Islamismo. www.ccib.org.br. SUNNAH E HADITH. Hadith são uma série de
ensinamentos, dizeres e ações do Profeta Muhammad (saws), transcritas e
coletadas acuradamente por seus devotos e companheiros. Explicam e interpretam
os versículos corânicos. A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte da qual os ensinamentos
do Islam são esboçados. Hadith significa literalmente um dito transmitido ao
homem, mas em terminologia islâmica significa os ditos do Profeta (paz esteja
com ele), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática.
Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com
significados diferentes. Para lidar com o tópico é necessário conhecer a
posição do Profeta no Islam, porque a indispensabilidade do Hadith depende da
posição do profeta. Analisando o problema, podemos visualizar 3
possibilidades: 1. A obrigação do profeta era apenas transmitir a mensagem
e nada mais foi requerido dele. 2. Ele tinha, que não apenas transmitir a
mensagem, mas também agir de acordo com ela, e explicá-la. Mas tudo era para um
período especificado e depois de sua morte o Quran se torna suficiente para a
humanidade. 3. Ele não tinha nenhuma dúvida para transmitir a Mensagem Divina,
mas era também sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as
pessoas. Suas ações e explicações são origem dos ensinamentos para sempre. Seus
ditos, ações, práticas e explicações são origem de luz para todo muçulmano em
todas as épocas. É unanimidade que apenas a terceira alternativa é correta a
respeito da posição do profeta no Islam. O Quran contém dúzias de lembretes da
posição importante do profeta. Todo muçulmano deve ter o bom exemplo do profeta
como um ideal de vida. No seguinte versículo, ele tem sido feito um ‘Hakam’
para os muçulmanos por Allah (swt). O Todo Poderoso. Ninguém continua muçulmano
se não aceitar as decisões e julgamentos do profeta: "Qual! Por Teu
Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas dissensões e não objetem
ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeter-se-ão a ti espontaneamente"
[An-Nisa 4:65]. Enquanto explicando as qualidades dos muçulmanos, o Quran diz:
"A resposta dos fiéis, ao serem convocados diante de Allah (swt) e seu
Mensageiro, para que julguem entre eles, será: escutamos e obedecemos"
[An-Nur 24:51]. Em muitos lugares o Quran tem dado seu veredito neste assunto.
O Quran diz: "Obedecei a Allah (swt) e a seu Mensageiro" [An-Nisa 59]
e "Aceitai, pois, o que vos der o mensageiro e abstende-vos de tudo quanto
ele vos proíba" [Al-Haxr 59:7]. O Quran é muito claro ao expressar sua visão
na posição do profeta. De acordo com o Quran o profeta tem quatro capacidades e
ele deve ser obedecido em cada uma delas. Ele é o Mu`allim e Murabbee, ele é
Shaari` que explica o Livro, ele é o legislador e juiz, e ele é o
administrador. Em todas estas capacidades ele é um exemplo ideal para os
muçulmanos. Cito uns poucos versos do Livro Sagrado que tratam deste tópico.
"Allah (swt) agraciou os fiéis, ao fazer surgir um Mensageiro de sua
estirpe, que lhes ditou os Seus versículos, redimiu-os, e lhes ensinou o Livro
e a Prudência, embora antes estivessem em evidente erro" [Al-Imran 3:164].
"E a ti revelamos a Mensagem, para que elucides aos humanos, a respeito do
que foi revelado, para que meditem" [An-Nahl 16: 44]. "São aqueles
que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua
Tora e no Evangelho, o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito,
prescreve todo o bem e veda-lhes o imundo, avalia-os dos seus fardos e livra-os
dos grilhões que os deprimem. Aqueles que nele creram, honraram-no,
defenderam-no e seguiram a Luz que com ele foi enviada, são os
bem-aventurados"[Al-Araf 7:157]. "Ó fiéis, obedecei a Allah (swt), ao
Seu Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer
questão, recorrei a Allah (swt) e ao Seu Mensageiro, se crerdes em Allah (swt)
e no dia do Juízo Final, porque isto vos será preferível" [An-Nisa 4:59].
"Não é dado ao fiel nem à fiel agir conforme o seu arbítrio, quando Allah
(swt) e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a
Allah (swt) e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente" [Al-Ahzab
33:36]. Em todos estes versículos, o Quran tem explicado vários aspectos da
personalidade do Profeta. Alguém pode julgar a importância do Profeta a partir
destes versículos. Recordo-me de outro importante versículo do Quran, que é na
verdade um veredicto contra aqueles que não acreditam no Hadith como uma
autêntica origem de Lei: "A quem combater o Mensageiro, depois de haver
sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho senão o dos fiéis,
abandoná-lo-emos em seu erro e o introduziremos no inferno. Que péssimo
destino!" [An-Nisa 4:115]. O Quran pressiona os muçulmanos a obedecerem ao
Profeta, e anuncia que a profecia de Muhammad (saws) (saws) (paz esteja com
ele) está acima das limitações de tempo e espaço. Ele é último Profeta e um
Mensageiro de Allah (swt) para toda a humanidade de todos os tempos vindouros.
O Hadith não é nada além de uma reflexão da personalidade do Profeta, que dever
ser obedecida a todo custo. Qualquer estudante do Quran verá que o Livro
Sagrado geralmente trata os princípios indispensáveis da religião de forma
ampla, entrando em detalhes em apenas alguns raros casos. Os detalhes são
tratados pelo Profeta que, ou mostra pela sua prática como uma injunção deverá
ser tratada, ou dá uma explanação verbal. A Sunnah ou o Hadith do Profeta não
era, como normalmente suposto, uma necessidade que fora sentida apenas depois
de sua morte, já que era muito necessária também em seu tempo de vida. As duas
mais importantes instituições religiosas do Islam são a oração e o zakat; e
quando a injunção relatando a oração e o zakat foram entregues, e eram
repetidamente reveladas em Meca e Medina, contudo nenhum detalhe era mostrado.
Então era o profeta mesmo que por suas próprias ações deu os detalhes para o
adorador e disse: (Salloo kamaa ra'aytamoonee usaallee) "Rezem como vocês
me vêem rezando". O pagamento do zakat é uma injunção que frequentemente é
repetida no Quran, e foi o profeta quem deu as regras para o pagamento e a
coleta. Existem outros exemplos já que o Islam abrange a totalidade da esfera
das atividades humanas, centenas de outros pontos têm sido explicados pelo
Profeta pelo seu exemplo nas ações e palavras. O ulemá tem discutido a questão
do Hadith detalhadamente como um "wahyun khafee" e uma sabedoria
profética. Eu não vou entrar em detalhes, mas uma coisa pode ser declarada
claramente: existem casos nos quais o profeta, não tendo recebido a revelação,
fez um esforço pessoal para formular uma opinião por sua própria sabedoria. Ou
isto era corrigido pela revelação ou era reprovado. A importância da Sunnah
mesmo como segunda fonte do Islam era um assunto estabelecido pelos
companheiros do profeta. Eu cito apenas um dos muitos exemplos: que de Mu`az
ibn Jabal que disse para o profeta que ele deveria decidir de acordo com a
Sunnah caso não encontrasse solução no Quran para o problema. Cita o Dr.
Hamidullah: "A importância dos Hadiths é ainda maior pelo fato de que o
profeta Muhammad (saws) (saws) não apenas ensinava, mas aproveitava para
colocar em prática seus ensinamentos em todos os assuntos importantes da vida.
Após sua designação como Mensageiro de Allah (swt), ele viveu por 23 anos. Ele
enriqueceu sua comunidade com uma religião que ele mesmo praticava escrupulosamente.
Ele fundou um Estado, ao qual ele administrava como chefe supremo, mantendo a
paz e a ordem interna, liderando o exército para a defesa externa, julgando e
decidindo os litígios dos seus súditos, punindo os criminosos, e legislando
sobre os assuntos da vida. Ele casou e deixou um exemplo de vida familiar.
Outro fato importante é que ele não se colocou acima da lei comum, a mesma que
ele impunha aos outros. Sua conduta não era apenas um comportamento particular,
senão uma interpretação e aplicação minuciosa dos seus ensinamentos"
[Introdução ao Islam, página 45]. O homem, no entanto, que abraçou o Islam
necessita de ambos, o Quran e a Sunnah. Na verdade o Hadith é tão importante
que sem ele, o Livro Sagrado e o Islam não podem ser completamente compreendidos
ou ser aplicados na vida prática do fiel. A Sunnah ou Hadith são a segunda
fonte de ensinamentos do Islã. Hadith significa em terminologia islâmica
os ditos do Profeta (SAAS), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da
ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em
alguns casos são usados com significados diferentes. A diferença entre o
Alcorão e a Suna, é que o texto do Alcorão e o seu significado vem de Allah
(swt), ao Anjo Gabriel só coube levar essa mensagem ao profeta e a ele só coube
receber, preservar, transmitir essa mensagem para as pessoas e explicar o que
necessitava de explicação. Enquanto que a Suna as tradições os
significados são de Allah (swt) e o texto do profeta, diz Allah (swt) o
Altíssimo: “Nem fala por capricho. Isso não é senão a revelação que foi
revelada”. (53: 3 e 4). www.ccib.org.br.
Abraço. Davi.
terça-feira, 31 de julho de 2018
segunda-feira, 30 de julho de 2018
A SEXUALIDADE COMO CAMINHO SAGRADO
Hare Krishna. www.voltaaosupremo.com. Texto de Bhakti-tirtha Swami. A
SEXUALIDADE COMO CAMINHO SAGRADO. Uma vez que a sociedade de hoje não entende
corretamente a diferença entre amor e sexo, muitos de nós não reconhecem a
importância da alma nos relacionamentos entre homem e mulher. A promiscuidade
está muito difundida. Como observamos, muitos líderes estão perdendo influência
e poder devido ao pouco controle de sua energia sexual. As famílias – os
pilares de uma nação – são instáveis e estão se desintegrando. Inúmeras
crianças indesejadas nascem todos os dias. A sexualidade é uma força vital
poderosa que não é nem inerentemente boa nem má. Como uma lâmina, seu valor
depende de como é utilizada. Um médico pode usar uma lâmina para salvar a vida
de alguém, ao passo que um criminoso pode usar a mesma lâmina para matar. A diferença
reside na consciência da pessoa que está lidando com o objeto cortante. Da
mesma forma, a sexualidade também tem duas polaridades. A atividade sexual pode
ser um veículo para o abuso grosseiro, a exploração e a luxúria. Nestas
condições, o sexo se torna uma questão de egoísmo. Por outro lado, se o ato
sexual é uma troca de amor de acordo com os princípios religiosos, ele se torna
altruísta e divino. A Importância de Relacionamentos Profundos. A
sociedade está desesperadamente carente de relacionamentos amorosos com
profundidade – muito mais profundos e mais amorosos do que é o padrão de hoje.
Estamos muito distraídos pela estimulação sexual, vendo uns aos outros
primariamente como máquinas de sexo e, assim, perdendo o acesso a um nível de
contato mais satisfatório e significativo. Na maioria dos casos, o que
normalmente chamamos de amor é um arranjo para conseguir alguma satisfação dos
sentidos. Lembre-se que a maioria das pessoas não experimentou o amor genuíno.
De fato, muitos de nós são incapazes de aceitar manifestações de amor de uma
pessoa — quer sejam os pais, um amigo ou o cônjuge — sem perguntar sobre os
motivos por trás disso. Não experimentamos o amor incondicional e
desinteressado, e certamente não descobrimos o amor, através do sexo. Homens e
mulheres devem se tornar mais sofisticados acerca dos relacionamentos. Isto não
quer dizer que, necessariamente, eles tenham que se abster do sexo. Mas, em vez
de se agarrarem aos prazeres fugazes, devem aprender o significado do
compromisso e buscar desenvolver conexões fortes, duradouras e generosas uns
com os outros. A
Beleza Vem da Alma. Esta sociedade dedica uma quantidade
excessiva de energia para embelezar o corpo, visando atrair os membros do sexo
oposto. Porém, é a alma que é a fonte de nossa beleza e atratividade para os
outros, e não o corpo. Porque Deus é belo, quanto mais devotados e sublimes nos
tornamos, mais nossa beleza natural se irradia. Às vezes, esquecemos desta
verdade e mantemos nossos relacionamentos em um nível meramente físico. Mas
homens e mulheres podem desenvolver conexões mais profundas uns com os outros.
Além da dimensão física, as mulheres geralmente se apaixonam e interagem com os
homens de coração, enquanto estes, frequentemente, relacionam-se com a mente.
Por causa desta diferença, homens e mulheres não se entendem muito bem, de modo
geral. Ainda assim, há um nível mais profundo de relacionamento, onde estas
diferenças dissolvem-se na energia radiante da alma. Isto se dá quando a
sexualidade se torna uma força poderosa e construtiva. O Sexo É Sagrado. O
sexo é saudável e natural e cumpre uma função divina. Em sua forma de expressão
mais elevada, uma relação sexual significa que um homem e uma mulher se uniram
para servir a Deus, criando um ambiente para uma nova alma entrar neste reino
material e desenvolver seu relacionamento com Ele. Quando vemos o sexo
genuinamente como uma responsabilidade sagrada e um serviço, ele se transforma
em um ato espiritual. Por outro lado, quando consideramos os relacionamentos a
partir de uma perspectiva superficial, cedendo a encontros sexuais casuais,
estamos aceitando uma visão materialista e egoísta da vida humana. Uma
cosmologia mais espiritual vê os seres humanos como parte de uma comunidade
maior, em que cada pessoa desempenha um papel de responsabilidade. Um homem que
simplesmente engravida uma mulher e a abandona não está sequer demonstrando
responsabilidade pessoal, muito menos responsabilidade social ou compreensão
espiritual. Para ser socialmente responsável, uma pessoa tem que estar
preocupada com o bem-estar da comunidade inteira. Hoje em dia, muitos de nós se
ocupam em sexo com tanta frequência que nossa vitalidade sexual se enfraqueceu,
e muitos relacionamentos estão fracassando fisicamente porque as pessoas não
conseguem satisfazer umas às outras. Estamos ficando cada vez mais mecânicos em
nossas atividades, incapazes de apreciar níveis mais profundos de associação,
amor e serviço. A
Sexualidade no Casamento. Em um casamento, marido e
mulher devem ver seus parceiros como presentes de Deus. Os cônjuges que pensam
desta maneira, compreendendo que o Senhor os confiou alguém para cuidar, terão
a cautela de proteger seus parceiros, de modo que agrade o Senhor. Os
casamentos estabelecidos e mantidos com este fundamento são extremamente amorosos
e doces, e os filhos desta união crescem em uma atmosfera maravilhosamente
incentivadora. Quando os casais se congregam em união sexual, ambas as partes
devem desejar o encontro e o considerar divino. A experiência, então, torna-se
uma expressão de amor profunda e inspiradora. Cada vez que eles se unem, o
homem e a mulher devem se lembrar que a expressão máxima da sexualidade é o
nascimento de uma criança. Por esta razão, eles não devem usar contraceptivos
ou recorrer ao aborto, porque estas são interferências no propósito sagrado da
sexualidade. A contracepção não é natural, embora seja uma prática aceita hoje
em dia. Temos que tomar cuidado para não confundir considerações sociológicas
com espirituais. Um homem e uma mulher podem não querer conceber uma criança
porque eles têm carência de meios financeiros para sustentar o novo membro da
família ou porque não se sentem psicologicamente prontos. Mas estas
circunstâncias são diferentes das realidades espirituais da situação.
Espiritualmente, quando um homem e uma mulher se entregam um ao outro na união
sexual, eles têm que estar prontos para as consequências naturais. A
consciência espiritual deve ter prioridade, orientando-os para compreender o
uso dos contraceptivos a partir de uma perspectiva espiritual, e não material. A Ciência da
Procriação. Há uma ciência sobre a vida sexual conhecida pelas civilizações
que explica como e quando unirem-se sexualmente. A consciência do homem e da
mulher durante o ato sexual tem uma influência sobre a alma que, por fim, virá
a este mundo. As pessoas que se ocupam em sexo com um estado de consciência
negativo produzem seres de consciência inferior. Hoje, geralmente, as pessoas
fazem sexo sob a influência de circunstâncias desfavoráveis — na escuridão,
enquanto drogadas ou com o cônjuge de outra pessoa. Às vezes, a mulher pode não
desejar engravidar, de forma que mesmo que ela não aborte, a alma da criança
indesejada pode vir em um ambiente onde os pais a negligenciam. Esta alma entra
neste mundo em um estado de crise. Em contraste, se os parceiros estão
dispostos a aceitar a responsabilidade envolvida e se preparam espiritualmente
para o encontro sexual, sua consciência, na verdade, convoca uma alma mais
elevada, que possa fazer uma contribuição positiva para o mundo. Não podemos
nunca nos esquecer de que o futuro da criança depende, em uma proporção maior
do que podemos compreender, da consciência dos pais na hora da concepção. Um
homem e uma mulher ocupados na atividade sexual estão aceitando uma
responsabilidade sagrada. Um homem e uma mulher que estão prontos para conceber
uma criança devem fazer esforços especiais para criar um ambiente pacífico e
espiritual antes de se darem ao sexo. Eles podem cantar, meditar, ler livros
espirituais e, de modo geral, preparar a consciência deles para dar as
boas-vindas para uma alma altamente evoluída. Mesmo durante a gravidez, os
futuros pais devem criar uma atmosfera saudável, amorosa e motivadora para seus
filhos. Lembre-se de que as almas começam sua educação assim que entram no
útero. A ciência moderna está apenas começando a confirmar isto, descobrindo
que o feto é consciente e pode aprender enquanto se desenvolve dentro da mãe.
Os sons que ouve, a comida que a mãe ingere, a atmosfera que circunda a mãe —
todos estes fatores e muitos outros afetam a consciência da criança muito antes
do seu nascimento. A Prática do Celibato. Embora a sexualidade, expressa de maneira
regulada e orientada espiritualmente, seja apropriada para a maioria das
pessoas, há exceções importantes. Os celibatários, em vez de ficarem limitados
a um relacionamento, são capazes de oferecer amor profundo e preocupação por
qualquer pessoa que entre em seu ambiente. Uma palavra de prudência: homens e
mulheres devem receber um “chamado” específico para uma forma de vida
celibatária antes de se ocuparem em tais práticas. Além disso, eles devem ser
cuidadosos para não praticar o celibato isolados, sem associações amorosas. Se
eles forem viver sem um parceiro imediato, devem aprender a ver a todos como
sua família e a cercarem-se de relações amorosas. Na verdade, o celibato é
muito raro e não o recomendamos à maioria das pessoas. Como regra geral, a
sociedade requer famílias fortes, conscientes de Deus, e é por isso que a
maioria das pessoas deve casar e criar filhos saudáveis, em vez de praticar o
celibato. Mas todos devem entender que certos indivíduos escolhem um estilo de
vida celibatário visando servirem os outros de maneira ainda mais dedicada e
amorosa. Colocando
a Vida Material em Perspectiva. Em última análise, cada um
de nós tem que aprender a ser livre, controlando os nossos sentidos e desejos
dentro do confinamento imposto por este corpo físico neste mundo material. Quer
sejamos celibatários, quer sexualmente ativos, devemos sempre nos conectar com
algo mais elevado que irá nos orientar, proteger, animar e nos dar um
sentimento de segurança. Os antigos ensinamentos védicos nos recordam, assim
como muitas outras tradições, de que todos os mundos, materiais e espirituais,
têm a sua origem em Deus. Assim, se tentamos satisfazê-lo, estamos
automaticamente em contato com o núcleo de tudo. Desta forma, o que quer que
precisemos virá naturalmente para nós. Infelizmente, a maioria de nós ignora
esse fato e ruma na direção errada. Em vez de melhorarmos nosso relacionamento
com Deus, passamos a maior parte de nosso tempo tentando satisfazer os nossos
desejos inferiores. A sexualidade, se mal compreendida, pode ser uma armadilha
para que sejamos mantidos presos ao mundo material. Certamente temos que
prestar atenção ao corpo para que funcione de maneira eficaz. Mas se nossa
prioridade é a satisfação dos sentidos e a satisfação própria, acima de tudo,
teremos de ficar retornando a este mundo físico para participar dos jogos
sensuais e materiais inúmeras vezes. Por outro lado, se a vida espiritual é o
nosso compromisso, então as nossas experiências neste mundo não serão um fim em
si mesmas, mas indicações mostrando o caminho de volta à morada de Deus. www.voltaaosupremo.com. Abraço. Davi
sexta-feira, 27 de julho de 2018
UMA OLHADA DE PERTO NA PORNOGRAFIA
Cristianismo. www.suaescolha.com.
Texto de Gene Mc Connell. PORNOGRAFIA TÓXICA E SEXO TÓXICO – UMA OLHADA DE
PERTO NA PORNOGRAFIA. Por Pornografia: sexo fora de controle. Numa noite fria e
escura, não há nada melhor que o calor do fogo de uma lareira. Você pode
empilhar a lenha e deixá-la queimar bem. É seguro, quente, relaxante e
romântico. Agora tire esse fogo de dentro da lareira (que foi feita para
queimar) e deixe cair no meio da sala – de repente o fogo se torna destrutivo,
podendo queimar a casa toda e matar todos que estão dentro. Sexo é como esse
fogo. Enquanto é expresso dentro de um relacionamento protegido e comprometido
como o casamento, é maravilhoso, quente e romântico. Mas a pornografia tira o
sexo de dentro deste contexto. Pornografia: um grande negócio. É um grande negócio que faz muito
dinheiro e que não se importa como. Vão usar todas as estratégias para fazer
você comprar mais. “Lançaram 11.000 vídeos pornográficos ano passado contra 400
filmes lançados por Hollywood (…) e 70.000 web sites pornográficos”. (New York
Times, 20 de maio de 2001, “Naked Capitalists”). A Imagem de Sexo da
Pornografia. Uma das partes mais vitais do ambiente mental é a ideia saudável de quem
somos sexualmente. Se essas ideias estão poluídas, uma parte fundamental de
quem somos fica destorcida. A cultura pornográfica ensina que sexo, amor e
intimidade são tudo a mesma coisa. Tudo o que importa é a satisfação. Não
importa o corpo de quem se está usando, contanto que se possa possuí-lo. A
pornografia leva você a pensar que sexo é algo que se pode fazer a qualquer
hora, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, sem nenhuma consequência. O Real Significado
do Sexo. O ponto de vista da pornografia é estúpido e superficial.
Relacionamentos não são construídos sobre sexo, mas sobre compromisso, amor e
confiança mútua. Neste contexto, como o fogo dentro da lareira, sexo é
maravilhoso. Estar com alguém que ama e aceita você, alguém que está
comprometido a viver a vida toda com você, alguém a quem você pode se entregar
completamente, isso é o que torna o sexo realmente maravilhoso. Efeitos da
Pornografia: As Mentiras. Não se pode aprender a verdade sobre sexo com a pornografia.
Ela não lida com a verdade. Pornografia não foi feita para educar, mas para
vender. Ela usará de qualquer mentira que vá atrair e segurar a audiência. A
pornografia faz sucesso com a mentira – mentiras sobre sexo, mulheres,
casamento e muitas outras coisas. Vamos examinar algumas dessas mentiras e ver
que grande estrago elas podem fazer na sua vida e nas suas atitudes: Mentira #1
– Mulheres são inferiores aos seres humanos. As mulheres da
“Revista Playboy” são chamadas de “coelhinhas”, são transformadas em pequeninos
animais graciosos, ou “parceiras de jogo”, transformadas num brinquedinho. A
“Revista Penthouse” chama as mulheres de “animal de estimação”. A pornografia
frequentemente se refere às mulheres como animais, brinquedos ou partes de corpo.
Alguns materiais mostram somente o corpo ou as genitais e não mostram de
maneira nenhuma o rosto. A ideia de que as mulheres são verdadeiramente seres
humanos com pensamentos e emoções é subestimada. Mentira #2
– Mulheres são um “esporte”. Algumas revistas de esporte têm uma
sessão de “roupas de banho”. Isto sugere que as mulheres são apenas um tipo de
esporte. A pornografia vê sexo como um jogo, deve-se “ganhar”, “conquistar”, ou
“marcar pontos”. Homens que pensam da mesma forma gostam de falar sobre “marcar
pontos” com mulheres. Eles julgam sua masculinidade por quantas “conquistas”
conseguem fazer. Cada mulher que “conquista” é um troféu novo na sua prateleira
para validar a própria masculinidade. Mentira #3 – Mulheres são
propriedades. Todos já vimos fotos de um super carro com uma garota debruçada sobre
ele. A mensagem sem palavras: “Compre um, e ganhará os dois”. Pornografia que
mostra o sexo explícito vai ainda mais longe: mostra mulheres como uma
mercadoria num catálogo, expondo-as o mais abertamente possível para que o
consumidor veja. Não me surpreende que muitos rapazes pensem que porque
gastaram uma boa quantia de dinheiro levando uma garota para sair, têm o
direito de fazer sexo com ela. A pornografia ensina que mulheres podem ser
compradas. Mentira
#4 – O valor da mulher depende de quão atrativo seja seu corpo. Mulheres que são
menos atraentes são ridicularizadas na pornografia. São chamadas de cadelas,
baleias, porcas ou coisa pior, simplesmente porque não se enquadram no critério
de mulher “perfeita” da pornografia. A pornografia não se importa com o que a
mulher pensa ou com sua personalidade, somente com o seu corpo. Mentira #5 –
Mulheres gostam de ser estupradas. “Quando ela diz não, ela quer dizer
sim” é um típico cenário pornográfico. Mostram mulheres sendo estupradas,
lutando e chutando primeiro e depois, começando a gostar. A pornografia ensina
os homens a gostar de machucar e abusar das mulheres por diversão. Mentira #6 –
Mulheres deveriam ser desprezadas. A pornografia é geralmente cheia de
discursos de ódio contra as mulheres. Mostram mulheres sendo torturadas e
humilhadas em centenas de maneiras insanas diferentes, mas implorando por mais.
Esse tipo de tratamento demonstra algum respeito pelas mulheres? Algum amor? Ou
o que a pornografia está promovendo é ódio e descaso pelas mulheres? Mentira #7 –
Criancinhas deveriam fazer sexo. Uma das maiores vendas da pornografia
é a versão pornográfica infantil. As mulheres são “produzidas” para parecerem
com menininhas usando rabinhos de cavalo, sapatinhos de meninas e segurando um
ursinho de pelúcia. A mensagem das fotos e cartazes diz que é normal para
adultos fazerem sexo com crianças. Isso influência os usuários de pornografia a
verem as crianças com uma intenção sexual. Mentira #8 – Sexo ilegal é divertido. A Pornografia
geralmente tem elementos ilegais ou perigosos incluídos para tornar o sexo mais
“interessante”. Sugere que não se pode aproveitar o sexo se este não for
excêntrico, ilegal ou perigoso. Mentira #9 – A Prostituição é fascinante.
A pornografia pinta uma imagem animadora da prostituição. Na realidade,
muitas mulheres retratadas no material pornográfico são garotas que fugiram de
casa e estão presas a uma vida de escravidão. Muitas foram abusadas
sexualmente. Muitas estão infectadas por doenças sexualmente transmissíveis
incuráveis que tem alto risco de contágio e geralmente morrem muito jovens.
Muitas usam drogas para poder aguentar viver da pornografia. Efeitos da
Pornografia: Ponto Principal. A pornografia se beneficia da vida
arruinada de jovens mulheres e laçam homens que gastarão rios de tempo e
dinheiro sujeitando-se aos seus produtos. Efeitos da Pornografia: O Poder das
Imagens. É estupidez pensar que as coisas que vemos e ouvimos não nos afetam.
Todos admitimos que boa música, bons filmes e bons livros só têm a acrescentar
nas nossas vidas. Não é difícil acreditar que imagens ruins podem nos fazer
mal. As imagens também podem nos persuadir. Empresários sabem que se
conseguirem pôr uma imagem persuasiva do seu produto na sua frente durante um
momento emocional intenso, ela vai penetrar no seu subconsciente. Os cientistas
de propaganda são tão bons no que fazem, que podem até predizer quanto mais do
seu produto você irá comprar se vir seus anúncios. Algumas vezes, nem mesmo se
vê o nome do produto. “Reeses Pieces” pagou um preço muito caro para ter seus
doces aparecendo por alguns segundos no filme “E.T.”, e as vendas de “Reeses
Pieces” subiram nas alturas. Por quê? Porque as emoções conectadas a assistir
aquele menino ajudando o alienígena foram transferidas para a imagem visual do
doce. Se uma rápida olhada no produto — mesmo quando não é o centro da atenção
— pode afetar o comportamento das pessoas, imagine os efeitos de um filme que
mantém a sua atenção grudada numa tela por uma hora e meia com imagens de sexo
explícito. Quais efeitos isso pode ter num homem? Que tipo de ideias
a pornografia está colocando nas nossas cabeças? Se coisas erradas continuarem
sendo absorvidas, seu ambiente mental pode ficar tão poluído que você terá problemas
na sua vida. Uma das partes mais vitais do ambiente mental é uma ideia saudável
de quem somos sexualmente. Se essas ideias estão poluídas, uma parte
fundamental de quem somos fica destorcida. Vício Pornográfico: A Influência da
Pornografia. Nem todo mundo que vê pornografia ficará viciado. Alguns apenas ficarão
com algumas idéias tóxicas sobre mulher, sexo, casamento e crianças. Porém,
alguns terão algum tipo de abertura emocional que permitirá que o vício tome
lugar. As empresas pornográficas não se importam de maneira alguma se você irá
se tornar um completo viciado nos produtos deles. É um grande negócio. Dr.
Victor Cline dividiu a progressão do vício em vários estágios; vício,
agravamento, anulação dos sentimentos (insensibilidade), atuação. Para viciados
em pornografia, percebi que existe um outro estágio que vem primeiro —
exposição precoce. Vamos examinar esses estágios: EXPOSIÇÃO PRECOCE. A maioria dos
rapazes que ficam viciados em pornografia começa cedo. Eles vêm pornografia
quando são muito jovens e já estão com um pé na porta do vício. VÍCIO PORNOGRÁFICO. Você continua
retornando à pornografia. Ela se torna uma parte da sua vida. Você está atado e
não consegue se livrar. AGRAVAMENTO. Você começa a buscar por mais e mais materiais
pornográficos. Você começa a usar materiais que antes lhe causavam repulsa.
Agora, lhe causam excitação. INSENSIBILIDADE. Você começa a ficar
insensível às imagens que vê. Até a imagem mais pornográfica não o excita mais.
Você fica desesperado para sentir a mesma sensação novamente, mas não consegue. ATUANDO
SEXUALMENTE. Este é o momento em que os homens dão um salto crucial e começam a pôr
em prática as imagens que viram. Alguns saem das imagens pornográficas de papel
e plástico e entram no mundo real, com pessoas reais, em atitudes destrutivas. Vício Pornográfico:
Eu Sou Um Viciado? Se você identifica algum desses padrões na sua vida, você precisa pisar
nos freios agora. A pornografia está tomando mais e mais controle da sua vida?
Você tem alguma dificuldade em parar? Você continua buscando por mais? O Que Posso Fazer? A primeira coisa
que você tem de fazer é admitir que tem problemas com a pornografia. Acredite
em mim, você não é estranho ou anormal se tem esse problema. Milhões de homens
estão em vários estágios na luta com a pornografia. Não é nenhuma surpresa. A
indústria pornográfica gastou bilhões de dólares tentando conquistar você.
Realmente é surpresa que eles tenham tido sucesso? Para alguns de vocês pode
haver também algumas questões no seu passado, como abuso ou exposição sexual, o
que faz com que seja muito difícil se livrar do vício pornográfico. Você pode muito
pouco na luta contra o vício sem ter ajuda. É preciso que alguém o ajude a
quebrar esse vício. Superar o segredo é vital. Você provavelmente não pode
escapar do vício sem isso; o que não quer dizer que todo mundo tem que saber
que você tem dificuldades. Escolha alguém que aconselha homens com problemas
com vícios em quem possa confiar – um pastor, um conselheiro ou um líder que
trabalhe com jovens. Alguém em quem possa confiar plenamente, se sentir seguro
e que tem alguma experiência na área de vício não ficará surpreso com isso. Existe Alguma
Solução Para o Vício Pornográfico? A pornografia conquista com mentiras.
Em contraste, Deus pode levar a verdade. Jesus disse: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente
serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João
8:31-32). Aqueles que ouviram Jesus dizer isso se ofenderam e reagiram: “… nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que
seremos livres?” (João 8:33). E Jesus explicou que “todo aquele que vive pecando é escravo do pecado” (João
8:34), mas que Ele pode nos libertar. O pecado não só nos escraviza, como
também nos separa de Deus. Ninguém é perfeito. Ninguém é correto aos olhos de
Deus. Pelo contrário, nos é dito que: “Todos nós, tal qual ovelhas,
nos desviamos, cada um de nós se voltou para seu próprio caminho” (Isaías
53:6). Todos nós merecemos o julgamento e a punição de Deus. Mesmo assim, Deus,
que é santo e amável, providenciou uma solução para o nosso pecado, para que
não tivéssemos que ser justamente condenados. Ele pessoalmente tomou sobre si a
punição que merecíamos. Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi torturado e morreu
na cruz pelo nosso pecado para que nós pudéssemos ser perdoados. Três dias
depois Jesus ressuscitou dos mortos, como ele disse que faria. E agora ele
oferece a você um relacionamento com ele. Uma das afirmações mais incríveis na
Bíblia diz assim: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel
e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1
João 1:9). O Relacionamento Mais Importante. Quando se busca por intimidade e
amor, a pornografia é um substituto vazio para o verdadeiro amor. Fomos criados
por Deus para termos as nossas necessidades de intimidade supridas
profundamente no próprio Deus. “Pois Deus tanto amou o mundo
que deu o seu Filho Unigênito para que, todo que nele crer não pereça, mas
tenha a vida eterna” (João 3:16). Em contraste com a escuridão
e destruição que a pornografia pode trazer para a vida das pessoas, Jesus
disse: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (João 10:10). Deus
oferece perdão através de um relacionamento com ele. Você gostaria de pedir a
ele que perdoe seus pecados e convidá-lo para fazer parte da sua vida? Você
pode fazer isso agora mesmo. Se precisar de uma ajuda para expressar em
palavras, aqui está uma oração que poderá ajudá-lo: “Jesus, tenho
consciência do meu pecado e eu sei que você também está. Eu peço que me perdoe
e me limpe. Obrigado por ter morrido na cruz por mim. Eu peço que entre na
minha vida agora mesmo e comece a trabalhar na minha vida. Dirija minha vida do
jeito que for melhor. Obrigado por perdoar os meus pecados e ter entrado na
minha vida agora mesmo”. www.suaescolha.com.
Abraço. Davi
quinta-feira, 26 de julho de 2018
APÓSTOLO PAULO - O INICIADO
Fraternidade
Rosa Cruz. www.fraternidaderosacruz.org.
Livreto Introdutório aos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Por Antônio de
Macedo. APÓSTOLO PAULO – O INICIADO. Esta mística inserção dum veio comum
tradicional tem levado certos estudiosos a pensar que os Mistérios cristãos se
inspiraram formalmente nos mistérios do mundo antigo: A acrescentar às
tradições do Antigo Testamento e respectiva liturgia sinagogal, as tradições
dos cultos mistéricos helenísticos também foram absorvidas e reinterpretadas
segundo fórmulas cristãs. Assim, dentre as tradições tomadas das religiões
mistéricas contam-se por exemplo: a disciplina arcana com a distinção entre os
verdadeiros mystai (os iniciados nos segredos da fé cristã) a quem era
permitido participar no serviço esotérico (isto é, a Eucaristia), e os
catecúmenos; a introdução de hinos cantados cuja forma dependia do estilo
melódico dos hinos mistéricos (além dos Salmos judeus); a manutenção do antigo
gesto de mãos erguidas durante a epiclese sacramental que invoca a infusão do
Espírito Santo no pão e no vinho no momento da consagração; e muitos outros.
Chegado a este patamar peço licença para fazer uma pausa. Talvez não seja má
ideia, depois de tantas vezes ter falado em «mistério» e «mistérios»,
determo-nos um pouco para tentar descobrir o que se esconde por trás de tais palavras,
e digo bem, palavras, e não apenas uma palavra só usada umas vezes no plural,
outras no singular. Mais do que um ideólogo do saudosismo e um filósofo da
estética e da simbólica, Afonso Botelho (1919-1996) questiona-se com
frequência, nos seus escritos, acerca das origens e dos arquétipos, e deixa-nos
uma primeira observação, límpida e motivadora, sobre a distinção singular
plural a que acabo de me referir: (…). O essencial do mistério cristão, para
além da separação intransponível da natureza dos dois mundos, está na oferta
cativante de uma via para a transpor. (…). Inversa é a configuração do mistério
ou dos mistérios gregos. Verdadeiramente, só existem mistérios e não mistério
na Grécia, só existem atos de um ritual secreto praticados pelos mystai. O
mistério como caminho entre dois mundos naturalmente incomunicáveis só depois
da Encarnação do Homem-Deus, só depois de Cristo, se completa. Recuando no
tempo, e incorrendo embora no pecado de aqui repetir enxutamente o que vem em
diversos livros e dicionários, começarei por esclarecer ao leitor menos lidado
nestas porfias que a palavra mistério tem a sua origem primeira na raiz mu-, ou
my- (em grego mu), donde derivam dois verbos: mueô , que significa iniciar,
sagrar, instruir, e muô, que significa fechar a boca ou os olhos, guardar
silêncio. Da mesma raiz deriva o latim mutus, mudo, e o grego muthos ou mythos,
o que nos ensina que o silêncio se associa ao mito, tal como silenciosa deverá
ser a Iniciação menor, muêsis, que se completa pela Iniciação maior, teletê,
sendo que esta última deriva do verbo teleô, que significa simultaneamente
«concluir» e «iniciar», ou seja, «iniciar nos mais altos Mistérios», ou nos
Mistérios de plenitude ou de perfeição. O mais alto grau de Iniciação também se
chamava epopteia, já notaremos adiante porquê. Avançando um pouco mais no mesmo
terreno, observamos assim que os mistérios (ta mystêria) são por conseguinte a
teoria de ritos (ta drômena, “actos”) que conduzem iniciaticamente do silêncio
à perfeição, e isto tanto no Egito antigo como na Pérsia ou na Grécia. O
iniciado tem acesso, por secretos cultos, a regiões — ou melhor: a níveis de
ser — inexprimíveis ou inefáveis , o que em grego se dizia arrhêta, que por sua
própria natureza indizível se tornam naturalmente incomunicáveis, não por
qualquer imposição ou obrigação externa de «manter segredo, mas porque o
iniciado ao atingir o cerne do sagrado atinge o «inefável», e faltam-lhe meios
de expressão adequados para comunicar ao mundo profano o que, na linguagem e
segundo a razão desse mundo, seria incompreensível, e sobretudo porque a
Iniciação não é uma cerimónia externa, mas, nunca será demais repeti-lo, uma
experiência interna. Em todos os mistérios da Antiguidade (Isíacos, Mitríacos,
Órficos, Eleusinos, etc.) vigorava a lei dos três graus, que remonta aos tempos
miticamente Atlantes e do seu símbolo sacerdotal, o enigmático Tabernáculo no
Deserto, configurado no Templo de Salomão pela confraria de «construtores de
Templos» regulada por Hiram, símbolo que se prolonga pelos Collegia Fabrorum
romanos e medievais e teve o seu apogeu na Ordem de Construtores e Arquitetos
(Ordem Maçónica), que foi a escola dos construtores de templos góticos
contemporâneos dos Templários. Esses três graus eram, para os mistérios
antigos: postulante (o exô, o de fora), neófito ou misto (mystês, plural
mystai), e epopta (epoptês, plural epoptai). Ou seja, mediante o rito que lhe
proporciona o arrebatamento ao mundo sensível (ekstasis), o postulante torna-se
um neófito ou antes um misto, ou aquele que ainda tem os olhos fechados, para
se converter finalmente em epopta — da raiz ops, «olho» —, ou aquele que vê as
coisas tais quais são. Do mesmo modo se distinguem os graus dos Iniciadores: o
dos mystai será o mystagogos, para a Iniciação menor (muêsis), enquanto o dos
epoptai é o telestês, para a Iniciação maior (teletê, ou epopteia como dissemos
acima). Desde relativamente cedo se começou a observar nas primitivas
comunidades cristãs uma graduação igualmente tripartida, tanto nas fases
eclesiais atinentes ao culto externo como na fase interna, mais elevada e menos
visível. Na fase externa encontramos as seguintes gradações, se assim se po dem
chamar: o catecúmeno (katêchoumenos), o batizado ou neófito (neophytos — 1
Timóteo 3, 6), e o presbítero (presbyteros) ou bispo (episkopos, equipolente a
epoptês). Os presbíteros podiam transmitir dons espirituais (charismata) por
imposição das mãos (meta epitheseôs tôn cheirôn), conforme lemos no epistolário
do Novo Testamento (1 Timóteo 4, 14; 2 Timóteo 1, 6). O catecúmeno era o
equivalente a postulante, recebia instrução religiosa durante três anos a fim
de se preparar para o baptismo e podia assistir a certos ritos do culto. Por
sua vez, o presbítero ou bispo (parece que inicialmente ambas as palavras
designavam a mesma função) contava com um grau intermédio, o diácono, para o
auxiliar sacerdotalmente no seu ministério —, se bem que a palavra diakonos,
então, assumisse por vezes o sentido mais amplo de «servidor» (lat. minister)
que se poderia aplicar aos sacerdotes, ou ao ministério sagrado, duma forma
geral. Está, portanto, a fase formal — externa. Por sua vez os Mistérios
cristãos constituem a fase oculta — mais elevada e interna. Dela trataremos, um
pouco mais detalhadamente, na segunda e na terceira partes deste livro. Que
sempre existiu um esoterismo cristão é indiscutível, embora a Igreja católica
se esforce por desmenti-lo, sobrevalorizando o lado exotérico da catequese e da
liturgia. Não há que negar a legitimidade do formalismo exotérico da religião
cristã, pelo contrário: se bem que as bases iniciais sejam, tudo atesta,
esotéricas, a formulação exotérica da doutrina torna-se indispensável para que
a chama da respectiva linhagem tradicional não se extinga no mundo — paradoxo
que, sendo impossível de se tornear, acarreta consigo um pesado ónus, pois essa
formulação exotérica acaba por se constituir, praticamente, na sua única
“verdade oficial”. Certas confusões são perniciosas e devemos a todo o custo
areá-las e esclarece-las: sem dúvida que falar-se em Cristianismo esotérico,
não sendo, em rigor, um erro, pode induzir em erro, porque o Cristianismo em si
não é exclusivamente esotérico, é uma religião dada por Cristo para a salvação
de todos e comunicável a todos. O que não significa, porém, que não exista um «esoterismo
cristão», acessível apenas aos que queiram aprofundar os mistérios do Reino de
Deus, como refere Orígenes de Alexandria (184-253) no seu livro Contra Celsum.
O próprio Jesus fazia a distinção entre o que podia transmitir às multidões e o
que reservava aos discípulos, a quem dizia: “A vós deu-vos a conhecer os
mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes foi dado” (Mateus 13, 11). No
passo paralelo do Evangelho de Marcos, Jesus define claramente quem são aqueles
a quem tal não é dado: “Aos de fora [gr. tois exô] tudo se lhes dá em
parábolas, a fim de que olhando, olhem e não vejam, e ouvindo, ouçam e não
entendam, não suceda que se convertam e se libertem” (Marcos 4, 11-12). Os de
fora (oi exô), são os profanos ou ainda só postulantes, isto é, os que ficam
“fora do Templo” e a quem, portanto, apenas se lhes podem ministrar instruções
exotéricas. Paulo dizia o mesmo por outras palavras: «E eu, irmãos, não pude
falar-vos como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
Leite vos dei a beber, não comida sólida, pois ainda não éreis capazes» (1
Coríntios 3, 1-2). Alguns mais radicais, como René Guénon (1886-1951), vão mais
longe e pensam que as verdadeiras origens do Cristianismo — e sobre as quais o
Novo Testamento, na forma como chegou até nós, é esclarecedor sem ser claro —
teriam sido de facto esotéricas, mas não na linha de Annie Besant (1847-1933),
cuidado!, e que a divulgação generalizada constituiria um fenómeno posterior:
Será provavelmente impossível determinar o momento preciso em que o
Cristianismo se transformou numa religião no sentido próprio do termo bem como
numa forma tradicional destinada a toda a gente, sem distinção. Seja como for
tratava-se dum fato consumado na época de Constantino e do Concílio de Niceia,
de tal sorte que este não fez mais do que «sancioná-lo», por assim dizer,
inaugurando a era das formulações «dogmáticas» destinadas a constituir uma
apresentação puramente exotérica da doutrina. (…). É pois evidente que a
natureza do Cristianismo original, sendo essencialmente esotérica e iniciática,
devia permanecer completamente ignorada por parte daqueles que passaram a ser
admitidos no Cristianismo agora exotérico; por conseguinte, tudo quanto pudesse
evidenciar ou sequer sugerir o que tinha sido realmente o Cristianismo nas suas
origens deveria ser recoberto, aos olhos daqueles, por um véu impenetrável.
Sobre a existência de Mistérios cristãos testificam-nos alguns autores antigos,
de forma mais ou menos translúcida dentro dos limites em que era possível falar-se
de tais matérias. Costumam ser muito invocados, a este respeito, dois teólogos
de inspiração platónica da Escola de Alexandria, dos séculos II e III,
preocupados com os mistérios alegóricos contidos na essência do Cristianismo e
que não excluem uma interpretação esotérica das Sagradas Escrituras. Refiro-me
a Clemente de Alexandria (150-216) e ao seu discípulo Orígenes (185-253). Uma
das obras mais conhecidas do primeiro, Stromateis (Miscelâneas), é
particularmente importante pelo testemunho que nos oferece da existência de
Mistérios associados ao Cristianismo primitivo, e a um ensinamento secreto; por
exemplo: O Senhor não nos impediu de fazer o bem por causa das leis do sábado;
Ele concordou que os que são capazes de compreender partilhassem dos mistérios
de Deus e da sua santa luz. Além disso não revelou ao homem vulgar o que não
era para ele; revelou-o, sim, a alguns poucos, a quem sabia que tal revelação
lhes seria apropriada, e capazes de aceitar os mistérios e de se coadunar com
eles. As coisas secretas, tal como o próprio Deus, não se devem confiar por
escrito, mas sim exprimirem-se pelo Logos (ou: por palavra). E se alguém nos
contrapõe citando a Escritura: «Nada há encoberto que se não descubra, nem nada
escondido que se não dê a conhecer» (Mateus 10, 26), responder-lhe-emos que
nesta frase (Jesus) predisse que os segredos ocultos serão revelados aos que
escutam em segredo, e que tudo o que é velado, como a verdade, será descoberto
aos que são capazes de receber as tradições sob um véu, e o que é incompreensível
à maioria será claro para a minoria. (…) Os mistérios são transmitidos
misteriosamente, de boca a ouvido, ou melhor, não nas vozes do que fala e do
que escuta, mas nas suas mentes. Deus concedeu à Igreja que uns sejam
«apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e
instrutores, para aperfeiçoamento dos santos na obra do seu ministério, e para
edificação do corpo de Cristo (Efésios 4, 11-12). Estou bem consciente da
pobreza desta minha compilação de notas comparada com a graça do Espírito que
me considerou digno de o escutar. Mas ao menos será como que uma imagem, que
lembrará o arquétipo original àquele que tiver sido tocado pelo tirso. “Dá ao
sábio, e tornar-se-á mais sábio ainda”, diz a Escritura (Provérbios 9, 9), e “ao
que tem, se dará e terá em abundância” (Mateus 13, 12). Há aqui uma promessa,
não de dar uma plena interpretação dos segredos — longe disso —, mas de
oferecer um vislumbre para quando nos esquecemos, ou para evitar que isso
aconteça. Vejamos um outro elucidativo passo do mesmo livro de Clemente
Alexandrino (150-215): Uma vez que a nossa tradição não é recebida em comum nem
aberta a todos, e muito menos quando nos damos conta da magnificência do Logos,
segue-se que temos de manter secreta “a sabedoria de Deus em mistério, a
oculta”, ensinada pelo Filho de Deus. O próprio profeta Isaías precisou de ter
a língua purificada pelo fogo para poder revelar a sua visão. Nós também
precisamos de ser purificados tanto de ouvido como de língua, se nos propomos
partilhar da verdade. Só de pensá-lo, tolhe-se a mão para o escrever, e,
observando as palavras da Escritura, cuidarei de não lançar as pérolas aos
porcos, não aconteça que as pisem aos pés e, acometendo-nos, nos despedacem. É
difícil apresentar argumentos puros e lúcidos, a respeito da verdadeira luz, a
pessoas que são como cevados na sua falta de educação. Quase nada há que pareça
mais ridículo aos homens vulgares do que estes discursos, nem mais maravilhoso
e divinamente inspirado para os que sejam de nobre natureza. “Mas o homem
vivente não capta as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para Ele”; os
sapientes não anunciam em público o que discutem em concílio. “O que vos digo
às escuras, dizei -o à luz do dia, e o que escutais ao ouvido, proclamai-o de cima
dos terraços”, diz o Senhor (Mateus 10, 27). Ele quer dizer que recebamos as
tradições secretas do conhecimento revelado, interpretadas com a máxima
elevação, e, uma vez que as ouvimos murmuradas aos nossos ouvidos, que as
transmitamos a quem delas seja digno, e não que as espalhemos sem reserva a
qualquer um, quando Ele, para estes, o fez em parábolas. Quanto a Orígenes, um
dos maiores eruditos da Patrística grega e profundo conhecedor dos mistérios
pagãos, é autor dalgumas obras monumentais — e essenciais — de que se destacam
os Hexapla, por exemplo, primeiro intento de se estabelecer um texto crítico do
Antigo Testamento a partir de seis versões correntes gregas e hebraicas, que
cotejou em seis colunas paralelas e cuja organização lhe consumiu praticamente
a vida inteira, além do denso tratado Peri archôn (Acerca dos princípios), que
a Igreja considera discutível e que o ascético Rufino de Aquileia (345- 410)
traduziu com o título De principiis adulterando-o e eliminando intencionalmente
as passagens e as fórmulas mais «suspeitas». Entretanto, e para o que ora nos
importa, basta que nos abeiremos do seu elucidativo tratado Contra Celsum,
escrito provavelmente no ano 248 em refutação do livro Discurso verídico,
ataque demolidor que o filósofo Celso, igualmente neoplatónico como Orígenes
mas ferozmente anticristão, desfere contra o Cristianismo. Naquele, Orígenes
revela algumas coisas: E nada digo por ora do estudo cuidadoso de tudo quanto
está escrito no Evangelho. Cada ponto contém muitas razões difíceis de
entender, não só para o vulgo, mas incluso para algumas pessoas inteligentes.
Tal, a densa exposição das parábolas que Jesus fazia aos de fora, guardando a
explicação delas para os que tinham ultrapassado a audição exotérica e se
aproximavam privadamente d’Ele, em casa. Celso admirar-se-ia se conseguisse
compreender o motivo que há para se chamar a uns “de fora”, e a outros «de
casa». E quem, sendo capaz de contemplar os vários passos de Jesus, não se
maravilhará de vê-lo ora subir à montanha para proferir este discurso ou para
realizar aquelas outras ações ou transfigurar-se, ora para, em baixo, curar os
enfermos, incapazes de subir aonde o seguiam os seus discípulos? Não é porém
este o momento de explicar quanto de verdadeiramente venerável e divino contêm
os Evangelhos ou o sentido que Paulo tem de Cristo, isto é, da Sabedoria e do
Logos de Deus. Baste o que se disse, para contrapor a essa galhofa, indigna dum
filósofo, de Celso, que ousa comparar os íntimos mistérios da Igreja de Deus
«com os gatos, macacos, crocodilos, bodes e cães dos egípcios. Realcemos, de
passagem, a antiga e clássica distinção esotérica que Orígenes faz entre «subir
à montanha» (o caminho da Iniciação!), e o que se pode claramente fazer “na
planície” aos “enfermos”, isto é, aos incapazes de atingir, enquanto não
«curados e purificados, a sublimação dos Mistérios. Noutro passo do mesmo
livro, Orígenes aponta sem ambiguidades algumas chaves dos Mistérios com que
podemos deparar nas Escrituras judaico-cristãs: Se alguém deseja iniciar-se
numa ciência misteriosa sobre o acesso das almas ao divino, não pelo que nos
oferece a mais obscura seita citada por Celso, mas por livros originariamente
judeus, lidos nas sinagogas, e que são aceites pelos cristãos, e por outros
exclusivamente cristãos, leia as visões do profeta Ezequiel no final da sua
profecia; ou leia também, no Apocalipse de João, a descrição da Cidade de Deus,
a Jerusalém Celeste, bem como a descrição dos seus fundamentos e das suas
portas. E se é capaz de entender por símbolos a senda assinalada aos que se hão
de encaminhar para o divino, leia o livro de Moisés que tem por título Números
e procure quem o introduza nos mistérios que se encontram ocultos nos
acampamentos dos filhos de Israel; averigue de que natureza eram os acampamentos
ordenados às bandas do Oriente, que são os primeiros; de que natureza eram os
orientados para Sul e Sudoeste, os que estavam junto ao mar e os que, por fim,
se ordenavam a Norte. Nestas passagens achará decerto ideias não despiciendas,
e não, como imagina Celso, ideias que pedem ouvintes néscios e escravos.
Compreenderá de quem nelas se fala bem como a natureza dos números aí indicados
e que convêm a cada tribo. Expor aqui cada um destes pontos parece-nos
inoportuno. Finalmente, Orígenes não pode ser mais límpido quando afirma: E de
mais, que haja pontos além do exotérico que não chegam aos ouvidos do vulgo não
é coisa exclusiva do Cristianismo, mas também corrente entre os filósofos, que
tinham doutrinas exotéricas, e também outras esotéricas. Assim, de Pitágoras
havia quem apenas ouvisse dizer: «Ele disse-o»; outros porém eram secretamente
iniciados em doutrinas que não deviam chegar aos ouvidos profanos e não
purificados. E quanto aos mistérios que se praticam em toda a Grécia e nas
terras bárbaras, embora sejam ocultos, não os ataca Celso; por isso em vão
tenta desacreditar o que há de oculto no Cristianismo e que não pode entender.
A necessidade da reformulação exotérica que vimos acima levou a Igreja a
proceder a uma espécie de movimento translacional quanto ao sentido da palavra
mistério, e aqui voltamos à tal distinção a que aludimos entre «mistério» e
“mistérios” que a Igreja oficialmente adoptou e ensina: por um lado os
mistérios enquanto grandes acontecimentos históricos da vida de Jesus ou da
Virgem Maria, por exemplo os mistérios da Cruz ou os mistérios do Rosário; por
outro, no mistério singularizado como por exemplo o mistério da Encarnação de
Cristo, o mistério da Santíssima Trindade, o mistério da Eucaristia ou da
Transubstanciação, o mistério Pascal, o mistério da Ressurreição. A palavra
“mistério” ocorre 28 vezes no Novo Testamento, 21 das quais nos textos
paulinos, e em nenhum caso para exprimir o que acabámos de enumerar e que a
Igreja oficializou: com o decorrer do tempo, o duplo significado de verdade
divina e de rito sacro que o termo «mistério» abrangia acabou por se repartir
por duas palavras, mysterium e sacramentum, ficando a primeira a designar as
verdades ocultas do Cristianismo e a segunda os ritos ou as realidades
sagradas. O que não exclui o poder que a Igreja detém para estabelecer, pelo
mysterium, uma ponte real com o divino, poder que Cristo transmitiu aos
apóstolos e que, por sucessão apostólica, é transmitido por sua vez ao longo
dos séculos a todo o sacerdote regularmente ordenado. É tempo entretanto de
regressarmos a Paulo, que, confirmando quanto mais acima se disse sobre o
originário esoterismo cristão, mui lisamente declara: “Se o nosso Evangelho
está porém velado, está velado para os que se encontram no caminho da destruição,
para aqueles incrédulos cujos pensamentos o deus deste século [gr. aiônos]
cegou, para que neles não brilhasse a iluminação do Evangelho da glória de
Cristo, o qual é imagem [gr. eikôn] de Deus” (2 Coríntios 4, 3-4). É importante
pôr em relevo que foi o mesmo Paulo quem formulou, na sua primeira carta aos
Coríntios e em duas frases fundamentais, que as Escrituras cristãs nos dão dois
Evangelhos, um exotérico e relacionado com a personalidade mundana: “Resolvi
não saber coisa alguma, entre vós, senão Jesus Cristo, e este crucificado” (1
Cor 2, 2), e outro esotérico e relacionado com a individualidade espiritual:
“Não sabeis que sois templo de Deus?” (1 Coríntios 3, 16). Destes “dois
Evangelhos” foi o primeiro, como já fizemos notar, que a Igreja católica trouxe
à luz da ribalta, e manteve, com o carácter que conhecemos e que tem sido a
permanente tónica da sua doutrina cristã. Inácio, bispo de Antioquia (35-108)
martirizado em Roma no ano 107 ou 108, foi Padre Apostólico (vir apostolicus),
isto é, conheceu e conviveu pessoalmente com alguns apóstolos, afirma-o João
Crisóstomo (347-407): Inácio, em primeiro lugar, conviveu nobremente com os
Apóstolos e das presenças deles se gozava como fontes do Espírito. Ora pois,
que muito é que quem com eles convivia e com eles a todas as horas lidava, e
participava dos seus públicos e secretos pensamentos, fosse finalmente tido por
digno de tão alta dignidade?»[33]. Inácio, na sua juventude, decerto teria
conhecido Paulo (além de João, e talvez outros), sendo Antioquia a sua pátria,
e tendo sido de Antioquia que irradiou para o mundo mediterrânico a mensagem de
Paulo, os seus caminhos, com toda a probabilidade, ter-se-iam cruzado. O
testemunho de Inácio, portanto, convém considerar-se com especial atenção,
nomeadamente — e para o caso que nos importa — o seguinte passo duma carta que
endereçou à comunidade cristã de Éfeso, onde a recordação de Paulo permanecia
muito vívida: «Sois passagem para os que se elevam a Deus, iniciados com Paulo
nos mesmos mistérios [gr. Paulou summusai]» (Carta aos Efésios XII, 2). Aquelas
palavras gregas, Paulou symmysai, também se podem traduzir por companheiros de
iniciação de Paulo. Ou seja, os Mistérios cristãos eram um facto, e uma das
provas mais evidentes dá-nos o próprio Paulo, quando auto afirma: Sei de um
homem, em Cristo, que há catorze anos — ignoro se no corpo, ou fora dele, Deus
o sabe — foi arrebatado até ao Terceiro Céu. E sei desse homem — se no corpo ou
fora dele, não sei, Deus o sabe — que foi arrebatado ao Paraíso e ouviu
palavras inexprimíveis [gr. arrhêta rhêmata, lat. arcana verba] que não é
permitido a um homem divulgar. — 2 Coríntios 12, 2-4. Este texto surpreendente
de Paulo revela um facto em que muitos cristãos certamente nunca pensaram, e dá
sobretudo conta, com muita força, do que é o segredo iniciático, as tais
«palavras inexprimíveis que o Iniciado recebe e não pode repetir no mundo
profano. Recordemos que a expressão que Paulo usa para o inexprimível e
incomunicável — arrhêta —, é a mesma que é utilizada nos mistérios antigos
exatamente com o mesmo significado. Não deixa de ser sintomático que São
Jerônimo (347-420), conhecedor dos primitivos Mistérios cristãos, tenha
traduzido, na sua Vulgata Latina, aqueles dois vocábulos gregos, arrhêta
rhêmata (palavras impronunciáveis ou inefáveis), por arcana verba, expressão
muito mais forte, pois significa «palavras ocultas ou secretas». A crítica
positivista, ignorando o alcance iniciático deste texto, assume perante ele uma
de duas atitudes: ou opina que se trata apenas dum ancestral tema mítico (as
esferas do céu!) que permaneceu no Novo Testamento a par doutros como por
exemplo a batalha celestial entre anjos e demónios (Apocalipse 12, 7-9); ou
limita-se a constatar que Paulo mentiu, porquanto, a fazer fé no Evangelho de
João, «ninguém subiu ao Céu a não ser Aquele que desceu do Céu, o Filho do
homem» (João 3, 13). Pois nem uma coisa nem outra: por esta revelação ficamos a
saber que Paulo era um Iniciado com o grau equivalente à 5.ª Iniciação menor da
Ordem Rosacruz: esta é a Iniciação que dá acesso ao Mundo do Pensamento
Abstrato, ou Terceiro Céu, na terminologia iniciática cristã e Rosacruciana. E
tal como nas doutrinas Rosacruzes, Paulo admite deidades ou Hierarquias a que
chama «deuses», inferiores ao Deus único e a Ele submetidos: «Porque, se há
aqueles que são chamados deuses, tanto no céu como na terra, havendo assim
muitos deuses e muitos senhores, para nós porém não há senão um Deus, o Pai, de
quem procedem todas as coisas» (1 Coríntios 8, 5-6). Muito exemplos se poderiam
colher dos textos de Paulo; remato com o seguinte passo da primeira carta aos
Coríntios, que bem merece leitura atenta e profundada, e que já vimos, atrás,
ter sido objeto de misterioso exame tanto de Clemente de Alexandria como de
Orígenes: Entre os perfeitos [gr. en tois teleiois] porém, falamos sabedoria;
não a sabedoria deste século nem a dos chefes deste século condenados a
perecer; mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, a oculta, que Deus
predestinou antes dos séculos para glória nossa; que nenhum dos chefes deste
século conheceu; pois se a tivessem conhecido, nunca teriam crucificado o
Senhor da glória. Mas como está escrito: O que olho não viu nem ouvido ouviu,
Nem subiu ao coração do homem, Essas coisas preparou Deus aos que o amam (Isaías
64, 3). A nós revelou Deus por meio do Espírito; porque o Espírito tudo
penetra, mesmo as profundezas de Deus. Quem pois conhece dos homens as coisas
próprias do homem, a não ser o espírito do homem que nele se encontra? Assim
também as coisas de Deus ninguém as conhece a não ser o Espírito de Deus. Nós,
porém não captamos o espírito do mundo mas o Espírito que vem de Deus, para que
conheçamos as coisas que Deus graciosamente nos deu, as quais falamos não com
aprendidas palavras de sabedoria humana, mas com aprendidas do Espírito,
agregando o espiritual ao espiritual. Mas o homem vivente [gr. psychikos
anthrôpos, lat. animalis homo] não capta as coisas do Espírito de Deus, pois
são loucura para ele, nem é capaz de entendê-las pois só espiritualmente é
possível examiná-las. Em contrapartida o homem espiritual [gr. pneumatikos,
lat. spiritalis] ajuíza todas as coisas, mas ninguém é capaz de ajuíza-lo. Quem
pois conheceu o pensamento do Senhor, para que o instrua? Nós, porém temos o
pensamento [gr. noûn, lat. sensum] de Cristo. — 1 Coríntios 2, 6-16. Os
«perfeitos» a que se refere Paulo são os Iniciados (teleioi) dos Mistérios
Maiores, os mesmos “perfeitos” que Orígenes invoca num outro texto seu que
também a este se reporta e que só o entenderá quem disso for capaz, como ele
próprio adverte: (…) Platão (428 AC 347) põe em terceiro lugar a imagem; nós
porém, aplicando o nome de imagem a outra coisa, diremos mais claramente que a
impressão das chagas que depois do Logos se dá na alma, é o Cristo que mora em
cada um, e vem do Cristo Logos. Ora bem, a sabedoria, que é Cristo e mora nos
perfeitos [gr. en tois teleiois] de entre nós, corresponde ao quarto elemento
platónico, que é a ciência, entenda -o quem disso for capaz. Nos livros
canónicos do Novo Testamento não se dá conta de como Paulo terminou os seus
dias. O que se sabe, ou julga saber, é-nos transmitido pelos apócrifos,
nomeadamente os Acta Pauli, que incluem o Martyrium Pauli, e os fragmentos que
nos restam dos Atos de Pedro e Paulo: teria sido levado para Roma e decapitado
no ano 67 nas Aquae Salviae, na localidade que hoje se chama Tre Fontane. A
descrição da sua morte no Martyrium Pauli inspirou, ao longo dos tempos, tanto
a arte como a liturgia: Paulo então pôs-se de pé e olhou para leste, ergueu as
mãos ao céu e orou demoradamente. Nas suas orações falava em hebraico com os
Padres; depois, sem proferir palavra, ofereceu o pescoço ao verdugo. E quando
este lhe cortou a cabeça, salpicou leite sobre a túnica do soldado. Os poetas,
no entanto, têm uma visão diferente. Tal como Elias, tal como Enoch, o
trespasse de Paulo, o Iniciado, não podia acrisolar-se em cadinho de terrestre
cruz, mas apenas em luminoso raio de celestial mistério: “Paulo não podia
morrer, como Pedro. Desapareceu nas alturas donde recebera a inspiração. O seu
amor a Jesus Cristo alcançou a Eternidade e todos os atributos de Deus. Paulo é
imortal em Jesus Cristo. Não morreu, desapareceu. Aparecer é ganhar forma no
espaço, e duração no tempo. Desaparecer é ficar invisível, simplesmente”. www.fraternidaderosacruz.org.
Abraço. Davi
quarta-feira, 25 de julho de 2018
REVISITANDO O JARDIM DO ÉDEN
Judaísmo. www.morasha.com.br.
REVISITANDO O JARDIM DO ÉDEN. “E plantou o Eterno, D’us um jardim no Éden, no
Oriente, e lá colocou o homem que criou. E fez brotar da terra, o Eterno D’us,
toda árvore cobiçável aos olhos e apetitosa ao paladar, e nesse jardim estavam
a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. A história do
Jardim do Éden - de Adão e Eva e a serpente, e da partilha do fruto proibido -
é universal em seu escopo. Apesar de ser uma história da Torá, não é dirigida
exclusivamente ao Povo Judeu. Envolveu pai e mãe de toda a humanidade,
pertencendo, portanto, a todos os seres humanos de todas as gerações. De fato,
o ocorrido no Jardim do Éden, não constituiu um evento singular em um passado
longínquo; constitui uma história recorrente na vida de qualquer homem e
qualquer mulher. A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. O pecado de
Adão e Eva é por demais conhecido. Enquanto viviam no Jardim do Éden, tinham
permissão para comer de todas as árvores, exceto da Árvore do Conhecimento do
Bem e do Mal. D'us previne Adão que a consequência de se violar a proibição
seria a morte. Mas, a despeito do severo alerta, Eva se deixa seduzir pela
serpente e partilha do fruto proibido, o qual, mais tarde, oferece ao marido e
a todos os animais. Em decorrência disso, a morte é introduzida no mundo e Adão
e Eva são banidos do Éden para sempre. O mais peculiar em todo o incidente é a
natureza da proibição, em si. Por que razão haveria de ser proscrito o
conhecimento e associado ao pecado e à morte? A superioridade do homem perante
os demais reinos reside não apenas em sua capacidade espiritual, mas também na
mental. Com efeito, essa mesma Torá, que conta a história de Adão e Eva,
exacerba o valor supremo do aprendizado e da busca pelo saber e pela verdade.
Como diz o Talmud, quem possui conhecimento, tudo possui; quem não o possui,
nada possui. Outro problema intrigante é o argumento usado pela serpente para
convencer Eva a provar do fruto proibido. Era verdadeira a sua alegação de que
"No dia em que do fruto comeres, teus olhos se abrirão e serás como D'us,
que conhece o bem e o mal". Isto traz à tona a pergunta: por que razão
D'us, que criou o homem à Sua imagem, não quis que desfrutasse de parte de Sua
sabedoria? Ao tentar responder a tais perguntas, é preciso, primeiro, conhecer mais
sobre a natureza do primeiro homem e da primeira mulher. Antes de incidir em
pecado, a existência física do homem era pura santidade. Como nos ensina Rabi
Shimon bar Yochai, autor do Zohar, até o mais espiritual dos seres humanos na
História não consegue se equiparar à estatura espiritual de Adão. Ele nasceu
para ser imortal e para viver livre de preocupações, esforços e sofrimentos.
Sua missão consistia em tornar o Éden mais perfeito e poderoso para que tal
perfeição e força pudessem estender-se por todo o mundo. Adão nasceu sem
maldade; mas isso não significa que o mal não existisse no mundo. De fato, o
antagonista na história - a serpente - era a própria encarnação do Mal. Os
livros místicos sugerem que a serpente, que também personificava a Árvore do
Conhecimento, estava exasperada pela imunidade humana ao mal. Ressentia-se do
fato de o homem viver livre dos conflitos e tormentos, e, por isso, tentou
atraí-lo para um círculo vicioso de luta e sofrimento. Várias outras são as
explicações para o que teria levado a serpente a tentar Eva, mas esta, em
especial, alinha-se com os ensinamentos cabalísticos de que o mal sente uma
irresistível atração pela bondade. Parasita por excelência, o mal se alimenta
de santidade e é a bondade o que lhe dá sustento e significado. Exemplificado
de forma simplista: o homem malvado apenas ascende ao status de "super
vilão" quando se lança em guerra contra um "super-herói"; caso
contrário, não passa de um simples malfeitor. De modo similar, o Mau Instinto
não demonstra grande interesse nos indivíduos que com ele naturalmente se
alinham. Ao invés disso, não mede esforços tentando atrair os bons e puros.
Isto explica o ensinamento talmúdico de que "quanto maior o homem, maior
seu instinto maligno". É por isso que Adão e Eva foram presa fácil da
tentação: o Mau Instinto sobre eles lançou potentes forças hostis que os
levaram a pecar. Uma das lições óbvias do episódio da Árvore do Conhecimento é
que o homem tem atração pelo que lhe é proibido. A Torá reconhece que (…).
"As águas roubadas são doces…" (Provérbios 9: 17) - ou seja, é do
gênero humano cobiçar o proibido. O fruto proibido se tornou uma metáfora, um
símbolo da atração e do fascínio pelo pecado. Desde o Jardim do Éden, isto tem
sido uma realidade na vida de praticamente todos os seres humanos. Para alguns,
pode tratar-se de algo tão mundano quanto o alimento que não deve ser ingerido;
para outros, pode ser uma tentação mais destrutiva, como um relacionamento
proibido. Mas, qualquer tentação empalidece face ao que a serpente, falando em
nome da Árvore do Conhecimento, ofereceu a Adão e Eva. O partilhar do fruto
proibido significava a realização do maior desejo dos homens: a capacidade de
se parecer a D'us - controlar o próprio destino e exercer poder sobre o mundo.
Sem dúvida, a perspectiva mais atraente que pode ser oferecida a um ser humano:
a possibilidade de "cruzar a barreira", de ir além e se tornar
divino. Desde os dias de Adão, o homem tem tentado fazê-lo. Atrai-o a magia, o
conhecimento esotérico, o misticismo, tudo na esperança de se sobrepor às
dimensões do humano. À semelhança de outros vilões da história, a serpente foi
fiel à sua palavra. Entregou o que prometera. Assim que Eva e Adão comeram do
fruto da Árvore do Conhecimento, passaram a possuir algo que era reservado a
D'us, algo com que nem mesmo os anjos mais elevados contavam - o livre
arbítrio. Por ter provado do fruto do bem e do mal, descobriram dentro de si
novas aptidões, tornando-se fatores mais dinâmicos no Universo. Como D'us,
ganharam o poder de querer, criar e destruir. A serpente demonstrou astúcia
extraordinária, pois contou a verdade a Eva - mas não a contou por inteiro.
Após daquele fruto comer, o homem efetivamente passou a conhecer o bem e o mal;
mas, ao contrário do Criador e dos seres espirituais, ele interiorizou tal
conhecimento. Os animais não são dotados de livre arbítrio, nem os anjos, que
são meros mensageiros divinos, e, portanto, impenetráveis ao mal. O homem,
vulnerável a qualquer influência, não tem o dom de conhecer o maligno e permanecer
imune ao mesmo. Uma vez tendo provado do fruto proibido, pode continuar sendo
boa pessoa, mas jamais recuperará a inocência perdida. Não há riqueza nem
sabedoria, por maior que seja, que possa restaurá-la. Em vista do que acabamos
de discutir, podemos tratar do motivo para que o fruto da Árvore do
Conhecimento fosse proscrito. Como se pode prever, as respostas são várias. Uma
destas diz que o homem não foi criado para saber tudo. De fato, quantas pessoas
excelentes e talentosas caíram vítima da confusão intelectual e espiritual, do
vício e do comportamento destrutivo, simplesmente por buscarem conhecer e
experimentar tudo o que a vida lhes tinha a oferecer? Adão foi proibido de
comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal porque o homem não tem condições
de se manter totalmente alheio e imune àquilo com o que tem contato. D'us sabia
que se o homem viesse a conhecer a maldade os resultados seriam desastrosos,
pois ele ficaria atraído pelo mal. E foi exatamente o que ocorreu. Após sentir
o gosto do fruto proibido, bem e mal se fundiram no interior de Adão e Eva. Na
língua hebraica, a palavra lada'at - "conhecer, saber" - contém um
elemento emocional. O versículo que aparece no mesmo capítulo do relato sobre a
Árvore do Conhecimento - e que conta que "Adão conheceu Eva, sua
mulher" - não contém um eufemismo, como se pensa. Pelo contrário.
Conta-nos que um relacionamento físico entre duas pessoas nunca é completamente
desvinculado de um elemento emotivo-relacional. Assim o ensinou Rashi, clássico
comentarista da Torá: "Conhecer alguém é amá-lo". E como o amor é um
vínculo mais profundo do que qualquer ato da mente ou do intelecto, conhecer
algo significa estabelecer uma conexão com este algo. O homem foi criado para
jamais conhecer o mal, assim como há situações às quais nenhuma criança jamais
deveria ser exposta. Mas desde o pecado de Adão e Eva, a maldade se tornou
parte intrínseca de seus descendentes. Sequer importa o que se pensa sobre isto
- se o indivíduo desfruta do mal ou se este a repulsa. O simples ato de
conhecer implica em arcar com as consequências. D'us queria que o homem
continuasse santificado, como fora criado, e que não caísse presa da tentação.
Pois que a presença da maldade no homem, especialmente em pessoa boa e
conscienciosa, é fonte de contínuo sofrimento. É difícil ser bom e, mais ainda,
ser espiritual, pois, no decorrer da vida o ser humano frequentemente se
encontra diante da escolha entre duas alternativas terríveis: a frustração de
um desejo não realizado ou - infinitamente pior - o amargo gosto do pecado, a
dizer, a culpa e a vergonha e o temor da retribuição, quer humana quer Divina.
Desde que provou do fruto proibido, o homem se tornou uma mescla entre bem e
mal, luz e escuridão. Explica o Tanya, obra clássica da Cabalá, que o mal se
manifesta, no homem, de inúmeras formas: como desejo pelo proibido; como
orgulho e raiva indevidos; como depressão e indisposição para fazer o certo; e,
talvez o mais frequente, como frivolidade e desperdício - em outras palavras, o
uso inadequado da capacidade, energia e tempo que D'us confiou a cada um de
nós. Somente Tzadikim Gamurim - homens e mulheres perfeitamente justos, como
Avraham, Moshê Rabenu e Rabi Shimon bar Yochai - são totalmente destituídos de
maldade. Mas, infelizmente, tais seres são raríssimos e mesmo esses podem
errar. Ademais, mesmo o Tzadik Gamur é forçado a viver em um mundo em que
coexistem bem e mal, no qual este ser "justo e puro" se vê cercado de
situações em que sempre há uma opção reprovável, não importa em que ambiente se
encontre. Consta que Moshê perdeu a paciência em várias ocasiões. Sua fúria,
sem dúvida, foi uma falha de comportamento; mas as situações a que foi
submetido não lhe permitiram agir de outro modo. A expressão da raiva foi o
único meio que encontrou para corrigir alguns dos problemas surgidos em meio ao
povo judeu durante sua jornada de 40 anos a caminho da Terra Prometida. Um dos
temas atemporais na história de Adão e Eva é o fato de que, desde o Jardim de
Éden, todos nós, em maior ou menor grau, mantemos um relacionamento de amor e
ódio com a serpente. Como está na Torá, "Na porta jaz o pecado; e a ti
fazer pecar é o desejo do Mau Instinto; mas tu podes dominá-lo" (Gênese,
4: 7). A serpente aparece de diferentes formas para diferentes pessoas. Muitos
seres humanos, como o primeiro casal da Terra, sucumbem a seu encantamento.
Outros conseguem dominá-la. Mas, à exceção dos Tzadikim Gamurim, os justos
perfeitos, a humanidade é fascinada pela mesma. Isto explica a razão para a
mídia e a indústria do entretenimento nos sufocarem de notícias e imagens, a
cada dia mais violentas e impróprias: fazem-no porque atraem nosso interesse,
mesmo que em sã consciência consideremos repulsivas as imagens - em outras
palavras, a serpente. Se o homem apenas fizesse o que Eva devia ter feito, a
dizer, ignorar a "tentação", esta "serpente" perderia sua
razão de existir e acabaria desaparecendo. Não nos referimos, aqui, ao mal que
se manifesta de forma explícita no mundo e que deve ser combatido e vencido.
Estamos falando da "serpente" que vive dentro de cada um de nós. Esta
não pode ser vencida enquanto estivermos obcecados, nela pensando e falando.
Esta se encolhe e morre somente depois que o homem transfere seu pensamento
para outros assuntos, de preferência mais elevados, os quais, pela própria
natureza, são diametralmente opostos aos argumentos e tentações lançados pelo
Mau Instinto. Banidos do Jardim do Éden. Pouco após comer da fruta da
Árvore do Conhecimento, Adão e Eva são expulsos do Jardim do Éden, pois D'us
não permitiria que o homem "estendesse sua mão, retirasse algo da Árvore
da Vida, o ingerisse e vivesse para sempre". O motivo de sua expulsão traz
à tona outra pergunta: por que o homem não podia comer da Árvore da Vida e
viver para sempre, eliminando a maldição imposta pelo pecado inicial? Porque a
Árvore da Vida não poderia servir como antídoto. Apenas agravaria o problema,
pois, uma vez incorporado o mal no ser humano, a Vida Eterna significaria que
também o mal viveria para sempre. Há uma história no Zohar que elucida a idéia.
Consta que Rabi Acha, de Kfar Tarsha, tentou expiar uma pestilência em uma
aldeia queimando incenso. Disseram-lhe que aquilo era inútil, pois os
habitantes do vilarejo não haviam expiado seus próprios pecados. Tivessem eles
demonstrado arrependimento, a oferenda do incenso promoveria a expiação; caso
contrário, apenas serviria de paliativo para desaparecerem os sintomas, mas
jamais traria cura à peste. De forma similar, o fruto da Árvore da Vida poderia
curar a morte - sintoma do pecado - mas não o pecado em si. Após o pecado de
Adão e Eva, era preciso corrigir as consequências de seu ato. Os limites entre
bem e mal tinham sido confundidos não só no homem, mas em todo o mundo. Daí ter
D'us expulso o ser humano do Jardim de Éden para que fosse cultivar a terra.
Para corrigir o dano que causara, o homem teria que refinar o mundo, extirpando
o bem que havia no mal. Isto só é alcançado através do cumprimento dos
Mandamentos Divinos, meio pelo qual Ele ensinou ao homem o que não fazer, de
modo a não aumentar as forças do mal. E pelo qual também determinou quais as
ações a realizar com a matéria física, de modo a que o bem que há no mundo
pudesse ser espiritualmente elevado. Neste ponto, a identidade do fruto
proibido adquire relevância. Com certeza, esse fruto não era a maçã. Entre
nossos Sábios predominava a opinião de que se tratava de uvas, que Eva comeu e
utilizou para fazer vinho, que então serviu ao companheiro. Como as uvas foram
o elemento físico envolvido no pecado inicial, ajudamos a retificar espiritualmente
sua utilização imprópria mediante a oração do Kidush, com vinho - ao santificar
o Shabat e as festas judaicas. E, assim fazendo, a mesmíssima fruta que foi
consumida em pecado é usada em um ato de santificação - para proclamar que D'us
é o Criador do mundo e para santificar seus dias sagrados. A isto se chama, na
Cabalá, Tikun - retificação espiritual. Esta retificação do mundo ocorre quando
o homem santifica o mundo físico, utilizando seus elementos com propósito
sagrado. Por exemplo, quando o couro é usado para fazer os Tefilin, realiza-se
um ato de fissão espiritual: são liberadas as centelhas sagradas existentes na
matéria física. Se isso ocorresse constantemente - se o ser humano apenas
fizesse o certo sem nunca errar - a "serpente" definharia até a
morte, por inanição. O pecado de Adão e Eva seria, então, retificado e suas
consequências - luta e sofrimento e morte - deixariam de ser parte integral da
vida. O banimento do homem do Jardim do Éden acabou sendo mais uma consequência
do que uma punição. Ele teria que trabalhar com afinco para reparar o dano
causado a si próprio e ao mundo. E pode-se dizer que até mesmo a praga de que
"com o suor de teu rosto comerás o teu pão" não veio isenta de alguma
bênção em seu interior. Pois o trabalho é o que dá significado à vida do ser
humano. E o que se consegue com muita facilidade, dificilmente é valorizado. A
serpente, grande vilã e instigadora, foi punida com exatamente o oposto - uma
praga terrível que mais parece uma bênção. Diferentemente do homem que precisa
se empenhar para ganhar o seu sustento, a serpente é amaldiçoada por D'us a
buscar na terra a sua sobrevivência. De relance, isto parece uma bênção: como o
solo é tão abundante, o réptil jamais passará fome. Mas, no íntimo, este
decreto é o próprio significado do inferno. A serpente pode ser comparada a um
filho que cometeu uma maldade tão monstruosa que leva o pai a expulsá-lo de
casa. E lhe diz: "Eu o criei e, portanto, não posso deixá-lo morrer de
fome. Por isso, dou-lhe agora todo o dinheiro de que necessitará, na vida, para
que nunca mais me procure - pois jamais quero tornar a vê-lo ou saber de seu
paradeiro". Aqui jaz outra grande lição na história do Éden. Por vezes,
D'us provê pessoas malvadas de tudo o que necessitam e desejam porque Ele não
deseja contatos com esses indivíduos. Ao mesmo tempo, muita gente boa passa por
dificuldades na vida exatamente pelo fato de D'us se preocupar em ouvir suas
preces. Ele sente falta desses Seus filhos e quer ver melhorar o seu
comportamento, ligando sua alma a Ele por meio da prece, do estudo da Sabedoria
Divina e da realização de atos de caridade e bondade. A pergunta de D'us a
Adão. Ao estudar a história do Jardim do Éden, não podemos esquecer um
princípio básico no judaísmo: sob circunstância alguma acreditamos na
existência de poderes independentes; nada, nem mesmo o Mal, consegue se opor a
D'us. A serpente personificou o Mau Instinto, que é o próprio Anjo da Morte. E,
por se tratar de um anjo - simples mensageiro de D'us - entranhado na carne de
um animal, este não possuía livre arbítrio. O castigo da serpente simboliza a
maldição que é lançada contra os malfeitores, especialmente aqueles que
influenciam terceiros a fazer o mal. Já que a serpente, agindo em nome da
Árvore do Conhecimento, apenas desempenhava sua tarefa, podemos especular -
como ousaram fazer alguns comentaristas - que D'us teria feito propositalmente
com que Adão e Eva deslizassem, caindo em pecado. Pois se D'us não desejasse
que o homem comesse do fruto proibido, por que razão teria criado a Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal? A resposta não pode ser o "livre
arbítrio", porque vimos acima que antes do pecado original, o homem não
fora agraciado com esse dom divino. E, assim, ao contrário do que sugerimos
acima, talvez o homem não tenha nascido para viver livre do mal. Como ensinam
os livros místicos, se D'us tivesse desejado que o homem fosse perfeito, que
orasse e estudasse a Torá todas as horas do dia, ele poderia ter criado milhões
de anjos mais, que nada fazem além de O servir e louvar. Ao invés disso, criou
um ser diferente dos anjos e dos animais - uma criatura que pode livremente
escolher entre o bem e o mal. Não fosse o pecado original, isto jamais teria
sido possível. Como explica o Tanya, D'us permitiu que existisse o mal porque
sem este o homem viveria sem se esforçar. Se não houvesse batalhas, não haveria
vitórias. A existência humana adquire significado na batalha entre o bem e o
mal: a bondade ganha força quando luta e vence o Mau Instinto. Retornando a uma
analogia acima utilizada, um vilão necessita de um super-herói para justificar
sua existência. Mas o oposto também é verdadeiro: se não houver vilões, para
que heróis? O homem é a jóia da coroa da Criação porque, contrariamente a todas
as demais criaturas, ele pode vencer batalhas interiores, em sua alma, e optar
por fazer o certo - a despeito de todas as tentações, interiores e exteriores,
com que sempre se defronta. Uma história que reflete o que talvez seja a maior
mensagem que D'us nos transmite através do relato sobre o Éden envolve o autor
do Tanya, Rabi Shneur Zalman de Liadi (1745-1813). Enquanto encarcerado em uma
prisão russa - após a falsa acusação de atividades subversivas contra o Czar -
ele foi submetido a intenso interrogatório. As autoridades carcerárias sabiam
tratar-se de um grande erudito e filósofo, daí terem-no engajado em horas a fio
de discussões teológicas e filosóficas. Certa vez, o investigador-chefe lhe
perguntou: "Sua Torá relata que após o pecado de Adão, comendo do fruto da
Árvore do Conhecimento, D'us o confronta com a pergunta: 'Onde estás?' D'us
obviamente sabe onde estão os homens!" O Rebe, Baal HaTanya, retrucou:
"Você acredita que a Torá é eterna e que suas lições se aplicam a todos os
homens, em todas as épocas? Quando o russo respondeu que sim, o Rabi Shneur
Zalman começou a explicar: 'Onde você está' é o chamado de D'us a todos os
homens da Terra. Ele está perguntando: 'Em que ponto de sua jornada você se
encontra?'. Cada um de nós recebeu tantos dias e tantos anos na Terra, e portanto,
é necessário nos perguntarmos, constantemente, o que conseguimos realizar
nesses anos e quanto de bem contribuímos ao mundo". A pergunta de D'us a
Adão, pai de toda a humanidade, ecoa na eternidade. Continua a ser
constantemente feita a todo ser humano. Quando o homem ousa respondê-la -
quando percebe que não veio ao mundo por acaso, mas foi enviado por D'us para
aqui cumprir uma missão Divina, ele atinge um nível mais alto de
conscientização e embarca em um caminho que o levará a uma existência mais
significativa. Esta percepção do homem - de que D'us o chama e sente sua falta,
de que espera que ele faça algo construtivo e belo de sua vida e de seu mundo -
esta percepção é o início de uma jornada longa e árdua, às vezes dolorosa, mas
que o conduzirá de volta ao Jardim do Éden. www.morasha.com.br.
Abraço. Davi
terça-feira, 24 de julho de 2018
A HARMONIA DAS RELIGIÕES
Vedanta. www.vedanta.org.br.
A HARMONIA DAS RELIGIÕES. A Verdade é uma só, os sábios a chamam por diversos
nomes, declarou há milhares de anos o Rig Veda, um dos mais antigos textos da
Vedanta. Todos buscamos a verdade, afirma a Vedanta, e essa verdade aparece com
numerosos nomes e formas. A verdade – a realidade espiritual – permanece a
verdade, embora surja com diferentes disfarces e se aproxime de nós vinda de
várias direções. “Qualquer que seja o caminho no qual as pessoas viajem, esse é
o meu caminho”, diz o Bhagavad Gita. “Não importa por onde andem, todos os
caminhos levam a mim”. Se todas as religiões são verdadeiras, por que então
tanta luta? Principalmente em razão da política, e das distorções que as
culturas e mentes humanas limitadas impõem sobre a realidade espiritual. O que
geralmente é considerado “religião” é uma mistura de coisas essenciais e não
essenciais. Como Ramakrishna disse, todas as escrituras contêm uma mescla de
areia e de açúcar. Precisamos separar o açúcar e deixar a areia: devemos
extrair a essência da religião – se a chamamos de união com Deus ou de auto
realização – e deixar o resto para trás. Abracemos tudo aquilo que nos ajude a
manifestar nossa divindade, e evitemos tudo que nos afasta desse ideal. As carnificinas
infligidas ao mundo em nome da religião têm muito pouco a ver com a genuína
religião. As pessoas lutam por doutrinas e dogmas; não ouvimos falar de alguém
que tenha sido assassinado na tentativa de conseguir a união divina! Uma
“guerra religiosa” é, na realidade, egoísmo enfurecido em larga escala. Como
diria Swami Prabhavananda (1893-1976), fundador da Vedanta Society of Southern
Califórnia – USA, sorrindo: “Se você colocar Jesus, Buda e Maomé juntos numa
mesma sala, eles se abraçarão; mas, se colocar seus seguidores juntos, eles
poderão matar-se uns aos outros” A verdade é uma só, mas aparece filtrada pela
limitada mente humana. Essa mente vive em uma cultura particular, tem sua
própria experiência do mundo e vive em um ponto da história particular. A
Realidade infinita é então processada através das limitações de espaço, tempo,
causalidade, e, além disso, processada através dos limites humanos da
compreensão e da linguagem. As manifestações da verdade – escrituras, sábios e
profetas – necessariamente irão variar de era para era e de cultura para
cultura. A luz, quando é refratada através de um prisma, aparece em várias
cores, quando observada de diferentes ângulos. Porém, a luz permanece sempre a
mesma e pura luz. Isso também é verdade quando nos referimos à verdade
espiritual. Não queremos dizer que todas as religiões são “quase idênticas”.
Isso seria uma afronta à beleza diferenciada e à grandeza individual de cada
uma das tradições espirituais do mundo. Dizer que cada religião é igualmente verdadeira
e autêntica não significa dizer que uma possa ser substituída por outra, como
fazemos com marcas genéricas de aspirina. TODA RELIGIÃO TEM UMA DÁDIVA. Toda
religião tem uma dádiva específica a oferecer à humanidade; toda religião traz
consigo um ponto de vista único, que enriquece o mundo. O cristianismo enfatiza
o amor e o sacrifício; o judaísmo, o valor da sabedoria espiritual e da
tradição. O islamismo enfatiza a fraternidade universal e a igualdade, enquanto
que o budismo advoga a compaixão e a atenção plena. A tradição nativa americana
ensina a reverência pela Terra e ao mundo natural que nos rodeia. A Vedanta, ou
tradição hindu, enfatiza a unidade da existência e a necessidade da experiência
mística direta. As tradições espirituais do mundo são como diferentes peças de
um gigantesco quebra-cabeças: cada peça é diferente e cada peça é essencial
para completar todo o quadro. Cada peça deve ser honrada e respeitada, enquanto
nos mantemos firmes com nossa peça particular do quebra-cabeças. Podemos aprofundar
nossa própria espiritualidade e aprender sobre nossa própria tradição,
estudando outras crenças. E de forma igualmente importante: estudar bem nossa
própria tradição nos tornará mais capaz de apreciar a verdade das outras
tradições. APROFUNDANDO EM NOSSO CAMINHO. Do mesmo modo que honramos as
diversas religiões do mundo e respeitamos seus adeptos, devemos crescer e nos
aprofundar em nosso próprio e particular caminho espiritual – qualquer que seja
ele. Não devemos explorar um pouquinho de budismo, um pouquinho de Islamismo e
um pouquinho de cristianismo e então tentar um novo prato combinado na semana
seguinte. A prática espiritual não é um buffet variado. Se lançarmos cinco
variedades de sobremesas num processador de alimentos, o máximo que obteremos
será uma miscelânea intragável. Enquanto a Vedanta enfatiza a harmonia das
religiões, ela também dá ênfase à necessidade de mergulharmos profundamente na
tradição espiritual de nossa escolha, apegando-nos a ela e trabalhando duro.
Parafraseando Ramakrishna (1836-1886), se você quer cavar um poço tem de
escolher o local e cavar profundamente até alcançar a água. De nada adianta
cavar um monte de buracos rasos. Enquanto uma vida espiritual pouco profunda é
provavelmente melhor que nenhuma, ela, contudo, não nos leva para onde queremos
ir: para a liberdade, para a realização de Deus. Quando escolhemos o caminho
espiritual que queremos seguir, devemos segui-lo persistentemente até que
alcancemos a meta. O importante é que podemos fazê-lo enquanto não apenas
valorizamos outras tradições, mas também enquanto aprendemos com elas.
DIFERENTES CAMINHOS: A MESMA META. A Vedanta afirma que todas as religiões
contém as mesmas e essenciais verdades, embora o acondicionamento seja
diferente. E isso é bom. Cada ser humano do planeta é único. Nenhum de nós, na
verdade, pratica a mesma religião. A mente de cada pessoa é diferente e cada
pessoa necessita do seu próprio e único caminho para alcançar o alto da
montanha. Alguns caminhos são estreitos, outros são largos. Alguns são sinuosos
e difíceis, enquanto outros são seguros e tediosos. No final, todos chegaremos
ao topo da montanha. Portanto, não devemos nos preocupar se nossos vizinhos se
perderem no percurso. Eles também serão bem-sucedidos. Todos necessitamos de
diferentes abordagens que combinem com nossas diferentes naturezas. Apesar das
variações exteriores das religiões do mundo, os conteúdos têm mais
similaridades que diferenças. Toda religião ensina virtudes morais e éticas
similares; todas ensinam a importância da luta espiritual e a necessidade de
honrar nossos companheiros seres humanos, como parte dessa luta. “Assim como
diferentes rios têm suas fontes em lugares diversos, mas todos mesclam suas
águas às do mar, diz uma antiga oração sânscrita, assim também, Ó Senhor, os
diferentes caminhos que as pessoas tomam por suas diferentes tendências, embora
pareçam diferentes, sinuosos ou retos, todos levam a Ti.” www.vedanta.org.br. Abraço. Davi
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