Mateus
11:25-30 “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor
do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te
aprouve. Todas as coisas me foram
entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém
conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos,
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas. Porque o
meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Orígenes (182-254) de quem temos falado
em alguns textos, concebia a interpretação bíblica em três níveis os quais ele
nomeou de corpo, alma e espírito. O corpo era a interpretação literal, a alma a
explicação intelectual e o espirito a decifração mais profunda, mística e
transcendente comparada a um êxtase. Os séculos que se sucederam depois de
Orígenes, foram marcados pelo abandono desse método investigativo de
compreender as escrituras sagradas cristãs. O empobrecimento da doutrina
superficial, aquilo que é dito em II Coríntios 3:6 “A letra mata (...)”.
dominou a exegese bíblica. Orígenes não costumava personalizar e significar os
eventos sagrados, ele procurava através de metáforas, alegorias e mitologias
entrar no inconsciente dos fatos e personagens aludidos. Uma interpretação
exotérica, interna dos fatos, restringindo assim as superstições, crendices e
dogmas. Um exemplo está na crucificação de Cristo em João 19:17 “E, levando ele
às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se
chama Gólgota”. A palavra caveira significa calvário que entendemos como todo o
vitupério da via dolorosa, culminando com o sacrifício do Cristo na cruz. A
caveira é a cabeça contendo seus quatro orifícios relacionados a audição,
visão, paladar e a moleira na horizontal. Esses aspectos distinguem os sete
chakras ou coroa, em pali Sahasrara. Nessa perspectiva oculta a crucificação
ocorreu no nível do inconsciente humano. Uma experiência mística que podemos
acessar, caso tenhamos um êxtase conforme é falado por Orígenes. “O Centro da
Consciência. A chakra da cabeça está localizada no centro do crânio, abrindo-se
em forma de funil para o universo. Na arte sacra, esta chackra é normalmente
representada como um anel ou halo no topo da cabeça dos santos e dos apóstolos.
Este halo representa a ligação entre a pessoa e o divino ou a inteligência superior
de Deus. O princípio fundamental que rege este chakra relaciona-se com o Ser,
com a existência e com a compreensão profunda da missão do homem na Terra. Dai
que as cores que lhe estão associadas sejam o violeta, o lilás ou o branco (que
simbolizam a ligação entre o homem e o universo; também o homem e Deus), que
tipificam ideais como a devoção religiosa e a meditação transcendental”. http://terapiasaromaticas.blogspot.com.br. René Descartes (1595-1650) em seu
reducionismo cartesiano destaca duas importantes glândulas conectadas a
consciência cerebral intimamente ligada ao chackra da cabeça que são a pineal e
o hipotálamo. Em seus estudos pondera que chegara um tempo em que os humanos
desenvolverão esses órgãos, dando-lhes capacidades extra sensoriais acima do
normal como telepatia, telecinesia, teletransporte e outros fenômenos
parapsicológicos. Uma super consciência capaz de comunicação com seres
inferiores da natureza como os neurotransmissores primitivos de minerais,
vegetal, até alcançando o nível da
consciência dos animais e dos humanos. Esses fatos segundo a ciência oculta
seriam realizados na próxima raça raiz, a sexta. Mas alguns Yogues, lamas budistas
e místicos cabalistas já acessam essa hiper consciência que desenvolveram
através de exercícios meditativos e controle da mente. Isso envolve uma vida de
renúncia, santidade, pureza e austeridade extremas só alcançados por aqueles
que se comprometem totalmente com o Logos Divino. Para desenvolvermos esses
poderes latentes em nós o primeiro passo é praticarmos as virtudes elevadas,
todas incorporadas na vida do mestre Jesus. As palavras da escritura acima em
Mateus 11 reporta-nos a serenidade, que tem como produto a paz interior.
Ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
A serenidade é uma das virtudes (sem perturbação ou irritação) que podemos
desenvolver praticando a meditação; ela trará como resultado o tranquilo
repousar de nossa mente. A frase naquele tempo no início do texto, podemos
transportá-la para nossos dias como o aqui e agora, um conceito advindo do Zen
budista que diz: “O milagre é que o Zen não se interessa pelo passado nem pelo
futuro. O Zen vive o presente. Todo o seu ensinamento é baseado e está
enraizado, concentrado no que (...) é”. Temos muita dificuldade em viver o
presente. Fisicamente estamos no aqui, mas mentalmente não no agora. Nossa
mente está distante, maquinando situações que faremos logo depois, ou pensamos
no passado, aquilo que não foi resolvido e consideramos maneiras de voltarmos
naquele assunto para darmos um fim que imaginamos correto. Aspectos perigosos
quando exemplificamos com eventos práticos. Imagina um motorista num trânsito
intenso, cogitando no desentendimento que teve com sua esposa, as palavras de
ofensa e as vezes os tapas desferidos por um ou outro. Um cirurgião médico em
pleno procedimento, receoso de ter seu veículo roubado pelo cuidador da garagem
pública. Um psicólogo totalmente desatento a seu paciente, na sessão de
terapia, preocupado com seu filho que foi levado ao hospital pelo marido com
suspeita de fratura. Situações que mostram o quanto devemos concentrar nosso
pensamento no agora. Isso requer treino; a meditação e a Yoga ajudam muito
nesse particular de fazermos com que nos conectemos, não deixando que as
circunstâncias externas influenciem negativamente nossas decisões cotidianas. O
Mestre tinha a serenidade de tratar com todos os tipos de temperamentos
mostrado pelos seus discípulos. Tiago e João as vezes agiam sem ponderar, Lucas
9:54 “ E os seus discípulos Tiago e João, vendo isso disseram: Senhor queres
que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez”.
Imaginar que os discípulos se iraram contra os samaritanos, querendo queimá-los,
porque não foram recebidos por eles em sua cidade? Esse fato, no fundo, mostra
a discriminação dos seguidores de Cristo, pois a lei judaico considerava os
samaritanos gentios, consequentemente apartados da aliança com D”us. Mas a
serenidade do Mestre estampava palavras de sabedoria divina ao responder os
discípulos disse: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o filho do homem
não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Pedro agia
intempestivamente em algumas ocorrências como na relatada em João 18:10 “Então
Simão Pedro, que tinha a espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo
sacerdote, cortando sua orelha direta. E o nome do servo era Malco”. Num
momento de descontrole emocional, tentando defender seu Mestre, o discípulo caiu
na tentação de ofender fisicamente o próximo. Na lei uma tentativa de
homicídio. Mas Jesus lhe diz: “Poe a tua espada na bainha, não beberei o cálice
que o Pai me deu? Os dois eventos abordados mostram que o âmbito das
ocorrências estão em nossa mente. Assim potencialmente todos podemos praticar
atos viciosos desse vulto ou maiores se não atentarmos a chama divina acessa pela
divindade em nosso ser. O princípio crístico, bhúdico é nossa consciência
clarificada pela serenidade vinda da comunhão mística e transcendente com o
divino. Os discípulos mesmo junto com o Mestre tinham suas mentes cauterizadas
pelo pecado e cobiça da vida. Romanos 12:19-21 “Não vos vingueis a vós mesmos
amados, mas dai lugar a ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança,
eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de
comer, se tiver sede dá-lhe de beber. Porque fazendo isso, amontoarás brasas
vivas sobre a tua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o
bem”. A brasa viva acesa em nossas
cabeças não deixará sermos arrastados pela ira, maldade, inveja, orgulho e
apegos mundanos. Reconhecerem, assim como o Mestre, que beberemos o cálice que
o Pai nos deu. A vingança do Senhor, tipifica o carma como a justa medida
daquilo que fazemos de bem ou mal. É como um bumerangue que jogado retorna ao
seu arremessador infalivelmente. Dessa maneira devemos plantar o bem em
pensamento, palavras e atitudes à todos os seres humanos e não humanos. Budha
disse: É difícil ser sereno e simples de coração em todas as relações com os
outros. É difícil para os pobres praticar a caridade. É difícil não expressar
uma opinião sobre os outros. É difícil não sentir desprezo em relação ao
iletrado”. Contudo o Budha não disse ser impossível. Com iletrado não queria dizer necessariamente aquele que
não sabe ler ou escrever, nem resolver questões fundamentais de matemática, mas
os ignorantes quanto a sabedoria divina, não percebendo que a Suprema Divindade
está dentro de todos os seres, apenas esperando ser acessada para evoluir nosso
espírito rumo ao nirvana (samadhy) ou iluminação. Que nosso Budha interior
ajude-nos em nossas fraquezas. Abraço. Davi.
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