quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Bhagavad Gita. O Caminho Para O Espírito Supremo.



Comentários de Shri Mataji N. Devi (1923-2011). Nesse capítulo 15º do Bhagavad Gita o Senhor Krishna diz que o mundo criado é como uma árvore poderosa cujas raízes estão em Deus, cujos galhos são representados por Brahma e cujas folhas são os Vedas. Aquele que sabe disso, é um conhecedor dos Vedas. Alimentados pelas Gunas, com folhas tenras como os objetos dos sentidos, os galhos se estendem em todas as direções. Aquele que se deixar envolver pelos galhos não poderá compreender de onde eles surgem e nem entender os valores que a árvore produz. O Senhor Krishna aconselha a todos que cortem essa árvore com o formidável machado do desapego. O caminho para o Espírito Supremo, a Realização Divina, passa pela busca daquele Estado Supremo a partir do qual evoluiu a criação. Deve-se permanecer nesse estado e meditar sobre ele. Em seguida, o Senhor explica a Glória e o caráter essencial de Deus. O Senhor Krishna afirma que o Seu próprio brilho faz com que fulgurem o Sol e a Lua. Assim também, em relação ao brilho do fogo. Ao penetrar a Terra, o Senhor sustenta todos os seres. Transformando-se na Lua, Ele nutre todos os vegetais. Associando-se ao Prana, isto é, a energia da inspiração, e ao Apana, isto é, a expiração, Ele digere os quatro tipos de alimentos sob a forma de Vaishwanara. O Senhor habita o coração de todos os seres. Emanam do Senhor, a memória, o conhecimento e o esquecimento. Em todos os Vedas, Ele deve ser reconhecido. Ele é o autor da Vedanta e conhece todos os Vedas. Nos versos de 16 a 20, o Senhor explica o significado de Kshara Purusha, Akshara Purusha e Purushothama. Há dois tipos de Purushas nesse mundo: Kshara ou perecível, enquanto que o Jivatma é imperecível. O Ser Supremo é chamado de Paramatman, que é o Senhor indestrutível. Ele permeia e sustenta os três mundos. O Senhor disse: Eu transcendo Kshara e Akshara. Sou conhecido no mundo e nos Vedas como Purushothama. Aquele que Me conhece como Purushothama sabe tudo e Me adora de todo o coração. Quem compreender isso terá cumprido a sua missão na Terra. Segue a Escritura Sagrada. “Continua Krishna: Os Vedas descrevem Asvatha, Ficus Religiosa, sendo uma árvore invertida, com as raízes para cima e os galhos para baixo. É imperecível, e suas folhas correspondem aos hinos Vêdicos. Quem a conhece é conhecedor dos Vedas. Seus galhos alçam-se para o céu e vergam-se até a terra; sua seiva sustentadora representa as Gunas, qualidades, e seus rebentos equivalem aos objetos sensórios. Suas radículas, pequena raiz, pendentes até o solo, significam as ações engendradas no mundo dos homens, que os reatam com laços cada vez mais apertados. Não é possível conhecer-se aqui a natureza, fim e sustentáculo dessa Asvatha, tão solidamente radicada. Abatei-a, pois, com o potente machado do discernimento. Então poderá ser Buscada aquela meta, donde não retornam mais os homens que a atingirem. Que solicitem o auxílio do Ser que é a Fonte primária donde flui esta remotíssima corrente de apegos. Que se libertem da ilusão do egoísmo, vençam o pecado dos apegos e residam sempre no Eu. Então  abandonarão os objetos sensórios e com eles desaparecerão os opostos conhecidos como prazer e dor. Contemplarão vivamente o Eu, e assim atingirão a meta imutável. Ali não há brilho do Sol, nem da Lua, nem do Fogo. Minha é a Luz Infinita, da qual não retornam os homens que a tenham alcançado. No mundo dos vivos, um fragmento de mim mesmo se transforma num Espírito imortal, que do reservatório da Natureza atrai para si os cinco sentidos e a mente. Quando o Eu, o governador dos sentidos e da mente, toma um corpo ou o abandona, recolhe-os e leva-os consigo, procede o vento com o perfume das flores. O Eu, unido à vista, ouvido, olfato, paladar e tato. A mente faz experiência com os objetos dos sentidos. Os ignorante e iludidos não vêm o Eu, quando deixa o corpo, nem quando está nele, nem sabem como se encarna o Espírito, unindo-se as três Gunas. Os iluminados e os Yogues o vêm e conhecem. Mediante frequente meditação, alcançam a percepção dele em si mesmos. Mas aqueles cujas mentes estão obscurecidas, não o percebem, ainda que o procurem. Sabe, Oh Arjuna, que a luz radiosa que se desprende do Sol, iluminando o mundo inteiro é refletida pela Lua e a chama ígnea que a tudo abrasa, provêm todas de mim. Eu penetro na Terra e sustento todas as coisas com a minha força viva. Eu Sou a seiva das plantas e dos vegetais. Como as forças vitais, o Fogo da vida, penetro no corpo que respira e, unido com a inalação e a exalação, dirijo os processos digestivos, assimilativos e eliminativos. Eu resido nos corações e nas mentes dos homens, e de mim provêm a memória, o entendimento e a privação de ambos. Eu Sou, o que se há de conhecer nos Vedas. Eu Sou o conhecedor dos Vedas e o autor do Vedante. Há dois aspectos neste mundo: a Unidade e a Pluralidade, A Alma Superior e as Almas inferiores, O Indivisível e o Divisível. O Indivisível é superior a todas as formas da Natureza. Estes dois aspectos formam a Unidade Universal. Mas há ainda um Ser Supremo, o Espírito Absoluto, a Alma das Almas, o Sustentador, o Origem e o Senhor de Tudo. Eu Sou este Espírito Absoluto, e estou dentro e acima da Alma Uma e  da Alma múltipla. Por isso, as escrituras me denominam o Altíssimo. Quem, com a mente desanuviada, me conhece assim como o Altíssimo, a tudo conhece, Oh Arjuna, e de todos os modos me adora. Declarei-te, pois, este secreto ensinamento. Sábio é quem o compreende, e cumprida está a tua tarefa”. Abraço. Davi.

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