Texto do Lama Surya Das. Do Livro O Despertar do Budha Interior. Você é o Budha, você é a verdade.
Então porque não sente isso? Por que não conhece isto muito bem? Por que
não conhece isto muito bem? Por que existe um véu no caminho, que é o
apego às aparências, como por exemplo a convicção de que você não é
Budha, de que você é um indivíduo separado, um ego. Senão poder remover
este véu de uma só vez, então ele terá que ser dissolvido gradualmente.
Se você conseguir enxergar através dele,
totalmente, mesmo que apenas por um instante, então poderá fazer isso novamente a qualquer momento.
Onde quer que esteja, o que quer que esteja diante de você, de qualquer forma que as coisas se apresentem; simplesmente retorne à esta clareza e abertura espaçosas e sempre presentes.
totalmente, mesmo que apenas por um instante, então poderá fazer isso novamente a qualquer momento.
Onde quer que esteja, o que quer que esteja diante de você, de qualquer forma que as coisas se apresentem; simplesmente retorne à esta clareza e abertura espaçosas e sempre presentes.
Kalu Rinpoche
Quando
praticamos a meditação, o que fazemos equivale a descascar as camadas
da personalidade. Nós continuamos descascando-a, camada por camada, cada vez
mais, em direção ao centro, trazendo à superfície e soltando, um após o
outro, os muitos rostos que apresentamos ao mundo e a nós mesmos. Se
nós não somos os nossos pensamentos, então quem somos? Quem é esta
pessoa que tenta meditar? Quem é o experimentador que experimenta? é
nossa mente, nosso corpo, nossa alma, nosso espírito? A grande questão é
esta, a questão da identidade. A
maioria dos meditadores traz consigo uma aspiração comum: experimentar
as coisas diretamente como são, no momento presente. Agora é o único
lugar onde podemos estar. Tanto as lembranças quanto os planos ocorrem
no momento presente. Na meditação nós voltamos sempre a este presente
que é o único, despertando gradualmente para a verdade de quem e do que
somos. Nós sabemos que não podemos fugir, que precisamos voltar sempre.
Respiramos, praticamos a atenção plena e descascamos camadas e mais
camadas. Cada vez mais fundo. Vendo os nossos estados mentais, soltando o
que nos prende, desmascarando, descascando, até finalmente chegar ao
estado original, não processado, o estado natural, o ser genuíno. Esta é
a natureza búdhica, a natureza verdadeira, a mente natural. O Budha
interior está desperto. Simplesmente
ser, em meio a todo o fazer, o atingir e o vir a ser. Este é o estado
natural da mente, nosso estado original e fundamental de ser. É a
natureza búdhica autêntica. É como o reencontrar o nosso equilíbrio.
Mente grande / mente pequena.
Para
nos ajudar a compreender que não somos aquilo que pensamos, os
ensinamentos de Budha fazem uma distinção entre o que é chamado de Grande
Mente, ou Mente Natural, e a mente pequena ou mente comum e iludida. A
mente pequena ou iludida é a mente habitual, barulhenta, imprevisível e
constantemente fora de controle. É a nossa mente finita, conceitual,
racional, discursiva, pensante. A mente iludida tem muitos impulsos e
necessidades, ela deseja muitas coisas. Está quase sempre confusa,
atravessa flutuações constantes de ânimo e é muito inquieta. Fica com
raiva, deprimida ou hiper ativa. Alguns textos tradicionais antigos
chamam esta mente pequena de mente de macaco, e a descrevem como um
cavalo selvagem e indomável, ou então como um pequeno macaco simpático,
mas totalmente caótico, pulando de árvore em árvore, procurando
satisfação nos lugares errados. O que se quer dizer com Grande é a
natureza essencial da mente. É isto que chamamos de natureza búdhica ou
mente natural. Esta é a nossa verdadeira natureza, a consciência pura e
ilimitada que reside no coração, e que é parte integrante de todos nós.
O Budha a descreveu como imóvel, clara, lúcida, vazia, profunda, simples
(descomplicada) e em paz. Na verdade, não é aquilo que chamamos
habitualmente de nossa mente. É a natureza luminosa e mais fundamental
no âmago de nosso ser. Isto é rigpa, o cerne da iluminação. É a nossa cota de Nirvana aqui na terra. O Dzogchen ensina que tudo o que precisamos fazer para nos tornarmos
iluminados é o reconhecer e repousar nesse estado mental natural. No Zen
eles chamam isto de mente original. É a percepção crua, nua, e não algo
que aprendemos ou fabricamos. Isto é o Budha interior a presença
perfeita na qual podemos confiar. Despertar para esta mente natural,
esta natureza búdhica, é sobre o que a meditação se ocupa.
Mantendo a visão panorâmica: Lembrando-se do quadro maior
A Grande Perfeição Inata combina a visão iluminada, a meditação e a ação.
Com uma visão tão larga e aberta quanto o infinito céu luminoso;
A meditação tão inabalável quanto uma montanha imponente;
A ação tão espontaneamente livre e desimpedida quanto às ondas do oceano,
O resultado é a realização da mente natural –
A Grande Perfeição Inata.
Canção de alegria iogue, da tradição oral Dzogchen.
Quando
os mestres Dzogchen falam em permanecer na visão, o que querem dizer é
reconhecer o estado natural da mente, a natureza búdhica, e repousar
nesta percepção lúcida. Isto implica uma imediação espontânea e uma
consciência sem separações ou escolhas. Esta visão ampla, ou panorâmica,
significa ser capaz de viver as coisas como são, com clareza total.
Essa visão, ou visão superior, não distorce. Ela é totalmente aberta e
sem julgamentos. Quando permanecemos com a visão, não tentamos manipular
ou alterar a verdade do que é. Um espelho não escolhe o que reflete. Da
mesma maneira, a medida que os objetos surgem na mente, eles
simplesmente aparecem, sem distorções nem correções, no espelho límpido
da consciência. Com esse
tipo de visão, nós nos lembramos do todo, Dzogchen, a Perfeição Natural
das coisas justamente como são. Na meditação básica, praticamos a
atenção plena à respiração. O treinamento Dzogchen é mais avançado; ele
nos ensina como estar despertos e unos com o que é. Na prática,
Dzogchen, levamos conosco aonde quer que formos, nossa consciência sem
separações, para que cada momento seja um momento de atenção plena, um
momento de realidade, de liberdade e iluminação. Como disse um mestre Zen: A eternidade é um único instante, e esse instante é agora. Acorde
para ela! Isso pode soar esotérico, mas na verdade é um ensinamento muito prático. (...). Tudo o que se tem a fazer é permanecer com a visão. Este
ensinamento introduz uma forma de manter a perspectiva maior em mente e
ao mesmo tempo fluir com a grande corrente da realidade, sem ficar
preso nos redemoinho da vida. Quer você esteja praticando a meditação
formal ou dando banho no cachorro da família, preserve sua mente
natural, permaneça consciente e desperto, em vez de se deixar carregar
por pensamentos e projeções. São todos apenas aparências ilusórias. Se
você puder manter esta visão, então a meditação em ação se desenvolverá
espontaneamente, e haverá menos separação entre a prática religiosa
formal e os atos mundanos da vida cotidiana.
Nós vivemos na ilusão e na aparência das coisas.
Existe uma realidade.
Quando você compreender isto,
verá que você não é nada.
E não sendo nada, você é tudo.
É só isso.
Existe uma realidade.
Quando você compreender isto,
verá que você não é nada.
E não sendo nada, você é tudo.
É só isso.
Kalu Rinpoche (1905-1989) http://www.nossacasa.net/shunya/. Abraço. Davi.
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