam possíveis. Consciência é sinônimo de luz, de iluminação. O sangha
funciona como uma grande bolha luminosa que, à medida em que cresce, dissipa a
escuridão. É um dos mais poderosos instrumentos do caminho da autorrealização.
SER O AMOR – AUTORRREALIZAÇÃO OU REALIZAÇÃO de si mesmo significa tomar
consciência de quem somos, significa despertar do sonho da separação criado
pelo ego e voltar à percepção da Unidade. Em última instância, realizar-se
significa retornar à própria essência amorosa: assim como um rio se funde no
mar, a consciência humana se funde na consciência divina. A consciência é
única, mas por causa da natureza ilusória deste plano, ela parece estar
fragmentada. Como já vimos ao encarnarmos na Terra para viver essa experiência
material, através de um corpo e de um ego, somos envolvidos por um véu ilusório
que nos faz acreditar que estamos separados. Ter um ego implica,
necessariamente, na existência de uma ideia de eu. Portanto, faz parte do jogo
neste planeta ter esse senso de separação. Faz parte do aprendizado da alma
encarnada num corpo acreditar que é uma gotinha de água enquanto é o próprio
oceano. E, assim como acreditamos ser uma gota, também nos esquecemos do
oceano. Na filosofia hindu, aquele que se liberta da ilusão da separação e toma
consciência da sua verdadeira identidade é chamado de jivanmukta (alma livre).
Esse é o caminho que estamos percorrendo. O caminho da autorrealização ou da
libertação – o caminho do encontro da gota com o oceano. E o que possibilita
essa lembrança é o amor desperto. Sem amor, não há expansão da consciência. E
sem expansão da consciência, não pode haver lembrança. Lembrar significa
iluminar, trazer para o campo de visão. E esquecer significa escurecer, retirar
do campo de visão. Quando nos esquecemos de alguma coisa, é como se aquilo não
existisse. O amor é a luz que nos habita, é o que nos move neste plano. Todos
os males deste mundo existem por causa do amor adormecido em nós. E quando falo
adormecido, estou me referindo a um estado inativo. Quer dizer que o amor está
presente, porém adormecido ou desativado. Assim como uma semente que não é
plantada não pode transformar-se numa árvore e dar frutos, o amor adormecido
não pode cumprir sua meta de expansão da consciência. Portanto, chegamos ao
final do nosso estudo concluindo que estamos aqui para despertar o amor
adormecido. Não somente em nós, mas em todos os seres, até porque o amor
desperta em nós quando queremos ver o outro despertar. Acredito que, nesse
ponto do nosso estudo, já deve estar claro que só é possível brilhar quando
trabalhamos para que o outro também brilhe; só é possível se curar, quando
trabalhamos para que todos se curem; só é possível realizar o nosso propósito
quando trabalhamos para a realização do propósito do outro. O amor é a semente
e ao mesmo tempo o fruto maduro da árvore da consciência. Ele é a própria seiva da vida, é a nossa essência.
Assim como o perfume da rosa é inseparável da rosa, o amor é inseparável do
Ser. Quando amamos de verdade, estamos exalando a fragrância do Ser. Assim como
o propósito do Sol é iluminar e aquecer, o propósito do ser humano é amar. Por
isso eu sempre digo que tudo se resume ao amor. Livro Propósito – A Coragem de
Ser Quem Somos. Abraço. Davi.
terça-feira, 27 de junho de 2017
III. O PODER LATENTE DA ALMA.
Cristianismo.
Texto de Watchman Nee (1903-1972). A FORÇA CRISTÃ E A PSÍQUICA. JÁ VIMOS COMO Adão foi investido com habilidades extraordinárias e surpreendentes, quando
criado por Deus. Esses poderes aparentemente miraculosos caíram com Adão.
Pessoas que são ignorantes nesse assunto tendem a pensar que em sua queda Adão
perdeu todos estes poderes maravilhosos. Porém, as evidências produzidas pela
parapsicologia moderna indicam que ele não perdeu seu poder original, mas que
este ficou apenas aprisionado em sua alma. Durante os cinco ou seis mil anos
passados houve muitos entre os descrentes que foram capazes de demonstrar esta
força da alma. Dentro dos últimos cem anos, mais e mais pessoas foram capazes
de manifestar este poder latente da alma. A habilidade original de Adão não foi
perdida; ela está apenas escondida em sua carne. Nesta parte da mensagem
falarei sobre a relação entre este poder psíquico latente e um cristão. A menos
que conheçamos seu perigo, não saberemos como nos prevenir contra ele. Eu convido
você a observar principalmente os quatro fatos seguintes: Quatro Fatos (1)
Havia em Adão um poder quase ilimitado, uma capacidade quase miraculosa. Nós a
chamamos de poder da alma. As pesquisas psíquicas modernas provaram a
existência de tal habilidade dentro do homem. Desde a descoberta de Mesmer em
1778, todos os tipos de poder latente têm sido exibidos e manifestos psíquica
ou religiosamente. Eles são apenas a liberação da força da alma do homem. Não
devemos esquecer que estes poderes da alma estavam no homem antes da sua queda,
mas tornou-se latente nele posteriormente. Satanás deseja controlar o poder
latente da alma do homem. Ele está bem ciente de que existe tal poder na alma
do homem, o qual é capaz de realizar muitas coisas. Por isso, seu desejo é
colocá-lo sob seu controle e não sob o controle de Deus. Satanás quer usá-lo
para seu próprio propósito e seu alvo ao tentar Adão e Eva no jardim era ganhar
e controlar o poder da alma deles. Tenho falado frequentemente sobre o
significado espiritual da árvore do conhecimento do bem e do mal e da árvore da
vida. O significado da árvore da ciência do bem e do mal é a independência, a
aceitação de ações independentes. Porém, a árvore da vida significa dependência
ou confiança em Deus. Seu significado diz mais, que a vida original de Adão era
apenas uma vida humana e por isso, precisava depender de Deus e receber a vida
de Deus a fim de viver. A árvore do conhecimento do bem e do mal revela que o
homem não precisa depender de Deus e que pode trabalhar, viver e produzir fruto
por si mesmo. Por que levanto tais questões? Simplesmente para mostrar a você a
causa da queda de Adão e Eva. Adão e
Eva. Se pudermos liberar o poder latente de Adão, nós também poderemos executar
maravilhas. Mas, remos permissão para isso? Satanás sabia que havia tal força
que produzia maravilhas no homem e, por isso, tentou o homem levando-o a
declarar sua independência de Deus. A queda no jardim do Éden não foi outra
coisa senão uma ação independente do homem causando sua separação de Deus.
Tomando conhecimento da história da queda no jardim podemos perceber qual foi o
propósito de Satanás. Ele pretendia ganhar a alma do homem. Quando este caiu,
sua capacidade original e força miraculosa caíram totalmente nas mãos de
Satanás. (3) Hoje Satanás deseja liberar e manifestar o poder latente da alma.
Logo que o homem caiu, Deus aprisionou os poderes psíquicos do homem em sua
carne. Seus muitos poderes ficaram confinados e ocultos na carne como uma força
latente - presentes, mas inativos. Depois da queda tudo o que pertence à alma
fica sob o controle e escravidão àquilo que pertence à carne. Todas as forças
psicológicas são consequentemente governados por forças fisiológicas. O
objetivo de Satanás é liberar o poder da alma do homem através do rompimento da
casca exterior de sua alma, a fim de libertá-lo do seu cativeiro carnal
manifestando, desse modo, seu poder latente. Este é o sentido de Apocalipse
18:13 com respeito a fazer comércio de almas humanas. Na verdade a alma do
homem tornou-se um dos muitos artigos das mercadorias do inimigo. Ele deseja,
principalmente, ter as capacidades psicológicas do homem como sua mercadoria.
No fim dos tempos, particularmente durante o tempo presente, a intenção de
Satanás é concluir o que ele começou no jardim do Éden. Embora tenha iniciado o
trabalho de controlar a alma do homem no jardim, ele não foi bem sucedido,
porque após sua queda, todo o ser do homem, incluindo seu poder da alma, ficou
sob o domínio da carne. Em outras palavras, as forças psicológicas do homem
caíram sob o domínio de suas forças fisiológicas. O inimigo fracassou em fazer
uso do poder da alma do homem; consequentemente seu plano foi frustrado.
Durante este milênio, Satanás tem se esforçado em influenciar os homens no
sentido de expressarem seu poder latente. De vez em quando ele encontrou aqui e
ali, pessoas nas quais alcançou êxito no extrair sua força da alma. Estes se
tornaram líderes religiosos operadores de maravilhas dos séculos. Porém, nos
últimos cem anos, desde a descoberta de Mesmer na parapsicologia, muitas novas
descobertas de fenômenos psíquicos se seguiram. Tudo isso com um só motivo: o
inimigo está procurando concluir seu trabalho anteriormente fracassado. Ele
planeja liberar todos os poderes latentes dos homens. Este é o seu único
propósito, o qual vem cultivando durante milênios. Essa é a razão porque ele
comercia com as almas dos homens, além de mercadorias como ouro, prata, pedras
preciosas, pérolas, gado e cavalos. De fato ele tem exercitado sua força máxima
para obter esta mercadoria especial. (4) Como Satanás faz uso desses poderes
latentes? Quais são as muitas vantagens para ele? (a) Ele será capaz de cumprir
sua promessa original feita ao homem de que "vós sereis como Deus".
Em sua habilidade de operar muitas maravilhas, os homens se considerarão como
deuses e adorarão não a Deus, mas a si mesmos. (b) Confundirá os milagres de
Deus. Ele deseja levar a humanidade a crer que todos os milagres na Bíblia são
apenas psicológicos em sua origem, rebaixando, desse modo, o seu valor. Ele
quer que os homens pensem que são capazes de fazer tudo o que o Senhor Jesus
fez. Ele confundirá a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo trabalha no
homem através do espírito humano, mas agora Satanás forja na alma do homem
muitos fenômenos semelhantes às operações do Espírito Santo, levando-os a
experimentarem falsos arrependimentos, falsa salvação, falsa regeneração, falso
reavivamento, falsa alegria e outras imitações das experiências do Espírito
Santo. (d) Ele usará o homem como seu instrumento na oposição final contra o
plano de Deus nesta última era. O Espírito Santo é o poder operador dos
milagres de Deus, mas a alma do homem é o poder operador de milagres de
Satanás. Os últimos três anos e meio (durante a grande tribulação), será um
período de grandes maravilhas realizadas pela alma do homem sob a direção de
Satanás. Resumindo, vemos que (1) todos estes poderes miraculosos já estão em
Adão, (2) o objetivo de Satanás é controlar estes poderes, (3) no tempo do fim
Satanás está e continuará a estar envolvido principalmente: manifestar esses
poderes, e (4) esta é a sua tentativa para concluir sua tarefa anteriormente
fracassada. O PONTO DE DIFERENÇA NAS OPERAÇÕES DE DEUS E NAS DE SATANÁS. COMO
DEVEMOS NOS guardar contra o engano? Precisamos discernir o que é a operação de
Deus e o que é a operação do inimigo; qual é a obra feita pelo Espírito Santo e
qual é a obra realizada pelos espíritos malignos. Todas as obras do Espírito
Santo são realizadas através do espírito do homem, mas as obras do inimigo são
feitas através da alma do homem. O Espírito Santo move o espírito humano,
enquanto que o inimigo move a alma do homem. Este é o ponto básico da diferença
entre as operações de Deus e as do inimigo. A obra de Deus é iniciada pelo
Espírito Santo, mas a obra do inimigo começa na alma do homem. Por causa da
queda nosso espírito humano está morto e não pode, por isso, comunicar com
Deus. Quando cremos no Senhor Jesus nós nascemos de novo. Qual é o significado
de ser salvo ou nascido de novo? Esta não é apenas uma questão de terminologia;
uma mudança orgânica real ocorre em nós. Quando confiamos no Senhor Jesus, Ele
põe Sua vida dentro do nosso espírito e o vivifica. Como este espírito do homem
é a parte principal, assim também este novo espírito que Deus põe em nós é a
parte principal. João 3:6 nos diz o que é o novo nascimento: "Aquele que é
nascido do Espírito é espírito". Ezequiel também nos informa: "Um
novo espírito eu colocarei dentro de vós" (36:26). Por isso, na
regeneração nós recebemos um novo espírito. Em certa ocasião o Senhor Jesus
disse: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e vida" (Jo.
6:63). Nossa vida e obra devem, portanto, estar dentro da esfera de ação do
espírito. Quando Deus nos usa, Ele sempre opera no espírito e através dele.
"Enchei-vos do Espírito" (Ef. 5:18) indica que este novo espírito
deve ser cheio do Espírito Santo. Em outras palavras, Deus enche nosso espírito
com Seu Espírito Santo. O Espírito Santo onera nosso espírito, mas o espírito
maligno opera em nossa alma. Satanás só pode operar na alma e pelo poder da
alma. Ele não tem como iniciar sua obra no espírito do homem; sua obra se
restringe à alma. O que ele tem feito nos últimos cinco ou seis mil anos
passados, ele está fazendo atualmente e continuará a fazer no futuro. Por que
ele deseja ser onipotente, onipresente e onisciente como Deus? Por nenhuma
outra razão senão pelo que ele pode realizar com o poder da alma do homem.
Podemos dizer que enquanto o Espírito Santo é o poder de Deus, a alma do homem
parece ser o poder de Satanás. Que tristeza tantas pessoas ignorarem o fato de
que muitas práticas ascéticas, respirações e meditações abstratas do budismo e
taoísmo, o hipnotismo da Europa ocidental, e os inúmeros prodígios vistos nas
pesquisas psíquicas são apenas as manifestações do poder latente da alma do
homem. Eles não sabem quão tremendo é o poder da alma. Irmãos e irmãs, não
considerem isso como um problema pequeno, nem o rejeitem como sendo pesquisa
para os eruditos. Na realidade ele tem efeitos profundos sobre nós. OS DOIS
LADOS DO PODER DA ALMA. SEGUNDO A BÍBLIA,
o poder latente da alma parece incluir dois tipos. Isso se compara à
classificação vista do ponto de vista psicológico. Confessamos não poder
dividir nitidamente estes dois tipos; tudo o que podemos dizer é que parece que
existem dois tipos diferentes no poder latente da alma: um parece ser o tipo
comum, e o outro o tipo miraculoso. Um parece ser natural e o outro
sobrenatural; um parece ser humanamente compreensível, o outro parece estar
além da compreensão humana. O termo "mente" na psicologia é mais
amplo em seu significado do que o usado na Bíblia. O que os psicólogos dão a
entender por "mente" ou "coração" inclui duas partes:
consciente e subconsciente. O lado do subconsciente é o que chamamos parte
miraculosa do poder da alma. Embora os psicólogos façam distinção entre
consciente e subconsciente, dificilmente eles podem separá-los. Eles apenas
classificam as manifestações psíquicas mais comuns como pertencendo ao primeiro
tipo (do consciente), e as manifestações extraordinárias ou miraculosas eles
agrupam sob a segunda categoria (do subconsciente). Nós geralmente incluímos
apenas aquelas manifestações comuns dentro da esfera da alma, não sabendo que
as manifestações extraordinárias e miraculosas são também da alma, ainda que
manifestações desse tipo estejam mais na esfera do subconsciente. Devido aos
vários graus do poder latente nas almas individuais, alguns homens manifestam
os fenômenos mais dentro do primeiro tipo, enquanto que outros mais dentre do
segundo tipo. Todos os que servem ao Senhor devem prestar atenção especial a
este ponto, senão serão levados pelos poderes miraculosos enquanto tentam
ajudar as pessoas. Deixe-me enfatizar a diferença entre alma e espírito: a alma
caída de Adão pertence à velha criação, mas o espírito regenerado pertence à
nova criação. Deus opera com o espírito do homem, pois esta é a sua vida
regenerada, sua nova criação. Satanás, por outro lado, edifica com a alma do
homem, isto é, a alma caída em Adão. Ele só pode usar a velha criação porque a
vida regenerada na nova criação não peca. O QUE SATANÁS ESTÁ FAZENDO NA IGREJA
HOJE. COMO É QUE SATANÁS opera através da alma do homem e trabalha com seu
poder latente psíquico? Já demos muitos exemplos no budismo, taoísmo, cristianismo,
parapsicologia, assim por diante. Ilustremos agora com alguns exemplos, como
Satanás usa a alma do homem nas coisas espirituais. Isto ajudará o cristão a
discernir o que é de Deus e o que é do inimigo e também a conhecer como Deus
usa o espírito do homem e Satanás a sua alma. ORAÇÃO. AS ORAÇÕES NA BÍBLIA são
inteligentes e não tolas. Quando o Senhor Jesus nos ensinou a orar, Suas
primeiras palavras foram: "Pai nosso, que estás no céu." Ele nos
ensinou a orar ao nosso Pai no céu, mas nós cristãos, frequentemente oramos ao
Deus em nosso quarto. Nossa oração deve ser oferecida ao Pai celestial, para
que Ele a ouça. Ele quer que enviemos nossas orações ao céu pela fé, não
importando se nossos sentimentos são bons ou meus ou até mesmo se não houver em
nós sentimento. Se você ora a Deus e espera ser ouvido pelo Deus em seu quarto,
tenho receio de que você receba muitos sentimentos estranhos, experiências
miraculosas e visões de Deus em seu quarto. Elas lhe são dadas por Satanás e
qualquer coisa que você recebe de Satanás pertence ao consciente ou ao
subconsciente. Alguém pode não orar ao Deus em seu quarto, mas pode dirigir
suas orações à pessoa por quem ora. Isto também é muito perigoso. Suponhamos
que você tenha um amigo que esteja há mais de três mil quilômetros de você.
Você ora por ele, pedindo a Deus, conforme seja o caso, para reavivá-lo na
Palavra ou salvá-lo. Ao invés de dirigir sua oração a Deus, você se concentra
no seu pensamento, sua expectativa e seu desejo e os envia a seu amigo como uma
força. Sua oração é como um arco que atira seu pensamento, desejo e anseio como
flechas em direção ao seu amigo. Ele será tão oprimido por esta força que
acabará fazendo exatamente o que você pediu. Você pode pensar que sua oração
foi respondida, mas permita-me lhe dizer que não foi Deus quem respondeu sua
oração, porque você não orou a Ele. É simplesmente uma resposta a uma oração
que você dirigiu a seu amigo. Alguém afirma que sua oração é respondida porque,
diz ele, "tenho amontoado orações sobre meu amigo." É verdade, porque
você orou em direção a ele e não em direção a Deus. Sua oração é respondida,
mas não por Deus. Embora você não conheça a hipnose, o que você fez
secretamente satisfaz a lei do hipnotismo. Você liberou sua força psíquica para
realizar esta ação. Por que isso é assim? Porque você não orou ao Deus no céu;
pelo contrário, suas orações foram projetadas, amontoadas sobre a pessoa por
quem você ora. Na aparência você está orando, mas na realidade você está
oprimindo a pessoa com seu poder psíquico. Se você usar sua força da alma na
oração por certa pessoa - suponhamos que você ore para que ela seja pelo menos
disciplinada se não for punida a oração da sua força da alma será arremessada
sobre ela, a qual consequentemente ficará doente. Este é um princípio fixo da
alma. É tão certo quanto uma pessoa ficar queimada se colocar seu dedo no fogo.
Por esta razão, não devemos orar pedindo que uma pessoa seja punida caso não
tenha feito o que dela se esperava. Tal oração causará seu sofrimento e fará daquele
que fez tal oração o autor dessa aflição. Se oramos, devemos orar a Deus e não
ao homem. Eu pessoalmente já experimentei os malefícios de tal oração. Há
muitos anos passados eu fiquei doente durante um ano. Isto aconteceu devido às
orações de cinco ou seis pessoas que estavam sendo amontoadas sobre mim. Quanto
mais elas oravam, mais fraco eu ficava. Finalmente eu descobri a causa. Comecei
então a resistir a tais orações, pedindo a Deus para me desprender daquilo pelo
que eles haviam orado. Aí eu melhorei. Relacionado com isso deixe-me citar uma
carta escrita por um crente: "Passei recentemente por um terrível ataque
do inimigo. Hemorragia, doença cardíaca, falta de ar e exaustão. Meu corpo
inteiro está num estado de colapso. Repentinamente me veio o pensamento de
resistir enquanto orava, todo o poder exercitado sobre mim pela 'oração'
(psíquica). Pela fé no poder do Sangue de Cristo me desliguei de tudo aquilo e
o resultado foi notável. Imediatamente minha respiração tomou-se normal, a
hemorragia parou, o esgotamento desapareceu, todas as dores desapareceram e a
vida voltou ao meu corpo. Desde então tenho sido reanimado e revigorado. Deus
me permitiu conhecer em confirmação dessa libertação, que minha condição foi o
resultado de um grupo de almas enganadas, que estão em oposição a mim e
'orando' sobre mim! Deus me usou para libertação de duas delas, mas o resto
está num terrível abismo..." (J. Penn Lewis, Alma e Espírito). PODER PARA
O SERVIÇO. SE ALGUÉM QUE É experimentado no Senhor está presente numa reunião
de avivamento pode dizer se o pregador está usando o poder da alma ou o poder
espiritual. Certa vez um amigo me disse que certo pregador era muito poderoso.
Como nunca havia conhecido tal homem, eu disse que não ousava julgar. Porém,
escrevi algumas palavras numa caderneta e dei ao meu amigo. Eu escrevi:
"Cheio de poder, mas qual poder?" Este amigo não era tão avançado no
Senhor quanto sua esposa, e não entendeu o que eu havia escrito. Então
perguntou a ela a qual depois de ler a nota admitiu sorrindo: "Este é um
verdadeiro problema. Aquele pregador está cheio de qual poder?" Uma vez um
irmão entre nós observou que se uma pessoa tinha poder ou não podia ser julgado
pela forma com que esmurrava o púlpito. Precisamos discernir numa reunião se o
poder de alguém ê psíquico ou espiritual. Podemos julgar este poder de duas
direções: a do pregador e a do auditório. Se um pregador confia em sua
experiência passada (na qual pessoas se arrependeram por meio de sua pregação),
e decide entregar uma mensagem segunda vez na expectativa de alcançar o mesmo
resultado, ele está, sem dúvida, operando com seu poder psíquico. Ou se ele
procura despertar as pessoas contando estórias de arrependimento, novamente ele
estará usando seu poder psíquico. Por outro lado, se a atitude do pregador é
semelhante à de Evan Roberts (1878-1951), o vaso de Deus no Reavivamento no
País de Gales em 1904-5, então seu poder da alma será recusado, porque este
servo do Senhor pediu a Deus para quebrá-lo, para quebrar seu poder da alma,
para domar seu ego e bloquear tudo o que viesse dele. Aquele que ministra deve
conhecer a diferença entre estas duas forças. Deve ser capaz de discernir o que
é feito pelo poder da sua alma e o que é feito pelo poder de Deus. A obra do
Espírito Santo é tríplice; (1) nos regenerar, (2) habitar em nós para que
possamos produzir o fruto do Espírito, e (3) vir sobre nós para que possamos
ter poder para testemunhar. Sempre que a Bíblia menciona o poder do Espírito
Santo, invariavelmente ela aponta para a obra de testemunhar. Isto se refere ao
Espírito Santo vindo sobre nós e não à Sua operação em nós. Está claro que o
poder do Espírito é para a obra e a habitação para fruto. O poder do Espírito
Santo sempre é mencionado no texto original da Bíblia como que vindo ou
descendo sobre, enquanto que o aspecto de produzir fruto é sempre mencionado no
Espírito habitando em nós. Por que o poder capacitador do Espírito Santo é
mencionado como vindo sobre? Porque a capacitação que o Espírito Santo dá é
fora de você. Você não pode ter certeza dela. Por isso, se numa reunião as
pessoas perguntarem se você está confiante de que as pessoas serão salvas, você
deve confessar que não tem certeza alguma. Pois tal poder está fora de você. O
poder do Espírito Santo está além do seu controle. Mas se for a força da alma
você pode ter certeza. Você sabe que sua mensagem pode levar as pessoas a
chorar e se arrependerem. O que é chamado de poder dinâmico é simplesmente o
poder da alma. Uma ocasião me senti sem poder. Embora outras pessoas dissessem
que eu era satisfatório, me sentia fraco. Então fui visitar uma irmã idosa de
nome Margaret E. Barber (1866-1929). Eu lhe disse: "Seu poder é grande;
por que eu não tenho tal poder?" Nós nos conhecíamos bem e ela
frequentemente me ajudava nas questões espirituais. Ela me olhou seriamente e
perguntou: "Que poder você quer: o que você pode sentir ou o que você não
pode?" Tão logo ouvi tais palavras eu entendi. Por isso respondi:
"Quero o que eu não posso sentir." Então ela disse: "Você deve
lembrar que não existe necessidade das pessoas sentirem o poder que vem do
Espírito Santo. A tarefa do homem é obedecer a Deus, mas o poder do Espírito
Santo não é dado para o homem sentir." (Observe que sentir no espírito é
outro assunto). Minha obrigação é pedir a Deus para amarrar a força da minha
alma, isto é, meu próprio poder. Devo obedecer a Deus absolutamente e o resto
eu deixo que Ele faça. Se trabalharmos com a força da alma, podemos senti-lo
apenas como fazem os hipnotizadores, os quais sabem que resultados obterão fazendo
certas coisas. Ele saberá qual é o primeiro e o último passo. O perigo do
púlpito está no fato de que muitos pregadores não sabem que estão usando seu
próprio poder psíquico. Eles pensam que têm poder, mas estão apenas empregando
o poder psicológico para ganhar as pessoas. Alguns têm sugerido que pregadores
se tornaram experts no uso da psicologia na manipulação das pessoas. Mas eu
fortemente repudio tal manipulação, pois, embota saibamos como atrair as
pessoas pelos meios psíquicos, devemos propositalmente evitar o uso de qualquer
força psíquica. Uma vez eu estava trabalhando em Shantung. Um professor disse
ao seu colega: "estes pregadores trabalham com as emoções." Aconteceu
que quando preguei para os crentes naquela tarde eu disse a eles quão indigna
de confiança e inútil era a emoção. O tal professor que ouvira do seu colega
que os pregadores usam a emoção estava presente na reunião. Após ouvir minha
palavra ele disse que era uma pena que o outro professor que lhe havia falado
não estivesse presente. Lembremos que todas as obras que são feitas por meio da
emoção são questionáveis e passageiras. Na obra feita por meio do poder do
Espírito Santo, o homem não necessita empregar sua própria força nem fazer nada
por si mesmo. Se é uma obra feita pela força da alma é necessário que se
empregue muita energia e inúmeros métodos tais como choro, grito, pulo, cântico
incessante de corinhos ou a narração de muitas estórias comoventes (não quero
dizer que os hinos e estórias não devam ser usados, só que tudo deve ser feito
dentro dos limites adequados). Pois o emprego de tais métodos tem um só
propósito: despertar ou tentar despertar os ouvintes. Sabemos que alguns
indivíduos têm uma atração magnética neles. Mesmo não sendo mais belos e
eloquentes do que os outros, eles podem atrair pessoas a si mesmos. Tenho
ouvido frequentemente das pessoas: "Você tem grande influência sobre
fulano, por que você não dá um empurrãozinho nele?" Ao que respondo.
"Isto é inútil! Pois isto será simplesmente natural; não é nada espiritual”.
Muitos confundem o cristianismo como sendo uma espécie de fenômeno psíquico e
como se pertencesse ao campo da psicologia. Realmente não podemos culpá-los,
porque nós crentes cometemos o erro primeiro. A menos que o poder de Deus
atraia seus pais ou filhos, sua atração natural, por maior que seja, não tem
valor algum. Mesmo que você pudesse atraí-los com sua força dinâmica, o que
adiantaria se nada fosse realmente conquistado? PAZ E ALEGRIA. QUAL É A MAIOR conquista no cristianismo? Uma união completa com Deus e uma perda total do
ego. Na psicologia moderna existe também a assim chamada união do homem com a
"mente" invisível, que visa levá-lo à perda da sua identidade. Isto
parece ser semelhante ao cristianismo, embora estejam bastante separados. O
popular Dr. Frank Buchman (1878-1961), movimento Grupo Oxford, advogava este
tipo de psicologia. Um de seus ensinamentos se relacionava com a meditação. Ele
reconhecia que a meditação era tudo o que se precisava para a comunicação entre
homem e Deus. Ele não pedia que as pessoas lessem a Bíblia pela manhã; ele só
pedia que elas meditassem e orassem. O primeiro pensamento que viesse após a
oração, ele afirmava, é o pensamento que foi dado a você por Deus. E assim você
deve viver o dia todo de acordo com aquele pensamento. Quem jamais pensaria que
isto é apenas outro tipo do assentar em silêncio ou meditação abstrata? Qual é
o resultado de tal meditação? Você sentirá muita paz e alegria, será a
resposta. Se você dirigir seu pensamento tranquilamente sobre qualquer coisa,
seja por uma hora, você também alcançará o que é chamado de paz e alegria.
Mesmo que você medite de forma abstrata por uma hora, sem pensar em nada, você
ainda não falhará em obter esta chamada paz e alegria. As meditações de muitas
pessoas são simplesmente um tipo de operação psíquica. Não é assim com a fé
cristã. Precisamos meditar em Deus porque já temos Sua vida. Podemos conhecê-la
em nossa intuição a despeito de qual seja o nosso sentimento. Temos dentro de
nós uma orientação intuitiva para o conhecimento de Deus. Além disso, temos a
Palavra de Deus. Cremos em tudo o que Sua palavra diz. Se temos fé podemos
desprezar o sentimento. Aqui estão as diferenças entre a fé cristã e a
psicologia. PRODÍGIOS. EXAMINEMOS OS PRODÍGIOS. Eu pessoalmente não sou contra
eles. Tenho visto com meus próprios olhos casos de cura divina instantânea.
Alguns declaram que podem curar enfermidade. Não nos opomos à cura, só
questionamos os métodos errados de curar. Alguns me perguntam se eu sou contra
as línguas. Certamente que não, embora eu questione as línguas que são obtidas
por meios impróprios. Quanto às visões e sonhos, eu também tenho visto grande
luz. Reconhecemos que tais coisas existem na Bíblia, mas resisto às visões e
sonhos que são obtidos por meio ilegais. A Bíblia fala de impor as mãos e ungir
com óleo. Alguns, entretanto, ao impor as mãos sobre a cabeça de outra pessoa,
lhe esfregam com força a nuca e ficam perguntando como ela se sente.
Naturalmente ao ser massageado, seu pescoço ficará aquecido. Este é um truque
baixo que até mesmo os hipnotizadores rejeitam usar. Sabemos que na parte
detrás do nosso cérebro existe um nervo enorme que se estende até à vértebra.
Aquele que faz a massagem pode não saber que isso é um tipo de hipnotismo. O
que recebe a massagem pode sentir uma corrente de calor passando por sua
vértebra e ser até mesmo curado. Todavia isso é apenas uma manifestação do
poder latente psíquico do homem. A despeito dele ficar bom, eu não posso
considerar isso como cura divina. BATISMO NO ESPÍRITO. FALEMOS SOBRE O BATISMO
no Espírito Santo, Certa ocasião, quando eu estava em Shantung - Província da República Popular da China, eu também dizia
às pessoas para buscá-lo. Entretanto não aprovo as pessoas ficarem fechadas
dentro de uma pequena sala jejuando por vários dias, orando e cantando músicas cristãs.
Se alguns fizerem isso, não levará muito tempo para que seus cérebros fiquem
confusos, sua vontade passiva e seus lábios comecem a produzir sons ou línguas
estranhas e incoerentes. E desse modo o poder latente deles será liberado. Numa
reunião para busca do batismo do Espírito Santo, as pessoas continuarão
gritando aleluia por milhares de vezes. Eventualmente seus cérebros se tornarão
embotados, suas mentes paralisadas e começarão a ter visões. Como você pode
considerar isso como batismo do Espírito? Isto não é senão batismo da alma. O
que eles recebem não é o poderoso batismo do Espírito Santo e sim a força da
alma, a manifestação do poder latente da alma. Ele vem por meio do exercício
humano e não da capacitação de Deus. Esta não é a maneira correta de se buscar
o batismo no Espírito Santo. Entretanto existem aqueles que estão treinando
outros desse modo, o que não aprenderam pela instrução de Deus, mas por suas
próprias experiências passadas. Alguns podem perguntar, depois de ler isto:
"De acordo com o que você diz, é verdade que não existem milagres
verdadeiros?" Naturalmente que existem. Damos graças a Deus por todos os
milagres que vêm dele. Mas precisamos discernir que, se um milagre não vem de
Deus ele é realizado pelo poder latente e psíquico do homem. Quando eu estava
em Shantung, ouvi sobre uma mulher paralítica por muitos anos, que fora
completamente curada. Se a cura dela veio verdadeiramente de Deus eu dou graças
a Ele. CONHECENDO A FORÇA PSÍQUICA. A SENHORA Mary Baker Eddy (1821-1910),
fundadora da Igreja Ciência Cristã, negou que havia morte, doença e sofrimento;
entretanto ela morreu. Mas a Igreja Ciência Cristã sobreviveu e continua
prosperando. Eles ainda acreditam que se uma pessoa doente crê que não está
doente, ela não sentirá dor; se uma pessoa moribunda crê que não morrerá, ela
viverá. Como resultado muitas pessoas são curadas. Seus propagandistas tentam
apenas fortalecer a força psíquica do homem, para alívio da doença física.
Através da liberação do poder latente da alma do homem a fraqueza do corpo é
vencida. Por causa do desenvolvimento da força latente da alma, os prodígios
estão aumentando atualmente. Muitos deles são altamente sobrenaturais, ou
miraculosos. Entretanto tudo isso é apenas manifestação do poder latente da
alma. Embora eu não seja profeta tenho lido sobre profecia. Aprendi que daqui
em diante o poder latente da alma terá maiores manifestações, pois nos últimos
dias o inimigo se apoderará da força psíquica do homem para realizar sua obra.
Se ele tiver sucesso na conquista desse poder poderá realizar grandes
prodígios. Existem duas classes de pessoas que se apegam a dois extremos
respectivamente. Uma classe insiste em dizer que não há milagre. Quando ouvem
falar de milagres tais como cura divina, eles se recusam a ouvir. Outra classe
enfatiza tanto os milagres que não se importa com a fonte de onde procedem tais
milagres de Deus ou do inimigo. Devemos ser cuidadosos hoje para não irmos para
nenhum dos extremos. Cada vez que vermos ou ouvirmos de um milagre realizado
devemos perguntar: Isto é feito por Deus, ou pelo Inimigo? É feito pelo
Espírito de Deus ou pela lei da psicologia humana? Devemos usar hoje nossas
habilidades tais como as da mente, da vontade e da emoção para fazer coisas,
mas não devemos expressar o poder latente que existe em nossa alma. A mente, a
emoção e a vontade são órgãos psíquicos do homem que ele não pode deixar de
usar. Pois, se ele não faz uso deles o espírito maligno se apossará do seu uso.
Todavia se um homem deseja usar o poder latente por detrás dessas habilidades,
o espírito maligno começará a lhe dar todos os tipos de milagres falsos. Todas
as obras feitas pela alma e sua lei psíquica são imitações. Somente o que é
feito pelo poder do Espírito Santo é real. Ele tem Sua própria lei de operação,
a qual foi mencionada em Romanos: "A lei do Espírito da Vida" (8:2).
Graças a Deus o Espírito é real e Sua lei é concreta. Milagres realizados
segundo a lei do Espírito Santo vêm de Deus. É muito difícil para os muçulmanos
crerem no Senhor Jesus. Como praticamente são poucos os que se tornam cristãos
agora, como é que eles oram? Três vezes todo dia eles oram em suas mesquitas.
Eles dizem que se uma coisa precisa ser feita deve-se orar unanimemente com
milhares de pessoas. "Considere a multidão de maometanos em oração na
grande mesquita Junna de Delhi", escreve a Sra. Jessie Penn Lewis
(1861-1927), "onde uma centena de milhares de pessoas seguidoras de Maomé
se reúne dentro da Mesquita, com uma multidão ainda maior entregue à oração do
lado de fora." Pelo que estavam orando? Em uníssono eles gritavam que
queriam a Turquia reavivada e livre da dominação da raça panca. A força
psíquica deles ganhou a vitória. "É suficiente,” continua a Sra. Penn
Lewis “indicar a revisão do Tratado de Seres, sob o qual tudo o que estava
perdido para a Turquia teve que ser restaurado. Triunfo maior de uma nação do
Oriente sobre todas as nações do Ocidente colocadas juntas, não pode ser
imaginado. A explicação dada e crida por milhões na índia é expressa na palavra
'força da alma'”. (J. Penn Lewis, Alma e Espírito). Infelizmente as orações de
muitos cristãos não são respondidas por Deus, mas são alcançadas pela projeção
do poder latente da alma. Eles alcançam seus alvos de forma muito semelhante às
dos muçulmanos. Vejamos agora os poderes manifestados no hinduísmo. Alguns
hindus podem andar no fogo sem serem queimados, e isto não é um truque. Eles
andam sobre o fogo e não apenas alguns passos, mas por longo espaço com seus
pés pisando sobre o ferro em brasa e não são feridos. Alguns dentre eles podem
deitar sobre camas com pregos pontiagudos. (Naturalmente os que eles consideram
iniciantes não podem suportar tais coisas e sentirão dor e serão feridos). Isto
também é uma questão de desenvolvimento do poder psíquico. Quão desastroso é
para os crentes realizarem milagres com o mesmo poder que os hindus usam.
Frequentemente nas reuniões os cristãos podem sentir uma espécie de poder
apertado sobre eles, orando sobre eles, ou até mesmo nos momentos e leitura
Bíblica podem sé sentir oprimidos sem qualquer motivo. Tudo isso vem de Satanás
que usa as forças psíquicas para nos deprimir ou atacar. Cristãos
experimentados em todo o mundo estão conscientes principalmente dos ataques
severos do inimigo no fim dessa era. Visto que a atmosfera inteira do mundo
parece estar pesadamente carregada com a força psíquica, precisamos nos
esconder sob o sangue precioso do Senhor e sermos protegidos por Ele. Enquanto
ouve um sermão numa grande catedral, você pode quase que instantaneamente
sentir se o poder da alma está em operação e se existe algo presente que parece
estar incitando você. Embora o pregador possa anunciar que algumas pessoas se
arrependeram e foram salvas, você precisa considerar as consequências para
aqueles que foram dados como salvos. Porque houve uma mistura de poder
impróprio no trabalho. Se o poder viesse de Deus, isto é, o poder que vem do
Espírito de Deus, você teria sentido luz e claridade. Porém, a força psíquica
quando usada pelo inimigo é despertada pela presença de uma grande multidão. Possamos
nós termos condições de discernir a diferença a fim de não sermos enganados. O
tempo agora é chegado Satanás está agitando todas as suas energias e usando
todos os tipos de meios para despertar o poder latente da alma nos religiosos,
cientistas intelectuais e até mesmo os cristãos. Esta é a realidade diante de
nós. Devemos pedir ao Senhor para nos conceder luz para podermos discernir.
Livro O Poder Latente da Alma. Abraço. Davi.
segunda-feira, 26 de junho de 2017
COMPARAÇÃO BUDISMO: HINAYANA - MAHAYANA.
Budismo. Texto de Alexandre Berzin. Tradução Rosa Frazão.
COMPARAÇÃO – HINAYANA E MAHAYANA. Os termos Hinayana (Veículo
Menor ou Veículo Modesto) e Mahayana (Veículo Maior ou Veículo
Vasto) surgiram com o Sutra Prajnaparamita (O Sutra da Sabedoria
Discriminativa de Longo Alcance, O Sutra da Sabedoria da Perfeição). Mas
são termos que podem ter uma conotação um tanto depreciativa, engrandecendo o
Mahayana e desvalorizando o Hinayana. Entretanto, as alternativas também tem
seus problemas, então usarei os termos que são normalmente utilizados, que são
mais conhecidos. O Hinayana engloba dezoito escolas. As mais importantes para o
nosso objetivo são a Sarvastivada e a Theravada. A Theravada é a escola
dominante hoje no Sri Lanka e Sudeste Asiático. A Sarvastivada era amplamente
difundida no Norte da Índia quando os tibetanos começaram a viajar para lá e
transplantar o budismo para o Tibete. A Sarvastivada possuía dois ramos
principais, baseados em diferente filosofias: o Vaibhashika e o Sautrantika. O
sistema de ensinamentos Hinayana estudado nas universidades monásticas da
Índia, como Nalanda, e mais tarde pelos tibetanos Mahayanistas, provém dessas
duas escolas. Já a linhagem de votos monásticos seguida pelos tibetanos vem de
outra subdivisão da Sarvastivada, a Mulasarvastivada. Bhudas e Arhats. EXISTE UMA DIFERENÇA bastante
significativa entre as apresentações Hinayana e Mahayana no que diz respeito a
arhats e budas. Ambas concordam que arhats, ou seres liberados, são mais
limitados que os budas, seres iluminados. O Mahayana coloca essa diferença em
termos de dois conjuntos de obscurecimentos: os emocionais, que impedem a
liberação, e os cognitivos, que impedem a onisciência. Os arhats estão livres
apenas do primeiro, enquanto os budas estão livres dos dois. Essa divisão não é
encontrada no Hinayana. É uma definição exclusivamente Mahayana. Para obtermos
liberação ou iluminação, tanto o Hinayana quanto o Mahayana afirmam que é
necessária a cognição não conceitual da ausência de uma “alma” impossível. Essa
ausência de “alma”, ou anatma em sânscrito — o idioma
principal das escrituras Sarvastivadas e Mahayanas — e anatta em
pali — o idioma das escrituras Theravada — é frequentemente traduzida como
ausência de um “eu”. As escolas Hinayana afirmam que essa ausência de uma
“alma” impossível aplica-se apenas a pessoas e não a fenômenos. Pessoas não
possuem uma “alma”, um atman, invulnerável, sólida, que pode ser
separada do corpo e da mente e reconhecida. Tal “alma” é impossível. Através
apenas da compreensão de que não existe algo que seja a “alma” de uma pessoa, é
possível tornar-se um arhat ou um buda. A diferença fica por conta da
quantidade de força positiva, ou “mérito”, acumulada. Os budas possuem muito
mais força positiva do que os arhats, por terem desenvolvido a aspiração
iluminadora de bodhichitta. O Mahayana afirma que budas compreendem a ausência
de uma “alma” impossível tanto no que diz respeito à pessoas quanto aos
fenômenos. Eles chamam isso de “vacuidade”. As várias escolas indianas Mahayana
discordam quanto aos arhats terem ou não a compreensão da vacuidade dos
fenômenos. Dentro do Mahayana, a escola Prasangika Madhyamaka afirma que eles
têm essa compreensão. Entretanto, as quatro tradições tibetanas apresentam
explicações diferentes da Prasangika. Algumas dizem que a compreensão dos
arhats sobre a vacuidade dos fenômenos é diferente da compreensão dos budas;
outras dizem que as duas vacuidades são a mesma. Algumas dizem que o escopo dos
fenômenos aos quais a vacuidade se aplica é mais limitado para os arhats do que
para os budas; e algumas dizem que não. Aqui, não precisamos de todos esses
detalhe. Questões Adicionais a Respeito a Arhats e Bhudas. NO QUE DIZ
respeito a arhats e budas, Hinayana e Mahayana diferem em muitos outros pontos.
A escola Theravada, por exemplo, afirma que uma das diferenças entre um
shravaka - ou “ouvinte”, que busca a liberação como arhat, e um bodhisattva,
que busca a iluminação como um buda, é que shravakas estudam com professores
budistas, e bodhisattvas não. O buda histórico, Shakyamuni, por exemplo, não
estudou com outro buda. Ele estudou apenas com professores não budistas, cujos
métodos acabou rejeitando. A Theravada afirma que a sabedoria de um buda é
maior que a de um arhat, porque a compreensão e conquista do buda não foram
alcançadas por meio de um professor budista. Além disso,
bodhisattvas trabalham para tornarem-se professores budistas universais;
shravakas não, apesar de, como arhats, eles certamente terem discípulos. Antes
de sua morte, o próprio Buda ordenou a seu discípulo Shariputra, que era um
arhat, que continuasse “girando a roda do Dharma.” Entretanto, de acordo com a
Theravada, budas sobressaem-se sobre os arhats em razão de seus métodos de
liberação serem mais eficientes e abrangentes. Isso se deve a onisciência dos
budas. Entretanto, de acordo com essa escola, um buda não saberia o endereço de
todo mundo e teria que pedir informação aos outros. De acordo com a escola Vaibhashika do Hinayana, a onisciência de
um buda aplicaria-se a essa informação, mas o problema é que eles só saberiam
uma coisa de cada vez. Já de acordo com o Mahayana, onisciência significa saber
tudo ao mesmo tempo, o que vem da visão de que tudo é interconectado e
interdependente; portanto, não poderia haver uma informação que fosse separada,
que não estivesse relacionada ao resto. O Hinayana
afirma que o buda histórico alcançou a iluminação em vida e, assim como um
arhat, seu continuum mental terminou quando ele morreu. Portanto, segundo essa
escola, os budas ensinariam apenas até o final da vida na qual eles atingiram a
iluminação. Eles não emanariam para infinitos sistemas de mundos e nem
seguiriam ensinando para sempre, conforme afirma o Mahayana. O Mahayana é a
única escola a afirmar que o buda histórico iluminou-se em uma vida prévia, há
muitos eons, estudando com professores budistas. E também afirma que o que ele
efetuou embaixo da árvore bodhi foi apenas demonstrar a iluminação, como uma
das dozes ações iluminadas de um buda. O relato precursor dessa afirmação é
encontrado na escola Mahasanghika do Hinayana, outra das dezoito escolas
Hinayana, mas não é encontrado na Sarvastivada ou na Theravada. Outra grande diferença, no que diz respeito aos budas, é que a
escola Mahayana é a única a afirmar a existência dos três corpos de um buda —
nirmanakaya, sambhogakaya e dharmakaya. O Hinayana não os reconhece. Portanto,
o conceito de buda é significativamente diferente entre o Hinayana e o
Mahayana. Os Caminhos Mentais Que Levam à Liberação e à Iluminação. TANTO O
HINAYANA quanto o MAHAYANA afirmam que temos que desenvolver cinco níveis de
caminhos mentais — os assim chamados “cinco caminhos”— nos estágios
progressivos até o estado purificado, ou “bodhi”, tanto de um arhat quanto de
um buda. Ou seja, temos que desenvolver o caminho mental da construção ou o
caminho da acumulação, o caminho mental da diligência ou caminho da preparação,
o caminho mental da visão ou o caminho da visão, o caminho mental da habituação
ou o caminho da meditação, e o caminho que não requer mais treinamento ou que
não requer mais aprendizagem. Shravakas e bodhisattvas que alcançam o caminho
mental da visão tornam-se aryas, seres altamente realizados. Ambos têm a
cognição não conceitual dos dezesseis aspectos das quatro nobres verdades. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana concordam que o caminho
mental da visão livra os arya shravakas e arya bodhisattvas das emoções
perturbadoras que surgem baseados em doutrinas, enquanto o caminho mental da
habituação os livra das emoções perturbadoras que surgem automaticamente. As
primeiras estão baseadas na aprendizagem das teorias de alguma das escolas
indianas não-budistas, enquanto as últimas surgem automaticamente em todo
mundo, inclusive nos animais. A lista das emoções perturbadoras de que os arya
shravakas e bodhisattvas estão livres é parte de uma lista maior de fatores
mentais. Cada uma das escolas Hinayana tem sua própria lista de fatores
mentais, e o Mahayana tem ainda outra lista. Muitos dos fatores mentais têm
definições diferentes nas diferentes listas. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana
concordam que o progresso através dos cinco caminhos da mente está ligado à
prática dos 37 fatores que levam a um estado purificado. Um “estado purificado”
ou “bodhi” refere-se tanto ao estado de arhat quando ao estado de buda. Esses
37 fatores incluem as quatro aplicações da presença mental, os oito ramos do
caminho da mente arya (o nobre caminho óctuplo), e assim por diante. Eles são
muito importantes. No anuttarayoga tantra, os 37 são representados pelos 34
braços de Yamantaka juntamente com seu corpo, fala e mente, e também pelas
dakinis da mandala corporal de Vajrayogini. Esses 37 fatores são um conjunto
padrão de práticas. Contudo, as práticas específicas frequentemente diferem no
Hinayana e no Mahayana. Tanto o Hinayana
quanto o Mahayana afirmam que o esquema de entrar-no-fluxo, retornar-uma-vez,
não-mais-retornar e tornar se um arhat refere-se a estágios do caminho de um
arya shravaka, mas não do caminho de um arya bodhisattva. Pessoas que entraram
no fluxo tem a cognição não conceitual de todos os dezesseis aspectos das
quatro nobres verdades, inclusive da ausência de uma “alma” impossível nas
pessoas. Portanto, não devemos pensar que o estágio de entrada no fluxo é para
principiantes. Se alguém disser ter atingido esse estágio, suspeite. O Hinayana não fornece uma explicação extensa a respeito dos
caminhos mentais do bodhisattva. Mas o Mahayana explica que o caminho de um
arya bodhisattva até a iluminação se dá através do progresso pelos dez níveis
de mente-bhumi. Esses níveis mentais não pertencem ao caminho shravaka. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana concordam que percorrer o
caminho do bodhisattva até a iluminação leva mais tempo do que percorrer o
caminho shravaka para tornar-se um arhat. Entretanto, o Mahayana fala em
criarmos as duas redes-de-construção-da-iluminação — as duas coleções — por
três zilhões de eons. “Zilhão”, normalmente traduzido como “incontável”,
significa um número finito, porém tão grande que não conseguimos contar.
Shravakas, por outro lado, podem atingir o estado de arhat em apenas três
vidas. Na primeira vida entra-se no fluxo, na segunda chega-se ao estágio de
retornar-uma-vez e na terceira chega-se ao estágio de não-mais-retornar,
atinge-se a liberação e torna-se um arhat. Para muitas pessoas, isso é bastante
tentador. A afirmação de que arhats são egoístas é uma propaganda
bodhisattva. Sua função é simplesmente indicar um extremo a ser evitado. Os
sutras registram que o Buda pediu a sessenta de seus discípulos, que eram
arhats, para que ensinassem. Se eles realmente fossem egoístas, não teriam
concordado em fazê-lo. No entanto, a ajuda de um arhat é mais limitada que a de
um buda. Mesmo assim ambos só conseguem ajudar àqueles que tem o karma para
serem ajudados por eles. Bodhisattvas. É IMPORTANTE
ENTENDERMOS que as escolas Hinayanas afirmam que para tornar-se um buda é
necessário seguir o caminho do bodhisattva. Tanto o Hinayana quanto o Mahayana
têm versões dos contos de Jataka descrevendo vidas anteriores
do Buda Shakyamuni como bodhisattva. Desde o século III AC, muitos dos reis do
Sri Lanka se intitulavam bodhisattvas, começando pelo Rei Siri Sanghabodh. É
claro que é um pouco complicado desenrolar essa história, uma vez que já haviam
seguidores do Mahayana no Sri Lanka nessa época. É difícil afirmar que a ideia
de reis bodhisattvas já existia antes da influência Mahayana, mas o fato é que
ela existiu. Ainda mais surpreendente é que no século V DC, os anciãos da
capital do Sri Lanka, Anaradhapura, declararam que Buddhaghosa, um grande
mestre Theravada do Abhidharma, era a reincarnação do bodhisattva Maitreya. O Mahayana afirma que surgirão mil budas nesse “eon afortunado”
e que eles fundarão religiões universais, e também afirma que já existiram e
ainda existirão muitos outros budas em outras eras. O Mahayana também afirma
que todos podemos nos tornar budas, porque todos temos os fatores da natureza
búdica, que possibilitam isso. O Hinayana não fala sobre a natureza búdica;
entretanto a escola Theravada menciona centenas de budas do passado. Um dos
sutras Theravada lista 27 nomes. E todos foram bodhisattvas antes de
tornarem-se budas. O Theravada também afirma que haverão inúmeros budas no
futuro, incluindo Maitreya, o próximo, e que qualquer um pode tornar-se um buda
se praticar as dez atitudes de vasto alcance. As Dez
Atitudes de Vasto Alcance. O MAHAYANA DIZ que as dez atitudes de vasto
alcance são praticadas apenas pelos bodhisattvas e não pelos shravakas. Isso
porque o Mahayana define uma atitude de vasto alcance, ou “perfeição”, como
aquela que é sustentada pela força do ideal de bodhichitta. Entretanto, de acordo com a Theravada, contanto que as dez
atitudes sejam sustentadas pela força da renúncia, a determinação de se
liberar, não é necessário bodhichitta para que a prática tenha um vasto alcance
e aja como causa para a liberação. Portanto, a Theravada afirma que tanto os
bodhisattvas quanto os shravakas praticam as dez atitudes de vasto alcance.
Além da motivação, a diferença principal entre a prática das dez atitudes de um
bodhisattva e de um shravaka é sua intensidade. Cada uma das dez atitudes de
vasto alcance tem três estágios, ou graus: comum, médio e elevado. Por exemplo,
uma prática de generosidade mais elevada seria dar seu próprio corpo para
alimentar uma tigresa faminta, como o Buda fez em uma de suas vidas anteriores,
quando era um bodhisattva. A lista das
dez atitudes de vasto alcance também difere ligeiramente entre o THERAVADA e o
MAHAYANA. A lista MAHAYANA é:
·
GENEROSIDADE
·
AUTODISCIPLINA
ÉTICA
·
PACIÊNCIA
·
PERSEVERANÇA
·
ESTABILIDADE
MENTAL (CONCENTRAÇÃO)
·
CONSCIÊNCIA
DISCRIMINATIVA (SABEDORIA)
·
MEIOS
HÁBEIS
·
PRECES
DE ASPIRIÇÃO
·
FORÇA
·
CONSCIÊNCIA
PROFUNDA.
·
RENÚNCIA
·
SINCERIDADE
·
DETERMINAÇÃO
·
AMOR
·
EQUANIMIDADE.
As Quatro Atitudes Incomensuráveis.
Tanto o HINAYANA quanto o MAHAYANA ensinam a prática das quatro
atitudes incomensuráveis do amor, compaixão, alegria e equanimidade. Ambas
definem amor como a aspiração de que os outros sejam felizes e encontrem as
causas da felicidade, e compaixão como a aspiração de que estejam livres do
sofrimento e das causas do sofrimento. O Hinayana, no entanto, não desenvolve
essas atitudes incomensuráveis através de uma linha de raciocínio, como a de
que todos os seres já foram nossas mães e assim por diante. Nessa escola,
começa-se direcionado amor a todos os que já amamos e estendendo esse amor, em
etapas, em direção a um número cada vez maior de seres. As definições de alegria e equanimidade incomensuráveis são
diferentes no Hinayana e no Mahayana. No Hinayana, alegria incomensurável
significa ficarmos felizes com a felicidade alheia, sem sentirmos inveja, e
desejar que ela aumente. No Mahayana, alegria incomensurável é desejar que os
outros obtenham a felicidade da iluminação sem fim. Equanimidade é o estado mental livre de apego, aversão e
indiferença. Na Theravada, significa termos equanimidade em relação ao
resultado de nosso amor, compaixão e alegria. O resultado de nosso esforço em
ajudar os outros realmente depende do karma e do esforço deles; apesar de,
assim como no Mahayana, a escola Theravada aceitar a possibilidade de
transferir-se força positiva, “mérito”, para os outros. Desejamos que sejam
felizes e que estejam livres do sofrimento, mas vemos o que quer que aconteça
de forma equânime. Isso porque sabemos que terão que fazer o trabalho por si
mesmos. No Mahayana, equanimidade incomensurável significa aspirar que os
outros seres estejam livres de apego, aversão e indiferença porque essas
atitude e emoções perturbadores lhes causam sofrimento. Apesar de precisarmos desenvolver amor e compaixão para
atingirmos o estado liberto de um arhat, não é necessária uma determinação
excepcional ou um ideal de bodhichitta. Determinação excepcional é um estado
mental de estar absolutamente determinado a tomar para si a responsabilidade de
ajudar a levar todos os seres à liberação ou iluminação. Ideal de bodhichitta é
o estado mental de querer atingir a iluminação para conseguir levar adiante o
objetivo da determinação excepcional. Como o Hinayana não detalha o caminho do
bodhisattva, ele não explica essas duas atitudes. O Mahayana explica
detalhadamente as práticas meditativas para desenvolvê-las. O Hinayana, portanto, enfatiza o desenvolvimento das quatro
atitudes incomensuráveis como uma forma de superarmos as emoções perturbadoras
opostas. Amor é o oposto de animosidade; ele nos libera temporariamente de
pensamentos de inimizade, agressão ou indignação e ansiedade ou medo. Compaixão
é o oposto de ter-se uma atitude cruel ou nociva. Alegria ou regozijo é o oposto
de inveja, e equanimidade é o oposto de expectativa, preocupação ou
desapontamento e indiferença. Além disso, na Theravada, desenvolvemos essas
quatro atitudes primeiro em relação a nós mesmos, e só depois as direcionamos
aos outros. No Mahayana, a ênfase é no que os outros vivenciam, ao invés de na
nossa experiência em relação a eles. As Duas Verdades. APESAR DO
HINAYANA não afirmar a ausência de uma “alma” impossível nos fenômenos, ou
vacuidade, isso não quer dizer que não discuta a natureza dos fenômenos em
geral. O Hinayana aborda isso na apresentação das duas verdades em relação aos
fenômenos. O que precede a compreensão da vacuidade dos fenômenos é a
compreensão das duas verdades. No Mahayana, as duas verdades são dois fatos que
dizem respeito ao mesmo fenômeno. No Hinayana, as duas verdades são dois
conjuntos diferentes de fenômenos. Existem fenômenos superficialmente, ou
convencionalmente verdadeiros e fenômenos profundamente, ou absolutamente,
verdadeiros. Na escola Sarvastivada, o ramo Vaibhashika afirma que os
fenômenos superficialmente verdadeiros são os objetos físicos e os estados
mentais (formas de estar-se consciente). E os fenômenos profundamente
verdadeiros são todos os átomos que constituem os objetos físicos e todos os
pequenos momentos de cognição. É importante percebermos que aquilo que vemos
são os fenômenos superficialmente verdadeiros, e no nível mais profundo tudo é
constituído por átomos. Podemos perceber como isso leva ao entendimento de que
o nível superficial é uma ilusão. De acordo
com a escola Sautrantika, os fenômenos superficialmente verdadeiros são
entidades metafísicas, nossas projeções sobre os objetos; enquanto os fenômenos
profundamente verdadeiros são as coisas em si. Aqui, começamos a entender que
as projeções são como ilusões. Se nos livrarmos das projeções, veremos o que
está objetivamente lá fora. Nossas projeções são como ilusões. Segundo a Theravada, os fenômenos superficialmente verdadeiros
são fenômenos imputados, e referem-se tanto a pessoas quanto a objetos, estejam
eles dentro ou fora do corpo. Os fenômenos profundamente verdadeiros são
aqueles sobre os quais os fenômenos superficialmente verdadeiros são imputados.
O corpo e os objetos físicos são imputados nos elementos e nos campos
sensoriais que percebemos. O que é uma laranja? É a visão, o cheiro, o gosto, a
sensação física? Uma laranja é aquilo que é imputado sobre tudo isso. Da mesma
forma, uma pessoa é aquilo que pode ser imputado nos fatores agregados do corpo
e mente (skandhas). Os fenômenos profundamente verdadeiros são os seis tipos de
consciências básicas e os fatores mentais, porque são a base sobre a qual
rotulamos ou imputamos uma pessoa. Apesar de
nenhuma das escolas Hinayana falarem sobre a vacuidade de todos os fenômenos
elas afirmam que, para obtermos a liberação, é importante compreendermos os
fenômenos profundamente verdadeiros de forma não conceitual. Portanto, a visão
geral é muito semelhante à argumentação Mahayana. O Theravada também tem uma explicação muito particular do karma,
que não é encontrada nas escolas Sarvastivada ou no Mahayana, mas não
entraremos nisso agora. A partir
dessa introdução, podemos começar a apreciar as escolas Theravada e
Sarvastivada do Hinayana como elas realmente são, dentro do contexto completo
dos ensinamentos budistas. Isso pode nos ajudar a não cometer o equívoco de
renunciar ao Dharma alegando que um determinado ensinamento do Buda não é
budista. Quando temos uma compreensão apropriada das escolas budistas, a partir
de seu próprio ponto de vista, desenvolvemos grande respeito por todos os
ensinamentos do Buda. Isso é muito importante. www.studybuddhism.com.br.
Abraço. Davi.
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