Gnosticismo.
Contam as antigas lendas francesas relacionadas a descendência de Jesus Cristo
e Maria Madalena que durante a perseguição aos cristãos primitivos ocorridas
nos anos seguintes à crucificação,
alguns dos discípulos do Grande Kabir (1440-1518) poeta místico da Índia
medieval, e pessoas próximas ao Divino Casal fugiram da Judeia num barco e
chegaram à costa sul da Gália, atual França. Na embarcação usada para a fuga
pelo mar Mediterrâneo estavam os irmãos Lázaro, Maria Madalena e Marta,
juntamente com a mãe dos apóstolos João e Tiago, chamada Maria Salomé.
Acompanhados ainda por Maria de Cleofas, a tia de Jesus e Maximim d’ Aix, um
dos setenta e dois discípulos de Jesus Cristo e famoso evangelizador da região
de Aix en Provence, comuna francesa. Além de todos eles, participava desta
jornada uma jovem de pele morena, supostamente vinda do Alto Egito para servir
à tia de Jesus com serva. Seu nome era Sarah, quem atualmente vem sendo
identificada na literatura sobre a descendência familiar de Jesus Crsto como
sendo sua filha com Maria Madalena. Esta tradição ressurgiu com força na década
de 1980, graças a obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, dos escritores
Michael Baigent (1948-2013), Richard Leigh (1943-2007) e Henry Lincoln (1930- ) sendo o autor da obra O Santo Graal e a
Linhagem Sagrada. Nos últimos anos, as teorias sobre os frutos da união
matrimonial celebrada entre Jesus e sua principal discípula vêm ganhando cada
vez mais forças no imaginário popular graças a publicação de novos romances históricos
baseados nas ideias que acabaram sendo popularizadas pelo escritor Dan Brown.
Alguns autores mais recentes que aproveitam o sucesso do best-seller O Código
Da Vinci e a ideia que identifica o Santo Graal com o sangue real dos herdeiros
do Salvador e sua esposa redimida sugerem que Santa Sarah, a menina egípcia que
acompanhou os familiares e discípulos de Jesus Cristo na embarcação ruma às
terras francesas, era na verdade a filha do divino casal da Galileia. Este é o
caso do Livro A Mulher com o Vaso de Alabastro: Maria Madalena e o Santo Graal,
escrito por Margaret Starbird (1942- ) e
publicado em 1993. Essa obra contem a ideia de que Santa Sarah é a filha de
Jesus e Madalena, e que este fato seria a autêntica fonte da lenda associada
com a mística de Saintes Maries de la Mer. Como já mencionamos acima, a
tradição local afirma que a cidade de Saint Marie de la Mer (comuna francesa na
região da Provença Alpes, foi o porto onde os familiares e discípulos de Jesus
desembarcaram de sua fuga pelo Mediterrâneo. No barco estavam as chamadas Três
Marias: Maria Madalena, Maria Salomé e Maria de Cleofas, as três mulheres que
primeiro que primeiro testemunharam a tumba vazia de Jesus, e cujas relíquias
são o foco de devoção de peregrinos. Assim que Jesus foi crucificado as Três
Marias e sua comitiva teriam partido da cidade egípcia de Alexandria
acompanhadas de seu tio, José de Arimatéia. As lendas francesas sustentam que a
embarcação chegou ao território que hoje corresponde ao sul da França, onde
havia uma fortaleza que hoje corresponde ao sul da França, onde havia uma
fortaleza chamada Oppidum Ra. O local passou logo a ser conhecido como Notre
Dame de Ratis, pois Ra se tornou Ratis, que em latim significa algo como
navegar. Mais tarde torna-se Notre Damede la Mer, e no século XIX, Saintes
Maries de la Mer. Margaret Starbird afirma que o nome Sarah significa
“princesa” em hebraico, um forte indicativo de que ela seria a descendente
esquecida do “Sang Réal”, o sangue real do Rei dos Judeus. O esquecimento de
Sarah teria sido consequência da supressão que o Catolicismo Romano realizou
sobre a veneração e a devoção ao Sagrado Feminino, resultando num desequilíbrio
espiritual da doutrina cristã. Para a autora, o Cristianismo Primitivo incluía
a celebração do chamado Hierosgamo, que significa casamento sagrado, a união
sexual divina e divinizante, o mesmo Sacramento da Câmara Nupcial dos antigos
gnósticos, e o Grande Arcano dos gnósticos contemporâneos, tal como foi
ensinado por Samael Aun Weor (1917-1977) em sua extensa obra. Esta celebração
oferecia um modelo arquetípico do noivo, Jesus Cristo, e da noiva, Maria
Madalena, ensinando a metafísica da
união do Espírito Puro, Real Ser Interior, com a Alma Arrependida, que vai
sendo liberta dos Eus Psicológicos, e a ciência
da união sexual entre homem e mulher. Este último corresponde à mescla
inteligente do erótico com o sagrado, um ato religioso capaz de converter seus
adeptos em deuses, ou seja, de leva-los à união com a Divindade para conhecer
seus mistérios. Este modelo de unidade conciliadora da dualidade acabou sendo
perdido logo nos primeiros séculos do Cristianismo. Uma verdadeira tragédia
espiritual que acabou excluindo as lideranças femininas, o que era muito comum
no tempo dos primeiros discípulos de Jesus. Margaret Starbird insiste que tal
parceria sagrada é universal e apenas reflete aquela existente em outras
regiões do planeta, em contextos religiosos muito anteriores ao daquele em que
se formou a religião do Cristo. Nos dias atuais, para o bem da retomada do equilíbrio
de gêneros na religiosidade cristã e a revisão da importância da sexualidade
para uma espiritualidade conciliadora do humano como o divino. Santa Sarah
converteu-se num instrumento de oposição aos velhos padrões autoritários e de
rigidez hierárquica, onde o masculino impera
à força e as cegas sobre o feminino. Isso por puro medo de perder seu
poder e de ser tragado pela sensualidade que secretamente deseja. E para o
esoterismo gnóstico, Santa Sarah representa o fruto maravilhoso deste casamento
divino que acontece no interior de cada discípulo que celebra o
Hierosgamos, que recebe o Sacramento da
Câmara Nupcial que opera com o grande Arcano ensinado pelo gnosticismo nos dias
atuais. Este fruto é a alma cristificada, livre de toda amarra psicológica, das
ilusões e dos apegos mundanos, pronta para experimentar a Gnosis e com ela a
verdade. http://www.sgi.org.br. Abraço.
Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário