O que é o
Gosho. Chama-se Gosho ou
Gosho Zenshu, a recopilação de escritos que estabeleceu o
Budha Original, Nitiren
Daishonin, ao longo de sua vida consagrada a propagar o Budismo e estabelecer as bases do
Kosen Rufu. A palavra
Gosho aplica-se a todo o corpo de escrituras, a cada carta que
Nitiren Daishonin escreveu. Go é um prefixo honorífico.
Sho significa escrito. A designação
Gosho não foi empregada pessoalmente por Daishonin, mas quem a empregou foi
Nikko Shonin
(1246-1333), seu sucessor imediato, para enaltecer cada uma das frases
escritas por seu mestre com o fim de estabelecer o Verdadeiro Budismo.
Nikko Shonin fez
esforços extraordinários para recopilar, copiar e preservar a obra de
seu mestre. Sua grande preocupação era evitar que as cartas e teses do
Budha se perdessem, pois, graças a relação de mestre e discípulo, ele sentia que nelas estava a base do futuro do
Kossen Rufu.
Muitos mestres e sábios da época escreviam seus ensinamentos em chinês
clássico, que era incompreensível às pessoas sem erudição. Também
dedicavam-se a escrever apenas teses e tratados de
fundo acadêmico. Sem dúvida, Daishonin tinha uma única preocupação: salvar as pessoas anônimas e manifestar em cada uma seu próprio estado de
budhicidade; dar ao povo sua verdadeira dignidade, compartilhando com ele a grandiosa sabedoria de
Budha e fazer com todos fossem budhas
como ele. Por isso escrevia com estilo sobressalente e depurado, mas
com simplicidade de um verdadeiro sábio. Quando dirigia-se a uma senhora
que não havia tido uma
educação acadêmica, escrevia em um dialeto popular, o que lhe valia o
desdém de certos eruditos e elitistas. Quando dirigia-se ao governo,
aplicava os recursos do estilo literário, mas iluminado pela chama da
verdade e da sabedoria. Seu modo de escrever era
contundente, antecipado a sua época, vigoroso, cheio de benevolência,
livre de toda superficialidade. Cada palavra de
Daishonin é letra viva e transcende toda circunstância de tempo e espaço. Por isso, hoje, sete séculos depois, continuamos lendo o
Gosho com se houvesse sido escrito para nós, na época atual. No
Gosho incluem-se tratados da doutrina,
registros de ensinos orais, cartas de admoestação, gráficos, cartas a
seus discípulos e seguidores leigos, e outras escrituras. Hoje são
preservadas mais de setecentas obras de
Daishonin, entre as quais, manuscritos
originais e cópias de seus sucessores, textos completos e fragmentos. No
ano de 1951, o segundo Presidente da
Soka Gakkai,
Jossei Todda (1900-1958), teve a determinação de promover a edição e compilação do
Gosho. Para isso solicitou autorização ao Sumo Prelado
Nitiko Hori,
brilhante erudito, que aplaudiu o projeto e se uniu a ele
encarregando-se da supervisão editorial. Desta forma, em abril de 1952, o
dia da celebração do sétimo centenário do Verdadeiro Budismo,
pode-se contar com a versão autorizada e definitiva do Gosho
Zenshu, graças ao trabalho da Soka
Gakkai. Como devemos ler o Gosho. Existem três leituras. 1. A primeira seria pensar que os
Goshos foram escritos no Século XIII no Japão para um seguidor. Que relação tinha
Daishonin com essa pessoa? Como o orientava em suas circunstâncias? Qual era a realidade nessa
época?etc. Esta seria uma leitura geral, mas superficial. 2. A segunda forma de ler o
Gosho é pelo ponto de vista da minha própria fé. Pensar que esse
Gosho foi escrito para mim, para as minhas
circunstâncias, como se o carteiro tivesse batido à minha porta e
entregue em minhas mãos um ensinamento que o
Budha escreveu para que eu forjasse a minha fé. Desse modo, o
Gosho se converte num ensinamento
transcendental, que supera todo limite de tempo e espaço, pois trata-se
de uma transmissão direta, de vida a vida, através das três existências.
O fato de que nos sintamos discípulos de
Daishonin ou não, depende exclusivamente de
nós, pois o mestre sempre está aberto igualmente para todas as pessoas.
Quem pode sentir o laço eterno entre a vida do mestre e sua própria
vida, quem pode cultivar, através de seus esforços,
seriedade e determinação, a relação de mestre e discípulo, é a pessoa
que cresce ilimitadamente e que, por sua vez, forja inumeráveis
seguidores, sem deter-se diante de qualquer obstáculo. Quando alguém lê o
Gosho a partir deste enfoque, pode sentir a emoção e a riqueza que só se experimenta no mundo da fé. Só com base no
Gosho e no Gohonzon,
alguém pode forja-se como devoto verdadeiro e levantar-se só com o
coração valente de um discípulo (...). 3. A terceira leitura, a mais
profunda, é buscar o ensinamento do
Gosho com séria determinação de refleti-la em cada um de nossos atos. Quer dizer, ler o
Gosho com a vida e alcançar uma absoluta coerência e inseparabilidade entre o ensino de
Daishonin e nosso comportamento como pessoa
na vida diária. A fé não existe fora de nossa conduta diária como seres
humanos. Assim o disse o
Gosho. Esta leitura, entrelaçada com a ação,
implica um compromisso sem reservas e uma decisão que vá mais longe do
que as teorias ou palavras. Todos devemos ter este tipo de fé,
inseparável da vida cotidiana. Então, abordemos o
estudo do Gosho com toda a seriedade e responsabilidade e reflitamos sobre estas perguntas: 1. Qual é a essência profunda do
Gosho que acabo de estudar? Pude
compreende-lo verdadeiramente, além do aspecto superficial? 2. Que
decisão pude tomar em minha vida diária, para aplicar o espírito deste
ensino e triunfar? Outro aspecto importante é não encarar
o estudo do Gosho como uma aquisição de conhecimentos de fora para dentro. Dessa forma, nunca poderá sentir o
Gosho como parte de si. Ao contrário, o estudo do
Gosho é despertar algo que está dentro de nós e que, portanto,
não será necessário memorizar ou recordar, pois nos pertence. Uma vez
que termine a reunião, porque não voltar a ler as frases de ouro a cada
semana, depois de fazer
daimoku, até sentir a emoção de haver extraído todo seu significado? O processo de incorporar o
Gosho à vida diária e fazer dele a base de
nossos atos, é tão árduo e longo, como a vida de todo devoto. De modo
que estudemos com perseverança e assiduidade este ano e todos os anos
vindouros (...).
http://www.maisbelashistoriasbudistas.com.br. Abraço. Davi.
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