Amigos. Saúde e paz. Ponderemos sobre um texto
bíblico muito conhecido em Filipense 3:13. "Irmãos quanto a mim, não
julgo que a haja alcançado: mas uma coisa faço e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão
diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus". Versão da Bíblia Almeida Corrigida e Fiel. A
ideia é uma tentativa de situar o argumento
do período citado no ambiente histórico da vida do apóstolo Paulo. O
termo "esquecendo-me" considero-o como chave de leitura de todo o
capítulo em epígrafe. Ele remete para o passado que construiu-nos e, faz
parte de nossa existência. Na experiência pessoal
é difícil desvencilharmo-nos dele. Presumo que o apóstolo tinha o mesmo
sentimento do poeta Mário Quintana quando disse: "O passado não
reconhece o seu lugar esta sempre presente". Na narrativa a capacidade
intelectual de Paulo é enfatizada. Foi educado por
um dos sábio da cultura judaica chamado Gamaliel. Como fariseu, aos seis
anos deveria recitar de memória a torah (os cinco primeiros livros da
lei). Os estudos do Talmude (leis orais, opiniões e debates dos
rabinos baseados em exegética, ética e história) complementavam a educação; fundamentados na tradição cultural judaica.
É verosímil conjecturar a elitização do apóstolo Paulo. Nenhuma pessoa
teria estas oportunidades se não fosse de família clássica. Ressalto
estes fatos para mostrar o obstáculo a ser transposto,
em olvidar (esquecer). Costumamos comparar as pessoas. Acho isso um
vício que devemos corrigir. Um exemplo quando confrontamos os apóstolos
Paulo e Pedro. Duas pessoas totalmente diferentes, que viveram em
contextos diferentes e tiveram dissemelhantes educação.
Dizemos por vezes que um é mais espiritual que o outro. Existe analogia
entre um elefante e um jumento? algumas, mas, é temerário
generalizá-los. As comparações desumanizam-nos. Uma amoralidade e
impessoalidade (escassez de originalidade). Desfiguramos o
outro em sua singularidade. Uma advertência para nós. Sabemos que após a
visão do caminho para Damasco na Síria; onde a grande luz o cegou.
Muitas coisas aconteceram na vida de Paulo dentre elas, sua decisão de
ir para a Arábia e por lá ficou três anos. Não
sei se estou certo quanto ao tempo mas, o fato é que foi um ensaio para
despegar-se do passado. Transparece no argumento um conflito entre o
presente e o passado. Agora é necessário uma releitura de sua
experiência com Deus. Ele luta para separar a tradição,
da informalidade. A liturgia, da simplicidade. O conceito do antigo para
a transposição do novo. Uma escrita restrita a um povo o (hebraico) para, uma letra universal o (grego). Pedro em sua modéstia (um
pescador iletrado) não teria condições de formalizar
todos estas concepções. O Pai Eterno o usou em seu devido lugar. Cogito
que o apóstolo Paulo não conseguiu separar totalmente as noções do
judaísmo, com a nova religião que nascia o cristianismo. A nova crença
universal tomou forma organizando-se e estruturando-se
em seus ensinos e exposições. Imagino que o apóstolo Paulo não tinha a
intenção de fundar uma nova religião. Sua experiência no judaísmo dizia o
contrário. Mas, a latência da religiosidade exteriorizou-se, ganhando o
mundo inteiro. Pressinto que nosso juízo
do passado deve ser objetivamente presente. Agora é a experiência atual
que devemos singularizar. O passado é uma lembrança que ficou no
consciente. Não o mediamos como realidade hoje. Outro poeta imprime
ricamente esta sensação interior. Fernando Pessoa diz:
“ O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de
momentos idos me são saudosas; o que exige o momento, o passado este, há
um virar de página e a história continua, mas não o texto “. A extensão
do tema fez me restinguir o assunto a palavra
“ esquecendo “. Posteriormente falaremos sobre prosseguir para o alvo,
prêmio e soberana vocação. Necessitamos viver o presente, aprendendo
lições para não cair nos erros do passado. Abraços.
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