Filosofia. Escrito por Ubaldo Nicola.
Como os Homens inventaram a Linguagem. Existe correspondência entre as palavras
e as coisas? A linguagem tem origem natural ou convencional? Contrariando a
opinião dominante no mundo antigo, Demócrito (460 AC 360) afirma que as
palavras são estranhas as coisas que representam e são sinais puramente
convencionais. De fato, nas diversas línguas empregam-se nomes diferente para
indicar o mesmo objeto. Pela primeira vez na história, coloca-se a tese do
convencionalismo linguístico, as palavras não possuem, em si, como som, nenhum
significado; são puras convenções que adquirem sentido somente pelo uso comum
com base no critério de utilidade recíproca. O temor e a utilidade recíproca
fizeram nascer a sociedade. Os homens das gerações primitivas, levando uma vida
sem leis, semelhante a vida das feras, saiam para os pastos, dispersos,
colhendo a erva que era mais agradável ao paladar e os frutos que as árvores
produziam. Eram continuamente agredidos pelas feras; a utilidade ensinou-os a
ajudarem-se mutuamente, e, reunindo-se em sociedade sob o impulso do temor,
começaram pouco a pouco a reconhecer-se pelo aspecto. A natureza das palavras é
puramente convencional. Enquanto antes pronunciavam palavras desarticuladas e
desprovidas de significado, aos poucos passaram a articular as palavras,
estabelecendo entre si expressões convencionais para designar cada objeto. Dado
que o ser humano não se origina de um único tronco, não existe uma língua
universal. Mas posto que tais agrupamentos de homens se formaram em todas as
regiões habitadas da Terra, não pode existir uma língua de igual som para
todos, pois cada um daqueles grupos combinou os vocábulos ao acaso, eis porque
são variadíssimas as características das línguas e porque os primeiros grupos
deram origem as diversas nações. A invenção da linguagem favoreceu o nascimento
das técnicas e, portanto, da civilização. Aqueles primeiros homens, portanto,
viviam em meio a dificuldades, porque nada ainda se encontrara de tudo quanto é
útil a vida; eram desprovidos de qualquer vestimenta, não estavam acostumados a
ter uma habitação e a usar o fogo, além de desconhecer totalmente alimento que
não fosse selvagem. Não faziam qualquer provisão de frutos para a eventualidade
de que estes viessem a faltar, motivo pelo qual, durante o inverno, muitos
deles morriam, fosse de frio, fosse por falta de alimento. Todos os
conhecimento foram aprendidos por meio da experiência. A inteligência reside
tanto nas mãos quanto na cabeça. Mas não tardou muito e eles, instruídos pela
experiência, se refugiaram nas cavernas durante o inverno e guardavam aqueles
frutos que eram próprios para serem conservados. Conhecidos depois o fogo e as
outras coisas úteis à vida, encontraram pouco mais tarde também as artes e
todos os meios que podem trazer benefício à vida em sociedade. Assim, o uso em
si foi mestre de todas as coisas para os homens, tornando familiar o
aprendizado de cada habilidade a estes seres bem dotados e que têm as mãos, a
razão e a versatilidade da mente como colaboradores para todas as
eventualidades. Como a Vida Nasceu do Vórtice (redemoinho) atômico. A hipótese
atomista explica a estrutura dos corpos, mas pode explicar também a sua origem?
O que leva os átomos a se agregarem para formarem compostos estáveis? Para
responde a essas perguntas Demócrito (460 AC 370) formulou a teoria dos
Vórtices, que obteria um grande sucesso no meio científico; a agregação
dos átomos em corpos sólidos e compactos deve a fenômenos puramente mecânicos,
particularmente a força centrípeta agregadora desenvolvida pelo movimento em
vórtice. Antes de tudo, Demócrito tinha interesse em trazer a luz a afirmação
de que o nascimento da vida depende de processos automáticos (putrefação,
fermentação), os quais não requerem a intervenção de qualquer inteligência
divina. No Caos Inicial não existiam Corpos Diferenciados. Na primitiva
comunhão de todas as coisas, o céu e a terra tinham um pouco aspecto, sendo
misturada a sua matéria. O Diferente peso dos átomos produziu uma primeira
separação. Em seguida, separando-se os corpos uns dos outros, o mundo foi
assumindo todo esse ordenamento que nele se vê; o ar recebeu um movimento
ininterrupto e a sua porção ígnea (fogo) recolheu-se as regiões mais altas da
atmosfera, pois essa matéria tendia para o alto devido a sua leveza. Os corpos
celestes formaram-se em consequência de um movimento em vórtice. Por essa
razão, o Sol e a multidão de astros foram apanhados no vórtice geral; a parte
lamacenta e turva, com mescla de elementos úmidos, depositou-se inteiramente em
um lugar graças a sue peço e, girando e volvendo-se continuamente sobre si
mesma, com o elemento líquido formou o mar. Com as partes mais sólidas, formou
a terra, lamacenta e mole. O nascimento da vida explica-se com processos de
putrefação e fermentação. E a terra, inicialmente sob o ardor do fogo solar,
tomou consistência, em seguida, o calor provocou fermentações em sua
superfície; em muitos lugares, as partes úmidas incharam, produzindo-se em
torno delas putrefações envoltas em sutis membranas. Isso pode ser observado
ainda hoje nos charcos e pântanos; depois que essas regiões se resfriam, o ar
torna-se imediatamente escaldante, em vez de aquecer-se gradualmente. A ação do
calor e do frio explica a evolução dos processos vitais. E posto que aquelas
partes úmidas produziam embriões (pela elevação do calor) do modo que foi dito,
esses embriões recebiam alimento da neblina que descia da atmosfera à noite e
se consolidavam com o calor do Sol durante o dia, enfim, a medida que esses
fetos tão fechados completavam o seu crescimento e as membranas dissecadas se
dilaceravam, vinham a luz as variadíssimas espécies de animais. As diferenças
entre os animais dependem da estrutura atômica. Dentre esses, aqueles que
possuíam mais calor se alçaram nas regiões do ar, tornando-se voláteis, aqueles
que tinham uma constituição terrosa foram incluídos na ordem dos répteis e de
outros animais terrestres; aqueles que alcançaram característica
particularmente úmida voltaram-se para o elemento próprio de sua natureza e
foram denominados aquáticos. A terra, que se tornara cada vez mais dura pela
ação do calor solar e dos ventos, não teve mais condições de produzir nenhum
dos animais, mas cada uma das espécies dos que estavam vivos começou a se
propagar pela mútua união dos próprios seres. Materialismo. É a convicção de
que todos os fenômenos inclusive aqueles espirituais e psíquicos, são resultado
final de processos materiais e mecânicos. Os materialistas negam a existência
da alma e das substâncias espirituais, reconhecendo somente a existência das
substâncias corpóreas. Apesar de o termo ter sido cunhado no século XVII,
adapta-se bem a doutrina de Demócrito (460 C 370), segundo a qual também à alma, o pensamento
e até mesmo os deuses são compostos de átomos materiais. Livro Antologia Ilustrada de Filosofia. Das origens à Idade Moderna. Abraço. Davi.
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