sábado, 19 de abril de 2014

Isaías 53.

Amigos e irmãos; saúde e paz. Recentemente ao andar pela Esplanada dos Ministérios; lugar de passagem de muitos transeuntes, deparei-me com uma árvore que chamou a atenção. De longe e de perto tem uma aparência estranha; está completamente desfolhada. As raízes expostas; os galhos finos e, o tronco descascado pelo tempo. Interessante pois, as outras árvores ao redor estão verdinhas e vigorosas. Verifiquei pessoalmente o fato e, para minha surpresa ao quebrar um pequeno galho dela, percebi o verdor em seu interior e, a rigidez para fragmentá-lo. Um aspecto de feiura e fragilidade. Enganamo-nos ao fazer um temerário juízo de valor. Veio-me a mente o texto bíblico de Isaías 53:1-12. Opino que esta narrativa tem uma referência poética em seu âmago; num panorama hermenêutico teológico. Jesus Cristo é o tema do assunto citado. Não tenho pretensão de uma interpretação ortodoxa, principalmente por ser pobre nos argumentos para sustentá-la. Então vamos a uma leitura mais leva, e imaginativa. Seguirei a ordem dos versículos. Subindo como um renovo; a ideia de uma semente (um broto) que será uma árvore frutífera que polinizada, produzira bilhões de gérmens para multiplicação. Raiz de uma terra seca; uma paisagem parecida com o nosso sertão nordestino. Uma família humilde que expressou uma linhagem da nobreza real. Não tinha beleza nem formosura; o conceito de beleza na pós modernidade foi radicalmente alterado. Esta agarrado a um porte físico atlético. O que Jesus aparentava nunca ter tido. Rejeitado entre os homens; a rejeição é uma experiência dolorosa, sabe disso quem já passou por ela. Uma tortura “psicológica” dependendo do caso que, evolui para um transtorno ou neurose. Experimentado nos trabalhos; bom falarmos sobre isso pois, a atividade de carpinteiro desenvolvida pelo mestre não é enfatizada. Suponho que há uma “visão” dum profissionalismo espiritual onde, a pregação do reino era o trabalho. Uma concepção que não encontra base na vida do Messias. Homem de dores; presumo que Jesus passou por todos os sofrimentos humanos. Suas curas e milagres realizadas em favor do outro, embaraçam nossa visão de sua fraqueza e debilidade. É melhor enxergar um Deus-homem que um homem-Deus. Ficamos na superficialidade do mistério da encarnação. Tomou sobre si as nossas enfermidades; hoje as noções de patologia, doença, enfermidade e sintomas são distintas. Bem como aspecto de normalidade e anormalidade. Entendo que a agrura existencial é mais anímica (psíquica) que física. Precisamos da cura da alma; um processo longo e metódico. Ela acontece quando escutamos o outro e, permitimos que o outro escute-nos. Parece simples mas, não é. Ouvir é diferente de escutar; o primeiro é uma maneira natural e, o segundo é um sistema de aprendizado. Assim a massificação da cura física é um paliativo que, não alcança o cerne da questão. Ferido de Deus e oprimido; é estranho não querermos passar por nenhuma aflição. Quando somos tomados por ela, começamos a acusar-nos e pensamos que cometemos algum pecado. Oramos pela cura como uma expiação do mesmo. Quando Jesus estava doente orava para ser sarado? Não sei ao certo. Ferido por causa das nossas transgressões; ele foi nosso substituto; tomando como suas nossas mazelas, crimes e delitos. Andávamos desgarrados como ovelhas; a vida de rebanho é para produzir em nós uma particularidade que, singularizamos como indivíduos e não, uma consciência coletiva de subordinação e submissão arbitrária. Oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; a resignação não condiz com nossa natureza humana. É uma virtude que aprendemos ao passarmos pelas angústias. Ovelha muda ... não abriu a sua boca. A primeira coisa que fazemos quando a tribulação chega é, abrir a boca; as vezes desesperados. Quem contará o tempo da sua vida?; uma frase inexplicável. O Deus atemporal entra no tempo e morre nele. Uma espacialidade infinita submete-se a finitude temporal. Penso que Deus ficou muito feliz em nascer, viver e morrer como homem. Experimentou a plenitude e completude humana. Puseram sua sepultura com os ímpios e com o rico; o dialogo e a inclusão do descrente mostra que, os privilégios da riqueza não barganhariam mais os favores espirituais. Pobreza e fortuna precisariam alinhar-se ao amor divino. Um detalhe impressionante na exposição bíblica ao meu ver é que, não é explicitada a ressurreição em nenhum momento do texto. Quando a sua alma se puser por expiação do pecado; denota um acerto de contas, uma dívida que foi quitada, uma promissória resgatada. Era impagável para nós o valor; Ele assumiu todos os custos “processuais e materiais”. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma; cada um de nós somos este fruto. Como sementes devemos germinar, chocar e encubar esta poderosa vida que esta dentro de cada um de nós. Ela precisa galhear, folhear, brotar e frutificar; espalhando-se por todos os lugares. Ótima semana a todos. Abraços.

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