quarta-feira, 23 de abril de 2014

Documentário sobre Jiddu Krishnamurti.

(C.014). No dia 20/04 na S.T. foi apresentado o filme da biografia de Jiddu Krishnamurti. Ele nasceu em 1895 e morreu em 1986. Autor de mais de 40 livros destacando-se dentre eles: O mundo somos nós. Liberte-se do passado. Diário sobre a visão intuitiva. Aos Pés do Mestre. O futuro é agora. A essência da maturidade. O despertar da sensibilidade. De família pobre desde a infância mostrou ter uma capacidade intelectual, intuitiva e argumentativa acima do comum. O contexto histórico em que Krishnamurti nasceu era acentuado pela dominação inglesa (o Império Britânico que perdurou de 1788 a 1914) e uma Índia mergulha numa brutal desigualdade social e econômica. Pouco antes do final do século XIX alguns movimentos nacionalistas de libertação começavam a surgir. O povo hindu juntamente com algumas irmandades (inclusive alguns ingleses piedosos que por lá residiam) conscientes da fraternidade e filantropia ao outro se mobilizavam para romper aquele aprisionamento cultural, social e histórico. A paixão por liberdade de expressão e valorização das tradições nacionais tomou conta da intelectualidade nativa. Ilustres personalidades como Annie Besant (1847-1933) e Mahatma Gandhi (1833-1944) foram fundamentais neste processo da independência. Annie Besant liderou movimentos feministas organizando greves de operárias femininas nas fábricas e questionando a rígida sociedade de castas. Trabalhava pelas minorias famintas e desfavorecidas da Índia. Foi indicada para assumir o governo local, mas sendo inglesa e devido as suas posições políticas liberais (foi perseguida) teve que voltar para o Reino Unido. Pouco depois retornaria para a Índia. Gandhi tornou-se o grande herói da independência Hindu. Com sua voz conciliadora e seu carisma impecável assumiu a responsabilidade de tornar em realidade o sonho de uma Índia livre e soberana. Sem organizar movimentos armados e nem milícias guerrilheiras, soube pela refinada diplomacia da compreensão e tolerância dialogar com os obtusos ingleses. Aprendeu a fazer concessões sem comprometer seus párias. Abriu mão da posição de superioridade entre seu povo, "encarnando" sua pobreza e seu espírito de coragem e determinação. Certa vez Gandhi encontrou-se com Helena P. Blavatsky (1831-1891) em Londres. Conta-se que foi presenteado com um exemplar do livro Cartas dos Mahatmas. Ele praticou com maestria e devoção a fraternidade universal. Essa foi sua principal "arma" para libertar seu pais do colonizador europeu. Gandhi foi assassinado em (13 de janeiro) 1948. Sua morte comoveu o mundo inteiro. Annie Besant foi importantíssima na vida de Krishnamurti. Ela era alguém de refinada cultura (graduou-se na Universidade de Oxford) e teve acesso a todos os clássicos da literatura universal. Educada na rígida burguesia inglesa. Como teosofista adepta colaborou com o  trabalho da Senhora Helena Blavatsky desde o início da Sociedade Teosófica. Ela (Annie Besant) percebeu junto com outros da Sociedade os dons especiais do adolescente Krishnamurti e resolveu, patrocinar a educação e sustento dele até o final dos estudos universitários. Nas primeiras décadas do século XIX surgiu na Sociedade Teosófica  um "sentimento" inspirado no messianismo. Pensou-se que o menino poderia ser um "oráculo" para a humanidade. Uma forte impressão que um novo Buda poderia estar surgindo ou quem sabe um novo Messias. O tempo mostrou que a tentativa de enfatizar um "carisma", particularizado em conceitos cristãos não alcançaria uma consistência duradoura. Krishnamurti concluiu seus estudos no Reino Unido e (contrariando todas as expectativas) tomou seu próprio caminho para a decepção da Sociedade. Uma situação que causou mal estar entre os teosofistas. Reuniões foram feitas para entre os membros decidir sobre o caso. Cogitou-se a expulsão de Krishnamurti da Sociedade. Mas Krishnamurti veio ao mundo para fazer exatamente aquilo que fez. Como livre pensador criticou todo tipo de religiosidade, ressaltando em suas apologias que o homem era o seu próprio mestre. São dispensáveis todos os guros, mestres e líderes espirituais. A adoração é feita sem nenhum ritual ou cerimonial religioso. Nada é suficiente para mediar minha relação com a divindade. Krishnamurti conceituava uma metafísica ceticista que esvaziava qualquer sistema religioso. Quase um ateísmo que desagradava a maioria dos espiritualistas. Krishnamurti passou pelas duas (primeira e segunda) grandes guerras mundias, incluindo a guerra fria (USA versos URSS), sem contudo mudar suas opiniões sobre o mundo e os homens. Por outro lado realizou uma memorável obra de fraternidade universal. Desenvolveu métodos inovadores de ensino e aprendizado. Fundou escolas no Reino Unido e nos Estados Unidos da América  baseadas nas virtudes (ética, moral) humanas. Foi um investigador do psiquismo humano e amou a natureza e todos os seus mistérios. Um filósofo inquietante e surpreendente em muitas de suas postulações. Sua obra literária é vasta, e mensura o homem como um micro cosmo e a natureza (incluindo o universo) como um macro cosmo. Segundo consta foi readmitido na Sociedade Teosófica antes de sua morte. Um gesto que merece louvor e consideração. O perdão é tão nobre e digno quanto a reconciliação principalmente vindo de um coração compungido e contrito. Como diz um aforismo oriental. "O homem que olha para traz pode furar um olho, mas o que não olha pode furar os dois". O passado sempre nos ensina lições para vivermos melhor o nosso presente. A memória do "messianismo" serviu de alerta (entre os teosofistas) para que não se repita o mesmo erro. A ideia hoje é a daquele que leva a "tocha" em suas mãos. Parece que é uma "mão" sobreposta em outras. Uma responsabilidade compartilhada não apenas por um, mas por milhares de pessoas. A "tocha" é o símbolo da centelha divina. O fogo místico que ilumina toda escuridão produzindo a claridade suficiente para perscrutar todos os mistérios do homem e da natureza. Com amizade. Davi.       

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