Om
(...).
Com
nossos ouvidos, ouçamos o que é bom.
Com
nossos olhos, contemplemos vossa integridade.
Tranquilos
no corpo, possamos nós, que vos veneramos,
Encontrar
descanso.
Om
(...). Paz – paz – paz.
Om
(...). Sobre o Eu supremo!
Hinduísmo. De acordo com a versão inglesa de Swami Prabhavananda e Frederick Manchestes.
Texto Sagrado. O Homem é composto de elementos como o sopro vital, ações, pensamento e os
sentidos – obtendo todos sua existência do Eu. Eles surgiram do Eu, e no Eu
finalmente desaparecerão – como as águas de um rio desaparecem no mar. Sukesha,
Satyakama, Gargya, Kousalya, Bhargava e Kabandhi, devotos e buscadores da
verdade do supremo Brahman, aproximaram-se com fé e humildade do sábio
Pippalada. Disse o sábio: praticai a austeridade, a continência e a fé por um
ano, fazei então as perguntas que desejardes. Se eu puder, responderei. Após um
ano, Kabandhi aproximou-se do mestre e perguntou: Senhor, como foi que as
criaturas começaram a existir? O Senhor dos seres, replicou o sábio, meditou e
produziu Prana, a energia primordial, e Rayi, a doadora da forma, desejando que
eles, macho e fêmea, produzissem de inúmeras criaturas para ele. Prana, a
energia primordial, é o Sol, e Rayi, a substância que dá a forma, é a Lua. Seja
conhecido que todo este Universo, aquilo que é grosseiro e aquilo que é sutil,
é uma coisa só com Rayi. Consequentemente, Rayi é onipresente. Do mesmo modo, o
Universo é uma coisa só com Prana. O Sol que se levanta impregna o Leste, e
enche com energia todos os seres que ali habitam, e, do mesmo modo, quando seus
raios caem no Sul, no Oeste, no Norte, no zênite, no nadir e nas regiões
intermediárias, ele dá vida a todos os seres que ali habitam. O Prana é a alma
do Universo, e assume todas as formas; ele é a luz que anima e ilumina tudo
como está escrito: O sábio conhece aquele que assume todas as formas, que é
radiante, que tudo sabe, que é a única luz que dá luz a tudo. Ele se levanta
como o Sol de mil raios, e permanece em lugares infinitos. Prana é Rayi,
unindo-se, dividem o ano. Dois são os caminhos do Sol – dois são os caminhos
que os homens percorrem depois da morte. Eles são os caminhos do Sul e do
Norte. Aqueles que desejam descendentes e se dedicam a dar esmolas e realizar
rituais, e consideram essas as mais elevadas realizações, alcançam o mundo da
Lua e renascem diversas vezes sobre a Terra. Eles percorrem o caminho do Sul,
que é o caminho dos pais, e é na verdade Rayi, a criadora das formas. Porém,
aqueles que são dedicados à veneração do Eu, através da austeridade, da
continência, da fé e do conhecimento, percorrem o caminho do Norte e atingem o
mundo do Sol. O Sol, a luz é, na verdade, a fonte de toda energia. Ele é
imortal, está além do medo, é a meta suprema. Para aquele que vai para o Sol
não existe mais nascimento ou morte. O Sol acaba com o nascimento e a morte.
Prana e Rayi, unindo-se, formam o mês. A quinzena escura é Rayi, a clara é
Prana. Os sábios executam seus rituais devocionais à luz, com conhecimento, os
tolos, na escuridão, na ignorância. O alimento é Prana e Rayi. Do alimento é
produzida a semente, e da semente, por sua vez, nascem todas as criaturas. Aqueles
que veneram o mundo da criação produzem crianças, mas somente aqueles que são
firmes na continência, na meditação e na verdade atingem o mundo de Brahman. O
mundo puro de Brahman só pode ser atingido por aqueles que não são mentirosos,
perversos ou falsos. Bhargava, então, aproximou-se do mestre e perguntou.
Sagrado senhor, quantos poderes contém este corpo? Quais os que mais se
manifestam nele? E qual é o maior? Os poderes, replicou o sábio, são o éter, o
ar, a água e a terra – que são os cinco elementos que compõem o corpo, e, além
desses, a fala, a mente, o olho, o ouvido e o restante dos órgãos sensoriais.
Uma vez esses poderes fizeram a orgulhosa declaração. Nós mantemos o unido e o
sustentamos. Prana, a energia primordial, suprema sobre todos eles. Lhes disse:
Não vos enganeis. Sou eu sozinho que, ao me dividir cinco vezes, mantenho o
corpo unido e o sustento. Mas eles não acreditaram nisso. Prana, para se
justificar, fingiu que ia abandonar o corpo. Porém, quando se levantou e
pareceu estar indo embora, todos os outros perceberam que, se ele fosse embora
eles também teriam que partir, e quando Prana se sentou novamente, os outros
acharam seus respectivos lugares. Como as abelhas saem quando sua rainha sai e
voltam quando ela volta, assim foi com a fala, a mente, a visão, a audição, e o
restante. Convencidos do seu erro, os poderes então louvaram Prana, dizendo:
Como fogo, Prana queima, como o Sol, ele brilha, como nuvem, ele chove, como
Indra, governa os deuses, como vento, ele sopra, como a Lua, nutre a todos. Ele
é aquilo que é visível, e também aquilo que é invisível. Ele é a vida imortal.
Como os raios do cubo de uma roda, tudo é formado em Prana – O Rig, O Yajur, O
Sama, todos os sacrifícios, os Kshatriyas e os Brahmins. Ó Prana, senhor da criação,
vós vos moveis dentro do útero, e nasceis novamente. Para vós que, como o sopro
vital, habitais o corpo, todas as criaturas trazem oferendas. Vós, como fogo,
levais oblações aos deuses, e através de vós os pais recebem suas oferendas.
Dais a cada órgão dos sentidos sua função. Prana, quando derramais a chuva,
vossas criaturas rejubilam, esperando encontrar alimento tanto quanto
desejarem. Vós sois a própria pureza, sois o amo de tudo que existe, sois o
fogo, o devorador das oferendas. Nós, os órgãos do sentidos, oferecemos a vós o
vosso alimento – a vós, o pai de todos. Vosso poder, que habita na palavra, no
ouvido e no olho, e que permeia o coração – fazei com que ele seja propício, e
não nos abandoneis. Tudo o que existe no Universo depende de vós. Ó Prana.
Protegei-nos como uma mãe protege seus filhos. Concedei-nos prosperidade e
sabedoria. Quando chegou a vez de Kousalya, ele fez a seguinte pergunta:
Mestre, de que nasce o Prana, como ele entra no corpo, e como ele vive ali
depois de se dividir, como ele sai, como ele vivência o que está no exterior, e
como mantém unidos o corpo, os sentidos e a mente? O sábio replicou assim:
Kousalya, fazeis perguntas muitos difíceis, porém, como sois um buscador
sincero da verdade de Brahman, devo responder. Prana nasce do Eu. Como um homem
e sal sombra, o Eu e Prana são inseparáveis. Prana penetra no corpo por ocasião
do nascimento, para que os desejos da mente, que vêm de vidas passadas, possam
ser preenchidos. Do mesmo modo como um rei emprega oficiais para governar
diferentes partes do seu reino, assim Prana associa a si mesmo quatro outros
Pranas, cada um sendo uma parte dele mesmo, e sendo atribuída a cada um uma
função diferente. O próprio Prana habita o olho, o ouvido, a boca e o nariz.
Apana, o segundo Prana, governa os órgãos de excreção e os órgãos reprodutores,
Samana, o terceiro Prana, habita o umbigo, e governa a digestão e a
assimilação. O Eu habita o lótus do coração de onde são irradiados cento e um
nervos. De cada um desses se originam cem outros, menores, e de cada um desses,
mais uma vez, setenta e dois mil outros, que são ainda menores. Em todos esses
se move Vyana, o quarto Prana. Então, no momento da morte, através do nervo
localizado no centro da espinha, Uldana, que é o quinto Prana, leva o homem
virtuoso para um nascimento mais elevado; o homem pecador para um nascimento
inferior, e o homem que é ao mesmo tempo virtuoso ao renascimento no mundo dos
Homens. O Sol é o Prana do Universo. Ele se levanta para auxiliar o Prana que
está no olho do homem a ver. O poder da Terra mantém o Apana no homem. O éter
entre o Sol e a Terra é o Samana, e o ar que tudo permeia é Vyana, Udana e o
fogo e; portanto, aquele cujo valor corporal se apagou morre, e posteriormente
seus sentidos são absorvidos pel mente, e ele torna a nascer. Qualquer que seja
o pensamento que um homem tenha no momento da morte, é este que se une com
Prana, que, por sua vez, ao se unir com Uldana e com o Eu, leva o homem ao
renascer no mundo dos méritos. A progênie daquele que conhece Prana como eu vos
revelei nunca é interrompida, e ele próprio se torna imortal. Diz um ditado
antigo: Aquele que conhece o Prana – onde ele tem sua origem, entra no corpo,
como vive ali depois de se dividir cinco vezes, quais são seus trabalhos
interiores – atinge a imortalidade, sim, até a imortalidade. Gargya então
perguntou: Mestre, quando o corpo de um homem dorme, quem é que dorme interiormente, quem está acordado,
e quem está sonhando? Quem então experimenta a felicidade, e com quem estão
unidos os órgãos sensoriais? Do mesmo modo como os raios do Sol, Oh! Gargya,
quando ele se põe, replicou o sábio, se
reúnem em seu disco de luz, para saírem novamente quando ele se levanta, assim
os sentidos se reúnem na mente, o mais elevado deles. Desse modo, quando um homem
não ouve, não vê, não chora, não saboreia, não toca, não fala, não agarra ou
não tem prazer, dizemos que ele dorme. Então, somente os Pranas estão acordados
no corpo, e a mente é levada para mais perto do Eu. Enquanto sonha, a mente
revive suas impressões passadas. Seja o que for que tenha visto, vê novamente,
seja o que for que tenha desfrutado nos vários países e nos diversos cantos da
Terra, desfruta de novo. O que foi visto e não foi visto, ouvido e não ouvido,
aproveitado e não aproveitado, tanto o real como o irreal, ela vê, sim, ela vê
tudo. Quando a mente está dominada por sono profundo, ela não sonha mais. Ela
descansa alegremente no corpo. Como os pássaros, meu amigo, voam para as
árvores para descansar, todas essas coisas voam para o Eu, a Terra e sua
essência particular, a água e sua essência particular, o fogo e sua essência
particular, o ar e sua essência particular, o éter e sua essência particular, o
olho e o que ele vê, o ouvido e o que ele ouve, o nariz e o que ele cheira, a
língua e o que ela saboreia, a pele e o que ele toca, a voz e o que ela fala,
as mãos e o que elas seguram, os pés e aquilo sobre o que caminham, a mente e o
que ela percebe, o intelecto e o que ele compreende, o ego aquilo de que ele se
apropria, o coração e o que ele ama, a luz e o que ela ilumina, a energia e o
que ela mantém unido. Pois, na verdade, é o Eu que vê, ouve, cheira, saboreia,
pensa, sabe, age. Ele é Brahman, cuja essência é o conhecimento. Ele é o Eu
imutável, o Supremo. Aquele que conhece o imutável, o puro, o sem sombra, o
incorpóreo, o sem cor, atinge Brahman; Oh! Meu amigo. Tal pessoa se torna
conhecedora de tudo, e habita em todos os seres. A respeito dela está escrito:
Aquele que conhece o Eu imutável, no qual vivem a mente, os sentidos, os Pranas,
os elementos – tal pessoa verdadeiramente conhece todas as coisas, e percebe o
Eu em tudo. Satyakana, então, aproximando-se do Mestre, disse: Venerável
senhor, se um homem meditar sobre a sílaba OM durante toda a vida, qual será a
sua recompensa depois da morte? O mestre respondeu-lhe assim: Satyakan, OM é
Brahman – tanto o condicionado como o incondicionado, tanto o pessoal e como o
impessoal. Ao meditar sobre ele o homem sábio pode atingir tanto um como o
outro. Se ele meditar sobre OM com pouco conhecimento do seu significado, mas
mesmo assim for iluminado, quando morrer renascerá imediatamente sobre a Terra
e, durante essa nova vida, se dedicará à austeridade. A continência e a fé, e
alcançará a grandeza espiritual. Se ele meditar sobre OM com maior conhecimento
do seu significado, quando morrer ascenderá ao céu lunar e, após haver
partilhado de seus prazeres, voltará novamente a Terra. Porém, se ele meditar
sobre OM com total consciência de que OM é uma coisa só com Deus, ao morrer ele
se unirá a luz que está no Sol. Libertar-se-á de todo mal, do mesmo modo como a
cobra se liberta do lamaçal, e ascenderá ao lugar onde Deus habita. Ali ele
perceberá Brahman, que permanece para sempre no coração de todos os seres – o
Supremo Brahman! A respeito da sílaba OM está escrito o que se segue: A sílaba
OM; quando não é totalmente compreendida, não leva além da imortalidade. Quando
é totalmente compreendida e a meditação é, por consequência, corretamente
dirigida, o homem se liberta do medo, esteja ele acordado, sonhando ou dormindo
o sono sem sonhos, e alcança Brahman. Em virtude de um pequeno entendimento de
OM; um homem retorna a Terra, depois da morte. Em virtude de um maior
entendimento, ele atinge a esfera celestial. Em virtude de um completo
entendimento, ele aprende o que é conhecido apenas por aqueles que vêm. O
sábio, com a ajuda de OM, alcança Brahman, o que não tem medo, o que não decai,
o imortal!. Por último Sukesa aproximou-se do sábio e disse: Sagrado senhor,
Hiranyanabha, príncipe de Kosala, fez-me certa vez esta pergunta: Sukesa.
Conheces o Eu e suas dezesseis partes? Eu repliquei: Não conheço. Certamente,
se as conhecesse, eu as teria ensinado a vós. Não mentirei, pois aquele mente
perece por completo. O príncipe entrou silenciosamente em sua carruagem e foi
embora. Assim, agora eu vos pergunto, onde está o Eu? O sábio replicou: Minha
criança, dentro desse corpo habita o Eu, de quem jorraram as dezesseis partes
do Universo e desse modo elas surgiram. Se, ao criar, penetro na minha criação,
refletiu o Eu, o que existe lá para me vincular a ela, a que existe lá para eu
deixar quando for embora, e para permanecer dentro quando eu fico? Ponderando
dessa maneira, e em resposta ao seu pensamento, ele criou o Prana, e do Prana
criou o desejo, e do desejo criou o éter, o ar, o fogo, a água, a Terra, os
sentidos, a mente e o alimento, e do alimento criou o vigor, a penitência, os
Vedas, os rituais de sacrifícios, e todos os mundos. Depois, então, nos mundos,
ele criou nomes. E o número de elementos que assim criou foi dezesseis. Do
mesmo modo como os rios que correm, cujo destino é o mar, e que, quando o
atingem, desaparecem nele, perdendo seus nomes e suas formas, falando os homens
apenas do mar; assim essas dezesseis partes criadas pelo Eu , o Eterno Vidente;
a partir do seu próprio ser, após retornarem a ele, de quem vieram, desaparecem
nele; seu destino, perdendo seus nomes e formas, e as pessoas falam somente do
Eu. Para o homem, então, as dezesseis partes não existem mais, e ele atinge a
imortalidade. Diz um ditado antigo: As dezesseis partes são raios que se
projetam do Eu, que é o cabo da roda. O Eu é a meta do conhecimento. Conhecei-o e ide além da morte. O sábio
conclui, dizendo: O que vos contei é tudo o que pode ser dito a respeito do Eu,
o Supremo Brahman. Além disso, não há nada. Os discípulos veneraram o sábio e
disseram: Vós sois de fato o nosso pai. Vós nos haveis levado além do mar da
ignorância. Nós nos inclinamos diante de todos aqueles que vêm! Reverência aos
grandes que vêm! OM (...) Paz – paz –
paz. Livro Os Upanishads. Sopro Vital do Eterno. Abraço. Davi.
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