quinta-feira, 30 de março de 2023

ATMAN - A MONADA

 

Editor do Mosaico. Teosofia. ATMAN – A MONADA. Na Índia há uma árvore que os Brâmanes hindus consideram como a representação setenária (sete partes) do homem. Ela é pequena e contém sete galhos folheados. É simbolizada como as sete partes do homem; que por sua vez, se dividem em duas. Uma representa o quadrado em quatro partes e a outra representa o triângulo de três vértices. Essa tipologia de duas partes do homem traz uma melhor compreensão de suas características físicas densa e espessa e espiritual fluida e volátil. Grosso modo podemos exemplificar como aquilo que é material e o que é imaterial. No cristianismo temos a clássica divisão do ser humano como: corpo, alma e espírito. O corpo é a parte material e perecível, a alma o lado imanente – que se expressa através da percepção dos sentidos, emoções e sensações. Ela é a personalidade exteriorizada no temperamento e comportamento humano. O espírito é a parte transcendente, identificada com a centelha divina em cada indivíduo. Gênesis 2,7 “E formou o Senhor Deus o homem do pó da Terra, e soprou em suas narinas o folego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Gênesis 3,19 “(...) porquanto és pó e em pó te tornarás”. O pensamento teosófico baseado nas tradições orientais, expande estes aspectos dando novos nomes e aplicando conceitos mais abrangente e refinados, alguns em sânscrito - língua hindu. Esse assunto sempre volta a tona pois, quando falamos do humano num de seus aspecto, precisamos comentar os outros para uma abrangência mais precisa do raciocínio a ser usado. A bipartição humana é formada da parte inferior chamada quaternário e da parte superior chamada tríade. A camada inferior contém: o corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o manas inferior, denominado alma humana. Essa categoria é a representação de nossa personalidade o conjunto de características psicológicas, que determinam os padrões de pensar e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é um processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. É importante para os futuros renascimentos que a personalidade seja completamente desintegrada após a nossa morte, pois como o centro dos desejos, prazer e vontade mundanos "ela" age involuindo nosso progresso espiritual quando a tomamos para dar vazão aos nossos vícios – ciúme, discórdia, ódio, inveja, luxúria, ira, egoísmo e outros. Não havendo um desprender adequado da personalidade, pós mortem, devido a que, nosso carma precisará ser compensado dentro de reencarnações reparadoras e retificadoras. Por conseguinte, a personalidade passará por um doloroso processo de eliminação. Uma boa analogia está em Mateus 25, 30 "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores, ali haverá pranto e ranger de dentes". As "trevas exteriores" aqui, é um lugar de disciplina corretiva para reparar o carma negativo que foi adquirido na encarnação passada. Conforme a gravidade do vício, ela prosseguira em futuras reencarnações, até ser completamente eliminada. A camada superior contém: o Manas Superior - alma espiritual, Buddhi - intuição e Atma - consciência. Esta classe é a tipificação de nossa individualidade – nossa parte perene que se une ao Divino em nossa Senda evolucionária. Ela é a instância onde reviveremos nossos futuros renascimentos. A compreensão é que nossa vida atual é o resultado das vidas passadas que vivemos. A doutrina teosófica mensura pelo menos 777 novos renascimentos, um postulado feito por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) em sua celebre obra A Doutrina Secreta. Isso pensando em nosso planeta Terra onde se imagina começar nosso percurso evolutivo. Entretanto esse número não é unanimidade entre os estudiosos da filosofia oculta, preferindo alguns suporem milhares de renascimento como forma de nos unificar ao Logos Divino. A individualidade é perdurável pela eternidade. Acendendo num desenvolvimento e progresso contínuos até a completude com o Espírito Universal. A questão que se coloca diz respeito a luta do ego inferior, personalidade, com o ego superior ,individualidade. O que a Bíblia Sagrada diz em Gálatas 5,17 “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja o vosso querer”. São dois “magnetismos” onde um é negativo e o outro positivo. O negativo deseja apenas os prazeres mundanos e materialistas. Satisfação própria, saciedade, compromissos com vontades efêmeras e ilusórias. O positivo busca percorrer a Senda Espiritual através da - "alegria, paz, longanimidade, benignidade, mansidão, domínio próprio; contra essas coisas não há Lei". Mateus 7, 14 "E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontrem". Tendemos a praticar mais os vícios que estão latentes em nossas emoções, do que as virtudes que precisam ser desenvolvidas pela nossa intuição e consciência - elementos do Divino que estão latentes em nós, precisando ser despertados por uma mente e atitude corretas. É como subir numa montanha de forma espiralada, até alcançar o cume. Este percurso sinuoso e difícil é para aqueles que desejam alcançar o nirvana, gozo e conforto entre os períodos das desencarnações, ou descanso por seu trabalho de beatitudes e méritos para com seu próximo. Um lugar de consolo. Lucas 16, 22 "E aconteceu que o mendigo Lázaro morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". Seu carma foi reparado em vidas passadas e na atual. Nosso grande desafio nesta encarnação é vivermos mais nossa individualidade, a busca pelas coisas espirituais envolvendo a ética e a mora, desgrudando-nos da personalidade. O apego exagerado ao hedonismo, narcisismo, consumismo e futilidades temporais. O tema desta palestra é Atman - Monada. Seu conteúdo está num livro chamado A Doutrina Secreta da escritora russa Helena P. Blavatsky (1831-1891). Vimos que Buddhi é o envoltório da chispa divina o raio luminoso ou monada, que descendo a Terra iniciou o processo evolutivo humano mineralizando um fragmento de rocha. Um famoso texto da tradição mística judaica contido na cabala diz: “Do mineral tornou-se vegetal, do vegetal tornou-se animal, do animal tornou-se homem, do homem tornou-se espírito e do espírito tornou-se deus”. Interessante que estudos avanços no campo da física quântica e a nano física comprovam níveis de consciência nesses elementos citados anteriormente. Nos minerais é justificado a presença de primitivas formas de consciências latentes. Como exemplos temos os cristais de rochas. Eles com suas formas de poliedros, tetraedros, hexágonos, cubos geométricos vistos em laboratórios, microscopicamente realizam mudanças de interações de partículas. Supõe-se um comando em seus bilhões de átomos que realizam ligações à uma primitiva consciência. Nas plantas isso é bastante visível a olho nu. Elas voltando se para a posição do Sol, procuram uma melhor adaptação para realizarem o processo de fotossíntese, fundamental para a produção de seus nutrientes e trocas gasosas com o meio ambiente. As células vegetais agrupam-se em trabalhos organizados para despoluírem ambiente naturais assoreado, além de agirem eliminando da atmosfera moléculas de metais pesados como: bromo, flúor, carbono, iodo entre outros. É comprovado por pesquisa científica que as plantas têm percepção quanto ao calor e frio, além de sensibilidade ao receberem carinho ou maus tratos. Os animais são alvos de estudos deste os tempos de Ivan Pavlov (1849-1936). Ele com sua psicologia experimental percebeu uma anterior evoluída consciência nesses bichos. Você teve ter um em sua casa, reconhecendo os seus afetos, sentimentos, gostos, alegrias, tristezas expressões parecidas com as humanas. Cães, gatos, macacos e ratos são usados pela ciência investigativa nas mais diversas experiências. A psicologia e outros ramos da ciência têm nos cães e outros animais objetos de estudos, cobaias para, após resultados estatísticos comprovados, aplicarem suas conclusões técnicas laboratoriais em seres humanos. Fatos como esses revelam uma consciência mais adiantada nesses animais que em espécies de outros reinos da natureza. A monada, a centelha divina, está velada, encoberta em cada um desses estágios evolutivos do homem. Salmos 82, 6 "Eu disse: Vós sois deuses e, todos filhos do Altíssimo". Atma é o Espírito Universal, A Consciência Cósmica, O Deus Eterno o idealizador, promotor, assegurador, realizador e concluído do processo evolutivo universal. Este raio luminoso, monada é uma partícula de Atma. Quem primeiro formulou esta teoria foi o filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Ele concebia a monada como um bilionésimo fragmento de átomo. Uma substância segundo ele indestrutível e indissolúvel. Esta monada ou raio vindo de um dos planetas de nosso Sistema Solar incidiria sobre um ínfimo grão de rocha desencadeando assim o processo evolutivo da vida humana. Isso num tempo passado que não conseguimos mensurar no espaço tempo matematicamente. A monada encapsulada em Atma é o princípio ativador da existência. Ela perfaz as várias raças raízes onde encarnamos, reencarnamos e desencarnamos cumprindo o que determina o carma, a lei da causa e do efeito. Segundo o pensamento teosófico vivemos a quinta raça raiz de um total de sete raças raízes. A primeira raça é a dos nascidos por si. Os sem mente. A segunda raça é a dos nascidos do suor. Os sem osso. A terceira raça é a dos nascidos do ovo. Os Lemurianos que eram gigantes. A quarta raça é a dos Atlantes. Também eram gigantes. A quinta raça é a atual nossa chamada de Ariana. A sexta raça será mais desenvolvida que a quinta. A sétima raça será mais desenvolvida que a sexta. Todas as mencionadas raças para começaram um novo ciclo, passam por um processo de desintegração e reintegração. As atuais monadas da quinta raça, ao final de seu processo evolutivo, serão recolhidas, voltando ao seu ponto de origem que é o Logos Divino, a Consciência Universal. Nesses dois últimos estágios, sexta e sétima raças, os indivíduos terão uma consciência muitíssimo evoluída. Duas glândulas cerebrais tem sido, século passado e neste objeto de estudo da ciência atualmente. A glândula pineal é uma pequena glândula endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios. Acima do aqueduto de Sylvius – função – produz a melatonina. Esse hormônio sincroniza os vários ritmos circadianos do organismo com os ciclos dia e noite. Segundo recentes pesquisas tem propriedades psíquicas de teletransporte através de suas partículas atômicas. Abre-se a possibilidade de comunicação com outras consciências menos e mais evoluídas que a nossa. O hipotálamo com formato de uma amêndoa liga o sistema nervoso ao sistema endócrino. Ele é o produtor dos hormônios que ativam as emoções e a sexualidade. Pesquisas e investigações científicas realizadas nesse órgão esperam para num futuro, grandíssimo desenvolvimento do áudio vidência, audição de infra e ultra som. E a clarividência, leitura e transmissão de pensamentos com outras pessoas. Também percepção de infra e ultra cores). O que a neurociência tem chamado de "ativação" do sexto e do sétimo sentidos humanos. Completando-se assim o ciclo evolutivo cósmico. Este assunto que abordamos é de um nível de compreensão mais apurado. Envolvendo uma considerável abstração lógica para entender suas premissas e pressupostos. Uma matéria que deve ser investigada e analisada demoradamente com acuidade e perícia. Abraço. Davi.      

segunda-feira, 27 de março de 2023

O SEDER DE PESSACH É O COPO DE ELIAHU

 

Um dos componentes místicos do SEDER DE PESSACH É O COPO DE ELIAHU  - o quinto copo de vinho que servimos, mas do qual não bebemos - em homenagem a Eliahu HaNavi - o profeta que anunciará a vinda de Mashiach. A tradição judaica nos ensina que o Profeta Eliahu visita todos os Sedarim. com o Copo de Eliahu, essa cerimônia não apenas celebra a redenção histórica do Povo Judeu da escravidão egípcia, mas também chama a atenção para sua futura redenção. Um mandamento essencial durante o Seder de Pessach é a ingestão de quatro copos de vinho1. De certa forma, o Seder, que significa “ordem”, gira em torno da ingestão desses copos. E se inicia com a recitação do Kidush, ao término do qual se toma o primeiro dos quatro copos de vinho. Encerra-se com a ingestão do quarto copo de vinho, logo após a recitação do Halel HaGadol (Salmo 136) e de alguns trechos adicionais de louvor a D’us. Os Quatro Copos simbolizam vários conceitos de grande importância na História Judaica. Contudo, como ensina o Talmud de Jerusalém (Talmud Yerushalmi), a ideia mais conhecida é que representam os quatro estágios da redenção do Povo de Israel da escravidão no Egito. No segundo livro da Torá, o Livro Êxodo (Shemot), que narra os eventos que celebramos em Pessach, lemos a maneira como D’us assegura a Moshé que, apesar de sua intervenção junto ao Faraó ter, a princípio, piorado a opressão contra o Povo Judeu, a libertação estava prestes a ocorrer. D’us diz a Moshé para transmitir a seguinte mensagem aos Filhos de Israel: “Eu sou o Eterno! E vos tirarei de debaixo das cargas do Egito e vos salvarei de seu serviço e vos redimirei com braço estendido e com grandes juízos. E vos tomarei por Meu Povo, e serei para vós D’us, e sabereis que Eu sou o Eterno, vosso D’us” (Êxodo 6:6-7). Os quatro copos de vinho ao longo do Seder simbolizam as quatro expressões de redenção contidas neste versículo: “Eu vos tirarei” (v’hotzêti), “e vos salvarei” (v’hitzalti), “e vos redimirei” (v’ga’alti), “e vos tomarei (v’lakachti) por Meu povo”. Com base em uma passagem do Talmud Babilônico (Talmud BavliPesachim 118a), há uma disputa entre os Rishonim – os grandes Sábios que viveram do século 11 ao 15 e que foram os primeiros comentaristas do Talmud – sobre a dúvida de haver ou não a obrigatoriedade de se tomar um quinto copo de vinho durante o Seder. Afirma o Talmud: “Acerca do quarto copo (de vinho), diz-se todo o Halel [Hamitzri] (Salmos 113-118) e, em seguida, o Halel HaGadol (Salmo 136); estas são as palavras de Rabi Tarfon”. Contudo, algumas versões do Talmud inserem as palavras “no quinto copo (de vinho) termina-se o Halel [Hamitzri] e se diz o Halel HaGadol ”. Rashi, que escreveu o comentário clássico sobre a Torá e o Talmud, discorda da versão deste último que menciona um quinto copo de vinho. E considera essa menção um erro do escriba. Conclui explicando que deveria ser “o quarto copo”, não o “quinto”. Rambam (Maimônides), um dos principais legisladores na Lei Judaica, aceita o texto dissonante. Escreve que após beber os quatro copos e completar o Halel [Hamitzri], pode-se encher um quinto copo e o tomar após a recitação do Halel Hagadol. Contudo, ele observa que esse copo não é obrigatório, diferentemente dos outros quatro. Outros Sábios foram mais adiante, afirmando que era uma mitzvá – um mandamento – beber um quinto copo no Seder. Seguindo o Rambam, muitos judeus iemenitas tomam cinco copos de vinho durante o Seder, sendo este também o costume em vários grupos chassídicos, como as dinastias Kotzk, Shochachov e Izbitz, da Europa Oriental. Poderíamos perguntar: se os Quatro Copos estão associados com as quatro expressões de redenção que constam no versículo 6: 6-7 do livro Êxodo, não seria evidente o erro na variante do texto do Talmud que menciona um quinto copo de vinho? Qual a razão para se tomar esse copo adicional durante o Seder? A resposta é que há um quinto termo de redenção no versículo da Torá que se segue imediatamente ao que contém as quatro expressões de redenção. E essa quinta expressão é a seguinte: “E vos levarei (v’hevêti) à Terra, pela qual levantei Minha mão para dá-la a Avraham, Yitzhak e Yaacov; e a darei a vós por herança – Eu, o Eterno” (Êxodo 6:8). De fato, a Torá deixa claro que o propósito do Êxodo não foi apenas libertar o Povo de Israel da escravidão no Egito, mas levá-lo à Eretz Israel, a Terra de Israel – eterna pátria ancestral dos descendentes de Avraham, Yitzhak e Yaacov. Algumas autoridades rabínicas sustentam haver uma conexão entre esse quinto termo de redenção e a obrigação de se tomar um quinto copo durante o Seder. Contudo, diferentemente das quatro expressões de redenção – todas integralmente ocorridas à época do Êxodo – a quinta expressão, que fala do Povo Judeu viver na Terra de Israel – não se verificou durante grande parte da História Judaica. Com a queda do Templo Sagrado de Jerusalém, o Povo de Israel foi exilado de sua terra e viveu na Diáspora durante quase dois mil anos. Mesmo com a criação do Estado de Israel, não ocorreu ainda uma redenção completa em nossa Terra: o Templo Sagrado permanece em ruínas, milhões de judeus ainda vivem fora de Eretz Israel e o Estado Judeu ainda continua engajado em conflitos e disputas territoriais e luta para garantir sua própria sobrevivência. O Copo de Eliahu. Apesar da grande maioria de comunidades judaicas tomarem quatro – e não cinco – copos de vinho ao longo do Seder de Pessach, há, sim, um quinto copo que, apesar de não bebermos dele, tem um lugar de destaque durante a cerimônia. Um costume tradicional é encher com vinho um copo grande, bem bonito, e o deixar sobre a mesa, em lugar de destaque, durante parte, ou segundo alguns, durante todo o Seder (V. Kitzur Shulchan Aruch 119:1). Esse copo é conhecido como o Kós shel Eliahu, o Copo de Eliahu HaNavi – o Profeta Eliahu. É possível que, como um meio-termo para a disputa não resolvida entre nossos Sábios acerca da obrigação de se tomar um quinto copo, tenha sido instituído o costume de se ter à mesa do Seder esse quinto copo que fica intocado, sem dele se beber – o Kós shel Eliahu. O Chatam Sofer comenta que o copo ao qual chamamos de Kós shel Eliahu na verdade ocupa o lugar de um quinto copo de vinho, e representa a quinta expressão de redenção – v’hevêti. Segundo o Gaon de Vilna, o quinto copo leva o nome de Kós shel Eliahu porque, como ensina o Talmud, quando Eliahu HaNavi voltar ao mundo para anunciar a chegada do Mashiach, ele resolverá todas as disputas da Halachá, a Lei Judaica – inclusive esta sobre a obrigação de se tomar um quinto copo de vinho durante o Seder. Encontramos uma antiga fonte que discute o costume de se colocar na mesa do Seder o copo de Eliahu HaNavi nos trabalhos do Rabi Zelikman Binga (Séc. 15), aluno e genro do Maharil 2. Em seu comentário sobre o Tratado Talmúdico que discute as leisde Pessach (Tratado Pessachim), ele relata ter testemunhado indivíduos que têm um quinto copo de vinho, no Seder, e o chamam de Copo de Eliahu. Ele deduz que a prática provavelmente seja relacionada com a nossa esperança de que Eliahu HaNavi venha na noite do Seder – a noite da redenção do Egito – para anunciar a redenção final: a chegada do Mashiach. De forma similar, a Mishná Berurá (480:10) – uma obra fundamental contemporânea sobre a Halachá (Lei Judaica) de autoria do Chafetz Chaim – afirma que o copo é chamado de Kós shel Eliahu em alusão ao fato “de acreditarmos que assim como D’us nos redimiu do Egito, Ele nos redimirá, novamente, e enviará Eliahu para anunciar a redenção”. Outros dizem que o propósito do copo é permitir que o Profeta, após anunciar a chegada do Mashiach, possa cumprir sua obrigação de beber os Quatro Copos (V. Heinrich Guggenheimer, The Scholar’s Haggadah, 365-6). O Rabi Yair Chaim Bacharach (Chavot Yair [1639-1702]) fornece uma razão original para se referir ao copo como Kós shel Eliahu. Iniciamos o Seder recitando o Kol Dichfin, uma oração que expressa nosso desejo de convidar pessoas. A seguir, preparamos um copo para nossos convidados e nos referimos a este como sendo o Kós shel Eliahu, já que Eliahu HaNavi é nosso convidado mais importante e aguardado. Por que razão Eliahu HaNavi visita todo Seder de Pessach? Para entendermos por que razão o Profeta Eliahu visita todo Seder de Pessach, precisamos primeiro nos familiarizar com a história desse lendário profeta. Eliahu HaNavi, que aparece pela primeira vez no Livro dos Reis (Melachim), continuou sendo muito proeminente ao longo de toda a História Judaica. Como se sabe, ele ascendeu vivo aos Céus. A tradição judaica nos ensina que o Profeta Eliahu reza a D’us por misericórdia para o Povo de Israel e que ele é, frequentemente, o mensageiro Divino oculto na Terra com o intuito de ajudar o Povo Judeu. E, por fim, como consta no Livro de Malachi – o último livro dos Profetas – Eliahu HaNavi retornará ao mundo para proclamar a vinda do Mashiach. A história da vida toda do Profeta Eliahu – as guerras espirituais que ele lutou em prol de D’us e os vários milagres e a ressurreição que ele realizou – estão além do escopo desta matéria. Aqui nos concentraremos em um episódio específico da vida de Eliahu HaNavi, que explicaa razão pela qual ele visita as mesas do Seder. Nascido em torno do ano 900 antes da Era Comum, o profeta Eliahu viveu durante um período turbulento na História Judaica. Após a morte do Rei Salomão, Shlomó HaMelech, o Reino judaico foi dividido em dois: Israel e Judá. Entre todos os reis das Dez Tribos do Reino de Israel, o mais notório foi Ahab. Ele escolheu para si uma esposa não-judia, Jezebel – filha do Rei dos Sidônios. A Rainha Jezebel era uma fervorosa adoradora de ídolos e assassina cruel e sanguinária que exterminou praticamente todos os profetas judeus e promoveu os falsos profetas de sua religião idólatra. O principal adversário do Rei Ahab e da Rainha Jezabel foi Eliahu HaNavi, um fervoroso profeta de D’us. Após a famosa confrontação no Monte Carmel, na qual o Profeta Eliahu triunfa sobre os falsos profetas idólatras de Jezebel, essa malvada rainha jura matá-lo. Temendo por sua vida, Eliahu foge. Quando chega no Monte Sinai – o local onde D’us Se havia revelado a todo o Povo de Israel e dera a Torá por meio de Moshé Rabenu – Eliahu vivencia uma visão profética: “A Palavra do Eterno veio a ele, dizendo, ‘Por que estás aqui, Eliahu?’”. O profeta responde, “Agi com grande zelo pelo Eterno, D’us das Legiões, pois os Filhos de Israel abandonaram o Teu pacto; eles destruíram Teus altares e mataram Teus profetas com a espada, de tal modo (que) apenas eu continuo vivo, e eles agora buscam tirar minha vida” (I Reis, 19:10). O profeta faz essa declaração não apenas uma vez, mas duas: ele diz a D’us que o Povo Judeu havia abandonado seu pacto com Ele e que apenas ele, Eliahu, permanecera sendo um fiel servo de D’us. O Midrash (Shir HaShirim Rabbah 1:6) nos revela que essas palavras de Eliahu não agradam a D’us: O Todo Poderoso não permite que ninguém – nem mesmo um dos maiores profetas de todos os tempos – difamasse Seus filhos, o Povo de Israel. Apesar da indiscutível grandeza de Eliahu HaNavi – um profeta tão poderoso que realizara muitos milagres, fizera ressuscitar uma criança e escapara da morte, subindo vivo aos Céus – ainda assim D’us o repreendeu por difamar o Seu povo, o Povo Judeu, indicando o profeta Elishá para o suceder. O Zohar, a obra fundamental da Cabalá, ensina que, como resultado da repreensão do Eterno, Eliahu jurou sempre buscar as boas ações do Povo Judeu e as relatar ao Trono Celestial. A obra Pirkei d’Rebbi Eliezer (Capítulo 29), com base na passagem do Livro dos Reis acima descrita, registra um incidente no qual D’us diz a Eliahu HaNavi que ele iria testemunhar cada uma das circuncisões de meninos judeus (o Brit Milá) e, assim, ser testemunha de que o Povo Judeu cumpre esse mandamento. Por que razão, entre todos os demais rituais judaicos, é especificamente este que o Profeta Eliahu precisa testemunhar? A razão é que Eliahu HaNavi havia acusado o Povo Judeu de ter abandonado seu Pacto com D’us: “...pois os Filhos de Israel abandonaram o Teu pacto” (Vritechá). O mandamento da circuncisão é chamado de Brit Milá, “o pacto da circuncisão”, pois constitui um pacto, um sinal entre cada homem judeu e D’us. Assim sendo, D’us envia o Profeta Eliahu a cada Brit Milá – em todos os tempos e em todos os lugares, geração após geração – a fim de que ele veja que, contrariamente ao que alegara, o Povo Judeu não abandonou seu pacto com D’us. Com base no ensinamento de que Eliahu HaNavi está presente em todas as cerimônias de circuncisão de meninos judeus, nossos Sábios instituíram a Kissê shel Eliahu, a Cadeira de Eliahu, que serve para reconhecer a presença do Profeta nessa cerimônia religiosa. O fato de Eliahu HaNavi estar presente em todo Brit Milá ajuda a explicar a razão para que, no Seder, se inclua um quinto copo – o Copo de Eliahu. Há várias ligações diretas entre o Brit Milá e o Seder de Pessach. Por exemplo, somente um homem circuncidado poderia comer do Corbán Pessach (o Sacrifício Pascal comido durante o Seder). Apesar da Torá não se referir ao Seder como um pacto entre D’us e o Povo Judeu, essa cerimônia é o rito judaico que recorda e celebra a gênese dos Filhos de Israel como o povo que D’us escolheu para Si. Interessante mencionar que o Seder de Pessach é o ritual judaico mais amplamente cumprido em Israel. Cerca de 94% de todos os judeus israelenses participam de um Seder – número bem mais alto do que aqueles que jejuam em Yom Kipur ou vão a uma sinagoga em Rosh Hashaná. Como o Brit Milá e o Seder de Pessach são interligados e de importância central para a identidade judaica, não causa surpresa o fato de que Eliahu HaNavi presencie ambas as cerimônias. O Rabi Moshé Chagiz (Shtei HaLechem 46) escreve que o Profeta Eliahu vai a cada Seder de Pessach para “relatar o louvor dos judeus e mencionar perante D’us que eles cumpriram a mitzvá de Pessach, que é dependente (do cumprimento da mitzvá) de Milá, a circuncisão”. Rabi Chagiz diz, também, que “não há dúvida de que o Profeta Eliahu irá a cada casa judaica para testemunhar o cumprimento de um mandamento que, na realidade, engloba mais um, formando dois: “Pessach e Milá ”. E depois sobe aos Céus para interceder em prol da Nação Judaica para a vinda da Redenção Final. Rabi Menachem Mendel Schneerson, o Lubavitcher Rebe, afirmou que quando o Rabi Shneur Zalman de Liadi – fundador da dinastia Chabad-Lubavitch – escreveu que há um costume de “encher-se um copo a mais do que o número de pessoas presentes ...”, ele estava aludindo à visita de Eliahu HaNavi ao Seder. Escreveu o Rebe: “Eliahu passa a ser um dos participantes à mesa do Seder, pois a fé do Povo Judeu nessa noite, a noite em que o Rei dos reis, D’us em toda a Sua glória, revela-Se em toda a Sua plenitude, isto, por si só, traz... Eliahu a cada mesa de Seder” (Haggadah shel Pesach im Likutei Ta’amim, Minhagim, u’Biurim 2 [Brooklyn, NY, 5755], 440). Talvez o mais fervoroso proponente da ideia de que Eliahu HaNavi vem a cada uma das mesas do Seder de Pessach e toma do copo de vinho preparado em sua honra foi o Rabi Shalom Dov Ber Schneerson (o quinto Lubavitcher Rebe). Antes de colocar o vinho do copo de Eliahu de volta à garrafa, o Rabi Shalom Dov Ber colocava ainda um pouco mais de vinho. O motivo disso é que ele se preocupava que o vinho que havia no copo fosse pagum, ou seja, incompleto, pois dele Eliyahu HaNavi teria bebido, tornando-o não utilizável para outras mitzvot a menos que se adicionasse um pouco mais de vinho. O que representa o Quinto Copo. Iniciamos este ensaio discutindo opiniões divergentes entre os Rishonim – alguns dos maiores Sábios na História Judaica – sobre a necessidade – ou não – de tomarmos um quinto copo de vinho durante o Seder. Essa dúvida surgiu de uma variante no texto do Talmud. Mas como as coincidências não existem no Judaísmo, e como tudo o que é relacionado à Torá é Divino e proposital, o fato de haver duas versões no Talmud a respeito do mandamento dos Quatro Copos não é produto de erro humano, mas, sim, provém da Providência Divina. A variante no texto do Talmud que menciona o quinto copo de vinho traz à tona um importante pergunta: o que, particularmente, celebra a Festa de Pessach e, em especial, o Seder? O passado ou o futuro? O Rabino Lord Jonathan Sacks, ZT’L, fornece uma bela explicação do simbolismo desse quinto copo de vinho. Ele explica que Pessach representa o início da extraordinária jornada da História Judaica – da escravidão à liberdade, do Egito à Terra Prometida. E pergunta: como poderia o Povo Judeu celebrar, adequadamente, o Seder, cujos temas são liberdade e soberania na Terra de Israel – após a destruição do segundo Templo Sagrado de Jerusalém e o subsequente exílio de milênios? O Rabino Sacks explica que enquanto a quase totalidade do Povo Judeu vivia na Diáspora, por quase dois mil anos, o Seder não apenas falava do passado – a libertação do Egito – mas sobre uma futura redenção. Como lemos na Hagadá de Pessach: “Este ano escravos; no próximo ano, homens livres. Este ano estamos aqui; no próximo ano, na Terra de Israel”. E como ele escreveu: “O passado se tornou o futuro. A memória foi transfigurada em esperança. Não é exagero chamar o Povo Judeu de ‘povo da esperança’. O que ocorreu uma vez, pode voltar a ocorrer. Como disseram os profetas do exílio – Jeremias e Ezequiel: haveria um segundo Êxodo. A perda foi apenas temporária. A promessa Divina era eterna”. Durante o Seder, os judeus sempre puderam falar sobre as quatro expressões de redenção – e beber os quatro copos de vinho correspondentes às mesmas – porque esses quatro estágios de redenção ocorreram durante a libertação do Egito. Mas fazia sentido o Povo Judeu, na Diáspora, tomar um quinto copo de vinho celebrando a quinta expressão – “Eu os levarei à Terra (de Israel)”? Essa pergunta, como explica o Rabino Jonathan Sacks, constituiu o debate entre nossos Sábios acerca de se tomar ou não o quinto copo. Diziam alguns deles que não se deveria tomar um quinto copo; já outros afirmavam o contrário. E uma terceira opinião dizia que essa questão é opcional. Mas agora que a Terra de Israel está em mãos do Povo Judeu, a pergunta volta à pauta: deveríamos tomar um quinto copo de vinho durante o Seder? Bem verdade, milhões de judeus ainda vivem fora da Terra de Israel e o Estado Judeu enfrenta muitos desafios. Mas hoje, contrariamente ao passado, a expressão de redenção, “Eu os levarei à Terra (de Israel)”, deixou de ser um sonho, e é uma realidade. Hoje temos o luxo de pensar e debater sobre tais questões. Mas nos séculos 11 e 12 – a era dos Rishonim – que viveram durante uma das noites mais escuras do exílio judeu, a pergunta era: “Quão distante, no presente, celebramos a esperança de um futuro”? Em outras palavras, devemos beber apenas quatro copos porque não vivemos na Terra de Israel, ou devemos beber um quinto copo como uma afirmação de que, um dia, a quinta expressão de redenção será cumprida? A resposta da Halachá – se era proibido tomarmos o quinto copo, opcional ou uma mitzvá – era de importância secundária. Bem mais importante era o fato de que isso simbolizava a esperança de um futuro – a certeza de que um dia voltaríamos a Jerusalém. O quinto copo, o Copo de Eliahu HaNavi, representava a esperança judaica. Como escreveu o Rabino Jonathan Sacks, “Pessach manteve viva a esperança. E a esperança manteve vivo o Povo Judeu”. Através dos séculos, o quinto copo de vinho durante o Seder, o Copo de Eliahu, recordava a nosso povo que não podíamos perder a esperança mesmo nos capítulos mais difíceis de nossa história. O Copo de Eliahu instilou em nosso povo o entendimento de que a redenção haveria de vir, um dia. E como Eliahu HaNavi é o profeta que irá anunciar a chegada do Mashiach – que irá liderar todo o Povo Judeu de volta a Eretz Israel – é mais do que apropriado que o quinto copo, que simboliza a quinta expressão de redenção – “E eu os levarei (v’hevêti) à Terra” – leve seu nome. Já transcorreram três mil anos desde que o Profeta Eliahu reclamou perante D’us que o Povo Judeu havia abandonado seu pacto com Ele. A verdade é que nosso povo jamais o fez – nem nos tempos do Rei Ahab e da Rainha Jezebel nem em tempo algum. Apesar da queda de ambos os Templos Sagrados, o exílio da Terra de Israel, o sofrimento, as expulsões, os pogroms, a Inquisição e o Holocausto, o Povo Judeu permaneceu fiel a D’us. Através dos milênios, Eliahu HaNavi esteve presente em cada Brit Milá e em cada Seder de Pessach para testemunhar que nosso povo nunca abandonou seu pacto com D’us. Eliahu HaNavi nunca morreu – apenas desapareceu ao subir aos Céus. Desde então, ele continuou a viver, disfarçadamente, entre nós. Ele participa de todas as cerimônias de Brit Milá, senta-se à mesa de cada Seder e, anonimamente, ajuda várias pessoas em momentos de necessidade. Somente alguns poucos Sábios mereceram ver e se comunicar com ele através de todas as gerações. Mas chegará o dia em que o Profeta Eliahu se revelará abertamente e anunciará que a paz finalmente chegou ao mundo. Que seja a Vontade de D’us que esse dia chegue breve em nossos dias. Amen, ken yehi ratson. 1O vinho tem que ser casher. Muito importante: a pessoa que não pode ingerir bebidas alcoólicas pode substituir o vinho por suco de uvas também casher. 2Abreviatura do nome do Rabi Yaakov ben Moshe Levi Moelin, talmudista e decisor muito conhecido por sua codificação dos costumes dos judeus alemães. Maharil éa sigla em hebraico para“Nosso Professor, o Rabino Yaakov Levi”. www.morasha.com.br. Abraço. Davi.

 

BIBLIOGRAFIA

The Cup of Hope, artigo do rabino Lord Jonathan Sacks publicado no site https://www.rabbisacks.org. What’s the Truth about Eliyahu Hanavi at the Seder?, artigo do rabino Dr. Ari Z. Zivotofsky publicado no site https://jewishaction.com

sábado, 25 de março de 2023

II. O ISLAM E OS MUÇULMANOS

 

Islamismo. www.ccib.org.br. II. O ISLAM E OS MUÇULMANOS. ''O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e evidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dia), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (lhe) agradeçais.'' (Alcorão Sagrado 2:185). 5º)- Fazer pelo menos uma vez na vida a peregrinação à Makkah, cidade sagrada do Islam, na Arábia Saudita, desde que se possua meios para realizá-la, não podendo o Muçulmano contrair dívidas nem tirar de seu sustento e de sua família para fazê-la. ''A primeira Casa (Sagrada), erigida para o Gênero humano, é a de Bakka (Makka), onde reside a bênção servindo de orientação à humanidade. Encerra sinais evidentes; lá está a Estância de Abraão, e quem quer que nela se refugie estará em segurança. A peregrinação à Casa é um dever para com Deus, por parte de todos os seres humanos, que estão em condições de empreendê-la.'' (Alcorão Sagrado 3:96-97). ''E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados. E proclama a peregrinação às pessoas; elas virão a ti a pé, e montando toda espécie de camelos, de todo longínquo lugar, Para testemunhar os seus benefícios e invocar o nome de Deus, nos dias mencionados.'' (Alcorão Sagrado 22:26 ao 28). No Islam a oração que o Muçulmano pratica, é feita diretamente a Deus, quer dizer, não existe nenhum intermediário entre o crente e Deus. Portanto no Islam não existe clero, não existem santos, não existem ídolos nem imagens e não existe nenhuma simbologia como a comunhão por exemplo. O dia Sagrado do Islam é a Sexta-feira e nesse dia é obrigação dos Muçulmanos realizarem pelo menos a oração do meio-dia em comunidade. Para isso os fiéis se encontram num templo chamado de Mesquita ("Masjid") e oram coletivamente. A Mesquita é uma casa de oração não possuindo nenhum caráter santificado ou abençoado. A pessoa que comanda a oração coletiva recebe o nome de "Imam" e é escolhido pela comunidade entre aqueles com o maior conhecimento da religião. Nos países islâmicos a figura do líder religioso muitas vezes se confunde com a concepção ocidental cristã de algo parecido com o Papa ou os Bispos católicos, mas na verdade cada comunidade tem seu líder religioso escolhido com base em seu conhecimento religioso não havendo portanto nenhum caráter de infalibilidade, santidade ou intermediação com Deus. Ao Muçulmano é vedado o uso de bebida alcoólica ou drogas, a ingestão de carne de porco e os jogos de azar que envolvam apostas em dinheiro. O Islam considera todos os seres humanos iguais, não tolerando nenhum tipo de preconceito racial ou social e nenhum tipo de escravidão do ser humano. Para o Islam o homem e mulher são iguais não havendo nenhum conceito de superioridade de um sobre o outro. O casamento no Islam se dá por vontade de ambos os cônjuges assim como o divórcio também pode ser requerido por qualquer uma das partes. A poligamia é legal no Islam (em países cuja legislação o permite) desde que haja concordância de todas as partes envolvidas e desde que o homem não trate nenhuma das mulheres com diferenciação em relação às outras. No Islam não há nenhuma roupa específica para se usar, a única exigência é que se vista com sobriedade sem roupas colantes ou transparentes. O vestuário é o tradicional de cada país, como nos países do oriente se usam roupas diferentes das do ocidente fica a impressão de que exista um guarda-roupa islâmico. Quando o Profeta Muhammad (que a Paz e a Benção de Deus estejam sobre ele) morreu, a missão política de governar os Muçulmanos e preservar a integridade dos textos (Alcorão e Hadith) foi entregue por consenso a um membro da comunidade e companheiro do Profeta, Abu Bakr (573-634), que se tornou o primeiro Califa. Depois dele se seguiram: Umar, Uthman e ‘Ali. Depois do quarto Califa o Islam já se expandira tanto que ficou impossível que houvesse apenas um líder. Passaram então a existir Califados localizados em Bagdá, Damasco, Cairo e Córdoba. A expansão do Islam atingiu a península Ibérica e parte do sul da França, tendo a Espanha sido conhecida pelo nome de "Al Andaluz" e sendo um país islâmico de 711 até 1492 quando se deu a queda de Granada, tomada pelos Reis Católicos Fernando II de Aragão (1452-1516) e Isabel I de Castela (1451-1504). A arte islâmica se compõe basicamente de figuras geométricas de alta complexidade e trabalhos com caligrafia, não sendo permitido, principalmente na decoração das mesquitas nenhuma representação de figuras humanas ou de qualquer outra criatura de Deus. A cidade mais sagrada do Islam é Makkah (Meca) na Arábia Saudita, não por ser o berço do Profeta Muhammad (que a Paz e a Benção de Deus estejam sobre ele) e sim por que lá está situada a "Kaaba", o altar erigido por Abraão em honra do Deus Único. Embora Jerusalém e Madina sejam também lugares sagrados para o Islam, o Muçulmano deve orar sempre voltado para Makkah. O Islam é um vasto oceano de conhecimento e berço não só da civilização como de toda a ciência moderna quer seja no campo da matemática e física como da química, medicina e biologia. Nunca houve para os Muçulmanos nenhum preconceito contra o avanço da ciência, sendo que uma das recomendações do profeta é de que todo Muçulmano deve buscar sempre o conhecimento, pois os Muçulmanos consideram Deus o criador do universo e portanto tudo que nos é dado conhecer foi criado por Ele e só Ele nos permite conhecer. As Fontes do Islam. As fontes legais do Islam são o Alcorão e os ahadiss, o Alcorão é a palavra fidedigna de Deus; sua autenticidade, originalidade e totalidade estão intactas, o hadiss, é o relatos dos ditos, atos e sanções do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Os ditos e atos do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), são chamados de Sunnah.A Sirah é o relato dos companheiros do Profeta Muhammad(que a Paz e a  Bênção de Deus estejam sobre ele), sobre a sua vida. Portanto, é a biografia do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e fornece exemplos da vida diária para os muçulmanos. 1º - O Alcorão Sagrado significa, literalmente, leitura ou recitação. O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ditava os versículos aos seus discípulos e afirmava que eles eram a revelação divina. Ele não ditou tudo de uma só vez, mas sim na medida em que as revelações eram feitas. Tão logo as recebia, ele as comunicava aos companheiros e pedia que eles decorassem, escrevessem e produzissem cópias. O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), era analfabeto, não sabia ler ou escrever. O original do Alcorão Sagrado foi escrito em árabe e o mesmo texto continua em uso até os dias de hoje, sem qualquer alteração. O Alcorão Sagrado é notável porque é um texto no idioma original, cuja preservação contínua se faz há gerações, através do controle da memorização. Seu texto não sofreu, no decorrer de séculos, qualquer adulteração ou alteração em seu conteúdo. Ele é destinado a toda a humanidade, independentemente de raça, condição social, região ou época. É um código de comportamento porque abrange todos os segmentos da vida, espiritual, temporal, individual e coletivo. 2º - O hadiss, na verdade, representa a aplicação prática dos preceitos, detalhes e explicações necessárias do Alcorão Sagrado, e sua importância para os muçulmanos é muito grande. O hadiss é a prática do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Era através de seu dia a dia que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), aproveitava para ensinar, e pôr em prática, os ensinamentos em todos os assuntos importantes da vida. Pelo hadiss sabemos como fazer as abluções para as orações, por exemplo. Havia casos em que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não tendo recebido uma revelação, formulava uma opinião baseada no bom senso. Alguns Princípios Islâmicos. 1º) Unicidade de Deus: Ele é Uno e único. Não são dois ou três, por isso o Islam rejeita a ideia da trindade ou de qualquer unidade que implique na existência de mais de um Deus. 2º) Unicidade da humanidade: as pessoas são criadas iguais perante a Lei de Deus. Não há superioridade de uma raça sobre a outra. Ninguém pode afirmar que é melhor do que o outro. Somente Deus conhece quem é o melhor, segundo os Seus critérios. 3º) Unicidade dos Mensageiros e da Mensagem: os muçulmanos acreditam que Deus enviou diferentes mensageiros através da história. Todos vieram com a mesma mensagem e os mesmos ensinamentos, que foram sendo adulterados através dos tempos. Os muçulmanos acreditam em Noé, Abraão, Isaac, Ismael, Jacó, Moisés, Davi, Jesus e Muhammad, que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre eles. 4º) Os anjos e o Dia do Julgamento: os muçulmanos acreditam que existem criaturas invisíveis, como os anjos, criadas por Deus para missões especiais. Os muçulmanos também acreditam que haverá o Dia do Julgamento, quando toda a humanidade, desde Adão até o final dos tempos, será julgada e recompensada ou punida de acordo com os seus méritos. 5º) A inocência do homem na hora do nascimento: os muçulmanos acreditam que o ser humano nasce livre de pecado. Somente quando alcança a idade da puberdade, e somente quando comete pecados, é que ele ser cobrado por seus erros. Ninguém é responsável pelos pecados de outros. Contudo, a porta do perdão através do arrependimento sincero está sempre aberta. 6º) Estado e Religião: os muçulmanos acreditam que o Islam é um modo de vida completo. Portanto, seus ensinamentos não separam a religião da política, e tanto o estado como a religião estão sob a tutela de Deus, através dos ensinamentos do Islam. Por consequência, as transações comerciais, econômicas e sociais, assim como os sistemas político e educacional também são parte dos ensinamentos do Islam. www.ccib.org.br. Abraço. Davi

quinta-feira, 23 de março de 2023

I. O ISLAM E OS MUÇULMANOS

 

Islamismo. www.ccib.org.br. I. O ISLAM E OS MUÇULMANOS. Todas as religiões do mundo tomaram o nome do seu fundador ou da comunidade e nação na qual essa religião surgiu. Por exemplo, o Cristianismo foi buscar a sua denominação ao Profeta Jesus Cristo (que a Paz esteja com ele). O Budismo ao Seu fundador, Gautama Buda, o Zoroastrismo ao seu fundador Zoroastro. E o Judaísmo, a religião dos Judeus, do nome da tribo de Judá (do país da Judéia), onde nasceu. Semelhante é o caso de outras religiões, mas não aconteceu com o Islam, esta religião goza da peculiaridade de não ter qualquer associação com uma determinada pessoa ou povo. A palavra Islam não transporta em si qualquer relação, porque não pertence a uma pessoa, a um povo, ou a um país em especial. Nem é o produto de uma mente humana, nem está confinada a uma determinada comunidade, é uma religião universal e o seu objetivo é criar e cultivar no homem a qualidade e comportamento do Islam. A isto se impõe automaticamente a questão: o que significa Islam? E quem é o Muçulmano? Islam, palavra árabe que significa paz, pureza, aceitação, compromisso, total submissão à vontade de um único Deus. Como uma religião, o Islam pede plena aceitação dos ensinamentos e liderança de Allah. e isto significa que só se pode encontrar a paz física e mental através da submissão e obediência voluntária a Allah o Altíssimo, Tal vida e obediência traz paz ao coração e estabelece a verdadeira paz na sociedade em geral. O Islam é a mesma verdade que Allah (swt) revelou por intermédio de seus profetas para toda a humanidade. Para um quinto da população mundial, e não é só uma religião é um sistema de vida completo. Uma religião de paz, misericórdia, perdão, e a maioria nada tem a ver com os eventos extremamente graves que vieram a se juntar à sua fé. O Islam enaltece a fé na unidade e soberania de Allah (swt), que cria a conscientização da unidade e significado do universo e do papel do homem. A crença o liberta de todos os seus medos e superstição, tornando-o consciente da presença de Allah (swt) o todo poderoso e das obrigações do homem para com ele. Mas esta realização deve ser expressa e testada em ações. Tão somente a fé não é suficiente. Acreditar num único Deus leva-nos a olhar para a humanidade como uma única família sob a onipotência universal de Allah (swt) – o criador e salvador de todos. O Islam rejeita a ideia que existe “um povo escolhido”, cobrindo-se de boas intenções, fé em Allah (swt) e boas ações é o único caminho para o paraíso. Assim um relacionamento direto é estabelecido com Allah (swt), aberto a todos, sem discriminação ou intercessões. Em todas as manifestações, o tema central da Islam é o duplo movimento de fluxo do homem para Allah (swt) e de refluxo de Allah (swt) para o homem, diástole e sístole. “Em verdade pertencemos a Allah (swt) e a Ele retornaremos” (Alcorão 2;156). O Muçulmano é todo aquele que se submete a Deus, de livre e espontânea vontade, um Muçulmano vive em paz e harmonia com toda a criação. Por conseguinte, um Muçulmano é a pessoa que em qualquer parte do mundo faça com que toda a sua obediência, dedicação, e lealdade sejam exclusivamente para Deus o Senhor do Universo. Os muçulmanos não aceitam nenhuma outra definição como "Maometano" por exemplo, pois Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele) foi apenas o Mensageiro de Deus. O Islam é a religião revelada por Deus ao Profeta e Mensageiro de Deus Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), entre os anos de 610 e 632, através do Anjo Gabriel. Parte da revelação ocorreu na cidade de Makkah, e uma outra parte em Medina (hoje na Arábia Saudita) e compilada na forma de um livro Sagrado denominado Alcorão, em árabe "Al Qur'an" e que significa "A Recitação". Este livro é composto de 114 capítulos (Suratas) cada qual com um número variável de versículos (Ayat) e é um tratado não só religioso como social, legislativo, econômico e político. O Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), nasceu no ano de 570 e ficou órfão bem cedo, sendo criado por seu tio Abu Talib (540-619). Trabalhou com o seu tio como mercador e a serviço de uma comerciante de nome Khadija. Por ser muito integro e excelente negociante acabou impressionando muito sua patroa com a qual se casou. Ela era uma viúva que contava com 40 anos e ele com 25. Foi apenas com a idade de 40 anos que o Profeta começou a receber a revelação, em seus retiros na caverna de Hira, onde costumava ir para meditar. A primeira revelação recebida pelo Profeta foi a seguinte: "Lê em nome do Teu Senhor que criou; criou o homem de algo que se agarra, Lê que Teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do calamo (pena de escrever) o que este não sabia." (Alcorão Sagrado 96:1-5). Perseguido no início ele e seus companheiros tiveram que fugir e lutar pela implantação do monoteísmo numa sociedade que adorava muitos ídolos, até que pode retornar à uma Makkah (Meca) já muçulmana. O Islam na verdade é a última revelação de Deus à humanidade, sendo uma religião universal, não é exclusivamente árabe, é o complemento de todas as revelações anteriores. Ou seja, para o Islam o Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), é o último dos mensageiros de Deus. Sendo que todos os mensageiros anteriores são aceitos e respeitados desde Adão passando por Abraão, Moisés e Jesus (que a Paz de Deus esteja sobre eles). São também respeitados todos os livros anteriormente revelados como a Torah (5 livros iniciais da Bíblia – Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômios – livro Sagrado dos Judeus), os Salmos de Davi, os Evangelhos de Jesus. O Alcorão Sagrado, portanto, é o fechamento de todas as revelações. O Alcorão Sagrado foi escrito em árabe, língua viva, ou seja, falada até hoje do mesmo modo e não permite nenhuma tradução. Sendo aceito apenas o original livre das deturpações ocorridas nos livros anteriores onde foram acrescentados trechos e em muitos casos mal traduzidos e mal interpretados e às vezes escritos por pessoas que não testemunharam os fatos. O Alcorão Sagrado permite apenas versões para os vários idiomas objetivando o entendimento de quem não domina o árabe. Não sendo consideradas estas versões como tendo o mesmo valor do original. Além do Alcorão Sagrado existem também os ensinamentos e tradições divulgadas pelo Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), e que são seguidas e observadas pelos Muçulmanos. Estes ensinamentos também foram compilados em livros que são considerados válidos através de comprovações sérias e também não permitem nenhum acréscimo ou deturpação. Os atos do Profeta são conhecidos como "Sunnah" e os ditos do Profeta são conhecidos como "Hadiss". Para uma pessoa se tornar Muçulmana não é preciso nenhum ritual como batismo, basta que a pessoa pronuncie o testemunho de fé que é: ''Ach-hadu an la iláha illa Allah wa ach-hadu an-na Muhammad Rassulullah''. "Testemunho que não existe nenhuma divindade digna de adoração a não ser Deus e testemunho que Muhammad é servo e mensageiro de Deus". Este testemunho é conhecido em árabe como "Shahada". Sempre se diz que a pessoa abraçou o Islam e não se converteu ao Islam, pois não há necessidade de se negar conceitos anteriores e sim adaptá-los aos conceitos islâmicos. Além disto Deus deu ao homem o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher qual o caminho seguir, se o caminho da retidão e da verdade ou o caminho do ilícito e da perdição. "Não há imposição quanto a religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo." (Alcorão Sagrado 2:256). A partir daí o Muçulmano tem que observar certas obrigações algumas das quais formam os 5 pilares básicos do Islam: 1º) A Fé. Acreditar de que não há outra divindade digna de adoração além de Deus (Allah em árabe), e que Ele é Único. ''Vosso Deus e Um só. Não há mais divindade além d'Ele, o Clemente, o Misericordiosíssimo.'' (Alcorão Sagrado 2:163). "Dize: Ele é Deus, Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado. E ninguém é comparável a Ele." (Alcorão Sagrado 112:1-4). ''Deus! Não há mais divindade além d'Ele, Vivente, Subsistente, a Quem jamais alcança a inatividade ou o sono; d'Ele é tudo quanto existe nos céus e na terra. Quem poderá interceder junto a Ele, sem a Sua anuência? Ele conhece tanto o passado como o futuro, e eles (humanos) nada conhecem a Sua ciência, senão o que Ele permite. O Seu Trono abrange os céus e a terra, cuja preservação não O abate, porque é o Ingente, o Altíssimo.'' (Alcorão Sagrado 2:255). ''Deus é a Luz dos céus e da terra. O exemplo da Sua Luz é como o de um nicho em que há uma candeia; este está num recipiente; e este é como uma estrela brilhante, alimentada pelo azeite de uma árvore bendita, a oliveira, que não é oriental nem ocidental, cujo azeite brilha, ainda que não o toque o fogo. É luz sobre luz! Deus conduz a Sua Luz até quem Lhe apraz. Deus dá exemplos aos humanos, porque é Onisciente. (Semelhante luz brilha) nos templos que Deus tem consentido sejam erigidos, para que neles seja celebrado o Seu nome e neles O glorifiquem de manhã e à tarde.'' (Alcorão Sagrado 24:35-36). 2º) Orar 5 vezes. Ao dia (ao nascer do sol, ao meio-dia, à tarde, ao pôr do sol e à noite) de maneira correta como nos ensina a tradição do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele). ''Observai as orações, especialmente as intermediárias, e consagrai-vos fervorosamente a Deus.'' (Alcorão Sagrado 2:238). ''Observai a oração, pagai o zakat e sabei que todo o bem que apresentardes para vós mesmo, encontrareis em Deus, porque Ele bem vê tudo quando fazeis.'' (Alcorão Sagrado 2:110). ''Somente a Ele (Deus) são dirigidas as súplicas verdadeiras, e os que invocam (deuses), em vez d'Ele, em nada os atenderão; são semelhantes a quem estende a mão até à água, para que a mesma lhe suba à boca, coisa que jamais acontecerá. Sabei que a súplica dos incrédulos é improfícua. A Deus se prostra aqueles que estão nos céus e na terra, de bom ou mau grado, tal como acontece com as suas sombras, ao amanhece e ao entardecer. Pergunta-lhes: Quem é o Senhor dos céus e da terra? E afirma-lhes: Deus! E dize-lhes: Adotareis, acaso, em vez d'Ele, ídolos, que não podem beneficiar-se sem defender-se? Poderão equiparar-se as trevas e a luz? Atribuem, acaso, a Deus parceiros, que criaram algo como a Sua criação, de tal modo que a criação lhes pareça similar? Dize: Deus é o Criador de todas as coisas, porque Ele é o Único, o Irresistibilíssimo.'' (Alcorão Sagrado 13:14 ao 16). 3º) Aquele que tem boa situação. Deve ajudar aos necessitados, parentes ou membros da comunidade com o "Zakat", que é a doação aos mais pobres e não deve ultrapassar a 2,5 % da renda de quem doa. Além disso essa doação deve ser feita de maneira discreta, sem se vangloriar deste feito. ''A virtude não consiste só em que orientais vossos rostos até ao levante ou ao poente. A verdadeira virtude é a de quem crê em Deus, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas; de quem distribuiu seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viajantes, mendigos e em resgate de cativos (escravos). Aqueles que observam a oração, pagam o zakat, cumprem os compromissos contraídos, são pacientes na miséria e na adversidade, ou durante os combates, esses são os verazes, e esses são os tementes (a Deus).'' (Alcorão Sagrado 2:177). 4º) Jejuar desde o nascer ao pôr do sol durante o mês do Ramadan. Este jejum além de purificar nosso corpo, nos faz ter a verdadeira consciência das pessoas que realmente têm falta de alimento e água, sendo uma maneira de purificação espiritual. ''Ó fiéis, está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Deus.'' (Alcorão Sagrado 2:183). www.ccib.org.br. Abraço. Davi

terça-feira, 21 de março de 2023

OS HINDÚS ACREDITAM NO DIABO ?

 

Editor do Mosaico. OS HINDÚS ACREDITAM NO DIABO ? Bem, vou tentar fazer uma breve exposição desse tema. Até onde compreendo das leituras que tenho feito nesse assunto. Os hinduístas têm (verdades) opiniões diferentes das nossas quanto a muitos conceitos espirituais. Eles têm aproximadamente 330 milhões (politeísmo) de divindades. Este é um ponto importante, pois essa tradição vê "deuses" em quase tudo. Um panteísmo, crença de que Deus e todo o Universo estão entre mesclados. E que Deus não existe como um Espírito separado, onde uma força cósmica rege, controla e harmoniza o Universo. Uma ideia de que homens e "deuses" coexistem neste mundo e em outros possíveis. Bem parecidos com o panteão de deuses gregos que habitavam o monte Olimpo. Perceba que segundo este conceito não há um antropomorfismo (conceber atributos humanos a divindades) que tutela e assemelha em graus de afinidades homens e "deuses". Tanto que animais como vaca, macaco, elefante e algumas aves que voam são consideradas sagradas. Nossa tradição cristã para compreender a divindade (Trindade Divina - Pai, Filho e Espírito Santo) os assemelha as qualidades humanas. Os Católicos romanos e Ortodoxos tem na Virgem Maria – Imaculada Conceição a Mãe de Deus, a Santíssima Intercessora. Que "roga por nós na hora de nossa morte", fazendo parte da divindade cristã. Compartilho dessa crença. Interessante esse arquétipo, corroborado pela maioria das religiões universais que também têm suas divindades femininas. Isso insere a Santíssima Virgem no seio da família como exemplo de pureza, santidade e amor. A mãe é um protótipo essencial na harmonia e equilíbrio dos relacionamentos humanos saudáveis. Símbolo positivo que ama, nutre, cuida e aperfeiçoa os seus filhos. Os orientais não entendem a Divindade assumindo vícios e virtudes humanas; como se estivesse sob a influência do bem e do mal. A visão heteromorfa – o deus que se manifesta em tudo e em todos é em sua cultural lógica, plausível e mais bem compreendida por todos. Nesse ponto de vista a partícula divina está em todo Ser e Ente para passar pelo processo contínuo e inevitável da evolução. Desde elementais, minerais, vegetais, animais e os humanos. Isso dá aos hindus uma volatilidade – imaterial e incorpóreo. Flexibilizando em relação a assuntos como esse que estamos abordando. Desse modo, eles não têm o diabo como opositor de Deus; lutando em pé de igualdade com Ele. Até em alguns casos o vencendo, ideia que é passada na cultura cristã. Que por sinal é absurda e ridícula, sem nenhuma razão lógica que a justifique. A divindade suprema dos hindus, Brahma, que podemos chamar de outros nomes como: Consciência Cósmica, Logos Divino, Espírito Eterno é o ponto de equilíbrio do Universo. Com sua infinitude e completude sustenta e rege com poder e autoridade todas as forças negativas e positivas que atuam no microcosmo (homem) e no macrocosmo (Universo). Contudo, a divindade suprema do hinduísmo é composta de três deuses. Shiva é o deus da transformação. Uma força superior intangível que age no Universo. Não aquela figura medonha idealizada com chifres, rabo pontiagudo e tridente na mão. Shiva é considerado o criador da Yoga, por causa de seu enorme poder em transformar sentimentos e situações ruins em boas. Devido a sua forte energia que emana positividade e tranquilidade. As entidades, negativas, os seres que não são iluminados, ao entrar em contato com Shiva. Passam a receber sua luz, tornando-se divindades generosas, assim como ele. Shiva age em nosso quaternário inferior, representado pelo corpo físico, éterico, emocional e mental. Impedindo que nossa personalidade, que é apegada aos prazeres, desejos e vontades terrenas, não alcance a virtude e bem-aventurança. Praticando atos humanitários, o estágio da individualidade, que segundo a filosofia espiritual, evolui nosso ser produzindo emoção e sentimento de fraternidade humana. O problema de personalizar o diabo é que, atribuímos a ele o que ele não tem e não é. Um casuísmo que chegamos ao absurdo de confrontá-lo ao Logos Divino. Oportuno lembrar que estes povos, não tem conceito de inferno eterno, onde as pessoas más ou aquelas que não aceitaram Jesus serão lançadas para sempre no Lago de Fogo. Marcos 9, 47-48 " ... sereis lançados no fogo do inferno. Onde o seu bicho não morre e, o fogo nunca se apaga". Um versículo terrível e desumano. Não mais acredito num Deus cruel e impiedoso, sadomasoquista como este. Isso é ilógico e incompreensível quando pensamos em seu amor e na sua graça. Os dois últimos deuses – Vishnu e Brahma, cooperaram um com o outro. Vishnu vêm ao mundo de diversas formas chamadas de avatares; podendo ser humanas, animais ou a combinação dos dois. Todos esses aparecem ao mundo quando um grande mal ameaça a Terra. No total existem dez avatares de Vishnu, dos quais nove já se manifestaram no mundo. Sendo Rama e Krishna os mais conhecidos, e outros ainda estão por aparecer. São eles: Matsya o Peixe. Kurma a Tartaruga. Varaha o Javali. Nahasimha o Homem-Leão. Vamana o Anão. Parashurama o Homem com o Machado. Rama o arqueiro. KRISHNA. Budha o Iluminado. Kalki o Espadachim montado ao cavalo que ainda está por vir. Vishnu é o poder de manutenção do Universo. Sua natureza é lila, ou a representação. Assume diferentes formas a sua vontade. Ele está em pé sobre um lótus de mil pétalas, com uma concha, um disco, uma massa e um lótus na mão. Esses quatro instrumentos são essenciais para a diversão da vida. A concha é o instrumento que devolve a união de todos os sons da criação, representando o som puro OM. Que traz a liberação para os seres humanos. O disco ou chackra é o anel de luz que rodopia no dedo indicador de Vishnu. Ele é o símbolo do Dharma. O dever de fazer o que é certo e correto, também representa a roda do tempo. A massa ou clava é um instrumento para atacar os desejos, fonte de todo o sofrimento e insegurança. O lótus é mostrado para que não esqueçamos a nossa meta que é encontrar a nós mesmo. O lótus cresce no lodo e continua luminosos, radiante, não contaminado pelo ambiente. Abre suas pétalas ao primeiro raio de sol, fechando com o último raio de sol.   Krishna tem semelhança mitológica com o Cristo. Basta dizer que ele foi gerado por Vishnu no ventre de sua mãe. Quando criança, já mostrava habilidade intelectual ao conversar com os sábios no templo. Tinha um extremo amor pelo próximo e por muitas vezes era cercado pelas crianças. Costumava ser visto com os animais, feras e aves do campo. Esteve acompanhado por um grupo de discípulos em seu ministério. Morreu injustamente pelos seus algozes ao lado de uma árvore, traspassado por flechas e uma cravou-lhe o coração. Brahma é a Consciência Universal, o Princípio de Tudo. A razão do eterno ser, e onde tudo e todos um dia convergirão para um nirvana – iluminação e despertar divinos. No budismo, última etapa da contemplação, esse aspecto é caracterizado pela ausência da dor e pela posse da verdade. Ela, que é tão almejada por todas as religiões. O nirvana é decorrência da integração do espírito universal no seio da divindade suprema. Brahma é o criador do Universo, a inteligência criadora, representando a mente cósmica. Os Purunas, livro sagrado, dizem que ele criou Sarasvati - sua consorte - a deusa do conhecimento. Ela corria de um lado para o outro, e para cada lado que ela corria nascia uma cabeça. Assim Brahma é representado com quatro cabeças, significando os quatro Vedas e todas as direções do conhecimento. A base de Brahma é Sarasvati, o conhecimento. Assim Brahma está sentado num cisne. O cisne tem a capacidade de separar o leite da água, de igual modo, o conhecimento é a capacidade de separar o real do não real. Em suas quatro mãos Brahma sustenta um lótus, os vedas, um vaso contendo amrita e abaya mudrã. O lótus representa o símbolo da pureza. Os vedas são as escrituras sagradas contendo todo o conhecimento da criação e o meio para ele. O amrita é o néctar da imortalidade e o abaya mudrã abençoa com destemor. A doutrina do inferno eterno é substituída pela lei da retribuição ou carma. O carma é a lei que afirma a sujeição humana à causalidade moral, de tal forma que toda ação – boa ou má – gera uma reação. Essa retorna com a mesma qualidade e intensidade a quem a realizou, nesta ou em encarnação futura. A transformação pode dar-se em direção ao aperfeiçoamento. Esse, é chamado mocsa em sânscrito – o fim do ciclo das reencarnações ou de forma regressiva o renascimento como animal, vegetal ou mineral. Resultado de atos maldosos e desvalorativos a vida que porventura pratiquemos. Regredimos na escala evolucionária que tem no homem virtuoso o nível encarnatório mais elevado. O que Jesus disse em Mateus 5,48 “Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é vosso Pai Celeste”. Esse alcançará a plenitude da perfeição. Como um Budha, Krishna, Muhammad ou Jesus. Essa lei é mais justa, pois somos cobrados pelos erros e pecados que praticamos na proporção das vidas que teremos. Os vários renascimentos são para pagar os deméritos e os vícios praticados, além de retribuir os atos virtuosos e meritórios. Não há uma punição eterna objetiva como afirma o cristianismo. O mérito e as virtudes pelas obras de amor e fraternidade executados, serão recompensados post mortem, num lugar chamado devachan, algo semelhante ao paraíso cristão. Ou exemplificando podemos comparar ao texto de Lucas 16, 22 "o mendigo morreu e, foi levado pelos anjos para o seio de Abraão". Segundo os livros sagrados do hinduísmo Veda, Upanishad, Bhagavad Gita, Mahabharata, Purunas, Yoga Sutras e outros. O devachan provavelmente seria um tempo de 10 a 15 séculos de gozo e consolo na outra vida. No cristianismo temos a ideia de que somos redimidos pela morte de Cristo, que pagou o preço e quitou nossa dívida para com Deus. Ato realizado através de um sacrifício exterior – a morte vicária na cruz do Calvário. Essa é uma realidade inquestionável para você e eu, contudo, eles os hindus têm outra verdade. A redenção é um processo individual. Começando do interior do homem, passando pelo princípio da consciência universal Brahma, que está no homem. Ele é desenvolvido através de boas atitudes morais e éticas, que o indivíduo, vivendo um cooperativismo e companheirismo aperfeiçoa seu ser interior. Neste contexto da redenção de dentro para fora está as iniciativas de meditação, contemplação e orações. Também os estudos dos livros sagrados e das tradições culturais. Esse assunto precisa ser mais detalhado para que alcance uma compreensão lógica e racional. Ainda não estamos acostumados aos conceitos da filosofia oriental. Assim os argumentos e suas premissas ficam obscurecidos pela pouca experiência com a espiritualidade hindu. Concluindo entendo que o confronto com outras verdades nos ajuda a entender o mundo e as pessoas. Criando um ambiente de tolerância, respeito e valorização que outras verdades. Acho interessante um olhar através de outras janelas. Isso mostra que O ETERNO, tem variadas formas de se manifestar aos homens. Precisamos aprender a considerar os argumentos e as opiniões daqueles que não tem o mesmo ponto de vista que os nossos em questões de espiritualidades. Abraço. Davi.  

domingo, 19 de março de 2023

OS ANALECTOS - LIVRO V

 

Confucionismo. www.rl.art.br. OS ANALECTOS – LIVRO V. Texto de Confúcio (551-479). 1. O Mestre disse de Kung-yeh Ch’ang que ele era uma boa escolha para marido, pois, embora estivesse preso, não havia feito nada errado. E lhe deu sua filha em casamento. 2. O Mestre disse de Nan-jung que, quando o Caminho prevaleceu no reino, este não foi posto de lado e, quando o Caminho caiu em desgraça, ele ficou longe da humilhação e da punição. E lhe deu a filha do seu irmão mais velho em casamento. 3. O comentário do Mestre sobre Tzu-chien foi “Que cavalheiro! Onde ele teria adquirido as suas qualidades, se não houvesse cavalheiros no reino de Lu?”. 4. Tzu-kung perguntou: “O que acha de mim?”. O Mestre disse: “Você é um navio”. “Que tipo de navio?” “Um navio sacrificial”. 5. Alguém disse: “Yung é benevolente, mas não fala muito bem”. O Mestre disse: “Qual a necessidade de ele falar bem? Um homem rápido nas respostas frequentemente provocará o ódio dos outros. Não posso dizer se Yung é benevolente ou não, mas qual a necessidade de ele falar bem?”. 6. O Mestre aconselhou Ch’i-tiao K’ai a assumir um cargo oficial. Ch’i-tia o K’ai disse: “Acho que ainda não estou pronto”. O Mestre ficou satisfeito. 7. O Mestre disse: “Se o Caminho não pudesse prevalecer e eu fosse lançado ao mar em uma jangada, aquele que me seguiria seria Yu, sem dúvida alguma”. Tzu-lu, ao ouvir isso, transbordou de alegria. O Mestre disse: “Yu tem mais amor à coragem do que eu, mas lhe falta juízo”. 8. Meng Wu Po perguntou se Tzu-lu era benevolente. O Mestre disse: “Não posso dizer”. Meng Wu Po repetiu a pergunta. O Mestre disse: “A Yu pode ser dada a responsabilidade de coordenar as tropas de um reino de mil carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. “E quanto a Ch’iu?” O Mestre disse: “A Ch’iu pode ser dada a responsabilidade de administrar uma cidade de mil casas ou uma família nobre de cem carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. “E quanto a Ch’ih?” O Mestre disse: “Quando Ch’ih coloca a sua faixa e toma lugar na corte, a ele pode ser dada a responsabilidade de conversar com os convidados, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. 9. O Mestre disse a Tzu-kung: “Quem é o melhor homem, você ou Hui?”. “Como eu ousaria me comparar a Hui? Quando lhe é dita uma coisa, ele compreende cem coisas. Quando me é dita uma coisa, eu entendo apenas duas.” O Mestre disse: “De fato, você não é tão bom quanto ele. Nenhum de nós dois é tão bom quanto ele.” 10. Tsai Yü estava na cama durante o dia. O Mestre disse: “Um pedaço de madeira podre não pode ser esculpido, tampouco pode uma parede de esterco seco ser aplainada. Em se tratando de Yü, de que adianta condena-lo?”. O Mestre acrescentou: “Eu costumava ouvir as palavras de um homem e confiar que ele agiria de acordo. Agora, tendo ouvido as palavras de um homem, parto para observar suas ações. Foi por causa de Yü que mudei quanto a isso.” 11. O Mestre disse: “Nunca conheci alguém que fosse verdadeiramente constante”. Alguém perguntou: “E quanto a Shen Ch’eng?”. O Mestre disse: “Ch’eng é cheio de desejos. Como pode ser constante?12. Tzu-kung disse: “Do mesmo modo que não quero que os outros mandem em mim, também não quero mandar nos outros”. O Mestre disse: “Ssu, isso ainda está bem acima de você”. 13. Tzu-kung disse: “Pode-se ouvir sobre as realizações do Mestre, mas não se pode ouvir suas opiniões sobre a natureza humana e o Caminho para o Céu”. 14. A única coisa que Tzu-lu temia era que, antes que pudesse colocar em prática algo que aprendera, lhe ensinassem outra coisa diferente. 15. Tzu-kung perguntou: “Por que K’ung Wen Tzu foi chamado de wen?”. O Mestre disse: “Ele era rápido e ávido por aprender: não teve vergonha de buscar o conselho daqueles que lhe eram inferiores em posição. É por isso que ele é chamado wen”. 16. O Mestre disse sobre Tzu-ch’an que sob quatro aspectos ele tinha as maneiras de um cavalheiro: era respeitoso no modo como se comportava; era reverente no serviço ao seu senhor; ao tratar com as pessoas comuns, ele era generoso e, ao empregar os serviços destas, era justo. 17. O Mestre disse: “Yen P’ing-chung era um excelente amigo: mesmo quando conhecia seus amigos há muito tempo, ele os tratava com reverência”. 18. O Mestre disse: “Ao fazer uma casa para sua grande tartaruga, Wen-chung mandou esculpir os capitéis dos pilares na forma de montanhas e pintar os caibros do telhado com desenhos de plantas aquáticas. O que se deve pensar sobre a inteligência dele?19. Tzu-chang perguntou: “Ling Yin Tzu-wen não demonstrou júbilo algum quando por três vezes foi feito primeiro-ministro. Tampouco demonstrou desgosto quando por três vezes foi removido do cargo. Ele sempre dizia ao seu sucessor o que havia feito durante seu mandato. O que acha disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem que dá o melhor de si”. “E pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” “Quando o senhor de Ch’i foi assassinado por Ts’ui Tzu, Ch’en Wen Tzu, que possuía dez grupos de quatro cavalos cada, abandonou-os e deixou o reino. Ao chegar em outro reino, ele disse: ‘Os oficiais aqui não são melhores do que o nosso ministro Ts’ui Tzu’e partiu de novo. O que acha disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem puro”. “Pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” 20. Chi Wen Tzu sempre pensava três vezes antes de agir. Quando o Mestre ficou sabendo disso, comentou: “Duas vezes é suficiente”. 21. O Mestre disse: “Ning Wu Tzu era inteligente enquanto o Caminho prevalecia no reino, mas foi estúpido quando não prevaleceu. Outros podem igualar sua inteligência, mas não podem igualar sua estupidez”. 22. Quando estava em Ch’en, o Mestre disse: “Vamos para casa. Vamos para casa. Em casa, nossos jovens rapazes são furiosamente ambiciosos e têm grandes talentos, mas não sabem usá-los”. 23. O Mestre disse: “Po Yi e Shu Ch’i nunca lembravam de velhas rixas. Por essa razão, muito raramente provocavam ressentimentos”. 24. O Mestre disse: “Quem disse que Wei-sheng era correto? Uma vez, quando um pedinte lhe mendigou vinagre, ele foi e pediu-o para um vizinho”. 25. O Mestre disse: “Palavras ardilosas, rosto adulador e absoluta subserviência: essas coisas Tso-ch’iu considerava vergonhosas. Eu também as considero vergonhosas. Ser amigável com alguém enquanto escondemos nossa hostilidade: também isso Tso-ch’iu considerava vergonhoso. Eu também considero vergonhoso”. 26. Yen Yüan e Chi-lu estavam presentes. O Mestre disse: “Sugiro que cada um de vocês me conte os seus desejos mais fortes”. Tzu-lu disse: “Eu desejaria partilhar minha carruagem e cavalos, roupas e peles com meus amigos sem me arrepender, mesmo que eles ficassem gastos”. Yen Yüan disse: “Eu desejaria nunca me vangloriar da minha própria bondade e nunca impor tarefas pesadas aos outros”. Tzu-lu disse: “Eu gostaria de ouvir quais os seus desejos secretos, Mestre”. O Mestre disse: “Trazer paz aos velhos, ter confiança nos meus amigos e dar afeto aos jovens”. 27. O Mestre disse: “Acho que devo abandonar as esperanças. Ainda estou para conhecer o homem que, ao ver os próprios erros, seja capaz de se criticar internamente”. 28. O Mestre disse: “Em um vilarejo de dez casas, sempre haverá aqueles que são meus iguais quanto a fazer o melhor que podem pelos outros e quanto a ser fiéis às próprias palavras, mas dificilmente terão tanta vontade de aprender quanto eu tenho”. www.rl.art.br. Abraço. Davi

sexta-feira, 17 de março de 2023

26 RAZÕES PARA VOCÊ PARAR DE VER PORNOGRAFIA

 

Cristianismo. www.internautascristaos.com. 26 RAZÕES PARA VOCÊ PARAR DE VER PORNOGRAFIA. Consequências destrutivas que a pornografia tem sobre um homem. As seguintes consequências são o que acontece quando um cristão ou de outra religião vê pornografia. A lista cobre uma grande área dos resultados negativos que a pornografia tem sobre um homem que é seguidor de Jesus Cristo ou outro Mestre Espiritual como Buda, Krishna, Muhammad, Abrahão, Zoroastro. 01. Alienação de Deus. Você não mais se sente próximo de Deus. Você não experimenta o poder de Deus. Você não mais tem a alegria de sua salvação. 02. Cega você para as consequências. Temporariamente te desliga da sua caminhada com Deus, de seus relacionamentos com sua esposa, seus filhos e outros. Te cega sobre o que te acontecerá espiritual, física, emocional, mental, social, vocacional e relacionalmente. 03. Cria expectativas irrealistas. Os homens começam a pensar que toda mulher deveria se parecer com aquelas e que esse tipo de relação é como seu relacionamento com sua esposa deve ser. 04. Distorce sua visão do sexo. A pornografia te faz acreditar que o sexo é somente para o prazer do homem e que as mulheres são simplesmente objetos a serem usados, ao invés de criações de Deus que devem ser honradas e respeitadas. 05. Nunca é o bastante. A pornografia tem um efeito crescente. Como uma droga, você precisa de mais e mais para satisfazer a lascívia. Ela te leva rapidamente a um caminho de destruição e para bem longe da paz, alegria, e relacionamentos saudáveis. 06. Liberdade sobre o que você pensa e faz é perdida. Você se torna escravo de seus pensamentos pecaminosos que levam a atos pecaminosos. 07. A culpa depois que você vê pornografia. Mas a culpa não é o suficiente para te prevenir de fazer na próxima vez. 08. A sexualidade saudável é obscurecida pela pornografia. Sexo saudável é somente o sexo no casamento, que inclui sexo regular, sexo altruísta e sexo amoroso. 09. Te isola e faz você se sentir totalmente sozinho e como o único que luta contra a pornografia e a lascívia. 10. Ameaça seu relacionamento com sua esposa ou futura esposa (se você é solteiro), seu testemunho de Jesus Cristo, e tudo em sua vida que é importante para você. Você põe tudo isso em risco pela pornografia. 11. Te mantém em um ciclo de autodestruição. A pornografia parece medicar a dor em sua vida, mas somente adiciona mais dor a dor. A pornografia te leva a fazer coisas que você nunca pensou que faria. O pecado te levará para mais longe que você imagina. Ele te manterá mais longe que você gostaria. E te custará mais do que você pensaria em pagar. 12. Lascívia – lascívia sexual pecaminosa – te leva a atos sexuais pecaminosos. Pornografia colocada em sua mente é como derramar gasolina no fogo do desejo sexual errôneo, resultando em pensamentos e ações destrutivas. 13. Mascara a verdadeira ferida. Você está procurando a cura e torna as coisas piores. 14. Nunca é uma experiência neutra. Você não pode ver pornografia e não ser afetado por isso. Essa experiência é sempre inconsistente com a Palavra de Deus. Te levando para um submundo de dor e sofrimento psicológicos. 15. Coisifica as mulheres. A pornografia as transforma em objetos sexuais. Ela sequestra a capacidade do homem de ver uma mulher mais velha como uma figura materna, uma mulher da mesma idade como uma irmã e uma mulher mais nova como a figura de uma filha. 16. Traz um prazer muito curto, seguido por dor e mais dor. 17. Abandonar torna-se a luta de uma vida. Uma vez que você permite que a pornografia entre, há uma batalha violenta com Satanás e com sua velha natureza para se vigiar. Uma vez que você permite que a pornografia entre em sua vida, sempre haverá uma luta. É uma peleja vencível, mas um combate diário. 18. Permanece em sua mente para sempre. Satanás mantém aquela imagem repetindo em sua mente para criar um ciclo de luxúria pecaminosa e te levar de volta à pornografia. Você se torna ligado a uma imagem, não a uma pessoa. 19. A vergonha entra em sua vida. Culpa é sentir-se mal por algo que você fez. A vergonha, no entanto, é baseada em sentir-se mal por quem você é. A pornografia traz indignidade. Deus quer fazer você digno Dele. Satanás sempre traz maldição. 20. A confiança é perdida com as pessoas que você mais ama e respeita. 21. Abre a porta para todo pecado sexual. A pornografia é um portal, uma entrada que traz tudo de ruim e doloroso. Como masturbação compulsiva, desejos incontroláveis, práticas sexuais perigosas, Visita a lugares adultos para uso de prostituição, hábitos sexuais pervertidos e abuso sexual. 22. Viola mulheres. Como? Você está colocando seu selo de aprovação em uma indústria que degrada e desumaniza as mulheres. 23. Um convite para olhar para outras mulheres. 24. Extingue a verdade. A pornografia promove a mentira. Você mente para os outros, mente para Deus e mente para si mesmo. Você mente mais para cobrir velhas mentiras. Você se torna uma mentira viva. 25. Te liga a uma imagem. Você fica preso e ligado à imagem ao invés de sua esposa ou futura esposa se você é solteiro. 26. Fecha seus lábios para o louvor a Deus, falar sobre sua fé e contar aos outros como eles podem experimentar Deus. www.internautascristaos.com. Abraço. Davi. 

Reflita nesses pontos querido irmão - irmã. A recorrência em conteúdo pornográfico pode desencadear consequências físicas e mentais graves. Tais como: Perda de memória, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Além de  transtorno obsessivo compulsivo e fobias sociais. Peça a graça divina para superar - abandonar esse terrível e autodestrutível vício comportamental. Reconheça sua incapacidade de agir e invoque o perdão e restauração do Pai Celeste. Esse é o primeiro passo a cura completa. Também procure profissional competente e recomendado - psicólogo ou psicanalista com experiência neste tipo de transtorno psiquiátrico. Tome as palavras do Mestre Jesus Cristo como suas, em oração, quando disse em Marcos 9,23 "Se tu podes crer, tudo é possível aquele que crer". Diga firmemente: Eu posso, eu creio eu consigo. A fé é o caminho que nos conduz em direção a reparação e normalização cristã - espiritual. Livre do peso da acusação do pecado e da profunda tristeza interior. 

Mãe Divina Santíssima Virgem Maria. Te rogo que acolha e fortaleça nosso irmão ou irmã em Cristo. Que com o coração arrependido e quebrantado busca seu socorro. Dá-lhe a graça e perseverança para não mais agir no impulso do desejo natural. Faz brotar em seu interior o sentimento de amor ao próximo. A busca pelo prazer sincero da solidariedade e fraternidade. Compunja seu ser interior aos nobres anseios da virtude e moralidade espiritual. Esse é meu clamor e prece confiando em teu poder. Obrigado. Amém. 

quarta-feira, 15 de março de 2023

O PURGATÓRIO

 

Espiritismo. www.febnet.org.br. Texto de Allan Kardec (1804-1869). Livro O Céu e o Inferno. Capítulo 5. O PURGATÓRIO. O Evangelho não faz menção alguma do purgatório, que só foi admitido pela Igreja no ano de 593. É incontestavelmente um dogma mais racional e mais conforme com a Justiça de Deus que o inferno, porque estabelece penas menos rigorosas e resgatáveis para as faltas de gravidade mediana. O princípio do purgatório funda-se na equidade, pois é a detenção temporária a concorrer com a perpétua condenação. Que julgar de um país que só tivesse a pena de morte para todos os delitos? Sem o purgatório, só há para as almas duas alternativas extremas: a suprema felicidade ou o eterno suplício. E nessa hipótese, que seria das almas somente culpadas de ligeiras faltas? Ou compartilhariam da felicidade dos eleitos, ainda quando imperfeitas, ou sofreriam o castigo dos maiores criminosos, ainda quando não houvessem feito muito mal, o que não seria nem justo, nem racional. Necessariamente, porém, a noção do purgatório deveria ser incompleta, porque apenas conhecendo a penalidade do fogo fizeram dele uma atenuante do inferno, visto que as almas aí também ardem, embora em fogo mais brando. Sendo o dogma das penas eternas incompatível com o progresso, as almas do purgatório não se livram dele por efeito do seu adiantamento, mas em virtude das preces que se dizem ou que se mandam dizer em sua intenção. E se foi bom o primeiro pensamento, outro tanto não acontece quanto às consequências dele decorrentes, pelos abusos que originaram. As preces pagas transformaram o purgatório em mina mais rendosa que o inferno. Nota de Allan Kardec: O purgatório originou o comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no Céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Martinho Lutero (1483-1546) a rejeitar o purgatório. Jamais foram determinados e definidos claramente o lugar do purgatório e a natureza das penas aí sofridas. À Nova Revelação estava reservado o preenchimento dessa lacuna, explicando-nos a causa das terrenas misérias da vida, das quais só a pluralidade de existências poderia mostrar-nos à justiça. Essas misérias decorrem necessariamente das imperfeições da alma, pois se esta fosse perfeita não cometeria faltas nem teria de sofrer-lhe as consequências. O homem que na Terra fosse em absoluto sóbrio e moderado, por exemplo, não padeceria enfermidades oriundas de excessos. O mais das vezes ele é desgraçado por sua própria culpa, porém, se é imperfeito, é porque já o era antes de vir à Terra, expiando não somente faltas atuais, mas faltas anteriores não resgatadas. Repara em uma vida de provações o que a outrem fez sofrer em anterior existência. As adversidades que experimenta são, por sua vez, uma correção temporária e uma advertência quanto às imperfeições que lhe cumpre eliminar de si, a fim de evitar males e progredir para o bem. São para a alma lições da experiência, rudes às vezes, mas tanto mais proveitosas para o futuro, quanto profundas as impressões que deixam. Essas adversidades ocasionam incessantes lutas que lhe desenvolvem as forças e as faculdades intelectivas e morais. Por essas lutas a alma se retempera no bem, triunfando sempre que tiver denodo para mantê-las até o fim. O prêmio da vitória está na vida espiritual, onde a alma entra radiante e triunfadora como soldado que se destaca da refrega para receber a palma gloriosa. Em cada existência, uma ocasião se depara à alma para dar um passo avante; de sua vontade depende a maior ou menor extensão desse passo: franquear muitos degraus ou ficar no mesmo ponto. Neste último caso, e porque cedo ou tarde se impõe sempre o pagamento de suas dívidas, terá de recomeçar nova existência em condições ainda mais penosas, porque a uma nódoa não apagada ajunta outra nódoa. É, pois, nas sucessivas encarnações que a alma se despoja das suas imperfeições, que se purga, em uma palavra, até que esteja bastante pura para deixar os mundos de expiação pelos mundos felizes, e, mais tarde estes para gozar da suprema felicidade. O purgatório não é, portanto, uma ideia vaga e incerta; é antes uma realidade material que vemos, tocamos e sentimos. Ele existe nos mundos de expiação como a Terra, onde os homens expiam o passado e o presente, em proveito do futuro. Contrariamente, porém, à ideia de que dele se faz, depende de cada um prolongar ou abreviar a sua permanência, segundo o grau de adiantamento e pureza atingido pelo próprio esforço sobre si mesmo. O livramento se dá, não por conclusão de tempo nem por alheios méritos, mas pelo próprio mérito de cada um, consoante estas palavras do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”, palavras que resumem integralmente a Justiça de Deus. Aquele, pois, que sofre nesta vida pode dizer-se que é porque não se purificou suficientemente em sua existência anterior, devendo, se o não fizer nesta sofrer ainda na seguinte. Isto é ao mesmo tempo equitativo e lógico. Sendo o sofrimento inerente à imperfeição, tanto mais tempo se sofre quanto mais imperfeito se for, da mesma forma porque tanto mais tempo persistirá uma enfermidade quanto maior a demora em tratá-la. Assim é que, enquanto o homem for orgulhoso, sofrerá as consequências do orgulho; enquanto egoísta, as do egoísmo. Devido às suas imperfeições, o Espírito culpado sofre primeiro na vida espiritual, sendo-lhe depois facultada a vida corporal como meio de reparação. É por isso que ele se acha nessa nova existência, quer com as pessoas a quem ofendeu, quer em meios análogos àqueles em que praticou o mal, quer ainda em situações opostas à sua vida precedente, como, por exemplo, na miséria, se foi mal rico, ou humilhado, se orgulhoso. A expiação no mundo dos Espíritos e na Terra não constitui duplo castigo para o Espírito, porém um complemento, um desdobramento do trabalho efetivo a facilitar o progresso. Do Espírito depende aproveitá-lo. E não lhe será preferível voltar à Terra, com probabilidades de alcançar o Céu, a ser condenado sem remissão, deixando-a definitivamente? A concessão dessa liberdade é uma prova da sabedoria, da bondade e da Justiça de Deus, que quer que o homem tudo deva aos seus esforços e seja o obreiro do seu futuro; que, infeliz por mais ou menos tempo, não se queixe senão de si mesmo, pois que a rota do progresso lhe está sempre franca. Considerando-se quão grande é o sofrimento de certos Espíritos culpados no mundo invisível, quanto é terrível a situação de outros, tanto mais penosa pela impotência de preverem o termo desses sofrimentos, poder-se-ia dizer que se acham no inferno, se tal vocábulo não implicasse a ideia de um castigo eterno e material. Mercê, porém, da revelação dos Espíritos e dos exemplos que nos oferecem, sabemos que o prazo da expiação está subordinado ao melhoramento do culpado. O Espiritismo não nega, pois, antes confirma, a penalidade futura. O que ele destrói é o inferno localizado com suas fornalhas e penas irremissíveis. Não nega, outrossim, o purgatório, pois prova que nele nós achamos, e definindo-o precisamente, e explicando a causa das misérias terrestres, conduz à crença aqueles mesmos que o negam. Repele as preces pelos mortos? Ao contrário, visto que os Espíritos sofredores as solicitam; eleva-as a um dever de caridade e demonstra a sua eficácia para os conduzir ao bem e, por esse meio, abreviar-lhes os tormentos. Falando à inteligência, tem levado a fé a muito incrédulo, incutindo a prece no ânimo dos que a escarneciam. O que o Espiritismo afirmar é que o valor da prece está no pensamento, e não nas palavras, que as melhores preces são as do coração, e não dos lábios, e, finalmente, as que cada qual murmura de si mesmo, e não as que se mandam dizer por dinheiro. Quem, pois, ousaria censurá-lo? Seja qual for a duração do castigo, na vida espiritual ou na Terra, onde quer que se verifique, tem sempre um termo, próximo ou remoto. Na realidade não há para o Espírito mais que duas alternativas, a saber: punição temporária e proporcional à culpa, e recompensa graduada segundo o mérito. Repele o Espiritismo a terceira alternativa, da eterna condenação. O inferno reduz-se à figura simbólica dos maiores sofrimentos cujo termo é desconhecido. O purgatório, sim, é a realidade. A palavra purgatório sugere a ideia de um lugar circunscrito: eis por que mais naturalmente se aplica à Terra do que ao Espaço infinito onde erram os Espíritos sofredores, e tanto mais quanto a natureza da expiação terrena tem os caracteres da verdadeira expiação. Melhorados os homens, não fornecerão ao mundo invisível senão bons Espíritos; e estes, encarnando-se, por sua vez só fornecerão à humanidade corporal elementos aperfeiçoados. A Terra deixará, então, de ser um mundo expiatório e os homens não sofrerão mais as misérias decorrentes das suas imperfeições. Aliás, por esta transformação, que neste momento se opera, a Terra se elevará na hierarquia dos mundos. Nota de Allan Kardec: Vede O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item Ação da prece. Nota de Allan Kardec: Idem, cap. III, item Progressão dos mundos. Por que não teria o Cristo falado do purgatório? É que, não existindo a ideia, não havia palavra que a representasse. O Cristo serviu-se da palavra inferno, a única usada, como termo genérico, para designar as penas futuras, sem distinção. Colocasse Ele, ao lado da palavra inferno, uma equivalente a purgatório e não poderia precisar-lhe o verdadeiro sentido sem ferir uma questão reservada ao futuro; teria, enfim, de consagrar a existência de dois lugares especiais de castigo. O inferno em sua concepção genérica, revelando a ideia de punição, encerrava, implicitamente, a do purgatório, que não é senão um modo de penalidade. Reservado ao futuro o esclarecimento sobre a natureza das penas, competia-lhe igualmente reduzir o inferno ao seu justo valor. Uma vez que a Igreja, após seis séculos, houve por bem suprir o silêncio de Jesus quanto ao purgatório, decretando-lhe a existência, é porque ela julgou que Ele não havia dito tudo. E por que não havia de dar-se sobre outros pontos o que com este se deu? www. febnet.org.br. Livro O Céu e o Inferno. Abraço. Davi

segunda-feira, 13 de março de 2023

OS ANALECTOS - LIVRO V

 

Confucionismo. www.rl.art.br. OS ANALECTOS – LIVRO V. Texto de Confúcio (551-479). 1. O Mestre disse de Kung-yeh Ch’ang que ele era uma boa escolha para marido, pois, embora estivesse preso, não havia feito nada errado. E lhe deu sua filha em casamento. 2. O Mestre disse de Nan-jung que, quando o Caminho prevaleceu no reino, este não foi posto de lado e, quando o Caminho caiu em desgraça, ele ficou longe da humilhação e da punição. E lhe deu a filha do seu irmão mais velho em casamento. 3. O comentário do Mestre sobre Tzu-chien foi “Que cavalheiro! Onde ele teria adquirido as suas qualidades, se não houvesse cavalheiros no reino de Lu?”. 4. Tzu-kung perguntou: “O que acha de mim?”. O Mestre disse: “Você é um navio”. “Que tipo de navio?” “Um navio sacrificial”. 5. Alguém disse: “Yung é benevolente, mas não fala muito bem”. O Mestre disse: “Qual a necessidade de ele falar bem? Um homem rápido nas respostas frequentemente provocará o ódio dos outros. Não posso dizer se Yung é benevolente ou não, mas qual a necessidade de ele falar bem?”. 6. O Mestre aconselhou Ch’i-tiao K’ai a assumir um cargo oficial. Ch’i-tia o K’ai disse: “Acho que ainda não estou pronto”. O Mestre ficou satisfeito. 7. O Mestre disse: “Se o Caminho não pudesse prevalecer e eu fosse lançado ao mar em uma jangada, aquele que me seguiria seria Yu, sem dúvida alguma”. Tzu-lu, ao ouvir isso, transbordou de alegria. O Mestre disse: “Yu tem mais amor à coragem do que eu, mas lhe falta juízo”. 8. Meng Wu Po perguntou se Tzu-lu era benevolente. O Mestre disse: “Não posso dizer”. Meng Wu Po repetiu a pergunta. O Mestre disse: “A Yu pode ser dada a responsabilidade de coordenar as tropas de um reino de mil carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. “E quanto a Ch’iu?” O Mestre disse: “A Ch’iu pode ser dada a responsabilidade de administrar uma cidade de mil casas ou uma família nobre de cem carruagens, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. “E quanto a Ch’ih?” O Mestre disse: “Quando Ch’ih coloca a sua faixa e toma lugar na corte, a ele pode ser dada a responsabilidade de conversar com os convidados, mas se ele é benevolente ou não, não posso dizer”. 9. O Mestre disse a Tzu-kung: “Quem é o melhor homem, você ou Hui?”. “Como eu ousaria me comparar a Hui? Quando lhe é dita uma coisa, ele compreende cem coisas. Quando me é dita uma coisa, eu entendo apenas duas.” O Mestre disse: “De fato, você não é tão bom quanto ele. Nenhum de nós dois é tão bom quanto ele.” 10. Tsai Yü estava na cama durante o dia. O Mestre disse: “Um pedaço de madeira podre não pode ser esculpido, tampouco pode uma parede de esterco seco ser aplainada. Em se tratando de Yü, de que adianta condena-lo?”. O Mestre acrescentou: “Eu costumava ouvir as palavras de um homem e confiar que ele agiria de acordo. Agora, tendo ouvido as palavras de um homem, parto para observar suas ações. Foi por causa de Yü que mudei quanto a isso.” 11. O Mestre disse: “Nunca conheci alguém que fosse verdadeiramente constante”. Alguém perguntou: “E quanto a Shen Ch’eng?”. O Mestre disse: “Ch’eng é cheio de desejos. Como pode ser constante?12. Tzu-kung disse: “Do mesmo modo que não quero que os outros mandem em mim, também não quero mandar nos outros”. O Mestre disse: “Ssu, isso ainda está bem acima de você”. 13. Tzu-kung disse: “Pode-se ouvir sobre as realizações do Mestre, mas não se pode ouvir suas opiniões sobre a natureza humana e o Caminho para o Céu”. 14. A única coisa que Tzu-lu temia era que, antes que pudesse colocar em prática algo que aprendera, lhe ensinassem outra coisa diferente. 15. Tzu-kung perguntou: “Por que K’ung Wen Tzu foi chamado de wen?”. O Mestre disse: “Ele era rápido e ávido por aprender: não teve vergonha de buscar o conselho daqueles que lhe eram inferiores em posição. É por isso que ele é chamado wen”. 16. O Mestre disse sobre Tzu-ch’an que sob quatro aspectos ele tinha as maneiras de um cavalheiro: era respeitoso no modo como se comportava; era reverente no serviço ao seu senhor; ao tratar com as pessoas comuns, ele era generoso e, ao empregar os serviços destas, era justo. 17. O Mestre disse: “Yen P’ing-chung era um excelente amigo: mesmo quando conhecia seus amigos há muito tempo, ele os tratava com reverência”. 18. O Mestre disse: “Ao fazer uma casa para sua grande tartaruga, Wen-chung mandou esculpir os capitéis dos pilares na forma de montanhas e pintar os caibros do telhado com desenhos de plantas aquáticas. O que se deve pensar sobre a inteligência dele?19. Tzu-chang perguntou: “Ling Yin Tzu-wen não demonstrou júbilo algum quando por três vezes foi feito primeiro-ministro. Tampouco demonstrou desgosto quando por três vezes foi removido do cargo. Ele sempre dizia ao seu sucessor o que havia feito durante seu mandato. O que acha disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem que dá o melhor de si”. “E pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” “Quando o senhor de Ch’i foi assassinado por Ts’ui Tzu, Ch’en Wen Tzu, que possuía dez grupos de quatro cavalos cada, abandonou-os e deixou o reino. Ao chegar em outro reino, ele disse: ‘Os oficiais aqui não são melhores do que o nosso ministro Ts’ui Tzu’e partiu de novo. O que acha disso?” O Mestre disse: “Ele pode, de fato, ser considerado um homem puro”. “Pode ele ser chamado de benevolente?” “Sequer pode ser chamado de sábio. Como poderia ser chamado de benevolente?” 20. Chi Wen Tzu sempre pensava três vezes antes de agir. Quando o Mestre ficou sabendo disso, comentou: “Duas vezes é suficiente”. 21. O Mestre disse: “Ning Wu Tzu era inteligente enquanto o Caminho prevalecia no reino, mas foi estúpido quando não prevaleceu. Outros podem igualar sua inteligência, mas não podem igualar sua estupidez”. 22. Quando estava em Ch’en, o Mestre disse: “Vamos para casa. Vamos para casa. Em casa, nossos jovens rapazes são furiosamente ambiciosos e têm grandes talentos, mas não sabem usá-los”. 23. O Mestre disse: “Po Yi e Shu Ch’i nunca lembravam de velhas rixas. Por essa razão, muito raramente provocavam ressentimentos”. 24. O Mestre disse: “Quem disse que Wei-sheng era correto? Uma vez, quando um pedinte lhe mendigou vinagre, ele foi e pediu-o para um vizinho”. 25. O Mestre disse: “Palavras ardilosas, rosto adulador e absoluta subserviência: essas coisas Tso-ch’iu considerava vergonhosas. Eu também as considero vergonhosas. Ser amigável com alguém enquanto escondemos nossa hostilidade: também isso Tso-ch’iu considerava vergonhoso. Eu também considero vergonhoso”. 26. Yen Yüan e Chi-lu estavam presentes. O Mestre disse: “Sugiro que cada um de vocês me conte os seus desejos mais fortes”. Tzu-lu disse: “Eu desejaria partilhar minha carruagem e cavalos, roupas e peles com meus amigos sem me arrepender, mesmo que eles ficassem gastos”. Yen Yüan disse: “Eu desejaria nunca me vangloriar da minha própria bondade e nunca impor tarefas pesadas aos outros”. Tzu-lu disse: “Eu gostaria de ouvir quais os seus desejos secretos, Mestre”. O Mestre disse: “Trazer paz aos velhos, ter confiança nos meus amigos e dar afeto aos jovens”. 27. O Mestre disse: “Acho que devo abandonar as esperanças. Ainda estou para conhecer o homem que, ao ver os próprios erros, seja capaz de se criticar internamente”. 28. O Mestre disse: “Em um vilarejo de dez casas, sempre haverá aqueles que são meus iguais quanto a fazer o melhor que podem pelos outros e quanto a ser fiéis às próprias palavras, mas dificilmente terão tanta vontade de aprender quanto eu tenho”. www.rl.art.br. Abraço. Davi