segunda-feira, 21 de maio de 2018

NÃO-VIOLÊNCIA.


Editor do Mosaico. Mesmo que o Buda nos instrua quanto à adequada atitude para livrar-nos da roda do samsara (nascimento, sofrimento, velhice e morte), que são as quatro nobres verdades aliado ao óctuplo caminho, é estarrecedor perceber o quanto a sociedade, através das mídias sociais têm banalizado a violência em nosso país, Brasil. Se perdeu a sensibilidade à dor e o sofrimento do outro. Nesse contexto, temos dificuldade em impressionar-nos com cenas de brutalidade, agressão ou crueldade física e psicológica. Em (18/05), um garoto de 17 anos abriu fogo numa escola secundária na cidade de Santa Fé – Texas – USA. Pelo menos nove alunos e um professor morreram, após o ataque a tiros no colégio, segundo as autoridades policiais. Conforme o governador do Texas outras dez pessoas ficaram feridas, estando hospitalizadas. O Presidente Trump disse em pronunciamento na Casa Branca que “isso vem acontecendo há décadas no pais”. Tristíssimo e comovente a recorrência de fatos como estes, que tudo indica não será o último. Em Brasília, uma notícia (11/05) inusitada chamou a atenção de todos, um juiz brasileiro da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sediada em San Jose – Costa Rica, foi acusado pela ex-mulher de agressão, estupro e assédio sexual. A Corte publicou numa rede social, a renúncia formal do magistrado ao posto do órgão. Ele está sendo acusado também de injuria, espancamento e ameaça de morte a suposta vítima. A defesa negou as agressões físicas, e apontou “serem graves as inúmeras ofensas verbais feitas pelo casal ao longo de uma tumultuada relação”. A denúncia tem por base gravações feitas ao longo do relacionamento. As investigações seguem pela Polícia Civil – na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher. Caso se confirma a criminação é vergonhoso e inaceitável que um magistrado seja capaz de atos tão desumanos como esse. Também o episódio no interior de São Paulo (12/05), na cidade de Suzano, quando mães de crianças participavam de uma homenagem a elas na escola de seus filhos, chocou os que viram ou assistiram na TV. Um bandido, de 21 anos, abordou um grupo de mães que saia da reunião, tendo um revólver na mão ameaçava-as pedindo que entregassem as bolsas. Repentinamente uma delas, policial à paisana, sacou sua arma dando dois tiros no indivíduo, matando-o. Considero profundamente lamentável o desfecho do ocorrido. Dispensando a discussão periférica do ato heroico ou banditismo, atenho-me a nossa contribuição para diminuir a violência. Acho que a maioria concorda: ao usarmos a violência contra a violência alimentamos a indiferença, ódio e discriminação. Aumentamos a desigualdade e materializamos a sensação daqueles que desfrutam dos privilégios sociais e dos que estão marginalizados deles. Isso personifica os lados do conflito petrificando a injustiça e dificultando a ascensão social. O “olho por olho e dente por dente” proposto pelo Presidente Donald Trump, que sugeriu, para combater o massacre nas escolas americanas, os professores usarem armas para se defenderem e também aos alunos em sala de aula. Imagine o desastre se a medida fosse aprovada pelo Congresso americano. Nos USA o menor de idade pode usar arma e com 18 anos adquirir um fuzil AR 15 de estilo militar. O país é a maior indústria bélica do mundo, tendo em proporção mais revólveres, pistolas e fuzis que a quantidade de habitantes estimada hoje em mais de 325,7 milhões de pessoas. Um caminho para transformação dessa tão séria situação, penso, passa por nossa mudança interior e busca pelo autoconhecimento. Coisa que no Ocidente é praticamente desconhecido, tendo como objetivo encontrar nossa identidade interior, e o descortinar da deidade incrustrada em nosso ser. Além do desenvolvimento de nossa espiritualidade, aliado a princípios morais, éticos e cívicos. Poucos percebem nossa constituição setenária (sete partes). Como indivíduos singulares no cosmo, simultaneamente, temos a forma terrenal e a celestial. A primeira é constituída do corpo físico, energético, emocional e mente dos desejos. A segunda compõe-se de mente pura, consciência e vontade. Na língua hindu sânscrita é atma, budhy e manas. O problema é que vivemos o temporal e perecível de nossa forma – personalidade, sem acender para o eterno e infinito de nossa individualidade. A filosofia védica idealizou o quaternário para o inferior e a tríade para o superior de nosso ser. O Self – si mesmo, é nossa essência divina. A centelha que foi plantada no tempo primevo, quando da criação o Logos Eterno disse: haja luz e houve luz. Essa chispa, vêm evoluindo desde o nascimento da Terra a pelo menos 4,5 bilhões de anos. Evidente que o resultado da transformação vem depois de décadas, não instantaneamente como alguns milagrosamente propõem. Entretanto uma energia positiva começa a se forma em torno de núcleos pequenos e representativos. A principal instituição social – a família – é o ponto chave para iniciar e desenvolver esse novo paradigma da Não-Violência. Pais – cônjuges, avôs, avós, e representantes legais – são os formadores do caráter e personalidade das crianças. Num plano secundário escolas e instituições religiosas complementariam está tão importante educação. Valores altruístas como bondade, gentileza, generosidade, lealdade, otimismo, perseverança, sinceridade, simplicidade, sobriedade, responsabilidade, paciência, prudência, justiça, pudor, obediência, ordem e outros devem ser exemplificados no âmbito familiar. Parece muito, mas aliado a vida devota, meditativa e contemplativa é possível construir esses atributos em nós e nossos descendentes. Os cônjuges precisam cultivar atitudes de oração e comunhão com os filhos. Levando-os a perceber o divino em seu interior. Mostrando a eles que temos uma centelha eterna que precisa brilhar para o mundo. Amando a Deus sobre todas as coisas e a nosso próximo como a nós mesmo. É inútil dizermos que amamos a Deus, e ao mesmo tempo, odiamos a nosso irmão. Nossa fraternidade deve ter base universal, envolvendo todos os seres humanos e não humanos. Tratando a natureza animal, vegetal e mineral com respeito, pois fazem parte de nosso ser, pois dependemos dela e ela precisa de nós. Levando nossos filhos a perceber esses méritos, eles aprenderão a lição da compaixão – a entrega pela missão divina sem querer nada em troca. Além do desapego ao materialismo, consumismo, competitivismo e utilitarismo capitalistas. Esses ideais seculares extremados, deformam nossa humanidade, esmagando nossa espiritualidade, reduzindo nosso ser ao temporal e efêmero. Nossa essência eterna é sufocada, podendo tornar-se cativa do príncipe deste mundo que já está julgado. Ele age em nossa forma grosseira (corpo físico) matando, roubando e destruindo, sintomas da violência em suas variadas maneiras. Esses aspectos negativos não são unicamente exteriores, mas sobretudo simbólicos interiores e psicossomáticos. Para não darmos lugar ao diabo, devemos nos revestir de toda armadura de Deus. Um bom exemplo sobre não violência é a pessoa de Gandhi (1869-1948). Ele recebeu o título de Mahatma ou grande alma por sua vida devota e meditativa. Mesmo em seus 45 quilos, devido a dieta e alimentação a base de vegetais, irradiava saúde física e espiritual, isso em agosto de 1935. Para se identificar à extrema pobreza de seu povo limitou sua roupa a uma tanga, quando estava em sua casa, que por sinal, era extraordinariamente simples. Em público se cobria com um manto inteiriço. Gandhi praticava alguns princípios que permearam toda sua vida. “1. Sob nenhuma hipótese usar a Violência. 2. Falar unicamente a Verdade. 3. Não roubar nunca. 4. Desapego a bens materiais. 5. Exercer um Trabalho físico. 6. Ter Controle sobre seu paladar. 7. Destemor – não sentir medo, ter coragem. 8. Respeitar igualmente todas as religiões. 9. Jejuar periodicamente. 10. Fazer silêncio frequente. 11. Estar em meditação habitual. 12. Não ofender ou matar nenhum ser”. Com sua atitude fraterna, humanitária e filantropa, bem como uma diplomacia abnegada e embasada no amor, respeito e consideração pelo outro. Gandhi, libertou a Índia da dominação inglesa de quase cem anos em 1947, sem organizar nenhum movimento de luta armada ou implantar ideologia extremista. Gandhi disse “Eu preferia esperar, se necessário durante séculos, do que buscar a liberdade de minha pátria por meios sangrentos”. A reciprocidade da violência produziu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ceifando mais de 9 milhões de vidas e deixando 30 milhões de feridos entre civis e militares. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945), matando mais de 47 milhões de pessoas, e se não surgir nada, que promova a paz, harmonia e respeito entre as nações e religiões. Caminharemos fatalmente para a Terceira Guerra Mundial onde outros milhões perderão suas vidas. Ela parece não estar distante, tal o extremismo político e conservadorismo nacionalista, que aprisiona algumas nações protagonistas do mundo em seus próprios e mesquinhos interesses. É urgente a oração pela paz no mundo. Gandhi escreveu lindamente sobre milhares de assuntos. “Sobre a oração disse: Ela nos recorda que ficamos desamparados sem o auxílio de Deus. Nenhum esforço é completo sem a oração, sem o reconhecimento definitivo de que o melhor esforço humano é improdutivo sem o apoio da benção de Deus. A oração é um chamado à humanidade. Um chamado à autopurificação, à busca interior”. “Kasturbai (1869-1944), a notável esposa do Mahatma, não fez objeções quando ele deixou de reservar uma parte de sua riqueza para uso dela mesma e de seus filhos. Casados no início da adolescência, Gandhi e sua mulher fizeram o voto de celibato depois do nascimento de quatro filhos. Heroína tranquila no intenso drama que tem sido sua vida ao lado de Gandhi, Kasturbai tem seguido seu esposo nas prisões, partilhado seus jejuns de três semanas e arcado integralmente com seu quinhão nas intermináveis responsabilidades do marido. Gandhi sempre priorizou a comunhão com Deus e a libertação de sua pátria do colonialismo inglês. Kasturbai prestou a seu esposo o seguinte tributo: Agradeço-lhe por ter tido o privilégio de ser sua colaboradora e companheira na vida. Agradeço-lhe pelo mais perfeito casamento do mundo, baseado em brahmacharya (autocontrole) e não no sexo. Agradeço-lhe por me considerar sua igual no trabalho de toda a sua vida pela índia. Agradeço-lhe por não ser um desses maridos que passam o tempo em jogos, corridas de cavalos, mulheres, vinho e canções, cansando-se de suas esposas e filhos como um menino logo se cansa dos brinquedos infantis. Como sou agradecida por você não ser um desses maridos que dedicam seu tempo a enriquecer com a exploração do trabalho alheio. Que agradecida estou por você haver colocado Deus e a pátria acima do suborno, por haver tido a coragem de suas convicções e fé completa e implícita em Deus. Que agradecida estou por ter um esposo que colocou Deus e a pátria antes de mim. Agradeço-lhe por tolerar a mim e às minhas limitações na juventude, quando eu resmungava e me rebelava contra as mudanças que você fez em nosso modo de vida, de tanto para tão pouco. Quando criança, vivi na casa de seus pais; sua mãe era uma grande e bondosa mulher, ela me educou, ensinando-me a ser uma esposa valente, corajosa, e a conservar o amor e o respeito de seu filho. No decurso dos anos, à medida que você se tornava líder mais amado da Índia, não senti qualquer dos temores que perturbam a esposa quando seu marido sobe a escada do sucesso, como tantas vezes acontece em outros países. Eu sabia que a morte nos encontraria ainda como esposo e esposa”. Gandhi encontrou Kasturbai, em 30 de janeiro de 1948. Seu falecimento ocorreu quando estava orando na mansão Birla junto a sua neta. Nathuram Godse (1910-1949), o assassino, se aproximou e disparou nele três vezes. Um dos projéteis o acertou no peito e outros dois no abdômen. Godse foi uma das figuras do movimento independente da Índia contra a Grã-Bretanha. Gandhi desaprovava os conflitos religiosos que seguiram a independência do país, defendendo os muçulmanos no território hindu, um dos fato causadores do seu homicídio. O líder espiritual indiano faleceu quase que instantaneamente. Pessoas que estiveram no lugar do assassinato contaram que Gandhi pôs uma mão na sua bochecha como gesto de perdão para seu malfeitor. O criminoso foi capturado horas depois de concretizar o atentado. Parte das cinzas de Gandhi foram espalhadas nos rios Ganges e Jumna. Depois de um ano do atentado, em 15 de novembro de 1949, o assassino Nathuram Godse foi sentenciado a morte pela Justiça Indiana. Acho que podemos aprender muito com esse santo homem em relação a Não-Violência. Oração.  Virgem Santíssima, Imaculada Conceição Maria. Mãe Divina, Mestra e Rainha do Universo. Tu que com sua bondade e misericórdia protege e sustenta todos os teus filhos que estão na Terra. Concede sua graça e benevolência para que se forme, uma Comunidade de Fraternidade e Irmandade Mundial disposta a intercessão e praticas de Boas Obras baseadas no amor, respeito e consideração por todos os povos. Entrelaçando igualmente culturas, línguas e religiões num único propósito – o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo. Nossa Senhora, representante da Augusta Trindade Divina, que pôr obra e graça do Espírito Santo, concebeu em seu bendito ventre o Nosso Salvador Jesus Cristo, convoque no Mundo Astral e Causal, os anjos e os Grandes Seres que alcançaram o Despertar com a Consciência Incriada Infinita. Envia os Profetas que iluminaram a humanidade pelo falar divino: Muhammad, Krishna, Buda, Jesus Cristo, Zoroastro, Massiache, Shantideva, Nitiren Daishonin, Ogum, Xango, Moshe, Eliahu, Oxalá, Shmuel, David, Aliassa, Yussif, Sulaiman, Confúcio, Lao Tse, Yaqub, Zul-Kafil, Harun, Shankara e muitos outros. Que eles, em suas encarnações e ressurreições, incentivem nos corações humanos a afeição, amizade, companheirismo, união, aliança, comunhão, afinidade, correspondência, igualdade, paridade e semelhança. Aspectos fundamentais para a promoção da Paz e congraçamento entre os povos na Terra. Seremos mais humanos, nos preocupando menos conosco, e mais com os nossos irmãos que são parte de nosso ser. Como a Familiar Universal tendo o mesmo Pai Celeste e a mesma Mãe Divina; todos somos irmãos. Foi dito pelo Cristo no Evangelho de João 17,21-23 “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim”. Somos diferentes exteriormente naquilo que é temporal e perecível visto em nossa personalidade terrenal. Contudo semelhantes interiormente no que é imutável e eterno, nossa singularidade celestial, manifesta em nossa alma e espírito. Temos tudo para mudar a história da humanidade e os rumos do planeta Terra em seu percurso pelo cosmo. Oh! Santíssima Virgem Maria, nos prostramos aos teus pés, reverenciando seu santo nome. Agradecemos por estar ouvindo nossa prece, e esperançosos, confiamos na bem-aventurança de sua resposta. Amém. Referência: as aspas relacionadas a Gandhi e sua esposa são do Livro Autobiografia de Um Iogue. Abraço. Davi.

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