sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Livro Portal das Reencarnações. Introdução 8 e 9.



O judaísmo desde seus primórdios aceita  com naturalidade a doutrina da reencarnação. Os estudos sobre esse tema envolvem a Toráh, os cinco primeiros livros da lei, e o Talmud, os registro das discussões rabínicas pertencentes a lei, ética, costumes e história do povo judeus. Também nas Yeshivas, academias rabínicas, o tema se aprofunda no esoterismo da Cabala. As comunidades e sinagogas em Israel e as espalhadas pelo mundo incorporaram essa abordagem em sua sociedade e cultura.  Do Livro O Portal das Reencarnações, escrito pelo famoso rabino Issac Luria, o Ari (1534-1572), páginas 73 a 77. Tradução e comentários rabino Joseph Saltoun. Introdução 8. Nesta introdução o Rabi Isaac Luria, o Ari, explica os motivos para a reencarnação. Além dos diferentes motivos que têm a ver com a retificação dos pecados anteriores, cometidos em vidas passadas, uma alma pode reencarnar por motivos ligados à sua alma gêmea. Saiba, que existem diversos motivos para as almas reencarnarem. O primeiro é porque a pessoa pecou, isto é, cometeu uma transgressão da Toráh e então ela deve voltar para retificação. O segundo é para ela cumprir um preceito, uma Mitsvá, que não tinha sido completado antes. Um terceiro motivo é quando a pessoa volta por causa de outras pessoas, para guia-las e corrigi-las. No primeiro caso, a pessoa pode facilmente pecar novamente, já que originalmente ela já havia cometido uma transgressão. No segundo caso, ela tem menos probabilidade de pecar. No terceiro, certamente ela não peca. Existem ainda outros motivos. As vezes uma pessoa reencarna para encontrar com sua alma gêmea, já que ela não teve méritos para fazer isso na primeira encarnação. As vezes pode ser que a pessoa já encontrou com sua alma gêmea, mas ela pecou e, portanto, deve reencarnar para correção, como explicado anteriormente. Nesse caso, a pessoa volta sozinha, como o Saba de Mishpatim disse no livro Zohar da Cabala: Êxodo 21:3 “Se entrou só como o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele”. As vezes a pessoa tem mérito e mesmo que a mulher não precise reencarnar, ela volta com ele. Esse é o segredo do versículo “se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele”. As vezes a pessoa não tem o mérito de receber sua alma gêmea na primeira vez, mas uma mulher lhe é dada de acordo com seus atos. Assim, dentre as almas de todas as mulheres do mundo, não há nenhuma que lhe seja tão próxima quanto a dessa mulher escolhida, mesmo que ela não seja de fato sua alma gêmea. Quando o home peca e reencarna, ele volta com essa mulher, mesmo que ela não precise reencarnar por si mesma, e mesmo que ela não seja sua verdadeira alma gêmea. Mais do que isso, saiba que existem algumas raízes de almas que caíram nas Klipot, elas junto com suas almas gêmeas femininas. Pode ocorrer de o homem conseguir sair das Klipot para este mundo, sendo que sua consorte feminina não consegue sair de lá até o Messias chegar. Elas estão afundadas e sob influência do aspecto feminino da Klipá. Eu esqueci se o nome do aspecto feminino da Klipá é Igrit, filha de Machlat, ou Naamá, mãe dos demônios. Na verdade todas as almas femininas de todas a raiz de Hur, hebraico Chur, filho de Miriam, não conseguem sair de lá até que o Messias venha. Eu acredito ter ouvido do meu mestre, que Aarão, hebraico Aharon, o sacerdote, não casou com sua alma gêmea, já que ele era próximo da raiz de alma de Chur, filho de Miriam, sua irmã, como é sabido entre nós.  Introdução 9. Nesta introdução o Ari discorre sobre o seguinte: A obrigação de reencarnar se aplica aos homens e não as mulheres. Mulheres, ou almas femininas, podem reencarnar por livre-arbítrio para ajudar a sua alma gêmea, ou pode ser que nem seja a alma gêmea do homem. No entanto, ela reencarna por sua causa. O Guehinóm, purgatório, não é um castigo. É um lugar de purificação. O estudo da Toráh isenta as almas masculinas de entrar no Guehinóm. Almas masculinas podem reencarnar em corpos femininos e vice-versa. Isso explica o caso de homossexuais masculinos e femininos. Esta introdução tem a ver com uma das quatrocentas perguntas que Doeg e Achitofel fizeram sobre a Torre flutuando no ar. No Talmud, este conceito tornou-se um símbolo de perguntas ligadas a temas provocativos que podem estar fora de contexto ou que não tem uma base factível. Doeg e Achitofel eram gênios em seus estudos bíblicos, mas nem sempre eles usavam sua sabedoria de forma ética, especialmente quando eles tentaram provar que a descendência do rei David tinha sido contaminada por uma semente estranha e impura, referindo-se Rute, a Moabita. Saiba que as reencarnações, na verdade, se aplicam somente aos homens e não às mulheres. Esse é o significado secreto do versículo em Eclesiastes 1:4 “Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece”. Uma geração vai, e outra geração vem refere-se aos homens, que reencarnam. No entanto, as mulheres são chamadas de Terra, sendo que elas perduram. Isto é, elas não voltam por meio da encarnação. A razão para isso é que os homens cumprem o preceito do estudo da Toráh e, por conta disso, eles não podem entrar no Guehinóm, já que o fogo do Guehinóm não os afeta é dito sobre Elishá, filho de Abuia. Ele não foi julgado no Guehinóm porque tinha aprendido toráh, mas também não lhe deram o Mundo Vindouro, pois ele tinha pecado. Assim, os homens precisam reencarnar para apagar os seus pecados, em vez de ir ao Guehinóm. As mulheres, por outro lado, que não tem obrigação de se envolver com o estudo da Toráh, podem ir ao Guehinóm para apagar seus pecados, e, portanto, não precisam reencarnar. Qual foi o pecado de Elishá ben Abuia? Alguns dizem que ele viu a língua, do corpo, do justo Chtspit sendo arrastada na rua pelos porcos. Ele lamentou e chorou: A boca que proferiu pérolas da Toráh agora lambe o pó da terra. Depois disso, ele rejeitou a observância da Toráh e se tornou um pecador; isso está dito no Tratado de Kidusin. Ele foi um dos rabinos que entrou no Pardês, Poma; mas tornou-se um herege isso no Tratado de Chaguigá. Apesar de as mulheres não precisarem reencarnar, as vezes elas podem vir por meio do Ibur em uma mulher, junto com centelhas novas de almas femininas. Saiba também que existe ainda outra possibilidade quando elas vem por meio do Ibur em outra mulher. Se essa mulher conceber, engravidar e der à luz uma menina, então a alma feminina que veio como Ibur pode reencarnar agora como uma encarnação de fato na filha que acaba de nascer. Aqui o Ari está antecipando um caso que deve ser explicado posteriormente. Saiba também, que as vezes um homem pode reencarnar no corpo de uma mulher por causa de um pecado, como o fato de ter relações homossexuais ou algo similar. Essa mulher que é uma encarnação de alma de um homem não será capaz de conceber e de engravidar, porque ela não tem a capacidade de elevar as Águas Femininas para receber a gota das Águas Masculinas. Essa mulher, então, precisará de muito mérito para poder engravidar e dar à luz. O único modo de fazer isto é se uma alma feminina entrar nessa mulher pelo segredo do Ibur. E com a força da união dessa alma com ela, ela vai conseguir elevar as Águas Femininas, conceber e dar à luz. No entanto, ela não conseguirá dar à luz a filhos homens, por dois motivos, o primeiro é que existe um versículo que diz em Levíticos 12:2 “Fala aos filhos de Israel dizendo: Se uma mulher conceber e der a luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda. Enfermidade aqui lê-se menstruação. Porém, neste caso, a mulher está funcionando como se fosse um homem, como se fosse seu marido, então ela não poderá dar à luz meninos, mas somente meninas. O segundo motivo é que a alma feminina que entrou nela só o fez por meio do Ibur, para ajuda-la a engravidar e dar à luz. Uma vez que esta mulher der à luz, essa alma não precisa mais ficar ali, pois não há mais motivo para isso. No momento em que ela der a luz, aquela alma feminina do Ibur entra no feto como uma encarnação de fato, e não como Ibur, como ocorreu antes. É por isso que a criança que vai nascer será menina e não menino. Em resumo, qualquer mulher que tenha uma alma masculina como explicado anteriormente, não poderá dar a luz meninos, mas apenas meninas. A menina que nascer desta mulher terá a mesma alma feminina que originalmente entrou na mulher por Ibur par ajuda-la. No entanto, se houver um grande mérito, as vezes pode ser possível que no momento do nascimento da criança a alma feminina que estava ali pelo segredo do Ibur vá embora e siga seu caminho e que uma alma masculina entre no feto e a criança seja um menino. Se isso ocorrer, depois será impossível a esta mulher dar à luz de novo, a não ser que a mesma alma feminina volte como Ibur na mulher, como ocorreu de início. Portanto, se a primeira criança que nasceu foi uma menina, essa menina terá que morrer, ela morre, porque ela é a mesma alma que tem que voltar por Ibur na mãe mais uma vez, e talvez a alma feminina consiga voltar como Ibur na mulher, como foi no início. Ela então conceberá, engravidará, e dará a luz a uma filha cuja alma será a alma feminina que estava ali como Ibur. Essa sequência, de Ibur e de reencarnações, pode ocorrer diversas vezes. Essa é a lei que se aplica neste caso sempre, No entanto, se a mulher deu à luz um menino, esta criança não precisa morrer, porque a alma feminina que estava como Ibur na mãe se foi no momento do nascimento, como mencionado anteriormente. Em seguida, essa alma feminina deve voltar uma segunda vez como Ibur na mulher para que ela possa conceber e dar a luz uma menina. Isso também exige grande mérito! As vezes também é possível que, apesar de a primeira criança a nascer ser uma menina, ela não precise morrer, pois é possível que uma alma feminina diferente entre no corpo da mulher como Ibur, e ela conceberá e dará a luz uma menina. E essa alma feminina, reencarnará no corpo dela, da menina, como se fosse uma encarnação de fato. É possível que esses elementos sejam intercambiados desse modo gravidez após gravidez, sempre que esta mulher conceber. No entanto, este fenômeno também requer grande mérito e um poderoso milagre. Isso se dá por causa de uma lição fundamental que nós sabemos no que diz respeito ao segredo do Ibur. Nenhuma alma entra no corpo de um homem ou de uma mulher pelo segredo do Ibur durante sua vida a não ser que haja uma grande afinidade entre ambos. Assim, essa mulher que tem uma raiz de alma masculina precisa de um Ibur de uma alma feminina. Essa alma feminina deve conter todas as qualidades que são necessárias para este Ibur. Além, disso, ela deve ter uma afinidade ou similaridade com a mulher. Consequentemente, isso exige um grande mérito e ainda mais se for preciso que ela venha como Ibur várias vezes, como foi explicado. E é um milagre ainda maior encontrar várias almas femininas com as condições ideais para que possam vir como Ibur, cada uma separadamente e no mesmo período, de vida da pessoa. Isso precisa, de fato, de muitos méritos e grandes milagres! Abraço. Davi.

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