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Autobiografia de Um Iogue – Paramahansa Yogananda. Capítulo 39. TERESA NEUMANN
(1898-1968) – A ESTIGMATIZADA CATÓLICA. VOLTE A ÍNDIA. Logo nadarei para fora
do corpo e seguirei para a Morada Resplandecente. Yogananda, venha! A voz de
Sri Yukteswar (1855-1936) soou de modo surpreendente em meu ouvido interior
enquanto eu meditava na sede central em Mount Washington – Los Angeles – CA –
USA. Atravessando 16.000 quilômetros num piscar de olhos, sua mensagem penetrou
em meu ser como o clarão de um relâmpago. Quinze anos! Sim, compreendi, estamos
em 1935; passei 15 anos divulgando os ensinamentos do meu guru na América.
Agora ele me chama. Algumas horas depois, descrevi a experiência a um querido
amigo, o senhor James J. Lynn. Seu desenvolvimento espiritual pela prática
diária de KRIYA YOGA tem sido tão notável que eu o chamo, com frequência, de
“São Lynn”. Nele e em vários outros ocidentais vejo com felicidade cumprir-se a
profecia do Mahavathar Babaji de que também o Ocidente produziria santos de
verdadeira autorrealização por meio da antiga Senda iogue. O senhor Lynn
insistiu generosamente em fazer uma doação para minha viagem. Assim resolvido o
problema financeiro, fiz os planos de embarque para a Índia, via Europa. Em
março de 1935 registrei a Self Realization Fellowship de acordo com as leis do
estado da Califórnia, como organização não sectária e sem fins lucrativos,
destinada a existir perpetuamente. Doei à SRF (Self Realization Fellowship) todas as minhas posses, inclusive
os direitos autorais de todos os meus escritos. A SRF sustenta-se com dotações
e contribuições de seus membros e do público, como a maioria das instituições
educacionais e religiosas. Eu voltarei – disse a meus estudantes – Jamais
esquecerei a América. Durante o banquete de despedida que amigos queridos me
ofereceram em Los Angeles, mirei demoradamente seus rostos e pensei,
agradecido: Senhor, a quem se lembra de Ti como o Único Doador nunca faltará a
doçura da amizade entre os mortais. Partir de Nova Iorque – USA em 9 de junho
de 1935, no navio Europa. Dois estudantes me acompanhavam: meu secretário, o
senhor C. Richard Wright, e uma senhora idosa Ettie Bletsch, de Cincinnati,
Ohio – USA. Desfrutamos dias de paz no oceano, em bem-vindo contraste com as
atarefadas semanas anteriores. Entretanto, nosso período de descanso foi curto;
a velocidade dos navios modernos tem alguns aspectos lamentáveis! Como qualquer
outro grupo de turistas curiosos, caminhamos pela antiga e enorme cidade de
Londres – Reino Unido. No dia seguinte à minha chegada, fui convidado a falar
para uma grande assistência em Caxton Hall, sendo apresentado ao público
londrino por Sir Francis Yoghusband. Passamos um dia agradável como hóspedes de
Sir Harry Lauder em sua propriedade na Escócia. Alguns dias mais tarde, nossa
pequena comitiva cruzou o Canal da Mancha para o continente, pois eu desejava
fazer uma peregrinação à Baviera, Alemanha. Senti que esta seria a única
oportunidade de visitar a grande mística católica Teresa Neumann, de
Konnersreuth – Alemanha. Eu havia lido, anos atrás, um incrível relato sobre
Teresa. O artigo trazia as seguintes informações: 1. Teresa, nascida na
Sexta-Feira da Paixão de Cristo em 1898, feriu-se num acidente aos 20 anos,
ficando cega e paralítica. 2. Recuperou a visão milagrosamente em 1923, por
meio de orações à Santa Teresa de Lisieux (1873-1897), “A Florzinha”. Mais
tarde, as pernas de Teresa Neumann foram curadas instantaneamente. 3. A partir
de 1932, Teresa absteve-se completamente de alimentos e bebidas, a não ser pela
ingestão diária de uma pequena hóstia consagrada. 4. Estigmas, chagas sagradas
de Cristo, apareceram na cabeça, peito, mãos e pés de Teresa em 1926. Todas as
sextas-feiras (1), ela revive a Paixão de Cristo, sofrendo em seu próprio corpo
as históricas agonias de Jesus. 5. Falando apenas o simples idioma alemão de
sua aldeia, durante os transes das sextas-feiras. Teresa pronuncia frases que
os eruditos identificaram como aramaico antigo. Em certas etapas de sua visão,
ela fala hebraico ou grego. 6. Com permissão eclesiástica, Teresa submeteu-se
diversas vezes a rigorosa observação científica. O doutor Fritz Gerlich,
redator de um jornal protestante alemão, foi a Konnersreuth para “desmarcara a
fraude católica”, mas terminou por escrever reverentemente a biografia de
Teresa. Como sempre, no Oriente ou no Ocidente, eu estava ansioso por encontrar
santos. Alegrei-me quando nosso pequeno grupo entrou, em 16 de julho, na
graciosa aldeia de interesse por nosso automóvel Ford – trazido dos Estados
Unidos – e seu grupo tão diversificado: um jovem americano, uma senhora idosa e
um oriental de pele azeitonada, com longos cabelos escondidos sob a gola do
paletó. A casinha de Teresa. Limpa e arrumada, com gerânios florescendo junto a
um poço primitivo, estava – aí, silenciosamente fechada. Os vizinhos e até o
carteiro do povoado, que por ali passavam, não puderam dar nenhuma informação.
Começou a chover e meus companheiros sugeriram que fôssemos embora. Não – disse
eu, obstinado – Ficarei aqui até achar alguma pista que me leve a Teresa. Duas
horas mais tarde ainda estávamos sentados no carro, em meio à chuva pesada.
Suspirei, queixoso: Senhor, por que me conduziste até aqui se ela desapareceu.
Um homem que falava inglês parou ao nosso lado é gentilmente ofereceu-nos
ajuda. Não sei com certeza onde Teresa está, disse, mas ela costuma a casa do
professor Franz Wutz, professor de línguas estrangeiras na Universidade de
Eichstatt, Alemanha, a aproximadamente 130 quilômetros daqui. Na manhã seguinte
nosso grupo prosseguiu de automóvel até a quieta cidade de Eichstatt. O doutor
Wutz recebeu-nos cordialmente em sua casa: Sim, Teresa está aqui. Ele mandou
avisá-la de que visitantes a procuravam. Um mensageiro logo voltou com a
resposta: Embora o bispo me haja pedido que não veja ninguém sem sua permissão,
receberei o homem de Deus que vem da Índia. Profundamente comovido por essas
palavras, segui o doutor Wutz escada acima, até uma saleta. Teresa entrou
imediatamente, irradiando uma aura da paz e alegria. Usava vestido preto e
lenço imaculadamente branco na cabeça. Apesar de ter 37 anos na época, parecia
muito mais jovem, possuindo realmente um encanto e frescor infantis. Saudável,
bem proporcionada, com faces rosadas e sempre alegre, eis a Santa que não come!
Teresa cumprimentou-me com um aperto de mão muito suave. Sorrimos em silenciosa
comunhão, reconhecendo-nos mutuamente como amente de Deus. O doutor Wutz
gentilmente ofereceu-se para servir de intérprete. Quando nos sentamos, notei
que Teresa me olhava com ingênua curiosidade; evidentemente os hindus têm sido
raros na Baviera. A senhora não se alimenta de nada? Eu queria ouvir a resposta
de seus próprios lábios. Não, exceto uma hóstia (2) as seis horas da manhã,
todos os dias. De que tamanho é a hóstia? É fina como papel e tem o tamanho de
uma pequena moeda. Tomo-a por motivos sacramentais; se não está consagrada, não
consigo engolir. Mas a senhora certamente não pode éter vivido apenas disso
durante 12 anos inteiros! Vivo da luz de Deus. Que simples a sua resposta, que
einsteiniana! Vejo que percebe que a energia flui do éter, do sol e do ar para
dentro de seu corpo. Um rápido sorriso iluminou a face. Estou muito feliz
porque compreende como vivo. Sua sagrada vida é uma demonstração diária da
verdade proclamada por Cristo: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus” (3). Novamente ela demonstrou alegria pelo que
eu disse: É verdade. Uma das razões por que estou na Terra hoje é para provar
que o ser humano pode viver da luz invisível de Deus, e não apenas de alimento.
Pode ensinar outros a viverem sem alimento? Ela pareceu um pouquinho chocada.
Não posso fazer isso; Deus não quer. Quando meu olhar recaiu em suas mãos
fortes e graciosas, Teresa mostrou-me uma chaga quadrada, recém-cicatrizada,
nas costas de cada mão. Em cada palma ela apontou uma chaga menor,
recém-cicatrizada, em forma de lua crescente. Cada chaga transpassava
completamente a mão. Isto me trouxe a vívida lembrança de grandes pregos de
ferro, quadrados, com extremidade em forma de meia-lua, que ainda são usados no
Oriente, mas que não me lembro de ter visto no Ocidente. A Santa contou algo de
seus transes semanais: Como observadora, que nada pode fazer, assisto a Paixão
de Cristo inteira. Todas as semanas, da meia-noite de quinta-feira até à uma da
tarde de sexta-feira, suas chagas se abrem e sangram. Ela perde quatro quilos e
meio do seu peso habitual, de cerca de 55 quilos. Sofrendo intensamente em seu
solidário amor, mesmo assim Teresa aguarda com alegria as visões semanais de
seu Senhor. Compreendi imediatamente que Deus planejou a estranha existência de
Teresa para reafirmar a todos os cristãos a autenticidade histórica da vida e
da crucificação de Jesus. Conforme relatado no Novo Testamento, e para
demonstrar dramaticamente o laço sempre vivo entre o Mestre da Galileia e seus
devotos. O professor Wutz contou algumas de suas experiências com a santa. Um
grupo de amigos, incluindo Teresa, costuma excursionar durante vários dias pela
Alemanha, disse. Verificamos notável contraste: Teresa não come nada; o resto
do grupo faz três por dia. Ela permanece com o frescor de uma rosa, imune à
fadiga. Sempre que sentimos fome e procuramos as hospedarias do caminho, Teresa
se ri jovialmente. O professor acrescentou alguns detalhes fisiológicos
interessantes. Como Teresa não se alimenta, seu estômago se contraiu. Ela não
tem excreções, mas suas glândulas sudoríparas funcionam; sua pela é sempre
suave e firme. No momento de partir, manifestei a Teresa o desejo de assistir a
um de seus transes. Sim, por favor vá a Konnersreuth na próxima sexta-feira,
disse graciosamente. O bispo lhe dará permissão. Estou muito contente por ter
me procurado em Eichstatt. Teresa apertou-me as mãos gentilmente, várias vezes,
e acompanhou nosso grupo até o portão. O senhor Wright ligou o rádio do
automóvel; a santa examinou-o com risinhos entusiásticos. Juntou-se um número
tão grande de jovens que Teresa se retirou para o interior da casa. Ela
reapareceu numa das janelas, de onde nos espiava como uma criança, acenando com
a mão. Que a santa dorme apenas uma ou duas horas por noite soubemos por uma
conversa, no dia seguinte, com dois dos irmãos de Teresa, muito bondosos e
amigáveis. Apesar das diversas chagas em seu corpo, ela é ativa e cheia de
energia. Adora pássaros, cuida de um aquário de peixes e trabalha
frequentemente em seu jardim. Sua correspondência é grande/ os devotos
católicos escrevem pedindo orações e bênçãos de cura. Muitos a procuraram,
sendo por ela curados de enfermidades graves. Seu irmão Ferdinand, de
aproximadamente 23 anos de idade, explicou que Teresa tem o poder, por meio da
oração, de resgatar em seu próprio corpo o sofrimento alheio. A abstinência da
santa em relação ao alimento data da época em que ela orou para que a doença na
garganta de um jovem de sua paróquia, que se preparava para ingressar no
sacerdócio, fosse transferida para a sua própria garganta. Na tarde de
quinta-feira nosso grupo dirigiu-se à casa do bispo, que olhou para meus
flutuantes cabelos com alguma surpresa. Ele prontamente concedeu a permissão
necessária. Não havia pagamento a fazer; as regras criadas pela Igreja são
simplesmente para proteger Teresa da avalanche de turistas fortuitos que, em
anos anteriores, se precipitavam aos milhares para Konnersreuth às
sextas-feiras. Chegamos à aldeia, na sexta-feira, aproximadamente às nove e
meia da manhã. Notei que uma seção da casinha de Teresa tinha um telhado de
vidro para permitir abundante entrada de luz. Agradou-nos ver a residência com
as portas não mais fechadas, porém totalmente abertas, em hospitaleira
acolhida. Entramos em uma fila de cerca de 20 visitantes, todos com a permissão
necessária. Muitos tinham vindo de muito longe para assistir ao transe místico.
Teresa tinha passado em meu primeiro teste na casa do professor, demonstrando o
conhecimento intuitivo de que eu a desejava ver por motivos espirituais, e não
para satisfazer uma curiosidade passageira. Meu segundo teste ligava-se ao fato
de que, pouco antes de subir as escadas para o seu quarto, eu entrara em estado
de transe iogue para estabelecer com ela uma relação de telepatia e de
televisão. Entrei no quarto repleto de visitantes; ela se encontrava deitada na
cama, vestindo um traje branco. Com o senhor Wright logo atrás de mim, parei
assim que transpus a soleira, assombrado diante de um espetáculo dos mais
estranhos e espantosos. O sangue fluía das pálpebras inferiores de Teresa, num
fio incessante e pouco espesso, da largura de uns dois centímetros. Seu olhar
estava focado no olho espiritual, no centro da testa. O pano que lhe envolvia a
cabeça estava ensopado com sangue dos estigmas da Coroa de Espinhos. O traje
branco apresentava uma mancha rubra sobre o coração, proveniente da ferida
lateral, no lugar onde o corpo de Cristo, séculos antes, sofrera a indignidade
final de ser atingido pela lança do soldado. As mãos da santa estendiam-se em
gesto maternal, suplicante; seu rosto tinha uma expressão ao mesmo tempo
torturada e divina. Parecia mais magra e apresentava mudanças sutis, tanto
internas como externas. Murmurando palavras de uma língua estrangeira, falava,
com lábios ligeiramente trêmulos, a pessoas que eram visíveis ao seu olhar
super consciente. Como eu estava em sintonia com ela, comecei a ver as cenas
que ela estava vendo. Ela observava Jesus enquanto ele carregava a Cruz entre
os escárnios da multidão (4). Subitamente, ela ergueu a cabeça, consternada: o
Senhor cairá sob a peso cruel. A visão desapareceu. Exausta em sua fervorosa
piedade, Teresa afundou pesadamente no travesseiro. Nesse momento, ouvi um
forte baque atrás de mim. Virando a cabeça por um segundo, vi dois homens
carregarem para fora um corpo inanimado. Mas, por estar saído do profundo
estado super consciente, não reconheci logo a pessoa que havia caído. Fixei
outra vez o olhar no rosto de Teresa, mortalmente pálido sob os filetes de
sangue, mas agora tranquilo, irradiando pureza e santidade. Pouco depois, olhei
para trás e vi o senhor Wright de pé, com a mão sobre sal face manchada de
sangue. Dick, perguntei ansioso, quem caiu? Você? Sim, desmaiei ante o pavoroso
espetáculo. Bem, disse eu para consolá-lo, você é corajosos de voltar e
presenciar outra vez a cena. Lembrando da paciente fila de peregrinos, o senhor
Wright e eu silenciosamente nos curvamos em adeus a Teresa e nos afastamos de
sua sagrada presença (5). No dia seguinte nosso pequeno grupo prosseguiu de
automóvel em direção ao sul, agradecido por não precisar depender de trens,
podendo parar o For sempre que quisesse, ao longo do caminho. Desfrutamos cada
minuto da viagem pela Alemanha, Holanda, França e Alpes suíços. Na Itália
fizemos uma excursão especial a Assis, em homenagem ao apóstolo da humildade,
São Francisco de Assis (1186-1226). A viagem pela Europa terminou na Grécia,
onde visitamos os templos atenienses e vimos a prisão onde o gentil filósofo
Sócrates (6) bebeu a porção mortal. Desperta plena admiração a arte com que os
antigos gregos esculpiam em alabastro as obras de sua imaginação. Tomamos o
navio para cruzar o Mediterrâneo ensolarado e desembarcamos na Palestina.
Percorrendo a Terra Santa, mais do que nunca me convenci do valor da
peregrinação. Para o coração sensível, o espírito de Cristo impregna tudo na
Palestina. Caminhei reverentemente ao seu lado em Belém, no Getsêmani, no
Calvário, no santo Monte das Oliveiras, ao longo do rio Jordão e do mar da
Galileia. Nosso pequeno grupo visitou a Gruta da Natividade, a carpintaria de
José, o sepulcro de Lázaro, a casa de Marta e Maria, o cenáculo da Última Ceia.
A antiguidade se revelava; cenas após cena, assisti ao drama que Cristo
representara então para os séculos vindouros. O Egito veio a seguir, com a
Cairo moderna e as pirâmides antigas. Depois, de navio, descemos o longo Mar
Vermelho e o vasto Mar da Arábia; afinal, eis a Índia!. Referências: (1) Desde
a guerra Teresa não sofre mais a Paixão todas as sextas-feiras, mas somente em
alguns dias santos do ano. Livros sobre sua vida: Therese Neumann: A Stigmatist
of Our Day e Further Chronicles of Therese Neumann, de Friedrich Ritter von
Lama. The Story of Therese Neumann, de A. P. Schimberg, todos publicados por
Bruce Pub. Co., Milwaukee, Wisconsin – USA. E também Therese Neumann por
Johannes Steiner, publicado por Alba House, Staten Island New York – USA. (2) Feita de farinha de trigo, para consagração
eucarística. (3) Mateus 4,4. A bateria do corpo humano não é sustentada apenas
por substâncias grosseiras (pão), mas pela energia cósmica vibratória (Verbo,
ou Om). O poder invisível flui para o corpo humano através do portal do bulbo
raquiano. O sexto centro corporal localiza-se na parte posterior do pescoço, no
topo dos cinco chakras (em sânscrito significa “rodas” ou centros de força
vital irradiante). O bulbo raquiano, entrada, no corpo, para o suprimento de
energia vital universal (Om), está diretamente ligado, por polaridade, ao
centro da Consciência Crística (Kutastha) no olho único entre as sobrancelhas,
sede do poder da vontade no homem. A energia cósmica é então armazenada no
sétimo centro, no cérebro, como reservatório de potencialidades infinitas
(mencionado nos Vedas como “lótus de mil pétalas”). A Bíblia refere-se a Om
como Espírito Santo ou força vital invisível que sustenta divinamente toda a
criação. “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que
habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que vós não sois de vós
mesmos”? I Coríntios 6,19. (4) Nas horas anteriores à minha chegada, Teresa já
tivera muitas visões dos últimos dias da vida de Cristo. Seu transe geralmente
começa com cenas dos acontecimentos após a Última Ceia e termina com a morte de
Jesus na cruz; ou às vezes, com seu sepultamento. (5) Um comunicado da INS na
Alemanha informava em 26 de março de 1948: “Uma camponesa alemã jazia em seu
catre nesta Sexta-Feira Santa: tinha a cabeça, as mãos e os ombros manchados de
sangue nos mesmos lugares em que o corpo de Cristo sangrara com os pregos da
Cruz e com a Coroa de Espinhos. Milhares de alemães e de americanos,
consternados, despediram-se silenciosamente de Teresa Neumann (1898-1968) em
sua casinha de aldeia”. (6) Um trecho de Eusébio de Cesareia (263-339) relata
interessante encontro entre Sócrates (470 AC 399) e um sábio hindu.
Textualmente: “Aristoxeno, o músico, narra a seguinte história sobre os
indianos. Um destes homens encontrou Sócrates em Atenas e perguntou qual era o
escopo de sua filosofia: Uma investigação dos fenômenos humanos – respondeu
Sócrates. Com isso, o hindu explodiu de riso: Como pode um homem investigar os
fenômenos humanos quando ignora os divinos”? O ideal grego, a que fazem eco as
filosofias ocidentais, é: “Homem, conhece a ti mesmo”. Um hindu diria: “Homem,
conhece o teu Eu”. O preceito de Rene Descartes (1596-1650) “Penso, logo
existo”, não é filosoficamente válido. As faculdades do raciocínio não podem
lançar luz sobre o Ser último do homem. A mente humana, como o mundo dos
fenômenos que ela pode conhecer, está em perpétuo fluxo e não pode atingir o
fim último das coisas. A satisfação intelectual não é o objetivo mais elevado.
Quem busca a Deus é realmente amante de vidya, verdade inalterável; tudo o mais
é avidya, conhecimento relativo. Livro Autobiografia de Um Iogue – Paramahansa
Yogananda. Abraço. Davi
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