Texto de Greg Martin (1984-
). Uma bolota, fruto, converte-se num majestoso carvalho se é plantada e
nutrida com o calor do sol, com a umidade da chuva e com os nutrientes
da terra. Mas uma bolota não é ainda um carvalho. Uma bolota é uma
potencialidade. Um carvalho é a manifestação desse
potencial. Existe uma grande diferença entre o que pode ser e o que
realmente é.
O estado de
Budha é o mesmo. Ultimamente tenho ouvido as pessoas dizerem com convicção Eu sou um Budha. É verdade. Todo mundo é um
Budha. Somos Budhas potenciais. Todos possuímos a energia potencial da natureza de
Budha. Mas cada um de nós é responsável de transformar a potencialidade em realidade.
Mas isto, o ensino budista que para mim é mais difícil de personificar, é a que diz: O propósito do advento do lorde
Budha neste mundo estava em seu comportamento como ser humano. (END, vol. I, pág. 289).
Meu
potencial de sabedoria, coragem e benevolência deve manifestar-se no
meu comportamento na vida diária. O simples fato de recitar Nam
Myoho Rengue
Kyo não equivale automaticamente a comportar-me como
Budha.
Os
membros de minha família têm sido os principais responsáveis de
mostrar-me o que preciso modificar no meu comportamento. Faz anos, em
meio de uma acalorada discussão,
meu filho me fez ver que eu tinha abandonado completamente o diálogo
respeitoso, ao dizer sarcasticamente sobre meu proceder “Assim que este é
o exemplo de liderança que irá trazer a paz ao mundo?”. Me deu vontade
de chorar: Golpe sujo! Não vale!
Pôr
a teoria em prática sempre é difícil. Desafortunadamente houve muitas
ocasiões, apesar dos meus constantes esforços na minha prática budista,
que comportei-me terrivelmente
com as outras pessoas, família, amigos, companheiros membros da
SGI-USA. Em alguma ocasião cheguei a acreditar que enquanto praticasse o
budismo firmemente, qualquer comportamento automaticamente seria o
comportamento do
Budha”.
Essa
percepção me trouxe problemas em todos os aspectos da minha vida.
Também era um problema quando, como líder da SGI-USA, dava respostas
cortantes como é seu carma. Porém,
não era tão fácil responder-lhe ao meu filho o problema não é meu
comportamento, é teu carma de ter-me como pai.
A ideia de que toda pessoa é um
Budha e pode manifestar o estado de
Budha em sua forma presente, tem profundas raízes na tradição budista
Mahayana. Porém, de alguma maneira desenvolveu-se a ideia absurda de que como toda pessoa é um
Budha, tudo o que faz mentir, fraudar, odiar, gritar, é o comportamento do
Budha. Se isto fosse verdadeiro, não haveria necessidade de praticar o budismo porque todos já seriam
Budhas tal e como são.
Afortunadamente,
esta distorção passou à categoria de anacronismo (conceitos
descontextualizados no tempo presente) religioso. Não obstante, no meu
comportamento anterior
refletia-se minha maneira de pensar que o que fizesse, pensasse ou
falasse seria aceitável em tanto continuasse fazendo a prática. Isto
converteu-se numa licença para tratar mal aos outros, talvez usando como
pretexto uma rigorosa benevolência, esquecendo
a advertência de Daishonin de que diz: os crentes no Sutra de Lótus nunca devem se ofender entre si. (END, vol. I, pág. 373).
Achar que nosso comportamento é automaticamente o comportamento do
Budha brinda uma excelente desculpa para não
ser responsável de suas ações e torna-se terreno fértil para justificar
uma longa lista de comportamentos não iluminados.
Na minha própria vida, tenho sido um pouco lerdo para despertar deste torpor sobre o que significa manifestar a
Budhicidade em nossa forma presente. A menos
que minha prática budista se reflita em ações benevolentes, corajosas e
sábias para com as outras pessoas, seria um embuste do estado de
Budha somente teórico.
A
prova final de minha prática budista está na maneira como penso das
pessoa, falo e me comporto com as outras pessoas. Por mais difícil que
pareça como modelo de comportamento
o anteriormente mencionado, no fim das contas o que mais importa, é
minha maneira de tratar os outros. Uma bolota libera seu potencial inato
na medida que receba os cuidados pertinentes.
Nossa natureza de
Budha manifesta-se de maneira semelhante na
medida que fortaleçamos nossa fé e nossa prática. Uma pessoa comum
manifesta seu estado de
Budha por meio de seu comportamento como ser humano.
Finalmente, não é suficiente repetir o que dizia o
Budha, devemos trilhar o caminho do Budha através de nossos atos.
http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço. Davi.
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