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Por Samuel Aun Weor (1917-1977). A ORIGEM DO EGO. Certamente, chegou a hora de compreender o que
é o Caminho que há de conduzir à liberação final. Perante tudo, é conveniente
que conheçamos profundamente a nós mesmos. Inquestionavelmente, faz-se cada vez
mais indispensável a auto exploração íntima do si mesmo, do mim mesmo. Se nós,
mui sinceramente, aprofundamos em nós mesmos, se auto exploramos, podemos
chegar à conclusão lógica de que somos, até agora, simples animais intelectuais
condenados à pena de viver. É demais que nos pavoneemos com o título de Homens.
Foi dito que o homem é o rei na Criação, e isso é óbvio. Porém, vamos ver o que
somos: quem de vocês poderia dizer que é rei de todo o criado? A qual de vocês
a Natureza obedece? Vocês estão seguros de poder mandar nos quatro elementos
(fogo, ar, água e terra)? Vocês, por acaso, são administradores da Ordem
universal? Então, Friedrich Nietzsche (1844-1900), em sua obra Assim Falava Zaratustra, enfatiza
a ideia do Super-Homem. Ainda lembro das frases de Nietzsche: “O homem é para o
Super-Homem o que o animal é para o homem, uma dolorosa vergonha, uma
gargalhada, um sarcasmo e nada mais”. Porém, acaso Nietzsche era Super-Homem?
Por certo, o Super-Homem de Nietzsche serviu de embasamento místico à Alemanha
nazista, para a Segunda Guerra Mundial (vejam vocês quão equivocado Nietzsche
andava) no período de 1º de setembro de 1939 a 2 de setembro de 1945. Se ainda
não existe o homem, menos ainda o Super-Homem. Realmente, o único que existe
atualmente não é o homem, senão o mamífero intelectual equivocadamente chamado
homem. Creio que esse título, o de homem, é um chapéu que nos fica
demasiadamente grande. Se não podemos governar a nós mesmos, muito menos
podemos governar a Natureza. Se o homem não é rei de si mesmo, então rei do que
ele será? Poderia, acaso, ser rei da Natureza? Desde que se diz homem,
entende-se por rei; e se não é rei, não é homem. Então, concluamos dizendo que
o que existe atualmente é o mamífero intelectual equivocadamente chamado homem,
e isso é diferente. Se aprofundamos dentro do si mesmo, o que descobriremos? Órgãos,
sim, eles formam parte do organismo humano, e por trás de todo organismo, o que
há? O Lingam Sarira, contestam os hindustanis, Isso é certo, mas o que é o
Lingam Sarira? O Corpo Vital, o assento de todos os nossos fenômenos
fisiológicos, biológicos, químicos etc. Mais além desse Corpo Vital, o que
existe é o Ego, o Eu, o Si Mesmo. E que coisa é o Ego? Uma soma de agregados
psicológicos: ira, cobiça, luxúria, preguiça, inveja, orgulho, gula e
muitíssimos outros defeitos mais. Certamente, ainda que tivéssemos palato de
aço e mil línguas para falar, não conseguiríamos enumerar todos os defeitos que
levamos dentro. Estes têm personificações, os agregados psicológicos possuem
figuras animalescas. Que clarividente se atreveria a negar esse ponto
fundamental? Assim, pois, meus caros irmãos, chegou a hora da reflexão. Além da
morte, o que é que existe? O que continua? O Ego! E é, por acaso, o Ego uma
beleza? Não, eu já o disse, é uma soma de agregados psíquicos, e dentro desses
agregados psíquicos está enfrascada a Consciência, a Essência. Em linguagem
rigorosamente alquímica, diríamos: o sal incorpóreo, não inflamável e perfeito.
Ele é precisamente o fator diretriz de toda a nossa psique, o fator básico,
para falar mais claro. Desgraçadamente, está engarrafada, está embutida dentro
dessas figuras animalescas do Ego, entre todos esses agregados inumanos que
possuímos em nosso interior. Assim enfrascada, é óbvio que se processa em
virtude de seu próprio condicionamento, e isto é lamentável: dorme
profundamente. Quero que vocês compreendam, meus caros irmãos, quero que
entendam profundamente, o que é o Ego. Quero que saibam qual é sua origem.
Quero que o dissolvam radicalmente. Ouçam-me bem. No Amanhecer da Vida, além da
época do antigo continente Um, situado no Oceano Pacífico, os animais
intelectuais receberam, desafortunadamente, o Abominável Órgão Kundartiguador.
Falou-se muito da Kundalini, mas, quão pouco se falou de sua antítese, o
Abominável Órgão Kundartiguador. É claro que por aquela antiga idade, a capa geológica do mundo
não tinha estabilidade permanente. Incessantes terremotos e terríveis maremotos
convulsionavam nosso planeta, foi então quando certo indivíduo sagrado,
acompanhado por uma altíssima comissão, veio à Terra em uma nave cósmica. Depois de
aquela comitiva sacra haver estudado o problema dos cataclismos, resolveu dar à
Humanidade o antes dito Órgão, com o propósito de resolver o problema
geológico. Vocês me
dirão: “E o que tem a ver essa questão dos tremores de terra e os maremotos com
o Órgão Kundartiguador e o organismo humano?” Muito, meus queridos irmãos,
muito! Tenham-se em conta que cada corpo o humano é uma máquina extraordinária,
que capta as energias que descem do Megalo cosmo e que as transforma
maravilhosamente, para retransmiti-la automaticamente ao interior do organismo
terrestre, às capas inferiores da Natureza, da Terra. A
Humanidade é um órgão do planeta Terra, é um órgão da Natureza, mediante o qual
se transformam energias que vêm a ser básicas para a economia do mundo Terra.
Inquestionavelmente, ao se fazer qualquer alteração na máquina humana,
produzem-se, indubitavelmente, modificações substanciais de energias, e ao
serem estas retransmitidas às capas anteriores de nosso mundo, já modificadas,
podem influir sobre a estabilidade da superfície geológica. Ao dar,
pois, à Humanidade o Abominável Órgão Kundartiguador, é claro, é óbvio, é
ostensível, que as energias foram modificadas de forma tal que ao serem
retransmitidas ao interior da Terra, exerceriam sobre a capa geológica um processo
que teria como fim a estabilidade da mesma. Pois vejam o importante que é a
máquina humana, não é verdade? O Abominável Órgão Kundartiguador é a famosa
cauda do Satã bíblico, que chegou a se cristalizar. Sim, é óbvio que o fogo
sagrado projetado do cóccix até os infernos do homem se converteu na cauda de
Satã (e tomando forma física, apareceu como a cauda dos símios). Que houve
uma época em que a Humanidade possuiu cauda é verdade, é certo, porém isso não
quer dizer que nós venhamos dos símios, dos macacos, não! Ao contrário, eles
vieram de nós, são degenerações da espécie humana, resultaram da mescla do
animal intelectual com algumas espécies bestiais da Natureza. Muito
mais tarde no tempo (e eis aí o interessante), outra altíssima comissão
resolveu arrancar da Humanidade o Abominável Órgão Kundartiguador. Já não era
mais necessário, a capa fisiológica de nosso mundo havia se estabilizado. Desafortunadamente,
a Humanidade ao perder tal Órgão, ficaram em nós as más consequências do mesmo,
e essas más consequências se acomodaram nos cinco cilindros da máquina
orgânica. Tais
cilindros são: primeiro, o Centro Intelectual; segundo, o Centro Emocional;
terceiro, o Centro Motor ou do Movimento; quarto, o Centro Instintivo; e
quinto, o Centro Sexual. Acumuladas as más consequências do Abominável Órgão
Kundartiguador, dentro dos cinco cilindros da máquina, formou-se em nosso
interior uma natureza inumana e terrivelmente bestial. As citadas consequências
do Abominável Órgão Kundartiguador constituem-se no mim mesmo, no si mesmo, no
Ego, no Eu. É claro,
é indubitável, que a Consciência, ou seja, a Essência primigênia, falando em
linguagem alquimista, o Sal puríssimo, incorpóreo, o combustível, sublime,
ficou, digamos, enfrascada, encarcerada, embutida dentro dessa segunda natureza
inumana. Desde
então, ficamos com duas naturezas: uma, esta externa que temos, e outra,
interna, de abominação. O que fazer? Como fazer? Desafortunadamente, meus queridos
irmãos, conforme os tempos foram se passando, a Consciência embutida aí, foi
dormindo pouco a pouco e perdeu os poderes que antes possuíra, esses poderes
com os quais podíamos manejar o fogo que flameja, o furacão que ruge, as águas
puríssimas da vida universal e a perfumada terra. Em outros tempos, quando o
Abominável Órgão Kundartiguador não havia aparecido em nós, podíamos perceber
um terço de todas as tonalidades de cor existentes no Cosmo infinito. Quero
dizer a vocês, em nome da Verdade, e ponham muito cuidado, que existem cerca de
2 milhões de tonalidades de cor, e isso é verdade. Hoje, o ser humano
dificilmente pode perceber as sete cores básicas do prisma solar. Naquela
antiga idade, nesses tempos em que os rios puros de água manavam leite e mel,
tudo era diferente, então os seres humanos levantavam a vista para o espaço e
percebiam a aura dos mundos e dos Gênios Planetários e das humanidades que os
povoam e os grandes hierofantes da antiga Arcádia, os Filhos da Manhã. Podiam
claramente ver no Akasha puro os mundos que haviam existido em passados
Mahavântaras e aqueles que haveriam de existir em um futuro. Assim era a
Humanidade em outros tempos. Os ouvidos de cada ser humano percebiam as místicas vibrações
niorissianas do Universo, falavam com os Deuses inefáveis e sabiam escutar as
sinfonias que sustentam o Universo, firme em sua marcha. Desafortunadamente,
a involução foi precipitando os seres humanos pelo caminho da degeneração; as
faculdades foram se atrofiando e com o tempo se perderam, lamentavelmente.
Depois da segunda catástrofe trans apalniana que mudou completamente a capa
geológica de nosso mundo (com a submersão do velho continente atlante),
precipitou-se a involução degenerativa humana. As faculdades foram se atrofiando
lamentavelmente, e, por último, a Kali Yuga, iniciada pela cultura
greco-romana, nos trouxe ao estado em que nos encontramos atualmente. Em outros
tempos, antes da Kali Yuga, antes tivesse nascido a civilização greco-romana,
iniciadora desta Idade Negra, existia o pensamento objetivo, a mente objetiva.
Façamos uma plena distinção entre o que é mente objetiva e o que é mente
subjetiva. Entenda-se
por mente subjetiva aquela que somente se fundamente nas percepções sensoriais externas. Muitos
pescadores vindos de outras terras da antiga Grécia lhes deu para brincar com a
palavra, por fazer silogismos, prosilogismos, isilogismos etc. O jogo das
palavras ficou muito simpático, serviu para matar o ócio. Com o
tempo, surgiu aí a associação meramente intelectiva, fundamentada nas
percepções sensoriais externas (sistema racional deficiente que exclui os
intuitos, o sistema racional meramente associativo desligado de todo processo
da Consciência). Assim, muitas áreas do cérebro se atrofiaram lamentavelmente. Desafortunadamente,
os gregos cometeram o erro de expandir seu sistema racional por toda a face da
terra e isso conduziu ao raciocínio subjetivo mundial. Hoje, o
cérebro humano já não trabalha completamente. Bem sabem os cientistas que nem
todas as áreas do cérebro funcionam atualmente (produto, disso, da associação
meramente subjetiva). Foi assim, meus caros irmãos, como a mente humana se
degenerou, como o cérebro humano se atrofiou, se converteu no que atualmente é. Pensemos,
agora, nos romanos, pois eles, juntamente com os gregos, iniciaram a idade
negra que estamos vivendo, a Kali Yuga. A diferença com os gregos é que aqueles
[os romanos] em vez
de brincar com a palavra, deram-se a brincar com o sexo. Vagabundos
da antiga Roma se entregaram à orgia, aos bacanais e até os exportaram
mundialmente. Foi assim com se veio a perder definitivamente a vergonha
orgânica, surgiram os prostíbulos por todo lugar e a humanidade se precipitou
pelo caminho do infra sexo. Hoje, vejamos o estado em que nos encontramos, degeneração
sexual em grande escala e faiscante intelecto. Os velhacos do intelecto
são terrivelmente luxuriosos, a luxúria e o intelectualismo (baseado, este
último, nas meras associações racionais de tipo subjetivo) brilham por todo
lugar, manifestam-se aqui, ali e acolá, e por todas as partes. O Ego
tomou proporções gigantescas, cada um de nós realmente leva por dentro todos os
fatores que produzem guerras, amarguras, sofrimentos. Necessitamos nos libertar
do estado em que nos encontramos. Todas as faculdades humanas se degeneraram,
repito, lamentavelmente tudo se perdeu. Sobra-nos somente um fator que pode
servir para nossa salvação. Quero me referir enfaticamente à Essência, a qual, como já
disse, está engarrafada dentro do Ego. É óbvio que dentro dela estão os dados
que necessitamos para nos guiar pelo Caminho que haverá de nos conduzir à
Liberação Final. Na Essência, na consciência, estão também as Partículas de Dor
do Omni cósmico, ou seja, de nosso Pai que está em segredo. Toda vez
que erramos, Ele sofre, e suas Partículas de Dor ficam depositadas na Essência,
na Consciência. E se sabemos aproveitar, podemos, mediante estas, despertar. Na
Essência estão esses dados que urgentemente estamos necessitando para nos
guiarmos pela Senda do Fio da Navalha. A Essência é o guia esplêndido, que
dentro temos para nos guiar, porém, desafortunadamente, está presa,
encarcerada, embutida, engarrafada no Ego, no Eu, no Mim Mesmo, no Si Mesmo. Necessitamos
desenfrascar a Essência, desengarrafá-la para que possa nos guiar pelo Caminho
que nos há de conduzir até a Liberação Final, e isso somente é possível,
queridos irmãos, destruindo o Eu, eliminando-o, reduzindo-o a poeira cósmica. Ele é o
cárcere dentro do qual está enfrascada a puríssima Essência. Destruamos as
barras desse cárcere, tornemos poeira a esses muros da ignomínia, reduzamos a
cinzas essa garrafa para que sejamos livres. Libertada a Essência, poderá nos
guiar pelo Caminho de Perfeição, até a liberação final. Se quisermos destruir o
Ego, devemos dissolvê-lo e eliminá-lo. Na vida prática temos o ginásio psicológico onde podemos nos
descobrir, porque na relação com as pessoas, com nossos amigos, com os
companheiros de trabalho, com nossos familiares etc., os defeitos que levamos
escondidos afloram, e se estamos alertas e vigilantes como o vigia em época de
guerra, então poderemos vê-los tal qual são, em si mesmos. Defeito
descoberto deve ser submetido à técnica da meditação, e uma vez compreendido
integralmente, podemos eliminá-los com a ajuda da Divina Mãe Kundalini, a
serpente ígnea de nossos mágicos poderes. Se em transe sexual, durante o Sahaja Maithuna, A invocamos de
puro coração, Ela poderá nos auxiliar. Está escrito: “Pedi e se vos dará;
golpeai e vos será aberto”. Se lhe pedimos, Ela nos dá, se golpearmos Ela nos abre. Peçamos
à nossa Divina Mãe Kundalini particular, própria, de cada um de nós, que
elimine de nossa psique o defeito psicológico que já tivermos compreendido a
fundo em todos os territórios da mente. O resultado será extraordinário: Ela eliminará o defeito, e se
continuamos assim, trabalhando incansavelmente, chegará o dia em que o Ego terá
sido desintegrado radicalmente, e então a Essência ficará livre e virá o
despertar. A
Consciência desperta poderá nos orientar pela Senda do Fio da Navalha, a
Consciência desperta nos entregará os dados que necessitamos para nossa própria
Liberação Final. Porém, deve-se ser paciente no Trabalho, e muito severos e muito
constantes, porque cada defeito é multi facético e se processa em 49 níveis do
subconsciente. www.gnosisonline.org.
Abraço. Davi
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