Amigos
e irmãos; saúde e paz. Recentemente ao andar pela Esplanada dos Ministérios; lugar de
passagem de muitos transeuntes, deparei-me com uma árvore que chamou a
atenção. De longe e de perto tem uma aparência
estranha; está completamente desfolhada. As raízes expostas; os galhos
finos e, o tronco descascado pelo tempo. Interessante pois, as outras
árvores ao redor estão verdinhas e vigorosas. Verifiquei pessoalmente o
fato e, para minha surpresa ao quebrar um pequeno
galho dela, percebi o verdor em seu interior e, a rigidez para
fragmentá-lo. Um aspecto de feiura e fragilidade. Enganamo-nos ao fazer
um temerário juízo de valor. Veio-me a mente o texto bíblico de Isaías
53:1-12. Opino que esta narrativa tem uma referência
poética em seu âmago; num panorama hermenêutico teológico. Jesus Cristo é
o tema do assunto citado. Não tenho pretensão de uma interpretação
ortodoxa, principalmente por ser pobre nos argumentos para sustentá-la.
Então vamos a uma leitura mais leva, e imaginativa.
Seguirei a ordem dos versículos. Subindo como um renovo; a ideia de uma
semente (um broto) que será uma árvore frutífera que polinizada,
produzira bilhões de gérmens para multiplicação. Raiz de uma terra seca;
uma paisagem parecida com o nosso sertão nordestino.
Uma família humilde que expressou uma linhagem da nobreza real. Não
tinha beleza nem formosura; o conceito de beleza na pós modernidade foi
radicalmente alterado. Esta agarrado a um porte físico atlético. O que
Jesus aparentava nunca ter tido. Rejeitado entre
os homens; a rejeição é uma experiência dolorosa, sabe disso quem já
passou por ela. Uma tortura “psicológica” dependendo do caso que, evolui
para um transtorno ou neurose. Experimentado nos trabalhos; bom
falarmos sobre isso pois, a atividade de carpinteiro
desenvolvida pelo mestre não é enfatizada. Suponho que há uma “visão”
dum profissionalismo espiritual onde, a pregação do reino era o
trabalho. Uma concepção que não encontra base na vida do Messias. Homem
de dores; presumo que Jesus passou por todos os sofrimentos
humanos. Suas curas e milagres realizadas em favor do outro, embaraçam
nossa visão de sua fraqueza e debilidade. É melhor enxergar um
Deus-homem que um homem-Deus. Ficamos na superficialidade do mistério da
encarnação. Tomou sobre si as nossas enfermidades;
hoje as noções de patologia, doença, enfermidade e sintomas são
distintas. Bem como aspecto de normalidade e anormalidade. Entendo que a
agrura existencial é mais anímica (psíquica) que física. Precisamos da
cura da alma; um processo longo e metódico. Ela acontece
quando escutamos o outro e, permitimos que o outro escute-nos. Parece
simples mas, não é. Ouvir é diferente de escutar; o primeiro é uma
maneira natural e, o segundo é um sistema de aprendizado. Assim a
massificação da cura física é um paliativo que, não alcança
o cerne da questão. Ferido de Deus e oprimido; é estranho não querermos
passar por nenhuma aflição. Quando somos tomados por ela, começamos a
acusar-nos e pensamos que cometemos algum pecado. Oramos pela cura como
uma expiação do mesmo. Quando Jesus estava
doente orava para ser sarado? Não sei ao certo. Ferido por causa das
nossas transgressões; ele foi nosso substituto; tomando como suas nossas
mazelas, crimes e delitos. Andávamos desgarrados como ovelhas; a vida
de rebanho é para produzir em nós uma particularidade
que, singularizamos como indivíduos e não, uma consciência coletiva de
subordinação e submissão arbitrária. Oprimido e afligido, mas não abriu a
sua boca; a resignação não condiz com nossa natureza humana. É uma
virtude que aprendemos ao passarmos pelas angústias.
Ovelha muda ... não abriu a sua boca. A primeira coisa que fazemos
quando a tribulação chega é, abrir a boca; as vezes desesperados. Quem
contará o tempo da sua vida?; uma frase inexplicável. O Deus atemporal
entra no tempo e morre nele. Uma espacialidade infinita
submete-se a finitude temporal. Penso que Deus ficou muito feliz em
nascer, viver e morrer como homem. Experimentou a plenitude e completude
humana. Puseram sua sepultura com os ímpios e com o rico; o dialogo e a
inclusão do descrente mostra que, os privilégios
da riqueza não barganhariam mais os favores espirituais. Pobreza e
fortuna precisariam alinhar-se ao amor divino. Um detalhe impressionante
na exposição bíblica ao meu ver é que, não é explicitada a ressurreição
em nenhum momento do texto. Quando a sua alma
se puser por expiação do pecado; denota um acerto de contas, uma dívida
que foi quitada, uma promissória resgatada. Era impagável para nós o
valor; Ele assumiu todos os custos “processuais e materiais”. Ele verá o
fruto do trabalho da sua alma; cada um de nós
somos este fruto. Como sementes devemos germinar, chocar e encubar esta
poderosa vida que esta dentro de cada um de nós. Ela precisa galhear,
folhear, brotar e frutificar; espalhando-se por todos os lugares. Ótima
semana a todos. Abraços.
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