O cerne
da visão do sábio Nagarjuna, nascido aproximadamente no século II (101-200) no
Prajna Paramita. A análise de todas as coisas em geral, de acordo com o Prajna
Nama Mula Madhyamaka Karika de Nagarjuna. Nesta Perícia, examinamos as
fontes (causas), os resultados (efeitos) e a Natureza Fundamental, ou qualidade
essencial, de forma conjunta, sem os dividirmos. Em primeiro lugar, podemos
constatar que todos os Dharmas (ou eventos em ocorrência, fenômenos) não
afloram (surgem) de uma natureza real inerente, mas ao contrário, devido a uma
fonte básica (ou causa) e as condições concomitantes que permitem que tal fonte
produza determinado fruto. Em nenhum lugar em nosso campo de experiência nos
deparamos com eventos ocorrendo arbitrariamente, ou com fenômenos sem causa. Os
fenômenos não possuem nenhuma essência, ou natureza real, que possa ser
descoberta, mas aparecem sem qualquer realidade palpável, como reflexos em um
espelho, devido as causas e as condições. Os fenômenos ocorrentes, desprovidos
de natureza real palpável, não são eternos, mas tampouco são meramente nada.
Não provem de nenhum lugar, nem vão para nenhum lugar. Não há nenhum
afloramento (surgimento) real neles, nem falecimento, nem aniquilação, nem
nulidade. Não existem independentemente, mas ocorrem inter relacionados devido
a presença de causas e de condições apropriadas. Em consequência, todas as
ocorrências fenomênicas estão além de qualquer concepção possível. É
frequentemente dado o exemplo da imagem de Vajradhara em um espelho. Se
examinarmos a imagem de Vajradhara no espelho, poderemos constatar que
não é uma coisa real, mesmo assim realmente aparece lá e, como tal, não é uma
mera substancialidade do nada, não é uma mera ausência. Não provém de lugar
nenhum em particular; se virarmos o espelho, não existe nenhum lugar para onde
a imagem tenha ido. Não podemos observar nenhum afloramento real na ocorrência
da imagem, ou qualquer falecimento genuíno no seu desaparecimento. Nenhuma
realidade palpável independente pode ser atribuída a imagem refletida no
espelho. A reflexão, como o todo da nossa experiência, não pode ser
adequadamente descrita em termos conceituais. Os fenômenos são meramente uma
interminável sequência de surgimentos momentâneos, estruturado segundo um modo
particular, não tendo nenhuma existência independente. Não são descritíveis por
meio de nenhuma das quatro proposições de (1) ser, (2) não ser, (3) tanto
quanto e (4) nem um nem outro, quer quanto as suas fontes, quer quanto aos seus
resultados. Nenhum determinado ponto real de seus afloramentos pode jamais ser
descoberto e noções parciais a respeito deles, tais como serem permanentes,
impermanentes, etc., são completamente inadequadas para descrever a Verdadeira
Natureza dos fenômenos. Esta existência aparente, irreal, na qual nos
encontramos é a conjunção de meras aparências ocorrendo devido a causas e
condições. E tais aparências condicionadas não são de modo algum diferentes da
Vacuidade Fundamental que já descrevemos. Em decorrência, segundo a perspectiva
da Madhyamaka, a verdade do sofrimento, a verdade da fonte do
sofrimento, bem como dos atos de comer, de dormir e de praticar quaisquer
atividades corriqueiras mundanas, são todos igualmente desprovidos de qualquer
realidade intrínseca. Ocorrem através de surgimentos condicionados sem
possuírem qualquer Realidade Fundamental, seja lá qual for. Somente em assim
sendo o caso, pode o mundo tal qual o experimentamos aflorar, já que se existisse
alguma Realidade Fundamental relativa a este mundo, ou, se a Vacuidade fosse
algo completamente diferente da nossa experiência usual, não haveria nenhuma
maneira pela qual qualquer experiência pudesse ter ocorrido inicialmente. A
Vacuidade Fundamental não é isolada de nossa experiência corriqueira, nem é em
hipótese alguma divorciada das Quatro Nobres Verdades e do Caminho da
Libertação do Sofrimento. Agora, todas estas formas de surgimento condicionado,
conforme demonstramos por meio das Quatro Perícias da Madhyamaka, O
Pequeno Diamante, etc, não possuem nenhuma Realidade Fundamental. Não obstante,
surgem como se verdadeiramente lá estivessem, exatamente como o elefante, em
nosso sonho, parece realmente lá estar. Mas, se examinarmos as condições do
mundo, se examinarmos de que forma afloram, se examinarmos como produzem
fruição, e procurarmos pela Qualidade Essencial, constataremos que, de qualquer
um destes pontos de vista, as coisas não possuem nenhuma realidade intrínseca,
tudo ocorre devido a determinadas condições. Este ponto de vista é desenvolvido
em maiores detalhes por Nagarjuna no Prajna Nama Mula Madhyamaka
Karika. Da mesma forma como uma pessoa trancada em uma prisão não tem
nenhum jeito de escapar exceto se abrir a porta, também nós, que caímos sob os
domínios do sofrimento, não temos como nos livrar exceto através da
compreensão, através do reconhecimento da Natureza Fundamental da Realidade: a
Vacuidade. O reconhecimento da Natureza Fundamental da Realidade é por vezes
chamado de "Os Três Fatores Libertadores", quais sejam: 1. Que
nenhuma fonte real pode jamais ser descoberta. 2. Que as condições resultantes
não tem nenhuma natureza verdadeiramente intrínseca. 3. O reconhecimento da
qualidade essencial vazia de todas é as aparências. Pela apreensão da verdade
destes três fatores, podemos alcançar a compreensão e podemos nos libertar do Samsara.
Francesca Frematle (1939-1987) diz: “O Budha descreveu todos os fenômenos
mundanos como tendo três características: impermanência, sofrimento e ausência
de identidade. Sofremos porque imaginamos aquilo que não tem identidade (por si
só) como tendo, aquilo que é impermanente como sendo permanente, e aquilo que
de um ponto de vista final é dor como sendo prazer. A existência com essas três
características é chamada de Samsara, que significa fluir continuamente, seguir
em frente, de um momento para o próximo momento e de uma vida para a outra
vida. Samsara não é o mundo externo real ou a própria vida, mas a maneira como
os interpretamos. Samsara é a vida como a vivemos sob a influência da
ignorância, o mundo subjetivo que cada um de nós cria para si próprio. Este
mundo contém bem e mal, alegria e dor, mas eles são relativos, não absolutos;
podem ser definidos somente em relação uns aos outros, estão continuamente
mudando para seus opostos. Embora Samsara pareça algo todo poderoso e
abrangente, isso é criado pelo nosso próprio estado mental como um mundo de
sonho, e pode ser dissolvido no nada, como o despertar de um sonho. Quando
alguém desperta para a realidade, mesmo por um momento, o mundo não desaparece,
mas é experimentado em sua verdadeira natureza: puro, brilhante, sagrado e
indestrutível”. Esta visão suprema da Vacuidade une,
invisivelmente, a Verdade Convencional e a Verdade Última. Quer dizer, a
Vacuidade apontada pela Escola Madhyamaka não é uma nulidade em branco,
não é uma mera ausência de qualidades, muito embora, em uma análise final, ela
seja indescritível. A Vacuidade é uma potencialidade total a medida em que dá
vazão a todos os surgimentos e a todas as aparências que ocorrem aos seres
sensoriais. É tal visão integrada dos níveis convencional e último que precisa
ser obtida a fim de se alcançar a Realização. Este campo supremo de Visão
Interior, o Dharmadhatu, ou Espaço Básico de todos os Dharmas, é
frequentemente apontado como sendo a Mãe de Todos os Budhas e Bodhisattvas,
pois exatamente como uma mãe dá nascimento as crianças, igualmente a Visão
Interior da Natureza Fundamental produz todos os seres iluminados do passado,
do presente e do futuro. A Natureza Fundamental da Vacuidade e Aparência
Integrais é similar, muito parecida, com o meio de um espaço vazio e, embora
tenhamos tentado descreve-la nos ensinamentos precedentes, é basicamente
indescritível no que toca a impossibilidade de predicados (ou de construções
conceituais) serem a ela aplicados: transcende a todas as afirmações lógicas.
Se permanecermos em consciência meditativa com respeito a esta Sabedoria Não
Discriminativa, além de qualquer possível concepção e, saindo de nossa meditação,
reconhecermos todos os Dharmas como sendo ilusões, sonhos, ou reflexões,
os quais aparecem, mas não possuem nenhuma realidade fundamental.
Desenvolveremos confiança na Visão Reta, a Natureza Integral das Duas Verdades.
Tal é a grande ferramenta do conhecimento transcendente, a Perfeição da
Sabedoria, a Prajna Paramita. O uso deste conhecimento transcendente
pode ser ilustrado dizendo-se que, se desejarmos ir daqui até Kathmandu,
capital do Nepal, deveremos primeiro tentar descobrir em que direção fica Kathmandu
em relação a nossa presente posição. Estando isto determinado, deveremos
conhecer que caminho seguir a fim de lá chegar e podermos, igualmente, dar a
outras pessoas as indicações apropriadas. Se alcançarmos visão interior
verdadeira da Natureza Fundamental, em si mesma expressa em todas as
aparências, então estaremos capacitados a demonstrar a Natureza Fundamental da
Vacuidade a todos os seres. Se a Visão Interior da Vacuidade não tivesse
nenhuma relação direta com todas as aparências, então qualquer um que
alcançasse tal visão interior não teria nenhuma percepção dos demais seres
sensoriais e, portanto, jamais transmitiria os ensinamentos: O ensino da
Vacuidade nunca se disseminaria. Uma compreensão meramente intelectual da
aparência e da Vacuidade integrais não nos dá o poder de demonstrar tal
Vacuidade as demais pessoas. Somente com a Visão Interior Direta da Natureza
Fundamental é que podemos começar a demonstrar aos seres esta Vacuidade
Fundamental, a qual é brilhantemente expressiva por si mesma. Compreensão da
Vacuidade é a fonte e a realidade da Senda Mahayana para a realização as
qualidades do Budha. Acabamos de debater sobre a ausência de qualquer realidade
essencial na individualidade mundana, do ponto de vista do surgimento condicionado.
Por meio dos exemplos (como o da carroça), examinamos a ausência de qualquer
verdade, de qualquer realidade inerente em todos os Dharmas, em toda
aparência fenomênica, através da investigação dos seus pontos de afloramento.
Fizemos isto buscando uma natureza essencial e examinando tudo em geral, de
conformidade com quatro diferentes enfoques encontrados nas escrituras
clássicas sânscritas e reunidos em uma única lição por Jamgon Ju Mipham
Rimpoche (1949- ). Em geral, nos
ocorre conhecer as coisas de três modos: pela percepção direta, pela dedução
lógica e pela palavra autorizada. Com relação ao Dharma, o que é
realmente necessário para a Realização é a Percepção Direta da Realidade
Fundamental da Natureza Fundamental. Mas, com o fim de alcançarmos tal estágio
de Direta Visão Interior, necessitamos, primeiro, atingir alguma apreciação do
que isto seja e ouvir algo a respeito. Ao ouvirmos sobre a Natureza da
Realidade, só acreditaremos em uma pessoa digna de toda a confiança, que
soubesse muito bem sobre o que está falando e, ainda, se tudo for aprovado no
teste da razão. Não acreditaríamos em algo dito por alguém não confiável, que
não conhecesse bem o tema, ou que não fizesse sentido. Munidos da informação,
por meio de alguma forma de dedução lógica, tentamos examinar e descobrir como
se parece a Natureza Fundamental. Em seguida, tanto no sentido mundano como no
âmbito do Dharma, a compreensão por meio da informação conduz,
inevitavelmente, a uma visão não decorrente da dedução lógica. Assim poderemos
nos iniciar na prática do Mahamudra apropriadamente e, eventualmente,
alcançar a Visão Interior Direta da Natureza da Realidade, a Verdadeira
Percepção da Natureza da Realidade que conduz a Libertação. Uma compreensão
adequada da Visão do Caminho do Meio, a Madhyamaka, é, consequentemente,
muito importante como suporte para a prática do Mahamudra, que produzirá
a Visão Interior Direta. Ensinei um pouco da Visão Reta da Escola Madhyamaka
e incito a todos a que orem para que qualquer mérito decorrente da tentativa de
compreende-la não se dirija para o benefício individual exclusivo, mas que seja
distribuído entre todos os seres, de tal forma que todos possam alcançar a
Completa e Perfeita Realização. A Porta aberta para a vacuidade. Kenchen
Thrangu Rinpoche (1933- ). Abraço.
Davi.
terça-feira, 31 de março de 2015
segunda-feira, 30 de março de 2015
Trazendo a Mente à Casa.
Há cerca de 2.500 anos, um homem que
estivera procurando a verdade por muitas e muitas vidas, chegou a um lugar
tranquilo na Índia setentrional, e se sentou sob uma árvore. Continuou sentado
ali com imensa determinação e jurou não se levantar até que tivesse encontrado
a verdade. Ao anoitecer, conta-se, ele havia dominado todas as forças escuras
da ilusão. E cedo na manhã seguinte, quando Vênus brilhou no céu do alvorecer,
o homem foi recompensado por sua infinita paciência, disciplina e perfeita
concentração, atingindo a meta final da existência humana, a iluminação. Nesse
momento sagrado, a própria terra estremeceu, como que "embriagada de
felicidade", e segundo dizem as escrituras, "ninguém mais em parte
alguma estava irado, doente ou triste; ninguém mais fazia o mal, ninguém mais
era orgulhoso; o mundo ficou muito quieto, como se tivesse atingido a plena
perfeição". Esse homem ficou conhecido como o Budha. (...). O que o
Budha viu foi que a ignorância sobre a nossa verdadeira natureza é a raiz de
todos os tormentos do Samsara, e a raiz da ignorância em si é a tendência
habitual da nossa mente para a distração. Para terminar com a distração da
mente, era preciso acabar com o próprio Samsara; a chave para isso, ele
percebeu, era trazer a mente de volta à sua verdadeira natureza pela prática da
meditação. (...). O Budha se sentou no chão em serena e humilde dignidade, com
o céu sobre ele e à sua volta, como para mostrar-nos que na meditação você se
senta com uma atitude mental aberta como o céu, embora permaneça presente na
terra e com os pés no chão. O céu é a nossa natureza absoluta, sem barreiras e
infinita, e o chão é a nossa realidade, nossa condição relativa e ordinária. A
postura que assumimos quando meditamos significa que estamos ligando absoluto e
relativo, céu e terra, espaço e chão, como duas asas de um pássaro, integrando
a imortal natureza da mente, semelhante ao céu, e o solo da nossa natureza
mortal e transitória. A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que
você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode
empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a
estabilidade e a confiança de que necessitará para viver e morrer bem. A
meditação é o caminho para a iluminação. TREINANDO A MENTE. Meditar é
interromper por completo o modo como "normalmente" operamos, em
benefício de um estado isento de cuidados e tensões em que inexiste competição,
desejo de posse ou apego a qualquer coisa, sem a luta intensa e ansiosa, sem
fome de adquirir. Um estado desprovido de ambição onde não cabe nem o aceitar
nem o rejeitar, nem a esperança nem o medo, um estado em que lentamente
começamos a libertar-nos das emoções e dos conceitos que nos aprisionam, até
chegarmos a um espaço de simplicidade natural. Os mestres da meditação budista
sabem o quão flexível e maleável é a mente. Se a treinarmos, tudo é possível.
Na verdade, já somos perfeitamente treinados pelo Samsara e para ele,
treinado para ficar ciumentos, treinados para o apego, treinados para ser
ansiosos e tristes e desesperados e ávidos, treinados para reagir com raiva ao
que quer que nos provoque. Somos treinados, de fato, até o ponto dessas emoções
negativas surgirem de modo espontâneo, sem que tentemos produzi-las. Assim,
tudo é uma questão de treino e do poder do hábito. Dedique a mente à confusão e
logo veremos, se formos honestos, que ela se tornará uma mestra sinistra na
confusão, competente no seu vício, sutil e perseverantemente dócil em sua
escravidão. Dedique a mente na meditação à tarefa de libertá-la da ilusão e
veremos que, com o tempo, paciência, disciplina e o treinamento adequado, ela
começará a desembaraçar-se e a conhecer sua bem aventurança e claridade
essenciais. "Treinar" a mente não significa, de modo algum,
subjugá-la pela força ou submeter-se a uma lavagem cerebral. Treinar a mente é,
antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona, um
conhecimento que você tira dos ensinamentos espirituais e da experiência
pessoal na prática da meditação. Aí você pode usar a compreensão para domar a
mente e trabalhar habilmente com ela, fazendo-a mais e mais dócil, de modo a
poder tornar-se mestre da sua própria mente, empregando-a em seu potencial mais
amplo e benéfico. (...). Quando ensino meditação, frequentemente começo
dizendo: "Traga sua mente para casa. E solte. E relaxe". Toda a
prática da meditação pode ser resumida nesses três pontos cruciais: trazer a
mente para casa, soltar e relaxar. (...). A GRANDE PAZ NATURAL. Quando
ensino meditação, frequentemente começo dizendo: "Traga sua mente para
casa. E solte. E relaxe". Toda prática da meditação pode ser resumida
nesses três pontos cruciais: trazer sua mente para casa, soltar e relaxar. Cada
fase contém significados que ressoam em muitos níveis. Trazer a mente para
casa quer dizer conduzir a mente pela prática da presença mental até o
estado de Permanência Serena. No seu sentido mais profundo, trazer a mente para
casa é voltá-la para si mesma, e repousar na sua própria natureza. Essa é em si
a mais elevada meditação. Soltar significa soltar a mente da prisão da
atitude de agarrar, já que você reconhece que toda dor, medo e aflição resultam
da ânsia da mente que quer agarrar. Num nível mais profundo, a realização e a
confiança que surgem da sua crescente compreensão da natureza da mente inspiram
uma generosidade profunda e natural, que fazem com que você se torne capaz de
liberar do seu coração toda vontade de agarrar, deixando-o livre para mergulhar
na inspiração do meditar. Por último, relaxar significa ter espaço e
descontrair as tensões da mente. Num sentido mais profundo, você relaxa na
verdadeira natureza da mente, o estado de Rigpa. As palavras tibetanas
que evocam esse processo sugerem o sentido de "relaxar Rigpa".
É como derramar um punhado de areia numa superfície plana, cada grão cai onde
bem entende, obedecendo às forças naturais. É assim que você relaxa na sua
verdadeira natureza, deixando que todos os pensamentos e emoções se aquietem e
se dissolvam no estado da natureza da mente. Quando medito, sempre me inspiro
neste poema de Nyoshul Khenpo (1932-1999): Descanse na grande paz natural. Essa
mente exausta. Impotente diante do carma e do pensamento neurótico. Que
golpeiam com a fúria implacável de incessantes ondas. No infinito oceano
do Samsara. Acima de tudo, esteja à vontade, seja tão natural e vasto
quanto possível. Escape da cilada do seu ansioso eu habitual, abandone todo o
apego e relaxe na sua verdadeira natureza. Imagine o seu eu ordinário,
emocional e dirigido pelo pensamento, como um bocó de gelo ou tablete de
manteiga deixado ao sol. Se está se sentindo rígido e frio, deixe que essa
agressividade que está em você se derreta ao sol de sua meditação. Deixe que a
paz trabalhe em você, tornando-o capaz de reunir sua mente comum à presença
mental da Permanência Serena e de despertar em si mesmo a consciência e a
compreensão da Clara Visão. E você verá desarmada toda sua negatividade,
dissolvida sua agressão e sua confusão evaporando-se lentamente, como névoa no
vasto e imaculado céu da sua natureza absoluta. Tranquilamente sentado, o corpo
ereto, a fala silenciada, a mente em paz, deixe pensamentos, emoções e o que
quer que seja dentro de você chegar e ir embora, sem se apegar a nada. Com que
se parece esse estado? Dudjon Rinpoche ou Jigdral Yeshe (1904-1987) costuma sugerir que imaginemos um homem
que chega em casa depois de um longo e penoso dia de trabalho no campo e afunda
na sua poltrona favorita em frente à lareira. Trabalhou o dia inteiro e sabe
que conseguiu realizar o que queria; não há nada mais com que se preocupar,
nada foi deixado por fazer e ele pode abandonar por completo seu cuidado e
preocupações, contente; em ser simplesmente. Assim, quando você medita, é
essencial criar o correto ambiente interior da mente. Todo esforço e luta vem
de não darmos o espaço suficiente. Assim, criar esse ambiente interior correto
é vital para que sua meditação verdadeiramente aconteça. Quando há humor e
amplidão de espaço, a meditação surge sem esforço. Às vezes quando medito não
uso nenhum método específico. Apenas deixo que minha mente descanse,
descobrindo, especialmente quando estou inspirado, que posso trazê-la para casa
e relaxar bem depressa. Sento quieto e descanso na natureza da mente. Não me
interrogo ou levanto dúvidas sobre se estou no estado "correto" ou
não. Não há esforço nenhum, apenas uma rica compreensão, um estado desperto e
uma certeza inabalável. Quando estou na natureza da mente, a mente ordinária
não está mais ali. Não há necessidade de manter ou confirmar a percepção de
ser: eu simplesmente sou. Uma confiança fundamental está presente. Não há nada
especial a fazer. A POSTURA. Há uma conexão entre a postura do corpo e a
atitude da mente. Mente e corpo estão inter-relacionados e a meditação surge de
modo natural quando a sua postura e atitude são inspiradas. (...). A postura
que vou explicar agora pode diferir um pouco de outras a que você talvez esteja
acostumado. Ela vem dos antigos ensinamentos do Dzogchen e é aquela que meus
mestres me ensinaram, e eu a acho muito poderosa. Diz-se nos ensinamentos
Dzogchen que sua visão e sua postura devem ser as de uma montanha. Sua visão é
a somatória de todo o seu conhecimento e a sua visão interior da natureza da
mente, que você traz para a meditação. Assim, sua visão traduz e inspira sua
postura, expressando o coração do seu ser no modo como você se senta. Sente-se,
portanto, como se fosse uma montanha, com toda a firme e inabalável majestade
de uma montanha. Uma montanha está completamente natural e à vontade consigo
mesma, não importa quão forte seja o vento que a golpeia ou quão espessa a
camada de nuvens ao redor do seu pico. Sentando-se como uma montanha, deixe sua
mente elevar-se, voar e pairar no alto. O ponto mais importante da sua postura
é manter as costas retas, como "uma flecha", ou "uma pilha de
moedas de ouro". A "energia interior", ou Prana, fluirá
então com grande facilidade pelos canais sutis do corpo e sua mente encontrará
o seu verdadeiro estado de repouso. Não force nada. A parte baixa da espinha
tem uma curvatura natural; ela deve estar descontraída na vertical. Sua cabeça deve estar confortavelmente
equilibrada no pescoço. São seus ombros e a parte superior do torso que vão
sustentar a forçar e a graça da postura, e a eles devem manter um forte aprumo,
mas sem qualquer tensão. Sente-se com suas pernas cruzadas. Não é preciso
sentar-se na posição de lótus completa, que é mais enfatizada na prática
avançada da yoga. As pernas cruzadas expressam a unidade da vida e da
morte, o bem e o mal, meios hábeis e sabedoria, os princípios masculino e
feminino, o Samsara e o nirvana; o humor da não dualidade. Pode também
preferir sentar-se numa cadeira, com as pernas relaxadas, mas mantenha sempre
as costas retas. Nessa tradição meditativa, os olhos devem manter-se abertos:
esse é um ponto muito importante. Se você é sensível a perturbações de fora, no
início da prática pode ser útil fechar os olhos por algum tempo e aí calmamente
voltar-se para o interior. Sentindo-se estabilizado na calma, abra seus olhos
com vagar e verá que seu olhar está mais em paz e tranqüilo. Olhe para baixo,
na direção da linha do nariz e num ângulo de cerca de 45 graus para frente. Uma
dica prática geral é que sempre que sua mente estiver excitada será melhor
baixar os olhos e sempre que estiver sonolenta, trazê-los para cima. Com a sua
mente calma e a claridade da visão interior começando a surgir, você se sentirá
livre para trazer seu olhar mais para a horizontal, fitando o espaço
diretamente à sua frente. Este é o olhar recomendado na prática Dzogchen. Nos
ensinamentos do Dzogchen, diz-se que sua meditação e seu olhar devem ser como o
vasto espaço do grande oceano: todo abrangente, aberto e sem limites. Como sua
visão e postura são inseparáveis, assim também sua meditação inspira seu olhar,
e ambos agora fundem-se num só. Não focalize nada em particular. Em vez disso,
volte-se delicadamente para si mesmo e deixe seu olhar expandir-se, abrir-se
mais e mais no espaço e tornar-se mais abrangente. Você descobrirá então que
sua visão em si se torna mais expansiva, e que há mais paz, mais compaixão no
seu olhar, mais equanimidade e estabilidade. (...). Livro Tibetano do Viver e
Morrer. Há várias razões para manter os olhos abertos. Desse modo é menos
provável que você adormeça. Assim, a meditação não é um meio de fugir do mundo,
ou de escapar dele para uma experiência como a do transe de um estado alterado
de consciência. Ao contrário, é um modo direto de nos ajudar a nos entendermos
verdadeiramente e a nos relacionarmos com a vida e o mundo. Portanto, na
meditação mantenha seus olhos abertos, não fechados. Em vez de excluir a vida,
você permanece aberto em relação a tudo, e em paz com tudo. Deixe todos seus
sentidos: audição, visão, tato, simplesmente abertos, de forma natural, tal
como são, sem se apegar às percepções que vêm deles. Como dizia Jigdial Yeshe Dorje (1904-1987):
"Embora diferentes formas sejam percebidas, elas são em essência vazias; mesmo
na Vacuidade percebemos formas, elas são em essência vazias. Embora diferentes
sons sejam ouvidos, eles são vazios, mesmo na Vacuidade percebemos sons. Também
surgem diferentes pensamentos e eles são vazios; mesmo na Vacuidade percebemos
pensamentos". Não importa o que você veja, não importa o que ouça, deixe
como é, sem se apegar. Deixe o escutar no escutar, o ver no ver, evitando que o
seu apego entre na percepção. (...) Ao meditar, mantenha sua boca ligeiramente
aberta, como quem está para pronunciar um prolongado e relaxante
"aaah". Diz-se que mantendo a boca ligeiramente aberta e respirando
por ela, os "ventos kármicos" que criam pensamento discursivo
são menos propensos a surgir e erguer obstáculos em sua mente na meditação.
Deixe suas mãos repousadas de modo confortável nos joelhos. Essa é a chamada
postura da "mente confortável e tranquila". (...). TRÊS MÉTODOS DE
MEDITAÇÃO. O Buddha ensinou 84.000 diferentes maneiras para domar e
pacificar as emoções negativas, e no budismo há incontáveis métodos de
meditação. Encontrei três técnicas de meditação que são particularmente
eficazes no mundo moderno, e que todos podem usar e se beneficiar. São elas:
"observar" a respiração, usar um objeto e recitar um mantra. 1.
Observar a respiração. O primeiro método é muito antigo e o encontramos em
todas as escolas do budismo. Trata-se de pousar sua atenção, leve e
atentamente, na respiração. (...). Assim, quando você for meditar, respire
naturalmente, como sempre faz. Ponha sua atenção de leve na respiração. Quando
põe o ar para fora, flua com sua expiração. Cada vez que expira, está soltando
e se libertando da sua avidez. Imagine sua respiração se dissolvendo na
vastidão da verdade, vastidão que tudo abrange. A cada vez que expira o ar e
antes de inspirá-lo de novo, perceberá um intervalo natural, à medida que a
avidez se dissolve. Descanse nesse intervalo, nesse espaço aberto. E quando
naturalmente inspirar, não se fixe no ar que entra, mas siga repousando sua
mente no intervalo que se abriu ali. Quando você está praticando, é importante
não se deixar envolver em comentários mentais, em análises ou no falatório
interno. Não tome os rápidos comentários de sua própria mente (estou
inspirando, e agora estou expirando) como sendo sua verdadeira atenção. O
importante é a pura presença. (...). Algumas pessoas, no entanto, não relaxam e
não se sentem à vontade com a observação da respiração; acham isso quase
claustrofóbico (pessoa que tem medo mórbido, doentio, dos espaços pequenos e fechados). Para elas a próxima técnica pode ser mais proveitosa. 2.
Usando um objeto. Um segundo método que muita gente pode achar útil
consiste em delicadamente descansar a mente num objeto. Você pode usar um
objeto de beleza natural que lhe traga alguma inspiração especial, como uma
flor ou alguma coisa de cristal. Mas algo que personifique a verdade, como uma
imagem do Budha, de Cristo ou particularmente do seu mestre, é mais poderoso.
Seu mestre é seu elo vivo com a verdade; e devido à sua conexão pessoal com
ele, só olhar seu rosto já liga você à inspiração e à verdade de sua própria
natureza. (...). 3. Recitação de um mantra. Uma terceira técnica,
muito usada no budismo tibetano (e também no sufismo, o esoterismo Islamita, no cristianismo ortodoxo
e no hinduísmo) é unir a mente com o som de um mantra. A definição de mantra
é "aquilo que protege a mente". Aquilo que protege a mente da
negatividade, ou que protege você de sua própria mente, chama-se mantra.
Quando você está nervoso, desorientado ou emocionalmente frágil, cantar ou
recitar um mantra de forma inspirada pode mudar por completo o estado de
sua mente, transformando sua energia e atmosfera. Como isso é possível? O mantra
é a essência do som, a materialização da verdade na forma de som. Cada
sílaba está imbuída de força espiritual, condensa uma verdade espiritual e
vibra com a bênção da fala dos Budhas. Diz-se também que a mente cavalga na
energia sutil da respiração, o Prana, que se move pelos canais sutis do
corpo e os purifica. Assim, quando você canta um mantra, recarrega a sua
respiração e energia com a energia desse mantra, trabalhando assim
diretamente sobre sua mente e seu corpo sutil. O mantra que recomendo
aos meus estudantes é OM AH HUM VAJRA GURU PADMA SIDDHI HUM (ou como
dizem os tibetanos: OM AH HUM BENZA GURU PEMA SIDDHI HUNG), que é o mantra
de Padmasambhava, o mantra de todos os Budhas, mestres e seres
realizados e por isso único em seu poder para a paz, a cura, a transformação e
a proteção nesta época violenta e caótica. Recite-o com tranquilidade, com
profunda atenção, e deixe sua respiração, o mantra e sua consciência
lentamente tornarem-se um. Ou cante-o de modo inspirado, e descanse no silêncio
profundo que às vezes se segue à ele. A MENTE EM MEDITAÇÃO. O que,
então, devemos "fazer" com a mente em meditação? Absolutamente nada.
Deixá-la como está Um mestre descreveu a meditação como "a mente suspensa
no espaço, em lugar nenhum". O ditado é famoso: "Se a mente não é
fabricada, aparece espontaneamente imbuída de uma felicidade sublime, assim
como a água que se mostra naturalmente transparente e límpida quando não é
agitada". Com frequência comparo a mente em meditação com um jarro d’água
barrenta: quanto menos interferências ou agitação tiver, mais partículas de
terra se depositam no fundo, permitindo que a claridade natural da água
transpareça. A própria natureza da mente é tal que se você a deixa em seu
estado inalterado e natural, ela encontrará sua verdadeira natureza, que é
bem aventurança e claridade. Tome cuidado, portanto, para não impor nem cobrar
nada à mente. Ao meditar, não deve haver qualquer esforço na direção do controle,
nem empenho em ser pacífico. Não seja solene demais nem se sinta como se
estivesse tomando parte num ritual especial; deixe de lado até a idéia de que
está meditando. Seu corpo e a sua respiração devem ser entregues a si mesmos.
Pense em si próprio como o céu, sustentando todo o universo. UM DELICADO
EQUILÍBRIO. Na meditação, como em todas as artes, deve haver um equilíbrio
sutil entre relaxamento e estado de alerta. Uma vez um monge chamado Shrona
estava estudando meditação com um dos discípulos mais próximos do Budha. Estava
tendo dificuldades em encontrar a abordagem correta da mente,. Tentou com
esforço se concentrar e acabou tendo uma forte dor de cabeça. Então relaxou sua
mente, mas a tal ponto que terminou dormindo. Finalmente apelou para o Budha,
pedindo socorro. Sabendo que Shrona fora um músico famoso antes de se tornar
monge, o Budha perguntou-lhe: "Você não era um tocador de vina quando
leigo?". Shrona concordou. "Como tirava o melhor som da sua vina?
Era quando as cordas estavam tensas, ou quando estavam frouxas? Nem uma, nem
outra, Quando tinham a tensão correta, nem esticadas nem frouxas. Bem, é
exatamente a mesma coisa com a sua mente. Uma das maiores mestras tibetanas, Ma
Chik Lab Drön (1055-1149), disse: Alerta, alerta; todavia relaxe, relaxe. Esse é um
ponto crucial para a Visão na meditação". Vigie sua vigilância, mas ao
mesmo tempo fique relaxado, tão relaxado de fato que você nem se apegue à ideia
de relaxamento. PENSAMENTOS E EMOÇÕES: AS ONDAS E O OCEANO. Quando as
pessoas começam a meditar, sempre dizem que seus pensamentos estão desenfreados
e tornam-se mais agitados do que nunca. Mais eu as tranquilizo dizendo que esse
é um bom sinal. Longe de significar que seus pensamentos estão muito agitados,
isso mostra que você ficou mais tranquilo e está finalmente cônscio do quão
ruidosos seus pensamentos sempre foram. Não se desencoraje ou desista. O que
quer que surja, apenas mantenha-se presente e continue voltando-se para a sua
respiração, mesmo no meio da maior confusão. (...). Tal como o oceano tem ondas
e o sol tem raios, a radiância própria da mente são seus pensamentos e emoções.
O oceano tem ondas, mas não é particularmente perturbado por elas. As ondas são
a mesma natureza do oceano. As ondas aparecem, mas para onde vão? De volta ao
oceano. E de onde vêm? Do oceano. Do mesmo modo, pensamentos e emoções são a
radiância e a expressão da verdadeira natureza da mente. Eles surgem na mente,
mas onde se dissolvem? Na própria mente. O que quer que apareça, não o encare
como um problema particular; se você não reage de maneira impulsiva, se sabe
ser apenas consciente, isso assentará novamente em sua natureza essencial.
(...). Assim, não importa que pensamentos e emoções apareçam, permita que eles
venham e assentem, como as ondas do oceano. Não importa o que se perceba
pensando, deixe esse pensamento surgir e se assentar, sem interferência. Não se
apegue a ele, não o alimente, não lhe preste demasiada atenção; não se agarre a
ele e não tente dar-lhe solidez. Nem siga ou convide os pensamentos; seja como
o oceano olhando para suas próprias ondas ou o céu do alto observa as nuvens
que passam por ele. (...). Meu mestre Jamyang Khyentse Rinpoche (1896-1959) teve um estudante chamado Apa Pant, um
destacado diplomata e autor indiano que serviu como embaixador da Índia em
várias capitais ao redor do mundo. Ele foi até representante do governo da
Índia no Tibete, em Lhasa, e noutro momento do Sikkim. Era praticante de
meditação e yoga, e cada vez que via meu mestre perguntava-lhe
"como meditar". Seguia uma tradição oriental em que o estudante
continua interrogando com uma pergunta simples e básica, repetidamente. Apa
Pant me contou essa história. Um dia nosso mestre Jamyang Khyentse estava
observando uma "Dança do Lama" em frente do palácio templo em
Gantok, capital do Sikkim, na Índia, e ria-se das cabriolas do Atsara, o palhaço
que apresentava divertimentos leves entre as danças. Apa Pant continuava
assediando nosso mestre e, desta vez, quando este respondeu, deixou claro que
seria a resposta final e definitiva: "Veja, é isso aqui: quando o
pensamento passado acaba e o futuro ainda não começou, não há um intervalo? Sim,
disse Apa Pant.Pois é, prolongue-o: isso é meditação. DANDO UM TEMPO.
As pessoas perguntam sempre: "Por quanto tempo devo meditar? E quando?
Devo praticar vinte minutos pela manhã e à noite, ou é melhor fazer várias
sessões curtas, ao longo do dia?" Sim, é bom meditar durante vinte
minutos, mas isso não significa que vinte minutos é o limite. Nunca li nada
sobre vinte minutos nas escrituras; acho que essa é uma noção de tempo que foi
inventada no Ocidente, e costumo chamá-la de "Tempo Padrão Ocidental de
Meditação". A questão não é por quanto tempo você vai meditar, a questão é
saber se a meditação de fato lhe traz certo estado de presença mental em que
você está um pouco aberto e pode entrar em contato com a essência do seu
coração. E cinco minutos de prática sentado, plenamente consciente, têm valor
muito maior do que vinte minutos de cochilo! Dudjom Rinpoche (1904-1987) dizia
que um iniciante devia praticar em sessões curtas. Praticar por quatro ou cinco
minutos e então fazer uma pequena pausa de apenas um minuto. Durante a pausa
deixar o método de lado, mas não abandonar o estado desperto de sua
consciência. É curioso que às vezes, quando você está lutando para praticar
corretamente, no exato momento em que descansa o método, se ainda está alerta e
no presente, é que a meditação de fato acontece. Por isso a interrupção é parte
tão importante da meditação quanto o sentar-se em si. Às vezes digo a alunos
que estão tendo problemas com a prática para praticarem a interrupção e
descansarem durante a meditação! (...). Livro Tibetano do Viver e Morrer.
Sogyal Rinpoche (1947- ). Abraço. Davi.
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