Budismo.
Texto do yogi Kharishnanda Saraswati (1922-2001). Capítulo cinco. O REI
BIMBISARA. Sidharta cortou a sua bela cabeleira e trocou as vestes reais pelo
rústico hábito amarelo. Ordenou a Channa, o cocheiro, que regressasse a
Kapilavastu com o nobre corcel (cavalo) Kanthaka e dissesse ao rei, seu pai,
que ele havia abandonado o mundo. E o Tathágata (Budha) vagou pelas estradas mendigando
de tigela na mão. Mas a pobreza do seu aspecto não podia encobrir a majestade
do seu espírito. Seu porte nobre denunciava a sua origem real, e de seus olhos
irradiava o fervoroso anseio pela Verdade. Sua beleza juvenil, aumentada pela
santidade, iluminava a sua fronte. Todos os que o viam, contemplavam-no
assombrados. Os mais apressados detinham os passos e se voltavam para olhá-lo,
e todos lhe tributavam homenagens. Ao entrar na cidade de Rajagriha, o príncipe
mendicante foi de casa em casa, esperando silenciosamente que alguém lhe desse
esmola. Para onde quer que fosse o bem aventurado, as pessoas lhe davam o que
tinham, prostravam-se humildemente diante dele e lhe agradeciam por não
desdenhar de aproximar-se de suas casas. Todos exclamavam comovidos: Eis aqui
um nobre muni (asceta). Sua chegada é uma bênção. Que felicidade nos aguarda! E
logo a sua tigela se enchia, porque todos os vizinhos gritavam: Toma do nosso
alimento, Senhor. Toma do que é nosso. O rei Bimbisara, observando a comoção da
cidade, indagou a causa, e averiguada, enviou um criado para identificar o
forasteiro mendicante. O criado soube que o muni era um sákia de origem nobre,
que tinha se retirado para as margens de um riacho do bosque e comia o que as
pessoas lhe depositavam na tigela. Comovido, o rei vestiu seus régios
ornamentos, colocou sua cruz de ouro, empunhou o cetro, e acompanhado de seus
anciãos e sábios conselheiros, foi ao encontro do misterioso forasteiro. O rei
encontrou o muni de raça sákia sentado à sombra de uma árvore, e admirando a
tranquilidade de seu semblante e a distinção de seus gestos, saudou-o
respeitosamente e lhe disse: Ó Samana! (um monge, um eremita ou um recluso). As suas mãos são feitas para manejar as
rédeas de um império e não para segurar a tigela do mendigo. Se eu não
adivinhasse que você era de origem real, não suplicaria que se associasse a mim
para governar o meu reino e participar do meu poder. O desejo do mando fica bem
para os temperamentos magnânimos, e a opulência não deve ser desprezada.
Adquirir tesouros à custas da perda da religião não é coisa boa, porém excelso
mestre é quem tem ao mesmo tempo o poder, a opulência e a religião e, com
discrição e sabedoria, desfruta de todos esses bens. Sakiamuni olhou-o e
respondeu-lhe: Ó rei! O senhor tem fama de liberal e religioso, e suas palavras
são prudentes. O rico bondoso que emprega bem suas riquezas possui na verdade
um tesouro inestimável; porém, nenhum proveito tirará de suas riquezas aquele
que as guarda avaramente. A caridade é prolifera em proveitos. É a maior
riqueza, pois quando a pessoa é pródiga não tem remorsos. Eu rompi todos os
laços que me ligavam, porque busco a libertação. Como poderia voltar de novo ao
mundo? Quem deseja a vida religiosa, que é o tesouro mais precioso, deve
abandonar tudo quanto prende a sua personalidade e distrai a sua atenção. Deve
libertar sua alma da luxúria, da avareza, da ambição e do poder. Aquele que
cede à luxúria, mesmo que por um pouco, a verá crescer, e mesmo que domine o
mundo, se sentirá infeliz. O fruto da santidade vale mais do que o poderio
sobre a Terra, do que o descanso no céu, do que o império e o predomínio sobre
os mundos. Um Budha reconhece que a riqueza é ilusória e não confunde o veneno
com o alimento sadio. O peixe que se salvou do anzol terá afeição pela isca?
Enamorar-se á o pássaro de sua gaiola? O enfermo febril anseia por um
medicamento refrigerante. Daremos a ele outro que lhe aumente a febre? Apagaremos
o fogo se lhe mudarmos o combustível? Rogo que o senhor não me perturbe. Fale
aos que ambicionam os cuidados da realeza e as inquietudes da opulência, que
desfrutam temerosos de perder suas riquezas, porque a qualquer momento podem
perde-las, e ao morrer não levarão consigo nem o ouro nem o régio diadema. Em
quem mandará um rei morto? A lebre que escapou da boca de uma serpente voltará
para que ela a devore? Aquele que queimou a mão numa tocha, vai erguê-la
novamente depois de tê-la atirado ao chão? O cego que recuperou a visão
desejará que lhe arranquem os olhos? Veja se consegue acertar as respostas. Meu
coração não anela desejos vagos. Renunciei à coroa real e preferi livrar-me dos
encargos das existências. Não quero, portanto, contrair novos deveres que me
impeçam de prosseguir o trabalho iniciado. Sinto separar-me do senhor, porém,
devo ir ao encontro dos yogis que poderão me ensinar a verdadeira religião e a
encontrar a maneira de se evitar o mal. Desejo que o seu reino desfrute de paz
e prosperidade, que a sabedoria resplandeça em seu governo como o sol meridiano
em dia claro. Que o seu régio poder seja firme. Que a justiça seja o seu cetro.
O rei uniu respeitosamente as mãos, e prostrando-se diante de Sakyamuni,
disse_lhe: Que você encontre o que está buscando, e quando o tiver encontrado,
rogo que volte e me aceite por seu discípulo. O Tathágata separou-se
amistosamente do rei, resolvido a cumprir o seu propósito. Capítulo seis.
INDAGAÇÕES DO SENHOR BUDHA. Arada e Udraka eram os mais famosos mestres
brâmanes, e ninguém os superava em sabedoria. O Tathágata sentou-se aos pés
desses mestres e ouviu suas doutrinas sobre o Atman, ou espírito do homem, que
preside todas as ações. Os mestres ensinaram-lhe a doutrina da reencarnação e a
lei do Karma, e como as almas tem que sofrer ao nascerem em castas inferiores,
ao passo que os purificados pelo sacrifício, oferendas e austeridade, chegam a
ser reis, brâmanes e deuses, cada vez em grau mais adiantado da existência.
Sidharta estudou os encantamentos, oferendas e métodos mais propícios para
alcançar o estado de estase e livrar-se da escravidão da personalidade. Dizia
Arada: Que é a personalidade que vê, ouve, cheira, gosta, toca, e que na visão,
na audição, no olfato, no paladar e no tato tem as cinco raízes do espírito?
Que é a personalidade que se move por meio das mãos e dos pés? A alma se
manifesta por meio das expressões: Eu digo. Eu sei. Eu percebo. Eu venho. Eu
vou. Eu fico. A sua alma não é seu corpo, nem seu olho, nem seu ouvido, nem seu
nariz, nem sua língua, nem sua personalidade. O Eu percebe o tato no corpo,
cheira com o nariz, vê com os olhos, ouve com os ouvidos, pensa com a mente. O
seu Eu move suas mãos e seus pés. O seu Eu é sua alma. Irreligioso é duvidar da
existência da alma, e quem não compreende essa verdade não está no caminho da
salvação. O que pensa demais sobre essas coisas confunde a mente e se expõe à
incredulidade, porém a purificação da alma conduz à libertação. Para alcançar a
libertação é necessário afastar-se da multidão, levar vida eremítica e viver de
esmolas. Se eliminarmos o desejo e reconhecermos a ilusão da matéria,
encontraremos as condições da vida imaterial. Como a erva madja, despojada de
lenhosa casca ou como a ave presa que escapa de seu cárcere, assim o Eu encontra
repouso perfeito quando se livra de suas limitações. Essa é a verdadeira
libertação, porém ela só é alcançada por aqueles que têm profunda fé. Como o
Budha não ficou satisfeito com esses ensinamentos, ele replicou: As pessoas são
escravas porque não abandonaram a ideia da personalidade. No nosso pensamento,
as coisas e suas qualidades são diferente, porém na realidade elas estão
reunidas. No nosso pensamento o calor é distinto do fogo, porém na realidade
não podem separar-se. O senhor diz que consegue abstrair a coisa de sua
qualidade, porém se leva essa operação até o fim, verá que não é assim. O homem
não é um composto de vários princípios? Não somos constituídos por diferentes
escanda (resíduos, impressões, memórias do passado), como dizem os sábios? O homem
é um composto de forma física, de sensações, de emoções, pensamentos,
inclinações e mente. O que os homens chama seu eu não é uma entidade distinta
dos escandas. Muita confusão provém de se crer vaidosamente que a personalidade
é o verdadeiro Eu e de lhe atribuir a grandeza e o mérito das ações. A ideia da
personalidade se interpõe entre a sua natureza racional e a verdade. Elimine-a,
e verá as coisas como elas são. Aquele que pensa sabiamente se desembaraçará da
ignorância mediante a aquisição do conhecimento. Além disso, se a sua
personalidade persiste, como poderá alcançar a libertação? Se o Eu está
destinado a renascer em qualquer um dos três mundos, encontrará sempre a mesma
espécie de existência, ficará sempre envolto no egoísmo e no pecado. Tudo o que
separa está sujeito à desagregação. Uma vez que não podemos escapar da roda de
mortes e renascimentos, a libertação final não será possível. Udraka dizia:
Você não vê ao nosso redor o efeito do Karma? Por que os homens diferem quanto
ao caráter, posição, riqueza e destino na vida terrena? É pelo seu Karma, que
compreende o mérito e o demérito. A reencarnação da alma depende do Karma. Das
vidas anteriores herdamos os resultados de nossas boas e más ações. Se assim
não fosse, como poderia haver diferenças tão profundas entre os homens? O
Tathágata meditou profundamente sobre os problemas da reencarnação e do Karma,
e descobriu a verdade neles subjacente. Então disse: A doutrina do Karma é
indiscutível, porque todo efeito tem sua causa. O homem colhe aquilo que
semeia, e o que agora colhemos, devemos ter semeado em existências anteriores.
Vejo que a alma reencarna porque está submetida a lei de causa e efeito e
porque o homem cria o seu próprio destino, porém não vejo a reencarnação da
personalidade. Essa minha individualidade não é composta de espírito e matéria?
Não está constituída de qualidade que foram evoluindo gradualmente? Os cinco
sentidos de percepção de meu organismo provêm dos antepassados que os tiveram.
Minhas ideias provem em parte dos indivíduos que as conceberam, e por outra
parte das combinações dessas ideias em minha mente. Se há um Atman, um espírito
que percebe as sensações por meio dos
sentidos, poderá ver, ouvir, cheirar, gostar e tocar muito melhor sem os olhos,
nariz, ouvido, língua e tato do organismo corporal. Compreendo a reencarnação
da alma numa personalidade e a justiça do Karma, porém não vejo o Atman que sua
doutrina propõe como autor das ações humanas. Há de haver um renascimento sem
personalidade, pois se a personalidade fosse real, seria imortal e, portanto,
não poderíamos nos livrar dela. O temor do inferno não teria limites e a paz
não existiria para os homens. Os males da vida não provêm da ignorância e do
pecado, mas são inerentes à natureza da nossa existência. O Tathágata foi
depois ver os sacerdotes que oficiavam nos templos, e seu ser compassivo
estremeceu ao presenciar a inútil crueldade realizada ante os altares dos
deuses. É apenas por ignorância que esses homens realizam festas ruidosas e
convocam magnas assembleias para celebrar sacrifícios sangrentos. Vale mais
adorar a Verdade do que o vão desejo de agradar os deuses com efusão de sangue.
Que amor pode sentir o homem que supõe que a destruição de uma vida invalida as
más ações? Seria possível que um crime espie outro crime? Pode apagar os
pecados do mundo o sacrifício de uma vítima inocente? Isso equivale a praticar
a religião com aviltamento da moral. Acalmem o ânimo e não matem mais. Essa é a
verdadeira religião. Os ritos são ineficazes; as oração são fórmulas repetidas
de maneira vã; os feitiços carecem de virtude favorável. O verdadeiro culto, o
genuíno sacrifício consiste em desligar-se da concupiscência, da voluptuosidade
e das más paixões, em não alimentar ódio nem malevolência. Capítulo sete.
PENITÊNCIA EM URIVILVA. Em busca de melhores conhecimentos, o Bodhisattva
chegou a um lugar ermo onde estavam estabelecidos muitos eremitas que
virtuosamente refreavam seus sentidos, reprimiam suas paixões e se submetiam a
uma severa disciplina. Eram os Yogis, brahmacharis e bikkhus (1) que viviam
separados do mundo como um rebanho lúgubre e descarnado. Uns mantinham os
braços para o alto noite e dia, até que, minados por enfermidades, exaustos e
com articulações anquilosadas (imobilizada ou paralisada) e os membros rígidos, seus braços pareciam ramos
de uma árvore morta. Outros tinham fechado as mãos tão fortemente e por tanto
tempo, que as unhas haviam atravessado as palmas como agulhas, fazendo feridas.
Alguns estavam calçados com sandálias cheias de pregos ou laceravam a fronte, o
peito e os músculos com objetos cortantes, ou sacrificavam suas carnes com o
fogo. Outros atravessavam suas carnes com pontas de ferro, dormiam sobre
imundícies e cobriam-se com farrapos de cadáveres. Uns moravam em lugares
impuros, onde as piras ardiam, em companhia de cadáveres, rodeados de corvos
que soltavam agudos gritos ao redor dos despojos fúnebres. Outros repetiam em
voz alta, quinhentas vezes ao dia, o nome de Shiva, com sibilantes cobras
enroladas em seus quadris e os pés paralisados em buracos. Assim era aquela
espantosa congregação. Os membros tinham a cabeça coberta de feridas por causa
do tórrido calor; seus olhos eram lacrimosos, os nervos e os músculos tensos; o
rosto deles era fundo e pálido como se fossem defuntos de cinco dias. Com muito
cuidado e bom propósito, Sakyamuni se entregou à mortificação do corpo
meditando sobre as verdades abstratas, e não tardou em superar em autoridade a
todos os anacoretas, que o reconheceram como mestre. Durante alguns meses, o
Budha mortificou pacientemente seu corpo e exercitou o seu espírito na mais
rigorosa vida ascética. No final, fazia uma única refeição ao dia, com a
intenção de vencer o grande oceano do nascimento e de morte e chegar à outra
margem da libertação. Tão extenuado e consumido ficou, que parecia um enfermo.
Porém, a fama de sua santidade se espalhou por toda a redondeza, e de lugares
longínquos vinham pessoas vê-lo e receber a sua benção. No entanto, o Bem
aventurado não estava satisfeito, porque viu que a mortificação não extingue o
desejo nem traz o êxtase da iluminação. Buscava o verdadeiro conhecimento e não
o encontrava. Sentado sob uma árvore, considerou o estado do seu espírito e a
consequência de sua mortificação. Então disse: Meu corpo se debilita cada dia
mais com abstinências, e isso não me faz adiantar um passo na busca da
libertação. Este não é o verdadeiro caminho. Será melhor fortalecer o meu corpo
com o alimento e pôr o meu ânimo em disposição de possuir calma. Foi até o rio
tomar um banho, mas quando quis sair da água, estava tão fraco que se agarrar
aos ramos de uma árvore na margem para poder saltar em terra firme. Voltou
então à congregação, e ao chegar ali, caiu desmaiado e os eremitas o
acreditaram morto. Próximo dali morava um pastor, cuja filha, chamada Nanda,
chegou até onde estava desmaiado o Budha que, ouvindo a voz da moça, voltou a
si. Então ela lhe ofereceu arroz com leite, que ele aceitou com prazer. Com as
forças recobradas pelo alimento, a sua mente clareou e se predispôs para
receber a suprema iluminação. A partir de então o Budha voltou a alimentar-se
normalmente. Os cinco eremitas que presenciaram essa cena com Nanda e
observaram a mudança de conduta, acreditaram que seu fervor religioso diminuíra
e que Sidharta, o tão venerado Mestre, se esquecera do seu magnífico fim. Porém
Budha, fitando tristemente o maior desses infelizes, lhe disse: Há meses moro
nestas montanhas buscando a verdade, e vejo meus irmãos, e também você,
lamentavelmente torturado. Por que
acrescentar males à vida, que por si já é tão má? O eremita respondeu-lhe: Está
escrito que se um homem mortifica a sua carne até que a intensidade da dor só
lhe deixe um sopro de vida e esperança da voluptuosa morte, os males que ele
sofre limparão a imundície do pecado, e a alma purificada voará liberta da
aflição para as gloriosas esferas de esplendor inconcebível. Budha
respondeu-lhe: Esta nuvem que flutua no céu ao redor do trono do seu Deus
ergueu-se de um mar agitado e voltará a cair em gotas semelhantes a lágrimas.
Passará por caminhos ásperos e penosos, por vales e pântanos, por rios
lamacentos até chegar ao Ganges – Índia, e voltar ao mar de onde partiu. Sabe,
meu irmão, se não acontece o mesmo aos santos com toda a sua felicidade, depois
de tantos sofrimentos? Porque o que sobe torna a cair, o que se compra se
gasta, e se você compra o céu com o seu sangue no doloroso mercado do inferno,
quando estiver concluído o negócio, o sofrimento recomeçará. O eremita
respondeu-lhe suspirando: Ai, talvez recomece! Eu não sei nem estou seguro de
alguma outra coisa; porém, atrás da noite vem o dia, e atrás da tormenta, a
calma; e nós nos aborrecemos desta maldita carne que impede a alma de tomar o
seu ansiado voo. Assim, pois, para a felicidade da alma, entregamos aos deuses
nossas rápidas torturas para obter as alegrias duradouras. Sidharta respondeu:
Porém, mesmo que essas alegrias durem milhões de anos, elas por fim se
desvanecerão. Ou, então, diga-me: há em cima ou embaixo, ou ao redor de nós,
alguma existência tão diferente da nossa que não se modifique? São eternos os seus
deuses? Não; só o absoluto Brahman permanece. Os deuses nada mais fazem senão
viver. Então o Senhor Budha exclamou: Você quer ser tão sábio quanto os santos
e esforçado? Renuncie a esses jogos cruéis em que atira seus gemidos e lamentos
para ganhar as apostas que talvez não passem de sonhos passageiros. Quer, por
amor à sua alma, fazer sofrer a sua carne, afligi-la e mutilá-la de tal maneira
que ela já não possa aprisionar o espírito, e buscando um refúgio, se rende no
caminho antes de chegar a noite como cavalo dócil, porém exausto? Vocês querem,
tristes ascetas, estragar e destruir esta bela moradia em que habitamos depois
de um doloroso passado, e cujas janelas nos dão luz, ainda que escassa, para
olharmos fora e sabermos se a aurora via surgir e qual será o melhor caminho? O
eremita respondeu-lhe: Escolhemos este caminho e o seguiremos até o fim.
Diga-nos se conhece outro melhor; se não, vá em paz. O Budha, ao ver os
eremitas se afastarem dele, teve pena daquela falta de confiança, e não sentiu
mais abandono em que vivia. Reprimiu seu desgosto e afastou-se. Os eremitas
disseram: Sidharta nos abandonou. Ele procura um lugar mais agradável. (1).
Yogis, brahmacharis e bikkhus são os seguidores da Escola Yoga, ascetas
brâmanes e discípulos mendicantes, respectivamente, que renunciaram aos deveres
e regalias do mundo para se consagrarem exclusivamente à vida espiritual ou
mística. Do Livro O Evangelho de Budha. Abraço. Davi.
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