Editor do Mosaico. Mesmo que o Buda nos instrua quanto à
adequada atitude para livrar-nos da roda do samsara (nascimento, sofrimento,
velhice e morte), que são as quatro nobres verdades aliado ao óctuplo caminho, é
estarrecedor perceber o quanto a sociedade, através das mídias sociais têm
banalizado a violência em nosso país, Brasil. Se perdeu a sensibilidade à dor e
o sofrimento do outro. Nesse contexto, temos dificuldade em impressionar-nos
com cenas de brutalidade, agressão ou crueldade física e psicológica. Em
(18/05), um garoto de 17 anos abriu fogo numa escola secundária na cidade de
Santa Fé – Texas – USA. Pelo menos nove alunos e um professor morreram, após o
ataque a tiros no colégio, segundo as autoridades policiais. Conforme o
governador do Texas outras dez pessoas ficaram feridas, estando hospitalizadas.
O Presidente Trump disse em pronunciamento na Casa Branca que “isso vem
acontecendo há décadas no pais”. Tristíssimo e comovente a recorrência de fatos
como estes, que tudo indica não será o último. Em Brasília, uma notícia (11/05) inusitada chamou a atenção de todos, um juiz brasileiro da Corte Interamericana
de Direitos Humanos, sediada em San Jose – Costa Rica, foi acusado pela
ex-mulher de agressão, estupro e assédio sexual. A Corte publicou numa rede social,
a renúncia formal do magistrado ao posto do órgão. Ele está sendo acusado
também de injuria, espancamento e ameaça de morte a suposta vítima. A defesa
negou as agressões físicas, e apontou “serem graves as inúmeras ofensas verbais
feitas pelo casal ao longo de uma tumultuada relação”. A denúncia tem por base
gravações feitas ao longo do relacionamento. As investigações seguem pela Polícia
Civil – na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher. Caso se confirma a
criminação é vergonhoso e inaceitável que um magistrado seja capaz de atos tão
desumanos como esse. Também o episódio no interior de São Paulo (12/05), na
cidade de Suzano, quando mães de crianças participavam de uma homenagem a elas
na escola de seus filhos, chocou os que viram ou assistiram na TV. Um bandido,
de 21 anos, abordou um grupo de mães que saia da reunião, tendo um revólver na
mão ameaçava-as pedindo que entregassem as bolsas. Repentinamente uma delas,
policial à paisana, sacou sua arma dando dois tiros no indivíduo, matando-o.
Considero profundamente lamentável o desfecho do ocorrido. Dispensando a
discussão periférica do ato heroico ou banditismo, atenho-me a nossa
contribuição para diminuir a violência. Acho que a maioria concorda: ao usarmos
a violência contra a violência alimentamos a indiferença, ódio e discriminação.
Aumentamos a desigualdade e materializamos a sensação daqueles que desfrutam
dos privilégios sociais e dos que estão marginalizados deles. Isso personifica
os lados do conflito petrificando a injustiça e dificultando a ascensão social.
O “olho por olho e dente por dente” proposto pelo Presidente Donald Trump, que
sugeriu, para combater o massacre nas escolas americanas, os professores usarem
armas para se defenderem e também aos alunos em sala de aula. Imagine o
desastre se a medida fosse aprovada pelo Congresso americano. Nos USA o menor
de idade pode usar arma e com 18 anos adquirir um fuzil AR 15 de estilo
militar. O país é a maior indústria bélica do mundo, tendo em proporção mais
revólveres, pistolas e fuzis que a quantidade de habitantes estimada hoje em
mais de 325,7 milhões de pessoas. Um caminho para transformação dessa tão séria
situação, penso, passa por nossa mudança interior e busca pelo
autoconhecimento. Coisa que no Ocidente é praticamente desconhecido, tendo como
objetivo encontrar nossa identidade interior, e o descortinar da deidade
incrustrada em nosso ser. Além do desenvolvimento de nossa espiritualidade,
aliado a princípios morais, éticos e cívicos. Poucos percebem nossa
constituição setenária (sete partes). Como indivíduos singulares no cosmo,
simultaneamente, temos a forma terrenal e a celestial. A primeira é constituída
do corpo físico, energético, emocional e mente dos desejos. A segunda compõe-se
de mente pura, consciência e vontade. Na língua hindu sânscrita é atma, budhy e
manas. O problema é que vivemos o temporal e perecível de nossa forma –
personalidade, sem acender para o eterno e infinito de nossa individualidade. A
filosofia védica idealizou o quaternário para o inferior e a tríade para o
superior de nosso ser. O Self – si mesmo, é nossa essência divina. A centelha
que foi plantada no tempo primevo, quando da criação o Logos Eterno disse: haja
luz e houve luz. Essa chispa, vêm evoluindo desde o nascimento da Terra a pelo
menos 4,5 bilhões de anos. Evidente que o resultado da transformação vem depois
de décadas, não instantaneamente como alguns milagrosamente propõem. Entretanto
uma energia positiva começa a se forma em torno de núcleos pequenos e
representativos. A principal instituição social – a família – é o ponto chave
para iniciar e desenvolver esse novo paradigma da Não-Violência. Pais –
cônjuges, avôs, avós, e representantes legais – são os formadores do caráter e
personalidade das crianças. Num plano secundário escolas e instituições
religiosas complementariam está tão importante educação. Valores altruístas
como bondade, gentileza, generosidade, lealdade, otimismo, perseverança,
sinceridade, simplicidade, sobriedade, responsabilidade, paciência, prudência,
justiça, pudor, obediência, ordem e outros devem ser exemplificados no âmbito
familiar. Parece muito, mas aliado a vida devota, meditativa e contemplativa é
possível construir esses atributos em nós e nossos descendentes. Os cônjuges
precisam cultivar atitudes de oração e comunhão com os filhos. Levando-os a
perceber o divino em seu interior. Mostrando a eles que temos uma centelha
eterna que precisa brilhar para o mundo. Amando a Deus sobre todas as coisas e
a nosso próximo como a nós mesmo. É inútil dizermos que amamos a Deus, e ao
mesmo tempo, odiamos a nosso irmão. Nossa fraternidade deve ter base universal,
envolvendo todos os seres humanos e não humanos. Tratando a natureza animal,
vegetal e mineral com respeito, pois fazem parte de nosso ser, pois dependemos
dela e ela precisa de nós. Levando nossos filhos a perceber esses méritos, eles
aprenderão a lição da compaixão – a entrega pela missão divina sem querer nada
em troca. Além do desapego ao materialismo, consumismo, competitivismo e
utilitarismo capitalistas. Esses ideais seculares extremados, deformam nossa
humanidade, esmagando nossa espiritualidade, reduzindo nosso ser ao temporal e
efêmero. Nossa essência eterna é sufocada, podendo tornar-se cativa do príncipe
deste mundo que já está julgado. Ele age em nossa forma grosseira (corpo
físico) matando, roubando e destruindo, sintomas da violência em suas variadas
maneiras. Esses aspectos negativos não são unicamente exteriores, mas sobretudo
simbólicos interiores e psicossomáticos. Para não darmos lugar ao diabo,
devemos nos revestir de toda armadura de Deus. Um bom exemplo sobre não
violência é a pessoa de Gandhi (1869-1948). Ele recebeu o título de Mahatma ou
grande alma por sua vida devota e meditativa. Mesmo em seus 45 quilos, devido a
dieta e alimentação a base de vegetais, irradiava saúde física e espiritual,
isso em agosto de 1935. Para se identificar à extrema pobreza de seu povo
limitou sua roupa a uma tanga, quando estava em sua casa, que por sinal, era
extraordinariamente simples. Em público se cobria com um manto inteiriço.
Gandhi praticava alguns princípios que permearam toda sua vida. “1. Sob nenhuma
hipótese usar a Violência. 2. Falar unicamente a Verdade. 3. Não roubar nunca.
4. Desapego a bens materiais. 5. Exercer um Trabalho físico. 6. Ter Controle
sobre seu paladar. 7. Destemor – não sentir medo, ter coragem. 8. Respeitar
igualmente todas as religiões. 9. Jejuar periodicamente. 10. Fazer silêncio
frequente. 11. Estar em meditação habitual. 12. Não ofender ou matar nenhum
ser”. Com sua atitude fraterna, humanitária e filantropa, bem como uma
diplomacia abnegada e embasada no amor, respeito e consideração pelo outro.
Gandhi, libertou a Índia da dominação inglesa de quase cem anos em 1947, sem
organizar nenhum movimento de luta armada ou implantar ideologia extremista.
Gandhi disse “Eu preferia esperar, se necessário durante séculos, do que buscar
a liberdade de minha pátria por meios sangrentos”. A reciprocidade da violência
produziu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ceifando mais de 9 milhões de
vidas e deixando 30 milhões de feridos entre civis e militares. A Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), matando mais de 47 milhões de pessoas, e se não
surgir nada, que promova a paz, harmonia e respeito entre as nações e
religiões. Caminharemos fatalmente para a Terceira Guerra Mundial onde outros
milhões perderão suas vidas. Ela parece não estar distante, tal o extremismo
político e conservadorismo nacionalista, que aprisiona algumas nações
protagonistas do mundo em seus próprios e mesquinhos interesses. É urgente a
oração pela paz no mundo. Gandhi escreveu lindamente sobre milhares de
assuntos. “Sobre a oração disse: Ela nos recorda que ficamos desamparados sem o
auxílio de Deus. Nenhum esforço é completo sem a oração, sem o reconhecimento
definitivo de que o melhor esforço humano é improdutivo sem o apoio da benção
de Deus. A oração é um chamado à humanidade. Um chamado à autopurificação, à
busca interior”. “Kasturbai (1869-1944), a notável esposa do Mahatma, não fez
objeções quando ele deixou de reservar uma parte de sua riqueza para uso dela
mesma e de seus filhos. Casados no início da adolescência, Gandhi e sua mulher
fizeram o voto de celibato depois do nascimento de quatro filhos. Heroína
tranquila no intenso drama que tem sido sua vida ao lado de Gandhi, Kasturbai
tem seguido seu esposo nas prisões, partilhado seus jejuns de três semanas e
arcado integralmente com seu quinhão nas intermináveis responsabilidades do
marido. Gandhi sempre priorizou a comunhão com Deus e a libertação de sua
pátria do colonialismo inglês. Kasturbai prestou a seu esposo o seguinte
tributo: Agradeço-lhe por ter tido o privilégio de ser sua colaboradora e
companheira na vida. Agradeço-lhe pelo mais perfeito casamento do mundo,
baseado em brahmacharya (autocontrole) e não no sexo. Agradeço-lhe por me
considerar sua igual no trabalho de toda a sua vida pela índia. Agradeço-lhe
por não ser um desses maridos que passam o tempo em jogos, corridas de cavalos,
mulheres, vinho e canções, cansando-se de suas esposas e filhos como um menino
logo se cansa dos brinquedos infantis. Como sou agradecida por você não ser um
desses maridos que dedicam seu tempo a enriquecer com a exploração do trabalho
alheio. Que agradecida estou por você haver colocado Deus e a pátria acima do
suborno, por haver tido a coragem de suas convicções e fé completa e implícita
em Deus. Que agradecida estou por ter um esposo que colocou Deus e a pátria
antes de mim. Agradeço-lhe por tolerar a mim e às minhas limitações na
juventude, quando eu resmungava e me rebelava contra as mudanças que você fez
em nosso modo de vida, de tanto para tão pouco. Quando criança, vivi na casa de
seus pais; sua mãe era uma grande e bondosa mulher, ela me educou, ensinando-me
a ser uma esposa valente, corajosa, e a conservar o amor e o respeito de seu
filho. No decurso dos anos, à medida que você se tornava líder mais amado da
Índia, não senti qualquer dos temores que perturbam a esposa quando seu marido
sobe a escada do sucesso, como tantas vezes acontece em outros países. Eu sabia
que a morte nos encontraria ainda como esposo e esposa”. Gandhi encontrou
Kasturbai, em 30 de janeiro de 1948. Seu falecimento ocorreu quando estava
orando na mansão Birla junto a sua neta. Nathuram Godse (1910-1949), o
assassino, se aproximou e disparou nele três vezes. Um dos projéteis o acertou
no peito e outros dois no abdômen. Godse foi uma das figuras do movimento
independente da Índia contra a Grã-Bretanha. Gandhi desaprovava os conflitos
religiosos que seguiram a independência do país, defendendo os muçulmanos no
território hindu, um dos fato causadores do seu homicídio. O líder espiritual
indiano faleceu quase que instantaneamente. Pessoas que estiveram no lugar do
assassinato contaram que Gandhi pôs uma mão na sua bochecha como gesto de
perdão para seu malfeitor. O criminoso foi capturado horas depois de
concretizar o atentado. Parte das cinzas de Gandhi foram espalhadas nos rios
Ganges e Jumna. Depois de um ano do atentado, em 15 de novembro de 1949, o
assassino Nathuram Godse foi sentenciado a morte pela Justiça Indiana. Acho que
podemos aprender muito com esse santo homem em relação a Não-Violência.
Oração. Virgem Santíssima, Imaculada
Conceição Maria. Mãe Divina, Mestra e Rainha do Universo. Tu que com sua
bondade e misericórdia protege e sustenta todos os teus filhos que estão na
Terra. Concede sua graça e benevolência para que se forme, uma Comunidade de
Fraternidade e Irmandade Mundial disposta a intercessão e praticas de Boas
Obras baseadas no amor, respeito e consideração por todos os povos.
Entrelaçando igualmente culturas, línguas e religiões num único propósito – o
amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo. Nossa Senhora,
representante da Augusta Trindade Divina, que pôr obra e graça do Espírito
Santo, concebeu em seu bendito ventre o Nosso Salvador Jesus Cristo, convoque
no Mundo Astral e Causal, os anjos e os Grandes Seres que alcançaram o
Despertar com a Consciência Incriada Infinita. Envia os Profetas que iluminaram
a humanidade pelo falar divino: Muhammad, Krishna, Buda, Jesus Cristo,
Zoroastro, Massiache, Shantideva, Nitiren Daishonin, Ogum, Xango, Moshe,
Eliahu, Oxalá, Shmuel, David, Aliassa, Yussif, Sulaiman, Confúcio, Lao Tse,
Yaqub, Zul-Kafil, Harun, Shankara e muitos outros. Que eles, em suas
encarnações e ressurreições, incentivem nos corações humanos a afeição,
amizade, companheirismo, união, aliança, comunhão, afinidade, correspondência,
igualdade, paridade e semelhança. Aspectos fundamentais para a promoção da Paz
e congraçamento entre os povos na Terra. Seremos mais humanos, nos preocupando
menos conosco, e mais com os nossos irmãos que são parte de nosso ser. Como a
Familiar Universal tendo o mesmo Pai Celeste e a mesma Mãe Divina; todos somos
irmãos. Foi dito pelo Cristo no Evangelho de João 17,21-23 “Para que todos
sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a
mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para
que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me
enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”. Somos
diferentes exteriormente naquilo que é temporal e perecível visto em nossa
personalidade terrenal. Contudo semelhantes interiormente no que é imutável e
eterno, nossa singularidade celestial, manifesta em nossa alma e espírito.
Temos tudo para mudar a história da humanidade e os rumos do planeta Terra em
seu percurso pelo cosmo. Oh! Santíssima Virgem Maria, nos prostramos aos teus
pés, reverenciando seu santo nome. Agradecemos por estar ouvindo nossa prece, e
esperançosos, confiamos na bem-aventurança de sua resposta. Amém. Referência:
as aspas relacionadas a Gandhi e sua esposa são do Livro Autobiografia de Um
Iogue. Abraço. Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário