quinta-feira, 24 de abril de 2014

Comunhão e Confessar.

Nossa reflexão tem como base de ponderação os textos bíblicos que se seguem: I joão 1: 7 "Porém, se vivermos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos uns com os outros e o sangue de Jesus o seu Filho nos limpa de todo o pecado". I João 1: 9 "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele perdoará os vossos pecados e nos limpará de toda maldade". Tiago 5: 16 "Portanto confessem os seus pecados uns aos outros, para que vocês sejam curados". Provérbios 28: 13 "Quem tenta esconder os seus pecados, não terá sucesso na vida, mas Deus tem misericórdia de quem confessa os seus pecados e os abandona". Textos usados da Bíblia Sagrada Ed. Paulinas na linguagem de hoje. As duas palavras chaves destes textos que usamos acima são: unidos (outra versão seria comunhão) e confessar. É interessante pois não há gradação quanto a importância da união (comunhão), se a minha comunhão com Deus é maior ou menor que a minha comunhão com o meu irmão. O diferencial é Deus como luz, contrastando com nossas trevas. Somos um misturar de luz e escuridão. É difícil saber se somos mais uma ou menos a outra. Em Gênesis 1: 3 "Inferimos um paralelo como um possível vislumbre de quem somos. No final do versículo se diz "... a noite passou e veio a manhã. Esse foi o primeiro dia". Não sejamos ingênuos ao imaginarmos que por praticarmos obras de justiça (ir aos cultos, ler a bíblia, orar, ofertar, dar esmolas, não fumar, não beber e ser moralista) estejamos acima em elevação espiritual dos demais filhos de Deus. Inclusive colocando nossa crença como sinal de superioridade sobre os que ainda não creram. Não nos enganemos há mais treva em nós (involução) que imaginamos, como no princípio em Gênesis 1: 5 "E Deus chamou a luz dia; e chamou as trevas noite". A questão é que maquiamos nossas sombras com lampejos de bondade, santidade e ativismo espiritual. Nos escondemos em nossos atos de justiça, achando ser o ponto focal. A luz de Deus é essencialmente santificadora mas também, expositora, reparadora e condutora. Tem por objetivo levar-nos a união com o Pai, o Filho e os irmãos. Quanto mais imersos nessa policromia divina mais, reconhecemos quão abissais são nossas trevas e assim, podemos clamar. Salmo 38: 22 "Apressa-te em socorrer-me Senhor, minha salvação". "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus". Aqui fica claro que quanto mais luz mais confessar. Quanto menos luz menos confessar. Aparentemente é fácil em relação a Deus mas, essa mesma atitude para com um irmão não é tão simples. Blaise Pascal (1623-1662) um matemático (foi o inventor do protótipo da máquina de calcular)  e filósofo, piedoso cristão. Em seus últimos dias foi fortemente atribulado com dores físicas e mentais. Vivia mais enfermo que em saúde normal. Era participante de um movimento religioso chamado de Jansenismo. Eles tinham uma rígida disciplina espiritual além de uma austera capacidade de comunhão, contemplação e meditação nas coisas relacionados ao Eterno. Pascal no auge de sua experiencia com Deus dizia que, (em sua obra chamada Pensamentos) "os nossos pecados deveriam ser confessados para o máximo de pessoas possíveis". Penso que hoje é impossível agirmos nestes termos em nosso contexto pós-moderno. Assim como precisamos do perdão de Nosso Pai Eterno, de igual modo e na mesma proporção do perdão de nossos irmãos. "Portanto confessem os seus pecados ... para que vocês sejam curados". Aqui o pecado parece ser tratado como uma patologia sintomática, e um dos processos de cura é pelo confessar os pecados uns aos outros. Este assunto (pecado) é desenvolvido sociologicamente pela cultura e tradição de cada povo. Até individualmente temos conceitos divergentes sobre este ponto, pois a experiencia nesses casos tem proporções opostas nas várias formas e maneiras. A ideia aqui não é uma generalização (pecado) que distorceria o sentido do que queremos propor mas, num "foro íntimo" cada um em sua convivência com Deus perceber sua necessidade e como tratar do assunto com bom senso e comedimento espiritual. Acho estranho termos uma compreensão de pecado como algo estanque e terminal. O pensamento do apóstolo Tiago é bem coerente nesse texto, pois se deduz o pecado como uma construção existencial. Quando nosso corpo é acometido por algum mal, precisamos de um médico para nos receitar um remédio. A analogia é verdadeira quanto ao corpo espiritual. Se não houver um tratamento o corpo somatizará os problemas, produzindo ansiedades, depressões e neuroses. Tudo isso aliado a sentimentos de culpa. O confessar os pecados e a oração de arrependimento são a materialização da "cura pela fala", expressão criada por Sigmund Freud (1856-1939). Ele foi o primeiro teórico da psicanálise. Um sistema que tem como metodologia terapêutica o examine do teor inconsciente das palavras, atos ou concepções imaginativas de um ser, baseando-se nas relações livres e na transferência. É também uma investigação psicológica que tem por fim trazer à luz da consciência os sentimentos obscuros ou recalcados. Provérbios 18: 24 "Há amigo mais chegado que um irmão". Ao confessarmos (depois de uma profunda e íntima comunhão de oração com o Pai) para um amicíssimo de nossa confiança, confrontamos nossas trevas, choramos, nos envergonhamos e percebemos nossa real condição, nos arrependemos e entramos num processo de restabelecimento espiritual e emocional. Provérbios 28: 13 "Quem tenta esconder os seus pecados não terá sucesso na vida, mas o que confessa e deixa alcança misericórdia". A ideia passada neste fragmento é que nossos pecados influenciam negativamente nossa busca pela evolução (progresso) profissional, material, emocional e espiritual. Uma situação que precisamos estar abertos a pensar, conhecer e resolver. Comunhão e confessar são duas palavras que podem mudar o rumo de nossa história. Com amizade. Davi. 

Um comentário:

  1. Excelente texto! Comunhão e confessar são grandes remédios espirituais e até mesmo fisiológicos. Gostei demais!

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