quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A Eternidade da Vida

Colaboração Silves Stocel. Uma visão otimista sobre o ciclo de nascimento e morte. Como religião ou como filosofia, o Budismo sempre ressaltou a importância de se encarar diretamente a realidade da morte, definindo-a, assim como a doença e a velhice, como um dos sofrimentos fundamentais que devemos enfrentar. Por causa dessa definição, muitas vezes associa-se ao budismo uma visão pessimista da vida, quando na realidade é precisamente o contrário. Como a morte é inevitável, todo o intento de ignorar ou evitar esta realidade essencial da vida nos condena a uma forma de vida superficial. Uma clara consciência e correta compreensão da morte nos permite viver sem medo, com força, com clareza de propósito e alegria. O Budismo considera o universo como uma vasta entidade viva. Nela, os ciclos individuais de vida e morte se repetem sem cessar. Passamos por estes ciclos todos os dias, enquanto milhões de células de nosso corpo morrem e se renovam por meio de um processo metabólico. A morte é, então, parte imprescindível da vida, possibilitando a renovação e um novo crescimento. No momento da morte, regressamos ao vasto mar da vida como uma onda rompe e volta a enterrar-se em mar aberto. Com a morte, a força vital fundamental, individual, sustentáculo de nossa existência, regressa ao grande universo. O ideal seria poder experimentar a morte como um período de descanso, como um sono rejuvenescedor após a luta e esforços do dia a dia. O Budismo afirma que a continuidade dos ciclos de vida e morte é permanente, e que, neste sentido, nossa vida é eterna. Como escreveu Nitiren: Quando examinamos a natureza da vida desde a perfeita iluminação, percebemos não haver um começo marcando o nascimento e, portanto, não haver um fim que signifique a morte. No século V, o grande filósofo Vasubandhu da Índia desenvolveu o Ensinamento das nove consciências cujo tema é descrever as funções eternas da vida. Em sua teoria, os primeiros cinco níveis de consciência correspondem aos cinco sentidos e o sexto, ao pensamento consciente. Este sexto nível de consciência inclui a capacidade de efetuar juízos racionais e de interpretar a informação recolhida pelos sentidos. O sétimo nível de consciência chamado Manas corresponde ao subconsciente tal como o descreve a psicologia moderna. É o local onde se encontra nosso sentido profundo de um "eu". Por debaixo deste, encontra-se a oitava, a consciência Alaya. Neste nível, encontra-se a energia potencial, tanto positiva como negativa, criada por nossos pensamentos, palavras e ações. Esta energia potencial, também conhecida como tendência profunda de vida, é o que chamamos de carma. Novamente, revela-se uma outra diferença de certas suposições: o Budismo não considera o carma fixo e imutável. Nossa energia cármica, cujos textos budistas descrevem como torrente embravecida da consciência Alaya, interage com outros níveis de consciência. É nesta camada sumamente profunda que os seres humanos exercem influência entre si, ao redor e em toda a vida. Também, aí, se mantém a continuidade entre os ciclos da vida e da morte. Quando morremos, a energia potencial que representa a balança Kármica de todas as nossas ações criativas e destrutivas, egoístas e altruístas, continua fluindo na consciência Alaya. É isto, o carma, que determina as circunstâncias em que a energia potencial voltará a manifestar-se no nascimento, como uma nova vida individual. Finalmente, existe um nono nível de consciência. Esta é a fonte da própria vida do cosmo abarcando e sustentando, inclusive, a função da consciência Alaya. O propósito da prática budista é estimular e despertar esta consciênciachamada Amala, fundamentalmente pura, ou ainda a própria sabedoria, cujo poder reside em transformar até o fluxo de energia negativa mais arraigado nas camadas mais superficiais da consciência. As questões da vida e da morte são fundamentais, sub jazem e determinam como vemos praticamente tudo. Assim, uma compreensão profunda da natureza da morte e da eternidade da vida, pode abrir novos horizontes para toda a humanidade, e dar rédeas soltas às reservas de sabedoria e compaixão que, anteriormente, encontravam-se inexploradas. http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço. Davi.

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