terça-feira, 31 de julho de 2018

SUNNAH OU HADITH


Islamismo. www.ccib.org.br. SUNNAH E HADITH. Hadith são uma série de ensinamentos, dizeres e ações do Profeta Muhammad (saws), transcritas e coletadas acuradamente por seus devotos e companheiros. Explicam e interpretam os versículos corânicos. A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte da qual os ensinamentos do Islam são esboçados. Hadith significa literalmente um dito transmitido ao homem, mas em terminologia islâmica significa os ditos do Profeta (paz esteja com ele), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com significados diferentes. Para lidar com o tópico é necessário conhecer a posição do Profeta no Islam, porque a indispensabilidade do Hadith depende da posição do profeta. Analisando o problema, podemos visualizar 3 possibilidades: 1. A obrigação do profeta era apenas transmitir a mensagem e nada mais foi requerido dele. 2. Ele tinha, que não apenas transmitir a mensagem, mas também agir de acordo com ela, e explicá-la. Mas tudo era para um período especificado e depois de sua morte o Quran se torna suficiente para a humanidade. 3. Ele não tinha nenhuma dúvida para transmitir a Mensagem Divina, mas era também sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as pessoas. Suas ações e explicações são origem dos ensinamentos para sempre. Seus ditos, ações, práticas e explicações são origem de luz para todo muçulmano em todas as épocas. É unanimidade que apenas a terceira alternativa é correta a respeito da posição do profeta no Islam. O Quran contém dúzias de lembretes da posição importante do profeta. Todo muçulmano deve ter o bom exemplo do profeta como um ideal de vida. No seguinte versículo, ele tem sido feito um ‘Hakam’ para os muçulmanos por Allah (swt). O Todo Poderoso. Ninguém continua muçulmano se não aceitar as decisões e julgamentos do profeta: "Qual! Por Teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas dissensões e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeter-se-ão a ti espontaneamente" [An-Nisa 4:65]. Enquanto explicando as qualidades dos muçulmanos, o Quran diz: "A resposta dos fiéis, ao serem convocados diante de Allah (swt) e seu Mensageiro, para que julguem entre eles, será: escutamos e obedecemos" [An-Nur 24:51]. Em muitos lugares o Quran tem dado seu veredito neste assunto. O Quran diz: "Obedecei a Allah (swt) e a seu Mensageiro" [An-Nisa 59] e "Aceitai, pois, o que vos der o mensageiro e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba" [Al-Haxr 59:7]. O Quran é muito claro ao expressar sua visão na posição do profeta. De acordo com o Quran o profeta tem quatro capacidades e ele deve ser obedecido em cada uma delas. Ele é o Mu`allim e Murabbee, ele é Shaari` que explica o Livro, ele é o legislador e juiz, e ele é o administrador. Em todas estas capacidades ele é um exemplo ideal para os muçulmanos. Cito uns poucos versos do Livro Sagrado que tratam deste tópico. "Allah (swt) agraciou os fiéis, ao fazer surgir um Mensageiro de sua estirpe, que lhes ditou os Seus versículos, redimiu-os, e lhes ensinou o Livro e a Prudência, embora antes estivessem em evidente erro" [Al-Imran 3:164]. "E a ti revelamos a Mensagem, para que elucides aos humanos, a respeito do que foi revelado, para que meditem" [An-Nahl 16: 44]. "São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e no Evangelho, o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito, prescreve todo o bem e veda-lhes o imundo, avalia-os dos seus fardos e livra-os dos grilhões que os deprimem. Aqueles que nele creram, honraram-no, defenderam-no e seguiram a Luz que com ele foi enviada, são os bem-aventurados"[Al-Araf 7:157]. "Ó fiéis, obedecei a Allah (swt), ao Seu Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Allah (swt) e ao Seu Mensageiro, se crerdes em Allah (swt) e no dia do Juízo Final, porque isto vos será preferível" [An-Nisa 4:59]. "Não é dado ao fiel nem à fiel agir conforme o seu arbítrio, quando Allah (swt) e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Allah (swt) e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente" [Al-Ahzab 33:36]. Em todos estes versículos, o Quran tem explicado vários aspectos da personalidade do Profeta. Alguém pode julgar a importância do Profeta a partir destes versículos. Recordo-me de outro importante versículo do Quran, que é na verdade um veredicto contra aqueles que não acreditam no Hadith como uma autêntica origem de Lei: "A quem combater o Mensageiro, depois de haver sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho senão o dos fiéis, abandoná-lo-emos em seu erro e o introduziremos no inferno. Que péssimo destino!" [An-Nisa 4:115]. O Quran pressiona os muçulmanos a obedecerem ao Profeta, e anuncia que a profecia de Muhammad (saws) (saws) (paz esteja com ele) está acima das limitações de tempo e espaço. Ele é último Profeta e um Mensageiro de Allah (swt) para toda a humanidade de todos os tempos vindouros. O Hadith não é nada além de uma reflexão da personalidade do Profeta, que dever ser obedecida a todo custo. Qualquer estudante do Quran verá que o Livro Sagrado geralmente trata os princípios indispensáveis da religião de forma ampla, entrando em detalhes em apenas alguns raros casos. Os detalhes são tratados pelo Profeta que, ou mostra pela sua prática como uma injunção deverá ser tratada, ou dá uma explanação verbal. A Sunnah ou o Hadith do Profeta não era, como normalmente suposto, uma necessidade que fora sentida apenas depois de sua morte, já que era muito necessária também em seu tempo de vida. As duas mais importantes instituições religiosas do Islam são a oração e o zakat; e quando a injunção relatando a oração e o zakat foram entregues, e eram repetidamente reveladas em Meca e Medina, contudo nenhum detalhe era mostrado. Então era o profeta mesmo que por suas próprias ações deu os detalhes para o adorador e disse: (Salloo kamaa ra'aytamoonee usaallee) "Rezem como vocês me vêem rezando". O pagamento do zakat é uma injunção que frequentemente é repetida no Quran, e foi o profeta quem deu as regras para o pagamento e a coleta. Existem outros exemplos já que o Islam abrange a totalidade da esfera das atividades humanas, centenas de outros pontos têm sido explicados pelo Profeta pelo seu exemplo nas ações e palavras. O ulemá tem discutido a questão do Hadith detalhadamente como um "wahyun khafee" e uma sabedoria profética. Eu não vou entrar em detalhes, mas uma coisa pode ser declarada claramente: existem casos nos quais o profeta, não tendo recebido a revelação, fez um esforço pessoal para formular uma opinião por sua própria sabedoria. Ou isto era corrigido pela revelação ou era reprovado. A importância da Sunnah mesmo como segunda fonte do Islam era um assunto estabelecido pelos companheiros do profeta. Eu cito apenas um dos muitos exemplos: que de Mu`az ibn Jabal que disse para o profeta que ele deveria decidir de acordo com a Sunnah caso não encontrasse solução no Quran para o problema. Cita o Dr. Hamidullah: "A importância dos Hadiths é ainda maior pelo fato de que o profeta Muhammad (saws) (saws) não apenas ensinava, mas aproveitava para colocar em prática seus ensinamentos em todos os assuntos importantes da vida. Após sua designação como Mensageiro de Allah (swt), ele viveu por 23 anos. Ele enriqueceu sua comunidade com uma religião que ele mesmo praticava escrupulosamente. Ele fundou um Estado, ao qual ele administrava como chefe supremo, mantendo a paz e a ordem interna, liderando o exército para a defesa externa, julgando e decidindo os litígios dos seus súditos, punindo os criminosos, e legislando sobre os assuntos da vida. Ele casou e deixou um exemplo de vida familiar. Outro fato importante é que ele não se colocou acima da lei comum, a mesma que ele impunha aos outros. Sua conduta não era apenas um comportamento particular, senão uma interpretação e aplicação minuciosa dos seus ensinamentos" [Introdução ao Islam, página 45]. O homem, no entanto, que abraçou o Islam necessita de ambos, o Quran e a Sunnah. Na verdade o Hadith é tão importante que sem ele, o Livro Sagrado e o Islam não podem ser completamente compreendidos ou ser aplicados na vida prática do fiel. A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte de ensinamentos do Islã.  Hadith significa em terminologia islâmica os ditos do Profeta (SAAS), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com significados diferentes. A diferença entre o Alcorão e a Suna, é que o texto do Alcorão e o seu significado vem de Allah (swt), ao Anjo Gabriel só coube levar essa mensagem ao profeta e a ele só coube receber, preservar, transmitir essa mensagem para as pessoas e explicar o que necessitava de explicação.  Enquanto que a Suna as tradições os significados são de Allah (swt) e o texto do profeta, diz Allah (swt) o Altíssimo: “Nem fala por capricho. Isso não é senão a revelação que foi revelada”. (53: 3 e 4). www.ccib.org.br. Abraço. Davi.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

A SEXUALIDADE COMO CAMINHO SAGRADO


Hare Krishna. www.voltaaosupremo.com. Texto de Bhakti-tirtha Swami. A SEXUALIDADE COMO CAMINHO SAGRADO. Uma vez que a sociedade de hoje não entende corretamente a diferença entre amor e sexo, muitos de nós não reconhecem a importância da alma nos relacionamentos entre homem e mulher. A promiscuidade está muito difundida. Como observamos, muitos líderes estão perdendo influência e poder devido ao pouco controle de sua energia sexual. As famílias – os pilares de uma nação – são instáveis e estão se desintegrando. Inúmeras crianças indesejadas nascem todos os dias. A sexualidade é uma força vital poderosa que não é nem inerentemente boa nem má. Como uma lâmina, seu valor depende de como é utilizada. Um médico pode usar uma lâmina para salvar a vida de alguém, ao passo que um criminoso pode usar a mesma lâmina para matar. A diferença reside na consciência da pessoa que está lidando com o objeto cortante. Da mesma forma, a sexualidade também tem duas polaridades. A atividade sexual pode ser um veículo para o abuso grosseiro, a exploração e a luxúria. Nestas condições, o sexo se torna uma questão de egoísmo. Por outro lado, se o ato sexual é uma troca de amor de acordo com os princípios religiosos, ele se torna altruísta e divino. A Importância de Relacionamentos Profundos. A sociedade está desesperadamente carente de relacionamentos amorosos com profundidade – muito mais profundos e mais amorosos do que é o padrão de hoje. Estamos muito distraídos pela estimulação sexual, vendo uns aos outros primariamente como máquinas de sexo e, assim, perdendo o acesso a um nível de contato mais satisfatório e significativo. Na maioria dos casos, o que normalmente chamamos de amor é um arranjo para conseguir alguma satisfação dos sentidos. Lembre-se que a maioria das pessoas não experimentou o amor genuíno. De fato, muitos de nós são incapazes de aceitar manifestações de amor de uma pessoa — quer sejam os pais, um amigo ou o cônjuge — sem perguntar sobre os motivos por trás disso. Não experimentamos o amor incondicional e desinteressado, e certamente não descobrimos o amor, através do sexo. Homens e mulheres devem se tornar mais sofisticados acerca dos relacionamentos. Isto não quer dizer que, necessariamente, eles tenham que se abster do sexo. Mas, em vez de se agarrarem aos prazeres fugazes, devem aprender o significado do compromisso e buscar desenvolver conexões fortes, duradouras e generosas uns com os outros. A Beleza Vem da Alma. Esta sociedade dedica uma quantidade excessiva de energia para embelezar o corpo, visando atrair os membros do sexo oposto. Porém, é a alma que é a fonte de nossa beleza e atratividade para os outros, e não o corpo. Porque Deus é belo, quanto mais devotados e sublimes nos tornamos, mais nossa beleza natural se irradia. Às vezes, esquecemos desta verdade e mantemos nossos relacionamentos em um nível meramente físico. Mas homens e mulheres podem desenvolver conexões mais profundas uns com os outros. Além da dimensão física, as mulheres geralmente se apaixonam e interagem com os homens de coração, enquanto estes, frequentemente, relacionam-se com a mente. Por causa desta diferença, homens e mulheres não se entendem muito bem, de modo geral. Ainda assim, há um nível mais profundo de relacionamento, onde estas diferenças dissolvem-se na energia radiante da alma. Isto se dá quando a sexualidade se torna uma força poderosa e construtiva. O Sexo É Sagrado. O sexo é saudável e natural e cumpre uma função divina. Em sua forma de expressão mais elevada, uma relação sexual significa que um homem e uma mulher se uniram para servir a Deus, criando um ambiente para uma nova alma entrar neste reino material e desenvolver seu relacionamento com Ele. Quando vemos o sexo genuinamente como uma responsabilidade sagrada e um serviço, ele se transforma em um ato espiritual. Por outro lado, quando consideramos os relacionamentos a partir de uma perspectiva superficial, cedendo a encontros sexuais casuais, estamos aceitando uma visão materialista e egoísta da vida humana. Uma cosmologia mais espiritual vê os seres humanos como parte de uma comunidade maior, em que cada pessoa desempenha um papel de responsabilidade. Um homem que simplesmente engravida uma mulher e a abandona não está sequer demonstrando responsabilidade pessoal, muito menos responsabilidade social ou compreensão espiritual. Para ser socialmente responsável, uma pessoa tem que estar preocupada com o bem-estar da comunidade inteira. Hoje em dia, muitos de nós se ocupam em sexo com tanta frequência que nossa vitalidade sexual se enfraqueceu, e muitos relacionamentos estão fracassando fisicamente porque as pessoas não conseguem satisfazer umas às outras. Estamos ficando cada vez mais mecânicos em nossas atividades, incapazes de apreciar níveis mais profundos de associação, amor e serviço. A Sexualidade no Casamento. Em um casamento, marido e mulher devem ver seus parceiros como presentes de Deus. Os cônjuges que pensam desta maneira, compreendendo que o Senhor os confiou alguém para cuidar, terão a cautela de proteger seus parceiros, de modo que agrade o Senhor. Os casamentos estabelecidos e mantidos com este fundamento são extremamente amorosos e doces, e os filhos desta união crescem em uma atmosfera maravilhosamente incentivadora. Quando os casais se congregam em união sexual, ambas as partes devem desejar o encontro e o considerar divino. A experiência, então, torna-se uma expressão de amor profunda e inspiradora. Cada vez que eles se unem, o homem e a mulher devem se lembrar que a expressão máxima da sexualidade é o nascimento de uma criança. Por esta razão, eles não devem usar contraceptivos ou recorrer ao aborto, porque estas são interferências no propósito sagrado da sexualidade. A contracepção não é natural, embora seja uma prática aceita hoje em dia. Temos que tomar cuidado para não confundir considerações sociológicas com espirituais. Um homem e uma mulher podem não querer conceber uma criança porque eles têm carência de meios financeiros para sustentar o novo membro da família ou porque não se sentem psicologicamente prontos. Mas estas circunstâncias são diferentes das realidades espirituais da situação. Espiritualmente, quando um homem e uma mulher se entregam um ao outro na união sexual, eles têm que estar prontos para as consequências naturais. A consciência espiritual deve ter prioridade, orientando-os para compreender o uso dos contraceptivos a partir de uma perspectiva espiritual, e não material. A Ciência da Procriação. Há uma ciência sobre a vida sexual conhecida pelas civilizações que explica como e quando unirem-se sexualmente. A consciência do homem e da mulher durante o ato sexual tem uma influência sobre a alma que, por fim, virá a este mundo. As pessoas que se ocupam em sexo com um estado de consciência negativo produzem seres de consciência inferior. Hoje, geralmente, as pessoas fazem sexo sob a influência de circunstâncias desfavoráveis — na escuridão, enquanto drogadas ou com o cônjuge de outra pessoa. Às vezes, a mulher pode não desejar engravidar, de forma que mesmo que ela não aborte, a alma da criança indesejada pode vir em um ambiente onde os pais a negligenciam. Esta alma entra neste mundo em um estado de crise. Em contraste, se os parceiros estão dispostos a aceitar a responsabilidade envolvida e se preparam espiritualmente para o encontro sexual, sua consciência, na verdade, convoca uma alma mais elevada, que possa fazer uma contribuição positiva para o mundo. Não podemos nunca nos esquecer de que o futuro da criança depende, em uma proporção maior do que podemos compreender, da consciência dos pais na hora da concepção. Um homem e uma mulher ocupados na atividade sexual estão aceitando uma responsabilidade sagrada. Um homem e uma mulher que estão prontos para conceber uma criança devem fazer esforços especiais para criar um ambiente pacífico e espiritual antes de se darem ao sexo. Eles podem cantar, meditar, ler livros espirituais e, de modo geral, preparar a consciência deles para dar as boas-vindas para uma alma altamente evoluída. Mesmo durante a gravidez, os futuros pais devem criar uma atmosfera saudável, amorosa e motivadora para seus filhos. Lembre-se de que as almas começam sua educação assim que entram no útero. A ciência moderna está apenas começando a confirmar isto, descobrindo que o feto é consciente e pode aprender enquanto se desenvolve dentro da mãe. Os sons que ouve, a comida que a mãe ingere, a atmosfera que circunda a mãe — todos estes fatores e muitos outros afetam a consciência da criança muito antes do seu nascimento. A Prática do Celibato.  Embora a sexualidade, expressa de maneira regulada e orientada espiritualmente, seja apropriada para a maioria das pessoas, há exceções importantes. Os celibatários, em vez de ficarem limitados a um relacionamento, são capazes de oferecer amor profundo e preocupação por qualquer pessoa que entre em seu ambiente. Uma palavra de prudência: homens e mulheres devem receber um “chamado” específico para uma forma de vida celibatária antes de se ocuparem em tais práticas. Além disso, eles devem ser cuidadosos para não praticar o celibato isolados, sem associações amorosas. Se eles forem viver sem um parceiro imediato, devem aprender a ver a todos como sua família e a cercarem-se de relações amorosas. Na verdade, o celibato é muito raro e não o recomendamos à maioria das pessoas. Como regra geral, a sociedade requer famílias fortes, conscientes de Deus, e é por isso que a maioria das pessoas deve casar e criar filhos saudáveis, em vez de praticar o celibato. Mas todos devem entender que certos indivíduos escolhem um estilo de vida celibatário visando servirem os outros de maneira ainda mais dedicada e amorosa. Colocando a Vida Material em Perspectiva. Em última análise, cada um de nós tem que aprender a ser livre, controlando os nossos sentidos e desejos dentro do confinamento imposto por este corpo físico neste mundo material. Quer sejamos celibatários, quer sexualmente ativos, devemos sempre nos conectar com algo mais elevado que irá nos orientar, proteger, animar e nos dar um sentimento de segurança. Os antigos ensinamentos védicos nos recordam, assim como muitas outras tradições, de que todos os mundos, materiais e espirituais, têm a sua origem em Deus. Assim, se tentamos satisfazê-lo, estamos automaticamente em contato com o núcleo de tudo. Desta forma, o que quer que precisemos virá naturalmente para nós. Infelizmente, a maioria de nós ignora esse fato e ruma na direção errada. Em vez de melhorarmos nosso relacionamento com Deus, passamos a maior parte de nosso tempo tentando satisfazer os nossos desejos inferiores. A sexualidade, se mal compreendida, pode ser uma armadilha para que sejamos mantidos presos ao mundo material. Certamente temos que prestar atenção ao corpo para que funcione de maneira eficaz. Mas se nossa prioridade é a satisfação dos sentidos e a satisfação própria, acima de tudo, teremos de ficar retornando a este mundo físico para participar dos jogos sensuais e materiais inúmeras vezes. Por outro lado, se a vida espiritual é o nosso compromisso, então as nossas experiências neste mundo não serão um fim em si mesmas, mas indicações mostrando o caminho de volta à morada de Deus. www.voltaaosupremo.com. Abraço. Davi

sexta-feira, 27 de julho de 2018

UMA OLHADA DE PERTO NA PORNOGRAFIA


Cristianismo. www.suaescolha.com. Texto de Gene Mc Connell. PORNOGRAFIA TÓXICA E SEXO TÓXICO – UMA OLHADA DE PERTO NA PORNOGRAFIA. Por Pornografia: sexo fora de controle. Numa noite fria e escura, não há nada melhor que o calor do fogo de uma lareira. Você pode empilhar a lenha e deixá-la queimar bem. É seguro, quente, relaxante e romântico. Agora tire esse fogo de dentro da lareira (que foi feita para queimar) e deixe cair no meio da sala – de repente o fogo se torna destrutivo, podendo queimar a casa toda e matar todos que estão dentro. Sexo é como esse fogo. Enquanto é expresso dentro de um relacionamento protegido e comprometido como o casamento, é maravilhoso, quente e romântico. Mas a pornografia tira o sexo de dentro deste contexto. Pornografia: um grande negócio.  É um grande negócio que faz muito dinheiro e que não se importa como. Vão usar todas as estratégias para fazer você comprar mais. “Lançaram 11.000 vídeos pornográficos ano passado contra 400 filmes lançados por Hollywood (…) e 70.000 web sites pornográficos”. (New York Times, 20 de maio de 2001, “Naked Capitalists”). A Imagem de Sexo da Pornografia. Uma das partes mais vitais do ambiente mental é a ideia saudável de quem somos sexualmente. Se essas ideias estão poluídas, uma parte fundamental de quem somos fica destorcida. A cultura pornográfica ensina que sexo, amor e intimidade são tudo a mesma coisa. Tudo o que importa é a satisfação. Não importa o corpo de quem se está usando, contanto que se possa possuí-lo. A pornografia leva você a pensar que sexo é algo que se pode fazer a qualquer hora, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, sem nenhuma consequência. O Real Significado do Sexo. O ponto de vista da pornografia é estúpido e superficial. Relacionamentos não são construídos sobre sexo, mas sobre compromisso, amor e confiança mútua. Neste contexto, como o fogo dentro da lareira, sexo é maravilhoso. Estar com alguém que ama e aceita você, alguém que está comprometido a viver a vida toda com você, alguém a quem você pode se entregar completamente, isso é o que torna o sexo realmente maravilhoso. Efeitos da Pornografia: As Mentiras. Não se pode aprender a verdade sobre sexo com a pornografia. Ela não lida com a verdade. Pornografia não foi feita para educar, mas para vender. Ela usará de qualquer mentira que vá atrair e segurar a audiência. A pornografia faz sucesso com a mentira – mentiras sobre sexo, mulheres, casamento e muitas outras coisas. Vamos examinar algumas dessas mentiras e ver que grande estrago elas podem fazer na sua vida e nas suas atitudes: Mentira #1 – Mulheres são inferiores aos seres humanos. As mulheres da “Revista Playboy” são chamadas de “coelhinhas”, são transformadas em pequeninos animais graciosos, ou “parceiras de jogo”, transformadas num brinquedinho. A “Revista Penthouse” chama as mulheres de “animal de estimação”. A pornografia frequentemente se refere às mulheres como animais, brinquedos ou partes de corpo. Alguns materiais mostram somente o corpo ou as genitais e não mostram de maneira nenhuma o rosto. A ideia de que as mulheres são verdadeiramente seres humanos com pensamentos e emoções é subestimada. Mentira #2 – Mulheres são um “esporte”. Algumas revistas de esporte têm uma sessão de “roupas de banho”. Isto sugere que as mulheres são apenas um tipo de esporte. A pornografia vê sexo como um jogo, deve-se “ganhar”, “conquistar”, ou “marcar pontos”. Homens que pensam da mesma forma gostam de falar sobre “marcar pontos” com mulheres. Eles julgam sua masculinidade por quantas “conquistas” conseguem fazer. Cada mulher que “conquista” é um troféu novo na sua prateleira para validar a própria masculinidade. Mentira #3 – Mulheres são propriedades. Todos já vimos fotos de um super carro com uma garota debruçada sobre ele. A mensagem sem palavras: “Compre um, e ganhará os dois”. Pornografia que mostra o sexo explícito vai ainda mais longe: mostra mulheres como uma mercadoria num catálogo, expondo-as o mais abertamente possível para que o consumidor veja. Não me surpreende que muitos rapazes pensem que porque gastaram uma boa quantia de dinheiro levando uma garota para sair, têm o direito de fazer sexo com ela. A pornografia ensina que mulheres podem ser compradas. Mentira #4 – O valor da mulher depende de quão atrativo seja seu corpo. Mulheres que são menos atraentes são ridicularizadas na pornografia. São chamadas de cadelas, baleias, porcas ou coisa pior, simplesmente porque não se enquadram no critério de mulher “perfeita” da pornografia. A pornografia não se importa com o que a mulher pensa ou com sua personalidade, somente com o seu corpo. Mentira #5 – Mulheres gostam de ser estupradas. “Quando ela diz não, ela quer dizer sim” é um típico cenário pornográfico. Mostram mulheres sendo estupradas, lutando e chutando primeiro e depois, começando a gostar. A pornografia ensina os homens a gostar de machucar e abusar das mulheres por diversão. Mentira #6 – Mulheres deveriam ser desprezadas. A pornografia é geralmente cheia de discursos de ódio contra as mulheres. Mostram mulheres sendo torturadas e humilhadas em centenas de maneiras insanas diferentes, mas implorando por mais. Esse tipo de tratamento demonstra algum respeito pelas mulheres? Algum amor? Ou o que a pornografia está promovendo é ódio e descaso pelas mulheres? Mentira #7 – Criancinhas deveriam fazer sexo. Uma das maiores vendas da pornografia é a versão pornográfica infantil. As mulheres são “produzidas” para parecerem com menininhas usando rabinhos de cavalo, sapatinhos de meninas e segurando um ursinho de pelúcia. A mensagem das fotos e cartazes diz que é normal para adultos fazerem sexo com crianças. Isso influência os usuários de pornografia a verem as crianças com uma intenção sexual. Mentira #8 – Sexo ilegal é divertido. A Pornografia geralmente tem elementos ilegais ou perigosos incluídos para tornar o sexo mais “interessante”. Sugere que não se pode aproveitar o sexo se este não for excêntrico, ilegal ou perigoso. Mentira #9 – A Prostituição é fascinante. A pornografia pinta uma imagem animadora da prostituição. Na realidade, muitas mulheres retratadas no material pornográfico são garotas que fugiram de casa e estão presas a uma vida de escravidão. Muitas foram abusadas sexualmente. Muitas estão infectadas por doenças sexualmente transmissíveis incuráveis que tem alto risco de contágio e geralmente morrem muito jovens. Muitas usam drogas para poder aguentar viver da pornografia. Efeitos da Pornografia: Ponto Principal. A pornografia se beneficia da vida arruinada de jovens mulheres e laçam homens que gastarão rios de tempo e dinheiro sujeitando-se aos seus produtos. Efeitos da Pornografia: O Poder das Imagens. É estupidez pensar que as coisas que vemos e ouvimos não nos afetam. Todos admitimos que boa música, bons filmes e bons livros só têm a acrescentar nas nossas vidas. Não é difícil acreditar que imagens ruins podem nos fazer mal. As imagens também podem nos persuadir. Empresários sabem que se conseguirem pôr uma imagem persuasiva do seu produto na sua frente durante um momento emocional intenso, ela vai penetrar no seu subconsciente. Os cientistas de propaganda são tão bons no que fazem, que podem até predizer quanto mais do seu produto você irá comprar se vir seus anúncios. Algumas vezes, nem mesmo se vê o nome do produto. “Reeses Pieces” pagou um preço muito caro para ter seus doces aparecendo por alguns segundos no filme “E.T.”, e as vendas de “Reeses Pieces” subiram nas alturas. Por quê? Porque as emoções conectadas a assistir aquele menino ajudando o alienígena foram transferidas para a imagem visual do doce. Se uma rápida olhada no produto — mesmo quando não é o centro da atenção — pode afetar o comportamento das pessoas, imagine os efeitos de um filme que mantém a sua atenção grudada numa tela por uma hora e meia com imagens de sexo explícito. Quais efeitos isso pode ter num homem? Que tipo de ideias a pornografia está colocando nas nossas cabeças? Se coisas erradas continuarem sendo absorvidas, seu ambiente mental pode ficar tão poluído que você terá problemas na sua vida. Uma das partes mais vitais do ambiente mental é uma ideia saudável de quem somos sexualmente. Se essas ideias estão poluídas, uma parte fundamental de quem somos fica destorcida. Vício Pornográfico: A Influência da Pornografia. Nem todo mundo que vê pornografia ficará viciado. Alguns apenas ficarão com algumas idéias tóxicas sobre mulher, sexo, casamento e crianças. Porém, alguns terão algum tipo de abertura emocional que permitirá que o vício tome lugar. As empresas pornográficas não se importam de maneira alguma se você irá se tornar um completo viciado nos produtos deles. É um grande negócio. Dr. Victor Cline dividiu a progressão do vício em vários estágios; vício, agravamento, anulação dos sentimentos (insensibilidade), atuação. Para viciados em pornografia, percebi que existe um outro estágio que vem primeiro — exposição precoce. Vamos examinar esses estágios: EXPOSIÇÃO PRECOCE. A maioria dos rapazes que ficam viciados em pornografia começa cedo. Eles vêm pornografia quando são muito jovens e já estão com um pé na porta do vício. VÍCIO PORNOGRÁFICO. Você continua retornando à pornografia. Ela se torna uma parte da sua vida. Você está atado e não consegue se livrar. AGRAVAMENTO.  Você começa a buscar por mais e mais materiais pornográficos. Você começa a usar materiais que antes lhe causavam repulsa. Agora, lhe causam excitação. INSENSIBILIDADE. Você começa a ficar insensível às imagens que vê. Até a imagem mais pornográfica não o excita mais. Você fica desesperado para sentir a mesma sensação novamente, mas não consegue. ATUANDO SEXUALMENTE. Este é o momento em que os homens dão um salto crucial e começam a pôr em prática as imagens que viram. Alguns saem das imagens pornográficas de papel e plástico e entram no mundo real, com pessoas reais, em atitudes destrutivas. Vício Pornográfico: Eu Sou Um Viciado? Se você identifica algum desses padrões na sua vida, você precisa pisar nos freios agora. A pornografia está tomando mais e mais controle da sua vida? Você tem alguma dificuldade em parar? Você continua buscando por mais? O Que Posso Fazer? A primeira coisa que você tem de fazer é admitir que tem problemas com a pornografia. Acredite em mim, você não é estranho ou anormal se tem esse problema. Milhões de homens estão em vários estágios na luta com a pornografia. Não é nenhuma surpresa. A indústria pornográfica gastou bilhões de dólares tentando conquistar você. Realmente é surpresa que eles tenham tido sucesso? Para alguns de vocês pode haver também algumas questões no seu passado, como abuso ou exposição sexual, o que faz com que seja muito difícil se livrar do vício pornográfico. Você pode muito pouco na luta contra o vício sem ter ajuda. É preciso que alguém o ajude a quebrar esse vício. Superar o segredo é vital. Você provavelmente não pode escapar do vício sem isso; o que não quer dizer que todo mundo tem que saber que você tem dificuldades. Escolha alguém que aconselha homens com problemas com vícios em quem possa confiar – um pastor, um conselheiro ou um líder que trabalhe com jovens. Alguém em quem possa confiar plenamente, se sentir seguro e que tem alguma experiência na área de vício não ficará surpreso com isso. Existe Alguma Solução Para o Vício Pornográfico? A pornografia conquista com mentiras. Em contraste, Deus pode levar a verdade. Jesus disse: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:31-32). Aqueles que ouviram Jesus dizer isso se ofenderam e reagiram: “… nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres?” (João 8:33). E Jesus explicou que “todo aquele que vive pecando é escravo do pecado” (João 8:34), mas que Ele pode nos libertar. O pecado não só nos escraviza, como também nos separa de Deus. Ninguém é perfeito. Ninguém é correto aos olhos de Deus. Pelo contrário, nos é dito que: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para seu próprio caminho” (Isaías 53:6). Todos nós merecemos o julgamento e a punição de Deus. Mesmo assim, Deus, que é santo e amável, providenciou uma solução para o nosso pecado, para que não tivéssemos que ser justamente condenados. Ele pessoalmente tomou sobre si a punição que merecíamos. Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi torturado e morreu na cruz pelo nosso pecado para que nós pudéssemos ser perdoados. Três dias depois Jesus ressuscitou dos mortos, como ele disse que faria. E agora ele oferece a você um relacionamento com ele. Uma das afirmações mais incríveis na Bíblia diz assim: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). O Relacionamento Mais Importante. Quando se busca por intimidade e amor, a pornografia é um substituto vazio para o verdadeiro amor. Fomos criados por Deus para termos as nossas necessidades de intimidade supridas profundamente no próprio Deus. “Pois Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que, todo que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Em contraste com a escuridão e destruição que a pornografia pode trazer para a vida das pessoas, Jesus disse: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (João 10:10). Deus oferece perdão através de um relacionamento com ele. Você gostaria de pedir a ele que perdoe seus pecados e convidá-lo para fazer parte da sua vida? Você pode fazer isso agora mesmo. Se precisar de uma ajuda para expressar em palavras, aqui está uma oração que poderá ajudá-lo: “Jesus, tenho consciência do meu pecado e eu sei que você também está. Eu peço que me perdoe e me limpe. Obrigado por ter morrido na cruz por mim. Eu peço que entre na minha vida agora mesmo e comece a trabalhar na minha vida. Dirija minha vida do jeito que for melhor. Obrigado por perdoar os meus pecados e ter entrado na minha vida agora mesmo”. www.suaescolha.com. Abraço. Davi

quinta-feira, 26 de julho de 2018

APÓSTOLO PAULO - O INICIADO


Fraternidade Rosa Cruz. www.fraternidaderosacruz.org. Livreto Introdutório aos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Por Antônio de Macedo. APÓSTOLO PAULO – O INICIADO. Esta mística inserção dum veio comum tradicional tem levado certos estudiosos a pensar que os Mistérios cristãos se inspiraram formalmente nos mistérios do mundo antigo: A acrescentar às tradições do Antigo Testamento e respectiva liturgia sinagogal, as tradições dos cultos mistéricos helenísticos também foram absorvidas e reinterpretadas segundo fórmulas cristãs. Assim, dentre as tradições tomadas das religiões mistéricas contam-se por exemplo: a disciplina arcana com a distinção entre os verdadeiros mystai (os iniciados nos segredos da fé cristã) a quem era permitido participar no serviço esotérico (isto é, a Eucaristia), e os catecúmenos; a introdução de hinos cantados cuja forma dependia do estilo melódico dos hinos mistéricos (além dos Salmos judeus); a manutenção do antigo gesto de mãos erguidas durante a epiclese sacramental que invoca a infusão do Espírito Santo no pão e no vinho no momento da consagração; e muitos outros. Chegado a este patamar peço licença para fazer uma pausa. Talvez não seja má ideia, depois de tantas vezes ter falado em «mistério» e «mistérios», determo-nos um pouco para tentar descobrir o que se esconde por trás de tais palavras, e digo bem, palavras, e não apenas uma palavra só usada umas vezes no plural, outras no singular. Mais do que um ideólogo do saudosismo e um filósofo da estética e da simbólica, Afonso Botelho (1919-1996) questiona-se com frequência, nos seus escritos, acerca das origens e dos arquétipos, e deixa-nos uma primeira observação, límpida e motivadora, sobre a distinção singular plural a que acabo de me referir: (…). O essencial do mistério cristão, para além da separação intransponível da natureza dos dois mundos, está na oferta cativante de uma via para a transpor. (…). Inversa é a configuração do mistério ou dos mistérios gregos. Verdadeiramente, só existem mistérios e não mistério na Grécia, só existem atos de um ritual secreto praticados pelos mystai. O mistério como caminho entre dois mundos naturalmente incomunicáveis só depois da Encarnação do Homem-Deus, só depois de Cristo, se completa. Recuando no tempo, e incorrendo embora no pecado de aqui repetir enxutamente o que vem em diversos livros e dicionários, começarei por esclarecer ao leitor menos lidado nestas porfias que a palavra mistério tem a sua origem primeira na raiz mu-, ou my- (em grego mu), donde derivam dois verbos: mueô , que significa iniciar, sagrar, instruir, e muô, que significa fechar a boca ou os olhos, guardar silêncio. Da mesma raiz deriva o latim mutus, mudo, e o grego muthos ou mythos, o que nos ensina que o silêncio se associa ao mito, tal como silenciosa deverá ser a Iniciação menor, muêsis, que se completa pela Iniciação maior, teletê, sendo que esta última deriva do verbo teleô, que significa simultaneamente «concluir» e «iniciar», ou seja, «iniciar nos mais altos Mistérios», ou nos Mistérios de plenitude ou de perfeição. O mais alto grau de Iniciação também se chamava epopteia, já notaremos adiante porquê. Avançando um pouco mais no mesmo terreno, observamos assim que os mistérios (ta mystêria) são por conseguinte a teoria de ritos (ta drômena, “actos”) que conduzem iniciaticamente do silêncio à perfeição, e isto tanto no Egito antigo como na Pérsia ou na Grécia. O iniciado tem acesso, por secretos cultos, a regiões — ou melhor: a níveis de ser — inexprimíveis ou inefáveis , o que em grego se dizia arrhêta, que por sua própria natureza indizível se tornam naturalmente incomunicáveis, não por qualquer imposição ou obrigação externa de «manter segredo, mas porque o iniciado ao atingir o cerne do sagrado atinge o «inefável», e faltam-lhe meios de expressão adequados para comunicar ao mundo profano o que, na linguagem e segundo a razão desse mundo, seria incompreensível, e sobretudo porque a Iniciação não é uma cerimónia externa, mas, nunca será demais repeti-lo, uma experiência interna. Em todos os mistérios da Antiguidade (Isíacos, Mitríacos, Órficos, Eleusinos, etc.) vigorava a lei dos três graus, que remonta aos tempos miticamente Atlantes e do seu símbolo sacerdotal, o enigmático Tabernáculo no Deserto, configurado no Templo de Salomão pela confraria de «construtores de Templos» regulada por Hiram, símbolo que se prolonga pelos Collegia Fabrorum romanos e medievais e teve o seu apogeu na Ordem de Construtores e Arquitetos (Ordem Maçónica), que foi a escola dos construtores de templos góticos contemporâneos dos Templários. Esses três graus eram, para os mistérios antigos: postulante (o exô, o de fora), neófito ou misto (mystês, plural mystai), e epopta (epoptês, plural epoptai). Ou seja, mediante o rito que lhe proporciona o arrebatamento ao mundo sensível (ekstasis), o postulante torna-se um neófito ou antes um misto, ou aquele que ainda tem os olhos fechados, para se converter finalmente em epopta — da raiz ops, «olho» —, ou aquele que vê as coisas tais quais são. Do mesmo modo se distinguem os graus dos Iniciadores: o dos mystai será o mystagogos, para a Iniciação menor (muêsis), enquanto o dos epoptai é o telestês, para a Iniciação maior (teletê, ou epopteia como dissemos acima). Desde relativamente cedo se começou a observar nas primitivas comunidades cristãs uma graduação igualmente tripartida, tanto nas fases eclesiais atinentes ao culto externo como na fase interna, mais elevada e menos visível. Na fase externa encontramos as seguintes gradações, se assim se po dem chamar: o catecúmeno (katêchoumenos), o batizado ou neófito (neophytos — 1 Timóteo 3, 6), e o presbítero (presbyteros) ou bispo (episkopos, equipolente a epoptês). Os presbíteros podiam transmitir dons espirituais (charismata) por imposição das mãos (meta epitheseôs tôn cheirôn), conforme lemos no epistolário do Novo Testamento (1 Timóteo 4, 14; 2 Timóteo 1, 6). O catecúmeno era o equivalente a postulante, recebia instrução religiosa durante três anos a fim de se preparar para o baptismo e podia assistir a certos ritos do culto. Por sua vez, o presbítero ou bispo (parece que inicialmente ambas as palavras designavam a mesma função) contava com um grau intermédio, o diácono, para o auxiliar sacerdotalmente no seu ministério —, se bem que a palavra diakonos, então, assumisse por vezes o sentido mais amplo de «servidor» (lat. minister) que se poderia aplicar aos sacerdotes, ou ao ministério sagrado, duma forma geral. Está, portanto, a fase formal — externa. Por sua vez os Mistérios cristãos constituem a fase oculta — mais elevada e interna. Dela trataremos, um pouco mais detalhadamente, na segunda e na terceira partes deste livro. Que sempre existiu um esoterismo cristão é indiscutível, embora a Igreja católica se esforce por desmenti-lo, sobrevalorizando o lado exotérico da catequese e da liturgia. Não há que negar a legitimidade do formalismo exotérico da religião cristã, pelo contrário: se bem que as bases iniciais sejam, tudo atesta, esotéricas, a formulação exotérica da doutrina torna-se indispensável para que a chama da respectiva linhagem tradicional não se extinga no mundo — paradoxo que, sendo impossível de se tornear, acarreta consigo um pesado ónus, pois essa formulação exotérica acaba por se constituir, praticamente, na sua única “verdade oficial”. Certas confusões são perniciosas e devemos a todo o custo areá-las e esclarece-las: sem dúvida que falar-se em Cristianismo esotérico, não sendo, em rigor, um erro, pode induzir em erro, porque o Cristianismo em si não é exclusivamente esotérico, é uma religião dada por Cristo para a salvação de todos e comunicável a todos. O que não significa, porém, que não exista um «esoterismo cristão», acessível apenas aos que queiram aprofundar os mistérios do Reino de Deus, como refere Orígenes de Alexandria (184-253) no seu livro Contra Celsum. O próprio Jesus fazia a distinção entre o que podia transmitir às multidões e o que reservava aos discípulos, a quem dizia: “A vós deu-vos a conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes foi dado” (Mateus 13, 11). No passo paralelo do Evangelho de Marcos, Jesus define claramente quem são aqueles a quem tal não é dado: “Aos de fora [gr. tois exô] tudo se lhes dá em parábolas, a fim de que olhando, olhem e não vejam, e ouvindo, ouçam e não entendam, não suceda que se convertam e se libertem” (Marcos 4, 11-12). Os de fora (oi exô), são os profanos ou ainda só postulantes, isto é, os que ficam “fora do Templo” e a quem, portanto, apenas se lhes podem ministrar instruções exotéricas. Paulo dizia o mesmo por outras palavras: «E eu, irmãos, não pude falar-vos como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Leite vos dei a beber, não comida sólida, pois ainda não éreis capazes» (1 Coríntios 3, 1-2). Alguns mais radicais, como René Guénon (1886-1951), vão mais longe e pensam que as verdadeiras origens do Cristianismo — e sobre as quais o Novo Testamento, na forma como chegou até nós, é esclarecedor sem ser claro — teriam sido de facto esotéricas, mas não na linha de Annie Besant (1847-1933), cuidado!, e que a divulgação generalizada constituiria um fenómeno posterior: Será provavelmente impossível determinar o momento preciso em que o Cristianismo se transformou numa religião no sentido próprio do termo bem como numa forma tradicional destinada a toda a gente, sem distinção. Seja como for tratava-se dum fato consumado na época de Constantino e do Concílio de Niceia, de tal sorte que este não fez mais do que «sancioná-lo», por assim dizer, inaugurando a era das formulações «dogmáticas» destinadas a constituir uma apresentação puramente exotérica da doutrina. (…). É pois evidente que a natureza do Cristianismo original, sendo essencialmente esotérica e iniciática, devia permanecer completamente ignorada por parte daqueles que passaram a ser admitidos no Cristianismo agora exotérico; por conseguinte, tudo quanto pudesse evidenciar ou sequer sugerir o que tinha sido realmente o Cristianismo nas suas origens deveria ser recoberto, aos olhos daqueles, por um véu impenetrável. Sobre a existência de Mistérios cristãos testificam-nos alguns autores antigos, de forma mais ou menos translúcida dentro dos limites em que era possível falar-se de tais matérias. Costumam ser muito invocados, a este respeito, dois teólogos de inspiração platónica da Escola de Alexandria, dos séculos II e III, preocupados com os mistérios alegóricos contidos na essência do Cristianismo e que não excluem uma interpretação esotérica das Sagradas Escrituras. Refiro-me a Clemente de Alexandria (150-216) e ao seu discípulo Orígenes (185-253). Uma das obras mais conhecidas do primeiro, Stromateis (Miscelâneas), é particularmente importante pelo testemunho que nos oferece da existência de Mistérios associados ao Cristianismo primitivo, e a um ensinamento secreto; por exemplo: O Senhor não nos impediu de fazer o bem por causa das leis do sábado; Ele concordou que os que são capazes de compreender partilhassem dos mistérios de Deus e da sua santa luz. Além disso não revelou ao homem vulgar o que não era para ele; revelou-o, sim, a alguns poucos, a quem sabia que tal revelação lhes seria apropriada, e capazes de aceitar os mistérios e de se coadunar com eles. As coisas secretas, tal como o próprio Deus, não se devem confiar por escrito, mas sim exprimirem-se pelo Logos (ou: por palavra). E se alguém nos contrapõe citando a Escritura: «Nada há encoberto que se não descubra, nem nada escondido que se não dê a conhecer» (Mateus 10, 26), responder-lhe-emos que nesta frase (Jesus) predisse que os segredos ocultos serão revelados aos que escutam em segredo, e que tudo o que é velado, como a verdade, será descoberto aos que são capazes de receber as tradições sob um véu, e o que é incompreensível à maioria será claro para a minoria. (…) Os mistérios são transmitidos misteriosamente, de boca a ouvido, ou melhor, não nas vozes do que fala e do que escuta, mas nas suas mentes. Deus concedeu à Igreja que uns sejam «apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e instrutores, para aperfeiçoamento dos santos na obra do seu ministério, e para edificação do corpo de Cristo (Efésios 4, 11-12). Estou bem consciente da pobreza desta minha compilação de notas comparada com a graça do Espírito que me considerou digno de o escutar. Mas ao menos será como que uma imagem, que lembrará o arquétipo original àquele que tiver sido tocado pelo tirso. “Dá ao sábio, e tornar-se-á mais sábio ainda”, diz a Escritura (Provérbios 9, 9), e “ao que tem, se dará e terá em abundância” (Mateus 13, 12). Há aqui uma promessa, não de dar uma plena interpretação dos segredos — longe disso —, mas de oferecer um vislumbre para quando nos esquecemos, ou para evitar que isso aconteça. Vejamos um outro elucidativo passo do mesmo livro de Clemente Alexandrino (150-215): Uma vez que a nossa tradição não é recebida em comum nem aberta a todos, e muito menos quando nos damos conta da magnificência do Logos, segue-se que temos de manter secreta “a sabedoria de Deus em mistério, a oculta”, ensinada pelo Filho de Deus. O próprio profeta Isaías precisou de ter a língua purificada pelo fogo para poder revelar a sua visão. Nós também precisamos de ser purificados tanto de ouvido como de língua, se nos propomos partilhar da verdade. Só de pensá-lo, tolhe-se a mão para o escrever, e, observando as palavras da Escritura, cuidarei de não lançar as pérolas aos porcos, não aconteça que as pisem aos pés e, acometendo-nos, nos despedacem. É difícil apresentar argumentos puros e lúcidos, a respeito da verdadeira luz, a pessoas que são como cevados na sua falta de educação. Quase nada há que pareça mais ridículo aos homens vulgares do que estes discursos, nem mais maravilhoso e divinamente inspirado para os que sejam de nobre natureza. “Mas o homem vivente não capta as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para Ele”; os sapientes não anunciam em público o que discutem em concílio. “O que vos digo às escuras, dizei -o à luz do dia, e o que escutais ao ouvido, proclamai-o de cima dos terraços”, diz o Senhor (Mateus 10, 27). Ele quer dizer que recebamos as tradições secretas do conhecimento revelado, interpretadas com a máxima elevação, e, uma vez que as ouvimos murmuradas aos nossos ouvidos, que as transmitamos a quem delas seja digno, e não que as espalhemos sem reserva a qualquer um, quando Ele, para estes, o fez em parábolas. Quanto a Orígenes, um dos maiores eruditos da Patrística grega e profundo conhecedor dos mistérios pagãos, é autor dalgumas obras monumentais — e essenciais — de que se destacam os Hexapla, por exemplo, primeiro intento de se estabelecer um texto crítico do Antigo Testamento a partir de seis versões correntes gregas e hebraicas, que cotejou em seis colunas paralelas e cuja organização lhe consumiu praticamente a vida inteira, além do denso tratado Peri archôn (Acerca dos princípios), que a Igreja considera discutível e que o ascético Rufino de Aquileia (345- 410) traduziu com o título De principiis adulterando-o e eliminando intencionalmente as passagens e as fórmulas mais «suspeitas». Entretanto, e para o que ora nos importa, basta que nos abeiremos do seu elucidativo tratado Contra Celsum, escrito provavelmente no ano 248 em refutação do livro Discurso verídico, ataque demolidor que o filósofo Celso, igualmente neoplatónico como Orígenes mas ferozmente anticristão, desfere contra o Cristianismo. Naquele, Orígenes revela algumas coisas: E nada digo por ora do estudo cuidadoso de tudo quanto está escrito no Evangelho. Cada ponto contém muitas razões difíceis de entender, não só para o vulgo, mas incluso para algumas pessoas inteligentes. Tal, a densa exposição das parábolas que Jesus fazia aos de fora, guardando a explicação delas para os que tinham ultrapassado a audição exotérica e se aproximavam privadamente d’Ele, em casa. Celso admirar-se-ia se conseguisse compreender o motivo que há para se chamar a uns “de fora”, e a outros «de casa». E quem, sendo capaz de contemplar os vários passos de Jesus, não se maravilhará de vê-lo ora subir à montanha para proferir este discurso ou para realizar aquelas outras ações ou transfigurar-se, ora para, em baixo, curar os enfermos, incapazes de subir aonde o seguiam os seus discípulos? Não é porém este o momento de explicar quanto de verdadeiramente venerável e divino contêm os Evangelhos ou o sentido que Paulo tem de Cristo, isto é, da Sabedoria e do Logos de Deus. Baste o que se disse, para contrapor a essa galhofa, indigna dum filósofo, de Celso, que ousa comparar os íntimos mistérios da Igreja de Deus «com os gatos, macacos, crocodilos, bodes e cães dos egípcios. Realcemos, de passagem, a antiga e clássica distinção esotérica que Orígenes faz entre «subir à montanha» (o caminho da Iniciação!), e o que se pode claramente fazer “na planície” aos “enfermos”, isto é, aos incapazes de atingir, enquanto não «curados e purificados, a sublimação dos Mistérios. Noutro passo do mesmo livro, Orígenes aponta sem ambiguidades algumas chaves dos Mistérios com que podemos deparar nas Escrituras judaico-cristãs: Se alguém deseja iniciar-se numa ciência misteriosa sobre o acesso das almas ao divino, não pelo que nos oferece a mais obscura seita citada por Celso, mas por livros originariamente judeus, lidos nas sinagogas, e que são aceites pelos cristãos, e por outros exclusivamente cristãos, leia as visões do profeta Ezequiel no final da sua profecia; ou leia também, no Apocalipse de João, a descrição da Cidade de Deus, a Jerusalém Celeste, bem como a descrição dos seus fundamentos e das suas portas. E se é capaz de entender por símbolos a senda assinalada aos que se hão de encaminhar para o divino, leia o livro de Moisés que tem por título Números e procure quem o introduza nos mistérios que se encontram ocultos nos acampamentos dos filhos de Israel; averigue de que natureza eram os acampamentos ordenados às bandas do Oriente, que são os primeiros; de que natureza eram os orientados para Sul e Sudoeste, os que estavam junto ao mar e os que, por fim, se ordenavam a Norte. Nestas passagens achará decerto ideias não despiciendas, e não, como imagina Celso, ideias que pedem ouvintes néscios e escravos. Compreenderá de quem nelas se fala bem como a natureza dos números aí indicados e que convêm a cada tribo. Expor aqui cada um destes pontos parece-nos inoportuno. Finalmente, Orígenes não pode ser mais límpido quando afirma: E de mais, que haja pontos além do exotérico que não chegam aos ouvidos do vulgo não é coisa exclusiva do Cristianismo, mas também corrente entre os filósofos, que tinham doutrinas exotéricas, e também outras esotéricas. Assim, de Pitágoras havia quem apenas ouvisse dizer: «Ele disse-o»; outros porém eram secretamente iniciados em doutrinas que não deviam chegar aos ouvidos profanos e não purificados. E quanto aos mistérios que se praticam em toda a Grécia e nas terras bárbaras, embora sejam ocultos, não os ataca Celso; por isso em vão tenta desacreditar o que há de oculto no Cristianismo e que não pode entender. A necessidade da reformulação exotérica que vimos acima levou a Igreja a proceder a uma espécie de movimento translacional quanto ao sentido da palavra mistério, e aqui voltamos à tal distinção a que aludimos entre «mistério» e “mistérios” que a Igreja oficialmente adoptou e ensina: por um lado os mistérios enquanto grandes acontecimentos históricos da vida de Jesus ou da Virgem Maria, por exemplo os mistérios da Cruz ou os mistérios do Rosário; por outro, no mistério singularizado como por exemplo o mistério da Encarnação de Cristo, o mistério da Santíssima Trindade, o mistério da Eucaristia ou da Transubstanciação, o mistério Pascal, o mistério da Ressurreição. A palavra “mistério” ocorre 28 vezes no Novo Testamento, 21 das quais nos textos paulinos, e em nenhum caso para exprimir o que acabámos de enumerar e que a Igreja oficializou: com o decorrer do tempo, o duplo significado de verdade divina e de rito sacro que o termo «mistério» abrangia acabou por se repartir por duas palavras, mysterium e sacramentum, ficando a primeira a designar as verdades ocultas do Cristianismo e a segunda os ritos ou as realidades sagradas. O que não exclui o poder que a Igreja detém para estabelecer, pelo mysterium, uma ponte real com o divino, poder que Cristo transmitiu aos apóstolos e que, por sucessão apostólica, é transmitido por sua vez ao longo dos séculos a todo o sacerdote regularmente ordenado. É tempo entretanto de regressarmos a Paulo, que, confirmando quanto mais acima se disse sobre o originário esoterismo cristão, mui lisamente declara: “Se o nosso Evangelho está porém velado, está velado para os que se encontram no caminho da destruição, para aqueles incrédulos cujos pensamentos o deus deste século [gr. aiônos] cegou, para que neles não brilhasse a iluminação do Evangelho da glória de Cristo, o qual é imagem [gr. eikôn] de Deus” (2 Coríntios 4, 3-4). É importante pôr em relevo que foi o mesmo Paulo quem formulou, na sua primeira carta aos Coríntios e em duas frases fundamentais, que as Escrituras cristãs nos dão dois Evangelhos, um exotérico e relacionado com a personalidade mundana: “Resolvi não saber coisa alguma, entre vós, senão Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Cor 2, 2), e outro esotérico e relacionado com a individualidade espiritual: “Não sabeis que sois templo de Deus?” (1 Coríntios 3, 16). Destes “dois Evangelhos” foi o primeiro, como já fizemos notar, que a Igreja católica trouxe à luz da ribalta, e manteve, com o carácter que conhecemos e que tem sido a permanente tónica da sua doutrina cristã. Inácio, bispo de Antioquia (35-108) martirizado em Roma no ano 107 ou 108, foi Padre Apostólico (vir apostolicus), isto é, conheceu e conviveu pessoalmente com alguns apóstolos, afirma-o João Crisóstomo (347-407): Inácio, em primeiro lugar, conviveu nobremente com os Apóstolos e das presenças deles se gozava como fontes do Espírito. Ora pois, que muito é que quem com eles convivia e com eles a todas as horas lidava, e participava dos seus públicos e secretos pensamentos, fosse finalmente tido por digno de tão alta dignidade?»[33]. Inácio, na sua juventude, decerto teria conhecido Paulo (além de João, e talvez outros), sendo Antioquia a sua pátria, e tendo sido de Antioquia que irradiou para o mundo mediterrânico a mensagem de Paulo, os seus caminhos, com toda a probabilidade, ter-se-iam cruzado. O testemunho de Inácio, portanto, convém considerar-se com especial atenção, nomeadamente — e para o caso que nos importa — o seguinte passo duma carta que endereçou à comunidade cristã de Éfeso, onde a recordação de Paulo permanecia muito vívida: «Sois passagem para os que se elevam a Deus, iniciados com Paulo nos mesmos mistérios [gr. Paulou summusai]» (Carta aos Efésios XII, 2). Aquelas palavras gregas, Paulou symmysai, também se podem traduzir por companheiros de iniciação de Paulo. Ou seja, os Mistérios cristãos eram um facto, e uma das provas mais evidentes dá-nos o próprio Paulo, quando auto afirma: Sei de um homem, em Cristo, que há catorze anos — ignoro se no corpo, ou fora dele, Deus o sabe — foi arrebatado até ao Terceiro Céu. E sei desse homem — se no corpo ou fora dele, não sei, Deus o sabe — que foi arrebatado ao Paraíso e ouviu palavras inexprimíveis [gr. arrhêta rhêmata, lat. arcana verba] que não é permitido a um homem divulgar. — 2 Coríntios 12, 2-4. Este texto surpreendente de Paulo revela um facto em que muitos cristãos certamente nunca pensaram, e dá sobretudo conta, com muita força, do que é o segredo iniciático, as tais «palavras inexprimíveis que o Iniciado recebe e não pode repetir no mundo profano. Recordemos que a expressão que Paulo usa para o inexprimível e incomunicável — arrhêta —, é a mesma que é utilizada nos mistérios antigos exatamente com o mesmo significado. Não deixa de ser sintomático que São Jerônimo (347-420), conhecedor dos primitivos Mistérios cristãos, tenha traduzido, na sua Vulgata Latina, aqueles dois vocábulos gregos, arrhêta rhêmata (palavras impronunciáveis ou inefáveis), por arcana verba, expressão muito mais forte, pois significa «palavras ocultas ou secretas». A crítica positivista, ignorando o alcance iniciático deste texto, assume perante ele uma de duas atitudes: ou opina que se trata apenas dum ancestral tema mítico (as esferas do céu!) que permaneceu no Novo Testamento a par doutros como por exemplo a batalha celestial entre anjos e demónios (Apocalipse 12, 7-9); ou limita-se a constatar que Paulo mentiu, porquanto, a fazer fé no Evangelho de João, «ninguém subiu ao Céu a não ser Aquele que desceu do Céu, o Filho do homem» (João 3, 13). Pois nem uma coisa nem outra: por esta revelação ficamos a saber que Paulo era um Iniciado com o grau equivalente à 5.ª Iniciação menor da Ordem Rosacruz: esta é a Iniciação que dá acesso ao Mundo do Pensamento Abstrato, ou Terceiro Céu, na terminologia iniciática cristã e Rosacruciana. E tal como nas doutrinas Rosacruzes, Paulo admite deidades ou Hierarquias a que chama «deuses», inferiores ao Deus único e a Ele submetidos: «Porque, se há aqueles que são chamados deuses, tanto no céu como na terra, havendo assim muitos deuses e muitos senhores, para nós porém não há senão um Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas» (1 Coríntios 8, 5-6). Muito exemplos se poderiam colher dos textos de Paulo; remato com o seguinte passo da primeira carta aos Coríntios, que bem merece leitura atenta e profundada, e que já vimos, atrás, ter sido objeto de misterioso exame tanto de Clemente de Alexandria como de Orígenes: Entre os perfeitos [gr. en tois teleiois] porém, falamos sabedoria; não a sabedoria deste século nem a dos chefes deste século condenados a perecer; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, a oculta, que Deus predestinou antes dos séculos para glória nossa; que nenhum dos chefes deste século conheceu; pois se a tivessem conhecido, nunca teriam crucificado o Senhor da glória. Mas como está escrito: O que olho não viu nem ouvido ouviu, Nem subiu ao coração do homem, Essas coisas preparou Deus aos que o amam (Isaías 64, 3). A nós revelou Deus por meio do Espírito; porque o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus. Quem pois conhece dos homens as coisas próprias do homem, a não ser o espírito do homem que nele se encontra? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece a não ser o Espírito de Deus. Nós, porém não captamos o espírito do mundo mas o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos as coisas que Deus graciosamente nos deu, as quais falamos não com aprendidas palavras de sabedoria humana, mas com aprendidas do Espírito, agregando o espiritual ao espiritual. Mas o homem vivente [gr. psychikos anthrôpos, lat. animalis homo] não capta as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para ele, nem é capaz de entendê-las pois só espiritualmente é possível examiná-las. Em contrapartida o homem espiritual [gr. pneumatikos, lat. spiritalis] ajuíza todas as coisas, mas ninguém é capaz de ajuíza-lo. Quem pois conheceu o pensamento do Senhor, para que o instrua? Nós, porém temos o pensamento [gr. noûn, lat. sensum] de Cristo. — 1 Coríntios 2, 6-16. Os «perfeitos» a que se refere Paulo são os Iniciados (teleioi) dos Mistérios Maiores, os mesmos “perfeitos” que Orígenes invoca num outro texto seu que também a este se reporta e que só o entenderá quem disso for capaz, como ele próprio adverte: (…) Platão (428 AC 347) põe em terceiro lugar a imagem; nós porém, aplicando o nome de imagem a outra coisa, diremos mais claramente que a impressão das chagas que depois do Logos se dá na alma, é o Cristo que mora em cada um, e vem do Cristo Logos. Ora bem, a sabedoria, que é Cristo e mora nos perfeitos [gr. en tois teleiois] de entre nós, corresponde ao quarto elemento platónico, que é a ciência, entenda -o quem disso for capaz. Nos livros canónicos do Novo Testamento não se dá conta de como Paulo terminou os seus dias. O que se sabe, ou julga saber, é-nos transmitido pelos apócrifos, nomeadamente os Acta Pauli, que incluem o Martyrium Pauli, e os fragmentos que nos restam dos Atos de Pedro e Paulo: teria sido levado para Roma e decapitado no ano 67 nas Aquae Salviae, na localidade que hoje se chama Tre Fontane. A descrição da sua morte no Martyrium Pauli inspirou, ao longo dos tempos, tanto a arte como a liturgia: Paulo então pôs-se de pé e olhou para leste, ergueu as mãos ao céu e orou demoradamente. Nas suas orações falava em hebraico com os Padres; depois, sem proferir palavra, ofereceu o pescoço ao verdugo. E quando este lhe cortou a cabeça, salpicou leite sobre a túnica do soldado. Os poetas, no entanto, têm uma visão diferente. Tal como Elias, tal como Enoch, o trespasse de Paulo, o Iniciado, não podia acrisolar-se em cadinho de terrestre cruz, mas apenas em luminoso raio de celestial mistério: “Paulo não podia morrer, como Pedro. Desapareceu nas alturas donde recebera a inspiração. O seu amor a Jesus Cristo alcançou a Eternidade e todos os atributos de Deus. Paulo é imortal em Jesus Cristo. Não morreu, desapareceu. Aparecer é ganhar forma no espaço, e duração no tempo. Desaparecer é ficar invisível, simplesmente”. www.fraternidaderosacruz.org. Abraço. Davi

quarta-feira, 25 de julho de 2018

REVISITANDO O JARDIM DO ÉDEN


Judaísmo. www.morasha.com.br. REVISITANDO O JARDIM DO ÉDEN. “E plantou o Eterno, D’us um jardim no Éden, no Oriente, e lá colocou o homem que criou. E fez brotar da terra, o Eterno D’us, toda árvore cobiçável aos olhos e apetitosa ao paladar, e nesse jardim estavam a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. A história do Jardim do Éden - de Adão e Eva e a serpente, e da partilha do fruto proibido - é universal em seu escopo. Apesar de ser uma história da Torá, não é dirigida exclusivamente ao Povo Judeu. Envolveu pai e mãe de toda a humanidade, pertencendo, portanto, a todos os seres humanos de todas as gerações. De fato, o ocorrido no Jardim do Éden, não constituiu um evento singular em um passado longínquo; constitui uma história recorrente na vida de qualquer homem e qualquer mulher. A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. O pecado de Adão e Eva é por demais conhecido. Enquanto viviam no Jardim do Éden, tinham permissão para comer de todas as árvores, exceto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. D'us previne Adão que a consequência de se violar a proibição seria a morte. Mas, a despeito do severo alerta, Eva se deixa seduzir pela serpente e partilha do fruto proibido, o qual, mais tarde, oferece ao marido e a todos os animais. Em decorrência disso, a morte é introduzida no mundo e Adão e Eva são banidos do Éden para sempre. O mais peculiar em todo o incidente é a natureza da proibição, em si. Por que razão haveria de ser proscrito o conhecimento e associado ao pecado e à morte? A superioridade do homem perante os demais reinos reside não apenas em sua capacidade espiritual, mas também na mental. Com efeito, essa mesma Torá, que conta a história de Adão e Eva, exacerba o valor supremo do aprendizado e da busca pelo saber e pela verdade. Como diz o Talmud, quem possui conhecimento, tudo possui; quem não o possui, nada possui. Outro problema intrigante é o argumento usado pela serpente para convencer Eva a provar do fruto proibido. Era verdadeira a sua alegação de que "No dia em que do fruto comeres, teus olhos se abrirão e serás como D'us, que conhece o bem e o mal". Isto traz à tona a pergunta: por que razão D'us, que criou o homem à Sua imagem, não quis que desfrutasse de parte de Sua sabedoria? Ao tentar responder a tais perguntas, é preciso, primeiro, conhecer mais sobre a natureza do primeiro homem e da primeira mulher. Antes de incidir em pecado, a existência física do homem era pura santidade. Como nos ensina Rabi Shimon bar Yochai, autor do Zohar, até o mais espiritual dos seres humanos na História não consegue se equiparar à estatura espiritual de Adão. Ele nasceu para ser imortal e para viver livre de preocupações, esforços e sofrimentos. Sua missão consistia em tornar o Éden mais perfeito e poderoso para que tal perfeição e força pudessem estender-se por todo o mundo. Adão nasceu sem maldade; mas isso não significa que o mal não existisse no mundo. De fato, o antagonista na história - a serpente - era a própria encarnação do Mal. Os livros místicos sugerem que a serpente, que também personificava a Árvore do Conhecimento, estava exasperada pela imunidade humana ao mal. Ressentia-se do fato de o homem viver livre dos conflitos e tormentos, e, por isso, tentou atraí-lo para um círculo vicioso de luta e sofrimento. Várias outras são as explicações para o que teria levado a serpente a tentar Eva, mas esta, em especial, alinha-se com os ensinamentos cabalísticos de que o mal sente uma irresistível atração pela bondade. Parasita por excelência, o mal se alimenta de santidade e é a bondade o que lhe dá sustento e significado. Exemplificado de forma simplista: o homem malvado apenas ascende ao status de "super vilão" quando se lança em guerra contra um "super-herói"; caso contrário, não passa de um simples malfeitor. De modo similar, o Mau Instinto não demonstra grande interesse nos indivíduos que com ele naturalmente se alinham. Ao invés disso, não mede esforços tentando atrair os bons e puros. Isto explica o ensinamento talmúdico de que "quanto maior o homem, maior seu instinto maligno". É por isso que Adão e Eva foram presa fácil da tentação: o Mau Instinto sobre eles lançou potentes forças hostis que os levaram a pecar. Uma das lições óbvias do episódio da Árvore do Conhecimento é que o homem tem atração pelo que lhe é proibido. A Torá reconhece que (…). "As águas roubadas são doces…" (Provérbios 9: 17) - ou seja, é do gênero humano cobiçar o proibido. O fruto proibido se tornou uma metáfora, um símbolo da atração e do fascínio pelo pecado. Desde o Jardim do Éden, isto tem sido uma realidade na vida de praticamente todos os seres humanos. Para alguns, pode tratar-se de algo tão mundano quanto o alimento que não deve ser ingerido; para outros, pode ser uma tentação mais destrutiva, como um relacionamento proibido. Mas, qualquer tentação empalidece face ao que a serpente, falando em nome da Árvore do Conhecimento, ofereceu a Adão e Eva. O partilhar do fruto proibido significava a realização do maior desejo dos homens: a capacidade de se parecer a D'us - controlar o próprio destino e exercer poder sobre o mundo. Sem dúvida, a perspectiva mais atraente que pode ser oferecida a um ser humano: a possibilidade de "cruzar a barreira", de ir além e se tornar divino. Desde os dias de Adão, o homem tem tentado fazê-lo. Atrai-o a magia, o conhecimento esotérico, o misticismo, tudo na esperança de se sobrepor às dimensões do humano. À semelhança de outros vilões da história, a serpente foi fiel à sua palavra. Entregou o que prometera. Assim que Eva e Adão comeram do fruto da Árvore do Conhecimento, passaram a possuir algo que era reservado a D'us, algo com que nem mesmo os anjos mais elevados contavam - o livre arbítrio. Por ter provado do fruto do bem e do mal, descobriram dentro de si novas aptidões, tornando-se fatores mais dinâmicos no Universo. Como D'us, ganharam o poder de querer, criar e destruir. A serpente demonstrou astúcia extraordinária, pois contou a verdade a Eva - mas não a contou por inteiro. Após daquele fruto comer, o homem efetivamente passou a conhecer o bem e o mal; mas, ao contrário do Criador e dos seres espirituais, ele interiorizou tal conhecimento. Os animais não são dotados de livre arbítrio, nem os anjos, que são meros mensageiros divinos, e, portanto, impenetráveis ao mal. O homem, vulnerável a qualquer influência, não tem o dom de conhecer o maligno e permanecer imune ao mesmo. Uma vez tendo provado do fruto proibido, pode continuar sendo boa pessoa, mas jamais recuperará a inocência perdida. Não há riqueza nem sabedoria, por maior que seja, que possa restaurá-la. Em vista do que acabamos de discutir, podemos tratar do motivo para que o fruto da Árvore do Conhecimento fosse proscrito. Como se pode prever, as respostas são várias. Uma destas diz que o homem não foi criado para saber tudo. De fato, quantas pessoas excelentes e talentosas caíram vítima da confusão intelectual e espiritual, do vício e do comportamento destrutivo, simplesmente por buscarem conhecer e experimentar tudo o que a vida lhes tinha a oferecer? Adão foi proibido de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal porque o homem não tem condições de se manter totalmente alheio e imune àquilo com o que tem contato. D'us sabia que se o homem viesse a conhecer a maldade os resultados seriam desastrosos, pois ele ficaria atraído pelo mal. E foi exatamente o que ocorreu. Após sentir o gosto do fruto proibido, bem e mal se fundiram no interior de Adão e Eva. Na língua hebraica, a palavra lada'at - "conhecer, saber" - contém um elemento emocional. O versículo que aparece no mesmo capítulo do relato sobre a Árvore do Conhecimento - e que conta que "Adão conheceu Eva, sua mulher" - não contém um eufemismo, como se pensa. Pelo contrário. Conta-nos que um relacionamento físico entre duas pessoas nunca é completamente desvinculado de um elemento emotivo-relacional. Assim o ensinou Rashi, clássico comentarista da Torá: "Conhecer alguém é amá-lo". E como o amor é um vínculo mais profundo do que qualquer ato da mente ou do intelecto, conhecer algo significa estabelecer uma conexão com este algo. O homem foi criado para jamais conhecer o mal, assim como há situações às quais nenhuma criança jamais deveria ser exposta. Mas desde o pecado de Adão e Eva, a maldade se tornou parte intrínseca de seus descendentes. Sequer importa o que se pensa sobre isto - se o indivíduo desfruta do mal ou se este a repulsa. O simples ato de conhecer implica em arcar com as consequências. D'us queria que o homem continuasse santificado, como fora criado, e que não caísse presa da tentação. Pois que a presença da maldade no homem, especialmente em pessoa boa e conscienciosa, é fonte de contínuo sofrimento. É difícil ser bom e, mais ainda, ser espiritual, pois, no decorrer da vida o ser humano frequentemente se encontra diante da escolha entre duas alternativas terríveis: a frustração de um desejo não realizado ou - infinitamente pior - o amargo gosto do pecado, a dizer, a culpa e a vergonha e o temor da retribuição, quer humana quer Divina. Desde que provou do fruto proibido, o homem se tornou uma mescla entre bem e mal, luz e escuridão. Explica o Tanya, obra clássica da Cabalá, que o mal se manifesta, no homem, de inúmeras formas: como desejo pelo proibido; como orgulho e raiva indevidos; como depressão e indisposição para fazer o certo; e, talvez o mais frequente, como frivolidade e desperdício - em outras palavras, o uso inadequado da capacidade, energia e tempo que D'us confiou a cada um de nós. Somente Tzadikim Gamurim - homens e mulheres perfeitamente justos, como Avraham, Moshê Rabenu e Rabi Shimon bar Yochai - são totalmente destituídos de maldade. Mas, infelizmente, tais seres são raríssimos e mesmo esses podem errar. Ademais, mesmo o Tzadik Gamur é forçado a viver em um mundo em que coexistem bem e mal, no qual este ser "justo e puro" se vê cercado de situações em que sempre há uma opção reprovável, não importa em que ambiente se encontre. Consta que Moshê perdeu a paciência em várias ocasiões. Sua fúria, sem dúvida, foi uma falha de comportamento; mas as situações a que foi submetido não lhe permitiram agir de outro modo. A expressão da raiva foi o único meio que encontrou para corrigir alguns dos problemas surgidos em meio ao povo judeu durante sua jornada de 40 anos a caminho da Terra Prometida. Um dos temas atemporais na história de Adão e Eva é o fato de que, desde o Jardim de Éden, todos nós, em maior ou menor grau, mantemos um relacionamento de amor e ódio com a serpente. Como está na Torá, "Na porta jaz o pecado; e a ti fazer pecar é o desejo do Mau Instinto; mas tu podes dominá-lo" (Gênese, 4: 7). A serpente aparece de diferentes formas para diferentes pessoas. Muitos seres humanos, como o primeiro casal da Terra, sucumbem a seu encantamento. Outros conseguem dominá-la. Mas, à exceção dos Tzadikim Gamurim, os justos perfeitos, a humanidade é fascinada pela mesma. Isto explica a razão para a mídia e a indústria do entretenimento nos sufocarem de notícias e imagens, a cada dia mais violentas e impróprias: fazem-no porque atraem nosso interesse, mesmo que em sã consciência consideremos repulsivas as imagens - em outras palavras, a serpente. Se o homem apenas fizesse o que Eva devia ter feito, a dizer, ignorar a "tentação", esta "serpente" perderia sua razão de existir e acabaria desaparecendo. Não nos referimos, aqui, ao mal que se manifesta de forma explícita no mundo e que deve ser combatido e vencido. Estamos falando da "serpente" que vive dentro de cada um de nós. Esta não pode ser vencida enquanto estivermos obcecados, nela pensando e falando. Esta se encolhe e morre somente depois que o homem transfere seu pensamento para outros assuntos, de preferência mais elevados, os quais, pela própria natureza, são diametralmente opostos aos argumentos e tentações lançados pelo Mau Instinto. Banidos do Jardim do Éden. Pouco após comer da fruta da Árvore do Conhecimento, Adão e Eva são expulsos do Jardim do Éden, pois D'us não permitiria que o homem "estendesse sua mão, retirasse algo da Árvore da Vida, o ingerisse e vivesse para sempre". O motivo de sua expulsão traz à tona outra pergunta: por que o homem não podia comer da Árvore da Vida e viver para sempre, eliminando a maldição imposta pelo pecado inicial? Porque a Árvore da Vida não poderia servir como antídoto. Apenas agravaria o problema, pois, uma vez incorporado o mal no ser humano, a Vida Eterna significaria que também o mal viveria para sempre. Há uma história no Zohar que elucida a idéia. Consta que Rabi Acha, de Kfar Tarsha, tentou expiar uma pestilência em uma aldeia queimando incenso. Disseram-lhe que aquilo era inútil, pois os habitantes do vilarejo não haviam expiado seus próprios pecados. Tivessem eles demonstrado arrependimento, a oferenda do incenso promoveria a expiação; caso contrário, apenas serviria de paliativo para desaparecerem os sintomas, mas jamais traria cura à peste. De forma similar, o fruto da Árvore da Vida poderia curar a morte - sintoma do pecado - mas não o pecado em si. Após o pecado de Adão e Eva, era preciso corrigir as consequências de seu ato. Os limites entre bem e mal tinham sido confundidos não só no homem, mas em todo o mundo. Daí ter D'us expulso o ser humano do Jardim de Éden para que fosse cultivar a terra. Para corrigir o dano que causara, o homem teria que refinar o mundo, extirpando o bem que havia no mal. Isto só é alcançado através do cumprimento dos Mandamentos Divinos, meio pelo qual Ele ensinou ao homem o que não fazer, de modo a não aumentar as forças do mal. E pelo qual também determinou quais as ações a realizar com a matéria física, de modo a que o bem que há no mundo pudesse ser espiritualmente elevado. Neste ponto, a identidade do fruto proibido adquire relevância. Com certeza, esse fruto não era a maçã. Entre nossos Sábios predominava a opinião de que se tratava de uvas, que Eva comeu e utilizou para fazer vinho, que então serviu ao companheiro. Como as uvas foram o elemento físico envolvido no pecado inicial, ajudamos a retificar espiritualmente sua utilização imprópria mediante a oração do Kidush, com vinho - ao santificar o Shabat e as festas judaicas. E, assim fazendo, a mesmíssima fruta que foi consumida em pecado é usada em um ato de santificação - para proclamar que D'us é o Criador do mundo e para santificar seus dias sagrados. A isto se chama, na Cabalá, Tikun - retificação espiritual. Esta retificação do mundo ocorre quando o homem santifica o mundo físico, utilizando seus elementos com propósito sagrado. Por exemplo, quando o couro é usado para fazer os Tefilin, realiza-se um ato de fissão espiritual: são liberadas as centelhas sagradas existentes na matéria física. Se isso ocorresse constantemente - se o ser humano apenas fizesse o certo sem nunca errar - a "serpente" definharia até a morte, por inanição. O pecado de Adão e Eva seria, então, retificado e suas consequências - luta e sofrimento e morte - deixariam de ser parte integral da vida. O banimento do homem do Jardim do Éden acabou sendo mais uma consequência do que uma punição. Ele teria que trabalhar com afinco para reparar o dano causado a si próprio e ao mundo. E pode-se dizer que até mesmo a praga de que "com o suor de teu rosto comerás o teu pão" não veio isenta de alguma bênção em seu interior. Pois o trabalho é o que dá significado à vida do ser humano. E o que se consegue com muita facilidade, dificilmente é valorizado. A serpente, grande vilã e instigadora, foi punida com exatamente o oposto - uma praga terrível que mais parece uma bênção. Diferentemente do homem que precisa se empenhar para ganhar o seu sustento, a serpente é amaldiçoada por D'us a buscar na terra a sua sobrevivência. De relance, isto parece uma bênção: como o solo é tão abundante, o réptil jamais passará fome. Mas, no íntimo, este decreto é o próprio significado do inferno. A serpente pode ser comparada a um filho que cometeu uma maldade tão monstruosa que leva o pai a expulsá-lo de casa. E lhe diz: "Eu o criei e, portanto, não posso deixá-lo morrer de fome. Por isso, dou-lhe agora todo o dinheiro de que necessitará, na vida, para que nunca mais me procure - pois jamais quero tornar a vê-lo ou saber de seu paradeiro". Aqui jaz outra grande lição na história do Éden. Por vezes, D'us provê pessoas malvadas de tudo o que necessitam e desejam porque Ele não deseja contatos com esses indivíduos. Ao mesmo tempo, muita gente boa passa por dificuldades na vida exatamente pelo fato de D'us se preocupar em ouvir suas preces. Ele sente falta desses Seus filhos e quer ver melhorar o seu comportamento, ligando sua alma a Ele por meio da prece, do estudo da Sabedoria Divina e da realização de atos de caridade e bondade. A pergunta de D'us a Adão. Ao estudar a história do Jardim do Éden, não podemos esquecer um princípio básico no judaísmo: sob circunstância alguma acreditamos na existência de poderes independentes; nada, nem mesmo o Mal, consegue se opor a D'us. A serpente personificou o Mau Instinto, que é o próprio Anjo da Morte. E, por se tratar de um anjo - simples mensageiro de D'us - entranhado na carne de um animal, este não possuía livre arbítrio. O castigo da serpente simboliza a maldição que é lançada contra os malfeitores, especialmente aqueles que influenciam terceiros a fazer o mal. Já que a serpente, agindo em nome da Árvore do Conhecimento, apenas desempenhava sua tarefa, podemos especular - como ousaram fazer alguns comentaristas - que D'us teria feito propositalmente com que Adão e Eva deslizassem, caindo em pecado. Pois se D'us não desejasse que o homem comesse do fruto proibido, por que razão teria criado a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal? A resposta não pode ser o "livre arbítrio", porque vimos acima que antes do pecado original, o homem não fora agraciado com esse dom divino. E, assim, ao contrário do que sugerimos acima, talvez o homem não tenha nascido para viver livre do mal. Como ensinam os livros místicos, se D'us tivesse desejado que o homem fosse perfeito, que orasse e estudasse a Torá todas as horas do dia, ele poderia ter criado milhões de anjos mais, que nada fazem além de O servir e louvar. Ao invés disso, criou um ser diferente dos anjos e dos animais - uma criatura que pode livremente escolher entre o bem e o mal. Não fosse o pecado original, isto jamais teria sido possível. Como explica o Tanya, D'us permitiu que existisse o mal porque sem este o homem viveria sem se esforçar. Se não houvesse batalhas, não haveria vitórias. A existência humana adquire significado na batalha entre o bem e o mal: a bondade ganha força quando luta e vence o Mau Instinto. Retornando a uma analogia acima utilizada, um vilão necessita de um super-herói para justificar sua existência. Mas o oposto também é verdadeiro: se não houver vilões, para que heróis? O homem é a jóia da coroa da Criação porque, contrariamente a todas as demais criaturas, ele pode vencer batalhas interiores, em sua alma, e optar por fazer o certo - a despeito de todas as tentações, interiores e exteriores, com que sempre se defronta. Uma história que reflete o que talvez seja a maior mensagem que D'us nos transmite através do relato sobre o Éden envolve o autor do Tanya, Rabi Shneur Zalman de Liadi (1745-1813). Enquanto encarcerado em uma prisão russa - após a falsa acusação de atividades subversivas contra o Czar - ele foi submetido a intenso interrogatório. As autoridades carcerárias sabiam tratar-se de um grande erudito e filósofo, daí terem-no engajado em horas a fio de discussões teológicas e filosóficas. Certa vez, o investigador-chefe lhe perguntou: "Sua Torá relata que após o pecado de Adão, comendo do fruto da Árvore do Conhecimento, D'us o confronta com a pergunta: 'Onde estás?' D'us obviamente sabe onde estão os homens!" O Rebe, Baal HaTanya, retrucou: "Você acredita que a Torá é eterna e que suas lições se aplicam a todos os homens, em todas as épocas? Quando o russo respondeu que sim, o Rabi Shneur Zalman começou a explicar: 'Onde você está' é o chamado de D'us a todos os homens da Terra. Ele está perguntando: 'Em que ponto de sua jornada você se encontra?'. Cada um de nós recebeu tantos dias e tantos anos na Terra, e portanto, é necessário nos perguntarmos, constantemente, o que conseguimos realizar nesses anos e quanto de bem contribuímos ao mundo". A pergunta de D'us a Adão, pai de toda a humanidade, ecoa na eternidade. Continua a ser constantemente feita a todo ser humano. Quando o homem ousa respondê-la - quando percebe que não veio ao mundo por acaso, mas foi enviado por D'us para aqui cumprir uma missão Divina, ele atinge um nível mais alto de conscientização e embarca em um caminho que o levará a uma existência mais significativa. Esta percepção do homem - de que D'us o chama e sente sua falta, de que espera que ele faça algo construtivo e belo de sua vida e de seu mundo - esta percepção é o início de uma jornada longa e árdua, às vezes dolorosa, mas que o conduzirá de volta ao Jardim do Éden. www.morasha.com.br. Abraço. Davi

terça-feira, 24 de julho de 2018

A HARMONIA DAS RELIGIÕES


Vedanta. www.vedanta.org.br. A HARMONIA DAS RELIGIÕES. A Verdade é uma só, os sábios a chamam por diversos nomes, declarou há milhares de anos o Rig Veda, um dos mais antigos textos da Vedanta. Todos buscamos a verdade, afirma a Vedanta, e essa verdade aparece com numerosos nomes e formas. A verdade – a realidade espiritual – permanece a verdade, embora surja com diferentes disfarces e se aproxime de nós vinda de várias direções. “Qualquer que seja o caminho no qual as pessoas viajem, esse é o meu caminho”, diz o Bhagavad Gita. “Não importa por onde andem, todos os caminhos levam a mim”. Se todas as religiões são verdadeiras, por que então tanta luta? Principalmente em razão da política, e das distorções que as culturas e mentes humanas limitadas impõem sobre a realidade espiritual. O que geralmente é considerado “religião” é uma mistura de coisas essenciais e não essenciais. Como Ramakrishna disse, todas as escrituras contêm uma mescla de areia e de açúcar. Precisamos separar o açúcar e deixar a areia: devemos extrair a essência da religião – se a chamamos de união com Deus ou de auto realização – e deixar o resto para trás. Abracemos tudo aquilo que nos ajude a manifestar nossa divindade, e evitemos tudo que nos afasta desse ideal. As carnificinas infligidas ao mundo em nome da religião têm muito pouco a ver com a genuína religião. As pessoas lutam por doutrinas e dogmas; não ouvimos falar de alguém que tenha sido assassinado na tentativa de conseguir a união divina! Uma “guerra religiosa” é, na realidade, egoísmo enfurecido em larga escala. Como diria Swami Prabhavananda (1893-1976), fundador da Vedanta Society of Southern Califórnia – USA, sorrindo: “Se você colocar Jesus, Buda e Maomé juntos numa mesma sala, eles se abraçarão; mas, se colocar seus seguidores juntos, eles poderão matar-se uns aos outros” A verdade é uma só, mas aparece filtrada pela limitada mente humana. Essa mente vive em uma cultura particular, tem sua própria experiência do mundo e vive em um ponto da história particular. A Realidade infinita é então processada através das limitações de espaço, tempo, causalidade, e, além disso, processada através dos limites humanos da compreensão e da linguagem. As manifestações da verdade – escrituras, sábios e profetas – necessariamente irão variar de era para era e de cultura para cultura. A luz, quando é refratada através de um prisma, aparece em várias cores, quando observada de diferentes ângulos. Porém, a luz permanece sempre a mesma e pura luz.  Isso também é verdade quando nos referimos à verdade espiritual. Não queremos dizer que todas as religiões são “quase idênticas”. Isso seria uma afronta à beleza diferenciada e à grandeza individual de cada uma das tradições espirituais do mundo. Dizer que cada religião é igualmente verdadeira e autêntica não significa dizer que uma possa ser substituída por outra, como fazemos com marcas genéricas de aspirina. TODA RELIGIÃO TEM UMA DÁDIVA. Toda religião tem uma dádiva específica a oferecer à humanidade; toda religião traz consigo um ponto de vista único, que enriquece o mundo. O cristianismo enfatiza o amor e o sacrifício; o judaísmo, o valor da sabedoria espiritual e da tradição. O islamismo enfatiza a fraternidade universal e a igualdade, enquanto que o budismo advoga a compaixão e a atenção plena. A tradição nativa americana ensina a reverência pela Terra e ao mundo natural que nos rodeia. A Vedanta, ou tradição hindu, enfatiza a unidade da existência e a necessidade da experiência mística direta. As tradições espirituais do mundo são como diferentes peças de um gigantesco quebra-cabeças: cada peça é diferente e cada peça é essencial para completar todo o quadro. Cada peça deve ser honrada e respeitada, enquanto nos mantemos firmes com nossa peça particular do quebra-cabeças. Podemos aprofundar nossa própria espiritualidade e aprender sobre nossa própria tradição, estudando outras crenças. E de forma igualmente importante: estudar bem nossa própria tradição nos tornará mais capaz de apreciar a verdade das outras tradições. APROFUNDANDO EM NOSSO CAMINHO. Do mesmo modo que honramos as diversas religiões do mundo e respeitamos seus adeptos, devemos crescer e nos aprofundar em nosso próprio e particular caminho espiritual – qualquer que seja ele. Não devemos explorar um pouquinho de budismo, um pouquinho de Islamismo e um pouquinho de cristianismo e então tentar um novo prato combinado na semana seguinte. A prática espiritual não é um buffet variado. Se lançarmos cinco variedades de sobremesas num processador de alimentos, o máximo que obteremos será uma miscelânea intragável. Enquanto a Vedanta enfatiza a harmonia das religiões, ela também dá ênfase à necessidade de mergulharmos profundamente na tradição espiritual de nossa escolha, apegando-nos a ela e trabalhando duro. Parafraseando Ramakrishna (1836-1886), se você quer cavar um poço tem de escolher o local e cavar profundamente até alcançar a água. De nada adianta cavar um monte de buracos rasos. Enquanto uma vida espiritual pouco profunda é provavelmente melhor que nenhuma, ela, contudo, não nos leva para onde queremos ir: para a liberdade, para a realização de Deus. Quando escolhemos o caminho espiritual que queremos seguir, devemos segui-lo persistentemente até que alcancemos a meta. O importante é que podemos fazê-lo enquanto não apenas valorizamos outras tradições, mas também enquanto aprendemos com elas. DIFERENTES CAMINHOS: A MESMA META. A Vedanta afirma que todas as religiões contém as mesmas e essenciais verdades, embora  o acondicionamento seja diferente. E isso é bom. Cada ser humano do planeta é único. Nenhum de nós, na verdade, pratica a mesma religião. A mente de cada pessoa é diferente e cada pessoa necessita do seu próprio e único caminho para alcançar o alto da montanha. Alguns caminhos são estreitos, outros são largos. Alguns são sinuosos e difíceis, enquanto outros são seguros e tediosos. No final, todos chegaremos ao topo da montanha. Portanto, não devemos nos preocupar se nossos vizinhos se perderem no percurso. Eles também serão bem-sucedidos. Todos necessitamos de diferentes abordagens que combinem com nossas diferentes naturezas. Apesar das variações exteriores das religiões do mundo, os conteúdos têm mais similaridades que diferenças. Toda religião ensina virtudes morais e éticas similares; todas ensinam a importância da luta espiritual e a necessidade de honrar nossos companheiros seres humanos, como parte dessa luta. “Assim como diferentes rios têm suas fontes em lugares diversos, mas todos mesclam suas águas às do mar, diz uma antiga oração sânscrita, assim também, Ó Senhor, os diferentes caminhos que as pessoas tomam por suas diferentes tendências, embora pareçam diferentes, sinuosos ou retos, todos levam a Ti.” www.vedanta.org.br. Abraço. Davi