quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Trilhar o Caminho do Budha.

Texto de Greg Martin (1984-  ). Uma bolota, fruto, converte-se num majestoso carvalho se é plantada e nutrida com o calor do sol, com a umidade da chuva e com os nutrientes da terra. Mas uma bolota não é ainda um carvalho. Uma bolota é uma potencialidade. Um carvalho é a manifestação desse potencial. Existe uma grande diferença entre o que pode ser e o que realmente é. O estado de Budha é o mesmo. Ultimamente tenho ouvido as pessoas dizerem com convicção Eu sou um Budha. É verdade. Todo mundo é um Budha. Somos Budhas potenciais. Todos possuímos a energia potencial da natureza de Budha. Mas cada um de nós é responsável de transformar a potencialidade em realidade. Mas isto, o ensino budista que para mim é mais difícil de personificar, é a que diz: O propósito do advento do lorde Budha neste mundo estava em seu comportamento como ser humano. (END, vol. I, pág. 289). Meu potencial de sabedoria, coragem e benevolência deve manifestar-se no meu comportamento na vida diária. O simples fato de recitar Nam Myoho Rengue Kyo não equivale automaticamente a comportar-me como Budha. Os membros de minha família têm sido os principais responsáveis de mostrar-me o que preciso modificar no meu comportamento. Faz anos, em meio de uma acalorada discussão, meu filho me fez ver que eu tinha abandonado completamente o diálogo respeitoso, ao dizer sarcasticamente sobre meu proceder “Assim que este é o exemplo de liderança que irá trazer a paz ao mundo?”. Me deu vontade de chorar: Golpe sujo! Não vale! Pôr a teoria em prática sempre é difícil. Desafortunadamente houve muitas ocasiões, apesar dos meus constantes esforços na minha prática budista, que comportei-me terrivelmente com as outras pessoas, família, amigos, companheiros membros da SGI-USA. Em alguma ocasião cheguei a acreditar que enquanto praticasse o budismo firmemente, qualquer comportamento automaticamente seria o comportamento do Budha”. Essa percepção me trouxe problemas em todos os aspectos da minha vida. Também era um problema quando, como líder da SGI-USA, dava respostas cortantes como é seu carma. Porém, não era tão fácil responder-lhe ao meu filho o problema não é meu comportamento, é teu carma de ter-me como pai. A ideia de que toda pessoa é um Budha e pode manifestar o estado de Budha em sua forma presente, tem profundas raízes na tradição budista Mahayana. Porém, de alguma maneira desenvolveu-se a ideia absurda de que como toda pessoa é um Budha, tudo o que faz mentir, fraudar, odiar, gritar, é o comportamento do Budha. Se isto fosse verdadeiro, não haveria necessidade de praticar o budismo porque todos já seriam Budhas tal e como são. Afortunadamente, esta distorção passou à categoria de anacronismo (conceitos descontextualizados no tempo presente) religioso. Não obstante, no meu comportamento anterior refletia-se minha maneira de pensar que o que fizesse, pensasse ou falasse seria aceitável em tanto continuasse fazendo a prática.  Isto converteu-se numa licença para tratar mal aos outros, talvez usando como pretexto uma rigorosa benevolência, esquecendo a advertência de Daishonin de que diz: os crentes no Sutra de Lótus nunca devem se ofender entre si. (END, vol. I, pág. 373). Achar que nosso comportamento é automaticamente o comportamento do Budha brinda uma excelente desculpa para não ser responsável de suas ações e torna-se terreno fértil para justificar uma longa lista de comportamentos não iluminados. Na minha própria vida, tenho sido um pouco lerdo para despertar deste torpor sobre o que significa manifestar a Budhicidade em nossa forma presente. A menos que minha prática budista se reflita em ações benevolentes, corajosas e sábias para com as outras pessoas, seria um embuste do estado de Budha somente teórico. A prova final de minha prática budista está na maneira como penso das pessoa, falo e me comporto com as outras pessoas. Por mais difícil que pareça como modelo de comportamento o anteriormente mencionado, no fim das contas o que mais importa, é minha maneira de tratar os outros. Uma bolota libera seu potencial inato na medida que receba os cuidados pertinentes. Nossa natureza de Budha manifesta-se de maneira semelhante na medida que fortaleçamos nossa fé e nossa prática. Uma pessoa comum manifesta seu estado de Budha por meio de seu comportamento como ser humano. Finalmente, não é suficiente repetir o que dizia o Budha, devemos trilhar o caminho do Budha através de nossos atos. http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço. Davi.


Nenhum comentário:

Postar um comentário