quarta-feira, 30 de abril de 2014

Atma (Monada)

(C.016). Na Índia há uma árvore que os Brâmanes e Hindus consideram como a representação setenária (as sete partes) do homem. Ela é pequena e contem sete galhos folheados. As sete partes do homem, por sua vez, se dividem em duas; uma de quatro partes e outra de três partes. Essa divisão bipartite do homem traz uma melhor compreensão de suas características físicas (densas, espessas) e espirituais (fluida, volátil). Grosso modo podemos exemplificar como aquilo que é material e o que é imaterial. No cristianismo temos a clássica divisão do ser humano como: corpo, alma e espírito. O corpo é a parte material e, a alma e o espírito é a parte espiritual. O pensamento teosófico baseado nas tradições orientais (hindus), expande estes aspecto dando (alguns em sânscrito) novos nomes e aplicando conceitos mais abrangente e refinados. Esse assunto sempre volta a tona pois, quando falamos do humano em um de seus aspecto, precisamos comentar os outros para uma abrangência mais precisa do raciocínio a ser usado. A bipartição humana é formada da parte inferior chamada quaternário e da parte superior chamada tríade. A camada inferior contém: o corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o manas inferior (alma humana). Essa categoria é a representação de nossa personalidade. É importante para os futuros renascimentos que "ela" seja completamente desintegrada após a nossa morte pois, como o centro dos desejos e vontades mundanos "ela" age involuindo nosso progresso espiritual. Não havendo um desprender adequado da personalidade, (pós mortem) nosso carma precisará ser compensado dentro de reencarnações reparadoras e retificadoras. Por conseguinte a  personalidade passará por um doloroso estágio de eliminação. Uma boa analogia está em Mateus 25: 30 "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores, ali haverá pranto e ranger de dentes". A camada superior contêm: o manas superior (alma espiritual), buddhi e atma. Esta classe é a tipificação de nossa individualidade. Ela é a instância onde reviveremos nossas futuras reencarnações. A compreensão é que nossa vida atual é o resultado das vidas passadas que vivemos. A doutrina esotérica mensura pelo menos 777 novos renascimentos. Isso pensando em nosso planeta terra onde se imagina começar nosso percurso evolutivo. A individualidade é perdurável pela eternidade. Acendendo em um desenvolvimento e progresso contínuos até a completude com o Espírito Universal. A questão que se coloca diz respeito a luta do ego inferior (personalidade) com o ego superior (individualidade). São dois "magnetismo" onde um é negativo e o outro positivo. O negativo deseja apenas  os prazeres mundanos e materialistas. Satisfação própria, saciedade, compromissos com vontades efêmeras e ilusórias. O positivo busca percorrer a senda espiritual. Mateus 7: 14 "E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontrem". Este percurso sinuoso e difícil é para aqueles que desejam alcançar o nirvana (gozo e conforto entre os períodos das desencarnações) ou descanso por seu trabalho de beatitudes e méritos para com seu próximo. Um lugar de consolo. Lucas 16: 22 "E aconteceu que o mendigo (Lázaro) morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". Seu carma foi reparado em vidas passadas e na atual. Nosso grande desafio nesta encarnação é vivermos mais nossa individualidade (a busca pelas coisas espirituais) desgrudando-nos da personalidade (o apego exagerado ao hedonismo, narcisismo e futilidades temporais). O tema desta palestra é Atma (Monada). O conteúdo desta exposição está num livro chamado Doutrina Secreta da escritora Helena P. Blavatsky (1831-1891). Vimos que Buddhi é o envoltório da chispa divina (raio luminoso ou monada) que descendo a terra iniciou o processo evolutivo humano mineralizando um fragmento de rocha. Um famoso texto da tradição mística judaica contido na cabala diz: Do mineral tornou-se vegetal, do vegetal tornou-se animal, do animal tornou-se homem, do homem tornou-se espírito e do espírito tornou-se deus. Interessante que estudos avanços no campo da física quântica e a nanofísica comprovam níveis de consciência nesses elementos citados anteriormente. Nos minerais é justificado a presença de primitivas formas de consciências latentes. Como exemplos temos os cristais de rochas. Eles com suas formas (poliedros, tetraedros, hexágonos, cubos) geométricas vistos em laboratórios, microscopicamente realizam mudanças de interações de partículas. Nas plantas isso é bastante visível a olho nu. Elas voltando se para a posição do sol, procuram uma melhor adaptação para realizarem o processo de fotossíntese, fundamental para a produção de seus nutrientes e trocas gasosas com o meio ambiente. Os animais são alvos de estudos deste os tempos de Ivan Pavlov (1849-1936). Ele com sua psicologia experimental percebeu uma  pré evoluída consciência nesses bichos. Quem tem um em casa reconhece as suas (afetos, sentimentos, gostos, vontades, alegrias, tristezas) expressões parecidas com as humanas. Cães, gatos, macacos e ratos são usados pela ciência investigativa nas mais diversas experiências. A psicologia e outros ramos da ciência tem nos cães e outros animais objetos de estudos (cobaias) para após resultados estatísticos comprovados aplicarem em seres humanos. Fatos como esses revelam uma consciência mais adiante nesses animais que em espécies menos evoluídas. A monada está velada em (encoberta) cada um desses estágios evolutivos do homem. Salmos 82: 6 "Eu disse: Vós sois deuses e, todos vós filhos do Altíssimo". Atma é o Espírito Universal, A Consciência Cósmica, O Deus Eterno o idealizador, promotor, assegurador, realizador e concluídor do processo evolutivo universal. Este raio luminoso (monada) é uma partícula de Atma. Quem primeiro formulou esta teoria foi o filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Ele concebia a monada como um bilionésimo fragmento de átomo. Uma substância segundo ele indestrutível e indissolúvel. Esta monada ou raio vinda de um dos planetas de nosso sistema solar incidiria sobre um ínfimo grão de rocha desencadeando assim o processo evolutivo da vida humana. Isso em um tempo passado que não conseguimos mensurar no espaço matematicamente. A monada encapsulada em Atma é o princípio ativador da existência humana. Ela perfaz as várias raças raízes onde encarnamos, reencarnamos e desencarnamos cumprindo o que determina (carma) a lei da causa e do efeito. Segundo o pensamento teosófico vivemos a quinta raça raiz de um total de sete raças raízes. A primeira raça é a dos nascidos por si. Os sem mente. A segunda raça é a dos nascidos do suor. Os sem osso. A terceira raça é a dos nascidos do ovo. Os Lemurianos que eram  gigantes. A quarta raça é a dos Atlântes. Também eram  gigantes. A quinta raça é a atual (nossa) chamada de Ariana. A sexta raça será mais desenvolvida que a quinta. A sétima raça será mais desenvolvida que a sexta. Nesses dois últimos estágios os indivíduos terão uma consciência muitíssimo evoluída. Duas glândulas cerebrais tem sido (século passado e neste) objeto de estudo da ciência. A glândula pineal segundo recentes pesquisas tem propriedades psíquicas de teletransporte através de suas partículas atômicas abre-se a possibilidade de comunicação com outras consciências menos e mais evoluídas que a nossa. O hipotálamo com formato de uma amêndoa liga o sistema nervoso ao sistema endócrino. Ele é o produtor dos hormônios que ativam as emoções e a sexualidade. Pesquisas e investigações científicas (esotéricas) realizadas nesse órgão esperam para num futuro, grandíssimo desenvolvimento da áudio vidência (audição de infra e ultra sons) e a clarividência (leitura e transmissão de pensamentos com outras pessoas. Também percepção de infra e ultra cores). O que a neurociência tem chamado de "ativação" do sexto e do sétimo sentidos humanos. Completando-se assim o ciclo evolutivo cósmico. Este assunto que abordamos é de um nível de compreensão mais apurado, envolvendo uma considerável abstração lógica para entender suas premissas e pressupostos. Uma matéria que deve ser investigada e analisada demoradamente (anos) com acuidade e perícia. Com amizade. Davi.             

terça-feira, 29 de abril de 2014

Fernão Capelo Gaivota.

Minha reflexão sobre o Filme Fernão Capelo Gaivota tem um caráter pessoal. Escrevo mais com o coração que com a razão. Isso talvez prejudique a crítica. Marcou-me muito o enredo e o cenário exuberante da natureza. Um filme que por sua beleza plástica e artística congela-se em nossa memória. O cinema pra mim é deslumbrante. O tenho como uma sessão de análise. Ajo como um paciente e a projeção é meu (analista) terapeuta. A magia do cinema é encantadora, proporcionando uma viajem para dentro do inconsciente e saindo pela imaginação das fantasias e sonhos do consciente adormecido. O início da projeção proporciona um estranhamento. Muita música e imagem, pouca fala, e uma extraordinária natureza enchem nossos olhos e sentimentos duma profunda paz e alegria indescritível. O mar com seus mistérios e lembranças perpassa todo o enredo. "Ele" com sua imensidão, representa nosso desejo por conhecer o ignorado e a busca por encontrar a nós mesmos. As rochas e penhascos simbolizam as dificuldades que teremos, ao escolhermos um caminho que torna-nos "individuais" num processo de transformação. Inferindo percebemos na projeção a colonização pela consciência coletiva. Uma uniformização por regras e preconceitos fechados. As milhares de gaivotas vivendo em colonia se submetiam sem questionamento a um comando (conselho de anciãos) único e supremo. Nenhuma decisão ou escolha poderia ser feita sem a permissão destes legisladores. Fernão queria superar seus limites ao voar, mas um "decreto" impedia as gaivotas de fazê-lo e, caso alguma ousasse infringir a lei seria expulsa do bando. Fernão contrariando as expectativas, criou coragem e escolhendo correr o risco alçou voo nunca realizado pelos de sua espécie. Enfrentando perigos superou seus próprios limites. Foi recompensado com a descoberta de um mundo novo, acessível à conquista de todos. Por seu atrevimento e desobediência aos preceitos vigentes. Um tribunal (de anciãos) foi destacado para investigar e dar parecer sobre o caso. O veredito concluiu que por atravessar fronteiras proibidas, ofendendo a cultura tradicional vigente e por procurar "subverter" alguns do bando, Fernão deveria ser expulso daquela comunidade e impedido de ter contato com qualquer um de seus antigos párias. Esses foram os motivos pelos quais Fernão começou seu percurso para encontrar sua própria identidade. A princípio uma solidão toma conta dele. Como precisamos da "solidão" em momentos de desencontros. Neste âmbito podemos pensar por nós mesmos e construir a nossa história com o "outro". As várias viagens que Fernão fez por terras longínquas são cenários que enchem de comoção os olhos e o coração. Andando no deserto ele percebe seu rasto marcado na areia. Sente a beleza pela surpresa dessa descoberta. Seu espanto e admiração na região fria mostra como demoramos por assimilar condicionamentos que não estamos acostumados a vivenciar. Fora da cobertura cultural, passamos por um processo de difícil transição, adaptando-nos a nova realidade que se apresenta. Quando saímos de estruturas rígidas (dogmáticas e extremistas) temos a sensação de estarmos sozinhos. Com o tempo reconhecemos que a experiência exibe o contrário. Outros passaram a mesma situação encontrando convivências em ajuntamentos de mútuos relacionamentos. Fernão passou por um processo de aprendizado nas várias circunstâncias que enfrentou. Tinha um forte desejo, contar as boas novas para seus amigos do antigo bando. Há um fascinante mundo lá fora para ser explorado por nossa percepção, imaginação e vontade. Em suas investigações pessoais "ele" encontra um pequeno grupo de gaivotas despegadas de sistemas inflexíveis e severos. Tem com esse novo bando relacionamento de convivência. Não mais uma estrutura exclusivista e estreitante, fechada em suas crendices e estereótipos. Neste recente ambiente Fernão percebe que sua voz é acolhida e respeitada. Valorizar a vida (fraternidade universal) e a existência (convivências humanas) são agora seus princípios norteadores. Sua amizade com uma gaivota fêmea pode ter-lhe trazido recordações de sua velha cultura, onde os machos tinham preeminência e superioridade (voz ativa) nos encontros normais e nos conselhos. A fêmea tinha apenas (atividades primárias e subalternas) a função de procriação. Suas opiniões (fêmea) eram castradas e veladas pela austeridade do dogmatismo do antigo grupo. A cena de Fernão colidindo no penhasco e salvando o filhote de gaivota mostra sua maturidade existencial. Não tem uma vontade massificada. Agora um "indivíduo" apenas é alvo de sua compaixão. Quase morre neste incidente, mas recupera-se ao entrar em contato com o "outro". A liberdade faz sentido quando assumimos um (fraternidade e irmandade) compromisso com o "outro". Um isolamento nos despersonifica como indivíduos e não existimos como construção histórica. O "outro" é o caminho que mantem a vida em equilíbrio. Fernão ao retornar a sua antiga comunidade, tentou a seu modo convencer seus companheiros com argumentos lógicos, mas não teve sucesso. A cena daquele filhote de gaivota revirando o lixo a procura de alimento impressiona. Este filhote com uma das asas quebradas ainda encenava alçar voo. Precisamos no "cotidiano" discernir o lixo do alimento nutritivo. Parece fácil, mas pondere e veja que não é tão simples. A comida (física ou espiritual) saudável é crucial e determina nossa saúde ou doença. Se temos um anelo, uma aspiração na alma e uma disposição pra realizar um sonho, acredite você tem condições de "voar" acima das nuvens. No final Fernão aprendeu que o amor é a única instância que abre o dialogo, e tem condições de vincular os iguais e aproximar os desiguais. Não mais uma colonização dominadora, mas uma diversidade de tons, imagens, sons, acordes e harmonias. Como a natureza em sua multiplicidade e pluralidade. Fraternal abraço. Davi.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O Poder Transformador das Virtudes.

(C.015) Vamos refletir sobre o texto bíblico de Mateus 19: 16 - 22.  "Eis que alguém aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?. ( ... ). Se queres, porém, entrar na vida guarda os mandamentos. ( ... ). Tudo isso tenho observado; o que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus. O jovem retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades". Sócrates (469 AC 399) fez uma clássica definição de virtude, "é a arte da capacidade de perceber e realizar o bem". Um dito popular que podemos aplicar ao jovem rico é o que diz: "a mente mente descarradamente". Ele enganava-se imaginando que por cumprir os mandamentos estaria apto para entrar na vida eterna. Quando meditamos em virtude podemos dizer: "falar do bem e do belo é bom e só faz bem". O perceber o bem é um primeiro passo para trilhar uma vida virtuosa. Uma ilustração disso é sabermos que uma flor desabrochará em um momento determinado. Mas vendo este evento o desejo da beatitude é realizado. Assim, a virtude é uma ação motivada pelo coração. Conta uma lenda persa que um jovem foi a procura de sua amada. Encontrou-a em uma casa trancada num dos quartos. Ele várias vezes bateu na porta pedindo que ela abrisse, mas a súplica foi negada. Então decidiu percorrer a periferia da aldeia onde morava procurando os pobres e necessitados para ajudá-los conforme pudesse. Platão (428 AC 328) e seus discípulos reconheciam que a virtude tinha (prudência, sabedoria, coragem e verdade) quatro aspectos. A prudência (cautela e cuidado) como a primeira categoria, mostra a necessidade de se evitar tudo o que possa ser prejudicial ou inconveniente. Também é revelada quando usamos o bom senso e o comedimento. É difícil precisar o termo sabedoria que é o segundo requisito. Ela está ligada a temperança (moderação nos desejos e apetites), tendo sobriedade nas escolhas e decisões. A sabedoria é adquirida pela experiência de vida humana, além do conhecimento acumulado ao longo do tempo. A coragem como o terceiro item, é a força ou energia moral diante do perigo ou de situações adversas. Uma atitude de ânimo e bravura frente aos desafios da vida. A verdade como o quarto elemento é a realidade para além dos sentidos e da percepção. As filosofias e religiões buscam a "verdade" para iniciarem seus processos de desvelamento dos mistérios exotéricos (externos e abertos ao público) e os esotéricos (internos e ocultos só para os iniciados). A "verdade" é a base da virtude quando praticada com ética e moral nos contextos humanos. O jovem do conto persa após suas andanças exercitando a virtude, volta à casa da amada, bate novamente na porta onde "ela" está trancada. Com alegria vê a porta abrir-se e recebe um apertado abraço da moça. Mateus 7: 7, "Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-a. Pois todo o que pede recebe, o que busca encontra, e a quem bate abrir-se-lhe-a". Nossa condição é de ambiguidade em relação a virtude. Bem e mal residem em nossa personalidade. O bem está em nossa parte superior chamada de individualidade. É a instância que conecta nossa alma espiritual a Divindade Eterna. O mal é manifestado em nossa parte inferior chamada de personalidade. É a esfera dos desejos mundanos e vontades egoístas. Aqui nestes dois aspectos temos a dualidade (luta mortal) do ego inferior com o ego superior. Se em nossa experiência cotidiana permitirmos a preponderância de nossa individualidade espiritual, praticaremos atos de justiça. Apocalipse 19: 8 "pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos". Esses "atos" representam as elevadas virtudes humanas. Os místicos das várias tradições religiosas (judaica, budista, indu e islâmica) cogitam a pessoa virtuosa como aquele que é capaz de separar as coisas materiais das espirituais. Romanos 8: 6 "Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz". Esse ensinamento dos místicos leva o iniciado na senda espiritual a alcançar um considerável nível de pureza e santidade. Ser puro é a qualidade de não estar misturado a elementos mundanos. É o exercício de um alto padrão de moralidade e meritoridade. Mateus 19: 18, 19 "Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe e, amarás o teu próximo como a ti mesmo". O jovem rico do texto inicial cumpria esses quesitos de pureza, mas é necessário ser também uma pessoa santa. A santidade é uma entrega do coração pelo exercício do altruísmo e abnegação a favor do próximo. Uma experiência não de troca (cambio) pelo merecimento, mas atitudes e comportamentos desprovidos de uma futura recompensa. Um bom exemplo dessa santidade é São Francisco de Assis (1182 - 1226) que com os seus três votos (pobreza, castidade e obediência) mostrou seu compromisso com os desamparados e desprotegidos da sociedade. Ele considerava a pobreza como sua esposa. A castidade como sua irmã e a obediência era sua senhora. Infelizmente ao final da sua vida São Francisco, "estigmatizado" pelas feridas do Mestre Jesus, confidencia à sua íntima amiga Santa Clara (1194 - 1253) sua tristeza por ver o movimento Franciscano desviando-se completamente de seus objetivos primordiais. Depois da grande expansão (Europa, Ásia e Africa) os franciscanos se organizaram, sistematizaram-se, fundaram escolas, universidades e, hierarquizando-se criaram bancos de investimentos. Seus teóricos formularam conceitos de propriedade pública e privada. Tudo isso no século XII e XIII. Essa não era a visão original de São Francisco quando os primeiros discípulos se agregaram. Santa Clara teria dito que ele deveria fazer um último voto: abrir mão do movimento e deixá-lo seguir seu próprio caminho. O Mestre ensinou ao jovem rico que, suas atitudes apesar de puras manifestavam um coração impuro, pois ele comparava as coisas espirituais com "negócios" terrenais onde lucros e dividendos deveriam ser creditados. Enxergava as "obras" que realizava como "cotas" para aumentar seu capital na empresa "celestial". Ele como nós devemos assumir uma postura de pureza e santidade. Um despojar de nosso egoismo e mesquinhez materialista para uma entrega, contribuindo com o que temos e o que somos para a grande família humana, através da fraternidade universal. Com amizade. Davi.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Filme Morte em Veneza.

O filme: Morte em Veneza do diretor Luchino Visconti estreado pela primeira vez no ano de 1971 é, um clássico do cinema. Foi baseado no romance do escritor Thomas Mann com o mesmo título e, publicado no ano de 1912. Espero que assistam depois do meu comentário e tirem as suas conclusões. Em uma burguesia extravagante e consumista, vivendo o florescer do capitalismo, se escondia em cada situação social a hipocrisia e a luxúria, o ócio e o faz de conta. Um mundo restrito a uma fatídica realidade desgostosa e entediante. A filmagem é pouco comum para os nossos dias, acostumados a superproduções hollywoodianas com alta tecnologia e hiper definição de tomada de imagens. Penso que o diretor acertou com sua proposta de nos causar um estranhamento até, vontade de sair da sala de projeção. Mas é uma belíssima produção com os impecáveis figurinos dos atores, a praia, as ruas submersas, as gôndolas, as pontes e as velhas casas da romântica Veneza do início do século XX. O pavor e o medo da terrível peste negra (bubônica) que matou (cerca de 25 milhões) europeus e asiáticos se aproximava rapidamente de Veneza. Num ambiente sombrio e extenuante como este o tema da homossexualidade é mostrado com discrição e sem passionalidade.Uma contradição naquela sociedade puritana e impostura da época. Tratado no filme de uma maneira cuidadosa e imparcial o "tema", fica aberto a finalizações dos que os assistem sem uma apologia a um determinado ponto de vista. Como elementos para discussão, vejamos algumas fontes relacionadas ao assunto. Platão (428 AC 328) em seus postulados pensou o primeiro homem como um andrógino. Uma criatura contendo três sexos (andros, gynos e androgynos) ao mesmo tempo. Andros era a parte masculina. Gynos a parte feminina. E androgyno (hermafrodita) tendo as  duas sexualidades. Os três conviviam conjuntamente com "almas" separadas. Num determinado momento os "deuses" resolveram dividi-los. Assim cada parte (macho e fêmea) uniu-se a sua distintamente. A questão foi que os hermafroditas uniram-se aos seus (homos) iguais, provocando a ira dos "deuses" que passaram a persegui-los, pois teriam a possibilidade da auto reprodução. A tradição oral judaica do midrashin e da cabala tem idênticos pontos de vistas. Quando em Gênesis 2: 7 é dito: "E formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e, soprou em suas narinas o fôlego da vida", segundo esta tradição este é o homem Kadmo, um andrôgino como falava Platão. A interpretação para o versículo 18 deste mesmo texto bíblico, "não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea" é que, como Kadmo não tinha correspondente para o acasalamento o Eterno fez a separação de suas partes. O versículo 21 "O Senhor Deus fez cair um pesado sono sobre Adão e, este adormeceu, e tomou uma das costelas e, cerrou  a carne em seu lugar" é a prova da separação segundo este misticismo. Acrescento aqui outro elemento para a discussão do "tópico" principal. Em Ezequiel 16: 48, 49 "Vivo eu diz o Senhor Deus que, não fez Sodoma tua irmã, nem ela, nem suas filhas como fizestes tu e tuas filhas. Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma tua irmã: soberba, fartura de pão e, abundância de ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram e, fizeram abominações". Interessante este trecho bíblico pois, o maior problema de Sodoma foi a sua injustiça e o desamparo aos pobres e necessitados. Há uma enfase exagerada na "sodomia" como o ponto principal da (Gênesis 19: 23-25) destruição da cidade. Esquecemos que o Eterno em seu infinito amor escolhe nossas misérias e mazelas como alvo de sua misericórdia. Somos prontos a acusar e condenar o "outro", mas nossa podridão escondemos debaixo do tapete. Somos covardes e enganando-nos, cobrimos nossas iniquidades com um tecido transparente. Em vão, "elas" acabam sendo expostas ao "outro".   O ator principal o escritor alemão Ausenbach é um misto de obsessão beirando a loucura. Tendo um conhecimento mais artístico e sentimental que uma racionalidade moral. Ausenbach talvez já portador do vírus da peste negra oscila entre a saúde e a debilidade. Sua obsessão mostra o perfil de alguém que, cegado por um desejo deixa-se "morrer" pelo inatingível. A lembrança de sua esposa e filha que ficaram em Munique, certamente salvaria a sua vida se retornasse, mas como foi fascinado pelo "belo", retroage para o destino que escolhera. Os músicos que cantam, tocam e riem entretendo os turistas estrangeiros e Venezianos os enganam  pois, a sombria calamidade se aproxima. É preferível mantê-los distraídos com as vulgaridades do cotidiano que alertá-los para que depressa abandonem a cidade. Tádzio como a representação e corporificação do "belo" platônico, simboliza o inconsciente inquietante de Ausenbach buscando uma suposta satisfação. Na sociedade conservadora e "puritana" do século XX, a concretização desse desejo arruinaria a sua carreira de escritor e a discriminação o expulsaria da elite burguesa. A mãe de Tádzio é um típico exemplo de passividade e ignorância sentimental. Na praia ela se diverte lendo livros e conversando com os parentes, enquanto se imobiliza vendo seu filho a mercê de olhares estranhos. A inatingível obsessão pervertida do escritor Ausenbach individualizada em sua morte, pode representar um discurso para no fundo não justificar o homossexualismo. Penso que esse "tema"  é sugerido pelo diretor que também é o protagonista do filme como (neurose) uma doença. Contudo este argumento no contexto da projeção (sem base teórica) mostra-se inconsistente. A puberdade de Tádzio é um momento de reflexão. Os pais devem tratar do assunto (homossexualidade) com os seus filhos usando da sinceridade e honestidade. Procurando não discriminar os homo afetivos e lançando luz trazendo para a discussão elementos morais, éticos, culturais e espirituais. Acho que nesta perspectiva se produzirá equilíbrio e coerência sem os demoníacos e perigosos extremos. A cena do prostíbulo expõe nossa natureza corrupta onde desejos e fantasias sexuais fora de uma "normalidade", são alta dose de veneno para o inconsciente. As controvérsias entre Ausenbach e seu amigo sobre o "belo" platônico, revela o perigo de se idealizar uma doutrina em bases sentimentais, desequilibrada e totalizante. Este fato produz um (individuocracia) auto governo de atitudes e vontades, não tendo espaço para contradições e desprovido de um mecanismo de retenção. Penso que a homo afetividade deve ser encarada num contexto histórico, sociológico, ético e espiritual de inclusão e inserção na convivência relacional. Este texto tem o propósito de lançar a semente do amor, tolerância e compreensão do "outro". Toda generalização embasada em verossímil verdade é restritiva e considero injusta. Carecendo da misericórdia e condescendência com o próximo.  Com amizade. Davi.            

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Comunhão e Confessar.

Nossa reflexão tem como base de ponderação os textos bíblicos que se seguem: I joão 1: 7 "Porém, se vivermos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos uns com os outros e o sangue de Jesus o seu Filho nos limpa de todo o pecado". I João 1: 9 "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele perdoará os vossos pecados e nos limpará de toda maldade". Tiago 5: 16 "Portanto confessem os seus pecados uns aos outros, para que vocês sejam curados". Provérbios 28: 13 "Quem tenta esconder os seus pecados, não terá sucesso na vida, mas Deus tem misericórdia de quem confessa os seus pecados e os abandona". Textos usados da Bíblia Sagrada Ed. Paulinas na linguagem de hoje. As duas palavras chaves destes textos que usamos acima são: unidos (outra versão seria comunhão) e confessar. É interessante pois não há gradação quanto a importância da união (comunhão), se a minha comunhão com Deus é maior ou menor que a minha comunhão com o meu irmão. O diferencial é Deus como luz, contrastando com nossas trevas. Somos um misturar de luz e escuridão. É difícil saber se somos mais uma ou menos a outra. Em Gênesis 1: 3 "Inferimos um paralelo como um possível vislumbre de quem somos. No final do versículo se diz "... a noite passou e veio a manhã. Esse foi o primeiro dia". Não sejamos ingênuos ao imaginarmos que por praticarmos obras de justiça (ir aos cultos, ler a bíblia, orar, ofertar, dar esmolas, não fumar, não beber e ser moralista) estejamos acima em elevação espiritual dos demais filhos de Deus. Inclusive colocando nossa crença como sinal de superioridade sobre os que ainda não creram. Não nos enganemos há mais treva em nós (involução) que imaginamos, como no princípio em Gênesis 1: 5 "E Deus chamou a luz dia; e chamou as trevas noite". A questão é que maquiamos nossas sombras com lampejos de bondade, santidade e ativismo espiritual. Nos escondemos em nossos atos de justiça, achando ser o ponto focal. A luz de Deus é essencialmente santificadora mas também, expositora, reparadora e condutora. Tem por objetivo levar-nos a união com o Pai, o Filho e os irmãos. Quanto mais imersos nessa policromia divina mais, reconhecemos quão abissais são nossas trevas e assim, podemos clamar. Salmo 38: 22 "Apressa-te em socorrer-me Senhor, minha salvação". "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus". Aqui fica claro que quanto mais luz mais confessar. Quanto menos luz menos confessar. Aparentemente é fácil em relação a Deus mas, essa mesma atitude para com um irmão não é tão simples. Blaise Pascal (1623-1662) um matemático (foi o inventor do protótipo da máquina de calcular)  e filósofo, piedoso cristão. Em seus últimos dias foi fortemente atribulado com dores físicas e mentais. Vivia mais enfermo que em saúde normal. Era participante de um movimento religioso chamado de Jansenismo. Eles tinham uma rígida disciplina espiritual além de uma austera capacidade de comunhão, contemplação e meditação nas coisas relacionados ao Eterno. Pascal no auge de sua experiencia com Deus dizia que, (em sua obra chamada Pensamentos) "os nossos pecados deveriam ser confessados para o máximo de pessoas possíveis". Penso que hoje é impossível agirmos nestes termos em nosso contexto pós-moderno. Assim como precisamos do perdão de Nosso Pai Eterno, de igual modo e na mesma proporção do perdão de nossos irmãos. "Portanto confessem os seus pecados ... para que vocês sejam curados". Aqui o pecado parece ser tratado como uma patologia sintomática, e um dos processos de cura é pelo confessar os pecados uns aos outros. Este assunto (pecado) é desenvolvido sociologicamente pela cultura e tradição de cada povo. Até individualmente temos conceitos divergentes sobre este ponto, pois a experiencia nesses casos tem proporções opostas nas várias formas e maneiras. A ideia aqui não é uma generalização (pecado) que distorceria o sentido do que queremos propor mas, num "foro íntimo" cada um em sua convivência com Deus perceber sua necessidade e como tratar do assunto com bom senso e comedimento espiritual. Acho estranho termos uma compreensão de pecado como algo estanque e terminal. O pensamento do apóstolo Tiago é bem coerente nesse texto, pois se deduz o pecado como uma construção existencial. Quando nosso corpo é acometido por algum mal, precisamos de um médico para nos receitar um remédio. A analogia é verdadeira quanto ao corpo espiritual. Se não houver um tratamento o corpo somatizará os problemas, produzindo ansiedades, depressões e neuroses. Tudo isso aliado a sentimentos de culpa. O confessar os pecados e a oração de arrependimento são a materialização da "cura pela fala", expressão criada por Sigmund Freud (1856-1939). Ele foi o primeiro teórico da psicanálise. Um sistema que tem como metodologia terapêutica o examine do teor inconsciente das palavras, atos ou concepções imaginativas de um ser, baseando-se nas relações livres e na transferência. É também uma investigação psicológica que tem por fim trazer à luz da consciência os sentimentos obscuros ou recalcados. Provérbios 18: 24 "Há amigo mais chegado que um irmão". Ao confessarmos (depois de uma profunda e íntima comunhão de oração com o Pai) para um amicíssimo de nossa confiança, confrontamos nossas trevas, choramos, nos envergonhamos e percebemos nossa real condição, nos arrependemos e entramos num processo de restabelecimento espiritual e emocional. Provérbios 28: 13 "Quem tenta esconder os seus pecados não terá sucesso na vida, mas o que confessa e deixa alcança misericórdia". A ideia passada neste fragmento é que nossos pecados influenciam negativamente nossa busca pela evolução (progresso) profissional, material, emocional e espiritual. Uma situação que precisamos estar abertos a pensar, conhecer e resolver. Comunhão e confessar são duas palavras que podem mudar o rumo de nossa história. Com amizade. Davi. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Documentário sobre Jiddu Krishnamurti.

(C.014). No dia 20/04 na S.T. foi apresentado o filme da biografia de Jiddu Krishnamurti. Ele nasceu em 1895 e morreu em 1986. Autor de mais de 40 livros destacando-se dentre eles: O mundo somos nós. Liberte-se do passado. Diário sobre a visão intuitiva. Aos Pés do Mestre. O futuro é agora. A essência da maturidade. O despertar da sensibilidade. De família pobre desde a infância mostrou ter uma capacidade intelectual, intuitiva e argumentativa acima do comum. O contexto histórico em que Krishnamurti nasceu era acentuado pela dominação inglesa (o Império Britânico que perdurou de 1788 a 1914) e uma Índia mergulha numa brutal desigualdade social e econômica. Pouco antes do final do século XIX alguns movimentos nacionalistas de libertação começavam a surgir. O povo hindu juntamente com algumas irmandades (inclusive alguns ingleses piedosos que por lá residiam) conscientes da fraternidade e filantropia ao outro se mobilizavam para romper aquele aprisionamento cultural, social e histórico. A paixão por liberdade de expressão e valorização das tradições nacionais tomou conta da intelectualidade nativa. Ilustres personalidades como Annie Besant (1847-1933) e Mahatma Gandhi (1833-1944) foram fundamentais neste processo da independência. Annie Besant liderou movimentos feministas organizando greves de operárias femininas nas fábricas e questionando a rígida sociedade de castas. Trabalhava pelas minorias famintas e desfavorecidas da Índia. Foi indicada para assumir o governo local, mas sendo inglesa e devido as suas posições políticas liberais (foi perseguida) teve que voltar para o Reino Unido. Pouco depois retornaria para a Índia. Gandhi tornou-se o grande herói da independência Hindu. Com sua voz conciliadora e seu carisma impecável assumiu a responsabilidade de tornar em realidade o sonho de uma Índia livre e soberana. Sem organizar movimentos armados e nem milícias guerrilheiras, soube pela refinada diplomacia da compreensão e tolerância dialogar com os obtusos ingleses. Aprendeu a fazer concessões sem comprometer seus párias. Abriu mão da posição de superioridade entre seu povo, "encarnando" sua pobreza e seu espírito de coragem e determinação. Certa vez Gandhi encontrou-se com Helena P. Blavatsky (1831-1891) em Londres. Conta-se que foi presenteado com um exemplar do livro Cartas dos Mahatmas. Ele praticou com maestria e devoção a fraternidade universal. Essa foi sua principal "arma" para libertar seu pais do colonizador europeu. Gandhi foi assassinado em (13 de janeiro) 1948. Sua morte comoveu o mundo inteiro. Annie Besant foi importantíssima na vida de Krishnamurti. Ela era alguém de refinada cultura (graduou-se na Universidade de Oxford) e teve acesso a todos os clássicos da literatura universal. Educada na rígida burguesia inglesa. Como teosofista adepta colaborou com o  trabalho da Senhora Helena Blavatsky desde o início da Sociedade Teosófica. Ela (Annie Besant) percebeu junto com outros da Sociedade os dons especiais do adolescente Krishnamurti e resolveu, patrocinar a educação e sustento dele até o final dos estudos universitários. Nas primeiras décadas do século XIX surgiu na Sociedade Teosófica  um "sentimento" inspirado no messianismo. Pensou-se que o menino poderia ser um "oráculo" para a humanidade. Uma forte impressão que um novo Buda poderia estar surgindo ou quem sabe um novo Messias. O tempo mostrou que a tentativa de enfatizar um "carisma", particularizado em conceitos cristãos não alcançaria uma consistência duradoura. Krishnamurti concluiu seus estudos no Reino Unido e (contrariando todas as expectativas) tomou seu próprio caminho para a decepção da Sociedade. Uma situação que causou mal estar entre os teosofistas. Reuniões foram feitas para entre os membros decidir sobre o caso. Cogitou-se a expulsão de Krishnamurti da Sociedade. Mas Krishnamurti veio ao mundo para fazer exatamente aquilo que fez. Como livre pensador criticou todo tipo de religiosidade, ressaltando em suas apologias que o homem era o seu próprio mestre. São dispensáveis todos os guros, mestres e líderes espirituais. A adoração é feita sem nenhum ritual ou cerimonial religioso. Nada é suficiente para mediar minha relação com a divindade. Krishnamurti conceituava uma metafísica ceticista que esvaziava qualquer sistema religioso. Quase um ateísmo que desagradava a maioria dos espiritualistas. Krishnamurti passou pelas duas (primeira e segunda) grandes guerras mundias, incluindo a guerra fria (USA versos URSS), sem contudo mudar suas opiniões sobre o mundo e os homens. Por outro lado realizou uma memorável obra de fraternidade universal. Desenvolveu métodos inovadores de ensino e aprendizado. Fundou escolas no Reino Unido e nos Estados Unidos da América  baseadas nas virtudes (ética, moral) humanas. Foi um investigador do psiquismo humano e amou a natureza e todos os seus mistérios. Um filósofo inquietante e surpreendente em muitas de suas postulações. Sua obra literária é vasta, e mensura o homem como um micro cosmo e a natureza (incluindo o universo) como um macro cosmo. Segundo consta foi readmitido na Sociedade Teosófica antes de sua morte. Um gesto que merece louvor e consideração. O perdão é tão nobre e digno quanto a reconciliação principalmente vindo de um coração compungido e contrito. Como diz um aforismo oriental. "O homem que olha para traz pode furar um olho, mas o que não olha pode furar os dois". O passado sempre nos ensina lições para vivermos melhor o nosso presente. A memória do "messianismo" serviu de alerta (entre os teosofistas) para que não se repita o mesmo erro. A ideia hoje é a daquele que leva a "tocha" em suas mãos. Parece que é uma "mão" sobreposta em outras. Uma responsabilidade compartilhada não apenas por um, mas por milhares de pessoas. A "tocha" é o símbolo da centelha divina. O fogo místico que ilumina toda escuridão produzindo a claridade suficiente para perscrutar todos os mistérios do homem e da natureza. Com amizade. Davi.       

terça-feira, 22 de abril de 2014

A Teosofia e a Sociedade Teosófica.

(C.005). Um breve resumo da palestra com o título: A Teosofia e a Sociedade Teosófica. No início da apresentação comentou-se os princípios fundamentais da Teosofia. São basicamente quatro os alicerces que sustentam o Pensamento Teosófico. A fraternidade, a tolerância, o conhecimento e os mestres. Grosso modo caracterizou-se esses aspectos. (1). A Fraternidade Universal (convivência equilibrada e agradável entre várias pessoas. Amor demonstrado pelo próximo; afeto revelado àqueles os quais não se conhece. Associação ou organização com um objetivo determinado, geralmente religioso, social, cultural) é um dos sustentáculos da doutrina Teosófica. Uma pessoa começando a fase de adepto da Teosofia não precisa abrir mão de suas (crenças) princípios e valores. A lei do carma e o sistema evolutivo dos renascimentos não são imprescindíveis nessa fase do neófito (principiante). Mas há, uma relação simbiótica entre esses dois sistemas e a fraternidade humana. Stricto Sensu é difícil concebe-la (fraternidade universal) sem a praticidade e a razoabilidade dessas duas "realidades" místicas. A Teosofia tem três grupos de pessoas; os participantes, os iniciantes e os (adeptos) membros. Pode-se vivenciar os "dois primeiros" estágios (ensinamentos exotéricos), sem um compromisso de tornar-se um adepto. Inclusive permanecer nessas fases sem nenhum constrangimento, esperando a evolução pelo esforço do conhecimento teórico, e a espiritualidade meditativa e contemplativa como busca do auto conhecimento para a unidade com o Logos Divino. Um desenvolvimento democrático e de responsabilidade individual. Um dos pontos altos da Teosofia é a liberdade de expressão (opinião) e o livre pensamento nas relações e convivências. Existe total liberdade quanto a prosseguir estudando os fundamentos da Ciência Esotérica, num ambiente de conhecimento, opinião, aceitação ou rejeição daquilo que se está propondo. Evidentemente o conhecimento deve conectar com sua experiência, para de alguma maneira fazer sentido ouvir as exposições, do contrário, fatalmente o ouvinte desistirá dos encontros, mesmo que aparentemente demonstre algum interesse. Acho que o pensamento Teosófico deve ser um entrelaçar da nossa experiência espiritual, com a diversidade e o desconhecido que sempre estamos vivendo e tentando compreender. (2). A Tolerância (disposição de admitir nos outros modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos. Uma das virtudes mais úteis na vida social) em relação a todas as filosofias e religiões (ocidentais e orientais) culturas, tradições e costumes de todos os povos. Uma tarefa difícil pois, tendemos a sobrepor nossos dogmas e "verdades" como supra valores, recusando confrontar nossa opinião, e não aceitamos o "outro" em seus pontos de vistas. O olhar ao "desigual" é de desconfiança e estranheza. Assim é necessário um desprendimento de nossos (preconceitos) valores morais e éticos para aceitarmos como normais os diferentes, aprendendo a harmonizar os desiguais (valores do outro) com os iguais (nossos valores). Mahatma Ghandi (1869-1948) diz: "A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos". Ghandi em sua sabedoria admiti, penso, que a verdade em sua totalidade, nunca será propriedade de um indivíduo ou mesmo de qualquer instituição ou organização. A verdade como valor absoluto no sentido de posse, é uma irrealidade, estando num campo da abstração e transcendência. Ghandi imagina uma verdade, que deve ser buscada não como uma (concepção alquímica) pedra filosofal ou um elixir da juventude; ideia que os medievais perseguiram obstinadamente, e segundo tradições supostamente fidedignas, incluídas em relatos dedutivamente históricos foram alcançados. Exemplos como Nicolas Flamel (1330-1418) e Roger Bacon (1214-1294) foram bem sucedidos nessa busca por riquezas e longevidade, e segundo consta os relatos históricos ajudaram no que puderam os mais carente, dividindo com eles as riquezas advindas do conhecimento que adquiriram transformando metais em ouro.  Mas Ghandi postula a ideia de que todos temos a verdade, entretanto, alguns pagam o preço espiritual para alcançá-la em sua experiência, e outros, infelizmente preferem se enganar agindo descompromissadamente, não querendo reconhecer que para atingir a evolução espiritual da verdade, precisamos trilhar o caminho da abnegação e do altruísmo; o desapego do material e terreno, lutando por encontrar o verdadeiro Eu que se esconde dentro de nossa individualidade interior.  Isso passa inexoravelmente pela fraternidade universal. (3). O conhecimento é um aspecto que as filosofias e religiões orientais dão prioridade. Procuram relacionar os conhecimentos a experimentação e investigação científica. Recorrem à lógica formal e modal (matemática, metafísica, ontologia, epistemologia e ética) para explicar os fenômenos "ocultos". Nesse âmbito promovem a análise dos poderes latentes do psiquismo humano e a averiguação dos mistérios (mineral, vegetal, animal e espiritual) da natureza. Nesses assuntos é indispensável ser um adepto da Sociedade Teosófica, e de outras Escolas Modernas de Ciência Oculta. Nosso caso como principiante é diferente, pois estamos fazendo um estudo a nível de pesquisa e investigação, ainda sem a pretensão de acessar os poderes micro e macro do universo, mas adquirindo um perfil e teorias científicas para, quando chegar esse momento, possivelmente assumir a posição de um candidato para tal propósito. Isso requer responsabilidade e dedicação espiritual e mental, sendo sabatinado por um Guru ou Mestre, que trará a orientação adequada para se percorrer essa Senda Espiritual. Buda diz: "você é seu próprio Mestre", mas aqui a admoestação vêm daqueles que estão adiantados no Caminho, com mais vivencia cognitiva, emocional e sensitiva da espiritualidade, pois ultrapassaram obstáculos e perigos, assim, evoluíram e fortaleceram seu Eu Espiritual. É temerário e perigoso tentar acessar o mundo invisível sem uma consagração pessoal renunciando ao materialismo e apego terreno; do contrário corre-se riscos de danos irreparáveis na mente, no físico e no intelecto do "explorador" desses mistérios. (4). Os Mestres são um assunto que percebi ainda não ter uma unanimidade entre os adeptos da Sociedade Teosófica. Parece como se diz na linguagem jurídica: falta "jurisprudência" específica quanto à matéria. Minha opinião pessoal até onde observei é que realmente "eles" existem. São seres espirituais que vivem no mundo invisível, mas que recorrentemente manifestam-se no mundo visível, quando surge alguma necessidade de se aplicar atitudes de fraternidade e humanidade. Esses Mestre estão ocupados com a luta espiritual contra os seres de regiões inferiores, que usam seus poderes para desestabilizar o micro cosmo humano e o macro cosmo universal. Também trabalham encorajando homens e mulheres que queiram evoluir suas capacidades intelectual e mentais para o bem da humanidade, ajudando no dom para desenvolveram todas as criaturas de todos os reinos, assumindo o desejo pela paz, prosperidade e entendimento entre os povos. Esses Mestres são espíritos desencarnados, que pedagogicamente se aperfeiçoaram ao longo dos inúmeros renascimentos, poderiam passar milhares de anos no Devachan, ou assumir tarefas de voluntariado fraterno em outro mundo, mas preferiram permanecer em nosso mundo visível e invisível cuidando da natureza e incentivando humanos piedosos e dedicados no serviço da filantropia universal.  O livro da Helena P. Blavatsky (1831-1891), Carta dos Hamatmas, é o ponto de partida para esclarecer e desenvolver este fenômeno. A maioria das "cartas" contidas neste livro estão em exposição no Museu de Londres. Se algum dia forem a Londres (Reino Unido) façam uma visita para comprovar. Esta prova fidedigna traz um peso considerável para o argumento da autenticidade dos Mestres. "Eles" são "indivíduos" que passaram por várias encarnações. Foram aperfeiçoados (homens perfeitos)  pela lei (carma) da causa e efeito nos méritos humanos e estão preparados para ajudar a humanidade em seus mais variados aspectos e necessidades. Vivem num plano "astral" com aparições "físicas" e "mentais". Os Mestres poderiam estar viajando pelo cosmo e ajudando outros "seres" em outros mundos, mas abdicaram desta tarefa para exclusivamente servirem aos humanos. Localizado ao norte da cordilheira do Himalaia, o Tibete com suas montanhas, vales e gelo eterno em seus elevados picos, estendendo-se por um planalto de altitude média de 4.900 metros. É governado civil e administrativamente pelo Dalai Lhama. Esse belíssimo lugar é possivelmente a morada desses Mahatmas, Avatares ou Mestres. Um filme (Seven Years in Tibet. Sete anos no Tibete) de 1998, estrelado por Brad Pitt, do diretor Jean Jacques Annaud, mostra este cenário enigmático das montanhas deste território sagrado. Penso que alguns Mahatmas estejam aqui na América do Sul, em lugares exóticos de difícil acesso, como a Terra do Fogo, o Monte Roraima na tríplice fronteira do Brasil, Guianas e Venezuela; o Monte Dedo de Deus e outros sítios antropológicos espalhados pelo mundo; auxiliando aqueles que se dedicam às causas da fraternidade universal. Beijo. Davi.

Teosofia ou Sabedoria Divina.

(C.001). Assisti a uma palestra sábado (15/02) com o título: Teosofia ou Sabedoria Divina. Foi na verdade a aula inaugural do Curso de Introdução ao Pensamento Teosófico. Foi ministrada pelo presidente da S.T. no Brasil Ricardo Lindermann. Serão várias aulas ao longo do ano de 2014. Sempre nesse mesmo dia conforme agendado no site. O expositor parece que é filósofo, pois fez mestrado sobre Orígenes de Alexandria (185-254) e, doutorado sobre Soren Kierkegaard (1813-1855). Tentarei recordar de alguns assuntos abordado enumerando para facilitar o acompanhamento do assunto. (1). A biblioteca de Alexandria no Egito foi (século III) no mundo antigo um referencial de tradições, culturas e conhecimentos. Com seus mais de 700 mil rolos de pergaminhos e papiros era fonte de pesquisa e estudos para sábios, filósofos e cientistas da época. Conta-se que Orígenes (182-254) de Alexandria foi um dos fundadores e incentivadores dessa casa dos saberes escritos. Ele era de tradição cristã e segundo consta difundia os ensinamentos do MESTRE em suas apologias e dissertações. Orígenes estudou Platão (472 AC 347), Pitágoras (571 AC 497) e Plotino (472 AC 347) entrando em contato com postulados sobre o Uno, o Logos, a Consciência Universal, o espírito humano, a alma transcendente e transmigradora, matéria, substância, forma, reencarnação e outros temas. Orígenes era de ascendência latina e influenciou em seus estudos (filósofos e religiosos) importantes "pais da igreja" como: Clemente de Alexandria (150-215), Inácio (68-107), Policarpo (69-155), Justino (100-165), Irineu (130-200), Cipriano (200-258) e Agostinho (354-430). A biblioteca de Alexandria foi alvo de três tentivas de destruição. Primeiro no ano zero de nossa era, depois no ano de 415 e finalmente o incêndio  de 610. Todos estes números são aproximados. A última investida foi fatal destruindo e dando  cabo ao celeiro das sementes do saberes da humanidade quase que totalmente, pois seus papiros e pergaminhos que representavam o acervo bibliográfico foram pulverizados. O imperador romano do oriente Justiniano (483-565) foi o responsável por esta abominação selvageria. Os cristãos até o século V tinham tradições e rituais universalizados interagindo com a natureza e o cosmo onde eram inseridos como conteúdo do TODO, O ETERNO, a CONSCIÊNCIA UNIVERSAL. Não interessava para o império dominante da época (O Romano) cultivar em seus súditos conceitos contrários ao "monoteísmo" e a autoridade suprema do Rei - deus. Mas um milagre aconteceu, pois dos milhares de livros escritos por Orígenes apenas três foram preservados neles estando conservados os princípios dos academicistas (Platão, Pitágoras e Plotino) da Grécia Antiga comentado e praticado pelos primitivos cristãos. Os livros remanescentes de Orígenes são raríssimos, mas estão disponíveis na língua alemã e traduzidos para o português em pouquíssimas versões atuais. (2). Pitágoras segundo algumas fontes, muito provavelmente encontrou-se com Sidarta (Buda) Gautama (563 AC 483) ainda bem jovem. Aprendeu com o "Iluminado" e aplicou estes conceitos em sua filosofia. O CRISTO teve um ministério de 3 anos e meio na região da Palestina sendo curtíssimo em relação ao Buda que pregou por 45 anos sua mensagem nos campos e montanhas da Índia. Algumas tradições orientais dizem que O CRISTO leu quando jovem os escritos do Buda fazendo algumas ponderações recorrentes. O ensinamento dos dois coincidem quando você  lê o livro O Evangelho de Buda do Yogi Kharishnanda que foi publicado pela Ed. Pensamentos em muitos pontos. (3). A Teosofia moderna tem seu marco inicial estabelecido em 1875 na cidade de Nova Iorque (EUA) com a Senhora Helena Blavatski (1831-1891). Um livro muito divulgado desta autora é a Doutrina Secreta onde está todo o arcabouço teórico do ensinamento atual desta Sociedade. Alguns conceitos principais como a lei de retribuição (ou carma) são  tomados num aspecto científico, pois estão relacionados a lei da ação e reação onde toda causa produz um efeito. Gálatas 6: 7 "Tudo o que o homem semear isso também colherá". As beatitudes e os malefícios que praticamos serão recompensados ou punidos, (com o atenuante de repará-los) nesta vida e nas outras vidas que ainda passaremos. Interessante que nesta lógica não há lugar para a "danação" (inferno) eterna que os cristãos tanto proclamam. Aqui os delitos são quitados de forma justa para que o peregrino da senda Espiritual possa entrar no nirvana (o encontro com a Consciência Universal) em completa pureza e santidade. A doutrina do inferno como a conhecemos literalmente é logicamente refutada pela Teosofia. Marcos 7: 47, 48 " ... sereis lançados no fogo do inferno. Onde o seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga". Um Deus que cobra juros eternos de pecados temporais demonstra brutalidade e desumanidade. (4). Dois pressupostos definidos o "exoterismo" que é o ensinamento (exterior) tornado público e aberto para interessados em  geral sendo evidenciados nas doutrinas e preceitos gerais. Um exemplo do MESTRE em Mateus 13: 13 "Por isso falo por parábolas, porque eles vendo não vêm, e, ouvindo não ouvem nem compreendem". As multidões ouviam e não entendiam. O esoterismo são os ensinamentos (internos) ocultos e hermético passados apenas para os iniciados na senda espiritual. Daniel 2: 22 "Ele revela o profundo e o escondido, conhece o que está em trevas e com Ele mora a luz".  Esses são para aqueles que tem compromisso e responsabilidade com aquilo que ouvem, pois estarão vivendo num estágio mais apurado onde as formas e rituais dão lugar aos mistérios maiores e comunhão profunda, íntima e transcendente com o MESTRE. Mateus 13: 11 "Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado". Neste ponto mostrou-se o perigo de adentrar aos "mistérios" ocultos sem orientação adequada. Há pelo menos 17 aspectos que podem levar o iniciando sem orientação a extremos perigos como a magia negra, necromancia, espiritismo "barato" e outras formas do gênero. coisas condenadas veementemente pela Sociedade Teosófica onde a Senhora  Blavatski diz que "estes que percorrem esses caminhos aleatoriamente estão sujeitos aos piores horrores presentes e futuros tendo possíveis mortes terríveis e fustigamentos físicos e psíquicos por demônios e seres inferiores malignos". Um alerta que deve ser considerado com sobriedade. (5). Existe forte influência dos astros (planetas) em nossas vidas. O princípio da origem encarnada na monada, um fragmento de átomo cósmico evoluirá no ser humano e essa monada sendo um feixe de luz deu início através do mineral, planta, animal e o hominídeo a vida orgânica do indivíduo. O filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646-1716) foi quem primeiro esboçou os postulados da monada. Segundo "ele" uma substância simples (infinitesimamente pequena) indissolúvel e indestrutível. Cada corpo material localizado no quaternário inferior tem seu ego inferior. O ego superior está em nossa alma localizada na tríade superior. Somos seres setenários (7 partes) e esbocei somente 2 divisões. Nosso ego está ligado a um dos astros (planetas) existentes. Isso no campo astral produzindo reações e implicações em nossa vida presente e nas futuras vidas que teremos. (6). Os orientais (hindus, budistas, brâmanes e confucionistas) não "entendem" a noção de (antropomorfismo) um Deus Pessoal. Compreendem um Deus que está em tudo e em todos. Colossenses 3: 11 "Mas, CRISTO é tudo e em todos". Numa partícula de poeira o Elemento Divino está presente, em uma gota de água ELE se encontra. Num pigmento de uma asa de borboleta ELE é achado. É contraditório e ilógico para os orientalistas uma redenção substitutiva à procuração onde outra pessoa deve ser punida em lugar daquele que cometeu o pecado quitando a dívida por ela, ao contrário os orientais teorizam que a redenção é feita pelo próprio indivíduo através de um longuíssimo processo de evolução onde os carmas negativos e positivos influenciarão as futuras reencarnações. Outros conceitos foram mencionados, mas acho melhor parar. Com amizade. Davi.    

Os Hindus acreditam em espíritos malignos?

(C.003). Bom dia amigos. A partir  deste texto, apresentarei um resumo das palestras do Curso de Introdução ao Pensamento Teosófico. Os que desejarem acompanhar (a visão exotérica das religiões, filosofias e espiritualidades orientais) o pensamento das tradições e culturas budistas, hinduístas, taoistas, confucionistas e outras devem observar no início das dissertações, os parenteses com a letra e os números. São reflexão pessoais, desprovidas de interesse quanto a "verdades" absolutas e descomprometidas com dogmas ou crenças. Começo este estudo respondendo uma pergunta feita por uma amiga. Os hindus acreditam no diabo?. Bem, vou tentar fazer uma breve exposição dentro desta premissa que foi abordada. Adianto que meus argumentos são fracos e inconsistentes, devido ao pouco conteúdo do assunto. Até onde compreendo das leituras que tenho feito, os hinduístas e budistas tem (verdades) opiniões diferentes das nossas quanto a muitos conceitos espirituais. Os hindus tem aproximadamente 330 milhões (politeísmo) de divindades. Este é um ponto importante pois, essas tradições veem "deuses" em tudo e em todos. Um panteísmo (crença de que Deus e todo o universo são uma única coisa e, que Deus não existe como um Espírito separado) onde uma força cósmica rege, controla e harmoniza o universo. Uma ideia de que homens e "deuses" coexistem neste mundo e, em outros possíveis. Perceba que segundo este conceito não há um antropomorfismo (conceber atributos humanos a divindades) que tutela e assemelha em graus de afinidades homens e "deuses". Nossa tradição cristã para compreender a divindade (Trindade Divina) os assemelha as qualidades humanas. Os Católicos Ortodoxos imprimiram a figura da Virgem Maria (Mãe de Deus), a Intercessora que "roga por nós na hora de nossa morte". Interessante esse arquétipo, pois é corroborado pela maioria das religiões universais, onde elas também têm suas divindades femininas. Isso a insere no seio da família cristã (a mãe é um arquétipo fundamental na harmonia e equilíbrio dos relacionamentos convivenciais saudáveis) como um símbolo positivo, que nutre, cuida e aperfeiçoa os seus filhos. Os orientais não entendem a Divindade assumindo vícios e virtudes humanas; como se estivesse sob a influência do bem e do mal. A visão heteromorfista (um Deus que se manifesta em tudo e em todos) é em sua cultural mais lógica, plausível e melhor compreendida. Nesse ponto de vista a partícula divina estar em todo o ser vivente. Desde vegetais, animais, minerais e os humanos, dando aos hindus uma volatilidade (imaterial e incorpóreo) e flexibilidade em relação a assuntos como esse que estamos abordando. Desde modo, eles não tem o diabo como opositor de Deus; lutando em pé de igualdade com Ele, e até em alguns o vencendo; ideia que é passada na cultura cristã. A divindade suprema dos hindus, Brahma, que podemos chamar de outros nomes como: Consciência Cósmica, Logos Divino, Espírito Eterno é o ponto de equilíbrio do universo; que com sua infinitude e completude sustenta e rege, com poder e autoridade todas as forças negativas e positivas que atua no micro cosmo (homem) e no macro cosmo (universo). Porém, a divindade do hinduísmo (Shiva, Vishinu e Brahma) é composta de três deuses. O primeiro é o deus do mal. Uma força maligna superior intangível que age no universo. Não aquela figura medonha idealizada com chifres, rabo pontiagudo e tridente na mão. Shiva age em nosso quaternário inferior, impedindo que nossa personalidade, que é apegada aos prazeres, desejos e vontades terrenas, alcance pela virtude e bem aventurança, praticando atos humanitários o estágio da individualidade; que segundo a filosofia espiritual, evolui nosso ser produzindo emoção e sentimento de fraternidade humanal  O problema de personalizar o diabo é que, penso, atribuímos a ele o que ele não tem e não é. Um casuísmo que chegamos ao absurdo de confrontá-lo AO ETERNO. Oportuno lembrar que estes povos, não tem conceito de inferno eterno onde, as pessoas más ou aquelas que não aceitaram Jesus serão lançadas para sempre no Lago de Fogo. Marcos 9: 47, 48 " ... sereis lançados no fogo do inferno. Onde o seu bicho não morre e, o fogo nunca se apaga". Um versículo terrível e desumano. Não mais acredito num Deus cruel e impiedoso. Isso é ilógico e incompreensível quando pensamos em seu amor e na sua graça. Os dois últimos deuses (Vishinu e Brahma) parecem cooperar um com o outro. Mas Brahma é a consciência universal, o princípio de tudo. A razão do eterno ser e, onde tudo e todos um dia convergirão para um nirvana  sendo no budismo, última etapa da contemplação, caracterizada pela ausência da dor e pela posse da verdade, como decorrência da integração do espírito universal no seio da divindade suprema de completude cósmica. A doutrina do inferno eterno é substituída pela lei da retribuição ou carma. Mais justa pois, somos cobrados pelos erros e pecados que praticamos na proporção das vidas que teremos. Os vários renascimentos são para pagar os deméritos e os vícios praticados. Não há uma punição eterna objetiva como cristianismo. O mérito e as virtudes pelas obras de amor e fraternidade executados, serão recompensados post mortem, num lugar chamado devachan. Algo parecido com o céu ou exemplificando podemos comparar ao texto de Lucas 16: 22 "o mendigo morreu e, foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". Segundo os livros sagrados do hinduísmo (Vedas, Upanixade e Mahabharata) o devachan provavelmente seria um tempo de 10 a 15 séculos de gozo e consolo na outra vida. Temos a ideia de que somos redimidos pois a morte de Cristo pagou o preço e quitou nossa dívida para com Deus) através de um sacrifício exterior. Essa é uma realidade inquestionável para você e eu, mas eles os hindus têm outra verdade. A redenção é um processo individual. Começando do interior do homem, pois o princípio da consciência universal Brahma está no homem. Sendo desenvolvido através de boas atitudes morais e éticas vivendo um cooperativismo e companheirismo. Neste contexto da redenção de dentro para fora está as iniciativas de meditação, contemplação e orações. Também os estudos dos livros sagrados e das tradições culturais. Esse assunto precisa ser mais detalhado para que alcance uma compreensão lógica e racional pois ainda não estamos acostumados aos conceitos da filosofia oriental. Assim os argumentos e suas premissas ficam obscurecidos pela pouca experiência com a espiritualidade hindu. Concluindo entendo que o confronto com outras verdades nos ajuda a entender o mundo e as pessoas. Acho interessante um olhar através de outras janelas. Isso mostra que O ETERNO, tem variadas formas de se apresentar e de se mostrar aos homens. Precisamos aprender a respeitar os conceitos e as opiniões daqueles que, não tem o mesmo ponto de vista que os nossos, em questões de espiritualidades. Abraço. Davi.  

sábado, 19 de abril de 2014

Meditação sobre Oração.

Amigos e irmãos, uma meditação para pensarmos alguns paradoxo quanto a oração. Pai Absolutamente Santo, nada se compara a ti em beleza e formosura. Não conseguimos penetrar em teu mistério, nem um bilionésimo de milímetro. Somos incapazes de mensurar sua infinita sabedoria e seu interminável conhecimento. Para aproximarmo-nos de ti, criamos o artifício da materialização. Uma imperfeição grosseira pois és incorpóreo. Mas esse é nosso referencial para tentarmos alcançar o inalcançável. Somos uma gota de água em seu oceânico Ser. Infimamente pequenos e desprezivelmente reduzidos. Tu percebe-nos em substância e essência. Pai Absoluto, ousamos imaginar como é Tua voz; aguda, grave ou um trovejar. Não distinguimos plenamente, apenas Ti ouvimos na surdez de nossos tímpanos. Teu olhar perscruta-nos; penetra até o âmago. Caímos em si e reconhecemos visceralmente nossa natureza corrupta e pervertida. Tua mão acolhe-nos e se necessário “abandona-nos". Uma aparente contradição que compreendemos com a experiência. O acolher é a situação presencial, quando somos assistidos e cuidados por Ti. O  "abandono" é a incumbência divina na ausência. O vazio se corporiza com as partículas divinas. Quando um pai se ausenta de sua casa temporariamente, os familiares tem a sensação de sua presença. O sentimento de saudade objetiva o ausente. Pai Eterno temos saudades quando retiraste de nós; isso não porque pecamos, mas, porque teu amor também revelasse ao "deixar-nos". Impossível cogitar logicamente este fato. Teu silêncio fala-nos mais que milhões de palavras; produz em nós quando forçoso vergonha e arrependimento, fazendo-nos reconhecer nossa ignorância e estupidez. Teu silêncio mergulha-nos em Tua essência. Ele ensina-nos a calar em tua presença. Ficamos paralisados em tua paz, contemplando tua escuridão. As trevas são Tuas assim como a luz. Tu reinas também nas trevas e encoraja-nos a caminhar por ela sem medo. Gênesis 1: 2, 3 "Havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: haja luz e houve luz".  Teu olhar liberta-nos e cativa-nos. Somos livres para entrar e sair da sua presença; deixando-nos "cativos" para submeter-nos e subordinar-nos. Este arbítrio singulariza-nos pela escolha e determina a obediência ou desobediência ao teu amor. Deus Eterno somos diminutos para entender teus mistérios. Dá-nos graça para perceber-Te em cada instante de nossas vidas. Reconhecer teu Logos (Palavra) em cada ser humano. Tendo consciência que "ele" é potencialmente tua (imagem e semelhança) representação na terra. Mesmo em nosso embrutecimento, raiva, ira e ódio podemos (pelo Divino Logos) passar por uma transformação interior. Essa "semente eterna" pode frear nossa involução; ativando o processo da mudança (evolução) perene e "verdadeira". Faz-me ver tua chispa (raio luminoso) Divina em cada (matéria) ser (vegetal, mineral e animal) criado pela tua Suprema Vontade. Nas árvores e suas raízes, caules, folhas e frutos. Nas rochas e sedimentações carbonizadas. Nos animais, suas espécies e variadas formas e diversidades. O Logos se mostra nos pássaros, em seus movimentos, acasalamentos, migrações e busca de alimentos. Nada escapa ao Teu incrustar. Tu és tudo e estas em todos. Abraço. Davi.

A Trindade Divina em Gênesis 22: 1-19.

Amigos. Saúde e paz. Pensemos em Gênesis 22: 1-19 e, vislumbremos a trindade divina de uma maneira despegada da ortodoxia e dogmatismo tradicionais.  Interessante usar a alegoria na narrativa do texto citado. Imagino que Abraão representa Deus – Pai que ordenou-lhe sacrificasse seu filho; mostrando as coordenadas de como e onde fazê-lo. O Pai planeja, elabora e executa os acontecimentos. O Pai como nossa origem deve ser honrado e obedecido. Há benção especifica para este preceito na lei divina. Abraão aprendera esta lição em seu lar mesmo não conhecendo conceitualmente a Deus. É presumível que o ambiente familiar onde Abraão vivera quando criança, era permeado por uma normalidade de valores morais e espirituais. Tendemos a discriminá-lo, rebaixando-o por ser um ambiente idólatra. Abraão foi criado em um alto padrão de comportamento e caráter. Sua família tinha riquezas e escravos. Isaque é figura do Deus – Filho; aquele que entregou-se voluntariamente resignado. Suponho que Isaque tenha montado no jumento, pois a caminhada foi longa de três dias e ele era jovem, talvez um adolescente. A lenha do holocausto foi posto sobre Isaque. Uma semelhança impressionante com Jesus. O Filho de Deus vicariamente ofereceu-se por nós. Ele entrou triunfalmente em Jerusalém montado em um jumentinho. A caminhada até o monte Moriá pode representar, o percurso da cidade de Jerusalém até ao monte Gólgota. A lenha tipifica a cruz onde Cristo foi crucificado. Pense no cutelo  (foice) na mão de Abraão. Como entender que o Deus -  Pai vitimou foi próprio Filho. A graça divina é única para fazer perceber o mistério deste fato. Acho que Abraão apesar de ser velho era fisicamente forte. Deus  manifesta-se na finitude humana e expressa-se na infinitude existencial; para além do tempo. Nesta argumentação quem poderia tipificar o Deus – Espírito Santo ? Aqui damos um salto parabólico e, simbolizamos o jumento da narrativa como representação do Espírito Santo. Este deduzo ser impersonificado fazendo-se aparecer em fatos; se necessário materializando-se. Estranhamos tal conjectura. Horrorizaria qualquer teólogo. Este falaria é heresia. Ainda bem que estamos noutros tempos, pois, se fosse na idade média tal declaração era fogueira na certa. Mas é plausível ao lembrarmos que após o batismo de jesus, uma pomba pousou em sua cabeça. Cogito ser o argumento lógico. Razoável a comparação  com o jumento. Na verdade nossos preconceitos extrapolam a esfera do humano e, entramos no reino animal e vegetal. Pondero que estamos dentro da proposta inicial dum desprender do religiosismo e, refletindo uma possível  interpretação do texto. Gênesis 49: 10-12 tem, um lindo texto poético sobre o jumento. Nele o animal está amarrado a uma parreira  (videira) e, come seu fruto passando por um processo de transformação. Desmistifica o formalismo quanto a ele. Portanto o Deus Eterno manifesta-se de maneira simultânea, uma convivência hormônica nas três pessoas da trindade. Uma imanência e transcendência na finitude e, para além da infinitude. Abraços. Davi.

Abraão amigo de Deus.

Isaías 41:8 “ Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo”. Na epístola aos Hebreus é dito uma frase: pela fé Abraão. Como homem de fé, Abraão em conduta  foi provado. Também em nosso cotidiano somos experimentados. Reprovados, podemos arrepender-nos e recomeçar. Aprovados, foi a misericórdia de Deus por nós e, crescemos neste aspecto. O texto em epígrafe (Gênesis 22: 1-19) é bem direto quanto ao oferecimento de Isaque em holocausto. Talvez seja possível inferir que, Abraão teve um dialogo com Deus e, somos propensos a imaginar seu desespero. Como, o filho prometido queres de voltar? Não acredito. Agonia e angústia até que, resolveu obedecer. É sensato cogitar que ele guardou segredo quanto ao fato pois, se Sara soubesse, o desfecho poderia ser outro. Há coisas que devem ser reveladas em eventos contingentes mas, outras precisam ser ocultadas por necessidades. A” moral “ divina é superior a ética humana . Ela esta para além do bem e do mal. A figura de Isaque é um tipo de Cristo; aquele que foi levado ao sacrifício vicário sem reclamar. Apesar de surpreender-se com o fato, Isaque, em momento nenhum esquiva-se da missão proposta pelo pai. O jumento é símbolo da humildade que é irmã da submissão a Deus. A frase, ao terceiro dia, já denotava um possível milagre no cume da montanha de Moriá. A lenha sobre os ombros de Isaque é, uma figura da cruz que Cristo levou por nós. A representação dos pecados da humanidade. O cutelo ( a faca ) na mão de Abraão lembra, a espada com a qual o soldado romano perfurou o coração de Jesus. A caminhada de Abraão e Isaque até a montanha remete-nos para a via sacra ou dolorosa. Eu no lugar de Abraão pensaria. Mas, que Deus é esse que manda-me sacrificar meu filho. Será que Ele perdeu o juízo. Humanamente impossível entender. Moriá é símbolo do monte gólgota ou caveira onde, o Cristo foi crucificado. O período: Deus proverá para se o cordeiro, mostra a confiança de Abraão que Deus faria um milagre. Não havia nenhum cordeiro para o sacrifício e, como oferece-lo? O cordeiro é uma figura de Cristo na narração. Edificou Abraão um altar. Cristo foi pregado na cruz; mãos e pés perfurados; sangue jorrando da face por causa da coroa de espinhos. Ao centro entre dois ladrões, seminu. Uma cena terrível de vergonha e dor. Ele abandonado pelo Pai, entrega seu espírito. Isaque deixou-se amarrar no altar sem reagir ou murmurar. Em minha experiência não deixou-me amarrar e, murmuro sempre; não sou sacrificado, fico inteiro e a carne completamente intacta. Deus tenha misericórdia de mim. O anjo do Senhor impediu que Abraão sacrificasse seu filho. Opino que  fé é metade razão e metade sentimento; um salto no escuro. Fomos contaminados pela vulgarização da fé e, entendo que precisamos rever este conceito, baseado em nossa experiência pessoal . Então imagino que Abraão teve medo e, pensasse que realmente poderia assassinar seu filho. Nosso senso comum quer crer que tudo já estava determinado. Na presciência  divina sim, mas, na realidade existencial de Abraão não. Sou propenso a intuir um Deus surpresa, misterioso e imprevisível até, nos fatos e situações mais previsíveis. Conjecturo que Abraão escondeu-se debaixo do amor, misericórdia e graça divina . A fé tem dois lados, imagino, a certeza e a incerteza. A unilateralidade da fé como crença, faz-nos enfatizar mais o milagre do que, Aquele que o realiza. Caímos em um ceticismo cristão. O texto de Gênesis 22 mostra claramente que, Abraão valoriza e evidencia o Deus provedor no acontecimento. O prodígio do aparecimento do cordeiro, é um aspecto de um quadro impregnado pelo Deus que tudo prove. Ele está em tudo e em todos. No nada, no vazio e no abismo. Da escuridão como sua morada originária, Ele manifestasse como luz para produzir a vida em sua plenitude. Gênesis 1: 2, 3. "Havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz ; e houve luz. Saúde. Davi.

A mulher pecadora

Texto Bíblico: Lucas 7:36-50.   O jantar na casa do fariseu Simão, tinha tudo para ser um habitual evento, não fosse a presença de Jesus, e a repentina entrada em cena da mulher pecadora. Para termos uma compreensão mais coerente, lógica e harmoniosa do texto, precisamos singularizar a mulher. A cultura judaica como quase todas as demais era destacadamente masculinizada, havendo pouco espaço social para o sexo feminino. Em uma exegese ampliada, diria que essa mulher era uma prostituta. Uma interpretação plausível, se pensarmos no universo dos escritos dos evangelhos. Lucas o discípulo que escreveu o texto citado, sendo um não judeu, conhecia o tema da prostituição na cultura grega e não desejou expô-lo, pois cada sociedade o entendia de maneira peculiar. Ela não era ladra, homicida ou adúltera mas, uma meretriz. Isso é muito significativo no escopo da narrativa. O estranhamento dos presentes, inclusive do anfitrião, é explicado pela condição  da mulher. Se meditarmos em sua atitude, ao lavar os pés de Jesus e os enxugar com suas lágrimas, derramando também sobre eles o bálsamo (perfume) e os beijando; ela em sua condição degradante e desonrada, com o dinheiro que recebeu dos seus clientes, comprou o perfume que ungiu a Jesus; um extremo escândalo para os convidados. Nosso juízo temerário é muito prejudicial, ao generalizarmos as pessoas, como fizeram os que estavam no jantar. Uma observação quanto a mulher: sua condição de ser e sua livre escolha em ser. Os argumentos implícitos na narrativa mostram grande diferença entre as duas proposições. Nem toda prostituta é desprezível ou imoral. Parece contraditório Jesus comparar a mulher com Simão, quando conta a história do credor que tinha dois devedores. Jesus provou a Simão e seus convidados que suas condições humanas, pervertida e depravada se escondiam na manto da lei e religiosidade; suas éticas eram hipócritas e sua moral vergonhosa. Em um panorama mais extenso essa meretriz, já havia tido um encontro com Jesus, em seu “quarto”, particular, antes do jantar na casa de Simão. Ela arriscou-se ao ridículo e menosprezo ao aparecer em um evento público. Ela demonstrou muito amor e foi grandemente perdoada, mas Simão por mostrar pouco amor, pouco foi perdoado. Uma advertência: A medida de nosso perdão é proporcional a medida de nosso amor. Abraços. Davi.

O bálsamo de Gileade.

Olá! Amigos e irmãos. É bom conversarmos novamente, refletindo sobre algumas questões da vida. Este dom maravilhoso que o Eterno Pai nos concedeu. Em Jr 8:22 há um interessante texto que se segue “Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou não há médico? Porque, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo? É importante situarmos o contexto histórico em que o profeta Jeremias está incluído. O povo Judeu vivia uma “depravação” espiritual a décadas. Todas as instituições (civis, políticas, sociais e religiosas) estavam corrompidas. Os sucessivos reinados, seus soberanos e administradores. mantinham-se a custas de pesados impostos; pagos principalmente pela população pobre. Os ricos como sempre tinham seus privilégios e regalias. A cidade onde o profeta passou a maior parte de seu ministério foi Jerusalém. A maior cidade do reino de Israel e sua respectiva capital. Ela era o centro de adoração ao Eterno Pai. De todos os lugares vinham judeus para as festas prescritas na (torá), os cinco primeiros livros do Antigo Testamento. O grande templo erigido pelo rei Salomão estava lá. Era um símbolo de união nacional, remetendo aos tempos de prosperidade. Trazia também a ideia de uma aliança, celebrada com Deus em tempos “distantes”. Aqui especificamente se desenvolve o falar do profeta Jeremias. Ele não era um “emissário” das questões sociais (pobreza e riqueza). Nem se envolvia em situações políticas (igualdade social e distribuição de renda). Não tinha interesse de discutir sobre (propriedade privada). Seu chamamento estava centrado numa situação espiritual. O templo do Senhor que devia ser um ambiente de comunhão e aproximação com Deus, era usado como um amuleto ou talismã. Os Judeus imaginavam que a presença dele (templo) entre eles, os protegeriam de qualquer maldição e, enquanto ele estivesse de pé, a felicidade os acompanhariam de perto. Infelizmente a maldição já estava instalada em todos os repartimentos daquilo que consideravam a “presença divina” entre eles. Os sacerdotes recebiam suborno (propina) para oficiarem os ritos sagrados. Haviam outros “deuses” sendo adorado no templo. Animais “defeituosos” eram sacrificados fora do altar. Tinham prostitutas cultuais nos compartimentos do santuário. Uma contaminação e promiscuidade acentuadas. Uma condição de “miséria e podridão” humanas. Bem, vamos tentar falar alguma coisa do versículo proposto. Espero que o que vou falar, traga alguma “luz” espiritual. Jeremias lutou corajosamente contra todos estes desmandos espirituais em sua época. Falou desmascarando a farsa que havia. Expôs reis e sacerdotes, mostrando seus corações perversos e suas mentes egoístas e  mesquinhas. Profetizou a destruição do templo que ocorreu no ano de 587 AC. Este é o primeiro templo como se sabe. O segundo foi destruído no ano 70. O texto bíblico mencionado parece um clamor (oração) do profeta. Um desespero que vem de seu íntimo. Ele ousa procurar uma explicação para uma situação tão medonha como aquela em sua época e, ressente-se de resposta. A maioria dos Judeus tinham um coração endurecido como uma (rocha), mas ele sabia que havia esperança. Deduzo que no trecho citado há uma ideia de que Jeremias percebia que a natureza humana era “deformada e desregrada”. Ele próprio tentou fugir do chamamento do Eterno. Uma questão difícil de compreender é que parece que o profeta faz tudo sozinho. Um engano pois, o argumento que estamos analisando mostra que, existiam outros servos de Deus que também lutaram contra as “imundícies” espirituais vigentes. Apenas não são mencionados com destaque, só relatando os nomes de Baruque (aquele que transcrevia e lia os textos do profeta) e Obede Meleque (o etíope) que resgatou o profeta dum poço de lama. Jeremias reconhece que também precisa do bálsamo de Gileade, assim como os demais do seu povo. Ele reconhece que se os seus patrícios estão enfermo, assim, de igual modo ele. Todos estão debilitados precisando de cura interior. O amor se expressa em tomarmos o lugar do outro. Tendo por ele compaixão e atitude positiva. A cura aqui é um processo subjetivo. Deveria ser realizada numa mudança de mente e numa transformação de interior. Uma questão moral e espiritual que precisava ser reparada e corrigida. Uma alteração do percurso de vida. Mas a dura cerviz impediu o povo Judeu de tocar no amor e na misericórdia do Eterno. Colheram exatamente aquilo que plantaram. A disciplina veio por causa de seus próprios erros. Isso acontece conosco em nossa cotidianidade cristã. Não assumimos nossos fracassos e culpamos Deus ou o diabo por eles. Nossos “ídolos” são interiores e, geralmente não abrimos mãos deles. Uma advertência I Jo 5:21 “Filhinhos guardai-vos dos ídolos”. Após a destruição do templo e a subordinação do povo Judeus aos seus conquistadores os Babilônios. Jeremias seus amigos e os anônimos que Deus usou em todo aquele processo agora eram “médicos” de almas e terapeutas de “plantão”. Passavam o bálsamo curador nas “feridas” dos que ficaram. Não apenas ouviam o choro e angústia dos seus compatriotas, mas escutavam com um terceiro “ouvido”, aquele da reflexão, do sentimento, da emoção, da entrega. Tomando o sofrimento do outro como sendo o seu sofrimento. Penso que podemos transportar a experiência de Gileade para nossos dias. Apliquemos este bálsamo uns nos outros quando necessário. Fraternal abraço. Davi.               

A lua.

Olá! amigos e irmãos, bom dia. Vi a lua na quinta-feira passada e, impressionou-me. Ela foi me seguindo em meu percurso de ônibus  até a faculdade. Em alguns momentos escondendo-se entre as árvores, outros, mostrando seu rostinho límpido e transparente. Quando cheguei ao local, uma nuvem densa a cobria. Penso que a lua é uma menina; percebo em seu olhar ternura e candura. Sua face reflete a ingenuidade de uma criança. Acho desconexo, a alegoria da lua com (noiva) uma  mulher. Compreendo a lua (mocinha) dançando e bailando em torno da terra. Uma harmonia de “som” e silêncio. Recordei-me de Gn 1:16 “Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir o dia. E o menor para presidir à noite; e fez também as estrelas”. Obviamente aqui o maior é o sol e, o menor é a lua. Precisamos enxergar o mundo mais com os “olhos” do coração, que com os da razão. Isso faz-nos perceber a graça divina nos pequenos acontecimentos. Blaise Pascoal (1623-1663) um físico, matemático, filósofo e piedoso servo de Deus disse: “A graça de Deus se manifesta nos homens de espírito comum com grandes sinais. Mas, a graça de Deus se manifesta nos homens de espírito grande nas pequenas coisas”. A lua não é tão pequena para nós na terra, mas, dentro da Via Láctea é um ínfimo ponto imperceptível. Imaginem vocês em comparação ao universo. É fantástico compreender como o Eterno valoriza as coisas que consideramos insignificantes. Tentemos fazer agora, uma análise concisa e coerente, desprovida de uma estrutura teológica. O conceito doutrinário de sol tipificando Deus, lua representando a igreja e estrelas simbolizando os cristãos; não tem unanimidade entre os exegetas e hermeneutas bíblicos. Há muitas controvérsias e discussões sobre este assunto. Assim parece temerário enfatizar dogmas, como verdades irrefutáveis quanto ao tema. Por quase duas décadas, deturpei o texto bíblico que temos abordado. Inverti a ordem das palavras, ressaltando a lua (igreja) como o propósito de Deus na terra. Até cantava que “a igreja é o alvo de Deus, ela é o centro do plano de Deus”. Uma distorção do que o versículo mostra. A lua (igreja) tornou-se maior que o sol (Deus) e, também maior que as estrelas (os cristãos). “O menor para presidir à noite”. A lua nunca foi e nem será o centro. Apesar de sua grande influência na vida humana, vegetal e mineral. A lua é um satélite natural da terra; orbitando em torno dela e do sol. A lua tem sua autoridade na noite, e em nossa miragem, mudamos seu governo para o “dia”, obliterando a soberania do sol. Entendo que doutrinariamente falando vivia num “sistema lunar”. Um desequilíbrio e desarmonia latentes. Mas, o Eterno é infinitamente gracioso Gn 1:3 “A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Os ensinamento com clichês (frases ou palavras que repetem-se com frequência) ganham “vida” própria; tornando-se supostas verdades. Desabamos no engano e, afundamos em uma ilusão doutrinária. “O maior para presidir o dia”. Suponho que na lógica divina o dia é maior que a noite. O sol em sua autoridade, exerce soberania sobre a lua. Em Gn 1:11 diz “Deus disse: “Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente. E Deus viu que isso era bom”. Aqui é claríssimo que plantas, ervas, sementes, fruto e árvores, precisam da luz do sol. Temos um pouquinho de cada um desses itens, que foram enumerados, em nossa experiência cristã. A luz do sol realiza o processo de (fotossíntese) sintetização e absorção de nutrientes que, alimentam o reino vegetal. A lua tem sua função relacionada as estações do ano, as marés e outros fenômenos. A normalidade é vivermos em um “sistema solar”. Debaixo da divina luz e, sendo guiados por ela. O Eterno tem predomínio sobre nossas vidas. Ml 4:2 “Mas, sobre vós que temeis o meu nome, levantasse-a o sol de justiça que traz a salvação em seus raios”. Que este “sol” da justiça sempre governe nossas vidas e que, como “estrelas” iluminemos a nossa escuridão e, ajudemos a clarear as trevas do outro. Ótima semana. Abraços. Davi.       

Isaías 53.

Amigos e irmãos; saúde e paz. Recentemente ao andar pela Esplanada dos Ministérios; lugar de passagem de muitos transeuntes, deparei-me com uma árvore que chamou a atenção. De longe e de perto tem uma aparência estranha; está completamente desfolhada. As raízes expostas; os galhos finos e, o tronco descascado pelo tempo. Interessante pois, as outras árvores ao redor estão verdinhas e vigorosas. Verifiquei pessoalmente o fato e, para minha surpresa ao quebrar um pequeno galho dela, percebi o verdor em seu interior e, a rigidez para fragmentá-lo. Um aspecto de feiura e fragilidade. Enganamo-nos ao fazer um temerário juízo de valor. Veio-me a mente o texto bíblico de Isaías 53:1-12. Opino que esta narrativa tem uma referência poética em seu âmago; num panorama hermenêutico teológico. Jesus Cristo é o tema do assunto citado. Não tenho pretensão de uma interpretação ortodoxa, principalmente por ser pobre nos argumentos para sustentá-la. Então vamos a uma leitura mais leva, e imaginativa. Seguirei a ordem dos versículos. Subindo como um renovo; a ideia de uma semente (um broto) que será uma árvore frutífera que polinizada, produzira bilhões de gérmens para multiplicação. Raiz de uma terra seca; uma paisagem parecida com o nosso sertão nordestino. Uma família humilde que expressou uma linhagem da nobreza real. Não tinha beleza nem formosura; o conceito de beleza na pós modernidade foi radicalmente alterado. Esta agarrado a um porte físico atlético. O que Jesus aparentava nunca ter tido. Rejeitado entre os homens; a rejeição é uma experiência dolorosa, sabe disso quem já passou por ela. Uma tortura “psicológica” dependendo do caso que, evolui para um transtorno ou neurose. Experimentado nos trabalhos; bom falarmos sobre isso pois, a atividade de carpinteiro desenvolvida pelo mestre não é enfatizada. Suponho que há uma “visão” dum profissionalismo espiritual onde, a pregação do reino era o trabalho. Uma concepção que não encontra base na vida do Messias. Homem de dores; presumo que Jesus passou por todos os sofrimentos humanos. Suas curas e milagres realizadas em favor do outro, embaraçam nossa visão de sua fraqueza e debilidade. É melhor enxergar um Deus-homem que um homem-Deus. Ficamos na superficialidade do mistério da encarnação. Tomou sobre si as nossas enfermidades; hoje as noções de patologia, doença, enfermidade e sintomas são distintas. Bem como aspecto de normalidade e anormalidade. Entendo que a agrura existencial é mais anímica (psíquica) que física. Precisamos da cura da alma; um processo longo e metódico. Ela acontece quando escutamos o outro e, permitimos que o outro escute-nos. Parece simples mas, não é. Ouvir é diferente de escutar; o primeiro é uma maneira natural e, o segundo é um sistema de aprendizado. Assim a massificação da cura física é um paliativo que, não alcança o cerne da questão. Ferido de Deus e oprimido; é estranho não querermos passar por nenhuma aflição. Quando somos tomados por ela, começamos a acusar-nos e pensamos que cometemos algum pecado. Oramos pela cura como uma expiação do mesmo. Quando Jesus estava doente orava para ser sarado? Não sei ao certo. Ferido por causa das nossas transgressões; ele foi nosso substituto; tomando como suas nossas mazelas, crimes e delitos. Andávamos desgarrados como ovelhas; a vida de rebanho é para produzir em nós uma particularidade que, singularizamos como indivíduos e não, uma consciência coletiva de subordinação e submissão arbitrária. Oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; a resignação não condiz com nossa natureza humana. É uma virtude que aprendemos ao passarmos pelas angústias. Ovelha muda ... não abriu a sua boca. A primeira coisa que fazemos quando a tribulação chega é, abrir a boca; as vezes desesperados. Quem contará o tempo da sua vida?; uma frase inexplicável. O Deus atemporal entra no tempo e morre nele. Uma espacialidade infinita submete-se a finitude temporal. Penso que Deus ficou muito feliz em nascer, viver e morrer como homem. Experimentou a plenitude e completude humana. Puseram sua sepultura com os ímpios e com o rico; o dialogo e a inclusão do descrente mostra que, os privilégios da riqueza não barganhariam mais os favores espirituais. Pobreza e fortuna precisariam alinhar-se ao amor divino. Um detalhe impressionante na exposição bíblica ao meu ver é que, não é explicitada a ressurreição em nenhum momento do texto. Quando a sua alma se puser por expiação do pecado; denota um acerto de contas, uma dívida que foi quitada, uma promissória resgatada. Era impagável para nós o valor; Ele assumiu todos os custos “processuais e materiais”. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma; cada um de nós somos este fruto. Como sementes devemos germinar, chocar e encubar esta poderosa vida que esta dentro de cada um de nós. Ela precisa galhear, folhear, brotar e frutificar; espalhando-se por todos os lugares. Ótima semana a todos. Abraços.

Entrevista na Rede Canção Nova.

Amigos e irmãos boa tarde. É bom nos reencontrarmos novamente.  Semana passada assisti uma interessante entrevista; na Rede Canção Nova. O clérigo Fábio de Melo, que também é cantor; testemunhava de suas experiências pessoais. Discorria sobre a dificuldade que temos de administrar as perdas que passamos, no transcurso de nossa vida. Antes de sua ordenação dois eventos o marcaram profundamente. No depoimento até onde percebi, não o lembro mencionando seu pai. Deu a entender que as recordações dele não lhe traziam alegria. Talvez tenha se “separado” de sua mãe ainda quando era criança. Ou quem sabe abandonara a família. Contou que sua irmã morrera inesperadamente em um trágico acidente de automóvel. Uma perda irreparável. Algo de uma tristeza indescritível. A família ficou desolada por algumas semanas. Ele, sua mãe e, seu irmão, consolavam-se mutuamente. Tempos depois seu irmão foi apanhado pela polícia, transportando droga; indo de uma cidade a outra. Confessou o crime foi detido e posteriormente encarcerado. O que impressionou o padre foi que sua mãe, em lágrimas narrou que a dor da perda da filha comparava-se com a dor da prisão do filho. As duas ausências tinha a mesma fonte afetiva. Uma permanente, a outra aparentemente ininterrupta. Quando amamos alguém; sua ausência é uma parte de nós, que permanece presentificada em nossa lembrança. Isso mostra a importância do outro como um construtor de nossa história. Achei o testemunho corajoso e sincero ao mesmo tempo. Ele como conhecido na mídia, um religioso inserido num contexto institucional, com responsabilidade quanto a organização mas, sem medo de expor seu passado. Continuou falando que em seu serviço sacerdotal enfatizava mais sua humanidade. Reconhecesse alguém fragilizado e dependente do outro. Envolvesse com o próximo ao ponto de sentir seu sofrimento e tristeza. Entende que Jesus em seu ministério pastoral se realizava, destacando sua humanidade. Isso em situações em que visitava as pessoas em suas casas, na rua, na praça, no templo, no poço, no mercado, na festa de casamento. Queria sempre prosar com elas; sem um interesse de convencê-las para um rebanho. Simplesmente esta em suas companhias desfrutando uma felicidade mútua. Concluindo enumero algumas lições. Primeiro precisamos da infinita graça divina, como consolo e conforto para superar as perdas daqueles a quem amamos. No filme FORREST GRUMP há uma linda frase. “A morte faz parte da vida mas, queria que não fizesse”. Segundo é importante que as pessoas percebam quem realmente somos. Isso desmistifica a carapuça espiritual que nos envolve, como se fossemos seres extraterrestres. Um suposto grupo elitizado superior que, tem privilégios ao contatar o Eterno Deus. Uma mentira, desmascarada quando expomos nossos fracassos e, procuramos ser mais autênticos e menos mentirosos. Terceiro a nossa expressão humana, baseada nas convivências nos “aterrissa” na terra. Assim podemos valorizar nossa experiência e a do outro. No estágio espirituoso vivemos um futuro distante e inatingível. Pautamos nossa existência sobre o signo do prognóstico celestial. Penso que é hora de vivermos mais o aqui e o agora; o momento e o instante. O futuro se fundi no presente e, o presente é a realidade do futuro. Abraços. Davi.  

Esquecendo-me das coisas.

     Amigos. Saúde e paz. Ponderemos sobre um texto bíblico muito conhecido em Filipense 3:13.   "Irmãos quanto a mim, não julgo que a haja alcançado: mas uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Versão da Bíblia Almeida Corrigida e Fiel. A ideia é uma tentativa de situar o argumento do período citado no ambiente histórico da vida do apóstolo Paulo. O termo  "esquecendo-me" considero-o como chave de leitura de todo o capítulo em epígrafe. Ele remete para o passado que construiu-nos e, faz parte de nossa existência. Na experiência pessoal é difícil desvencilharmo-nos dele. Presumo que o apóstolo tinha o mesmo sentimento do poeta Mário Quintana quando disse:  "O passado não reconhece o seu lugar esta sempre presente". Na narrativa a capacidade intelectual de Paulo é enfatizada. Foi educado por um dos sábio da cultura judaica chamado Gamaliel. Como fariseu, aos seis anos deveria recitar de memória a torah  (os cinco primeiros livros da lei). Os estudos do Talmude (leis orais, opiniões e debates dos rabinos baseados em exegética, ética e história) complementavam a educação; fundamentados na tradição cultural judaica. É verosímil conjecturar a elitização do apóstolo Paulo. Nenhuma pessoa teria estas oportunidades se não fosse de família clássica. Ressalto estes fatos para mostrar o obstáculo a ser transposto, em olvidar (esquecer). Costumamos comparar as pessoas. Acho isso um vício que devemos corrigir. Um exemplo quando confrontamos os apóstolos Paulo e Pedro. Duas pessoas totalmente diferentes, que viveram em contextos diferentes e tiveram dissemelhantes educação. Dizemos por vezes que um é mais espiritual que o outro. Existe analogia entre um elefante e um jumento? algumas, mas, é temerário generalizá-los. As comparações desumanizam-nos. Uma amoralidade e impessoalidade  (escassez de originalidade). Desfiguramos o outro em sua singularidade. Uma advertência para nós. Sabemos que após a visão do caminho para Damasco na Síria; onde a grande luz o cegou. Muitas coisas aconteceram na vida de Paulo dentre elas, sua decisão de ir  para a Arábia e por lá ficou três anos. Não sei se estou certo quanto ao tempo mas, o fato é que foi um ensaio para despegar-se do passado. Transparece no argumento um conflito entre o presente e o passado. Agora é necessário uma releitura de sua experiência com Deus. Ele luta para separar a tradição, da informalidade. A liturgia, da simplicidade. O conceito do antigo para a transposição do novo. Uma escrita restrita a um povo o (hebraico) para, uma letra universal o (grego). Pedro em sua modéstia (um pescador iletrado) não teria condições de formalizar todos estas concepções. O Pai Eterno o usou em seu devido lugar. Cogito que o apóstolo Paulo não conseguiu separar totalmente as noções do judaísmo, com a nova religião que nascia o cristianismo. A nova crença universal tomou forma organizando-se e estruturando-se em seus ensinos e exposições. Imagino que o apóstolo Paulo não tinha a intenção de fundar uma nova religião. Sua experiência no judaísmo dizia o contrário. Mas, a latência da religiosidade exteriorizou-se, ganhando o mundo inteiro. Pressinto que nosso juízo do passado deve ser objetivamente presente. Agora é a experiência atual que devemos singularizar. O passado é uma lembrança que ficou no consciente. Não o mediamos como realidade hoje. Outro poeta imprime ricamente esta sensação interior. Fernando Pessoa diz: “ O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas; o que exige o momento, o passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto “. A extensão do tema fez me restinguir o assunto a palavra “ esquecendo “. Posteriormente falaremos sobre prosseguir para o alvo, prêmio e soberana vocação. Necessitamos viver o presente, aprendendo lições para não cair nos erros do passado. Abraços.