segunda-feira, 30 de outubro de 2017

MARY AND MAX.

Filme. A ANIMAÇÃO MARY AND MAX - Uma Amizade Diferente (2009) do diretor e roteirista Adam Elliot (1944-  ), apesar de aparentemente  insinuar tema infantil, é um drama mais para adolescentes e adultos. Ao assistir a pelica, recordo-me das aulas de graduação em filosofia na Universidade de Brasília – Brasil  pela disciplina chamada Existencialismo. Foram ministrada pelo professor Júlio Cabrera, um simpático argentino radicado no Brasil, que com doutorado conhece profundamente a cátedra do magistério. Ele usou nesse semestre dois autores latino americanos: Ortega y Gasset (1883-1955) e Miguel de Unamuno (1864-1936). No primeiro foi abordado o livro Meditações de Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616) onde as alegorias de Dom Quixote e Sancho Pança eram refletidas a luz do existencialismo. Uma tarefa não muito fácil, pois as imaginações de Quixote extrapolavam o campo da realidade como factíveis. Exemplo temos: observava os moinhos de vento considerando-os como dezenas de gigantes. Após caminhar por horas e horas, debaixo do sol ardente, Quixote chega a uma pequena loja medieval, que considera como um grande castelo. Ao encontrar-se com um grupo de comerciantes, os vê como seus adversários, lutando contra eles  é agredido. A sobrinha de Quixote, queima todos os seus livros que falam de cavalaria, concluindo que eles são a causa da loucura de seu tio. Entre as aventuras e desventuras, Dom Quixote e seu amigo Sancho Pancha receberam algumas vezes – pauladas, pedradas, vários enganos, confusões e surras. Seus amigos tentaram fazê-lo voltar à sua fazenda, mas nada adiantava já que ele tinha uma grande missão – a defesa da pátria espanhola. Perto dos moinhos, Quixote delirava ao lembrar de sua deusa Dulcinéia Tobosa. Ao encontrar dois rebanhos de ovelhas, imaginou-os como exércitos com armas e generais. Dom Quixote era um Fidalgo filho de pais ricos. No entanto, durante sua vida ele foi perdendo sua riqueza, pagando dívidas e comprando livros. Nessa caminhada de encontro a si mesmo, prejudicou muitas pessoas e auxiliou física e financeiramente outras tantas. Do segundo autor, se abordou a obra Do Sentimento Trágico da Vida. “É uma sinuosa viagem pelas mais fundamentais angústias do homem – não o abstrato, o espírito metafísico, mas o homem de carne e osso que nasce, sofre e morre; tendo que lidar com a consciência de seu fim. Abordando de Santo Agostinho (354-430) a Friedrich Nietzsche (1844-1900). Unamuno toma liberdade de poeta para elaborar um pensamento sem perfeição lógica, ou sistêmica mas intencionalmente contraditória. São reflexões de um ser dividido entre o que vive – a Fé, a crença na eternidade – e o que pensa a razão que tudo destrói. Sem que um passe sem o outro, é o sentimento trágico, o grande dilema da humanidade. Assim Unamuno acessa toda falta de sentido moderna, fatal ao nosso mundo, e principalmente a Espanha do começo do século XX. Arrasada pelas guerra e golpes que culminaram no fascismo de Francisco Franco (1892-1975), a melancolia com a insignificância do seu presente, comparada a glória dos tempos da Monarquia. As obras citadas tem tudo a ver com a animação na perspectiva da existência humana com seu paradoxo, incompreensão, fantasia e perguntas que não podemos responder. Mary e Max é a história de dois amigos, no mínimo excêntricos, pois ele mora nos Estados Unidos em Nova Iorque e tem mais de quarenta anos de idade. Ela mora na Austrália em Melbourne, tendo apenas oito anos. As idiossincrasia mostradas no drama pelos personagens, são a realidade exposta de nosso cotidiano humano – sobre humano, sob humano e desuhamano. Os tediosos dias vividos por Mary em sua bucólica cidade, expressavam sua solidão e recolhimento, assistindo seu desenho favorito os Noblets. Criando seus próprios brinquedos com sucata, e dialogando com seu galo que tanto apreciava chamado Ethel. Na escola, Mary, recorrentemente sofria bullying (atitude verbal agressiva, física ou psicológica) dos colegas por ter uma mancha na testa. Um dia, seus colegas de sala, tomaram o seu lanche e o esconderam, destruindo-o depois. Muitos de nós já enfrentou situações parecidas em nosso tempo de infância, e, sabemos, como foi difícil suportar o infortúnio, principalmente quando era coletivamente realizado. Algo entristecia Mary – o não ter amigos, e a indiferença de seus pais em relação a ela que era filha única. Como podemos avaliar nem todos tivéssemos país e mães ternos e lisonjeiros. Há sempre aqueles filhos, que foram agredidos e ultrajados, pela ignorância expressa na violência de pais narcisista e inconsequente na criação e educação familiar. Mary não chegou nesse estágio, mas os desajustes no lar produziu uma personalidade fraca e problemática para enfrentar a dura realidade da vida. Falamos assim, como se soubéssemos o limite da normalidade e patologia, que stricto senso, nenhum psicólogo teria a coragem de mensurar. O materialismo, racionalismo e a técnica cientificista ainda não elaborou esse limite, que não é objetivo, mas subjetivo e inconsciente. Entretanto, suponho, que os fatos bons ou maus que vivenciamos ou presenciamos na primeira infância e adolescência, acabam forjando nosso caráter e personalidade. Do outro lado do mundo, morava Max, um excêntrico judeu quarentão com costumes estranhos e que lutava para superar uma doença congênita chamada Síndrome de Asperger (Transtorno Global do Desenvolvimento, TGD, resultante de uma desordem genética muito semelhante em relação ao autismo). Morava com alguns animais que dividia com ele seu apartamento. O periquito Mister Cookie, o gato Hal e alguns peixinhos. Hal costumava estar em todos os cômodos da casa, sempre de olhos nos peixinhos, que aguardava uma oportunidade para abocanha-los. Entretanto não foi necessário, todos morreram misteriosamente. Max tinha um amigo imaginário por nome Ravioli. Os dois viam-se em conversas sobre a condição de Max, principalmente, sua obesidade mórbida. Quantos de nós trabalhamos dietas mirabolantes, que até enganam por certo tempo, contudo ao final do interregno, entre o sobre peso e o peso, começamos novamente o processo de aumento da gordura excedente. Disciplina, motivação e risco de doenças precisam ser estimuladores da luta contra o excesso de peso. Max e Mary coincidiam em alguns pontos: o desenho preferido, o vício por chocolates e o isolamento comportamental. Mary tinha uma família no mínimo incomum (desajustada), parecida com muitas das que somos agraciados, devido ao carma passado que pela Lei Divina devemos corrigir no renascimento futuro. Sua mãe era viciada em cherez, uma bebida forte de origem espanhola, e periodicamente, Mary a encontrava bêbada em casa. Imagina uma situação como esse que possivelmente poderíamos viver. Como encarar uma dificuldade semelhante, que nos trouxe ao mundo? Mãe e filha foram comprar mantimentos para casa, e de repente, sua mãe sabendo que o dinheiro era insuficiente para adquirir o que desejava, roubou alguns produtos escondendo-os em sua roupa de baixo. Acontece que o dono do estabelecimento comercial percebeu o furto, e tentou pegá-la, todavia ela conseguiu fugir com Mary que ainda era uma adolescente. Mary aproveitou a oportunidade, que estava num mercado, para consultar um catálogo telefônico, e como procurava um amigo para se corresponder, encontrou o endereço de Max Jerry Horowitz de Nova Iorque anotando-o para escrever posteriormente. O pai de Mary trabalhava numa fábrica de produtos enlatados em série. A seção onde desempenhava suas funções o deixou extremamente metódico, e por anos a fio, repetia as mesmas coisas dentro de sua própria casa, se afastando da mulher e filha; vivendo um mundo totalmente aparte dos familiares. Parece que em realidade, muitos de nós já viveram esta situação. Quantos membros de família vivem em suas casas como ilhas, isolados, cada qual em seu mundo. Sem uma relação de sentimento e afeto saudáveis. O pai de Mary tinha um estranho costume de colecionar animais empalhados. Algo que, ao vermos mesmo no cinema, ficamos perplexos e uma sensação de compaixão nos vêm à tona. Imaginamos como a crueldade humana é capaz de tamanho hedonismo. Como todos morremos, mais cedo ou mais tarde, os pais de Mary falecem. Sua mãe, infelizmente, devido ao tédio e melancolia, toma uma dosagem exagerada dum suposto antidepressivo vindo a óbito. Seu pai, após a aposentadoria, não tendo nada que fazer e inventando situações, resolve procurar raridades à beira mar. Ai uma descarga elétrica, em noite chuvosa, o apanha tendo morte instantânea. As duas vicissitudes foram terríveis para Mary, que encontra num vizinho, que tornou-se seu amigo, um ombro amigo para suportar tamanho infortúnio. Esse seu vizinho por quem Mary acaba se apaixonando, é alguém esquisito, visto que, tinha uma expressiva gagueira, mal pronunciando as palavras e de conduta patologicamente suspeita. A fragilidade de Mary incitou-a tomar decisão pelo casamento com esse sujeito suspeito, e como esperado, durou pouco tempo. Ele aparece na casa de Mary dias depois das núpcias, dizendo que viajará  para outra cidade à encontrar um amigo de infância. O drama traz o tema das patologias do inconsciente relacionadas à neurose, e em alguns casos, a psicose que se manifesta na fragmentação da personalidade. Nesse caso, o indivíduo perde a consciencia do eu pessoal, tentando viver sua parte psíquica separada de seu ego. Esse evento é um dos mais forte da animação, levando Mary à uma angústia e desespero profundo. Ela tenta o suicídio, subindo em uma cadeira com uma corda presa ao pescoço. Entretanto, milagrosamente, antes de se lançar ao chão, seu gato de estimação Ethel surge no momento oportuno para evitar a tragédia. O gato vêm lhe avisar que o carteiro chegou ao portão do quintal, trazendo uma correspondência. Todas as tradições e filosofias religiosas condenam o suicídio, e com razão, pois segundo o ocultismo, aquele que atenta contra sua vida traz para si disciplina cármica em outras vidas. Além de sofrer com o tempo em que demorará para desencarnar sua personalidade que o torna escravo de si mesmo. Esse é um período de extrema dor e fustigamento em seu corpo sutil – etérico, mental e astral, rememorado em sua sensação e emoção. Também seu descanso no devachan (céu) é abreviado, como correção de tal atitude egocêntrica e mesquinha. Acaba renascendo com brevidade, tendo que pagar dividendo extra como motivo de sua auto imolação. Os suicidas tornam-se almas penadas, (involução espiritual) que atormentam e perturbam pessoas vivas e mortas nos mundos consciente e inconsciente. Assim tal atitude é totalmente reprovada e rejeitada pela espiritualidade superior comprometida com a evolução dos seres humanos e não humanos rumo ao nirvana – iluminação e samadhi – despertar. Max também têm suas dificuldades e não são poucas. Quando criança sofre um trauma onde é perseguido por uma ave que lhe tenta ferir. Como é judeu confesso à fé e crença em Elohim o D’us Uno e Incognoscível, usa o kipá (o significado dele é “arco” que fica compreensivo quando pensamos sobre seu formato. O kipá é um lembrete constante da presença de D’us. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, que há alguém maior que o está acompanhando em todos os lugares, e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando)                 sobre a cabeça. Ao terminar os estudos seculares, Max começa a questionar pontos de seus dogmas, duvidando da pessoalidade de Yavéh, todavia reconhecendo que ele está em tudo e em todos. Tem manias obsessivas devido a sua doença. Comia compulsivamente, estava sempre preocupado com seu peso – regularmente subindo à balança, averiguando se perdera alguns quilos. Sentia nervosismo, rangendo os dentes, quando alguma coisa trouxesse preocupação à ele. Quantos de nós temos algum tipo de anomalia psíquica, que só com terapia ou análise temos condições de controlar, contudo a cura, não é uma realidade nesse caso. A terapia leva-nos a aprender a lidar com a situação de maneira consciente. O perfeccionismo de Max querendo consertar o mundo, o levava a brigar com os mendigos nas ruas de Nova Iorque, que mesmo pedindo esmolas eram capazes de jogar grandes quantidades de ponta de cigarros na rua. Essa situação levou Max a recorrer as autoridades da cidade para que tomassem providência. Tinha o costume de olhar ao espelho e deduzir que estava doente. Quantos em nossa sociedade estressada e deprimida são hipocondríacos vendo doença – na situação mais trivial da vida. Desde que elas lhe cause impaciência e desespero físico ou psicológico. Max tirou seu tempo de serviço militar, trabalhou numa fábrica e nos tempos da Guerra Fria, foi confundido por autoridades policiais como um simpatizante do fascismo, regime autoritário italiano ou comunista. Isso causou-lhe receio em se socializar com medo de, talvez, ser preso a qualquer momento. Uma herança do antissemitismo – entranhado no mundo capitalista como o mito do “bode expiatório”; alguém deve ser culpado pelo que de mal está ocorrendo. Aqui poderíamos pensar na Síndrome do Pânico, um mal que afeta milhões de pessoas pelo mundo a fora, em especial no Ocidente. Em seu apartamento vivia com uma doméstica cega, que mal cuidando dela mesma, fazia a comida para Max misturando os mantimentos; até deixando objetos nas vasilhas. Max jogou na loteria americana por anos os mesmos números, e, num belo dia, foi contemplado com o prêmio máximo. Distribuiu a fortuna com os amigos: sua criada cega, uma amiga dançarina e doou parte para uma instituição que cuidava de animais. O drama não detalha o resultado daqueles que ganharam os valores, mas a cega logo morreu, a dançarina acabou com a quantia em pouco tempo com viagens e prazeres mundanos. O que receberá o dinheiro pra cuidar dos animais, desviou os recursos para seu benefício pessoal. A ideia passada é que o dinheiro, mesmo as grandes fortunas, não trazem felicidade, pelo contrário, em muitos casos, preocupação, tristeza e sofrimento. Max não foi um bom gestor da fortuna ganha com a premiação. Precisamos com responsabilidade administrar nossos recursos sejam muito ou pouco, tendo critérios para ao distribuí-los, se for o caso, aos necessitados e pessoas que cuidam da fraternidade humana. A amizade de Mary e Max foi construída com essas vicissitudes existenciais. Eles começaram a se corresponder; e no início tudo corria bem e questionamentos e respostas eram sempre bem recebidas e aceitas. Mary pergunta a Max donde vêm as crianças? Como judeu e conhecedor dos princípios da Cabalá, Max não usou o senso comum, descrito na Bíblia, para dizer apenas que isso ocorria quando uma mulher e um homem se juntavam sexualmente vindo a gravidez, gestação e o parto. Ele sabia que Mary, por ser criança, ainda fantasiava o nascimento. Também havia conceito do Criacionismo como semente do cristianismo. Assim elaborou uma alegoria na qual mostrou o advento humano relacionado a Evolução da espécie até chegar na humana. Esse ponto é sugestivo, pois no Ocidente apenas o conceito Criacionista é hegemônico. Inclusive nas escolas que são as formadoras de opinião, além das Escrituras Sagradas que carregam o monopólio da autoridade, vendo literalmente a formação do mundo e dos seres nele existentes. Contudo isso tem mudado com o Papa Francisco, que declarou em outubro de 2016 que a teoria do Big Bang e a Evolução são reais; questionando assim a explicação literal da criação do mundo e a origem do homem propostos pela Bíblia. O que ocorre é que a interpretação só alcança uma razoabilidade quando aplicamos a abstração científica, entendendo a profundidade do texto de Gênesis 1 e 2 revelado por alegorias. No Oriente é diferente, onde a Criação passa pela Evolução de todas as formas e estruturas materiais existentes, algo mais compreensivo e logicamente mais didático. Max sabiamente tenta conciliar os dois lados ao inferir seu argumento metafórico para Mary, levando-a a pensar numa cadeia, subscrita num processo de ordem da consciência primitiva, para uma consciência evolutiva que alcança a totalidade das interações sensitiva, emotiva e descritiva. Eles trocavam carinho, respeito e consideração nas cartas de ambos os lados. Entretanto, como sabemos, nem tudo são flores; começaram as dificuldades logo depois que Mary teve a frustração do casamento mal sucedido. Mary foi para a faculdade, sendo um dos motivos, entender a patologia de Max (sua síndrome de Asper) além de esquecer os recentes incidentes. Ela concluiu a graduação e emplacou o mestrado, tornando-se especialista em algumas doenças psíquicas. Entretanto as diferenças com o amigo Max se avolumavam. Ela ganhou notoriedade e a faculdade resolveu publicar sua tese de doutorado,  para que a comunidade científica e opinião pública, pudesse participar das descobertas e dos benefícios futuros que adviriam aos portadores desse mal. Max tornou-se cada vez mais intransigente em seu ponto de vista. Isso chateou-a tremendamente, levando à destruir sua publicação. Também instigada pela impertinência do amigo em questões que não dizem respeito ao mundo acadêmico. O egoísmo de Max era manifestado por não querer que sua doença fosse destacada, e estudada para uma possível cura. Coisa que Mary não conseguia compreender. Era a chance de outras pessoas na mesma situação poderem ter esperança de dias melhores, vivendo uma “normalidade” existencial. A cena onde ela faz consumir os volumes já prontos para ir à editora e posteriormente serem vendidos, é triste e comovente. A amizade entre os dois é rompida com uma carta inquietante de Max, fazendo-os cair na (silêncio) taciturnidade por dois anos. O silêncio é quebrado por Mary que o escreve pedindo consentimento para visitá-lo em Nova Iorque. Ele permite e ambos reatam novamente a amizade. Mary não sabe que Max nesse tempo, fez tratamento e terapia para vencer sua morbidade, seu complexo de perfeição e sua compulsividade sem alcançar nenhum sucesso. Mary teve nesse tempo um caso amoroso, que não vingou como amor “verdadeiro”, deixando um fruto, um bebê, que ela aprendeu a amar com sentimento de ternura e carinho. O dia e hora da viagem foi acertada com Max. O filme termina com Mary chegando ao prédio onde Max mora. Ela leva seu bebê, ainda de colo, numa mochila nas suas costas. Sobe dois lances de escada. Aperta a primeira campainha e não é o número do amigo. Aperta a segunda, que é o número correto, todavia ninguém abre a porta. Com a mão ao trinco, percebe a porta destravada, abre-a e entra. Chama Max, mais de uma vez, adentra a cozinha. E, voltando-se à sala, vê aquele indivíduo corpulento e obeso, imóvel, sentado ao sofá. Ela chega mais perto e reconhece aquilo no qual não queria acreditar; seu amigo que nunca pessoalmente conhecera, está morto. A angústia e tristeza toma conta de seu semblante (...) sem saber que atitude tomar. Um filme extremamente realista que me faz pensar nas quatro nobres verdades do budismo. “A Primeira Nobre Verdade. É a verdade DO SOFRIMENTO. Através de sua sabedoria infinita, o Buda viu com clareza algo que os seres humanos comuns percebem em algum momento da vida, o de que não é possível ao ser humano conquistar plena satisfação durante sua existência. O sofrimento é descrito de muitas formas diferentes nos sutras budistas. Os quatro e os oito sofrimentos serão discorridos a seguir, ressaltando que são sentimentos e situações comuns em nosso dia a dia. Sofrimentos é uma outra palavra para “situações”. Os quatro e os oito sofrimentos.  Os quatro e os oitos sofrimentos descrevem de modo mais detalhado os sofrimentos que vivemos ao longo de nossa vida: NASCIMENTO:  Terminado o período de gestação em que estamos dentro do ventre de nossa mãe e finalmente nascemos para o mundo, estamos sujeitos a qualquer evento externo que pode ocorrer em nossa vida. Estamos presos dentro de nossos corpos e nesse mundo. ENVELHECIMENTO: Todas as pessoas passam naturalmente pelo processo de envelhecimento. Sofremos com a deterioração de nosso corpo e nossa mente enquanto sofremos pelas perdas das pessoas queridas ao nosso redor. DOENÇA: Todos em algum momento sofrem com a doença, seja ela mais leve ou podendo até encerrar com a vida do ser humano. MORTE: A morte chegará um dia para todos nós. Isso é um processo natural das existências dos seres vivos, inclusive nós, humanos. Mesmo assim, e principalmente quando a morte ocorre de repente, ela causa sofrimento. Perda de um amor: Às vezes perdemos alguém que amamos; outras vezes, nosso amor não é retribuído. Todos um dia já sofreram ou vão sofrer por amor. Aqui falamos sobre o amor conjugal, mas podemos ampliar o conceito desse sofrimento para amor familiar, fraternal, entre outros. SER ODIADO: Nenhum de nós queremos ser odiados por ninguém, pelo contrário, queremos ser amados pelas pessoas. No entanto ser odiado acontece em nossas vidas vez ou outra e isso também trata-se de um sofrimento. DESEJO NÃO REALIZADO: Somos seres em constante evolução e aprendizado, e os desejos mundanos fazem parte de nossa vida. Procuramos então realizar nossos desejos e objetivos, e quando não conseguimos, sofremos muito com essa ânsia do querer e não poder. Os Cinco Skandhas. Estes são: FORMA, SENSAÇÃO, PERCEPÇÃO, ATIVIDADE E CONSCIÊNCIA. Eles constituem as partes da consciência de nossa existência e o meio para a manifestação do sofrimento, ou seja, novamente a posição de estarmos sempre vulneráveis e a possibilidade de sofrimento sempre iminente. O Buda ensinou sobre a verdade do sofrimento não para nos fazer desistir de tudo em nossa vida e nos desesperarmos, muito pelo contrário, mas para nos ajudar a reconhecer com clareza as realidades da vida. Compreendendo o sofrimento em nossa vida, devemos sempre lutar para superar nossas dificuldades e obstáculos. Reconhecer a Primeira Nobre Verdade é o primeiro passo de um processo que deve nos levar a querer compreender as demais Verdades. A Segunda Nobre Verdade. A Segunda Nobre Verdade é a VERDADE DA ORIGEM DO SOFRIMENTO, encontrada na avareza, ira e estupidez. Nós, seres pensantes, nos agarramos ao penoso e ilusivo mundo dos acontecimentos e do egoísmo, por causa de nosso forte apego as fontes de ilusão, também conhecidas como os Três Venenos. Terceira Nobre Verdade. A Terceira Nobre Verdade é a verdade DA CESSAÇÃO DO SOFRIMENTO. “Cessação do sofrimento” é o mesmo que nirvana, em que atingimos um estado de espírito além da cobiça, raiva, ignorância e sofrimento; além também da dualidade e das distinções entre certo e errado, você e os outros, bem e mal, vida e morte. É a consciência e não consciência de nossa existência que é mutável e eterna, o desapego da carne e a evolução num patamar superior de nosso espírito. A Quarta Nobre Verdade. A Quarta Nobre Verdade é a verdade DO CAMINHO QUE LEVA A CESSAÇÃO DO SOFRIMENTO, ou seja, que nos mostra a forma de superarmos todos os desafios e revezes em nossa vida, uma vez que viemos a esse mundo para sermos felizes mesmo em meio às dificuldades e sofrimentos. É o caminho rumo ao nirvana. A forma mais simples de superar as causas do sofrimento é seguir o Nobre Caminho Óctuplo, que analisaremos em detalhe em outro Capítulo. A Importância das Quatro Nobres Verdades  As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros e também os últimos ensinamentos do Buda. Próximo de sua morte, O Buda conclamou seus discípulos, ressaltando que caso tivessem alguma dúvida sobre as Quatro Nobres Verdades e sua veracidade, que deveriam se pronunciar, pois assim poderiam obter todas as respostas antes que ele morresse. A atenção que o Buda devotou às Quatro Nobres Verdades no decorrer de sua existência sempre preocupado com seus discípulos e com as pessoas, enfoca a importância desse ensino. A compreensão e a prática dos ensinamentos do Buda levam infalivelmente à libertação da dor e do sofrimento. O Buda é o médico e tem o remédio; só precisamos tomá-lo. As Quatro Nobres Verdades do Buda constituem a cura para o sofrimento humano”.www.eusemfronteiras.com.br. Contudo o caminho nobre de oito aspecto nos leva a extinção do sofrimento e consequentemente ao nirvana (iluminação). São eles: o ponto de vista correto, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta. Que o desejo do despertar (samadhy) da consciência possa arder em nosso coração. Assistam e tirem suas conclusões. A animação está disponível no youtube dublado em vários idiomas. Beijos. Davi.  

sábado, 28 de outubro de 2017

O BÁLSAMO DE GILEADE.

Editor do Mosaico. Cristianismo. É bom conversarmos novamente, refletindo sobre algumas questões da vida. Este dom maravilhoso que o Eterno Pai nos concedeu. Nas Escrituras Sagradas Cristã no livro de Jeremias 8,22 há um interessante texto que se segue “Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou não há médico? Porque, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?”. É importante situarmos o contexto histórico em que o profeta Jeremias está incluído. “O profeta Jeremias, que era de uma família de sacerdotes judeus, começou a anunciar mensagens de Deus no ano 627 AC e morreu por volta de 580, provavelmente no Egito. Ele anunciou que Deus ia fazer uma terrível desgraça sobre os israelitas como castigo pelos seus pecados. Jeremias ainda vivia quando suas profecias se cumpriram. Ele estava presente quando o rei Nabucodonosor II (604 AC 562) destruiu a cidade de Jerusalém, incendiou o Templo e levou como prisioneiro para a Babilônia o rei de Judá e grande parte do povo. Mas Jeremias disse que um dia os israelitas iam voltar e que seriam de novo uma nação. Jeremias amava profundamente seu povo. Não era por prazer, mas por obrigação que ele anunciava que Deus ia castigar os israelitas. Mas a palavra de Deus era como um fogo no seu coração, e ele não podia ficar calado. Por outro lado, as autoridades e o povo não recebiam bem a mensagem de Jeremias. Ele foi rejeitado, perseguido, preso e jogado dentro de um poço”. O povo Judeu vivia uma “depravação” espiritual à décadas. Todas as instituições (civil, política, social e religiosa) estavam corrompidas. Os sucessivos reinados, seus soberanos e administradores. mantinham-se a custas de pesados impostos; pagos principalmente pela população pobre, como costumeiro. Os ricos como sempre tinham seus privilégios e regalias. A cidade onde o profeta passou a maior parte de seu ministério foi Jerusalém. A maior cidade do reino de Israel e sua respectiva capital. Ela era o centro de adoração a D’us. De todos os lugares vinham judeus para as festas prescritas na (toráh), os cinco primeiros livros do Antigo Testamento. O grande templo erigido pelo rei Salomão estava lá. Era um símbolo de união nacional, remetendo aos tempos de prosperidade. Ele trazia também a ideia de uma aliança, celebrada com D’us em tempos “distantes”. Aqui especificamente se desenvolve o falar do profeta Jeremias. Ele não era um “emissário” das questões sociais - pobreza e riqueza. Nem se envolvia em situações políticas - igualdade social e distribuição de renda. Não tinha interesse de discutir sobre - propriedade privada. Seu chamamento estava centrado numa situação espiritual. O templo do Senhor que devia ser um ambiente de comunhão e aproximação com Deus, era usado como um amuleto ou talismã. Os Judeus imaginavam que a presença dele (templo) entre eles, os protegeriam de qualquer maldição e, enquanto ele estivesse de pé, a felicidade os acompanhariam de perto e todos os inimigos seriam derrotados. Infelizmente a maldição já estava instalada em todos os repartimentos daquilo que consideravam a “presença divina” entre eles. Os sacerdotes, em muitos casos, recebiam suborno (propina) para oficiarem os ritos sagrados. Até os pobres pagavam esse escandaloso “pedágio”. Haviam outros “deuses” sendo adorado no templo. Animais “defeituosos” eram sacrificados fora do altar. Tinham prostitutas cultuais nos compartimentos do santuário, praticando licenciosidade. Uma contaminação e promiscuidade acentuadas. Uma condição de “miséria e podridão” humana. Bem, vamos tentar falar alguma coisa do versículo proposto. Espero que o que vou falar, revele alguma luz para trilharmos a Senda espiritual. Jeremias lutou corajosamente contra todos estes desmandos espirituais em sua época. Falou desmascarando a farsa que havia. Expôs rei, sacerdotes e a classe dominante à época que era conivente com a situação. Mostrou seus corações perversos e suas mentes egoístas e mesquinhas. Profetizou a destruição do templo que ocorreu no ano de 587 AC. Este é o primeiro templo como se sabe, construído pelo rei Salomão. O segundo foi destruído no ano 70. O texto bíblico mencionado parece um clamor (oração) do profeta. Um desespero que vem de seu íntimo. Ele ousa procurar uma explicação para uma situação tão medonha como àquela em que vivia e, ressente-se de resposta. A maioria dos Judeus tinham um coração endurecido como uma pedra, entretanto ele sabia que havia esperança. Deduzo que no trecho citado há uma ideia de que Jeremias percebia que a natureza humana era “deformada e desregrada”. Ele próprio tentou fugir do chamamento do Eterno. Aqui é a questão do mito; sempre o herói se sente incapaz, e até vacila indeciso quanto a sua missão. Contudo, após uma profunda investigação ponderativa, acaba assumindo corajosamente sua incumbência. Foi assim com o Cristo, que em agonia orou intensamente, correndo em seu rosto lágrimas de sangue. Clamando ao Pai, que se possível passasse dele aquele cálice. Concluiu depois de horas no jardim do Getsêmani, que não se fizesse a sua vontade, mas a do Pai. Outra questão em relação ao herói, é a prova ante de iniciar sua incumbência. O Cristo humano histórico foi provado, levado pelo Espírito Santo ao deserto, em jejum, para ser avaliado através de vários testes. O diabo o tentou à que renegasse sua missão. Disse por três vezes: Se és filho de Deus precipita-se abaixo, que os anjos darão ordens a teu respeito para te guardarem. Levou-o ao pináculo do templo, dizendo que todo o reino do mundo o daria se prostrado o adorasse. Incitou-o a que transformasse pedras em pães. O Cristo heroicamente rejeitou todas as interpolações do maligno. Após esses acontecimentos o diabo o deixou e vieram os anjos para o servir. O herói grego Hércules também foi provado – antes de assumir sua missão em doze trabalhos. 1. Matar o leão de Neméia. 2. Matar a hidra de Lerna. 3. Capturar o javali de Erimanto. 4. Capturar a corça de Cirinéia. 5. Expulsar as aves do lago de Estínfale. 6. Limpar os estábulos do rei Augias. 7. Capturar o touro de Creta. 8. Capturar os cavalos de Diomedes. 9. Obter o cinto de Hipólita. 10. Capturar os bois de Gerião. 11. Obter as maças de ouro do jardim das Hespérides. 12. Capturar Cérbero, o cão do inferno. O profeta Muhamad também foi provado para poder assumir seu especial lugar na história do Islã como o fundador dessa importante tradição espiritual. “Para os muçulmanos Muhamad (Maomé) foi precedido em seu papel de profeta, por Jesus, Moisés, Davi, Jacó, Isaque, Ismael e Abraão. Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas daquilo que viria ser um império islâmico que se estendeu da Pérsia até a Península Ibérica. O Profeta Muhamad não é considerado pelos muçulmanos como um ser divino, mas sim um ser humano; contudo, entre os fieis, ele é visto como um dos mais perfeito ser humano.  Nascido em Meca, Maomé (Muhamad) foi durante a primeira parte da sua vida um mercador, que realizou extensas viagens no contexto de seu trabalho. Tinha por hábito retirar-se para orar e meditar nos montes perto de Meca – Arábia Saudita. Os muçulmanos acreditam que em 610, quando Maomé tinha quarenta anos, enquanto realiza um destes retiros espirituais, numa caverna do monte Hira, foi visitado pelo anjo Gabriel que lhe ordenou recitasse uns versos enviados por Deus. Comunicando que Deus o havia escolhido como o último Profeta enviado à humanidade. Muhamad deu ouvido a mensagem do anjo, e após sua morte, esses versos foram reunidos e integrados ao Sagrado Alcorão, durante o califado de Abu Bakr (573-634). Maomé não rejeitou completamente o cristianismo e o judaísmo, duas religiões monoteístas já conhecidas pelos árabes. Em vez disso, informou que tinha sido enviado por Deus para, restaurar os ensinamentos originais das religiões, que tinham sido corrompidos e esquecidos. Muitos habitantes de Meca rejeitaram sua mensagem e começaram a persegui-lo, bem como aos seus seguidores. Parecido com o que acontecerá com o profeta Jesus e seus discípulos, perseguido pela seita dos fariseus, saduceus e herodianos. Em 622 Maomé (Muhamad) foi obrigado a abandonar Meca, numa migração conhecida como Hégira, tendo se mudado para Yatrib, atual Medina. Nessa cidade Maomé tornou-se o chefe da primeira comunidade muçulmana. Seguiram-se uns anos de batalha entre os habitantes de Meca e Medina, que se saldaram em geral na vitória de Maomé e seus seguidores. A organização militar criada durante estas batalhas foi usada para derrotar as tribos da Arábia. Por altura da sua morte, Maomé (Profeta Muhamad) tinha unificado praticamente o território sob o signo de uma nova religião o Islam”.  Jeremias teve sua crise existêncial antes do início de seu ministério. Apresentou obstáculo quanto ao seu chamamento dizendo ser – criança, indefesa e que não sabia falar. No filme chamado Jeremias, é mostrado que o profeta, amou profundamente uma jovem, que não era israelita. Contudo para sua desolação ela, mesmo como pastora de ovelha e prendado no campo, foi capturado por uma tribo nômade em sua propriedade e brutalmente morta pelos vândalos. Jeremias desesperado com esta situação foge para o deserto, vagueando sem destino, até que depois de dias em meditação e oração - retorna a sua cidade com o sentimento fortalecido a cumprir seu desígnio divino. Uma questão difícil de compreender é que parece que o profeta faz tudo sozinho. Um engano, o argumento que estamos analisando mostra que, existiam outros servos de Deus que também lutaram contra as “imundícies” espirituais vigentes em Jerusalém. Apenas não são mencionados com destaque, exemplo os nomes de Baruque (aquele que transcrevia e lia os textos do profeta) e Obede Meleque (o etíope negro) que resgatou o profeta dum poço de lama. Esses ajudaram o profeta em seu ministério. Jeremias reconhece que também precisava do bálsamo de Gileade, assim como os demais do seu povo. A terra de Israel estava desolada, tudo em ruínas. Grande parte do povo foi levado cativo, juntamente com a corte pelo rei Nabucodonosor. Eles começariam um trabalho de recuperação de tudo o que foi destruído. O sentimento nacional foi ferido, e precisariam de um milagre para ajudar numa hora tão decisiva. Ele percebe que se os seus patrícios estão enfermo, assim, de igual modo ele. Todos estão debilitados precisando de cura interior. O amor se expressa em tomarmos o lugar do outro. Tendo por ele compaixão e atitude positiva. A cura aqui é um processo subjetivo. Deveria ser realizada numa mudança de mente e numa transformação interior. Uma questão moral e espiritual que precisava ser reparada e corrigida. Uma alteração do percurso de vida. Mas a dura cerviz impediu o povo Judeu de tocar no amor e na misericórdia do Eterno. Colheram exatamente aquilo que plantaram. A disciplina veio por causa de seus próprios erros. Isso acontece conosco em nossa cotidianidade. Não assumimos nossos fracassos e culpamos Deus ou o diabo por eles. Essa ideia ocidentalizada racional materialista surgiu do dualismo polarizado entre o bem e o mal. A tradição oriental não têm esse “estereótipo” da culpa em outro ou outra situação. Como concebem bem e mal, lados opostos duma mesma substância, são dispostos a assumir o próprio erro e incoerência. Entendendo que absolutamente o indivíduo é o único responsável pelo seu ato. Nossos “ídolos” são interiores e, geralmente não abrimos mãos deles. Essa foi uma questão que envolvia a depravação espiritual dos judeus naqueles dias. Uma advertência I João 5,21 “Filhinhos guardai-vos dos ídolos”. A questão da imagem como representação é tremendamente mal compreendido no mundo cristão. No oriente, ela não tem esse paradigma espiritualizado como no ocidente, notadamente entre os protestantes evangélicos. Também o sentido negativo de blasfêmia ou idolatria visto no judaísmo e islamismo. Na linguagem da psicologia, as imagens funcionam como um arquétipo de nosso inconsciente, reportando o observador para aquilo que foi o personagem aludido em sua virtuosidade moral e atitudes éticas que devem ser imitadas. Além de comportamento e personalidade fundamentados na pureza e santidade, digna dos grandes seres que deixam marcas, bem visíveis, neste mundo onde os exemplos são a melhor maneira para nos espelharmos à viver em integridade e justiça. Após a destruição do templo e a subordinação do povo Judeus aos seus conquistadores os Babilônios. Jeremias seus amigos e os anônimos que Deus usou em todo aquele processo agora eram “médicos” de almas e terapeutas de “plantão”. Passavam o bálsamo curador nas “feridas” dos que ficaram. Não apenas ouviam o choro e angústia dos seus compatriotas, mas escutavam com um terceiro “ouvido”, aquele da reflexão, do sentimento, da emoção, da entrega. Tomando o sofrimento do outro como sendo o seu sofrimento. Penso que podemos transportar a experiência de Gileade para nossos dias. Apliquemos este bálsamo uns nos outros quando necessário. Romanos 12,14-15 “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Vivei em concórdia entre vós. Não sejais arrogantes, mas adotai um comportamento humilde para com todos. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos (...)”. Fraternal abraço. Davi.   

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O QUE ESTÁ ALÉM DO EGO - O ANTICRISTO

Gnosticismo. Texto de Samuel Aun Weor (1917-1977). O QUE ESTÁ ALÉM DO EGO - O ANTICRISTO. É conveniente aprofundarmos um pouco mais no que se relaciona com nossa psique. Conversamos muito sobre o Ego, o Eu, o Mim Mesmo, o Si Mesmos, mas agora penetraremos em outros aspectos ainda mais profundo (…). Vimos, em passadas aulas, que na antiga Pérsia se rendia culto a Ahrimã (o princípio do mal, do caos, das trevas e da morte na tradição zoroastriana). Indubitavelmente, tal culto não era próprio dos Ários, senão de certa quantidade de pessoas, sobreviventes da submersa Atlântida (uma lendária ilha ou continente cuja primeira menção conhecida remonta a Platão (427 AC 347) em suas obras - Timeu ou a Natureza e Crístias ou Atlântida). Quero me referir, de forma enfática, aos turânios. Inquestionavelmente, para eles Ahrimã era o centro vital de seu culto. Rudolf Steiner (1861-1925) fala das “Forças Ahrimânicas” e muitos outros autores estudam tais forças. Dizíamos, em passadas cátedras, que Lúcifer é o Arcanjo Fazedor de Luz, que não é essa criatura antropomórfica (descrito ou concebido sob uma forma humana - com atributos humanos) que nos é mostrada pelos clérigos dogmáticos. Certamente, cada um de nós tem seu próprio Lúcifer. Ele, em si mesmo, é o Reflexo do Logos ou de nosso Logoi Interior, no fundo de nossa psique, a Sombra digamos, de nosso Logoi, nas profundidades de nossa própria psique. É claro que quando não estávamos caídos, quando ainda vivíamos no Éden, esse Lúcifer Interior resplandecia em nossas profundidades, gloriosamente. (A bíblia diz em Ezequiel 28,13-15 em relação a Lúcifer antes da queda: "Estivestes no Éden, Jardim de Deus; de toda pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que fostes criados foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que fostes criado, até que se achou iniquidade em ti.) "Mas quando cometemos o erro de “comer daquele fruto” do qual se disse “Não Comereis”, então nosso Lúcifer Íntimo caiu, converteu-se no Diabo do qual as teogonias (narração do nascimento dos deuses e apresentação de sua genealogia) falam. E que agora necessitamos “Branquear o Diabo”, é verdade, e morrendo em si mesmos aqui e agora. Quando logramos a dissolução do Eu de forma radical, esse Diabo das mitologias se branqueia, volta a resplandecer, converte-se em Lúcifer, no Fazedor da Luz. Quando ele se mescla com nossa Alma e nosso Espírito, ele nos transforma, por tal motivo, em Arcanjos gloriosos. Ahrimã é algo muito diferente, meus estimados irmãos: ele é o ANVERSO (face de uma moeda que mostra o elemento principal por oposição ao reverso) DA MEDALHA DE LÚCIFER, é o aspecto negativo dEle. Esse Fogo Ahrimânico expressa-se na forma dos antigos turânios da Pérsia. É a fatalidade, os poderes tenebrosos deste mundo. Propriamente, Ahrimã está ainda mais além do próprio Ego (…). Dizíamos em passadas reuniões o que é o Ego. Porém, agora avançando didaticamente, diremos agora o que é a Base do Ego, o seu Fundamento, que está mais além do Mim Mesmo. Ele é o “Iníquo” (dito em II Tessalonicenses 2,7-8 "Por que já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém, até que do meio seja tirado. E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e destruirá pelo esplendor de sua vinda) de que nos fala Paulo de Tarso nas Sagradas Escrituras, o Homem do Pecado, a antítese digamos, ou o anverso da medalha com relação, precisamente, ao Filho do Homem: ou O Anticristo (…). No Apocalipse de São João, fala-se da Besta de sete Cabeças e dez Cornos. Apocalipse 13,1 diz: "E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia". Essas sete cabeças são os sete pecados capitais  (ira, cobiça, luxúria, inveja, orgulho, preguiça, gula, com todas as suas derivações). Já os dez cornos representam a Roda do Samsara (pode ser descrito como o fluxo constante de nascimento, doença, envelhecimento, morte e renascimento pelo qual todo ser está sujeito). Isso significa que gira incessantemente. Por isso se diz em Apocalipse 17,8 “sobe do abismo e vai à perdição”; corresponde à Roda do Samsara. Devemos refletir nisso profundamente (…). Fala-se de outra “Besta”, Apocalipse 13,11 a que tem “dois cornos” e se diz que “a primeira recebeu uma ferida em uma de suas sete cabeças (ferida de espada), porém, que sarou”, e que “as multidões todas se maravilharam do poder da Besta, que foi ferida e voltou” (…). Deve-se saber compreender que se pode acabar com os “elementos” que constituem o Ego, mas, sem embargo, “ressuscitam na Besta”, no Anticristo, no monstro das sete cabeças. Quando se aniquilaram, absolutamente, os demônios da ira, é como se tivesse ferido uma das cabeças da Besta, porém, logo se fortifica tal defeito em dita cabeça e a Besta vive. É como se acaba com a cobiça em todas as quarenta e nove Regiões do Subconsciente, quando se aniquilam os elementos inumanos da cobiça, e a mesma revive com mais força em outra das cabeças da Besta, e assim, sucessivamente (…). Quando um homem consegue morrer totalmente em si mesmo, ainda fica a Besta. Por isso se diz, meus queridos irmãos, que “antes do Cristo vir, vem o Anticristo”. Antes que o Cristo ressuscite em um Homem, manifesta-se o Anticristo, a Besta que deve ser morta (…). Bem, diz o Mestre Jesus no evangelho em Mateus 26,52 que “o que pela espada fere, pela espada há de morrer”; “quem a outros conduz ao cativeiro é também conduzido ao cativeiro”; e que é dito em Apocalipse 14,12 “eis aí a paciência dos Santos”. Com isso se quer dizer que à base de infinita paciência, o Anticristo em nós pode ser morto, por isso se requer Paciência e Trabalho (…). Inquestionavelmente, o Anticristo faz “milagres” e “prodígios” enganosos: inventa bombas atômicas (assim é como faz “chover fogo do céu”). É cético por natureza e por instinto, terrivelmente materialista. Quando se ouviu dizer que Ahrimã seja místico? Nunca! Por isso, os turânios (Nota do Gnosis Online: povos bárbaros e involutivos atlantes que se estabeleceram em certas regiões do atual Irã e renderam culto a um mago negro cabeça de legião de nome Ahrimã), querendo dominar o mundo estabeleceram o culto de Ahrimã, ou seja, o culto do Anticristo. Há duas ciências, de toda a eternidade: uma é a Ciência Pura, que só a conhecem os Perfeitos, e a outra é a da Besta, a do Anticristo, terrivelmente cética e materialista, que se baseia no raciocínio subjetivo, que não aceita nada que se pareça com Deus ou que o adore (…) espantosamente grosseira. Se vocês derem uma olhadela no mundo atual, verão a Ciência do Anticristo por todos os lugares. E estava dito pelos melhores profetas da Antiguidade que “chegaria o dia da Grande Apostasia, em que não se aceitaria nada semelhante a Deus, ou que se o adorasse (…)”. Esse dia chegou e estamos nele. Depois da Grande Apostasia em que estamos (que cresceu e crescerá ainda mais), virá o Cataclismo - catástrofe mundial - Final. Assim está escrito por todos os grandes profetas do passado. O que necessitamos é Compreensão suficiente para não seguirmos a Besta. Desgraçadamente, cada um de nós a leva no fundo de sua psique. Se somente fosse uma Besta externa, como alguns supõem, o problema não seria grave, porém, o grave, irmãos, é que cada um a carrega  e tem uma força terrível. Observem vocês mesmos e a descobrirão (…). Se vocês são sinceros consigo mesmos e meditarem, se concentrarem em seu interior, tratando de se auto explorar, poderão evidenciar dois aspectos perfeitamente definidos: um, sincero, o da Mística verdadeira, o daquele que anela, o que quer de verdade se auto realizar, conhecer a si mesmo; mas há outro aspecto de vocês mesmos que o sentiram, que sabem que existe: o da Besta, que rechaça estas coisas, que se opõe a estes anelos e que, ainda que um homem seja muito devoto e sincero, tem momentos em que sendo assim, tão sincero, se maravilha de que haja nele algo em seu interior que se opõe definitivamente aos anelos espirituais. Ainda mais, que chega a rir de tais anelos. De formas que há uma luta, digamos entre duas porções da psique: a que anela de verdade e que é a Essência pura, e a da Besta, que ri destas coisas, que é grosseiramente materialista, que não as aceita. Se forem sinceros consigo mesmos e se auto explorarem, poderão evidenciar a realidade do que estou lhes dizendo. E é que a Besta, Ahrimã, o Anticristo, não está interessado em assuntos espirituais. Certamente, a ele o único que interessa é a matéria física, densa, grosseira (…). Precisamente, o ateísmo marxista-leninista, o materialismo soviético, tem seu fundamento em Ahrimã (…). (Hoje o materialismo, racionalista, técnico cientificista está enraizado também no mundo capitalismo, tentando subtrair a essência daquilo que é divino em nós). Porém, digo a vocês: necessita-se ser sincero consigo mesmo. Em vocês há uma parte que é a Fé e sentem em sua psique o anelo, mas há outra parte que a vocês mesmos não lhes agrada, porém que existe, e que é o CETICISMO (…). “Isso existe e não existe”, é a antítese do que vocês querem, e o mais grave é que vocês também são essa antítese. Obviamente, tal antítese é a do Anticristo, a de Ahrimã (…). Vocês sabem que a morbosidade, por exemplo, a luxúria, é asquerosa, abominável, porém há algo na psique de vocês que ri de seus anelos de Castidade, que consegue às vezes ganhar uma partida, que se burla de vocês: é o Ahrimã, a Besta (…). Vocês sabem que a ira, por exemplo, é asquerosa, porque mediante a ira se perde a clarividência, que se arruína. Vocês se propõem a não ter ira, porém, em qualquer momento vocês estão “trovejando” e “relampagueando”. Obviamente, não duvidam de que se trata dos Eus e até conseguem controlá-los, porém, algo surge no fundo, atrás desses Eus, que se mofa de suas boas intenções. Um homem poderia acabar com a ira, mas sem embargo, em qualquer momento poderia senti-la, mesmo tendo acabado com ela, porque qualquer cabeça da Besta, ferida pelo fio da espada, volta outra vez a s curar (…) eis aí o Poder da Besta. Por isso é que todos se inclinam ante a Besta e a adoram (…) É o Anticristo! Os que supõem que o ANTICRISTO já nasceu na Ásia, por ali, e que vem rumo ao Ocidente e que aparecerá em tal ano, fazendo maravilhosas e prodígios, está completamente equivocado: CADA QUAL O LEVA EM SEU INTERIOR!  É a Besta, é Ahrimã, é digamos o anverso da medalha do Homem Causal. Está formado por todas essas causas ancestrais, delituosas, que desde os antigos tempos temos criado, de vida em vida; é o aspecto negativo do Homem Causal. Assim, então, se formos sinceros, se formos honrados com nós mesmos, se tivermos o valor de auto explorarmos judiciosamente, viremos a descobrir que realmente “O INÍQUO” de que nos fala Paulo de Tarso nas Sagradas Escrituras, e QUE É CADA UM DE NÓS. Tudo que “cheira a Deus”, que se adore, é motivo de burla para o Iníquo. Observem vocês a si mesmos: Têm seus momentos de mística, de oração, de devoção (são momentos deliciosos), porém, de todo modo, numa hora menos pensada surge o Iníquo, que ri de todas essas coisas. Quando vocês o notarem, já será tarde, ele já riu. É que cada um leva em seu interior e é muito forte, muito poderoso, faz “milagres” e "prodígios” enganosos, inventou toda esta Falsa Ciência. E todos os sabichões de laboratório de física, mecânica, biologia, que não veem mais além de seus narizes, dizem: “Isso? Isso não existe, não está demonstrado!” “Aquilo? são lendas das pessoas ignorantes de outros tempos, de antes!”, com uma soberba e um cinismo desconcertantes. Esta é a Ciência do INÍQUO, do ANTICRISTO! Há outra Besta, diante do Iníquo, que tem dois cornos: é o Eu, o Ego, o mim mesmo, que lhe é dado fazer todas as “maravilhas e sinais” diante da humanidade e que defende o Iníquo, dotada de grande poder. Essas são as duas Bestas do Apocalipse de São João. Muitos conseguem destruir a primeira Besta, submetem-se às ordálias da Iniciação e o conseguem, porém, mui raros são os que conseguem aniquilar o Iníquo, o Anticristo. “Não há como a Besta!”, diz a humanidade, e todo joelho se dobra ante a Besta. Ela faz aviões ultrassônicos, foguetes que cruzam o espaço a velocidades gigantescas, ela cria soros, medicamentos, elabora armas atômicas de todo tipo, a chispante intelectualidade, os líderes políticos etc. Destruir o INÍQUO, quem conseguirá? Quem será suficientemente forte como para destroçá-lo em si mesmo? Alguns o conseguiram, sim, mas depois delinquiram (...) a Besta tem a força que pode ser morta e ressuscitar. Obviamente, o Filho do Homem, quando vem a este mundo, é sempre submetido à ignomínia, exposto a toda classe de vexações. Porém, quem é seu vexador? Quem o submete à ignomínia? A Besta! Quando Ele vem a este mundo, tem de entrar na Besta, e a Besta se mofa dele e lhe submete à ignomínia; é seu cárcere, é sua prisão. Se Ele é valoroso, a Besta é covarde, e então é submetido à ignomínia. Se é casto, a Besta não o é, e Ele sofre o indizível. Mas quando a Besta é morta, quando é lançada no “lago ardente de fogo e enxofre”, que é a Morte Segunda, o Filho do Homem ressuscita dentre os mortos e vive. Vocês terão bem visto como se representa o Divino Rosto: a cabeça coroada de espinhos do Filho do Homem. Abundam em distintos lugares do mundo tais cabeças, vêm da Idade do Bronze (5.000 mil anos atrás), e é que o rosto do Filho do Homem é banhado em sangue pelas vexações que sofre. Medito, dentro da Besta, há de sofrer até que a Besta seja morta. Escrito está, pois, que “ antes de vir o Cristo, virá o Anticristo” em cada um de nós. E falando de forma coletiva, direi: que antes de vir a Idade de Ouro (a era dourada é conhecida como uma era de paz, harmonia, estabilidade e prosperidade), o Anticristo se terá feito onipotente sobre a face da terra. “A Ciência se multiplicará”, diz Daniel 12,4 (a ciência materialista do Anticristo), “entra nele e todo joelho se fincará ante a Besta.” Assim está escrito em Apocalipse 13. O “Falso Profeta que faz os sinais diante da Besta” é o Ego, o Eu, o Mim Mesmo, o Si Mesmo; e a Besta monta sobre a Grande Rameira, qual seja: o Abominável Órgão Kundartiguador, a Serpente Tentadora do Éden. Assim, então, irmãos, é necessário compreender o que é a Besta. Tem poderes terríveis, gigantescos. Quando se compreende isto, preocupa-se então por fazer dentro de si mesmo uma Criação Nova. Como disse Paulo de Tarso (e isso é verdade) em I Coríntios 7,19: “A circuncisão nada vale, a incircuncisão nada vale, o importante é fazer uma Nova Criação”. E qual é essa “nova criação”? É a fabricação dos Corpos Existenciais Superiores do Ser. E qual é a “marca do Cristo”? Os Estigmas, diríamos, os Sinais de Mercúrio com os quais se está trabalhando (falando em rigorosa Alquimia). Mas se alguém não faz uma Nova Criação, nada fez. Nos antigos Mistérios do Egito, quando o Iniciado ia receber sua primeira Iniciação, entrava num sepulcro, cheio de muitos Verbos, e ali permanecia adormecido três dias com suas noites, como que morto. Então, fora do corpo físico, encontrava-se cara a cara com sua Mãe Divina (Ísis), a qual trazia em sua destra um livro (o Livro da Sabedoria, mediante o qual é possível se orientar para realizar a Grande Obra). E qual é o Livro da Sabedoria? O Apocalipse! E quem o entende? O que estiver fazendo a Grande Obra. Quem não estiver fazendo a Grande Obra não o entenderá porque esse é o “Livro de toda a Criação”. Passados os três dias, o Iniciado ressuscitava dentre os mortos, porque voltava à vida. É claro, não era a Ressurreição Maior, não; era a Pequena Ressurreição, porque em cada Iniciação algo morre em nós e algo ressuscita em nós. Então, por este Caminho vamos morrendo e ressuscitando pouco a pouco. Esses três dias são as três Purificações pelas quais se tem de passar: três Purificações pelo Ferro e pelo Fogo. A Ressurreição Maior somente é possível depois da Morte Maior. Quando se ressuscita a fundo, quando se passa pela Grande Ressurreição, Ahrimã morre, já não fica nada do Anticristo, nem da Besta, nem do Falso Profeta; para eles, Apocalipse 20,10 o “lago ardente com fogo e enxofre”, que é a Morte Segunda. Então, levanta-se o Filho do Homem, Ele ressuscita no Pai e o Pai ressuscita no Filho, porque o Filho e o Pai são Um. Assim, então, tudo está dentro de nós, é dentro de nós mesmos que nos cabe trabalhar. Assim, como estamos, somos um fracasso! Necessitamos que o Ego morra, e tendo conseguido isso, se faz necessário que morra a Besta, o Ahrimã, o “monstro de sete cabeças e dez chifres”, o anverso do Homem Causal. Só assim, meus queridos irmãos, é possível ressuscitar um pouco mais tarde. Antes desse instante, teremos de nos contentar com pequenas mortes e ressurreições. Porém, não é possível a Ressurreição Final antes da morte da Besta (…). Todas as Escolas nos falam de que o Iniciado permanece três dias num Sepulcro e que depois disso sai transformado. Algumas escolas tomam isso literalmente, cruamente, e creem que de verdade são três dias, ali, recostado, metido num caixão de morto, e que logo se levanta feito um Deus. Não entendem a realidade das coisas, não querem compreender que esses três dias são as três Purificações pelo Ferro e pelo Fogo. Para se conseguir isso, necessita-se de toda uma vida de sacrifícios. Zoroastro (profeta e poeta nascido na Pérsia, provavelmente em meados do século VII AC), Zaratustra, começou muito jovem e já ancião, o conseguiu. Há os que começam já numa idade madura, ou velhos. Obviamente, não alcançam em uma só existência fazê-lo, mas podem avançar muito, e em sua futura existência, terminar a Obra. Porém, repito: NÃO É POSSÍVEL CHEGAR à RESSURREIÇÃO SUPREMA SEM A MORTE DO ANTICRISTO! Todos os seres, incluindo Ele (JESUS), tiveram de branquear (o diabo), se Ele não havia logrado branqueá-lo de todo, depois teve de branqueá-lo através da Iniciação. Em todo caso, o Drama Cósmica da Iniciação é altamente simbólico, os Evangelhos estão escritos em Chave, foram feitos POR Iniciados e PARA Iniciados. Necessita-se passar toda uma vida de Estudos Herméticos e depois de haver chegado à ancianidade é quando se vem a compreendê-lo. Necessita-se haver branqueado seus cabelos (em Sabedoria), pra se poder chegar a entender o que são os Evangelhos. www.gnosisonline.com.br. Abraço. Davi

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

II. O GATO DO RABINO.

Editor do Mosaico. Filme O Gato do Rabino. Parte II. O filme O Gato do Rabino tem o propósito de mostrar a temática das religiões monoteísta que são o Cristianismo, Islamismo e Judaico. Evidenciados nas pessoas dos principais personagens do enredo que são o padre, o líder árabe, o rabino e o comunista. Essas três religiões nas primeiras décadas do século XX (1901-2000) disputavam a supremacia como filosofia espiritual das potências europeia, asiática e americana hegemônicas. O Cristianismo em sua ambição colonizadora tinha uma filosofia religiosa intolerante, supersticiosa e dogmática. Sua evangelização era pregada pela força psicológica, usando-se a energia física (força)  à obrigatoriedade da conversão do incrédulo e infiel. A colonização imperialista dos séculos XV e XVI, nas Américas - do Sul, Norte e Central, traziam os missionários da Companhia de Jesus (Jesuítas e outras ordens religiosas) à catequização de índios e negros escravos. Nesse processo apesar de atuarem clérigos de renomes, e de um coração puro  e compromissados quanto a evangelização e amor ao próximo como os padres Manoel da Nóbrega (1517-1570), José de Anchieta (1534-1597) e Antônio Vieira (1608-1697). Esses como cultos e sensível as necessidade dos fracos e desamparados, fizeram o que foi possível para mitigar o sofrimento de milhares de indigentes. Naqueles terríveis dias de dominação e supremacia do explorador branco europeu. Entretanto, infelizmente entre esses, existiam os jesuítas oportunistas, que trabalhando para o Estado Imperialista, vendendo-se por migalhas financeiras e posições na hierarquia eclesiástica. Cooperavam com os governos das metrópoles Portuguesa e Espanhola oprimindo, trocando, vendendo, torturando e matando índios e escravos negros. Incluindo entre esses milhares de crianças de peito com seus pais e responsáveis. Como nesse período ainda não existia consenso entre os teólogos católicos sobre a condição da alma deles (índio e negro); usavam esse pretexto para tentar atenuar a culpa em suas consciências cauterizadas. Contudo esses terríveis crimes ainda estão sendo cobrados (lei do carma) pela justiça divina que é perfeita e eterna. A história comprova que 50 milhões de indígenas e outros milhares de negros, e grande número de ciganos perderam a vida nessas incursões exploradoras e missionárias. Com o advento da reforma protestante com Martinho Lutero (1483-1546) as coisas melhoram um pouco, contudo os princípios estreitante e exclusivista das facções liberais cristãs, continuaram numa ortodoxia de cunho apelativo para uma fé simples, sem questionamento, baseada no livre arbítrio e na predestinação da alma. Assim os conceitos do Cristianismo Primitivo como gnose, mistérios menores e mistérios maiores, reencarnação, dualidade da matéria e espírito, o Cristo Mítico, a Senda Espiritual. Além do Cristo Histórico e a evolução da alma humana através de estágios denso ou compactado. Esses postulados por São Clemente (150-215) e seu discípulo Orígenes de Alexandria (185-253) para os primeiros cristãos;  não mais existiam como conteúdo de apreciação pública para os ouvintes. Nem os tópicos aos iniciados de análises esotéricas (ocultas) que deveriam disciplinar a Senda Espiritual. Os ensinos do Mestre Jesus foram substituídos por dogmas e crenças absolutas, e nesse âmbito o amor ao próximo, e o amor a Deus foram enclausurados pela institucionalização das doutrinas. O apóstolo São Paulo (5 DC 67) foi o principal idealizador organizacional dos preceitos, normas e regras da vida cristã. Isso trouxe benefícios e também prejuízos, mostrado na secularização e mundanização da pureza e santidade do evangelho. O Mestre Jesus entristecesse ao ver o que se tornou aquilo que ele deu iniciou. O Islamismo tem semelhança histórica de expansionismo e colonização parecida com o Cristianismo, pois no afã de multiplicar seus adeptos pelo sul da Europa, norte e sul da África e Ásia Oriental deixou marcas de destruição e morte por onde passava. A época citada, os seguidores do Profeta Muhamad, contrários as palavras do Sagrado Alcorão, que prega o amor ao próximo e condescendência com os desiguais, desamparados e desfavorecidos, inverteram a ordem da evolução espiritual que deveriam obedecer. Aláh nunca quis que seu povo muçulmano estabelecesse a dominação pela guerra e o derramamento de sangue, isso foi uma "exceção" que o Profeta Muhamad assumiu pessoalmente conclamando seus seguidores a Jihah ou guerra santa. Essa guerra a que o Profeta Muhamad se refere é eminentemente interna e pessoal. Devemos acabar é com os nossos vícios e pecados, advindos da maldade que estar em nós. Praticando o amor e misericórdia pra com todos. O expansionismo do Império Muçulmano se deu muito mais pelas língua, costume, hábito, e cultura promovidas pelos exércitos Árabes para dominar e sub julgar os povos das regiões menconadas. O Alcorão Sagrado é a base dos seus ensinos e dois grandes grupos étnicos os Xiitas e os Sunitas disputam política e religiosamente para manter a supremacia sobre a religião do Profeta Muhamad. Cada um tem seu modo particular de pensar os preceitos que Aláh deixou na revelação divina do Sagrado Alcorão. As mulheres muçulmanas avançam nos direitos sociais adquiridos constitucionalmente. Religiosamente ainda passam por uma condição de submissão ao homem. A elas é reservado serviços inferiores na hierarquia social. Segundo preceitos sustentados por clérigos conservadores à função principal da procriação. Mas as coisas tem mudado, principalmente em países como a Arábia Saudita que já autorizam as mulheres a dirigirem automóveis e ingressarem em universidades públicas, também desempenham funções gerencias no Estado e empresas. A República Islâmica do Irã tem sido exemplo quanto aos direitos femininos, sendo um dos governos teocráticos com mais liberdades constitucionais para as mulheres. Elas a anos fazem graduação superior e têm acesso a várias profissões dos homens. A muçulmana iraniana Shirin Ebadi (1947-     ) juíza e ex ativista dos direitos humanos ganhou em 2003 o prêmio nobel da paz. Uma conquista feminina impressionante da mulher muçulmana corajosa e destemida, que mesma sob ameaças de morte, defendeu, em seu país, presos políticos e mulheres sentenciadas a morte por supostas infidelidades conjugais. O Judaísmo é um dos formadores da cultura cristã ocidental com suas Escrituras Sagradas Toráh, Talmud e Thanak, além do rico misticismo da cabala oculta oral e escrita. Abraão que iniciou a gêneses dos Hebreus partindo da Babilônia, de Ur dos Caldeus e Moisés que recebeu as tábuas da lei (dez mandamentos) no monte Sinai, são os representantes máximos dessa religião. No filme O Gato do Rabino, o jovem artista judeu que fugiu da Rússia por motivo da perseguição política usa a palavra Pogrom que de origem russa significa os vários momentos históricos e maneiras usadas pela monarquia Ksarista (período de 1547-1917) e a Revolução Russa lideradas por Wladimir Lenin (1870-1924) e Josef Stalin (1878-1953) para perseguir, prender, enviar para os campos de concentração da Sibéria os Judeus. Um período que ceifou a vida de aproximadamente 1 milhão e meio de judeus, tendo esses eventos ocorridos nos século XIX e XX. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) Adolf Hitler, o Fuher, (1889-1945) usou a palavra Shoá - a solução final - um processo de genocídio em escala programada para exterminar o maior número de judeus nos campos de concentração (Auschwitz, Birkenau, Treblinka, Sachsenhausen, Raensbrush, Dachau, Neuengamme)  espalhados por alguns países da Europa Central. O resultado foi a morte de mais de 6 milhões de judeus de várias nacionalidades incluindo mulheres, crianças e velhos que foram executadas de maneira monstruosa e desumana. Lamentavelmente a ideia do antissemitismo sempre foi difundida mundialmente em todas as épocas. Uma ideologia satânica, que tem como premissa principal que os judeus são os responsáveis pelas desgraças da humanidade, entretanto quanto mais são odiados, envergonhados, humilhados e mortos; se apegam veementemente a Jeovah e recebem dele o amor e proteção. Um povo de uma fé inabalável em seu Deus. Um exemplo de coragem e altruísmo que devemos seguir em nossa caminhada espiritual. Uma importante ideia que infiro da projeção O Gato do Rabino, é que, mesmo na diversidade religiosa e cultural, é possível uma convivência pacífica e ordeira. Usando como princípio para que isso ocorra o respeito, tolerância e a compreensão por cada indivíduo e crença. Sua maneira de pensar, de ver o mundo, de adorar seu Deus, de falar sua língua. Nunca querer colonizá-lo ou sub julgá-lo fazendo-o nosso adepto e seguidor seja pela força física, psicológica ou um mero simpatizante. Outra concepção que podemos tirar da filmagem é que Deus é de todos os povos - corrobora este fato, a prerrogativa que ele têm um nome específico e idiossincrasia em cada tradição espiritual. Nenhuma nação ou religião têm o privilégio de ter exclusividade sobre Ele. Sua Deidade é expansiva e inclusiva alcançando através do Logos Divino, cada partícula atômica em todos os seres - mineral, vegetal, animal e humano. Tornando sua casa as variadas cultura e tradição religiosa recebida das originárias gerações passadas, que construíram o arcabouço arquetípico sociológico de cada nação e comunidade. Abraço. Davi.    

terça-feira, 24 de outubro de 2017

I. O GATO DO RABINO.

Editor do Mosaico. Filme O Gato do Rabino. Parte I. Na animação citado do diretor Joann Star produzido em 2011 é mostrada a temática das religiões monoteístas (crença num só Deus) que são o Cristianismo, Judaísmo e Islamismo que seguindo conceito dogmático verossímil a seus interesses fecham-se nas ortodoxias que praticam. Isso é evidenciado nas crenças defendidas com rigor em nome de seu Deus. A fé na doutrina religiosa é o principal fundamento do seguidor. Na animação o rabino judeu tenta superar a recente perda de sua esposa, que convenhamos, quando esse relacionamento é baseado no amor, companheirismo e cumplicidade é uma situação dificílima de ser assimilada. Como sentiu fortemente esta ausência, uma crise existencial de caráter espiritual provocou um ceticismo, a ponto de culpar Deus, indiretamente, por suas orações para restabelecer a esposa não terem sido respondidas naqueles dias de conflitos e tristeza interiores. A figura do gato na animação é justificada, pois os cães na tradição judaica e islâmica são considerados animais imundos bem como os porcos. Assim esses bichos para os judeus ortodoxos e muçulmanos não devem ser criados e nem domesticados, constituindo a desobediência a esse preceito um pecado. Esse gato era estimado pelo rabino e por sua filha. Entretanto, com a chegada de um papagaio ele teve que dividir as atenções dos seus donos com esta ave e isso o provocava e irritava bastante. Então subitamente olhando para o papagaio pulou em cima dele e o devorou adquirindo a característica de falar. Assim esse gato começou a questionar os valores religiosos que o judaísmo tinha como verdades absolutas para confusão da mente do rabino, dando explicações alternativas fora dos pressupostos da Torá, Talmud e Tanach. Vários aspectos podem ser abordados como componentes do enredo da projeção. Quando o gato pede ao rabino para fazer o bar mitzvah - o rito de introdução do jovem judeu na comunidade local, onde ele com 13 anos faz pela primeira vez a leitura da Torá na presença da congregação, recebendo as credenciais simbólicas da maioridade. Esse questionamento do gato traz a ideia da dispensabilidade desse rito como ofício de iniciação, pois deveria ser estendido a todos inclusive aos animais e não somente aos humanos. Por que o indivíduo precisa formalizar publicamente sua crença para tornar-se um membro de uma comunidade espiritual? O Judaísmo tem dois ritos de iniciação -  a circuncisão (que é uma operação cirúrgica que remove o prepúcio, uma pele que cobre a glande do pênis. É um termo oriundo do latim, que significa cortar ao redor. A cirurgia de circuncisão é realizada a mas de 5.000 anos, muito por motivos religiosos, como muçulmanos e judeus)  e o bar mitzvah. No Cristianismo temos o batismo nas águas e os sacramentos do pão e do vinho bem como a leitura das Escrituras Sagradas. No Islamismo o egresso é chamado de muçulmano e a partir desse momento deve ler regularmente o Sagrado Alcorão e as doutrinas normativas contidas na Suna e no Hadith, e na Shariah devendo se tiver condições financeira, para tal, visitar a cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, pelo menos uma vez na vida. E caso seja possível,  beijar a Pedra Escura que se encontra dentro da Kaaba - a Sagrada Tenda Negra. Isso é difícil, pois na semana da festa do Hamadan (jejum coletivo de todos os muçulmanos ao redor do planeta) a cidade de Meca é visitada por mais de 3 milhões de fieis muçulmanos. É discutível o conceito de monoteísmo (único Deus) quanto as três religiões que estamos abordando, porque cada uma delas tem seu Deus de características e especificidades diferentes. Para os Judeus ele é (Yavé, Jeovah) isso no aspecto exotérico (público), pois no misticismo esotérico (oculto) da Cabala Jeová tem 99 nomes e o número 100 é uma combinação de consoantes YHWH que por ser santíssimo é impronunciável por qualquer mortal e segundo os judeus ortodoxos sua menção é pecado de blasfêmia a divindade. No Cristianismo Jesus Cristo é a figura central sendo o Deus encarnado que trouxe a redenção substitutiva e a salvação pessoal a todo aquele que crê no filho de Deus. Mas há controvérsias históricas começando nos primórdios do Cristianismo Primitivo com os pais da igreja, todavia a deidade de Cristo desde aquela época e ainda hoje é motivo de indagações e esclarecimentos mais profundos e o caminho para a solução dessa questão passa a ser a fé pura e simples, entretanto não havendo argumento lógico para uma explicação científica. Já os Muçulmanos têm Aláh como o Deus Todo Poderoso e não me arrisco a dizer se eles consideram Alá como o mesmo Deus dos cristãos e judeus. Pra mim não há dúvida que os três nomes tem a mesma representação entre as religiões em estudo, mas com competências singularizadas em seus ritos e doutrinas exotéricas - externa (pública) e esotéricas - oculta (privada). Os muçulmanos compreendem o profeta Muhamad e Jesus Cristo provenientes de Aláh, onde o profeta Muhamad (Maomé) tem preeminência na religião Islâmica e no misticismo esotérico islâmico Sufista. O processo de chegada ao paraíso (céu) do muçulmano é através de virtudes morais e éticas, adentrando este lugar de conforto e descanso com conotação humana e material. O fiel desfrutará os benefícios celestiais que não foram alcançados em vida. A ideia de que política e religião são coisas muitíssimo parecidas é mencionada na animação. O comunista russo que viaja à África com o rabino e o maulá (clérigo muçulmano) com sua ideologia tenta impressiona os dois religiosos, expondo opiniões socialistas e comunitárias. Conseguindo que os símbolos da foice e do martelo estivessem na bandeira que usaram na viajem para o Continente Africano. Quando a ideologia política suplanta o ideal espiritual e de fraternidade humana, instala-se o conflito de interesses, que fatalmente por ser irreconciliável terminam com a mortes; e esse foi o fim do cidadão comunista. O comunismo foi claramente a partir da segunda década do século XX (1917) a "religião" da Rússia apesar de oficialmente ser o Catolicismo Ortodoxo do patriarcado de Constantinopla. A revolução socialista destitui a monarquia Ksarista (czar foi o título usado pelos soberanos russos, no período de duração o império, 1547-1917); o monarca Ivan IV (1530-1584) foi seu fundador) instalando um regime de perseguição, medo, terror e mortes. Judeus e opositores políticos foram aprisionados e enviados para os campos de concentração na Sibéria. Onde torturas físicas e psicológicas eram aplicadas aos detentos além de exposição a temperaturas negativas de mais de 50ºC despidos de qualquer vestimentas. Nesse rigoroso frio siberiano eles definhavam até a morte. É interessante a cena em que o jovem judeu artista (pintor de quadro) da pinceladas em sua tela em pleno ar livre na belíssima natureza das savanas africanas. A representação do belo e da natureza na forma artística trazem uma autonomia do ser integrando-se em harmonia com o mundo visível e invisível. Dos quatro personagens principais (rabino, muçulmano, comunista e o jovem judeu) esse último parece o mais trabalhado em caráter moral e espiritualidade. Ele ousou, expondo a própria vida, conhecer a primitiva tribo africana que supostamente era guardiã da arca da aliança o testemunho vivo e representativo de Jeováh com seu povo escolhido. Para sua surpresa foi perseguido pelos gigantes primatas, que tinham sua particular maneira de adorar Yavéh e junto com sua corajosa esposa milagrosamente conseguiu escapar. Abraço. Davi

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A PROTO SÍNTESE CÓSMICA.

Religião Afro-brasileira. UMBANDA. Capítulo Sete. Texto de Yamunisiddha Arhapiagha. Mestre Tântrico Curador. Médium F. Rivas Neto. A PROTO SÍNTESE CÓSMICA — Surgimento da Umbanda ou Aumbandan - A Tradição da Raça Vermelha — Conhecimento Uno — Proto-Síntese Religioso-Científica — Os 4 Pilares do Conhecimento Uno: a Religião, a Filosofia, a Ciência e a Arte. A superioridade moral-espiritual da augusta Raça Vermelha foi por nós reiteradas vezes citada. Citamo-la de forma velada, deixando nas entrelinhas (...) no entanto, agora iremos falar sobre ela sem véus e sem (...). Para que fique bem firmado na mente e no coração dos Filhos de Fé, continuamos a afirmar que a primeira raça humana propriamente dita (vide capítulo VI) surgiu aqui no BARATZIL, em seu Planalto Central. Há milhares de anos, quando a Raça Vermelha surgiu, ela recebeu, em seu início, os Seres Espirituais ligados ao campo gravitacional do planeta Terra. A par desses Seres Espirituais, outros mais atrasados encarnaram, mas em outras regiões de terra firme (após aproximadamente 1.000 anos das primeiras encarnações no Baratzil). Isso aconteceu em Terras da própria América, em suas regiões Central e Norte. Bem, para que estamos dando essas informações? É para que o Filho de Fé, na hora precisa de nossa exposição, possa entender como surgiu o AUMBANDAN e como ocorreram as deturpações que acabaram culminando com o desaparecimento dessa PROTO SÍNTESE CÓSMICA. Quando falamos sobre a superioridade moral da pura Raça Vermelha, devemos lembrar que ficou ela ainda mais fortalecida quando do encarne de Seres Espirituais de Pátrias Siderais adiantadíssimas em relação ao nosso esquema evolutivo. Foram os Seres Espirituais de Pátrias Siderais distantes que incrementaram, para a então Raça Vermelha, os conhecimentos plenos e puros da Lei Divina. Antes do advento desses excelsos Seres Espirituais na Raça Vermelha, a mesma já possuía uma sólida concepção sobre as Coisas Divinas. Alguns Seres Espirituais elevados, de grande escolha, tinham já lançado algumas sementes, tanto é que eles, os da Raça Vermelha daquela época, conheciam os MISTÉRIOS SOLARES e o MESSIAS — o CRISTO CÓSMICO. Toda a futura TEOGONIA, bem como a pureza de suas concepções sobre as Coisas Divinas, era calcada num inflexível MONOTEÍSMO. Para eles, desde aquela época, a Divindade Suprema era TUPÃ. Mas, em verdade, como surgiu a religião no seio da Raça Vermelha ou Tronco Tupy? Logo que os primeiros missionários começaram a encarnar em seu seio, fizeram sentir que, para religarem-se com as verdades imutáveis, com as Coisas Divinas, necessitariam entender que havia um SER SUPREMO e que o Mesmo possuía Emissários. Deveriam também entender que um de seus mais iluminados e expressivos expoentes-emissários tinha se responsabilizado pela TUTELA ESPIRITUAL deste "novo cenário de Vida", onde deveria ser lançada a semente da Luz Espiritual que redimiria e libertaria todos os Filhos da Raça Vermelha e outros que futuramente encarnariam neste solo de elevação e recuperação. Futuramente, muitos fariam a emigração para planos mais elevados da Vida Cósmica. Assim surgiram sua Teogonia, sua Mística de rara beleza e suas concepções sobre a Natureza física e hiperfísica. O religare, a ligação do homem da Raça Vermelha com as Coisas Divinas, chamou-se AUMBANDAN. Esse vocábulo trino e Sagrado, que mais tarde se tornaria litúrgico, mágico e vibrado, foi, é e será bandeira do Amor e Sabedoria Cósmica. Mas, repensando, como era a crença dos Seres Espirituais da Raça Vermelha, dos Tupy? Era uma crença calcada nos fundamentos mais puros da realidade cósmica. Até deixava de ser crença, pois era tão transparente a ligação com os Seres Espirituais do plano astral superior que todos na época, exceto raríssimas exceções, tinham não apenas os cinco sentidos hoje por nós conhecidos, como também mais dois superiores, perfazendo um total de SETE SENTIDOS. Esses dois sentidos superiores facultavam a eles a VISÃO e a INTUIÇÃO CÓSMICAS, sem necessidade de terem adestrado ou magnetizado seus corpos astrais. Não havia essa necessidade, pois era uma condição natural. Assim, conheciam naturalmente outras dimensões, além das três que hoje conhecemos. Eram eles voltados às Coisas Divinas e às suas Leis, sendo fiéis às mesmas. Enfim, foram os primeiros a cultuar em espírito, coração e verdade a RELIGIO VERA, a PROTO REL1GIÃO — AUMBANDAN — que pronunciavam de forma explosiva, não agressiva. OMBHANDHUM. Além de cultuar, foram os primeiros a beber de suas águas cristalinas, tanto que, em suas futuras reencarnações em outros locais do planeta, no meio dos povos semi bárbaros, tinham que fazer, como fizeram, ADAPTAÇÕES, já que esses "novos" Seres Espirituais, de outros locus siderais, não tinham o mesmo cabedal moral e nem eram tão creditados. Ao contrário, eram muito debilitados perante a Lei Divina. Mesmo no Baratzil, Terra do Cruzeiro Divino, embora mantivessem o máximo possível a pureza das concepções sobre as Coisas Divinas, os outros Seres Espirituais que vieram a posteriori não souberam manter as Tradições. Quando se deu a quebra das Tradições Cósmicas firmadas pela Raça Vermelha? Deu-se após o planeta estar com praticamente todas as suas regiões de terra firme já tomadas por vários povos. Os continentes e as águas oceânicas, como já vimos, não tinham as mesmas conformações que têm hoje. Naquela época já tinham florescido a Raça Lemuriana e, com o término dela, a Quarta  Raça Raiz, a Atlante. Interessante notar que quando nos referimos ao Tronco Racial Tupy, a pura Raça Vermelha, não estamos nos referindo a esses Seres Espirituais que vieram a ser conhecidos como índios. Após milhares de anos, quase 1 milhão, é que surgiram aqueles que poderíamos chamar de índios e que não eram, é claro, esses últimos remanescentes que perduram até nossos dias em várias plagas do planeta. Aqueles que surgiram há milhares de anos guardaram alguns reais e verdadeiros conceitos de seus ancestrais, os Seres Espirituais da pura Raça Vermelha. Os que permanecem até hoje, tidos como vermelhos, são degenerações da Raça, degenerações no sentido astroespirítico. Não que estejamos qualificando-os como inferiores. Ao contrário, achamo-los tão iguais quanto os demais Seres planetários da atualidade. Esperamos ter deixado claro que os Seres do Tronco Tupy, daqueles áureos tempos da Raça Vermelha, não tinham nem o fenótipo e nem a condição dos que habitavam o Baratzil mais ou menos 500 anos atrás. Eram sim os PUROS TUPY, um povo evoluidíssimo, cuja Mística Sagrada, a sua Religio Vera, como veremos em capítulo posterior, se espraiou pelos quatro cantos do planeta. Após longos períodos, que distam milênios daquelas épocas, surgiram as deturpações, interpolações, inversões de valores, cisões, desaparecimento de Tradições, etc. Importante também é que sua língua, o Abanheenga, foi modelo para praticamente todas as línguas ainda hoje faladas em nosso planeta. Também o alfabeto que se convencionou chamar de ADÂMICO ou DEVANAGÁRICO já é modificação do Alfabeto Sagrado dos Tupy daqueles tempos. Trouxeram-nos esses veneráveis e abnegados Seres Espirituais da Raça Vermelha, além da religião, a filosofia, a ciência e as artes — enfim, o AUMBANDAN. Assim, A UMBANDA é a síntese ou reunião entrelaçada de todo conhecimento ou gnose humana. E não é só desses 4 pilares do conhecimento humano que o Aumbandan é Síntese. Ele, em verdade, está além dessa Síntese. Ele é a SÍNTESE DAS SÍNTESES. Assim, vejamos: Se Aumbandan não é apenas a Revelação das Leis Divinas e dos Conceitos Integrais da Verdadeira Natureza Espiritual do Homem, o que é Ele então? Ele é o próprio elo de ligação vivo entre o que é espiritual e o que é do reino natural, ou seja, em sentido bem abrangente, é a porta, é o veículo de retomo ao cosmo espiritual e ao encontro de nosso karma causal. Mas, para Ele ser tudo isso, tem que ser SÍNTESE. Terá de ser mais do que SÍNTESE. E Ele é. Ele é a Proto-Síntese Cósmica. Neste exato instante, queremos que os Filhos de Fé entendam que nos referimos até o momento ao Aumbandan e, é claro, que não estamos falando do Movimento Umbandista da atualidade. Falamos sim daqueles áureos tempos, dos quais temos apagadíssimas impressões, no final da já então decadente Raça Lemuriana e de alguns remanescentes da Quarta Raça Raiz, a Atlante. Entre os remanescentes dos atlantes, poderemos citar os povos indígenas das Américas, os egípcios, hindus, persas, mongóis e outros. Os próprios Tupy daquelas épocas já não eram os mesmos, mas guardaram resquícios da fabulosa civilização vermelha. Retornando, porém, queremos que fique bem claro que naqueles tempos sagrados, na aplicação dos Conhecimentos, não havia Movimento Umbandista como se conhece hoje. Havia sim AUMBANDAN — O CONJUNTO SAGRADO DAS LEIS OU O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS. O Movimento Umbandista é coisa da atualidade. Nada, em verdade, tem a ver com o verdadeiro Aumbandan, mas pretende restaurar o verdadeiro Aumbandan, ou seja, a Verdadeira Proto Síntese Cósmica. Com isso, não ficará difícil entender como os Seres Espirituais da pura Raça Vermelha, os quais comandam todo o astral superior, já estão se interpenetrando nesse Movimento Umbandista que, como vimos, visa restaurar o AUMBANDAN ou UMBANDA. Portanto, Filho de Fé, em verdade você faz parte não do AUMBANDAN, mas do Movimento Umbandista e daquilo que ele propõe, ou seja, de seus ousados planos. Você deverá se conscientizar da responsabilidade que o aguarda, se é que você ainda não percebeu o peso em seus ombros. Assim, esperamos que os Filhos de Fé mais interessados, e mesmo os não Filhos de Fé, tenham percebido quão ousada e difícil é a tarefa do Movimento Umbandista. É bom que todos percebam que é de novo aqui no Baratzil que o Movimento Umbandista nasceu e é aqui mesmo que, das brumas do passado, do esquecimento e do obscurecimento, ressurgirá a SENHORA DOS SETE VÉUS. É, minha Mãe Sagrada e Velada, ajude-nos com Tua Bendita Luz a respeitosamente Te desvelarmos; e ao Te desvelar, que Tua Luz inunde a tudo e a todos. Dá-nos a paciência para que, ao Te desvelarmos, a potência Divina de Tua Luz não venha nos ofuscar ou cegar. Assim, UMBANDA, minha Mãe Sagrada, mais uma vez eu Te peço agô (...). Umbanda, Caboclo pede agô (...). Voltemos àqueles tempos gloriosos, onde nem a morte era temida, pois entendia-se que era ela uma transformação necessária para se alcançar novos rumos, novos degraus em nossa escala evolutiva. Tanto que, naqueles tempos, os processos atuais da hoje chamada MEDIUNIDADE eram completamente desconhecidos, pois era algo natural, como natural era também o diálogo com os Seres Espirituais de outros planos, os planos hiperfísicos. No seio da civilização vermelha, havia Seres Espirituais que tinham uma maior abertura consciencial, que os fazia enxergar com maior facilidade as coisas mais além (...). De qualquer forma, todos enxergavam, e muito bem, os fenômenos extraterrestres. E por isso que, para eles, o nascimento e a morte eram fenômenos naturalíssimos e necessários à própria evolução do Ser Espiritual encarnado. Eram portas que os faziam alcançar novos planos do universo. Se estivessem em planos do astral e necessitassem evoluir, sabiam que a porta do nascimento preencheria essa condição. Assim, o nascimento e a morte para eles eram sagrados e, como tal, revestidos dos mais belos e puros rituais, ao contrário de hoje em dia, em que principalmente o fenômeno da morte, salvo raríssimas e honrosas exceções, é encarado como extermínio, aniquilação total, sendo revestido de paixões, de choques e de profunda dramaticidade. Claro que respeitamos a dor daquele que perde um ente querido, mas gostaríamos que após o choque, após o impacto, se entendesse que não se perdeu nada. Quando muito, perdemos temporariamente o convívio físico, e só. Assim, quanto mais nos distanciamos da Proto Síntese Cósmica, mais o desencarne é chocante e constrangedor, atingindo os últimos limites da resistência emocional do Ser, que se sente privado ou subtraído. Em verdade, na atualidade, a morte choca quem morre, pois o mesmo chega ao astral que lhe seja afim completamente em desequilíbrio. A morte choca profundamente quem fica, se não houver o devido preparo para essas situações inevitáveis. Importante que mantenhamos a paz, tanto para nós como para quem deixou sua indumentária física. Acreditamos que, para o futuro, fará parte dos bons costumes ou da educação ser bem comportado para com o fenômeno da chamada morte. A preparação fará com que cada filho deixe de ver a morte como sendo constrangedora, não trazendo então para si próprio sentimentos de angústia e aflição, os quais afloram à mente e ao coração quando vem a lembrança de que fatalmente, um dia, será sua vez. E por esses e outros motivos que o mediunismo teve de surgir, mas não em todos, pois os contatos que antes eram diretos já o tinham deixado de ser há milênios. Não houve outra alternativa, tiveram que surgir os médiuns, como porta-vozes e veículos de Seres Espirituais. Em geral são os médiuns aqueles que naquelas épocas remotas colaboraram para que o contato natural deixasse de existir. Assim, estão eles, hoje, como porta aberta entre o plano astral e o plano físico. Como dissemos, não são todos os médiuns que têm essa história, mas uma grande maioria a tem. Surgiram os médiuns como veículos de Espíritos, os quais procuram gradativamente e sem ostentação dizer a todos que a vida continua, que a morte não existe, que o que existe mesmo é só a vida. E se assim o fazem, é porque sabem que não está muito distante o dia em que o próprio Ser terreno descobrirá que a morte não existe. A própria Ciência oficial chegará a essa conclusão. Já pensaram se não houver nenhuma preparação nesse sentido? Aí está um dos motivos pelos quais nós, do plano astral, não temos até agora dado provas contundentes e finais sobre a imortalidade da Alma. Os Seres terrenos não teriam a tranquilidade necessária. Após essa nota, voltemos onde havíamos parado. Não era assim naqueles tempos gloriosos em que a portentosa Raça Vermelha, com todos seu Conhecimento, era pura e tranquila. Já dissemos que, em meio a todos, havia os que eram possuidores dos maiores poderes, e os mesmos não eram invejados como aqueles que hoje possuem uma faculdade superior às dos demais. Ao contrário, naqueles tempos, eram eles respeitadíssimos e, sem afetação, também respeitavam seus iguais. Eram sempre aclamados por todos como CONDUTORES, como SACERDOTES, os quais naqueles tempos eram chamados TUBABARASHA ou BABARASHA. Eles e só eles tinham condições, devido à sua própria natureza, de entrar em contato, de forma mais natural possível, com seus Mestres Espirituais do astral superior. Esses Mestres do astral superior recebiam a denominação ARASHA. Assustado, Filho de Fé? Você está pensando que Caboclo trocou ORISHA por ARASHA. Não, Filho de Fé, preste atenção que você entenderá perfeitamente nosso raciocínio. Como dissemos antes, os primeiros vocábulos do planeta são de origem Abanheenga ou de sua primeira ramificação, o Nheengatu. Ora, nada mais justo pois que busquemos nos fonemas, nas sílabas eufônicas e onomatopáicas desses idiomas, o vocábulo desejado em sua mais pura raiz. É claro que o vocábulo sagrado Arasha foi anterior a Orisha. O termo Orisha é corruptela de 3a ou 4a geração do termo Arasha. Foram também anteriores ao termo Orisha a maioria de todos os termos litúrgicos e sagrados usados para denominar as Potências Superiores. Assim, à guisa de exemplo, o mesmo aconteceu com os vocábulos YAMANYA (YEMANJÁ), XINGU (XANGÔ) e AXALÁ ou OSHILA (OXALÁ). Resumidamente, sem entrarmos em complexas discussões fonossemânticas ou filológicas, vejamos as traduções de: ARASHA ARA — LUZ SHA — SENHOR ORISHA ORI — CABEÇA, LUZ SHA — SENHOR Vimos, pois, que o vocábulo sagrado ARASHA tem a mesma significação que Orisha — Senhor da Luz. Como o Abanheenga foi a primeira língua raiz, é justo que se diga que arasha é milhares de anos anterior ao vocábulo Orisha. Vejamos também os seguintes vocábulos sagrados: YAMANYA MÃE DAS MÃES DO MAR — MÃE DAS ÁGUAS — MÃE NATUREZA, etc. YE OMO EJA MÃE DOS FILHOS PEIXES — MÃE DOS FILHOS DA ÁGUA, etc. Assim, entendemos as similitudes do vocábulo. Ainda nos reportando ao vocábulo YEMANJÁ, temos: No Abanheenga — YAMANYA YA — Mãe ou Natureza MAN — Mar, Água YA — Mãe ou Natureza Hieraticamente: Mãe das Águas ou Senhora da Natureza. No Yoruba (Nagô) — YE OMO EJÁ YE — Forma antiga de Mãe OMO — Filho EJÁ — Peixe Hieraticamente: Mãe das Águas ou Senhora da Natureza. O mesmo acontece com o vocábulo sagrado XINGU: XINGU ou XINGÓ (Abanheenga) SENHOR DAS ALMAS — SENHOR DO FOGO ETÉRICO XANGÔ (Yoruba) SENHOR DAS ALMAS — SENHOR DO FOGO ETÉRICO Para robustecer o que falamos, queremos citar que, no idioma Quiché ou Quíchua, a Divindade que representava o SENHOR DA LUZ era denominada AH RAXA. Esse termo é encontrado nos livros da comunidade, o chamado POPOL VUH. Como vimos, a SEMELHANÇA é incrível!!! Tentemos agora, de forma bem simplista e com total transparência, explicar como surgiu o termo TUBA entre os índios atuais e BABA entre os africanos e hindus. Em verdade, no Abanheenga ou Nheengatu, o vocábulo era TUBABA, cuja significação era Meu Pai Sagrado e, posteriormente, Meu Pai. Com o passar dos tempos, houve uma apócope da sílaba repetida (simplificação do vocábulo), ficando somente TUBA, que continua significando Pai. Em terras africanas aconteceu algo muito similar ao ocorrido aqui em terras brasileiras. Por processos de facilidade de adaptação fonética, suprimiram o TU do vocábulo TUBABA. Assim, ficaram com o termo BABA, que continua significando PAI. Em Tupy, MÃE é YA ou CY. Em Yoruba, MÃE também é YA. Interessante, não é, Filho de Fé? Será apenas coincidência? Claro que não, isso é o que tentamos provar nas linhas anteriores. Na África, o termo baba é de origem Yoruba, mas em Angola e Congo, ou seja, no idiomaKibundo, TATA também significa PAI. Esse, por sua vez, é corruptela de BABA dos Yorubas. Ainda completando, também na Índia, quando querem se referir ao PAI, usam o vocábulo BABA. O diminutivo para eles é BABAJI (Paizinho). Dentre muitos vocábulos que ainda vamos mostrar, queremos salientar o termo BABARASHA — SACERDOTE DOS SENHORES DA LUZ. Em verdade, os Babarashas eram verossímeis Sacerdotes da Luz, pois comunicavam-se, como vimos, diretamente com Eles, seus Arashas (no seio da Raça Vermelha Pura). Ao contrário, BABALORISHA — BABA ORISHA — é o Sacerdote que é possuído pelo orisha, isto já em Yoruba (africano). Vejamos o vocábulo ASHALÁ ou OSHALÁ: No Abanheenga — ASHALÁ ou OSHILÁ — houve uma apócope no termo ARASHALA, que significa A LUZ DO SENHOR DEUS. No Yoruba — OXALÁ — O SENHOR DO ALÁ, ou do PANO BRANCO, que hieraticamente tem a significação de: A Luz do Senhor Deus. Poderíamos citar centenas de termos equivalentes e analisar sua sonância, e veríamos que no fundo significariam a mesma coisa. Quisemos dar o vocábulo original pois é o mesmo fonocronometricamente ideal, até no movimento de certas vibrações, naquilo que os Filhos da Terra chamam de MANTRA. De forma alguma há intenção de menosprezar ou desvalorizar os Filhos da Terra ligados aos Cultos de Nações Africanas, nem muito menos nossos irmãos da Raça Negra que se encontram no astral; a eles MOJUBÁ, pois eles, como nós, sabem dos arquivos existentes no astral superior, em que consta que os primeiros vocábulos místicos sagrados de todos os povos derivaram ou foram revelados na pura Raça Vermelha, a qual, sem prepotência, é "Senhora dos Céus (Planos) Brasileiros e do Planeta". Se alguns vocábulos se encontram de posse exclusiva da Raça Negra, é porque: lº) Houve sérias inversões fonométricas, alterando ou não o verdadeiro sentido; 2º) Foram perdidos pelas raças indígenas atuais, mas é claro que devem se encontrar nos arquivos do astral da Raça Vermelha. Bem, estávamos falando dos Tubabaraxá ou Babaraxá, que como dissemos eram Sacerdotes. Hierarquicamente eram subordinados, pois eles assim queriam, aos Tubaguaçus, os quais eram profundos conhecedores das Leis Cósmicas. Também buscavam formas e meios para conduzir a Raça Vermelha a melhores dias. A ordem sociopolítica era perfeita, não havia despeitos, nem orgulho, nem vaidade, muito menos a inveja ou o egoísmo. Havia sim perfeito cooperativismo entre todos sem exceção. Cada um cumpria sua função, segundo seu grau de habilidade naquilo necessário à tribo. As funções realmente eram ocupadas pelos melhores, pois visava-se à tribo como um todo. Se um queria a função, mas o outro era melhor, esse fraternalmente abraçava o primeiro, desejando-lhe sucesso, e pedia-lhe para ajudá-lo, no que o outro aquiescia de pronto. Não bastasse isso, tudo fazia para que seu auxiliar se tornasse igual ou melhor que ele mesmo. Vimos pois que não existiam melindres, tão comuns nos Filhos de Fé infelizmente atrasados para consigo mesmos. Pois, se há os melhores, que esses cumpram suas funções. Não permitir isso é egoísmo, é tola vaidade. Paciência, amanhã a vida lhes ensinará segura e serenamente... Retornando ao que falávamos, Aumbandan, naqueles tempos, era a Proto-Síntese Cósmica, ou seja, continha em seu bojo a Religião, a Filosofia, a Ciência e a Arte. Naquela época, o conhecimento ainda não havia sido fragmentado. Quem era conhecedor da Religião entendia a Filosofia, aplicava a Ciência e executava a Arte. Era, enfim, um polignóstico, isto é, tinha vários conhecimentos que se entrelaçavam. Usamos o termo polignóstico, o qual nada tem em comum com determinada Ordem espiritualista, a qual deve ser por todos respeitada em seu trabalho, assim como outra Ordem qualquer. Usamo-lo devido à teoria do conhecimento, que estuda a natureza do conhecimento em geral, ser chamada gnosiologia (ramo da Filosofia). Assim, no seio da portentosa Raça Vermelha, a religião realmente foi revelada. Tinham sido revelados ao homem conceitos integrais de sua realidade espiritual. Se a Religião, primeiro pilar do conhecimento humano, foi revelada, o segundo pilar nasceu da observação e dedução. Assim, a Filosofia nasceu da observação constante das coisas, fenômenos naturais, anseios, desejos, expectativa de vida, ou mesmo no sentido de tentar explicar certas realidades. Naquela época, o Ser Espiritual encarnado buscava um conhecimento especulativo ou analítico sobre a REALIDADE. Uma dessas REALIDADES poderia ser: a) Autoconhecimento — conhecer profundamente a si mesmo; b) Conhecimento relativo à sua própria espécie — conhecer os outros; c) Conhecimento da Natureza Universal e suas Leis. Falando tecnicamente, a Filosofia é a disciplina que estuda o entendimento, bem como as relações entre o Ser, o conhecimento e o objeto. Na Filosofia, o Ser Espiritual raciocinou, analisou-se, analisou o meio, deu explicações especulativas e analíticas sobre a Realidade, mas claro que na visão dele. Quando o Ser Espiritual tentou explicar a Realidade em Princípios e Causas, fê-lo através de modelos; assim iniciou-se o processo das Ciências — o terceiro pilar. A epistemologia ou o método científico, sem dúvida, surgiu para o Ser Espiritual encarnado nesse tempo auspicioso. No mais foram apenas induções, deduções, observações, etc. Após a Ciência, surgiria o quarto pilar: o pilar da Arte, que como diz outro, dizemos nós: "Só a Arte conhece a Eternidade; tudo passou no Egito, salvo a grandeza dos seus colossos erguidos da areia; tudo passou na Grécia, salvo o conhecimento; embora tudo tenha passado, parece-nos que a Arte ficou..." Para nós também. E a Arte é a disciplina que estuda o valor dos símbolos. São esses símbolos expressões do sentimento. E também a Arte o sentimento ou o "Espírito Vivo" expressando um ato, um momento, uma emoção, uma época. Enfim, é o sentimento expresso. Assim, caro Filho de Fé, observe que aqueles Seres Espirituais da pura Raça Vermelha não ficaram a dever nada aos mais gabaritados cientistas, artistas ou filósofos da época atual. Ao contrário, esses conhecimentos atuais eles haviam superado de há muito, ou seja, ainda estamos muito distantes daqueles conhecimentos. Esses eram trazidos de LOCAIS CÓSMICOS muito mais adiantados que o nosso atual. Gradativamente, os Seres provenientes desses locais foram instruindo seus irmãos menos experientes, e sem dúvida lhes ensinaram, pois poucos deles não subiram a planos de evolução completamente inimagináveis ao atual estado de evolução em que se encontra o planeta Terra. Um dia, sem dúvida, chegaremos lá, mas como sempre muitíssimo trabalho nos aguarda. Em verdade, trouxeram uma enorme bagagem de conhecimentos, incríveis para a época. Conheciam profundamente os meios do RELIGARE, na sua mais pura e real expressão religiosa. Tinham fortes conquistas filosóficas sobre todas as coisas, sem nenhuma dúvida ainda hoje não alcançadas no planeta. Do poderio de suas Ciências temos resquícios através das pirâmides e processos de mumificação ensinados aos egípcios e aos povos das 3 Américas. As ARTES MÉDICAS eram inclusas em conjunto com a Filosofia, Religião, Ciência e Arte, pois para curar através da administração de medicamentos, o médico-mago ou payé devia ter sólidos conhecimentos de Física, Química, Botânica, Zoologia, Fisiologia, Anatomia oculta, Filosofia e Artes. É óbvio que essas disciplinas deviam ter outras denominações, e realmente tinham, pois o conhecimento deles era de SÍNTESE. O importante é que eles eram conhecedores de todos esses ARCANOS CULTURAIS, os quais eram a base de todo o CONHECIMENTO. Ao Filho de Fé e mesmo ao livre-pensador, pedimos especial atenção. Falamos até o momento dos QUATRO PILARES DO CONHECIMENTO HUMANO, estando eles dispersos, rompidos em suas interligações. Assim, em verdade, nós não podemos citar Proto-Síntese Relígio-Científica. Só poderemos citar Proto-Síntese Relígio-Científica quando houver uma inter relação entre esses quatro pilares, ou seja, quando tivermos um CONHECIMENTO UNO. Talvez, através da forma geométrica, consigamos esse intento. Vejamos: Parece-nos que essa figura geométrica une os pilares, embora essa união seja de forma completamente estática, pois não há dinamismo, não há ponto em comum entre os quatro pilares do conhecimento. Tentando colocar os quatro pilares do conhecimento humano em um ponto único, podemos obter uma PIRÂMIDE de base quadrilátero. Parece-nos que essa pirâmide de base quadrada atende nossas necessidades. Senão, vejamos: Os quatro pilares, sejam eles quais forem, ao dirigirem-se ao vértice para formar a pirâmide, estão formando a SÍNTESE, ou seja, os quatro conhecimentos reunidos em único ponto. A intersecção dos quatro pilares convergiu em um único ponto, o qual foi chamado de SÍNTESE. Agora, já temos a Síntese dos quatro pilares — a Religião, a Filosofia, a Arte e a Ciência. Se observarmos bem, chegamos a cinco pontos. Acreditamos que até poderíamos iniciar, agora, uma pequena analogia iniciática com todos os Filhos de Fé. Tentaremos aqui chegar nos 7 pontos. Relacionaremos os ORISHAS SUPERIORES com esses conhecimentos. A Proto-Síntese Cósmica encerra, em seu Círculo Uno, a hei, e essa, por sua vez, exterioriza-se através da sabedoria e do amor, que movimentam a síntese inferior ou a Proto Síntese Relígio-Científica, a qual equilibra, de forma harmoniosa, a Religião, a Ciência, a Filosofia e a Arte. Busquemos na PIRÂMIDE a explicação, pois a mesma ainda nos permite algumas alusões. Os povos que foram herdeiros dessa tradição guardaram os mistérios a sete chaves, e, como veremos em outros capítulos, em 78 (57 +21) placas de ouro, que se encontravam no topo de uma pirâmide egípcia. Há também pirâmides no solo brasileiro, algumas perdidas, outras achadas e não declaradas e outras mais completamente destruídas, como há também em outros locais das Américas. Basta lembrarmo-nos das pirâmides mexicanas e peruanas, como a Pirâmide do Povo do Sol, etc. Preste bem atenção, Filho de Fé! Todas essas pirâmides tinham uma característica especial: suas faces estavam voltadas para os quatro pontos cardeais. Nos importantes Centros Iniciáticos na América e da África, como os egípcios, nas quatro faces havia portas. Cada porta representava uma disciplina. Entrava-se pela porta que correspondia à disciplina mais afim ao discípulo. Cada entrada dava numa espécie de saguão, o qual tinha um lance de escadas, e após esse, outro saguão, e assim sucessivamente até o topo da pirâmide. Como dissemos, dependendo do aprendizado, ia-se gradativamente subindo seus degraus internos. Vimos que cada porta, em cada cardeal, representava uma disciplina. Podia-se entrar por qualquer porta e permanecer naquela face por sete dias. Caso não quisesse prosseguir, poderia sair e entrar por outra porta. Mas após ter completado os sete dias, não poderia mais sair. Se o Iniciado não se desesperasse, conseguiria encontrar "portas" que o levariam ao local que desejasse. Mas, no fim de tudo, ficava sabendo que o que desejava era TUDO, e então subia, até que chegava no topo da pirâmide. Era então considerado INICIADO NOS PEQUENOS MISTÉRIOS, era conhecedor da Proto-Síntese Relígio-Científica. Em outros capítulos, veremos melhor esses aspectos importantes da INICIAÇÃO CÓSMICA. Ao terminarmos, é bom que entendamos que tudo isso iniciou-se aqui no Baratzil. Foi aqui que a portentosa Raça Vermelha surgiu e alcançou seu apogeu, bem como foi aqui que a Proto Síntese Cósmica foi revelada. Assim, o Movimento Umbandista da atualidade visa restaurar todos esses processos do Aumbandan. Deve o Filho de Fé ou o leitor atento estar se perguntando: Não é por tudo isso que se processa nos céus ou astral brasileiro, sob o Cruzeiro Divino, esse portentoso movimento vibratório? Todos os movimentos espirituais sérios parecem apontar para o Brasil! A resposta é: Sem dúvida que sim! Assim, não fica difícil entender como será o Brasil no 3º milênio. É por tudo isso que a CORRENTE ASTRAL DE UMBANDA trabalha, pois nestas terras iluminadas pelo Cruzeiro do Sul ressurgirá o AUMBANDAN — a verdadeira PROTO SÍNTESE CÓSMICA. Com tudo isso, esperamos que tenha ficado claro que a PROTO-SÍNTESE RELÍGIÃO CIENTÍFICA se expressa como um TODO, como um conhecimento integrado e não desassociado, como infelizmente observamos em nossos tempos. É dessa associação que cogita, embora de forma velada, o Movimento Umbandista da atualidade. Pecamos a TUPÃ que nos dê forças para trabalhar. O tempo rápido há de passar, para colocarmos no lugar certo o que ontem colocamos em lugares completamente errados. E vamos, sem perda de tempo, ao outro capítulo. Continua no capítulo Oito. Livro UNBAMDA – A Proto Síntese Cósmica. Abraço. Davi.