segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A Serenidade Espiritual.



Mateus 11:25-30 “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Orígenes (182-254) de quem temos falado em alguns textos, concebia a interpretação bíblica em três níveis os quais ele nomeou de corpo, alma e espírito. O corpo era a interpretação literal, a alma a explicação intelectual e o espirito a decifração mais profunda, mística e transcendente comparada a um êxtase. Os séculos que se sucederam depois de Orígenes, foram marcados pelo abandono desse método investigativo de compreender as escrituras sagradas cristãs. O empobrecimento da doutrina superficial, aquilo que é dito em II Coríntios 3:6 “A letra mata (...)”. dominou a exegese bíblica. Orígenes não costumava personalizar e significar os eventos sagrados, ele procurava através de metáforas, alegorias e mitologias entrar no inconsciente dos fatos e personagens aludidos. Uma interpretação exotérica, interna dos fatos, restringindo assim as superstições, crendices e dogmas. Um exemplo está na crucificação de Cristo em João 19:17 “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota”. A palavra caveira significa calvário que entendemos como todo o vitupério da via dolorosa, culminando com o sacrifício do Cristo na cruz. A caveira é a cabeça contendo seus quatro orifícios relacionados a audição, visão, paladar e a moleira na horizontal. Esses aspectos distinguem os sete chakras ou coroa, em pali Sahasrara. Nessa perspectiva oculta a crucificação ocorreu no nível do inconsciente humano. Uma experiência mística que podemos acessar, caso tenhamos um êxtase conforme é falado por Orígenes. “O Centro da Consciência. A chakra da cabeça está localizada no centro do crânio, abrindo-se em forma de funil para o universo. Na arte sacra, esta chackra é normalmente representada como um anel ou halo no topo da cabeça dos santos e dos apóstolos. Este halo representa a ligação entre a pessoa e o divino ou a inteligência superior de Deus. O princípio fundamental que rege este chakra relaciona-se com o Ser, com a existência e com a compreensão profunda da missão do homem na Terra. Dai que as cores que lhe estão associadas sejam o violeta, o lilás ou o branco (que simbolizam a ligação entre o homem e o universo; também o homem e Deus), que tipificam ideais como a devoção religiosa e a meditação transcendental”. http://terapiasaromaticas.blogspot.com.br.  René Descartes (1595-1650) em seu reducionismo cartesiano destaca duas importantes glândulas conectadas a consciência cerebral intimamente ligada ao chackra da cabeça que são a pineal e o hipotálamo. Em seus estudos pondera que chegara um tempo em que os humanos desenvolverão esses órgãos, dando-lhes capacidades extra sensoriais acima do normal como telepatia, telecinesia, teletransporte e outros fenômenos parapsicológicos. Uma super consciência capaz de comunicação com seres inferiores da natureza como os neurotransmissores primitivos de minerais, vegetal,  até alcançando o nível da consciência dos animais e dos humanos. Esses fatos segundo a ciência oculta seriam realizados na próxima raça raiz, a sexta. Mas alguns Yogues, lamas budistas e místicos cabalistas já acessam essa hiper consciência que desenvolveram através de exercícios meditativos e controle da mente. Isso envolve uma vida de renúncia, santidade, pureza e austeridade extremas só alcançados por aqueles que se comprometem totalmente com o Logos Divino. Para desenvolvermos esses poderes latentes em nós o primeiro passo é praticarmos as virtudes elevadas, todas incorporadas na vida do mestre Jesus. As palavras da escritura acima em Mateus 11 reporta-nos a serenidade, que tem como produto a paz interior. Ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. A serenidade é uma das virtudes (sem perturbação ou irritação) que podemos desenvolver praticando a meditação; ela trará como resultado o tranquilo repousar de nossa mente. A frase naquele tempo no início do texto, podemos transportá-la para nossos dias como o aqui e agora, um conceito advindo do Zen budista que diz: “O milagre é que o Zen não se interessa pelo passado nem pelo futuro. O Zen vive o presente. Todo o seu ensinamento é baseado e está enraizado, concentrado no que (...) é”. Temos muita dificuldade em viver o presente. Fisicamente estamos no aqui, mas mentalmente não no agora. Nossa mente está distante, maquinando situações que faremos logo depois, ou pensamos no passado, aquilo que não foi resolvido e consideramos maneiras de voltarmos naquele assunto para darmos um fim que imaginamos correto. Aspectos perigosos quando exemplificamos com eventos práticos. Imagina um motorista num trânsito intenso, cogitando no desentendimento que teve com sua esposa, as palavras de ofensa e as vezes os tapas desferidos por um ou outro. Um cirurgião médico em pleno procedimento, receoso de ter seu veículo roubado pelo cuidador da garagem pública. Um psicólogo totalmente desatento a seu paciente, na sessão de terapia, preocupado com seu filho que foi levado ao hospital pelo marido com suspeita de fratura. Situações que mostram o quanto devemos concentrar nosso pensamento no agora. Isso requer treino; a meditação e a Yoga ajudam muito nesse particular de fazermos com que nos conectemos, não deixando que as circunstâncias externas influenciem negativamente nossas decisões cotidianas. O Mestre tinha a serenidade de tratar com todos os tipos de temperamentos mostrado pelos seus discípulos. Tiago e João as vezes agiam sem ponderar, Lucas 9:54 “ E os seus discípulos Tiago e João, vendo isso disseram: Senhor queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez”. Imaginar que os discípulos se iraram contra os samaritanos, querendo queimá-los, porque não foram recebidos por eles em sua cidade? Esse fato, no fundo, mostra a discriminação dos seguidores de Cristo, pois a lei judaico considerava os samaritanos gentios, consequentemente apartados da aliança com D”us. Mas a serenidade do Mestre estampava palavras de sabedoria divina ao responder os discípulos disse: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Pedro agia intempestivamente em algumas ocorrências como na relatada em João 18:10 “Então Simão Pedro, que tinha a espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando sua orelha direta. E o nome do servo era Malco”. Num momento de descontrole emocional, tentando defender seu Mestre, o discípulo caiu na tentação de ofender fisicamente o próximo. Na lei uma tentativa de homicídio. Mas Jesus lhe diz: “Poe a tua espada na bainha, não beberei o cálice que o Pai me deu? Os dois eventos abordados mostram que o âmbito das ocorrências estão em nossa mente. Assim potencialmente todos podemos praticar atos viciosos desse vulto ou maiores se não atentarmos a chama divina acessa pela divindade em nosso ser. O princípio crístico, bhúdico é nossa consciência clarificada pela serenidade vinda da comunhão mística e transcendente com o divino. Os discípulos mesmo junto com o Mestre tinham suas mentes cauterizadas pelo pecado e cobiça da vida. Romanos 12:19-21 “Não vos vingueis a vós mesmos amados, mas dai lugar a ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede dá-lhe de beber. Porque fazendo isso, amontoarás brasas vivas sobre a tua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”.  A brasa viva acesa em nossas cabeças não deixará sermos arrastados pela ira, maldade, inveja, orgulho e apegos mundanos. Reconhecerem, assim como o Mestre, que beberemos o cálice que o Pai nos deu. A vingança do Senhor, tipifica o carma como a justa medida daquilo que fazemos de bem ou mal. É como um bumerangue que jogado retorna ao seu arremessador infalivelmente. Dessa maneira devemos plantar o bem em pensamento, palavras e atitudes à todos os seres humanos e não humanos. Budha disse: É difícil ser sereno e simples de coração em todas as relações com os outros. É difícil para os pobres praticar a caridade. É difícil não expressar uma opinião sobre os outros. É difícil não sentir desprezo em relação ao iletrado”. Contudo o Budha não disse ser impossível. Com iletrado não queria dizer necessariamente aquele que não sabe ler ou escrever, nem resolver questões fundamentais de matemática, mas os ignorantes quanto a sabedoria divina, não percebendo que a Suprema Divindade está dentro de todos os seres, apenas esperando ser acessada para evoluir nosso espírito rumo ao nirvana (samadhy) ou iluminação. Que nosso Budha interior ajude-nos em nossas fraquezas. Abraço. Davi.       

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