Judaísmo. www.pt.chabad.org. Por
Rabi Dov Greenberg. ENTRE O BEM E O MAL. "Vale a pena se apegar a alguns
pedaços de terra às custas da paz com nossos vizinhos árabes?" Yaabdol:
"Por que os israelenses pensam que são donos do mundo? Ursalam [Jerusalém]
é o centro para Alah!" "Desejo fazer algumas doações para as famílias
das vítimas israelenses do terrorismo. Para quem posso enviar o cheque?" O
premiado Nobel Elie Wiesel (1928-2016) certa vez foi perguntado se o mundo
tinha aprendido alguma coisa com o Holocausto. Wiesel respondeu: "Sim –
que se pode escapar impune." Se Wiesel estiver certo – e a fúria
internacional contra a existência coletiva judaica em Israel nos últimos anos
parece confirmar suas palavras – então para os judeus, a lição deve ser
exatamente o oposto: jamais permitir que ocorra outro Holocausto. Isso
significa antes de mais nada e acima de tudo que Israel deve ser forte no
sentido espiritual, moral e militar. Um
lar e um poder. Entre 1939 e 1945 o regime nazista, com ajuda
de milhões de outros europeus, mataram quase todos os judeus daquele
continente. Se na década de 1930 Israel já existisse, um número incontável de
judeus poderia ter sido salvo. Eis porquê: A princípio, Adolf Hitler
(1889-1945) queria meramente expulsar os judeus; somente mais tarde ele decidiu
matá-los. Quando as nações do mundo se reuniram em Evian na França em 1938,
plenamente conscientes do perigo que ameaçava os judeus europeus, um país após
o outro declarou: Não temos lugar para os judeus. Desde o início da Segunda
Guerra, o mundo foi dividido em dois tipos de países: aqueles que expulsaram ou
assassinaram judeus, e aqueles que rejeitaram os judeus que tinham sido
expulsos ou tinham fugido de algum outro lugar. Se Israel já existisse, teria
havido um país disposto a aceitar os refugiados judeus quando os Estados
Unidos, Inglaterra e outras nações se recusaram. Um segundo motivo pelo qual a
magnitude do Holocausto teria diminuído é que, ao contrário dos Aliados, que
com toda a sua potência não conseguiram separar alguns aviões para bombardear
os trilhos para Auschwitz e outros campos da morte, Israel o teria feito. Em
seu livro Uma Paz Duradoura, Benjamin Netanyahu (1949- ) colocou isso de maneira simples: "Até
que fui a Birkenau, jamais percebi como aquilo tudo era pequeno e mundano. A
fábrica da morte poderia ter sido posta fora de ação por uma única bomba. Na
verdade os Aliados chegaram a bombardear alvos estratégicos a alguns
quilômetros de distância. Se a ordem tivesse sido dada, teria bastado um piloto
fazer uma ligeira correção na rota para acabar com a matança. Porém a ordem
nunca foi dada." A
lição de Entebe. Em 4 de julho de 1946, quarenta e dois
sobreviventes do Holocausto que tinham retornado a Kielce, sua aldeia de origem
na Polônia, foram assassinados num brutal pogrom pelos seus vizinhos poloneses
cristãos. Trinta anos depois, 4 de julho de 1976, mais de cem judeus que
estavam para ser mortos em Entebe, Uganda, foram salvos pelo exército
israelense numa das missões de resgate mais ousadas da história. Mais que
qualquer outra coisa, Entebe demonstrou a importância de uma Força de Defesa
Israelense competente. Quando os judeus não têm força militar, são mortos com
impunidade. Com forças armadas, pela primeira vez em 2000 anos, judeus que
estavam no limiar da morte não precisaram confiar na boa vontade de outros.
Quando o Papa Paulo VI (1987-1978) criticou a "violência" de Israel
durante uma audiência privada com Golda Meir (1898-1978), ela respondeu:
"Você sabe qual é minha lembrança mais antiga? Um pogrom em Kiev. Quando fomos
piedosos e quando não tínhamos país e quando éramos fracos, fomos levados para
as câmaras de gás." "Mama!". Ao
visitar Israel, um professor amigo meu encontrou um ministro americano que
começou a lhe fazer perguntas e comentários hostis sobre Israel, e finalmente
perguntou: "O que é que vocês judeus realmente desejam?" Meu amigo
respondeu com a seguinte história: Em Stolpce, na Polônia, a 23 de setembro de
1942, o gueto foi cercado por soldados alemães. Fossos haviam sido cavados na
aldeia próxima, aonde os judeus seriam levados e fuzilados. Os alemães entraram
no gueto, procurando os judeus. Um sobrevivente, Eliezer Melamed, relembrou
mais tarde como ele e sua namorada conseguiram entrar num local e se esconder
atrás de uns sacos de farinha. Uma mãe com três crianças os seguiram para
dentro da casa. A mãe se escondeu num canto e as três crianças no outro. Os
alemães entraram e descobriram as crianças. Uma delas, um menino pequeno,
começou a gritar: "Mama! Mama!". Enquanto os alemães os arrastavam
para fora. Porém outra criança, com apenas quatro anos, gritou para o irmão em
yidish: Zog nit Mameh. Men vet ir oich zunemen. ("Não diga Mamãe. Eles a
levarão, também."). O menino parou de chorar. A mãe ficou em silêncio. Os
filhos foram levados. A mãe foi salva. "Eu sempre escutarei aquilo" –
recorda Melamed – "especialmente à noite. 'Zog nit Mameh' – Não diga Mamãe
(...). E sempre me lembrarei daquela mãe. Seus filhos foram arrastados pelos
alemães. Ela estava batendo a cabeça contra a parede, como se punindo a si
mesma por ficar em silêncio, por desejar viver." Após concluir sua
história, o professor contou ao ministro: "O que nós judeus queremos
realmente? Bem, vou lhe dizer o que eu quero. Tudo que desejo é que nossos
netos possam chamar 'Mama' sem medo. Tudo que quero é que o mundo nos deixe em
paz." Os judeus detestam guerras. Talvez nenhum outro povo reze tanto e
tão fervorosamente pela paz. Mas num mundo impenitente, às vezes precisamos
pegar em armas para defendermos a própria vida. Lembre-se! Em seu discurso da posse em
janeiro de 1961, o Presidente John F. Kennedy (1917-1963) declarou: "Não
ousamos tentá-los [os inimigos dos Estados Unidos] com fraqueza. Pois somente
quando nossas armas estiverem além da dúvida, podemos ter certeza de que elas
jamais serão usadas." O mesmo se aplica ainda com mais força ao minúsculo
Estado Judeu. Israel é a única nação do mundo cuja própria existência é
ameaçada por inimigos apoiados por uma maioria nas Nações Unidas. É o único
país do mundo que enfrenta tanto ameaças constantes à sua existência quanto
críticas por reagir contra estas ameaças. É a única nação no mundo ameaçada por
genocídio, cujo propósito não é somente a vitória militar, mas a exterminação.
Alguém pode duvidar que haveria um entusiasmo generalizado entre as massas árabes
e islâmicas se, o Céu não o permita, o Oriente Médio ficasse livre de judeus?
Amos Oz (1939- ), o novelista
israelense, resumiu melhor a realidade da nossa situação atual: "Nos anos
1930, nossos inimigos diziam: 'Os judeus para a Palestina.' Agora eles dizem:
Judeus fora da Palestina. Eles não nos querem aqui. Não querem que estejamos
lá. Não querem que estejamos em lugar nenhum." O mundo jamais deve se
esquecer que um único erro estratégico israelense pode significar não apenas
uma derrota militar, mas a aniquilação que o mundo não poderia, mesmo se
quisesse, deter. Toda decisão israelense deveria ser considerada contra esta
horrenda realidade. Poucos dos críticos de Israel parecem entender a
determinação judaica de evitar outro Holocausto, desta vez em seu próprio país.
Poucos entendem por que Israel não pode, e não deveria, confiar sua
sobrevivência a países que assistiram informalmente enquanto milhões de judeus
inocentes foram dizimados. Há nações demais que parecem dispostas a deixar
Israel assumir riscos potencialmente fatais em troca de uma paz regional
incerta que elas próprias jamais assumiriam. Obviamente, as arenas políticas,
militares ou econômicas não são os únicos, ou sequer os mais importantes,
fatores a garantir a continuidade judaica. Nossa solene fé em D'us e Sua Torá
são o que nos sustentou durante quase quatro milênios. Sem isso, seríamos hoje
pouco mais que uma peça de museu, junto com os canaanitas, moabitas e os outros
povos do antigo Oriente Próximo que desapareceram. Porém sugerir que não
precisamos de forte armamento para garantir a segurança do país é um erro. Um
dos dogmas básicos do Judaísmo é que não confiamos em milagres, e que devemos
empregar todos os meios naturais para proteger e salvar vidas humanas,
ocasionalmente até as nossas. Estamos obrigados pela memória
daqueles que morreram simplesmente por serem judeus a aceitar seriamente a
perspectiva da vulnerabilidade judaica. Devemos todos tomar parte na defesa de
Israel e do povo judeu, seja no campo de batalha físico ou na guerra de
palavras e idéias. Honramos as vítimas recordando-as e dizendo: Aquilo pelo
qual elas morreram, viveremos para perpetuar – o direito de ser, o direito de
os judeus viverem como judeus e serem uma bênção para a humanidade. Para que as
crianças judias vivam sem medo, para cultivar o tipo de comunidade que as
crianças merecem. Uma comunidade na qual todo judeu, crianças e adultos, tenha
a oportunidade de ser exposto à grandeza e majestade da História Judaica, à
fascinante percepção e sensibilidade especial do pensamento judaico, à
santidade e significado da existência judaica, ao poder e profundidade da Torá
e mitsvot. Aqueles que não se lembram, disse Mauro Santayana (1932- ), estão destinados a repetir. Sem memória, a
história humana se torna um CD riscado, repetindo-se interminavelmente. A
Bíblia hebraica está repleta de ordens para lembrar. A palavra zachor,
lembra-te, ocorre em suas várias formas na Torá, em impressionantes 169 vezes.
Consideramos a lembrança como um dever sagrado. Não porque vivemos no passado,
mas exatamente porque precisamos aprender com ele se quisermos construir um
futuro. Que jamais esqueçamos a Shoah, assegurando que Israel seja forte para
sempre. Quem nas futuras gerações nos perdoará se nós, que vivemos no século do
Holocausto, não nos erguermos para impedir a morte de judeus inocentes? Vamos
invocar o grande imperativo moral da lembrança. E que nosso grito "Nunca
Mais" signifique "Nunca Mais". www.pt.chabad.org.
Abraço. Davi
Nenhum comentário:
Postar um comentário