segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Existe A Verdade. Parte IV.



Filosofia. Escrito por Ubaldo Nicola. Como os Homens inventaram a Linguagem. Existe correspondência entre as palavras e as coisas? A linguagem tem origem natural ou convencional? Contrariando a opinião dominante no mundo antigo, Demócrito (460 AC 360) afirma que as palavras são estranhas as coisas que representam e são sinais puramente convencionais. De fato, nas diversas línguas empregam-se nomes diferente para indicar o mesmo objeto. Pela primeira vez na história, coloca-se a tese do convencionalismo linguístico, as palavras não possuem, em si, como som, nenhum significado; são puras convenções que adquirem sentido somente pelo uso comum com base no critério de utilidade recíproca. O temor e a utilidade recíproca fizeram nascer a sociedade. Os homens das gerações primitivas, levando uma vida sem leis, semelhante a vida das feras, saiam para os pastos, dispersos, colhendo a erva que era mais agradável ao paladar e os frutos que as árvores produziam. Eram continuamente agredidos pelas feras; a utilidade ensinou-os a ajudarem-se mutuamente, e, reunindo-se em sociedade sob o impulso do temor, começaram pouco a pouco a reconhecer-se pelo aspecto. A natureza das palavras é puramente convencional. Enquanto antes pronunciavam palavras desarticuladas e desprovidas de significado, aos poucos passaram a articular as palavras, estabelecendo entre si expressões convencionais para designar cada objeto. Dado que o ser humano não se origina de um único tronco, não existe uma língua universal. Mas posto que tais agrupamentos de homens se formaram em todas as regiões habitadas da Terra, não pode existir uma língua de igual som para todos, pois cada um daqueles grupos combinou os vocábulos ao acaso, eis porque são variadíssimas as características das línguas e porque os primeiros grupos deram origem as diversas nações. A invenção da linguagem favoreceu o nascimento das técnicas e, portanto, da civilização. Aqueles primeiros homens, portanto, viviam em meio a dificuldades, porque nada ainda se encontrara de tudo quanto é útil a vida; eram desprovidos de qualquer vestimenta, não estavam acostumados a ter uma habitação e a usar o fogo, além de desconhecer totalmente alimento que não fosse selvagem. Não faziam qualquer provisão de frutos para a eventualidade de que estes viessem a faltar, motivo pelo qual, durante o inverno, muitos deles morriam, fosse de frio, fosse por falta de alimento. Todos os conhecimento foram aprendidos por meio da experiência. A inteligência reside tanto nas mãos quanto na cabeça. Mas não tardou muito e eles, instruídos pela experiência, se refugiaram nas cavernas durante o inverno e guardavam aqueles frutos que eram próprios para serem conservados. Conhecidos depois o fogo e as outras coisas úteis à vida, encontraram pouco mais tarde também as artes e todos os meios que podem trazer benefício à vida em sociedade. Assim, o uso em si foi mestre de todas as coisas para os homens, tornando familiar o aprendizado de cada habilidade a estes seres bem dotados e que têm as mãos, a razão e a versatilidade da mente como colaboradores para todas as eventualidades. Como a Vida Nasceu do Vórtice (redemoinho) atômico. A hipótese atomista explica a estrutura dos corpos, mas pode explicar também a sua origem? O que leva os átomos a se agregarem para formarem compostos estáveis? Para responde a essas perguntas Demócrito (460 AC 370) formulou a teoria dos Vórtices, que obteria  um grande sucesso no meio científico; a agregação dos átomos em corpos sólidos e compactos deve a fenômenos puramente mecânicos, particularmente a força centrípeta agregadora desenvolvida pelo movimento em vórtice. Antes de tudo, Demócrito tinha interesse em trazer a luz a afirmação de que o nascimento da vida depende de processos automáticos (putrefação, fermentação), os quais não requerem a intervenção de qualquer inteligência divina. No Caos Inicial não existiam Corpos Diferenciados. Na primitiva comunhão de todas as coisas, o céu e a terra tinham um pouco aspecto, sendo misturada a sua matéria. O Diferente peso dos átomos produziu uma primeira separação. Em seguida, separando-se os corpos uns dos outros, o mundo foi assumindo todo esse ordenamento que nele se vê; o ar recebeu um movimento ininterrupto e a sua porção ígnea (fogo) recolheu-se as regiões mais altas da atmosfera, pois essa matéria tendia para o alto devido a sua leveza. Os corpos celestes formaram-se em consequência de um movimento em vórtice.  Por essa razão, o Sol e a multidão de astros foram apanhados no vórtice geral; a parte lamacenta e turva, com mescla de elementos úmidos, depositou-se inteiramente em um lugar graças a sue peço e, girando e volvendo-se continuamente sobre si mesma, com o elemento líquido formou o mar. Com as partes mais sólidas, formou a terra, lamacenta e mole. O nascimento da vida explica-se com processos de putrefação e fermentação. E a terra, inicialmente sob o ardor do fogo solar, tomou consistência, em seguida, o calor provocou fermentações em sua superfície; em muitos lugares, as partes úmidas incharam, produzindo-se em torno delas putrefações envoltas em sutis membranas. Isso pode ser observado ainda hoje nos charcos e pântanos; depois que essas regiões se resfriam, o ar torna-se imediatamente escaldante, em vez de aquecer-se gradualmente. A ação do calor e do frio explica a evolução dos processos vitais. E posto que aquelas partes úmidas produziam embriões (pela elevação do calor) do modo que foi dito, esses embriões recebiam alimento da neblina que descia da atmosfera à noite e se consolidavam com o calor do Sol durante o dia, enfim, a medida que esses fetos tão fechados completavam o seu crescimento e as membranas dissecadas se dilaceravam, vinham a luz as variadíssimas espécies de animais. As diferenças entre os animais dependem da estrutura atômica. Dentre esses, aqueles que possuíam mais calor se alçaram nas regiões do ar, tornando-se voláteis, aqueles que tinham uma constituição terrosa foram incluídos na ordem dos répteis e de outros animais terrestres; aqueles que alcançaram característica particularmente úmida voltaram-se para o elemento próprio de sua natureza e foram denominados aquáticos. A terra, que se tornara cada vez mais dura pela ação do calor solar e dos ventos, não teve mais condições de produzir nenhum dos animais, mas cada uma das espécies dos que estavam vivos começou a se propagar pela mútua união dos próprios seres. Materialismo. É a convicção de que todos os fenômenos inclusive aqueles espirituais e psíquicos, são resultado final de processos materiais e mecânicos. Os materialistas negam a existência da alma e das substâncias espirituais, reconhecendo somente a existência das substâncias corpóreas. Apesar de o termo ter sido cunhado no século XVII, adapta-se bem a doutrina de Demócrito (460 C 370), segundo a qual também à alma, o pensamento e até mesmo os deuses são compostos de átomos materiais. Livro Antologia Ilustrada de Filosofia. Das origens à Idade Moderna. Abraço. Davi.

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