quinta-feira, 30 de junho de 2022

ZARATUSTRA

 

Espiritualidade. www.pt.wikipedia.org/wiki/ Zaratustra, também conhecido na versão grega de seu nome Zoroastres ou Zoroastro (Ζωροάστρης Zōroastrēs), foi um profeta e poeta nascido na Pérsia (atual Irão) no século VII a.C. Ele foi o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo[2], religião adotada oficialmente pelo Império Aquemênida (558–330 a.C.) que pode ter sido a primeira religião monoteísta ética da história (existem debates acadêmicos inconclusivos sobre o assunto)[3][4][5]. A denominação grega Ζωροάστρης (Zōroastrēs) significa contemplador de astros, sendo uma corruptela do avéstico Zarathustra (em avéstico𐬰𐬀𐬭𐬀𐬚𐬎𐬱𐬙𐬭𐬀Zaraθuštra; em persa moderno: Zartosht ou زرتشت). O significado do nome é desconhecido, ainda que, certamente, contenha a palavra ushtra (camelo). Não há consenso acadêmico sobre quando ele viveu.[6] No entanto, a aproximação usando evidências linguísticas e socioculturais permite datar a algum período do II milênio a.C. Tal é feito estimando-se o período em que o idioma avéstico antigo (bem como as línguas proto-indo-iranianas e proto-iranianas anteriores e o sânscrito védico relacionado) foram faladas, o período em que a religião proto-indo-iraniana foi praticada, e a correlação entre a prática funerária descrita nos Gatas com a cultura arqueológica yaz. No entanto, outros estudiosos ainda o datam desde o século VII e VI a.C., como um quase contemporâneo de Ciro, o Grande e Dario I, até ao VI milênio a.C.[7][8][9][10][11][12]Oxford Dictionary of Philosophy considera Zoroastro como o primeiro filósofo.[13][14] Zoroastro também foi descrito como o pai da ética, o primeiro racionalista e o primeiro monoteísta (acreditando em apenas um Deus), bem como o primeiro a articular as noções de céu e infernojulgamento após a morte e livre arbítrio.[15][16][17] A religião fundada por Zoroastro foi a primeira grande religião mundial e teve influência significativa em outros sistemas religiosos e filosóficos, incluindo as religiões abraâmicas, o budismo, o gnosticismo e a filosofia grega.[18][19][20][21][22][23][24] Seus ensinamentos desafiaram as tradições existentes da religião indo-iraniana e inauguraram um movimento que acabou se tornando a religião dominante na antiga Pérsia. Ele falava nativamente o avéstico e morava na parte oriental do planalto iraniano, mas seu local de nascimento exato é incerto.[25][26]. O zoroastrismo acabou se tornando a religião oficial da Pérsia antiga e suas subdivisões distantes do século VI a.C. ao VII d.C.[27] Zoroastro é creditado com a autoria dos Gatas, bem como dos Iasna Haptangaiti, hinos compostos em seu dialeto nativo, o avéstico antigo, e que constituem o núcleo do pensamento zoroastriano. A maior parte de sua vida é conhecida desses textos.[25] Por qualquer padrão moderno da historiografia, nenhuma evidência pode colocá-lo em um período fixo, e a historização em torno dele pode fazer parte de uma tendência anterior ao século X que historiza lendas e mitos.[28] NASCIMENTO E INFÂNCIA DE ZARATUSTRA. (tradicional).  Há muito tempo, nas estepes a perder de vista da Ásia Central, perto do Mar de Aral, havia uma pequena vila de casas de adobe onde vivia a família Spitama. Um dia, no sexto dia da primavera, um menino nasceu naquela família. A sua mãe e o seu pai decidiram dar-lhe o nome de Zaratustra. Ao nascer, Zaratustra não chorou; pelo contrário, riu sonoramente. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer. Na vila havia um sacerdote que percebeu que aquele menino viria a ser um revolucionário do pensamento humano e que enfraqueceria o poder dos "donos" das religiões. Ele então decidiu tomar providências e procurou Pourushaspa, o pai de Zaratustra, com a seguinte conversa: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. O seu filho é um mau sinal para a nossa vila porque riu ao nascer. Ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão os seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro?! Os deuses estão furiosos!". Pourushaspa não queria ferir o seu filho, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova. Na manhã seguinte Pourushaspa fez uma grande fogueira e à frente de todos colocou Zaratustra no meio do fogo, mas ele não sofreu dano algum. O sacerdote ficou confuso. Zaratustra foi levado então para um vale estreito e colocado no caminho de uma boiada de mil cabeças de gado, para ser pisoteado. O primeiro boi da boiada percebeu o menino e ficou parado sobre ele, protegendo-o, enquanto o resto passava ao lado e o bebê não sofreu um só arranhão. O sacerdote logo arquitetou outro plano. O menino Zaratustra foi colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-lo, cuidou dele até que Dugdav, sua mãe, viesse buscá-lo. Diante de tantos prodígios o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se da vila. Ao crescer, Zaratustra peramburalava pelas estepes indagando-se: "Quem fez o sol e as estrelas? Quem criou as águas e as plantas? E quem faz a lua crescer e minguar? Quem implantou nas pessoas a seu natural bondade e justiça?". Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indescritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim buscá-lo". E tomou-lhe a mão e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam. A Boa Mente disse-lhe então: "Zaratustra, se você quiser, pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca e também questões mais interessantes ainda. Aúra-Masda, deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas." Zaratustra contestou: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações". Zaratustra voltou para casa e contou a todos o que lhe acontecera. A sua família aceitou o que ele havia descoberto, mas os sacerdotes o rejeitaram. Eles argumentaram: "Se é assim nada há de especial em nosso serviço, nada valem nossos sacrifícios e perderemos o poder que nos dão os deuses ciumentos e caprichosos que servimos. Estamos sem trabalho e passaremos fome!". Decidiram, então, dar cabo da vida de Zaratustra. Com sua boa mente ele entendeu que tinha que sair dali por uns tempos. Chamou seus vinte e dois companheiros e companheiras de primeira hora e fugiram com tudo o que tinham. Eles viajaram durante várias semanas até chegarem a um lugar cuja governante chamava-se Vishtaspa. Zaratustra procurou Vishtaspa e partilhou com ela a sua descoberta. Vishtaspa respondeu ao seu apelo com uma recusa: "Por que haveria de crer nesse estranho? Meus deuses são, com certeza, mais poderosos que esse Aúra-Masda!". Após dois anos tentando convencer Vistaspa, e enfrentando a mais cruel oposição, passando, inclusive, um tempo preso, um acidente com o cavalo de Vishtaspa ajudou a resolver a favor de Zaratustra esse impasse. À beira de morte, o cavalo tornou-se o pivô de todas as atenções. Vistaspa chamou sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o seu cavalo. Juntos eles tentaram de tudo, inclusive oferecendo aos deuses dezenas de sacrifícios de outros cavalos. Além disso, brigaram entre si, fizeram intrigas, mas nada aconteceu, o cavalo de Vishtaspa só piorava. Zaratustra, que fora criado num ambiente rural, logo percebeu que ele fora envenenado. Procurando Vishtaspa ele sugeriu um remédio muito usado nesses casos em sua terra. Sem alternativas, embora descrente, Vishtaspa aceitou a ideia de Zaratustra e em dois dias seu cavalo estava de pé, sem sinal da doença. Todos ficaram pasmados e acharam que Zaratustra tinha operado um milagre. Ele respondeu que havia apenas usado a sua boa mente e os conhecimentos que tinha adquirido em casa. Vishtaspa e sua família ficaram encantados com a honestidade e simplicidade de Zaratustra e dispuseram-se a ouvi-lo de novo, dessa vez com coração e mentes desarmados. Em pouco tempo não só Vishtaspa e sua família haviam sido iniciados, como também grande parte de seu povo. Embora Zaratustra pudesse ter usado a ocasião da cura do cavalo de Vishtaspa para arrogar-se poderes sobrenaturais, ele preferiu ser sincero, e foi isso o que de facto mostrou a Vishtaspa a sublime beleza e profundidade da mensagem. VIDA DE ZARATUSTRA. Dos 20 aos 30 anos, segundo narrativas que chegaram a nós, Zaratustra viveu quase sempre isolado, habitando no alto de uma montanha, em cavernas sagradas. Não ingeria nenhum alimento de origem animal. Em outros relatos, teria ido ao deserto, onde fora tentado por uma entidade maligna. Após sete anos de solidão completa, regressou ao seu povo, e com a idade de trinta anos recebeu a revelação divina por meio de sete visões ou ideias. Assim começou Zaratustra a sua missão aos trinta anos. Segundo os masdeístas, ele encontrou muita dificuldade para converter as pessoas à sua nova religião. Em dez anos de pregação teve somente um crente: o seu primo. Durante este período, o chamado de Zaratustra foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia. Foi perseguido e hostilizado pelos sacerdotes e por toda a sorte de inimigos ao longo de dez anos. Os príncipes recusaram dar-lhe apoio e proteção e encarceraram-no porque a sua nova mensagem ameaçava a tradição e causava confusão nas mentes de seus súbditos. Com 40 anos, realizou milagres e preocupava-se com a instrução do povo. Converteu o rei Vishtaspa, que se tornou um fervoroso seguidor da religião por ele pregada, iniciando a verdadeira difusão dos ensinamentos de Zaratustra e de uma grande reforma religiosa. Logo em seguida, a corte real seguiu os passos do rei e, mais tarde, o Masdeísmo chegou a ser a religião oficial da Pérsia. No império dos reis Sassânidas, principalmente no de Artaxes I (227), o chefe religioso era a segunda pessoa no Estado depois do imperador soberano, e este, inteiramente de acordo com o antigo costume, era admitido como divino ou semidivino, vivendo em particular intimidade com Aúra-Masda. Aos 77 anos de idade ele teria morrido assassinado enquanto rezava no templo, diante do fogo sagrado. Segundo alguns relatos, o seu túmulo estaria em Persépolis. COSMOGONIA. Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagónicos: os espíritos do Bem (Aúra-Masda, Espenta Mainiu, ou Ormuz) e do Mal (Arimã ou Angra Mainiu). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, como consta no Avestá a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas. No final do século III, a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no culto do Sol. Arimã é representado como uma serpente. Criador de tudo que há de ruim (crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros), ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Aúra-Masda, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito. Aúra-Masda é representado também como o divino Lavrador, o que mostra o enraizamento do culto na civilização agrícola, na qual o cultivo da terra era um dever sagrado. No plano cosmológico, contudo, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas. Bem e Mal não são apenas valores morais reguladores da vida cotidiana dos humanos, mas são transfigurados em princípios cósmicos, em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Aúra-Masda sobre Arimã só poderia ocorrer se Zaratustra conseguisse formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil, e expurgar o Mal do universo. Nesse sentido, Bem e Mal são princípios criadores e estruturadores do universo, que podem ser observados na natureza e encontram-se presentes na alma humana. A vida humana é uma luta incessante para atingir a bondade e a pureza, para vencer Angra Mainiu e toda a sua legião de demônios cuja vontade é destruir o mundo criado por Aúra-Masda. A doutrina de Zaratustra é escatológica. De acordo com os seus preceitos, o mundo duraria doze mil anos. No fim de nove mil anos, ocorreria a segunda vinda de Zaratustra como um sinal e uma promessa de redenção final dos bons. Isso seria seguido do nascimento miraculoso do Saoshyant, semelhante ao Messias hebreu, cuja missão seria aperfeiçoar os bons para o fim do mundo, da história humana, enfim, para a vitória do Bem sobre as forças do Mal. A cada mil anos viria um profeta/messias (Saoshyant). Assim, nos últimos três milênios, três Saoshyant preparariam a completude do grande ano cósmico. É neste sentido que Nietzsche menciona Zaratustra como aquele que compreendeu a História em toda a sua completude. Cada série de desenvolvimento da História seria presidida por um profeta, que teria seu hazar, seu reino de mil anos. O Zaratustra histórico, no entanto, anuncia a chegada do tempo em que surgirá da raça persa o Xá Barã, o Senhor Prometido, o Salvador do Mundo, o Grande Mensageiro da Paz. No final dos tempos haveria o julgamento derradeiro de todas as almas e a ressurreição dos mortos. Não fica claro se o inferno tem duração eterna, se os maus se agitarão eternamente "nas trevas". Nos Gatas, cantos de Zaratustra, consta também que o mal poderia ser banido para sempre do universo, com o nascimento de um novo mundo, física e espiritualmente perfeito, aqui na Terra. Não seria possível, assim, a coexistência de um mundo físico degradado e um mundo hiper físico perfeito. Os gregos enfatizaram, no profeta persa, mais a astrologia e a cosmologia do que o dualismo moral. Para eles, Zoroastro é um ser mítico, um astrólogo, legendário fundador da seita dos magos. Os aspectos cosmológicos, soteriológicos (relativos à parte da Teologia que trata da salvação do homem), teológicos e morais do Mazdeísmos estavam contidos nos pálavis (principalmente no Dencarda), livros baseados no Avestá. Mas esses textos estão perdidos. MORAL. O dualismo cósmico e teogônico do Mazdeísmos está intimamente relacionado ao dualismo moral. Zaratustra, com a sua mensagem divina, provocou uma verdadeira transformação no modo de pensar da sua civilização, contrariando o tradicional pensamento dos sábios de sua época. Sua mensagem baseava-se nos Gatas, cantos entoados com o objetivo de serem um guia para a humanidade – continham o triplo princípio de boa mente, boas palavras e boas ações. O Bem e o Mal, para Zaratustra, manifestam-se também na alma humana, e a única forma de poder organizar o mundo e a sociedade é estando o Bem acima do Mal. Este não traz contribuição alguma para a construção de uma vida boa, já que impossibilita uma relação equilibrada entre ser humano, sociedade, natureza e o ser. Zaratustra propõe que o homem encontre o seu lugar no planeta de forma harmoniosa, buscando o equilíbrio com o meio (natural e social), respeitando e protegendo terra, água, ar, fogo e a comunidade. O cultivo de mente, palavras e ações boas é de livre escolha: o indivíduo deve decidir perante as circunstâncias que se apresentam em determinado fato. A boa deliberação, ou seja, uma boa reflexão a respeito de cada ação faz surgir uma responsabilidade social para colaborar com o projeto que Deus propôs ao mundo. Os seres humanos, portanto, possuem livre-arbítrio e são livres para pecar ou para praticar boas ações. Mas serão recompensados ou punidos na vida futura conforme a sua conduta. Os principais mandamentos são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Por isso, a regra de ouro do Mazdeísmos é: "Age como gostarias que agissem contigo". Entre as condutas proibidas destacavam-se a gula, o orgulho, a indolência, a cobiça, a ira, a luxúria, o adultério, o aborto, a calúnia e a dissipação. Cobrar juros a um integrante da religião era considerado o pior dos pecados. Reprovava-se duramente o acúmulo de riquezas. As virtudes como justiça, retidão, cooperação, verdade e bondade, surgem com o princípio organizador de Deus Ascha, que só se pode manifestar com o esforço individual de cultivar a Tríplice Bondade. Esta prática do Bem leva ao bem-estar individual e, consequentemente, coletivo. A comunidade somente pode surgir quando o indivíduo se vê como autônomo, e desse modo pode descobrir o outro como pessoa. O ego é valorizado como fonte para o reconhecimento do próximo. Cultivado de forma sadia, o ego torna-se forte e poderoso para o homem observar a si próprio como membro da comunidade e capaz de contribuir para o bom relacionamento harmonioso com os outros seres. Por isso, eram incentivadas as virtudes econômicas e políticas, entre elas a diligência, o respeito aos contratos, a obediência aos governantes, a procriação de uma prole numerosa e o cultivo da terra, como está expresso na frase: "Aquele que semeia o grão, semeia santidade". Havia também outras virtudes ou recomendações de Aúra-Masda: os homens devem ser fiéis, amar e auxiliar uns aos outros, amparar o pobre e ser hospitaleiros. A doutrina original de Zaratustra opunha-se ao ascetismo. Era proibido infligir sofrimento a si, jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar. Essas prescrições fomentavam a temperança e não a abstinência. Assim, as exortações e interdições destinavam-se a proporcionar aos homens uma boa conduta, além de reprimir os maus impulsos. DOUTRINA RELIGIOSA. As revelações e profecias de Zaratustra estão contidas nos Gatas, cinco hinos que formam a mais antiga parte do livro do Mazdeísmos, o Avestá. Os Gatas datam do final do II milênio a.C. Foram escritos numa língua do nordeste do Irã, aparentada ao sânscrito, o avéstico gático. Originalmente, esses hinos eram transmitidos oralmente. Grande parte do Avestá original foi destruída, com a invasão de Alexandre Magno e com o domínio posterior do Islamismo. As escrituras sagradas do Mazdeísmos, o Avestá ou Zendavestá, como se tornaram mais conhecidas no ocidente, significam "comentário sobre o conhecimento". O Zoroastrismo é uma das religiões mais antigas e de mais longa duração da humanidade. Após o domínio Islâmico do Irã, o Mazdeísmos passou a ser religião de uma minoria, que passou a ser perseguida pela nova religião hegemônica. Por isso, parte dos seguidores remanescentes migrou para o noroeste da Índia, onde foi estabelecida a comunidade Parsi. No Irã, permanece ainda a comunidade Zardusti. Atualmente, o número total de seguidores do Mazdeísmos (Zoroastrismo) não chega a 120 mil, distribuídos em pequenas comunidades rurais. Por ser uma religião étnica, o Mazdeísmos geralmente não permite a adesão de convertidos. Na atualidade há uma maior flexibilidade, devido à migração, à secularização e aos casamentos realizados entre etnias distintas. Como já mencionado, a base da doutrina de Zaratustra é o dualismo Bem-Mal. O cerne da religião consiste em evitar o mal por intermédio de uma distinção rigorosa entre Bem e Mal. Além disso, é necessário cultivar a sabedoria e a virtude, por meio de sete ideais, personificados em sete espíritos, os Imortais Sagrados: o próprio Aúra-Masda, concebido como criador e espírito santo; Vohu Mano, o Espírito do Bem; Asa-Vaista, que simboliza a Retidão Suprema; Khsathra Varya, o Espírito do Governo Ideal; Espenta Armaiti, a Piedade Sagrada; Haurvatãt, a Perfeição; e Ameretãt, a Imortalidade. Estes deuses enfrentam constantemente as forças do Mal, os maus pensamentos, a mentira, a rebelião, a doença e a morte. O príncipe destas forças é Angra Mainiu, o Espírito Hostil, também conhecido como Arimã. A adoração a Aúra-Masda ou Ormuz pode também ser chamada Mazdayasna (Adoração ao Sábio). O culto não requeria templos, pois Deus era representado pelo fogo, considerado sagrado e símbolo de pureza. A chama era mantida constantemente em altares, erguidos geralmente em lugares elevados das montanhas, onde se faziam oferendas. Os magos, detentores de segredos e de verdades reveladas, dirigiam os ritos e os cultos – são referidos na Bíblia, no Novo Testamento. O rei da Pérsia teria enviado a Israel sacerdotes do Zoroastrismo, que seguiram uma estrela até Belém, no intuito de encontrar o Salvador, ou Messias. Zaratustra transmitira, aos magos e adeptos, os segredos e a verdade suprema que lhe foram revelados por Aúra-Masda por meio de um anjo chamado Vohu Manõ. Assim como o Cristianismo, o judaísmo e o islamismo, também no zoroastrismo a revelação divina é elemento essencial. A religião Masdeísta diferencia-se das existentes até então não só pelo dualismo Bem–Mal, mas também pelo caráter escatológico. Entre os seus dogmas, estão a vinda do Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a translação dos bons para o paraíso eterno. Inclui também a doutrina da imortalidade da alma e o seu julgamento. Conforme os seus méritos ou pecados, elas iriam para o mundo dos justos (paraíso), para a mansão dos pesos iguais (purgatório) ou para a escuridão eterna (inferno). Não sepultavam, incineravam ou jogavam os mortos em rios, mas ficavam expostos em altas torres a céu aberto. Os corpos dos justos, salvos da destruição, secariam; já os dos injustos seriam devorados pelas aves de rapina. Desse modo, Zaratustra pode ser visto como um dos primeiros teólogos da história por ter erigido um sistema de  religiosa desenvolvido e estruturado. Enquanto religião ética, o Masdeísmo possuía a missão de purificar os costumes tradicionais de seu povo a fim de erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia. Com isso, o culto poderia atingir uma dimensão ético-espiritual elevada. Zaratustra pregava que o esforço e o trabalho eram atos santos. Eis algumas frases ou ditos a ele atribuídos: "O que vale mais num trabalho é a dedicação do trabalhador". "O que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que poderia obter com mil orações sem nada fazer". "Aquele que diz uma palavra injusta pode enganar o seu semelhante, mas não enganará a Deus." "Deus está sempre à tua porta, na pessoa dos teus irmãos de todo o mundo." "O que semeia milho, semeia a religião. Não trabalhar é um pecado." www.pt.wikipedia.org/wiki/zatustra. Abraço. Davi

terça-feira, 28 de junho de 2022

O MUNDO DOS ORIXÁS - OGUN

 

Religião Afrodescendente. Candomble. www.ocandomble.com. O MUNDO DOS ORIXÁS – OGUN. A missão divina da Mãe Terra (Edan – Onile). Quando a divina e poderosa mãe Edán (Onile Ogboduora) fez sua aparição nesta Terra, ela fez isso com um propósito específico e sagrado. Sua manifestação nesta Terra sinalizou uma nova oportunidade para a humanidade se renovar, progredir e ter uma vida equilibrada. Sua aparição marcou um novo começo para toda a humanidade e não apenas o povo privilegiado dos yorùbá. Seu objetivo e propósito era, e é, de alcance universal. Èdán veio para trazer cura, ordem, harmonia, abrigando preceitos divinos e equilíbrio para as comunidades da Terra em geral e cada ser humano em particular. Você deve se lembrar e ter em mente que Èdán não é um ser humano. Èdán não é yorùbá, chinês, americano, oriental ou ocidental. Èdán é uma personagem divina de habilidades extraordinárias e poderes supra-humanos. Èdán não é deste mundo. Ela vem de um reino glorioso e inconcebível de santidade, beleza e poder. A inteligência, compreensão, força, atratividade e carisma da mãe divina Èdán é extraordinária, penetrante e excepcional. Èdán pode ver a profundidade e a realidade das coisas. Ela não pode ser enganada, manipulada ou subornada, ela não comete erros na administração de sua dispensação (ato de dividir). Ela está além do alcance da influência humana. Ela nunca cairá ou balançará à mesquinhez e a inconstância, que é comum entre a humanidade. Sua visão divina nunca é obstruída e sua atividade não pode ser prejudicada. Sua virtude, caráter, personalidade e carisma são sem igual. Mesmo Ọrúnmìlà reconheceu sua grandeza, eficiência, capacidade e singularidade. Foi, afinal, Ọrúnmìlà quem invocou Èdán, sua amiga e sócia divina para apoio, soluções e alívio! Quando Èdán desceu do reino dos Irunmọlẹ a esta Terra, ela apareceu com a plenitude da autoridade divina, poder e comando. Todos Ajogùn interno, externo e Elénìní fugiram diante dela. Com o poder de sua majestosa personalidade, divinamente atraente, beleza, carisma e àşé ela foi capaz de libertar e entregar os corações e as mentes dos pensamentos negativos, atitudes e energias prejudiciais que oprimiam e dominavam os seres humanos. Èdán foi capaz de desarmar as pessoas de suas preocupações, medos e inseguranças. Para aqueles que faziam, que se deliciavam em fazer o errado, o engano, a opressão e a corrupção ela colocava medo nos seus corações para que talvez eles pudessem mudar suas maneiras sob sua administração do perdão, da ordem, da capacitação e da renovação. Tais era, e é, o poder e a influência da mãe divina Èdán. Juntamente com o inseparável, a importação do ase aos membros sensíveis da humanidade, ela deu preceitos e injunções divinas para seus alunos-discípulos para praticar e implementarem em todos os níveis da sociedade e da vida pessoal. Estes seguidores obedientes e confiáveis ​​de Èdán são os Ogboni porque só existe sabedoria, saúde e longa vida com Èdán se as pessoas obedecerem e praticarem seus preceitos. Do lado de fora uma pessoa constituiria um Ogberi (ignorante) porque aparentemente tinha conhecimento e não praticava a verdade, o que é isso, se não a maior ignorância, infelicidade e loucura. Os princípios divinos de Èdán tornaram-se os veículos de sua divina presença, carisma, poder, apoio e influência-retificando a cura. Ter vivido na época do aparecimento de Èdán sobre esta Terra sagrada foi a experiência mais extraordinária, gratificante e maravilhosa. Isto é, a forma divinamente sancionada, a vida que ela estava revelando à humanidade e continua revelando à humanidade. O teimoso, obstinado e beligerante que não fizer, não vai durar muito tempo sob a administração de Èdán. Èdán é naturalmente amável, justa e compreensiva, como a Sagrada Mãe preciosa e amável que ela é, ela proporcionou a todos o perdão, um novo começo sem referência a erros do passado, uma oportunidade para mudar e a bênção para fazer uso de seu apoio pessoal, garantia, inspiração e poder. Èdán está ciente de nossas fragilidades e fraquezas como seres humanos. Ninguém precisa ter medo por causa de suas fraquezas ou falhas. Èdán não pareceu para fazer-nos ricos e famosos. Èdán apareceu para nos fazer participantes da verdadeira vida, saúde, paz, segurança e prosperidade através da prática de seus ensinamentos claros. Èdán apareceu para nos permitir descobrir a nossa nobre e bela natureza divina. Ela veio para restaurar a dignidade, clareza, transparência, saúde moral e limpeza moral de nossas vidas. Èdán inculca a verdade divina para seus seguidores inteligentes e humildes, quando estamos individual e coletivamente para a direita e para dentro, em seguida, nesta ordem interna, a saúde e a retidão serão reveladas e expressas no mundo. As instruções de Èdán não foram e não são sugestões, mas comandos divinamente concedidos e leis. Eles são vinculativos e obrigatórios para toda a humanidade e especialmente para aqueles que se dedicam a Èdán. Para ser Ogboni significa ser o melhor dos melhores. Significa ser um modelo de impecabilidade, idoneidade e confiabilidade. Para ser Ogboni significa estar pessoalmente convencido a perseguir e fazer o que é certo, correto e adequado independentemente de tempos, lugares e / ou circunstâncias. Para ser Ogboni significa ter auto iniciativa, ser responsável e fazer o que é certo para o bem do amor da verdade e não ser visto, elogiado e aplaudido por outros. Iniciação formal sozinha não faz de você um seguidor de Èdán. O que é importante não é que outras pessoas te chamem de Ogboni, mas que Èdán te reconhece e o aceita como um dos seus verdadeiros, leais e obedientes filhos. O que é importante é que você seja Ogboni 24 horas por dia em seus pensamentos, atitudes, ações e relacionamentos. Ogboni é uma forma global e abrangente de viver. Uma delas é ser Ogboni o tempo todo para que Èdán, ela mesma, possa garantir que você é um Ogboni genuíno, verdadeiro, com honra, humildade, alegria e realização digna. Os ritos de iniciação Ogboni foram desenvolvidos mais tarde por Èdán e seus seguidores, mas, inicialmente, a verdadeira iniciação era uma mudança espiritual de coração, mente e vida como um resultado do encontro com Èdán, sua personalidade, seu caráter, seu carisma, encantamento, inspiração, autoridade e poder, tudo foi expresso e manifestado através de tudo que Èdán fez. Tudo que Èdán fez foi cheio de graciosidade, dignidade e poder. Não foi através de ritos e rituais que Èdán mudou o mundo, mas pela graça divina, pelas maneiras, inteligência e conduta. Èdán por suas maneiras, caráter, personalidade e conduta comandou o respeito, reverência, confiança e obediência de todos aqueles com coração sincero e bom. O verdadeiro símbolo de honra e título de um Ogboni autêntica o caráter, a virtude, a bondade e a imparcialidade que ele pratica. Conformidade exterior e aderência superficial com o protocolo Ogboni para o bem das pessoas não faz de você um Ogboni, não importa o seu título ou o quanto você está velho. Èdán deu seu amor, vida e foco total e dedicação à humanidade. Para ser Ogboni você tem que dar o seu tudo para a missão divina de Èdán e você deve procurar com sua força, habilidade, atividade e meios transferir o conhecimento de Èdán a todos os povos do mundo. Isto é o que é significa ser Ogboni. Ogboni não é uma instituição humana. Ogboni não é um negócio. Ogboni não é um clube. Ogboni é uma vocação divina e sagrada. Èdán era uma revolucionária espiritual, divina, missionária, diplomática e embaixadora da boa vontade e da esperança. Nós também devemos ser isso. Devemos buscar a propagação do Ogbonismo. Não os chamados clubes Ogboni e instituições formais, devemos propagar a verdade e a realidade que Èdán promoveu e instituiu para toda a humanidade. A humildade e o serviço vêm antes da honra, do orgulho, da presunção. Èdán diz que a indiferença precede a queda. Ancestral Pride Temple. Templo Orgulho Ancestral. ORIXÁ OGUN. Os orixás são deuses africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada Orixá, aproxima-os dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente. Estes deuses da Natureza são divididos em 4 elementos – Água, Terra, Fogo e Ar. Alguns estudiosos ainda vão mais longe e afirmam que são 400 o número de Orixás básicos divididos em 100 do Fogo, 100 da Terra, 100 do Ar e 100 da Água, enquanto, na Astrologia, são 3 do Fogo, 3 da Terra, 3 do Ar e 3 da Água. Porém os tipos mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Eles também estão associados à corrente energética de alguma força da natureza. Assim, Iansã é a dona dos ventos, Oxum é a mãe da água doce, Xangô domina raios e trovões, e outras analogias. No Candomblé cultuam-se muitos outros orixás, desconhecidos por leigos, por serem menos populares do que Xangô, Iansã, Oxossi e outros, mas com um significado muito forte para os adeptos dos cultos afro-brasileiros. Alguns são necessariamente cultuados, devido à ligação com trabalhos específicos que regem, para a saúde, morte, prosperidade e diversos assuntos que afligem o dia a dia das pessoas. Estes deuses africanos são considerados intermediários entre os homens e Deus, e por possuírem emoções tão próximas dos seres humanos, conseguem reconhecer os nossos caprichos, os nossos amores, os nossos desejos. É muito frequente dizer-se que as personalidades dos seus filhos são consequência dos orixás que regem as suas cabeças, desenvolvendo características iguais às destes deuses africanos. Apresento a seguir as descrições dos 16 Orixás mais cultuados. Recordo, no entanto, que existem diversas correntes no Candomblé e por essa razão as informações poderão ser diferentes de acordo com a tradição ou região. ORIXÁ OGUN. DIA: Terça-Feira. CORES: Verde ou Azul-escuro, Vermelho (algumas qualidades). SÍMBOLOS: Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas. ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e Fogo. DOMÍNIOS: Guerra, Progresso, Conquista e Metalurgia. SAUDAÇÃO: Ògún ieé!! Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protetor do ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins. Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra pelo seu carácter devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum. Entre os muitos Estados conquistados por Ogun estava a cidade de Iré, da qual se tornou senhor após libertar a cidade da tirania do rei e substituí-lo pelo seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré. Não é por acaso, portanto, que nas orações dedicadas a Ogun o medo fica tão evidente e a piedade é um pedido constante, pois como diz uma das suas cantigas: Ògún pá lélé pá. Ògún pá ojaré. Ògún pá, lélé pá. Ògún pá ojaré. Ogum mata/extingui com violência. Ogum mata/extingui com razão. Ogum mata/extingui e destrói completamente. Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé. Ogum é um orixá importantíssimo em África e no Brasil. A sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé. Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda. Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado. Espada! Eis o braço de Ogum. Características dos filhos de Ogum. Fisicamente, os filhos de Ogum são magros, mas com músculos e formas bem definidas. Compartilham com Exu o gosto pelas festas e conversas que não acabam e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram a dos seus camaradas. Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois possuem dificuldade de se fixar a uma pessoa ou lugar. São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir os seus objetivos, são pessoas que mesmo contrariando a lógica lutam insistentemente e vencem. Não se prendem à riqueza, ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas nem sempre. Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com suas histórias e que adoram compartilhar a sua felicidade. www.ocandomble.com. Abraço. Davi

domingo, 26 de junho de 2022

GÊMEOS E SAGITÁRIO

 

Astrologia. Por Ricardo Lindemann. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Capítulo Cinco. Vamos analisar a polaridade entre GÊMEOS - SAGITÁRIO. Optamos por estudar os signos dois a dois porque essa é a ideia básica da professora Emma Costet (1903-19800) de Mascheville, em sua bela obra Luz e Sombra, onde ela pretende demonstrar através da própria Última Ceia de Leonardo da Vinci (1452-1519), a título de exemplo ilustrativo, que os doze signos devem melhor ser estudados em eixos polarizados, ou seja, dos doze signos estudarmos seis diâmetros, que terão, assim, dois polos se contrapondo no Zodíaco. Quando o Sol, por exemplo, é visto por nós no signo de Gêmeos (21 de maio - 20 de junho), isso significa que a Terra se encontra em Sagitário e recebe uma certa luminosidade, parte dessa luz retida na Terra e além dela se projeta um cone de penumbra. Então, o signo oposto, Sagitário (22 de novembro - 21 de dezembro), ficaria de certa forma na escuridão. O que vale dizer que se o Sol está em Gêmeos, Sagitário fica na sombra, se o Sol está em Sagitário entro o signo de Gêmeos fica na sombra, pois os dois ficam opostos a 180º no Zodíaco. Um dos diagramas antigos que associam partes do corpo humano com os signos do Zodíaco, numa sequência que começa em Áries na cabeça e viu terminar em Peixes, nos pés, se apresenta de tal maneira que nós vamos verificar que Gêmeos rege os braços, os ombros, enquanto que Sagitário vai reger exatamente as pernas e os quadris. O Sagitário. de acordo com a tradição antiga da Astrologia, é simbolizado por um centauro. A Astrologia greco-romana que nós usamos no Ocidente está basicamente ligada à simbologia encontrada na mitologia greco-romana. Então, o centauro é uma criatura imaginária daquela linha mitológica, que estava por simbolizar uma parte animal convivendo com uma parte humana, ou seja, o centauro é humano da cintura para cima e um cavalo, um quadrúpede da cintura para baixo. Esse é um símbolo de um processo evolutivo da Natureza, o Sagitário assemelha-se na verdade com o símbolo da pirâmide entre os egípcios. A pirâmide tem uma base quadrada, sobre a qual se erige um lado triangular, que aponta com o vértice na direção do Zênite, do Meio do Céu, simbolizando a direção que busca o Divino. O nome Sagitário provém do latim sagitta, que significa flecha, sagittarius é o arqueiro, simbolicamente um arqueiro que é um centauro lançando uma flecha. Aquele arco curvado vai lembrar um triângulo que se está erguendo sobre a base quadrada do cavalo, do quadrúpede, a parte animal do centauro, mas o vértice da flecha representa o vértice da pirâmide que aponta para o Divino. Assim, este é um símbolo da evolução, o animal humano buscando o divino, transcendendo a sua própria limitação. É dito que o Sagitário é um dos signos mais apressados, particularmente naquela época poucas coisas poderiam ser mais rápidas do que uma flecha, que quer ir direto ao alvo sem rodeios. Vale lembrar que a constelação de Sagitário é aquela que aponta para o centro da galáxia, da qual o sistema solar faz parte, e nesse sentido o Sagitário aponta na direção da Divindade. Isso está representado no mural por Pedro, que é o Apóstolo sentado na nona posição da direita para a esquerda; pela ordem, vamos encontrar exatamente essa ideia: Pedro segurando uma faca na latura do quadril e o seu dedo apontando para o coração do Cristo. Ora, o Cristo está representado de uma forma triangular, simbolizando a Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, o aspecto Divino, e o seu coração é o baricentro do triângulo, é o ponto, justamente, de convergência do dedo de Pedro, representando aquele que é considerado o primeiro Papa fundador da Igreja, aquele que aponta na direção do coração do Cristo. Oposto a Sagitário encontra-se Gêmeos, representado no mural por Mateus, que tem os braços particularmente em movimento, simbolizando a região do corpo regida por Gêmeos. Gêmeos rege os pulmões, os ombros, os braços e o sistema nervoso, representando o movimento e a comunicação. Este símbolo dos braços em movimento, no qual ele fala, para um lado, mas se refere ao outro, representa a dualidade do signo de Gêmeos, são dois braços, os dois pulmões, Gêmeos rege a respiração, ele é um signo de ar. Sagitário se contrapõe a Gêmeos, sendo mais ligado à circulação. É um signo de fogo, e rege particularmente os quadris e as coxas, relacionado ao movimento da parte mais animal do centauro. É graças ao fato de o ser humano ser capaz de erguer os quadris, que ele deixa de ser um quadrúpede e se torna um bípede. Então, o Sagitário está ligado à capacidade de superar a animalidade em busca da Divindade simbolizando a evolução. Esses símbolos são muito ricos porque esse eixo de Gêmeos e Sagitário é chamado de eixo do Conhecimento. No diagrama do Homem Celeste, Gêmeos e Sagitário formam um diâmetro no círculo do Zodíaco, os dois estão a 180º. Vale lembrar também que Gêmeos é regido por Mercúrio, que é o deus dos mercadores, da comunicação e do comércio, na tradição mitológica greco-romana, ele tem um caduceu pelo qual ele pode descer aos infernos e subir aos céus, é uma espécie de passe livre, ele tem asinhas nos pés e na cabeça, no seu capacete, que aparecem também no símbolo deste planeta representando essa ideia do movimento, como é a própria liberdade doa mente. Por outro lado, o Sagitário representa o sacrifício do animal humano em busca do divino, e por isso, no mural, ele segura uma adaga, que representa o lado feroz do homem, na altura do quadril, que é a parte do corpo regida por Sagitário. Aliás, ele chega quase a assumir a postura de um ginete (cavalo de boa raça), como se estivesse a segurar o relho numa mão e se inclinasse sobre o cavalo, e por isso ele é o único que tem a posição da cabeça tão inclinada, que poderia confundir a percepção da sequência dos signos no mural. Então, da direita para a esquerda, nós temos de Áries até Peixes, exatamente Áries correspondendo à primeira posição. Touro à segunda, Gêmeos à terceira, Câncer a quarta, tal qual se dispõe pela ordem direta no Zodíaco, e o único que poderia dar alguma confusão é o Escorpião que está na oitava posição, representado por Judas Iscariotes, e Pedro que está sentado na nona posição representando o Sagitário. Portanto, iremos tomar por posição fundamental o lugar em que os apóstolos estão sentados à mesa e não a eventual ordem das suas cabeças. Esse é o ponto que gostaríamos de esclarecer precisamente em relação à nona posição no mural que corresponde a Pedro. A ideia da religião está muito ligada ao signo de Sagitário, enquanto que a ideia do conhecimento e do questionamento está muito ligada ao signo de Gêmeos. Gêmeos representa a divisão, enquanto, Sagitário representa esse método da evolução, ou a lei de evolução que traz ordem ao Universo. Gêmeos representa aquelas primeiras células a se dividirem a partir do zigoto, do óvulo fecundado, portanto toda a ideia de divisão e bipolaridade. Ele é representado por Castor e Pólux, dois irmãozinhos na tradição mitológica greco-romana, sendo que Castor é filho de um rei grego e Pólux é filhos de Zeus; assim, por hereditariedade, Castor é mortal e Pólux é imortal. Isso quer dizer que Castor está preocupado com objetivos mais concretos, ou coisas mais práticas, enquanto Pólux seria o idealista ligado às coisas transcendentes porque ele é imortal e, portanto, está preocupado com ideais eternos. Dessa forma, esse símbolo de dualidade representa um conflito entre o prático e o ideal, o transitório e o eterno, entre o que é imediatista e o que é de longo prazo. Esse é o conflito de Gêmeos. O signo de Gêmeos está dividido está dividido, essa é a sua bipolaridade, ele tem uma grande capacidade de assimilação, em contraposição ao signo de Sagitário que é um pouco mais fechado e intuitivo, mas tem mais abertura para o pensar abstrato, para o meditar e refletir sobre um tema, e de certa forma Gêmeos está ligado à ideia concreta e Sagitário à ideia abstrata. Diz-se na tradição popular que duas cabeças pensam melhor do que uma, assim também Gêmeos tem a mente muito rápida porque ele tem a cabeça de Castor e a cabeça de Pólux. Mas isso não quer dizer que as duas cabeças concordem. Dessa forma, ele tem uma visão mais eclética e panorâmica, enxerga mais alternativa, mas por outro lado fica em dúvida se ele vai tomar esse caminho ou aquele. Um dos exemplos que eu costumo imaginar é uma criança entrando num cinema de shopping, com várias salas pequenas. Ela está com o ingresso já comprado para a última sessão daquele dia, e quando olha para o lado, a fila já está entrando e ela descobre, de repente, que a sorveteria está fechando. Ela fica em dúvida entre comer o sorvete ou assistir à sessão do cinema, porque como o cinema é pequeno, se ela não entrar naquele exato momento, outro tomará o seu lugar e ela perderá o filme, mas ao mesmo tempo ela vê a sorveteria fechando e também não quer perder o sorvete. Toda escolha na verdade é uma renúncia, nós vamos ter que renunciar a alguma coisa em favor da outra. Mas Gêmeos parece que é aquela criança que não quer perder nada, na verdade são duas crianças. Castor e Pólux, e as duas terão que chegar a um consenso porque uma quer ir para a sorveteria e a outra quer ir para o cinema. Então, eu estou tentando mostrar a vocês por meio de historinhas como nós podemos tentar conceber a natureza desse signo. Sagitário, ao contrário, sacrifica o seu lado animal para projetar-se em busca do divino, ele reprime ou ignora uma parte da natureza em busca da outra ,portanto, representa uma tendência mais ardente, mais ardorosa, mais arrebatada, é um signo de fogo. Sagitário é regido por Júpiter, que é considerado o rei dos deuses na mitologia greco-romana, ele dispõe de todas as coisas, é o grande benéfico na tradição astrológica, mas na sua generosidade, no seu expansionismo, às vezes ele exagera; por isso, o grande ponto fraco do Sagitário costuma ser o otimismo cego, fanático ou extremista. Sagitário representa a Religião e a Filosofia, em contraposição ao Gêmeos que representa as coisas práticas e o intelecto aplicado a ideias mais concretas; Sagitário representa a força espiritual, o amor pelos ideais abstratos e filosóficos, as leis e os métodos, enquanto que Gêmeos representa a inteligência prática e a astúcia. A grande qualidade do signo de Sagitário, que é regido por Júpiter, é o seu lado otimista e jovial. O jovial está ligado a Júpiter, de mente ampla, bom julgador, de perspectiva filosófica e amante da liberdade, como um cavalo quer sair a correr pelos campos, aliás dizem que o Sagitário tem afinidade particularmente com esse animal, costuma apreciá-lo, embora essa afinidade se apresente com animais em geral. Também tem, principalmente quando está no signo Ascendente, uma facilidade para a dança. O signo Ascendente é o signo da hora de nascimento. O Ascendente em Sagitário costuma ter habilidade para a dança porque ele rege os quadris, ele dá movimento à cintura. Sagitário é amante da liberdade, sincero, fidedigno, escrupuloso, e às vezes até franco demais, mas o problema é que pode se tornar um pouco áspero ao dizer aquilo que é verdadeiro, geralmente falta um pouco da flexibilidade, que é a qualidade de Gêmeos. O Sagitário é otimista, e mais determinado em atingir seus objetivos, mais centrado como a flecha. É difícil mudar a direção de uma flecha depois que ela foi lançada pelo arco, da mesma maneira Sagitário não gosta de mudar de ideia, ou mudar de direção, ele é por isso, às vezes, considerado algo teimoso, inflexível ou radical. A falta dessa qualidade determinada do Sagitário gera os pontos fracos do signo de Gêmeos, a saber, o seu lado mutável e agitado, astucioso e inquisitivo. Alguns dizem que ele é até inconsistente ou que tem duas caras, na verdade é a dúvida que o persegue de não saber qual é a resposta, que decisão tomar. Muitas vezes tem dificuldades para controlar a energia nervosa, por isso em muitas situações de sua vida encontra-se com os nervos à flor da pele. A regência de Mercúrio o deixa um pouco acelerado, e alguns até dizem que ele pode se tornar fofoqueiro ou superficial, na verdade ele fica borboleteando de uma coisa para outra, para experimentar o gosto da novidade, com uma curiosidade quase infantil de conhecer um pouco de cada coisa, mas à vezes não chega a aprofundar como poderia. Eu costumo dar o exemplo de um geminiano que vem descendo de canoa o rio Araguaia - Brasil, quando de repente se defronta com a ilha do Bananal - Brasil e não sabe se vai tomar o braço esquerdo ou direito do rio, pois se bifurca naquele momento, e de repente ele joga então uma moedinha para saber se ele escolhe a esquerda ou a direita. Digamos que ele pela moeda então tome o caminho da esquerda. Lá aparecem quem sabe algumas corredeiras e aí ele começa a imaginar, por ter uma mente muito ativa, que logo depois pode surgir talvez uma cachoeira, e ele já vê aquilo como um sintoma de um problema, e começa a se perguntar: Mas e se eu tivesse tomado o caminho da direita? E aquela dúvida vai crescendo dentro dele, e daí a pouco ele não resiste e retorna para o caminho original, volta à estaca zero e toma o caminho da direita. Pois bem, pensamos: Agora ele resolveu! Mas ele toca aquela canoa pelo braço direito do rio e de repente, quem sabe, aparecem uns crocodilos e ele resolve então pensar e se questionar: Mas na verdade era só uma corredeira, eu poderia ter ido mais longe, eu poderia ter explorado melhor o caminho, eu poderia ter ido mais longe, eu poderia ter explorado melhor o caminho do braço esquerdo do rio (...). Na verdade, pequenas dificuldades já são problemas para ele e daqui a pouco ele retorna tudo para a estaca zero e volta então para o caminho da esquerda, e fica ali sei lá quanto tempo sem se decidir, é capaz até de encalhar. E essa indecisão do signo de Gêmeos pode ser a sua tragédia, mas por outro lado a sua grande qualidade é a sua flexibilidade. É pena que talvez ele não costume ir até o fim, porque conforme o nosso exemplo, se ele prosseguisse na navegação até o fim do caminho ele descobriria que o braço direito e o braço esquerdo do rio se reencontram depois da ilha, pois que é uma ilha fluvial. Já o Sagitário vai direto ao alvo sem rodeios, abrindo caminhos para um custe o que custar, mas a verdade é que ele chega lá. E o Gêmeos, às vezes, com tanto talento intelectual, se perde por falta de objetividade, e não faz o melhor uso que poderia da sua capacidade mental. As qualidades, porém, que distinguem o signo de Gêmeos são de sua natureza adaptável, versátil e intelectual. Ele é engenhoso e muito lógico. Explora bem os fatos, argumenta bem, é diligente, espontâneo e tem esse lado conversador e divertido, possui também facilidade para aprender outras línguas, se diz que ele tem um bom papo. Ele tem uma aparência jovial e um lado algo infantil, são duas crianças que vivem nele de certa forma. A dificuldade que ele encontra na vida em geral é decidir-se e investir a sua energia numa posição até o fim, para que chegue a colher o fruto, pois que uma árvore não chega a dar o fruto se primeiramente ela não enraíza. O problema é que Gêmeos tem às vezes esse "borboletismo" existencial, ele vai flor em flor experimentando o pólen de todas e provavelmente não fica com nenhuma. Por conhecer um pouco de cada coisa ele tem essa capacidade comunicativa, essa interação com o meio ambiente, conhece todo mundo, mas ele precisa adquirir a determinação do Sagitário. Nós vamos ver assim que a Teoria da Luz e Sombra é enfática em afirmar que um signo não tem propriamente defeitos, senão que pode carecer eventualmente das qualidades do signo oposto. Do ponto de vista teosófico também o mal não existe por si mesmo senão como um bem adormecido, e na verdade nós poderíamos até dizer que as trevas não existem por si mesmas senão como ausência da luz, que na presença da luz as trevas em luz se transformam. Temos ai a ideia da complementariedade, que todo vício é uma virtude em formação, que todo ódio é um amor não resolvido, e que se pudermos transmutar a energia de um polo para o outro conseguiremos o equilíbrio. A busca desse equilíbrio é justamente encontrar esse "Cristo em vós a esperança de glória" - Colossenses 1,27, morando em nosso coração, estando simbolizado justamente no centro do mural. A falta dessa flexibilidade que é a grande virtude geminiana, causa portanto as dificuldades do signo de Sagitário, sendo propenso ao exagero, ao extremismo, ao radicalismo. Pode ser as vezes sem tato e negligente. Ele também não gosta de preocupar-se muito com os detalhes, e movido por um inquieto entusiasmo e um otimismo cego. Em algumas situações pode ser turbulento, caprichoso ou irresponsável, ele quer chegar logo lá, não se preocupa com o trajeto que está seguindo e eventualmente com os obstáculos que ele confronta, ferindo até pessoas no caminho pelo seu excesso de franqueza e por ser direto demais. Nesse sentido, de um modo geral, as dificuldades do signo de Sagitário estão caracterizadas pela falta da flexibilidade do signo de Gêmeos. Nós temos aprovado nos Sindicatos de Astrólogos no Brasil, seja aqui em Brasília - Brasil, seja originalmente no Rio de Janeiro, que o dia Nacional do Astrólogo é o dia 6 de janeiro porque é o dia dos Reis Magos. Eles encontraram Jesus, segundo conta a história, pela posição da Estrela de Belém que segundo Johannes Kepler (1571-1630), o último grande Astrônomo-Astrólogo, teria sido a conjunção Júpiter com Saturno. A ideia de que a Astrologia faz parte da própria origem do Cristianismo foi de alguma forma esquecida, e segmentos de algumas das Igrejas cristãs têm até combatido a Astrologia, o que é difícil de entender, mas isso está associado ao radicalismo do signo de Sagitário. O entusiasmo religioso geralmente tem medo de um questionamento, no entanto, se não existir o questionamento também não haverá o devido aprofundamento, porque só é assimilado aquilo que por nós é digerido e o questionar faz parte do processo mental de digestão e assimilação. Então, quando o sagitariano de alguma forma assume uma postura de crença cega, e não admite que as suas doutrinas possam ser questionadas, ele pode se tornar muito impositivo e radical. A título de exemplo, temos a triste lembrança do que chegou a produzir a Santa Inquisição, porque esse espírito sagitariano, que está em geral relacionado ao radicalismo religioso e à crença cega, não gosta de questionamento. O outro polo extremo do eixo do conhecimento é o do questionamento científico que de alguma forma está ligado à dúvida hiperbólica cartesiana e ao signo de Gêmeos, é que tudo tem que ser questionado para que nós possamos realmente saber o que é a essência do conhecimento. Ele chega a questionar a própria questão, ficando em dúvida até das suas próprias posições, ele cria a tendência ao ceticismo, e assim fica preso a um nível de fatos muito circunscritos, sem conseguir às vezes elaborar a possibilidade de transcender o conhecido em busca do desconhecido, e essa já é uma questão sagitariana, o ousar, o ir em busca do desconhecido e transcender o mundinho conhecido. Essa é a questão impossível que frequentemente foi atribuída à Religião e à Filosofia, onde a Ciência geralmente não entra porque não gosta de especular. Temos aqui uma oposição entre Gêmeos e Sagitário, que representa o eixo do Conhecimento na Astrologia. O signo de Gêmeos que representa de certa forma o livre pensar e o de Sagitário que representa de outra forma a tendência à crença e ao entusiasmo da fé. E nós precisamos das duas coisas, porque um homem sem fé não tem um horizonte na vida, pois como afirma aquele ditado atribuído aos egípcios: "A esperança de um novo dia torna belo o entardecer", se não existe nada além da morte, então qual será o próprio sentido da vida? O outro caso de querer impor às pessoas o que vai acontecer após a morte, com todo o processo de escatologia de crê ou morrer, está mais associado muitas vezes na História à tendência da imposição sagitariana, e nós podemos ver a que ponto pode chegar a intolerância religiosa. Então, se eu compreender, pelo princípio da polaridade, que a energia de Gêmeos e de Sagitário é essencialmente a mesma, mas se mostra em polos opostos, um pelo concreto e outro pelo abstrato, um pela dúvida, outro pelo excesso de certeza, veremos que o equilíbrio entre os dois é justamente simbolizado pelo Cristo que sabe o valor do questionamento e também sabe o valor da fé, que compreende o valor da ciência e o valor da religião, que consegue encontrar o justo equilíbrio entre os dois lados, e essa é a mensagem da polaridade "Luz e Sombra" aplicada ao eixo Gêmeos e Sagitário. Livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios. Abraços. Davi.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

SEXO E BUSCA POR INTIMIDADE

Cristianismo. www.suaescolha.com. Texto de Dick Purnell. SEXO E BUSCA POR INTIMIDADE. Dr. Henry Brandt, na revista “Collegiate Challenge,”contou que existe uma síndrome, um padrão, percebido na visita de casais a ele. Geralmente, a pessoa diz: “No começo, sexo era algo emocionante. Mas depois, comecei a me sentir esquisito sobre mim mesmo e depois, sobre o (a) meu (a) parceiro (a). Nós discutíamos e brigávamos até que finalmente terminamos. Agora somos inimigos”. Esta síndrome é o que chamo de “síndrome do dia seguinte”. Acordamos e percebemos que a intimidade não existe. O relacionamento sexual não nos satisfaz mais, e, no final, temos algo que não é o que realmente queríamos no começo. Tudo o que se tem são duas pessoas egoístas buscando satisfazer seus próprios desejos. Os elementos de amor e intimidade genuínos não podem ser obtidos “instantaneamente”, e a pessoa se encontra num estado de desequilíbrio, procurando por harmonia. Cada um de nós tem cinco partes significativas nas nossas vidas. Temos a parte física, emocional, mental, social e espiritual. Todas essas cinco partes foram planejadas para trabalharem juntas em harmonia. Na nossa busca por intimidade, queremos a solução hoje, ou ontem. Um dos nossos problemas é que queremos gratificação “instantânea”. Para onde nós olhamos? Para o físico, mental, social ou espiritual? Olhamos sempre para o físico. É mais fácil ficar íntimo fisicamente de alguém do que emocional, mental, social ou espiritualmente. Você pode se tornar fisicamente íntimo de alguém do sexo oposto em uma hora, ou meia-hora, dependendo da urgência! Mas logo se descobre que sexo pode ser somente uma solução temporária para um desejo superficial. Existe uma necessidade muito mais profunda, que ainda não foi satisfeita. O que fazer quando a emoção acaba e quanto mais se faz sexo, menos se gosta? Racionalizamos dizendo: “Nós estamos apaixonados. Não, quero dizer que estamos realmente apaixonados”. Porém, ainda nos encontramos com sentimento de culpa e insatisfeitos. Nas universidades por toda a América encontro mulheres e homens buscando por intimidade, indo de um relacionamento para outro com uma esperança, “Desta vez vai dar certo. Desta vez vou encontrar um relacionamento que vai durar”. Acredito que o que realmente queremos não é sexo. O que queremos é intimidade! O QUE É INTIMIDADE? Hoje, a palavra intimidade tem recebido uma conotação sexual. Mas ela é muito mais que isso. Ela inclui todas as diferentes dimensões das nossas vidas – sim, inclui o físico, mas também o aspecto social, emocional, mental e espiritual da mesma forma. Intimidade significa realmente um compartilhar total de vida. Quem não teve uma vez ou outra o desejo de estar próximo, de se unir, de compartilhar a vida com alguém totalmente? Marshal Hodge escreveu um livro chamado “Seu Medo de Amar”(Your Fear of Love). Nele ele conta: “Esperamos ansiosamente por momentos de expressões de amor, proximidade e carinho, mas, frequentemente, ao atingirmos o ponto crítico, retrocedemos. Temos medo de proximidade. Temos medo de amar”. Mais adiante, no mesmo livro, Hodge afirma: “quanto mais próximo se chega de alguém, maior é a chance de haver dor”. É o medo da dor que sempre nos impede de encontrar intimidade verdadeira. Estava dando uma série de palestras numa universidade no sul de Illinois, EUA. Depois de um dos encontros, uma mulher veio até a mim e disse: “Eu preciso contar para você sobre os problemas do meu namorado”. Sentamos, e ela começou a contar sobre seus problemas. Depois de alguns instantes, ela fez a seguinte afirmação: “Agora, tomo atitudes que nunca irão deixar que eu me magoe de novo”. Eu disse para ela: “Em outras palavras, você está tomando atitudes para nunca amar de novo”. Ela pensou que eu tinha entendido errado, então continuou. “Não, não é isso que estou dizendo. Eu só não quero mais me magoar. Não quero dor na minha vida”. Eu disse: “Está certo, você não quer amor na sua vida”. Veja, não existe essa coisa de “amor sem dor”. Quanto mais próximo se chega de alguém, maior é a chance de haver dor. Estimaria que você – e quase 100% da população – diriam que já se magoaram em um relacionamento antes. A questão é: como você lida com essa mágoa? Com a intenção de camuflar a dor, muitos de nós dão às pessoas o que chamamos de “sinal duplo”. Dizemos para uma pessoa, “Olha, eu quero que você se aproxime de mim. Quero amar e ser amado. Mas espera um minuto, me magoaram antes. Não, não quero falar sobre esse assunto. Não quero ouvir sobre essas coisas”. Construímos uma muralha envolta do nosso coração para nos proteger de qualquer um que tente entrar e nos magoar. Mas esta mesma muralha que matem as pessoas fora, nos mantém trancados dentro. O resultado? A solidão encontra espaço e experimentar verdadeira intimidade e amor se torna impossível. O QUE É AMOR? Amor é mais do que emoções e é muito mais do que um sentimento bom. Mas nossa sociedade tomou o que Deus disse sobre amor, sexo e intimidade e transformou em simples emoções e sentimentos. Deus descreve o amor com grandes detalhes na Bíblia, especialmente na Primeira Carta aos Coríntios, no capítulo 13. Para que você tenha uma compreensão total da definição que Deus dá sobre o amor, deixe-me apresentar os versículos quatro ao sete (1Coríntios 13:4-7) a você dessa maneira. Veja o quanto iria satisfazer as suas necessidades se uma pessoa amasse você da maneira que Deus disse que devemos ser amados: Se essa pessoa lhe respondesse com paciência, gentileza, e não tivesse inveja de você? Se essa pessoa não fosse metida ou orgulhosa? Como seria se essa pessoa não fosse rude com você ou não buscasse seus próprios interesses ou se não ficasse irritada facilmente? E se esta pessoa não guardasse registros dos seus erros? Como seria se ela se recusasse a enganar, mas fosse sempre verdadeira com você? E se esta pessoa protegesse você, confiasse em você, sempre esperasse coisas boas de você e perseverasse com você em meios aos conflitos. É assim que Deus define o amor que Ele quer que experimentemos nos relacionamentos. Você vai notar que este tipo de amor é focalizado na outra pessoa. É dar, mais do que buscar os próprios interesses. Só que existe um problema. Quem pode pôr esse tipo amor em prática? Para experimentarmos esse tipo de amor nos relacionamentos precisamos primeiro experimentar o amor de Deus por nós. Você nunca poderá demonstrar consistentemente esse amor por alguém se nunca experimentou ser amado desta maneira. Deus, que conhece você, que conhece tudo sobre você, ama você da maneira perfeita. Deus nos conta através do antigo profeta Jeremias: “Eu a amei com amor eterno; com amor leal a atraí”. (Jeremias 31:3). Por isso, o amor de Deus por você nunca irá mudar. Deus nos amou tanto que permitiu que Jesus Cristo fosse crucificado pelos nossos pecados para que nós pudéssemos ser considerados sem culpa. Nós lemos na Bíblia: “Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Quando voltamos para Deus e aceitamos o seu perdão, então começamos a experimentar Seu amor. Deus diz que: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Deus não somente perdoa os nossos pecados, mas também se esquece deles e nos limpa. A RESPOSTA. O amor de Deus providencia a resposta. Tudo o que temos que fazer é responder a Ele com fé e comprometimento. A Bíblia conta sobre Jesus: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1:12) Deus deixou que Seu único Filho, Jesus, morresse em nosso lugar. Mas não é aqui que a história termina. Três dias depois, Jesus ressuscitou dos mortos. Sendo Deus, Ele está vivo hoje e quer colocar o amor dele no seu coração. Uma vez que você o recebe, você ficará impressionado com o que Ele vai fazer na sua vida e nos seus relacionamentos. A palavra de Deus diz: “Quem crê no Filho (Jesus Cristo) tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho, não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (João 3:36). A vontade de Deus é que tenhamos vida, não somente por hoje, mas por toda a eternidade. Se escolhermos rejeitá-lo, então escolhemos receber a consequência do nosso pecado que é a morte, a separação eterna de Deus. É o aceitar a Jesus Cristo, recebê-lo nas nossas vidas e confiar Nele que nos traz equilíbrio. Fé em Deus libera o perdão de Deus. Não é mais preciso se esconder, não é mais preciso fazer as coisas da nossa maneira. Ele estará sempre conosco. Nós temos paz com Ele. Depois que depositamos a nossa fé e dependência Nele. Seu perdão está disponível para nos limpar dos pecados mais profundos, do mais profundo egoísmo, do mais profundo problema ou luta que tivermos ou iremos enfrentar. INTIMIDADE QUE SATISFAZ. Em toda a Bíblia, a atitude de Deus a respeito do sexo é muito clara. Deus reservou o sexo para o casamento; e para o casamento somente. Não porque Ele quer que nos sintamos miseráveis, mas porque quer proteger o nosso coração. Ele quer construir uma base segura para nós, para que, ao entrarmos no casamento, a intimidade seja baseada na segurança do amor e da sabedoria de Deus. Quando confiamos nós mesmos a Jesus Cristo, Ele nos dá um novo amor e uma nova força dia após dia. Esse é o lugar onde a intimidade que procuramos é satisfeita. Deus dá um amor que nunca irá acabar, que não vai parar com o decorrer dos anos e com a mudança dos tempos. O Seu amor pode unir duas pessoas, com Ele no centro desta união. Em um relacionamento de namoro, enquanto se cresce junto, não somente espiritualmente, mas social, mental e emocionalmente, é possível ter um relacionamento honesto, amável e íntimo que é completo e empolgante! E quando o relacionamento vai adiante e resulta em casamento, a união sexual somente poderá enriquecer a fundação na qual já tinha sido estabelecida. Você pode receber a Cristo agora mesmo em oração. Orar é falar com Deus. Deus conhece o seu coração e Ele está mais interessado na atitude do seu coração do que nas suas palavras. A oração seguinte serve como exemplo: “Jesus, eu preciso do Senhor. Obrigado por ter morrido na cruz por mim. Abro a porta da minha vida e O recebo como meu Salvador e Senhor. Obrigado por perdoar os meus pecados e me dar a vida eterna. Tome conta da minha vida e faça de mim a pessoa que deseja que eu seja”. Esta oração expressa o desejo do seu coração? Se expressa, faça esta oração agora mesmo. Ao colocar sua fé em Cristo, Ele entrará na sua vida como prometeu. Você começará com Ele um relacionamento para a vida toda que irá crescer e ficar mais íntimo a medida que o conhecer melhor. E com Ele no centro deste relacionamento, sua vida terá uma nova dimensão – uma dimensão espiritual – que irá trazer mais harmonia e satisfação em todos os seus relacionamentos. Sobre o autor: Dick Purnell já falou a estudantes em mais de 450 universidades. Ele é autor de 12 livros, incluindo Becoming a Friend and Lover and Free to Love Again: Coming to Terms with Sexual Regret.  www.suaescolha.com. Abraço. Davi.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

VEDANTA - CAPÍTULO I A - O QUE EU QUERO

 

Vedanta. Introdução ao Vedanta em 14 Lições. Tradução do livro de James Swartz. A Essência da Iluminação. CAPÍTULO I A – O QUE EU QUERO. Sobre James: nascido em 1941 em Butte, Montana, EUA. James Swartz é um autêntico professor de Vedanta. Ele foi aluno de Swami Chinmayananda (1916-1993), Swami Abhedananda (1866-1939) e Swami Dayananda (1930-2015), famosos professores de Vedanta. Em sua carreira de professor, em 40 anos, James atingiu milhares de estudantes em todo o mundo. Ele tem uma capacidade única para explicar Vedanta em linguagem moderna e direta ao apresentar o ensino de forma animada, bem-humorada e provocativa. Site de James: http://shiningworld.com/site/ Sobre Vedanta: “Vedanta é a solução para o problema que surge quando me vejo como um mortal imperfeito, sujeito a várias limitações. Vedanta é o ensinamento que resolve este problema. Na visão do Vedanta, você é a solução para o problema que você sofre. Eu sou Brahman, a totalidade é Vedanta. Portanto, Vedanta é a solução” – Swami Dayananda. Motivações. Imagine-­­se na primavera, em um vale de montanhas. Muitas belas flores estão florescendo. Cada uma tem a sua própria beleza, mas se você as organiza num buquê, o todo se torna mais do que a soma de suas partes. Vedanta toma todas as nossas experiências e as organiza numa maneira que nos dê uma perfeita apreciação de nossa verdadeira natureza e propósito de vida. Muitas coisas – maravilhosos arranha-céus e pontes, celulares e a internet – são o resultado do conhecimento coletivo da humanidade. Similarmente, nossa experiência e conhecimento coletivo espiritual, tem se fundido num perfeito buquê de ensinamentos que tem o poder de nos libertar. Isto não pertence a ninguém porque pertence a todos. Este buquê perfeito, este veículo mais refinado, é Vedanta, o conhecimento que termina a procura pelo sentido da vida. O coração humano não descansará até compreender quem, e o que ele é. Sem a visão de não-­­dualidade, você será forçado a continuar procurando. Se você quer compreender quem você é, e viver livremente, você precisa estar aberto para a lógica que se desenrola neste livro. Se você não pode aceitar este primeiro ensinamento, você não poderá se beneficiar do segundo. Se você não pode assimilar o segundo, o terceiro não fará sentido. Cada ensinamento se encaixa perfeitamente em todos os outros, porque a realidade é uma consciência plena. Vedanta é a sua ciência. Para tirar o máximo proveito dela você precisa ser paciente, porque não-­­dualidade é desafiadora. Conhecimento pode surgir num flash, mas ele não permanece sem uma constante exposição aos ensinamentos. Progressivamente, a visão de não-­­dualidade se fundirá na sua mente. Então, leia cuidadosamente. Sem pressa. Você não ficará desapontado. É muito importante ver a realidade como ela é, não como você pensa que é ou quer que seja. Todos são orgulhosos de seus conhecimentos espirituais, então você terá a tendência de avaliar o Vedanta de acordo com suas próprias ideias, mas isto não funciona. Uma vez que você tenha escutado os ensinamentos, você deverá avaliar o que sabe usando como referência o que tiver escutado, não o contrário. Se você avaliar o ensinamento usando como referência suas crenças e opiniões, você falhará. Suas sensações de incompletude, separação e limitação permanecerão. * Veda significa conhecimento em Sânscrito, e anta significa fim. A palavra composta Vedanta tem dois significados: 1) o conhecimento que finaliza a procura por conhecimento, e 2) o conhecimento consagrado no final de cada um dos quatro Vedas. Os Vedas são os mais antigos textos existentes, sobre o tema da consciência plena, o ser. A Lógica. Não Examinada de Sua Própria Experiência. Vedanta é um método impessoal de auto investigação. O primeiro estágio é escutar com uma mente aberta, deixando de lado seus pontos de vista. Escutar sem julgamento é difícil, mas não impossível. Se você estiver decidindo se gosta ou não do que escuta, você não está escutando. Não há nada o que gostar ou desgostar, há somente algo para conhecer. Se você escutar sem preconceito, as palavras farão completo sentido, mas se você estiver somente procurando por uma explicação da realidade que se encaixe na sua visão, Vedanta não é para você. Uma vez que você tenha escutado um ensinamento na totalidade, como ele é, pode deixar suas crenças e opiniões interagirem com a verdade, mantendo aquelas que fazem sentido e descartando aquelas que não fazem. Este, o segundo estágio dá auto investigação, é a reflexão ou contemplação. Se você se render a este processo, terá êxito. Você pode compreender um ensinamento em particular muito bem, mas para ter sucesso com a auto ­­investigação, você precisa compreender a verdade que liga todos os ensinamentos juntos num lindo colar de significados, como pérolas num cordão. A visão de não-­­dualidade não é obtida pela sintetização dos ensinamentos a partir de diferentes tradições. Ela é, entretanto, facilmente obtida se você constantemente expuser sua mente a ela. Eu introduzirei uns poucos termos em Sânscrito, para que você compreenda que isto não é meu ensinamento. Eu não tenho ensinamentos. Eu simplesmente sou uma pessoa que foi ensinada. Eu não quero que você acredite em mim ou que dependa de mim. Eu peço somente que você escute com uma mente aberta a esta grande sabedoria. Você não ficará desapontado nem se sentirá enganado, porque eu sigo as regras da tradição. Eu não tenho um interesse pessoal. Professores fora da tradição, mesmo aqueles sinceros, são comumente guias não confiáveis para a verdade, porque eles sabem somente aquela parte da realidade revelada pela sua própria experiência. Você não obterá conhecimento parcial ou será induzido ao erro por uma pessoa “iluminada” se você escutar o Vedanta, porque ele é uma tradição comprovada pelas escrituras. Se você conhece a fonte de sua grande sabedoria, você pode checar e ver se eu estou ensinando a verdade, ou meramente o que eu penso ou acredito. Ensinar as escrituras me protege, também. Se você tiver algum desentendimento sobre algo que você escutar, o desentendimento será com o ensinamento, e não comigo. Ouvir coisas que você não goste será inevitável. Por favor, não me culpe. Eu sou uma boa pessoa e não desejo aborrecê-lo, mas algumas vezes tenho que dar más notícias. Eu Quero Segurança, Prazer e Virtude A primeira busca do Vedanta é: o que eu realmente quero na vida? É claro que eu não quero ser infeliz. Se a infelicidade vem – e isto acontece – não é porque eu a quero. Provavelmente é porque eu sou incompetente ou ineficiente na minha busca, devido à falta de compreensão a meu respeito e do mundo no qual eu vivo. Todos querem ser livres e felizes, se sentir plenos e completos. Se você pensa que há outra razão para você estar aqui na terra, neste corpo, auto investigação não é para você. Quando as pessoas querem ser livres e felizes, elas procuram por coisas que elas acreditam que as farão livres e felizes. A primeira coisa que nós procuramos é segurança. É lógico, porque a vida é insegura. Você não pode esperar que qualquer coisa dure. Existem muitas formas de segurança, a mais óbvia delas é a segurança financeira. Poucos sentem que tem dinheiro suficiente. É um fato que todos querem mais dinheiro, porque os desejos são infinitos e dinheiro é necessário para se obter o que quer. É natural acreditar que quanto mais dinheiro você tem, mais seguro você será, mas isto não é verdade. A busca é baseada na sensação de insegurança, e insegurança tem muitas faces. Se você está financeiramente seguro, tenha certeza de que você sentirá insegurança em outras áreas da vida. Você pode estar inseguro socialmente ou moralmente. Quando eu pergunto se alguém tem amor suficiente, quase nenhuma mão se levanta. Você sempre acredita que poderia se amar mais ou receber mais amor. Se você quer atenção, isto significa que você é emocionalmente inseguro. Antes que eu vá enumerando as coisas que você busca, você pode saber que nem tudo, necessariamente, se aplica a você. Esta é apenas uma lista geral com base na qual nós estamos expondo certos fatos a respeito da realidade das atividades mundanas. Existe um famoso livro na tradição Vedica, sobre o tema do prazer, o Kama Sutra. Famoso porque prazer é algo que as pessoas sentem que elas precisam conhecer. Uma vez que você está financeiramente seguro, você quer desfrutar a vida, então, várias formas de prazer podem tornar-­­se seu objetivo. Sociedades ocidentais são financeiramente bem-sucedidas e, portanto, nós somos obcecados por diversão. Segurança é uma necessidade; prazer é um luxo. A maioria dos ocidentais não vê pessoas dormindo nas ruas como os cidadãos da Índia, onde luxos são virtualmente inexistentes, e as pessoas não têm tempo para perseguir prazer. Em nosso mundo, luxos tem se tornado necessidades. Quando você está emocionalmente inseguro, você quer se divertir. Veja quanta energia é colocada em diversão: internet, esportes, jogo, viagem, música, sexo, drogas – diga você. Nós realmente não precisamos destas coisas, mas elas estão disponíveis, então nós as queremos. Sundari, minha esposa, as chama de “armas de distração em massa”. Eu passo por aeroportos todo o tempo e tenho que andar por uma provação de lojas com todo o tipo de coisas tentadoras: bolsas de milhares de dólares, montanhas de chocolates e brinquedos eletrônicos, muito numerosos para mencionar. Uma pessoa sã não precisa nem mesmo de um destes itens. Eu comprei uma pequena balança digital no avião ontem, para pesar minha bagagem, para que eu não seja cobrado a mais por carregar meus luxos inúteis de um país para outro. Prazer não é um objetivo que conduz à felicidade, porque momentos de prazer requerem três fatores que nem sempre estão disponíveis: (1) um objeto capaz de dar prazer: algumas vezes eu estou ao ar livre em uma bela paisagem cercado por mosquitos; (2) um instrumento apropriado, efetivo para a apreciação do dito objeto: algumas vezes uma bela música está tocando mas eu estou com dor de cabeça; e (3) a presença de uma estrutura mental adequada para apreciação: algumas vezes eu estou me sentindo excitado na presença de uma pessoa sexy, desejável, mas eu estou preocupado em perder o meu emprego. Já que o prazer é dependente destes fatores sempre mutáveis, momentos de prazer são ocasionais e fugazes. Este fato deveria – se eu sou uma pessoa que pensa – me levar a concluir que deve haver buscas mais frutíferas. Digamos que você está seguro financeiramente, e você está desinteressado em prazer porque sua vida é boa pelos critérios habituais. Entretanto, você não sente que seja bom o suficiente como pessoa. Você se sente egoísta, fútil, arrogante e autoindulgente; talvez você seja cruel ou não muito honesto. Você sabe que tem um problema moral, e você se sente culpado. Consequentemente, você gostaria de ser mais honesto, puro, espiritual, doce, generoso e amável. O que você faz? Você persegue a virtude. Em culturas Cristãs você aprende que é um pecador tão logo sai do ventre. Sim, existe um prazo de carência quando Mamãe e Papai pensam que você é um presente de Deus para a raça humana e te enchem de afeição. Mas não demora muito para que eles comecem a te dizer que algo está errado com você. Isto é novo para você, um rude despertar. Antes que perceba, você começa a ter um complexo. Você acredita, sem um fiapo de evidência, que não é bom o suficiente. Nestes dias, muitas pessoas com baixa autoestima trabalham duro para tornarem-­­se piedosos e bons. Este esforço para ser virtuoso é muito triste, porque nada está realmente errado com você. Algumas pessoas se sentem fracas e partem para buscar poder. Eles tendem a fazer as vidas dos outros infeliz, porque eles se sentem infelizes por dentro. Pessoas querem muitas outras coisas, mas a última que eu mencionarei é fama ou reconhecimento. Você se sente pequeno e desimportante porque existe uma pequena pessoa dentro de você – uma criança interna que nunca cresce, uma pequena pessoa que quer ser notada e apreciada. Então você se torna uma praga carente, sempre procurando atenção. Você desenvolve estratégias sofisticadas para levar as pessoas a notá-­­lo. Não existe necessidade de discutir todas as buscas humanas; estas são as básicas. Todas são destinadas a fazê-lo se sentir adequado, pleno, completo, feliz e livre. Vamos ver se elas funcionam. Nós chegamos agora a um ponto muito importante de nossa primeira investigação. Alguma parte de você não vai gostar do que vem a seguir, mas tente admitir isso. Examine a lógica cuidadosamente. Incapacidade de compreender o próximo ensinamento pode desqualificá-lo para a iluminação. Existe Felicidade? Todo mundo tem sido feliz por um minuto ou dois, uma hora, uma semana ou um mês. Isto prova que felicidade existe. Mas de onde ela vem? Ela está em Objetos? Quando você consegue o que quer, você se sente livre, feliz, completo e pleno. Isto significa que o sentimento de felicidade-­­plenitude-­­perfeição-­­liberdade vem de um objeto? Você não persegue coisas para fazer você mesmo infeliz. Você persegue o que persegue porque acredita que a alegria está de alguma maneira contida nos objetos. Mas isto é verdade? Existe felicidade em objetos? Se isto é verdade, o mesmo objeto daria felicidade para todo mundo. Uma vovó que tricota meias e pequenos gorros de lã para seus netos, não vai apreciar bungee jumping. Você pode ver a vovó parada na borda de uma ponte com cordas de bungee jumping atadas às suas pernas? E quão feliz ficará seu neto adolescente, que ama pular de pontes, tricotando meias? Se objetos são a fonte de alegria, é razoável perseguir coisas no mundo. Vamos analisar a situação e ver onde a alegria reside. Você tem uma fantasia bem desenvolvida a respeito da pessoa perfeita – sua alma gêmea. Você acredita que sua solidão terminará e a felicidade virá quando ela aparecer. Você vai a um encontro. Você vê alguém que se encaixa em sua fantasia. Seus olhos se encontram através da sala. Você sente uma emocionante excitação. O que acontecerá com a fantasia quando você realmente se conectar com a pessoa? Ela desaparece! Por quê? Porque o objeto está presente. Um grande sentimento de amor e felicidade jorra sobre você. Você presume que a alegria está vindo do objeto e imediatamente se torna apegado a ele. Mas sua suposição está incorreta. O que de fato acontece é que quando o desejo pelo objeto desaparece, o amor que é a natureza do ser, imediatamente inunda a mente. O objeto não é a fonte do sentimento; ele é apenas o catalisador que libera sua alegria inerente. A única conclusão razoável que eu posso traçar me leva a perguntar: se felicidade/amor é minha natureza, por que eu estou procurando por isto em objetos? Se você não pode aceitar este fato agora, nós ainda podemos te ensinar. Vamos aceitar a sua argumentação de que a felicidade está em objetos. Antes que nós continuemos, deixe me fazer esta pergunta: que tipo de felicidade ela é? Você não pode reivindicar que ela é uma felicidade permanente. Quando a experiência termina, sua sensação de incompletude retorna e você tenta reconectar com o mesmo objeto, ou então procura um novo objeto. Você pode argumentar que felicidade objetiva funciona se você puder permanecer conectado com as coisas que parecem fazê-lo feliz. Mas objetos vem e vão. Nenhum objeto fica permanentemente na sua vida. A única constante sou eu, o sujeito. Vedanta afirma que a natureza do sujeito é êxtase ilimitado. É uma afirmação que iremos provar de várias maneiras. Mas se você está apegado à sua crença no valor de objetos para felicidade, por favor, experimentalmente, aceite nossa visão como uma hipótese de trabalho e escute estes ensinamentos. Pode ser que você mude de ideia. Objetos não funcionam como fonte de felicidade, por uma razão muito simples: eu busco por plenitude quando eu já sou completo. Eu faço isto porque eu não sei quem eu sou. Nós podemos considerar um triste fator a mais, a respeito de objetos: você não se livra da procura quando consegue o que quer, porque o esforço que foi usado em obter o objeto é requerido para mantê-­­lo. Está tudo indo por água abaixo, o tempo todo. Se você consegue um bom trabalho, seus problemas apenas começaram; você tem que trabalhar duro para mantê-­­lo. Se você é sortudo o suficiente para que alguém se apaixone por você, você precisa corresponder mais ou menos constantemente, ou o amor irá para outro lugar. Finalmente, não somente os objetos são inerentemente falhos em termos de seu conteúdo de felicidade, mas o campo no qual os objetos aparecem está estabelecido de tal maneira, que a felicidade permanente é impossível. O campo de minha experiência, o qual é apenas a minha mente, é a dualidade. Isto significa que porque eu não conheço a natureza não- ­­dualista da realidade, eu penso em termos de opostos. Para cada subida existe uma descida. Cada ganho acarreta uma perda. Por exemplo, você se apaixona e descobre intimidade. Mas você também sofre por apego. Viver na casa de seus sonhos faz você feliz, mas para tê-­­la você tem que fazer uma hipoteca e pagar uma boa quantia por trinta anos, o que não o faz feliz. A vida é assim. Não existe maneira de derrotar o sistema e conseguir somente o lado positivo de suas experiências de vida. Como diz o poeta, vida é “alegria e tristeza misturados. Ela é um jogo de soma zero. Definições de um Objeto Um objeto é qualquer outra coisa além de mim, o sujeito. Meu corpo aparece como um objeto para mim. Meus sentimentos aparecem em mim e são conhecidos por mim. Eles também são objetos, como são meus pensamentos, crenças e opiniões. Definitivamente, qualquer coisa que eu experiencio é um objeto, incluindo o passado, presente e futuro. A própria experiência é um objeto conhecido por mim. Por favor não se esqueça dessa definição, porque ela é a essência da auto investigação; você precisará dela até o fim de sua investigação – e além. Esta é a base da prática que libertará você. Eu Não Sou um Objeto Se algo é conhecido por mim, ele não pode ser eu. Objetos físicos, pensamentos e emoções e minhas experiências no mundo, são objetos conhecidos por mim. Eu Sou Separado dos Objetos? Vamos aprofundar nossa investigação. Onde é que eu termino e os objetos começam? Existe uma separação? Se existe, qual é o tipo de separação? Se você analisar a percepção, você verá que os objetos não são realmente separados do sujeito, eu. A luz atinge objetos e viaja através dos olhos, e a experiência e o conhecimento do objeto acontece na mente. O conhecimento do objeto é verdadeiro para o objeto. Se um cachorro está andando diante de você, você não vê um gato. Do que a experiência do cachorro é feita? Ela é feita da sua mente, o instrumento de percepção. A mente é sua plena consciência tomando a forma dos vários objetos. Ela pode conhecer qualquer coisa porque ela é sem forma e ilimitada. Se você pensar a respeito da experiência do cachorro, você pode ver que a partir de um ponto de vista experiencial, o cachorro está, na realidade, em sua mente, não do lado de fora andando na rua. Ele aparece como se estivesse fora, mas se você tentar experiencia-­­lo fora, você não pode. Não interessa o quão próximo você se aproxima do cachorro, ele é sempre um objeto. Você não pode simplesmente pular fora do seu corpo-­­ mente e experenciar objetos, porque objetos não estão localizados onde eles parecem estar. Eles sempre parecem estar longe de nós, mas eles não estão. Aqui está uma das afirmações contraintuitivas do Vedanta: objetos não são reais. Quando nós dizemos que eles não são reais, nós queremos dizer que eles nunca permanecem os mesmos de segundo a segundo, e eles são feitos de partes. Qual parte do cachorro é realmente o cachorro? O pelo, os dentes, as patas, o nariz? E se o cachorro é o nariz, o que é o nariz? Ele é uma agregação de partículas mudando de acordo com as várias leis naturais. Então, qual partícula é a partícula do nariz? Quando você chega muito perto do cachorro, o cachorro é apenas um remendo de pelos. Quando você investiga, todos os objetos, em última análise, se resumem ao espaço no qual as partículas e o observador desse espaço aparecem. O observador é consciente do espaço e dos objetos que aparecem nele, do contrário eles não poderiam ser conhecidos. E a consciência plena do observador é a consciência plena que conhece tudo. Livro A Essência da Iluminação. Introdução ao Vedanta em 14 Lições. Abraço. Davi