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Livreto Introdutório aos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental. Por Max Heindel
(1865-1919). ALEGORIAS ASTRONÔMICAS DA BÍBLIA. Temos considerado o homem como
uma unidade, mostrando como ele, um Espírito, possui vários corpos ou veículos
de consciência, além do Corpo Físico, e como emprega esses corpos para adquirir
experiência da mesma forma como faz um operário com suas ferramentas. Vimos,
também, que a experiência de cada vida se assimilava depois da morte, entre
esta e um novo nascimento, de maneira que em cada vida terrestre possuímos,
como faculdades, a soma de todas nossas experiências de vidas anteriores. Vimos
também como, desta maneira, estamos progredindo até a gloriosa meta da
perfeição, que todos alcançaremos antes de cessarmos de voltar à Terra, na qual
cada vida não é mais que um dia de permanência na escola. Quando tenhamos
aprendido tudo quanto há que aprender aqui, haverá outras evoluções superiores
em que ingressaremos, da mesma forma que um menino passa à escola secundária
depois de ter passado pela escola primária. Ante o Ego está um progresso sem
fim e toda limitação é inconcebível, porque o Espírito humano é uma chispa do
infinito, desenvolvendo todas suas possibilidades. O homem não é somente uma
unidade, uma entidade separada, a não ser em sentido relativo, porque é membro
de uma família, de uma comunidade, de uma nação, um dos habitantes da Terra, e
está por meio desta relacionado a outros mundos e seus habitantes, pois todos
estes mundos estão habitados como já afirmaram alguns astrônomos, raciocinando
por analogia. Por seu turno, a ciência oculta faz esta mesma afirmação, e este
ensinamento está baseado no conhecimento direto obtido e verificado por meio de
faculdades que alguns já possuem, porém que em todos estão latentes. Esta visão
do Universo e de nossa pequena Terra, por estranho que pareça a muitas pessoas,
não é tão difícil de crer como é a história da criação em sete dias, quando
interpretada literalmente, pois se DEUS criou a Terra nesse breve período de
tempo, deve também haver misturado nela os fósseis, multiplicado os estratos,
feito as marcas das geleiras e todas as erosões da água, tudo isso para Sua
própria glória e eterna mistificação da humanidade. É muito mais lógico,
certamente, sustentar que os diversos corpos celestes são habitados por vidas e
formas em evolução e não, apenas, simples lâmpadas penduradas no firmamento
para iluminar nossa pequena Terra. Esta relação entre o Sol, a Lua e os
planetas se vê em cada uma das diferentes religiões mundiais, incluindo a religião
Cristã, e os templos antigos são monumentos de credos religiosos hoje quase
esquecidos no mundo ocidental, se bem tão grandes, hoje, como na Antiguidade. A
grande pirâmide de Gizeh, que se ergue sobre a planície do grande deserto do
Saara, na cabeceira do delta do Nilo, é uma das construções mais antigas da
Terra e um eloquente testemunho do conhecimento que tinham os antigos a
respeito de suas verdadeiras relações cósmicas, já que essa pirâmide monumental
foi construída segundo medidas universais. Lançaram-se muitas teorias a
respeito da Idade e da finalidade desta pirâmide. Os astrônomos indicavam que,
no ano 2170 A.C., a Alfa-Draconis, a estrela polar da época, apontava
diretamente para a entrada do lado norte da pirâmide O professor Proctor
assegurava que também se encontrava nesta posição no ano 3350 A. C. Os
egiptólogos dizem que isto é exagero e, como última hipótese, tomam em
consideração a relação então existente entre a Draconis e a Alcione, que só
pode ocorrer uma vez em um ano Sideral (25.868 anos solares), e, como o Zodíaco
de Dendera mostra que os antigos egípcios conservavam anais de três anos
siderais, a idade da , pirâmide talvez seja de 78.000 anos ou mais. Esta idade
tem direito a tanta consideração, por parte dos cientistas, como a mencionada
pelo Prof. Proctor. As investigações ocultas que estão baseadas nos
imperecíveis registros da "Memória da Natureza", fixam a época de sua
construção mais ou menos no ano 250.000 A. C., quando era empregada como templo
de iniciação nos Mistérios e era o lugar onde se guardava um grande talismã. A
Sra. Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), na "Doutrina Secreta",
nos diz que a construção da Pirâmide estava baseada no conhecimento dos
Mistérios e da série de iniciações, assim que a Pirâmide era o registro
imperecível, na Terra, dessas Iniciações, "assim como os movimentos das
estrelas o são no Céu. O ciclo de Iniciações era uma reprodução em miniatura
das grandes séries de mudanças cósmicas a que os astrônomos chamam de ano
sideral (25.868 anos comuns. "Assim como ao final do grande ciclo do ano
sideral, medido pela precessão dos equinócios em torno do círculo do Zodíaco,
os corpos celestes voltam a ocupar as mesmas posições relativas, assim também,
no final do ciclo de Iniciação, a parte divina do homem recuperava seu prístino
estado de divina pureza e conhecimento", do qual partiu para realizar sua
peregrinação através da matéria, mas enriquecido pelas experiências então
obtidas. Sendo um símbolo, a Pirâmide deve, por certo, compreender tudo ou pelo
menos, os aspectos mais significativos do que simboliza. Graças aos trabalhos
um tanto limitados dos Professores Charles Piazzi Smyth (1819-1900) e Proctor
ambos astrônomos de renome (3), porém antagônicos com respeito à utilização da
Pirâmide, temos uma soma esmagadora de provas sobre as medidas das diferentes
partes da Pirâmide e sua relação com os ciclos e distâncias cósmicas e
terrestres. O testemunho do Professor Proctor é o mais valioso porque ele é
contrário à teoria de que a pirâmide tenha sido construída por arquitetos
divinos; e fez o que pôde para honestamente refutar tal teoria, atribuindo as
numerosas medidas obtidas e sua relação com as medidas cósmicas a "meras
coincidências" o que levou Madame Blavatsky a expandir seu raro sarcasmo
chamando-o de "campeão das coincidências". Ele admite que "todas
as teorias concernentes a sua origem deixam sem explicar os aspectos mais
significativos da grande Pirâmide, exceto essa absurda teoria que atribui sua
construção a arquitetos divinos" e, também, que "a teoria de que era
empregada com finalidades astrológicas está sustentada por todas as evidências
conhecidas e ainda que este apoio seja forte" toda sua força deriva do
fracasso das demais teorias admissíveis que não podem se sustentar ante
ela". Admite, ainda, que a única dificuldade com a teoria astrológica
surge de "nossa incapacidade para compreender como o homem pôde ter tanta
fé na Astrologia, quanto para dedicar-lhe tantos anos de trabalho e tão grandes
somas de dinheiro na persecução de pesquisas astrológicas, ainda que por seu
próprio interesse". O filósofo Proclo (412-485) nos diz que, de acordo com
a tradição, a Pirâmide em certa época terminava em uma plataforma, com a
extremidade da grande galeria projetando-se para cima, no centro, e o Professor
Proctor se entusiasma com as possibilidades da Pirâmide con - vertida em
observatório, quando ainda nem estava terminada, se bem que astronomicamente em
perfeito estado. Finalizando seus elogios diz que, "dotando-a de
instrumentos modernos", teria sido o observatório astronômico mais
importante do mundo. Assinala o fato de que a abertura da grande galeria aponta
para o Zodíaco, e, como o Sol, a Lua e os planetas passam a sua volta no céu,
dariam uma sombra na grande galeria com um ângulo diferente cada dia do ano ou
mês e desta maneira suas posições poderiam ser medidas de forma a mais
eficiente. As medidas mais importantes contidas na grande Pirâmide são as seguintes:
1. Cada lado mede 9131,5 polegadas na base; portanto o perímetro da base são
36.526 polegadas. (Considerando 100 polegadas para cada dia do ano, temos 365
1/4 de dias, exatamente o número de dias do ano e mais um quarto de dia que não
contamos a não ser no fim de 4 anos, constituindo o ano bissexto). 2. O
comprimento de cada uma das diagonais da base são 12.934 polegadas; logo, sua
soma são 25.868 polegadas, equivalente ao número de anos do grande ano sideral.
3. Como a base da pirâmide mede o tempo que leva a Terra para girar em torno do
Sol em seu curso anual, é muito clara a dedução de que a Pirâmide deva ter, de
altura, a mesma medida indicativa da distância da Terra ao Sol, o que
efetivamente se observa. A altura da Pirâmide são 5.819 polegadas, que
multiplicada por um milhar de milhões equivale a 91.840.000 milhas e fornece
uma medida da distância da Terra ao Sol, que na opinião do Professor Proctor, é
mais exata que qualquer outra calculada pelos astrônomos. Portanto, seja
observada ou não esta teoria, a evidência está toda a seu favor, confirmando a
suposição de que a Pirâmide tenha sido construída por arquitetos divinos, sendo
isto o bastante para convencer-nos dessa teoria. As informações ocultas
revelam-nos que, num período posterior de sua história, a Pirâmide foi o Templo
de Mistérios daquilo que mais tarde se transformou na "Maçonaria" de
hoje. Em um de seus rituais o chamado "Portal da Morte" o candidato
era atado a uma cruz de madeira e transportado a uma cripta subterrânea, onde
permanecia em estado de transe por três dias e meio. Durante esse tempo,
enquanto seu corpo denso jazia inerte, o Ego, envolto em seus veículos mais
sutis, percorria conscientemente o Mundo do Desejo conduzido por um Hierofante,
e era submetido às "provas de fogo, da terra, do ar e da água". Isto
é, mostravam-lhe que funcionando em tais veículos nenhum desses elementos podia
afetá-lo; que podia atravessar uma montanha com a mesma facilidade com que
atravessava o ar; e que podia viver num forno incandescente ou nas profundezas
do Grande Abismo sentindo o maior conforto e bem-estar. De modo geral, o
neófito receia de início os elementos, portanto, o Iniciador se faz presente
para ajudar e infundir-lhe segurança. Ao raiar do quarto dia ele era
transportado à plataforma da Pirâmide, onde os raios do Sol nascente
despertavam-no daquele sono (em que visitara o Purgatório). Ao despertar
era-lhe dada "a Palavra", e passava a chamar-se
"primogênito". Este rito ainda subsiste no terceiro grau da Maçonaria:
a morte e ressurreição de Hiram Abiff, o "filho da Viúva", o grande
Arquiteto do Templo de Salomão e herói da lenda maçônica. Ragon, eminente
franco-maçom francês, diz que a lenda de Hiram é uma alegoria astrológica que
simboliza o Sol, partindo do solstício de verão e daí para baixo. O Templo de
Salomão é o nosso sistema solar que constitui a grande escola da vida para a
nossa humanidade em evolução. As linhas mestras de sua história passada,
presente e futura, estão escritas nas estrelas onde aquele que busque poderá conhecer
em linhas gerais. No esquema microcósmico, o Templo de Salomão é também o corpo
humano em cujo interior o espírito individualizado ou o Ego está evoluindo,
como Deus o está no Macrocosmos. Hiram Abiff, o Grande Mestre, é o Sol que
caminha pelos doze signos do zodíaco, representando aí o drama místico da lenda
Maçônica. No equinócio vernal o Sol deixa o signo aquoso de Piscis (que também
é feminino e dócil) entrando no beligerante, marcial, enérgico signo ígneo de
Áries, o Carneiro ou o Cordeiro, onde sua força está exaltada . Ele enche o
universo com o fogo criador imediatamente trabalhado pelos inúmeros bilhões de
espíritos da natureza (7) que com ele preparam o "Templo" para o ano
seguinte, nas florestas e nos pântanos; as forças fecundantes aplicadas às
inúmeras sementes mergulhadas na Terra, produzem a germinação e cobrem a Terra
com vegetação luxuriante enquanto os espíritos-grupo acasalam as bestas e os
pássaros a seu cargo, para que possam procriar suficientemente, a fim de
conservar a fauna do nosso planeta. De acordo com a Lenda Maçônica, Hiram Abiff
usava um martelo para chamar seus operários, e é bastante significativo que o
símbolo do signo de Áries – onde começa esta maravilhosa atividade criadora – tenha
a forma de um duplo chifre de carneiro, forma semelhante à de um martelo.
Durante o verão tudo o que respira emite cânticos de gratidão ao Sol. Hiram,
que o representa, pode dar a Palavra, quer dizer, vida a tudo. Então entra os
signos austrais ao decair o equinócio, a natureza emudece, e Hiram, o Sol, já
não pode dar mais a palavra sagrada. Encontra os três assassinos, os signos
zodiacais de Libra, Scorpio e Sagitarius, pelos quais passa o Sol em outubro,
novembro e dezembro. O primeiro o golpeia com a régua de 24 polegadas que
simboliza as 24 horas que tarda a Terra em girar sobre seu eixo. O segundo o
golpeia com o esquadro de ferro, que simboliza as quatro estações e, por
último, lhe é dado o golpe mortal, pelo terceiro assassino, com um martelo que,
sendo redondo, significa que o Sol completou seu círculo e morre para dar lugar
ao Sol do ano novo. Os Iniciados dos templos egípcios eram chamados "phree
messen", que significa "filhos da luz", porque haviam recebido a
luz do conhecimento ; essas palavras se transformaram depois em "Free
Mason"(maçom livre ou franco-maçom). Na religião judaica ouvimos falar de
um Deus que fez certas promessas a um homem chamado Abraão. Ele prometeu que
faria a semente de Abraão tão numerosa como as areias do mar; e nos diz como
tratou o neto de Abraão, Jacó, que estava casado com quatro esposas, das quais
teve 12 filhos e uma filha. Estes são considerados os pais da nação judia. Esta
é também uma alegoria astronômica referente às migrações dos corpos celestes,
como se comprovará lendo cuidadosamente o capítulo 49 do Gênesis e o capítulo
33 do Deuteronômio, nos quais as bênçãos de Jacó a seus filhos mostram que
estes estavam identificados com os 12 signos do Zodíaco: Simão e Levi
representavam o signo de Gemeos e o Signo feminino, Virgem, o atribuía Jacó a
sua única filha Dinah. Gad, representa o signo de Áries. Issachar, Touro.
Benjamin, Câncer. Judá, Leão .Asher, Libra; Dan, Escorpião; José Sagitário;
Naftali, Capricórnio; Rubens, Aquário; e Zebulom, Peixes. As quatro esposas são
as quatro fases da Lua e Jacó é o Sol. Isto é análogo aos ensinamentos que
encontramos entre os gregos, em que Gaia, a Terra, é a esposa de Apoio, o Sol;
e, entre os egípcios, em que o calor e umidade, o Sol e a Lua, estavam
personificados por Osiris e Isis. Os rios sagrados Jordão e Ganges estavam,
também, relacionados com o Rio Eridano, que é uma das constelações. Significa
"fonte de descendência" e para os agricultores, como para esses povos
antigos, esses rios eram a fonte das Águas da Vida. Josephus nos diz que os
judeus levavam os doze signos do Zodíaco em suas bandeiras, e que acampavam em
torno do Tabernáculo onde havia o Candelabro de sete braços representando o Sol
e os corpos celestes que giram dentro do círculo formado pelos 12 signos do
Zodíaco. Os judeus construíam seus templos de tal forma que os quatro cantos
apontavam para o NE, SE, SO e NO. Os lados diretamente ao Norte, Sul, Leste e
Oeste. Da mesma forma que os demais templos solares, sua entrada principal
estava a Este, de maneira que o Sol nascente iluminasse seu portal e fosse
assim o Arauto, cada dia, da vitória da luz sobre os poderes das trevas. Ele
trazia assim à humanidade nascente a mensagem de que a luz e a obscuridade,
antagônicas no plano material, não eram mais que a contraparte de um antagonismo
similar nos mundos mental e moral, em que a alma humana está abrindo caminho
para a luz, porque a batalha entre a luz e a obscuridade no mundo material,
como todos os demais fenômenos, são sugestões das realidades dos reinos
invisíveis. Essas verdades eram dadas ao homem, como mitos, pelos Seres
invisíveis que o dirigiam em seu desenvolvimento, até que seu intelecto
nascente produziu a arrogância que obrigou seus benfeitores a retirarem-se e
deixá-lo aprender mediante os rudes golpes da experiência. Então o homem os
esqueceu e começou a olhar essas antigas his tórias de deuses e semideuses como
criações imaginárias. Sem dúvida, até a igreja Cristã primitiva estava imbuída
desse conhecimento acerca do significado do mito solar, porque a Catedral de São
Pedro, em Roma, como todos os demais templos solares, está construída voltada
para o Leste, falando à humanidade da "Grande Luz do Mundo", que deve
vir para dissipar as trevas espirituais que ainda nos rodeiam, a tocha de Luz
que trará Paz sobre a Terra e boa vontade a todos os homens obrigando as nações
a converterem suas espadas em arados e suas lanças em podadeiras. Os judeus
saudavam o Sol com o sacrifício matinal e se despediam dele, no poente, de
maneira análoga, com uma oblação vespertina, oferecendo em seu "Sabbath"
um sacrifício adicional ao "Deus de raça" lunar, Jeová, Também o
adoravam com sacrifícios em cada nova Lua. Uma grande festa era a Páscoa, onde
celebravam a especial Páscoa Israelita, quando o Sol passava pelo nodo oriental.
Deixava, então, o hemisfério austral onde hibernara e começava sua jornada para
o norte, em seu carro de fogo, saudado com alegria pelo homem; como o Salvador
que o libertará da fome e do frio que, inevitavelmente, se produziriam se
permanecesse sempre em sua declinação austral. A última festa dos judeus e a
mais importante é a dos Tabernáculos, quando o Sol cruza seu nodo ocidental no
outono, depois de haver dado ao homem o pão da vida com o qual podia sustentar
seu ser material até a próxima volta do Sol aos céus boreais. Por essas razões,
os seis signos que o Sol ocupa no inverno (no hemisfério norte) a saber: Libra,
Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, são chamados de
"Egito": a "Terra dos Filisteus", etc, nome que significava
algo de mau para o "povo de DEUS". Enquanto isso os signos boreais,
isto é: Áries, Tauro, Gemeos, Câncer, Leão e Virgem, nos quais está o Sol na
estação das frutas, são chamados de "céus", "terra
prometida" que "destilava leite e mel". Vemos isto em passagens
tais como a que há na celebração da Páscoa dos Judeus, que é "para
recordar a saída do Egito". Esta festa não é mais do que um regozijo pela
saída do Sol dos signos austrais, que alude, também, ao fato de que Jacó estava
com seu filho José, no Egito, quando morreu. No solstício do inverno, o Sol do
ano passado que completou sua jornada e alcançou o grau máximo de declinação
austral, encontra-se no signo zodiacal Sagitários. Com referência ao Génesis 49,24,
quando Jacó agonizante fala do "arco" de José, é bem fácil
identificá-lo com o signo Sagitário que está representado por um Centauro no
momento, de lançar uma flecha, de sorte que a história de Jacó, morrendo no
Egito com José, se efetua a cada ano quando o Sol morre no signo Sagitário, no
solstício de inverno ( no hemisfério norte). A história de Sansão é outro
aspecto do mito solar. Enquanto o cabelo de Sansão era grande e continuava
crescendo, sua força aumentava; Sansão é o Sol, seus cabelos, os raios do Sol.
Desde o solstício de inverno, em dezembro, até o solstício de verão, em junho,
os raios solares vão crescendo e ganhando em força cada dia. Isto atemoriza os
"poderes das trevas", os meses invernais, os filisteus, porque se
esse Doador de Luz. Continua, o reino deles terminará. Então conspiram contra Sansão
para descobrir em que consiste sua força, se asseguram da cooperação de Dalila,
que é o signo de Virgo e quando Sansão, o Sol, passa através deste signo em
setembro, diz-se que ele deitou sua cabeça no seio da mulher e a ela confiou
seu segredo. Dalila corta seus cabelos, quer dizer, nesta época os raios do Sol
se debilitam. Então os filisteus, ou meses invernais, chegam para levar o
debilitado gigante para sua prisão, os signos austrais, nos quais está o Sol no
inverno. Tiram-lhe os olhos, ou seja, privam-no de sua luz, e por último,
levam-no a seu templo, a fortaleza deles, no solstício de inverno. Lá
submetem-no a indignidades, crendo terem vencido a luz completamente. Porém,
com o restante de suas forças, o acorrentado gigante solar derruba o templo e,
embora morra com o esforço despendido, se sobrepõe a seus inimigos, deixando
assim lugar para o novo Sol que nascerá para salvar a humanidade do frio e da
fome que se seguiriam se permanecesse sempre limitado pelos poderes das trevas,
os filisteus, os meses invernais. A vida de todos os salvadores da humanidade
está baseada, também, na passagem do Sol em torno do Zodíaco que descreve as
provações e os triunfos do Iniciado e este fato deu origem à conclusão errônea
de que esses salvadores nunca existiram, sendo essas histórias simples mitos
solares, o que é um equívoco. Todos os instrutores divinos, enviados à
humanidade, são caracteres cósmicos, e os passos de suas vidas estão de acordo
com o caminhar dos astros, que contém, por assim dizer, uma biografia
antecipada deles. Todos vieram com luz e conhecimentos espirituais para ajudar
o homem a encontrar DEUS, portanto, os acontecimentos de suas vidas estavam de
acordo com os que o portador físico da luz, o Sol, encontra em sua peregrinação
através do ano. Todos os Salvadores nasceram de uma Virgem imaculada, quando a
obscuridade era maior entre a humanidade, assim como o Sol, de cada ano, nasce
e começa sua jornada na noite mais longa do ano, quando o signo zodiacal de
Virgo, a Virgem, se mantém sobre o horizonte oriental em todas as latitudes
entre 22 e 24 horas. Ela permanece tão imaculada como sempre, ainda depois de
haver dado à luz a um filho - o Sol. Do mesmo modo vemos a deusa egípcia Isis
sentada em uma Lua Crescente, nutrindo seu divino filho, Horus. Astarté, a
imaculada senhora da Babilônia com seu filho Tammuz e uma coroa de sete
estrelas sobre sua cabeça e vemos Devaki, na índia, com seu filho Krishna.
Nossa própria Virgem Maria deu à luz ao Salvador do Mundo Ocidental sob a
estrela de Belém. Por todas as partes a mesma história: a mãe imaculada, o
filho divino e o Sol, a Lua ou as estrelas. Assim como o Sol material é débil e
tem que surgir dos poderes das trevas, assim também todos esses divinos
doadores de luz são perseguidos e se vêm obrigados a fugir dos poderes do
mundo, e, como o Sol, sempre escapam. Jesus fugiu de Herodes. O Rei Kansa e o
Rei Maia são seus paralelos em outras religiões. O batismo ocorre quando o Sol
passa através do signo de Aquários, o aguador. Quando passa pelo signo de
Piscis, em março, temos o jejum do Iniciado, porque Peixe é o último dos signos
austrais e todos os depósitos, preenchidos pelas generosas dádivas do Sol do
ano anterior, estão quase esgotados e o alimento do homem escasseia. A
alimentação de peixe na Quaresma, que tem lugar nessa época, é mais uma
corroboração da origem solar do jejum. No equinócio da primavera, quando o Sol
"cruza o equador", tem lugar a "crucificação", porque então
o Deus Solar. Começa a dar Sua vida, como alimento, a Seus adoradores,
amadurecendo o trigo e a uva que se transformam no "pão e vinho". Para
tal é necessário que deixe o equador e siga Sua marcha ascendente no céu.
Similarmente a humanidade nada aproveitaria, em termos espirituais, se seus
salvadores com ela permanecessem e, por conseguinte, se vão para os céus como
"filhos (ou sóis) de justiça e retidão", de lá alimentando os fiéis,
assim como faz o Sol, com o homem, quando se eleva no céu. O Sol alcança seu
ponto máximo de declinação boreal no solstício de verão; e tão ele se senta no
"trono de seu pai", o Sol do ano anterior, porém não pode permanecer
ali por mais de três dias, retornando, então para baixo até o seu nodo
ocidental. Analogamente os Salvadores da humanidade ascendem até o trono do
Pai, para renascerem de vez em quando para o bem da humanidade, cuja verdade
está encerrada na sentença do credo niceno: "e de ali voltará". O
movimento conhecido sob o nome de "precessão dos equinócios", através
do qual o Sol cruza o equador em 21 de março em um ponto sempre diferente a
cada ano, estabelece o símbolo do Salvador. A época do nascimento de Jesus, o
Sol cruzava o equador próximo quinto grau do signo Aries, o Carneiro. Consequentemente
Cristo foi "o Cordeiro de Deus"(João 1:36). Houve, porém, uma
controvérsia, pois alguns criam que, devido à chamada órbita de influência, a
força do Sol achava-se realmente no signo de Peixes, devendo portanto, ser um
peixe o símbolo de Cristo. Como remanescente dessa controvérsia ficou até
nossos dias a mitra do Bispo, em forma de cabeça de peixe. Na época de Mithras o
Salvador persa o Sol cruzava no signo de Touro, pelo que vemos a Mithras
montado em um Touro. Nisto se baseia a veneração do Boi Apis, no Egito.
Presentemente o equinócio vernal está próximo aos 10 graus de Pisces, os Peixes,
de modo que se um Salvador houvesse nascido agora certamente seria chamado
"O Pescador". Como Oannes de Nínive, deturpado por tradução da Bíblia
em Jonas e a Baleia. Esta grande alegoria, tal como tantas outras, está gravada
também no firmamento, pois primeiramente acontece nos céus, para depois se
realizar na Terra, e ainda poderemos ver no céu estrelado "Jonas, a
Pomba", e "Cetus, a Baleia". As quatro letras que se diz terem
sido afixadas na cruz de Cristo, e o método de fixar a data da Páscoa em
comemoração ao acontecimento, mostram igualmente o caráter cósmico do fato. As
letras I.N.R.I. são comumente interpretadas como significando Jesus Nazarenus
Rex Iudaeorum (Jesus Nazareno Rei dos Judeus). Contudo tais letras são também
as iniciais hebraicas dos nomes dos quatro elementos: Iam (água), Nour (fogo),
Ruach (ar, ou espírito) e Iabeshah (terra). Seria tolice fixar-se a data de
aniversário da morte de um indivíduo conforme é fixada a Páscoa, isto é, pelo
Sol e pela Lua, a menos que o fato diga respeito a um evento solar e tenha um caráter
cósmico, tudo relacionado ao Sol como doador de Luz espiritual e luminar
físico. Quando o Sol deixa o seu trono no solstício de verão, a 21 de junho,
entra no signo Leo, o Leão de Judá (de 24 de julho a 23 de agosto).Temos então
a festa católica da "Assunção", a 15 de agosto, com o Sol em Leo. Daí
ele avança em direção ao seu nodo ocidental e entra no signo de Virgo a 22 de
agosto. Assim, é como se a Virgem nascesse do Sol. Isso traz à mente a solução
astronômica para aquela passagem da Revelação: "Vi uma mulher vestida do
Sol e com a Lua a seus pés" (Apocalipse, Cap. XII). Esse fenômeno ocorre
em setembro, logo depois da Lua Nova. Porque, visto da Terra, o Sol cobre ou
veste o signo de Virgo por todo setembro, e os pés da Virgem. Ao lermos o que
disse João Batista, referindo-se ao Cristo: "Convém que Ele cresça e que
eu diminua" (João 3,30), vemos simbolizar o Sol no solstício de verão,
quando este decresce em luz durante o seguinte meio ano, enquanto Cristo, por
seu nascimento no Natal, é identificado com o Sol recém-nascido que aumenta a
amplitude do dia até meados do verão. Vemos assim que o confronto entre a Luz e
as Trevas no mundo físico está intimamente relacionado, nas Escrituras das
diferentes religiões, com a luta dos poderes da Luz e da vida espirituais
contra aqueles da escuridão e da ignorância, e que esta verdade foi
universalmente difundida entre todos os povos em todas as épocas. Os mitos dos
dragões assassinos e seus matadores encarnam a mesma verdade: os gregos falam
da vitória de Apolo sobre Python e de Hércules sobre o dragão das Hespérides.
Os escandinavos contam do confronto de Beowulf matando o dragão de fogo; de
Siegfried triunfando sobre o dragão Fafner, e nós temos o nosso São Jorge
matando o dragão. Em nossa época materialista estas verdades estão sendo
temporariamente relegadas ao esquecimento, ou consideradas conto de fadas, sem
nenhum apoio verídico. Mas tempo virá, e não está muito longe, em que essas relíquias
serão restauradas e novamente respeitadas como corporificação de grandes
verdades espirituais. Livreto Introdutório dos Ensinamentos da Sabedoria
Ocidental. www.fraternidaderosacruz.org.
Abraço. Davi
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