sábado, 19 de abril de 2014

Esquecendo-me das coisas.

     Amigos. Saúde e paz. Ponderemos sobre um texto bíblico muito conhecido em Filipense 3:13.   "Irmãos quanto a mim, não julgo que a haja alcançado: mas uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Versão da Bíblia Almeida Corrigida e Fiel. A ideia é uma tentativa de situar o argumento do período citado no ambiente histórico da vida do apóstolo Paulo. O termo  "esquecendo-me" considero-o como chave de leitura de todo o capítulo em epígrafe. Ele remete para o passado que construiu-nos e, faz parte de nossa existência. Na experiência pessoal é difícil desvencilharmo-nos dele. Presumo que o apóstolo tinha o mesmo sentimento do poeta Mário Quintana quando disse:  "O passado não reconhece o seu lugar esta sempre presente". Na narrativa a capacidade intelectual de Paulo é enfatizada. Foi educado por um dos sábio da cultura judaica chamado Gamaliel. Como fariseu, aos seis anos deveria recitar de memória a torah  (os cinco primeiros livros da lei). Os estudos do Talmude (leis orais, opiniões e debates dos rabinos baseados em exegética, ética e história) complementavam a educação; fundamentados na tradição cultural judaica. É verosímil conjecturar a elitização do apóstolo Paulo. Nenhuma pessoa teria estas oportunidades se não fosse de família clássica. Ressalto estes fatos para mostrar o obstáculo a ser transposto, em olvidar (esquecer). Costumamos comparar as pessoas. Acho isso um vício que devemos corrigir. Um exemplo quando confrontamos os apóstolos Paulo e Pedro. Duas pessoas totalmente diferentes, que viveram em contextos diferentes e tiveram dissemelhantes educação. Dizemos por vezes que um é mais espiritual que o outro. Existe analogia entre um elefante e um jumento? algumas, mas, é temerário generalizá-los. As comparações desumanizam-nos. Uma amoralidade e impessoalidade  (escassez de originalidade). Desfiguramos o outro em sua singularidade. Uma advertência para nós. Sabemos que após a visão do caminho para Damasco na Síria; onde a grande luz o cegou. Muitas coisas aconteceram na vida de Paulo dentre elas, sua decisão de ir  para a Arábia e por lá ficou três anos. Não sei se estou certo quanto ao tempo mas, o fato é que foi um ensaio para despegar-se do passado. Transparece no argumento um conflito entre o presente e o passado. Agora é necessário uma releitura de sua experiência com Deus. Ele luta para separar a tradição, da informalidade. A liturgia, da simplicidade. O conceito do antigo para a transposição do novo. Uma escrita restrita a um povo o (hebraico) para, uma letra universal o (grego). Pedro em sua modéstia (um pescador iletrado) não teria condições de formalizar todos estas concepções. O Pai Eterno o usou em seu devido lugar. Cogito que o apóstolo Paulo não conseguiu separar totalmente as noções do judaísmo, com a nova religião que nascia o cristianismo. A nova crença universal tomou forma organizando-se e estruturando-se em seus ensinos e exposições. Imagino que o apóstolo Paulo não tinha a intenção de fundar uma nova religião. Sua experiência no judaísmo dizia o contrário. Mas, a latência da religiosidade exteriorizou-se, ganhando o mundo inteiro. Pressinto que nosso juízo do passado deve ser objetivamente presente. Agora é a experiência atual que devemos singularizar. O passado é uma lembrança que ficou no consciente. Não o mediamos como realidade hoje. Outro poeta imprime ricamente esta sensação interior. Fernando Pessoa diz: “ O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas; o que exige o momento, o passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto “. A extensão do tema fez me restinguir o assunto a palavra “ esquecendo “. Posteriormente falaremos sobre prosseguir para o alvo, prêmio e soberana vocação. Necessitamos viver o presente, aprendendo lições para não cair nos erros do passado. Abraços.

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